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Furie é um bacanudo thriller que lembra muito um mix de Um Dia de Furia com Os Estranhos. Este francês é uma inversão do subgênero, quase ás avessas, home invasion. O perrengue do protagonista faz mais sentido tendo em vista as questões socio-raciais que emulam Parasita, e não bastasse a metáfora da procura da masculinidade perdida, o filme conclui numa explosão de violência linda de ver, no melhor estilo Sob Dominio do Medo. Com tantas referências esta pelicula consegue ter personalidade própria, ainda bem. Na Netflix ta disponivel pelo escroto título de Estranhos em Casa. 9-10

Furie | Aux Frontières du Méliès


 

Fish and Cat é um curioso terror iraniano que é preciso paciência pra encarar, tendo em vista seu moroso início. No entanto, o filme se revela um legítimo slasher contado de forma bem atipica: num plano sequência de duas horas! O que mais impressiona é o uso do tempo, cruzando personagens, revelando sempre mais um pouco, etc.. é quase um Crash em primeira pessoa, atuado corretamente. Mas é aquela coisa: é preciso aquela virtude de Jó pra encarar este tipo de filme. Outra, fica muita a vontade de ver aquilo que se sugere. 8-10

Glenn and Daniel (with special guest Erika Spoden)

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Último filme de Glauber Rocha, "A Idade da Terra", de 1980, é dos piores filmes que já vi na vida. Não o indicaria nem para o meu pior inimigo. São mais de 140 minutos de uma cinema pós-modernoso, ininteligível, sem nenhuma preocupação com narratividade, com enredo, personagens, etc. É um desvario, uma chapação, pra enganar bobo. 

Começa, no entanto, muito bem, com o nascer do sol por detrás do Palácio da Alvorada em Brasília. Uma bela imagem. E é engraçado como ao longo do filme há elogios à cidade, sendo tratada como um ponto místico do Terceiro Mundo, mas também com esperança de novos tempos. Logo depois da aurora, começa a loucura. Diz a sinopse que são quatro versões de Cristo interpretados por Jece Valadão, Tarcísio Meira, Antônio Pitanga e Geraldo Del Rey, em uma reimaginação alegórica do que seria um Cristo nascido no Terceiro Mundo. Há que se acreditar na sinopse, pois compreender isso de per si é tarefa árdua.

Tudo é amador. Luz, câmera (chega a cair, a tombar, e a desfocar...), figurino, interpretações, montagem, tudo. E esse amadorismo é celebrado como novidade. Se você não gosta do que vê, você é careta, conservador, apoiador do regime autoritário, normótico - é a mensagem oculta.

O engraçado é que quando Glauber, em seus trabalhos aclamados dos anos 1960, obedeceu a um pouco do padrão, ele conseguiu efetivamente criticar drasticamente a política, a sociedade, etc. Sem padrão técnico mínimo, ele só conseguiu o nada. 

Péssimo! 

Ana Maria Magalhães in A Idade da Terra (1980)

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SCOOBY! O Filme
2020 ‧ Animação/Mistério ‧ 1h 34m

 

Como diz aquele meme do Pica_pau, "Fui Tapeado!", eu esperava um filme com os personagens crianças e um filme de mistério, mas isso dura somente os 15 minutos inciais. A melhor parte do filme e com direto a casa mal assombrada. Os problemas foi a história que se segue depois, não convence, foge do que eram os desenhos clássicos e ainda dividem a turma do Scoob por quase todo o filme em missões diferentes. A aparição do Dick Vigarista apesar de legal, decepcionou um pouco, colocaram um Dick bombadão e um herói, Capitã Azul que ditou o tom do filme.  Não teve nada de mistério. A grata surpresa foi a aparição do capitão caverna e do Mutley. 

Outro destaque positivo foi a parte técnica.

Descobri depois que tem até fuma animação com o Capitão Azul, bom, foi dai que se inspiraram pra fazer o filme....

 

 

 

 

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Onward (Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica)

2020 ‧ Família/Comédia ‧ 1h 42m

Agora vamos falar de animação boa, já começando que parte técnica é muto excelente como de costume. A aventura de dois irmãos em busca de ver/rever o pai é muito bem executada, toda a trajetória, os percalços, sempre como se estivem em um jogo de RPG. A cena do posto de gasolina é boa, o final emociona. Destaque pro Barley que dita o tom da aventura sempre com muto entusiasmo. Uma dinâmica meio Shazam (os dois amigos) mas que funciona muito melhor aqui.

