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Forum Cinema em Cena

O Que Você Anda Vendo e Comentando?


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Quando do anúncio do resultado do 50º ano do Festival de Cannes, em 1997, muitos críticos se espantaram: um empate, uma Palma de Ouro dividida para marcar a efeméride.  Os agraciados foram "Gosto de Cereja" e ... "A Enguia", este a esperada volta do mestre japonês Shorei Imamura de sua aposentadoria. Mais que isso, sua segunda Palma de Ouro, fato não muito comum (salvo engano, apenas oito diretores duplamente premiados).

"A Enguia" é um filme muito simples, um estudo de personagem, de um homem cumprindo condicional em um lugarejo do Japão, depois de passar 8 anos presos por matar a esposa. No cárcere, obtém um animal de estimação, uma enguia. A única criatura - ressalta, que só ouve e não fala - que pode lhe servir de amizade. No lugarejo, transforma-se em barbeiro da comunidade, e se sente atemorizado de os locais descobrirem seu passado. Até que o amor acontece, e a comunidade passa a comentar a relação...

Há uma frase síntese no filme: "Nos arriscamos ao nos relacionarmos". Não dá pra evitar que as pessoas descubram quem a gente é. A bolha sempre se rompe. A bolha não, o aquário.

Tudo é meticulosamente bem filmado, bem enquadrado, uma docilidade e uma suavidade que saúdam também um Japão não urbano, um Japão tradicional, "de vila", acompanhado de uma trilha marcante.

Ótimo.

A Enguia poster - Poster 3 - AdoroCinema

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Só desejava ver a fantástica cena de cerca de quatro minutos de Philip Seymour Hoffman, como um apostador babaca, insolente, que desafia no jogo o elegante Philip Baker Hall - um show absoluto dos dois atores - mas fui até o final por motivos de "esse filme é muito bom!".

"Hard Eight"/ Jogada de Risco, estreia de Paul Thomas Anderson, ainda tributário de Scorsese, mas com algumas características de estilo que seriam suas marcas: uma "redução" de conflitos; uma trilha sonora original unindo cenas e personagens diferentes; controle de cena; mas principalmente seu comentário em inúmeros filmes sobre a "dominação" . Aqui, uma lição sobre a paternidade, como forma de remissão. Em seus filmes em diante, sempre uma variação desse tema.

John C. Reilly, Gwyneth Paltrow, Samuel L. Jackson estão excelentes também, mas o show é dos supracitados.

Ponte: A cena ao final de Philip Baker Hall sentado em uma cadeira, no escuro, refletindo sobre a sua jornada; e seu paralelo com sua cena em "Magnólia". 

Sofrendo ao escolher entre 1 a 3, meu ranking Paul Thomas Anderson:

1) Boogie Nights - Prazer Sem Limite;

2) Magnólia;

3) Sangue Negro;

4) Trama Fantasma;

5) Embriagado de Amor

Hard Eight (1996) - IMDb

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"N`um vou nem falar nada!!!"

"Isso não é Dallas, é Nashville". Se essa frase do final do filme, de 1975, não ressoa no espectador, é sinal de que ele será incapaz de entender a grandeza desse filme. Uma sátira panorâmica à vida americana, usando o microcosmo da música Country, cuja meca é a cidade de Nashville, no Tennessee. Políticos que usam artistas, artistas que usam políiticos, gente sem talento, gente com talento, ídolos sedutores, iniciantes esperançosos, caipiras orgulhosos, caipiras traumatizados pela guerra...

Admito que a primeira hora é difícil. Mas depois entra-se no clima. Às vezes um olhar garante uma indicação ao Oscar, e é o caso de Lily Tomlin sendo seduzida por Keith Carradine cantando "I`m Easy", canção que deu a ele seu Oscar, e o único do filme. Aliás, todas as canções foram criadas pelo próprio elenco especialmente para o filme, tamanha a organicidade de tudo, operada com maestria por Robert Altman.