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Fantástico curta-metragem de Glauber Rocha, filmando o velório e enterro do pintor Di Cavalcanti. Rendeu a Glauber seu terceiro prêmio em Cannes, o Prêmio do Júri de Melhor Curta Metragem em 1977.

O nome do curta não está bem consolidado. Tem gente que o chama de "Di-Glauber", o IMDB registra "Di Cavalcanti", no Brasil registra-se "Di Cavalcanti Di Glauber" atrelado ao subtítulo que o próprio Glauber acrescenta ao documentário: ou "Ninguém Assistiu ao Enterro da Sua última Quimera, Somente a Ingratidão, essa Pantera, Foi sua Companheira Inseparável", vindo do poema Versos íntimos, de Augusto dos Anjos.

Seja como for, é um curta maravilhoso, de 16 minutos, que tangencia o mau gosto, pois Glauber filma o corpo do pintor, no caixão, com, tipo, o algodão nas narinas... Os jornais da época disseram que a família ficou indignada. Causou muito desconforto, mas parece que havia um acordo íntimo entre os dois amigos, para quem partisse por último, homenageasse o primeiro; é a lenda.

Em off, Glauber lê essa notícia de jornal, como também lê um poema em homenagem ao pintor, fala da sua amizade com ele, e aproveita para falar sobre as artes plásticas no Brasil. 

Um trabalho veloz, montado freneticamente (como as pinceladas do "homenageado"), delirante, e modernista. Provando que não teve o intento de fazer nada fúnebre: o velório e enterro é embalado por "Umbabarauma" de Jorge Ben!

Quando da morte de Glauber, o cineasta Silvio Tendler também filmou sua despedida.

Di Cavalcanti (1977)

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Telecine Cult, hoje à tarde...

O livro "Orlando" de Virginia Woolf está entre os meus 10 livros favoritos da vida. É absolutamente maravilhoso. Cada frase é um primor.  Posso dizer que o filme "Orlando, a Mulher Imortal" da Sally Potter é bastante fidedigno, com exceção óbvia do final.  Mas é "rápido" demais. 

Porém, seu Figurino, Design (ambos indicados ao Oscar e, 1994. Quanto ao Figurino, primeira indicação de Sandy Powell), Fotografia (de Aleksey Rodionov, de "Vá e Veja") são deslumbrantes. E...Tilda Swinton está perfeita! Não havia como escalar outra pessoa.

Orlando (1992)

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Continuando a saga, "Claro" é um filme de 1975, ou seja, da fase de Glauber já no exílio. Por isso, é falado em italiano, francês, pitacos de inglês, e diz-se que foi filmado em apenas 15 dias - e eu acredito piamente.  

Começa com uma mulher delirando nas ruínas de Roma, enquanto turistas em choque assistem àquele grau de loucura. É uma sequência boba, idiotizante, que dura bastante tempo, e já atemoriza o espectador pelo que pode vir pela frente. Mas, vou dizer, não é que à medida em que o filme passa, ele vai ficando mais palatável? Sua proposta de falar da decadência dos Impérios, a começar pelo Romano, me foi mais compreensível. Depois ele liga isso à decadência de uma família ao fracasso americano no Vietnã. Por fim, a câmera registra uma reunião, e uma passeata do Partido Comunista Italiano, ao som da antifascista "Bella Ciao" (que meus amigos pensam que foi composta para a série "La casa de Papel"- Risos). Por falar em Trilha Sonora, há Verdi, há Villa-Lobos, e Gal Costa.

Não há "personagens", não há enredo, não há nada desses aspectos tradicionais de construção dramatúrgica. Afinal, a convenção consagrada é, também ela, uma consequência imperialista...

O mundo capitalista será derrotado então pelos trabalhadores do Terceiro Mundo; e terminará em uma rede, fumando maconha, com mulheres nuas. Como se vê, a hipótese sempre dá certo...

Olha, gostei mais do que eu esperava...

oClaro (1975)

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Academia de Gênios (Real Genius, Dir.: Martha Coolidge, 1985) 1/4

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Lembro quando aluguei esse filme em VHS na época, tinha achado ele chato pra c-a-r-a-l-e-o. Revendo hoje, continua tudo na mesma: Chato pra c-a-r-a-l-e-o. Tratamento pra insônia. Mas tem músicas legais na trilha, principalmente, a que toca no final - 'Everyone wants to Rule the World' do Tears for Fears (um dos hinos dos anos 1980).

 

O Último Americano Virgem (The Last American Virgin, Dir.: Boaz Davidson, 1982) 2/4

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Remake americano de um filme israelense dirigido pelo mesmo diretor. Mais um campeão nas reprises do SBT anos anos 1980. É mais uma competente comédia sexual adolescente, que nem Porky's. Mas ao contrário de Porky's que talvez agrade mais a quem 'veste azul', com um trama toda virada pro público masculino, esse aqui tenha tentado pegar o pessoal que 'veste rosa' com um romance no decorrer da trama, apesar do final desse romance venha a não agradar tanto esse público feminino, com um final "sombrio", meio chocante, ousado e pessimista acima de tudo. Pois é, um filme que tem todo um tom alegre nas piadas e tals, termina bem pra baixo. Não deixa de ser notável por isso. E tem uma trilha bem legal (apesar de achar que as ótimas músicas tocam de forma meio aleatória durante o filme).

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David Copperfield é um dos livros mais maravilhosos já escritos. Você termina suas mais de 1200 páginas em êxtase. É extremamente engraçado, emocionante, bem escrito, um sucesso popular que atravessa gerações. Contudo, é muito difícil de ser adaptado. Tem muito enredo, tem muito personagem, acontecem coisas demais. Esse filme do diretor e roteirista Armando Iannucci (dos ótimos "In the Loop", e "A Morte de Stálin") bem que tentou, se esforçou, mas ainda assim, ficou devendo em condensar e transpor toda a emoção da obra de Dickens, nesse "The Personal History of David Copperfield".

De cara, uma armadilha a respeito de preconceitos: há atores negros, asiáticos, e de ascendência indiana, no elenco, em personagens da era Vitoriana. Por todos, (o inglês, de ascendência queniana e, mais longe, indiana) Dev Patel, como protagonista. Sim, a tal da representatividade. Mas é bem verdade que personagens podem ser interpretados seja lá por quem for. Então, ressaltar isso é uma armadilha dos novos tempos. Temos que apontar isso, e, ao mesmo tempo, não deveríamos apontar isso. 

Uma das coisas mais legais em Dickens é que o caráter dos pesonagens está estampado em seus rostos. O mesquinho tem a mesquinharia na cara. O espertalhão tem a esperteza na cara. Os personagens são, portanto, caricaturas de seus corações. Isso, ainda bem, está refletido no filme - mas, infelizmente, as pessoas só vão reparar nessas "lacrações" da representatividade, em vez desses detalhes mais sutis.

O filme é muito "rápido", e, a meu ver, mal explicado. Quem não leu o livro, se perderá um pouco no quem é quem. Mais do que isso, não vai entender as excentricidade, que todos os personagens têm. No livro, elas são amplamente justificadas. A dor, o trauma, o passado de dor, escapam como algo inusual. Temo que alguém que não leu o livro ache apenas aquilo ali uma reunião de loucos.

Leiam o livro. Só isso.

Nigel Betts, Darren Boyd, Peter Capaldi, Frankie Fitzgerald, Bronagh Gallagher, Hugh Laurie, Tilda Swinton, Paul Whitehouse, Anthony Welsh, Gwendoline Christie, and Morfydd Clark in The Personal History of David Copperfield (2019)

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Two Heads Creek é um terrir divertidinho e nada mais, dá pro gasto. Na verdade ele tem todos os elementos que os ianques inserem neste tipo de filme, mas como é uma co-produção inglesa-australiana, tem mais humor politicamente incorreto, criticas ao Brexit e um certo charme europeu. Mas é aquela coisa, parece que os personagens (atuaos corretamente) são mais interessantes que o próprio enredo. Com gore gostoso de ver, é um terrir bem competente porém esquecível sem chegar ao nível de Shaun of Dead. 8-10

Two Heads Creek (2019) Movie + Subtitle - Epicnaija

 