Amo também a  piada da personagem de Karen Black criticando a beleza de Julie Christie, em participação como ela mesma: "You don't belong in Nashville. Go get your hair cut";  "Não sabe nem se pentear". É a expulsão da sofisticação intelectual, da beleza, do cosmopolitismo. Terrível, lá só pode o conhecido. Assim como em muitos lugares do interiorzão do Brasil, cuja música sertaneja também é a expressão dos valores tradicionais, ou de sua crueldade habitual: vaquejada, rodeio, etc.

A crítica política é bastante forte: As comunidades tradicionais dos Estados Unidos continuarão cantando - celebrando Deus, a Família, a Liberdade, a Pátria - ou se alienando através dessas repetições culturais, mesmo diante dos maiores problemas.

Nashville (Robert Altman)

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Domingo musical, então "bora" rever "Canções de Amor", de Christophe Honoré. É um diálogo formidável com a obra de Jacques Demy: Um musical sutil, agridoce, romântico, mas mais do que isso, traz o gênero para o cosmopolitismo dos amores fluídos, da Paris Cabeça aberta. Um lindo trisal se quebra, e o personagem de Louis Garrel - de resto o mais elegante ator em atividade - encontra-se deprimido, sem lugar, mas pode reencontrar a felicidade em lugares nunca antes imaginado.

As canções de Alex Beaupain são um afago à alma e ao cérebro. Letras românticas, também ela, desviantes, num linguajar muito mais aberto para o mundo, sem melodrama. É tão bom encontrar a vida intelectual de Honoré (professor universitário, cinéfilo) espalhada pelo filme, como um pôster de "Nobody Knows", ou um livro de Salinger. A vida mental está se perdendo, que dirá o amor mais nobre, de cabeça a cabeça?!

"Você já amou
Pela beleza do gesto?
Você já mordeu
A maçã com todos os dentes?
Pelo sabor do fruto,
A sua doçura e seu gesto
Já se perdeu algumas vezes?

Sim, eu já amei
Pela beleza do gesto
Mas a maçã era dura
E quebrei os dentes.
Essas paixões imaturas,
Esses amores indigestos"

Não é o estupendo "Conquistar, Amar, e Viver Intensamente", de 2018, mas é ótimo também.

 

Canções de Amor - Filme 2007 - AdoroCinema

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Sempre gostei de suspense;

Por isso escrevi algumas palavras lá no letterboxd sobre "Under the Shadows" (2016) do diretor iraniano Babak Anvari.

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" Os horrores da guerra sendo destacados para além das metáforas como suspense.

Uma situação que deixa a trama mais intimista é entender a rotina de pessoas que vivem em zona de guerra e como são as suas rotinas quando estão em perigo.

A mãe Shideh (Narges Rashidi) que se vê presa na casa e totalmente asfixiada com o estilo de vida que não permiti concluir o seu sonho de terminar os estudos, confronta diariamente a sua filha Dorsa (Avin Manshadi) como se profetizasse o seu destino.

Esse grande combate se resulta na chegada de alguns mistérios que estão no Alcorão e no imaginário popular, mas nada mais é do que uma angústia de sofrer através de um destino pré-determinado. As marcações nas janelas prevê o alvo a qual elas sempre serão submetidas.

Interessante a evocação da boneca da Dorsa que se disfarça de amuleto para que os bons presságios cheguem logo, mas serve como oposto; talvez como uma alusão à inquietude do ser humano em se apegar alguma crendice.

Não gostei muito de alguns efeitos para encenar o mistério, algumas transformações e algumas performances pontuais.

Fora isso é um grande filme de suspense que merece a sua atenção mais pelas consequências do que pelo míssil lançado. "

 

Obs: Meu primeiro post (se tiver um lugar para apresentação me avisem).

 

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On 7/24/2020 at 7:23 AM, Jorge Soto said:

El Principe é um drama prisional chileno que apresenta a jornada (e a evolução) de um jovem homossexual numa prisão. Antes disso, mostra as relações de poder e como ele conquista seu espaço no cárcere. Sim, tem cenas meio barra pesada devido ao tema (tipo a tortura com vassoura), mas diferente de O Profeta, Expresso da Meia Noite, Papillon ou Carandiru aqui tem flashbacks bem inseridos que complementam a narrativa, que tem certo tom fabular. O jovem ator manda bem, mas quem se destaca é seu tutor. Repare na insistência desnecessária do diretor em mostrar pintos no decorrer da metragem. 8,5-10

Fui na maior expectativa conferir os pintos, @Jorge Soto, mas, que decepção, um monte de "salgado congelado"... Tô zoando!! ? Concordo com você, várias cenas foram muito dispensáveis nesse filme. 