The Gallows 2 é uma sequência fraquíssima e dispensável do razoável primeiro filme, que também não era lá essas coisas. Pois é, se vê a falta de criatividade no cinema atual quando um filme besta desses ganha sequência! Mas nem sequer a mesma direção, embora aqui a abordagem não seja em primeira pessoa, faz desta obra totalmente genérica, previsível e chata. Nem susto ou medo dá, que é o mínimo que um filme destes deveria dar. Nem comento as atuações, já viu.. 5-10

Confira primeiro poster da sequência de “A Forca” – Categoria Nerd

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O primeiro dos filmetes feitos por Glauber Rocha como encomenda política, "Amazonas, Amazonas", de 1965, é um comercial em forma de curta-metragem (15 minutos), tentando vender o Estado do Amazonas como uma nova fronteira para a ocupação humana, contando a história da região, desde a descoberta do rio por espanhóis.

O lema de Castello Branco, sempre atrelado à região, "Integrar não para não Entregar", é a síntese moral desse projeto. Ao discorrer sobre o ciclo econômico da borracha, uma voz em off adverte, como exemplo, que os ingleses levaram às seringueiras da região para o Oriente. Por outro lado, a região é vendida como rica em ouro, minerais raros, petróleo... O texto todo tem cariz antiquado, patriótico, ufanístico, continuando a entender a região como economia de exploração, portanto.

Porém, a câmera mesmo se concentra no povo. São poucas as panorâmicas imensas de verde ("inferno verde, paraíso verde") e dos rios. O povo é mostrado carregando bananas, lotando as feiras, bastante humilde e trabalhador, morando em palafitas, sem muitas artes, sem muitas letras. Uma população de corajosos, por desafiarem a natureza, por desafiarem o subdesenvolvimento.

O texto é Governo do Amazonas, mas a imagem é amazonense.

Amazonas, Amazonas (1965)

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"Bala Perdida" é o sucesso do momento da Netflix. Um filme de ação francês que me ganhou, viu?!  Eu achei no começo que seria só perseguição automobilística, mas o filme tem várias cenas de lutas muito bem coreografadas, e sem piedade, tipo, mulheres apanham, mulheres batem...

A história é básica, sem muitas camadas, políticas ou sociais - por que deveria? - mas a construção foi muito boa. Há um plano, mais para o final, envolvendo fogo, sem uso de dublê, que me chamou a atenção. 

Uma boa diversão. 

Ramzy Bedia, Nicolas Duvauchelle, Alban Lenoir, Stéfi Celma, and Rod Paradot in Balle perdue (2020)

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"O Sabor do Chá Verde Sobre o Arroz" é um filme de Yasujiro Ozu, de 1952, explorando a temática dos casamentos arranjados, no Japão. Uma menina mais jovem é aconselhada por parentas mais velhas a não se casar cedo, sem amor, pois o casamento é um tempo de sobrecarga para a mulher, um tempo de queixas dos maridos, de perda da liberdade...As críticas mais pesadas são dadas pela personagem, que logo se torna a protagonista, dona de um casamento sem filhos, e que apelida o marido de Sr. Sonso, mentindo reiteradamente para ele, pelas menores coisas.

Todas as suas queixas a ele na verdade vão se revelando infundadas. E é ela que é um ser humano egoísta, mimado, e arrogante. Depois de se concentrar nas mulheres, Ozu corta para os homens, mostrando como o marido é trabalhador, sensato, amigo dos amigos, doce, e principalmente simples de coração, a ponto de sua comida preferida ser o tal arroz ao chá verde, que ele come do jeito da gente do campo, sorvendo a sopa, sem o refinamento dos habitantes de Tóquio.

Ao fim, a esposa percebe que o marido é na verdade um homem íntegro, que honra o casamento. E é ela que não enxergava valor nele, pois não enxergava valor na simplicidade da vida familiar. E, numa cena comum, banal, trivial, e lindíssima, os dois preparam o prato que ele gosta.

O casamento requer uma arte da delicadeza. Com Ozu, isso é garantido.

No ano seguinte, ele faria o suprassumo da delicadeza, "Era uma Vez em Tóquio" - aquela coisa!!

Ochazuke no aji (1952)

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Continuando o passeio pelos filmes de Glauber Rocha, vi "O Leão de Sete Cabeças", de 1970, primeiro de seus longas no exterior. Financiado por França e Itália, partiu Glauber para o Congo, para fazer sua pensata contra o colonialismo no continente. 

Talvez não haja um único "diálogo", todas as falas são discursos dos personagens à câmeras, ou um agir teatral. Hugo Carvana, remetendo ao explorador português, por exemplo, em certo momento - um dos que eu mais gostei - recita "Os Lusíadas", abrindo para mim um ângulo novo do poema, não como a glória do engenho português, mas o início da conquista brutal do continente.

Jean-Pierre Léaud também está no elenco, vive um padre tentando domesticar o paganismo. Há ainda um personagem americano, e um personagem alemão. Todos funcionam no grande esquema de representação do Capitalismo exploratório, bem como representação do passado coloniador. É, então, que um guerrilheiro comunista sul-americano (Che Guevara?) se unirá a um líder local, Zumbi, para expulsar a presença estrangeira.

Passados tantos anos, pode-se ver o filme, em última instância, como uma celebração da luta armada! Leva-me a crer também que, para o cineasta, como para boa parte da esquerda brasileira, o banho de sangue era melhor do que os acordos ditos burgueses, que construíram uma lenta emacipação política. Os países que fizeram isso, claro, se deram mal: Décadas de guerra civil, longas ditaduras de justamente ex-rebeldes, e pobreza "para todos".

O filme é bem difícil, mas efervescente. A população local ganha para mim os maiores méritos, cantando, dançando, mostrando as belezas da terra, debaixo dos enormes baobás. Como eu sempre digo, o cinema é um professor de Geografia.

Der Leone Have Sept Cabeças (1970)

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"Jorjamado no cinema"/ Jorge Amado no Cinema é um documentário, quase um curta, cujo nome e data me confundem, pois já vi sendo creditado como sendo do ano de 1977, ou 1979, e no IMDB é intitulado "Jorge Amado no Cinema", sem a oralização. Fato é que é uma deliciosa produção sobre o escritor Jorge Amado.

Glauber o filma despreocupadamente em três momentos: em sua casa, ao lado de família e amigos; bem como o filma - aparecendo ao lado do entrevistado como um Amaury Júnior - no lançamento do filme "Tenda dos Milagres", de Nelson Pereira dos Santos; e depois na noite de autógrafos quando do lançamento do livro Tieta do Agreste. A figura solar, magnânima, gentilíssima, inteligente, de Jorge, é captada na sua intimidade, perto de seus pertences do candomblé, perto de seus artesanatos colhidos no mundo todo. Fala da baianidade, fala do movimento modernista na literatura, fala da construção de uma cultura efetivamente brasileira. 

Bom, o doc começa com Tizuka Yamazaki - então produtora de Glauber - falando da intenção do filme. E depois já corta para a casa de Jorge.  O curioso é que essa estratégia de mostrar a construção continua, com Glauber filmando quase como se estivesse filmando o making off do próprio documentário.  Aparece na frente da câmera, mostra o câmera man, mostra o povo da iluminação, não tem rigor de fazer uma entrevista séria com o entrevistado. Eu adorei isso. Traz muito frescor pra um trabalho biográfico.

Aparecem nessa grande empreitada, via depoimentos, Hugo Carvana, Antônio Pitanga, Bete Mendes, e o grande Carybé. Uma reunião de um Brasil festeiro, orgulhoso de si, alegre, pra cima. Em certo momento, Jorge Amado elogia carinhosamente todos os diretores e filmes que advieram de suas obras até então: Marcel Camus com "Os Pastores da Noite", Nelson Pereira dos Santos com "Tenda dos Milagres", e Bruno Barreto com "Dona Flor e seus Dois Maridos", bem como, por duas vezes, incita Glauber a filmar "Terras do Sem Fim". Há também um momento em que Jorge elogia a miscigenação brasileira. Ai dele, se fizesse isso hoje. Estaria "cancelado". 

Amei.