"El Principe", de Sebastián Muñoz, ganhou o Prêmio Queer no Festival de Veneza em 2019, mostrando a chamada homossexualidade situacional, de dentro de uma prisão, no Chile dos anos 1970. A meu ver, conformou-se a uma narrativa clássica, com tudo que já vimos nesse subgênero de prisão: violência, sujeira, dominação, violação de direitos humanos... Não vi nada de especial. A diferença é realmente o pavilhão ser gay. Mas, se for assim, prefiro reler o fabuloso "Diário de um Ladrão", de Jean Genet, sujando o mundo, nas suas palavras, de "sangue, suor, e esperma".

The Prince (2019) - IMDb

 

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Nunca tinha assistido a "Climas", de 2006, quarto filme de um dos diretores que forçosamente tem de entrar na minha lista de melhores da atualidade, o turco Nuri Bilge Ceylan. Aqui, filmando a si próprio, e mostrando que é bom ator também. O detalhe é que seu par romântico é sua esposa na vida real. Essa relação metalinguística deve significar muito aos dois, pessoalmente, posso imaginar. Porque o casal na tela é um casal em ruínas, aliás o filme começa em um sítio arqueológico...O casal - com boa diferença de idade - não consegue se comunicar mais, e se separa.

Marcado pelas estações do ano, num país diverso como a Turquia, o personagem protagonista também passa por fases nesses tempo de separação. Rola, em termos fotográficos, aquela mesma contemplação dos outros filmes dele, tudo muito pausado e meticuloso. Dessa vez, contudo, não se concentra tanto nas paisagens espetaculares de seu país, mas nos rostos dos personagens, mais na "paisagem humana", digamos assim.

Em uma cena magistral, percebe-se o verdadeiro caráter do personagem. Não sei que diretor no mundo iria filmar a si mesmo (a seu personagem) cometendo uma longa cena de estupro/violência sexual. São quase 10 minutos de um longo plano, corrigindo, não posso dizer 1,  exatamente são 2, há um corte, que você fica impressionado pela intensidade dos atores na cena. E mais, o estupro... descamba...ora, ora, ora, para a aceitação sexual. Que nenhuma feminista veja esse filme!

 Prêmio da Crítica em Cannes.

Climas poster - Poster 1 - AdoroCinema

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12 hours ago, SergioB. said:

Nunca tinha assistido a "Climas", de 2006, quarto filme de um dos diretores que forçosamente tem de entrar na minha lista de melhores da atualidade, o turco Nuri Bilge Ceylan. Aqui, filmando a si próprio, e mostrando que é bom ator também. O detalhe é que seu par romântico é sua esposa na vida real. Essa relação metalinguística deve significar muito aos dois, pessoalmente, posso imaginar. Porque o casal na tela é um casal em ruínas, aliás o filme começa em um sítio arqueológico...O casal - com boa diferença de idade - não consegue se comunicar mais, e se separa.

Marcado pelas estações do ano, num país diverso como a Turquia, o personagem protagonista também passa por fases nesses tempo de separação. Rola, em termos fotográficos, aquela mesma contemplação dos outros filmes dele, tudo muito pausado e meticuloso. Dessa vez, contudo, não se concentra tanto nas paisagens espetaculares de seu país, mas nos rostos dos personagens, mais na "paisagem humana", digamos assim.

Em uma cena magistral, percebe-se o verdadeiro caráter do personagem. Não sei que diretor no mundo iria filmar a si mesmo (a seu personagem) cometendo uma longa cena de estupro/violência sexual. São quase 10 minutos de um longo plano, corrigindo, não posso dizer 1,  exatamente são 2, há um corte, que você fica impressionado pela intensidade dos atores na cena. E mais, o estupro... descamba...ora, ora, ora, para a aceitação sexual. Que nenhuma feminista veja esse filme!