 

 

Jorge Amado no Cinema (1979)

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Funhouse é um razoável thriller de horror que emula Jogos Mortais com Panic Room, mas acrescenta uma forte critica social á futilidade realitys shows um a vez que o filme é uma espécie de O Sobrevivente atualizado aos tempos online e de BBB. Acho que o fato desta produção ser sueca fez um pouco a diferença, embora seja preciso muita suspenção da descrença em boa parte da metragem. Dá pra ver de boa já esperando o que se vai ver, mas com ressalvas. 8-10

Picture of Funhouse

 

Incident at Montauk é um foundfootage fraquíssimo que parece mas não é. O lance de ir atrás de Ovnis em meio a conspirações governamentais era melhor trabalhado em Arquivo X, o que faz o uso em primeira pessoa desnecessário. Fora isso, as atuações são fracas, a fotografia escura demais e o roteiro, sem inovação alguma. Tá, pra não dizer que só falei mal esta produção de baixíssimo orçamento faz bom uso da câmera noturna. Mas não basta pra torná-la melhor. 7-10

Incident at Montauk (2019) Altyazı

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Primeiro longa da carreira do mexicano Carlos Reygadas, e, de cara, já faturou menção honrosa no Caméra d`Or, em Cannes 2002. "Japón"/Japão, cujo batismo está mais para uma licença poética, é um filme que impressiona. Filmado em 16mm, em luz natural, com um ar caseiro, para contar uma história de descoberta de si. Um homem de meia-idade deixa a Cidade do México em busca de um lugar isolado, no sul do país, a fim de cometer suicídio. Lá se hospeda na casa de uma velhinha, muito humilde, pobre, e sensível, que o trata com muito carinho, um carinho que talvez ele não estivesse mais acostumado.

Há pegadas de "Gosto de Cereja", bem como de "O Sacrifício", mas, em verdade, Reygadas criou um mundo bastante particular, no miserê daquela região, confrontado com suas belas paisagens montanhosas. O filme é lento, com elenco de não-profissionais, boa trilha sonora com destaque para "A Paixão Segundo São Mateus" de Bach, mas nada ficará mais na memória do que a incrível cena de sexo entre a velhinha de 78 anos e o protagonista. Sexo sem desejo, ou sem sentimento, apenas como um ato humanitário! Tenho profunda admiração por quem trabalha o sexo em perspectivas diferentes, apartadas do Mito do Amor Romântico.

Gostei muito. Meu trabalho preferido dele, contudo, ainda é o sublime "Luz Silenciosa'".

Japón (2002)

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"1968" é um curta de documentário realizado por Glauber Rocha e Affonso Beatto (assinando com dois "t"), para registrar as passeatas estudantis contra o Governo Militar, naquele "ano que não acabou". É apenas um registro documental, sem falas em off, sem precisão, "solto", que capturava o clima da época, com a intenção posterior de obter dali um filme, nunca realizado. Diz Beatto que não se lembra exatamente qual passeata foi filmada, nem o mês preciso.

Mais do que qualquer outra coisa, mais valoroso até do que o documento historiográfico em si, podemos sentir a alegria e a esperança do cineasta de que o Brasil poderia mudar. 

Deu errado. O clima piorou, azedou, e Affonso e Glauber tiveram que deixar o país.

22 minutos.

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O Caminho de Volta
2020 ‧ Filme de Esportes/Drama ‧ 1h 48m
 
Filme com pegada seção da tarde onde o Bat-Affleck faz um cara com problemas com a bebida. Affleck manda bem na loucura da bebida, uma situação terrível essa. A chance de treinar um time de basquete de uma igreja é a oportunidade de voltar a ter uma vida normal. Não há soluções fáceis. O filme fica entre um superação pessoal e profissional pois ele tem que lidar com um time bem fraco de garotos. Que coragem do Affleck em fazer esse filme sendo que ele enfrenta problemas com álcool na vida pessoal. Enfrentar o problema é o caminho da cura. 
  
 
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Mamma Roma, de Pasolini
1962 ‧ Drama ‧ 2 horas
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Terceiro filme que vejo no Sesc Digital, vriou minha Netflix, ha ha. Mamma Roma de Pier Paolo Pasolini com fortes traços de catolicismo.  Seria Mamma Roma uma Maria Madalena? Mamma que d enoite trabalha como garota de programa e de dia vendando legumes na feira tenta tirar o filho das ruas. Ele não que não quer saber de trabalhar, só de vadiar.  Aqui a atriz Ana Magnani, que eu vi recentemente em Carruagem de Ouro, mostra todo o seu talento numa mulher que luta sozinha, tem seus jeitos exagerados e na risada fácil que é choro da mulher que sofre. O filho, Ettore, só que saber de vadiar e de cometer pequenos furtos. O rapaz não era ator e foi contratado quando trabalhava de garçom. O filme tem traços de sensualidade o que causou a proibição da exibição em alguns países. 
Destaque para os planos abertos durante o dia nos terrenos baldios.
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Paterson
12 (Brazil)

 2016 ‧ Drama/Romance ‧ 1h 58m

 

Kilo Ren foi para a cidade de Paterson e virou um poeta que trabalha como motorista de ônibus. Filme produzido pela Amazon, escrito e dirigido por Jim Jarmusch, visto no Sesc Digital. O Paterson (Adam Driver), sim tem o mesmo nome da cidade onde nasceu e que abriga o poeta William Carlos Williams, que é citado várias vezes no filme. Paterson respira poesia, em todo o intervalo ele está escrevendo poesia em seu caderno,  em casa, antes de começar o turno no tranlho, no intervalo do almoço. A noite leva o cachorro, da esposa, não dele, para passear, ele aproveita para passar no bar e bater um papo. Paterson leva a vida sem conflitos, nunca relcama nem diz que as coisas estão ruins. Não há confronto, mesmo quando algum de ruim acontece, ou quando, a esposa tem algumas idéias malucas, sonhos dela, ou ainda uma coisa simples como uma torta não muito saborosa (essa cena é muito boa ha ha ). Ele poderia explodir, mas o escapismo é a poesia.

  

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O Último Guerreiro das Estrelas (The Last Starfighter, Dir.: Nick Castle, 1984) 3/4

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Garoto consegue bater o record num jogo chamado "Starfighter". Acaba descobrindo que o jogo, na verdade, era pra selecionar um piloto pra enfrentar uma batalha espacial.

Esse filme é como se o Steven Spielberg resolvesse fazer um 'Star Wars'. Então, é um filme agradável, uma aventura juvenil sessão da tarde. Notável que talvez esse seja o primeiro filme a usar CG em grande parte do filme (nas batalhas espaciais). Isso em 1984. Apesar do valor histórico disso, acho que precisa de um edição 'remaster', já que o CG envelheceu muito.

 

A Grande Aventura de Pee-Wee (Pee-Wee Big Adventure, Dir.: Tim Burton, 1985) 1/4

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Pee-Wee tem sua bicicleta vermelha roubada, aí tem que enfrentar uma jornada pra achá-la.

Nem Tim Burton consegue salvar isso aqui. Uma coisa e outra do estilo dele aparece (que ele usou melhor em filmes futuros, então nem precisa ver esse filme pra isso), mas é uma comédia fraca com um personagem incrivelmente insuportável. 

 

Procura-se um Rapaz Virgem (Once Bitten, Dir.: Howard Storm, 1985) 1/4

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Vampira tem que achar jovem virgem, e beber seu sangue para manter sua juventude e beleza.

Curioso somente pela presença do Jim Carrey num filme lançado bem antes de seus sucesso. Fora isso, pouca coisa que tinha de engraçado, já ficou datado.

 

Presente de Grego (Baby Boom, Dir.: Charles Shyer, 1987) 2/4

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Executiva casada que não planeja ter bebês, acaba tendo que lidar com um, depois que um parente distante morre e ela é a única da família pra cuidar da filha pequena dele.

Talvez o marketing desse filme faça ele parecer uma espécie de "Três Solteirões e um Bebê" feminino, mas quem espera ver isso, vai se decepcionar, já que o bebê perde a função depois uns 40 min. Tem umas piadinhas típicas de como ela tenta lidar com a menina, mas logo tudo se resolve, e o filme vira outra coisa. Vira aquelas comédias de valorização do interior dos EUA (alguém da cidade grande que vai morar no interior), junto com uma comédia romântica. Um pacote meio cheio. Foi roteirizado pela Nancy Myers que viria a dirigir filmes como Alguém tem que Ceder, Simplesmente Complicado e Do que as Mulheres Gostam, então, espere algo do mesmo gênero desses. 

 

Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High, Dir.: Amy Heckerling, 1982) 4/4

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Hollywood gosta de tempos em tempos lançar um filme assim, que não tem uma trama central, só está aqui pra mostrar um grupo de adolescentes vivendo sua época. Começou (acho) com Loucuras de Verão que George Lucas fez nos anos 1970, mas retratando a juventude dos anos 1960. Esse aqui já é dos anos 1980 e com jovens dos anos 1980. Depois vieram 'Jovens Loucos e Rebeldes (feito no anos 1990, mas retratando os anos 1970) e Mal Posso Esperar (feito nos anos 1990 mostrando anos 1990), entre outros. Todos não tem propriamente um personagem ou trama central, mas sim um grupo de jovens ali que vão ter suas histórias contadas num momento de virada da vida (aqui se passa momentos antes da formatura). 

Começo dos anos 1980, esse filme ainda pôde lidar com coisas polêmicas como masturbação, drogas e aborto entre os adolescentes, temas que eram tabus (e ainda são até hoje).

**Curiosidade é que tem 3 futuros ganhadores de Oscar no elenco: Sean Pean, Nicolas Cage (ainda como Nicolas Coppola) e Forest Whitaker (sem falar da Jennifer Jason Leigh, que viria a ser indicada em futuros filmes); e foi roteirizado por Cameron Crowe (que viria dirigir Quase Famosos e Jerry McGuire). 

 

Filmes vistos nesses 2 boxes: Sessão Anos 80 Vol. 8 e 9

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Já vi todos os 8 filmes dos boxes. Ranking:

8 - Os Garotos do High Society (pior filme de todos os boxes dessa coleção) - 0/4

7 - Academia de Gênios - 1/4

6 - As Grandes Aventuras de Pee-Wee - 1/4

5 - Procura-se Rapaz Virgem - 1/4

4 - Presente de Grego - 2/4

3 - O Último Americano Virgem - 2/4

2 - O Último Guerreiro das Estrelas - 3/4

1 - Picardias Estudantis - 4/4

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Mais uma semana de Glauber Rocha. Agora com o desconhecido "Câncer", filmado entre 1968 e 1972.

Logo no início do filme, a voz de Glauber anuncia o clima do filme: num Brasil de passeatas, "da Ditadura de Costa e Silva", no qual é a classa média intelectual, e não os pobres verdadeiramente necessitados, que tentam fazer a "revolução", e, para exemplicar isso, há imagens de um encontro ou palestra no Museu de Arte Moderna, onde, sentado à mesa, está um Ferreira Gullar, de terno e gravata, fumando, discutindo os caminhos nacionais. Mas é a voz de Glauber que impera, advogando por um movimento de massa, e, ao mesmo tempo, falando das dificuldades para fazer esse filme, sendo seu som finalizado só em Cuba. Feito em 16mm, "Quatro dias para filmar, e quatro anos para montar".

O som, infelizmente, estraga os prazeres. É péssimo. Uma pena. Contudo, era essa exatamente a intenção. Gravar o som direto, sem a redublagem idiota da época, sem que os atores precisassem falar fielmente, palavra por palavra, tudo depois. A intenção, então, é louvável, embora o resultado seja decepcionante.

O filme é muito bom. São vários planos inteiros filmados em um único take, com improvisação dos atores: Antônio Pitanga; Odete Lara; Hugo Carvana (perfeito!); e, pra minha surpresa: O designer Rogério Duarte (do antológico cartaz de "Deus e o Diabo..."), Hélio Oiticica e Eduardo Coutinho. Em uma cena, o mestre documentarista vive um jornalista "militante", desses que distribuem panfletos nas ruas, ele diz; que é interrogado pelo obtuso, cafajeste, e nacionalista personagem de Hugo Carvana : "Eu sou militante"; "Militar?", "Não, militante", pra depois tecer críticas ao comportamento do jornalista: Você não ama a Deus e ao nosso país?, algo assim...Em toda a repetitiva história brasileira, há sempre a associação entre Deus e Pátria, né?! Impressionante...

Tem uma ceninha de Odete e Pitanga fumando unzinho...EM PLENA DITADURA!

O filme também tem diálogos ótimos, uma característica do Glauber, que ele joga pro espaço muitas vezes, mas que, com sua originalidade e cultura, deveria ter investido mais. Hugo Carvana e Odete Lara brilham neles:

"Eu tô numa fossa que você não faz ideia" ;

"Vietcongue também vive na fossa"

"Eu sou a favor de ser assassinado brutalmente pela massa e a massa comer as minhas vísceras. Todas."

"Ao meio-dia, alguém que vê televisão merece ser violentado. Você merece ser violentada por quatro criolos com a camisa do Flamengo na estrada de Petrópolis"

Amei.

Câncer (1972)

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