 Prêmio da Crítica em Cannes.

Climas poster - Poster 1 - AdoroCinema

Polêmico, hein...

 

Assisti o Ata-me do Almodóvar ontem (depois coloco aqui com mais detalhes) e senti que ele envelheceu mal... Talvez tenha sentido o mesmo com Climas.

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Filme mais visto na Netflix nesta semana, "A Barraca do Beijo 2", de Vince Marcello, é um fenômeno adolescente. O primeiro filme é fraco, na minha opinião. Mas essa sequência me surpreendeu. Investiram mais grana, a história é melhor, e os atores estão mais à vontade com seus papéis, tendo que segurá-los menos vezes somente no "carão". 

Sempre escrevo como a comédia romântica norte-americana tende a ser superescrita, com uma sucessão de "deixas" a todo momento, geralmente interpretadas com exagero nos semblantes. Outra característica é a supermontagem. O filme é hipereditado para parecer jovem, moderno, urbano, comercial, e para impedir a reflexão. 

Poderia falar que o filme supervaloriza o dinheiro, poderia falar que o filme é classista, poderia falar que o filme usa as minorias apenas como muleta (o obrigatório e coadjuvante romance gay...) poderia falar que o filme é vazio. E tantas outras críticas fáceis e justas. Mas tamanho sucesso deve ter alguma causa. Aqui, são duas; a beleza de capa de caderno escolar do ator australiano Jacob Elordi (nada adolescente, 24 anos), já alcançando voos maiores na carreira; mas, deve-se, sobretudo ao enorme carisma, beleza, e talento da atriz Joey King.  Essa menina é realmente ótima.

A Barraca do Beijo 2: Filme Chegará na Netflix em Julho; Confira

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A legião de diretores iranianos que ganhou a atenção do mundo do cinema nos anos 1990 teve em Mohsen Makhmalbaf um de seus expoentes. Seu cinema inspira. É de um evocativo quase religioso. Nunca me esquecerei do choque que tive ao assistir a "A caminho de Kandahar", de 2001 - na época jamais tinha assistido a nada parecido.

Este "O Silêncio" de 1998 é muito bonito. Curtinho, menos de 70 minutos. Um menino cego, que trabalha afinando instrumentos, e também é o chefe da família,  de uma comunidade pobre do Tajiquistão. Seu amor pela música, realçado por sua condição, é até perigoso, pois o distrai do caminho para o trabalho; leva-o a perseguir músicos de rua, ou a capturar espécies de abelhas...

Tanta paixão pela música tem a ver com a vida do diretor, que era proibido de ouvir músicas por sua avó, que considerava algo diabólico, herege. Para a gente ver como a apreciação artística jamais pode rivalizar com a religião. A primeira música que o diretor ouviu - ele conta - foi a 5ª Sinfonia de Beethoven, por isso seu "pan pan pan Pan" aparece várias vezes ao longo do filme, mas, creio eu, expressa também a universalidade da arte, que chega a qualquer rincão.

Sua brilhante cena final, do garoto regendo as tinas do mercado público emociona.  E quem como eu encarar o cinema também como um "professor de Geografia" vai se admirar com as belezas das montanhas do Tajiquistão.

O Silêncio - 27 de Novembro de 1998 | Filmow

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"Bom Dia, Tristeza", filme de 1958, de Otto Preminger, adaptando o livro homônimo de muito sucesso na época da escritora Françoise Sagan, que o escreveu aos 17 anos.

História de uma adolescente linda e frívola que, de certo modo, reproduz psicologicamente a vida de playboy que o pai leva. Até que o pai resolve se casar com uma estilista chique, mas castiça, que tenta reordenar a vida da adolescente, em direção à maturidade. Porém, a regra será encarada como simples controle indevido.

O filme, tecnicamente, se divide em preto-e-branco para mostrar o futuro, e o colorido para mostrar o passado - estratégia contrária ao que a maioria dos diretores faria. A luz da Riviera Francesa, uma trilha bonita, e, no elenco, David Niven, Deborah Kerr, e Jean Seberg, os três excelentes.

Bom dia, Tristeza poster - Poster 2 - AdoroCinema

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A conversação é um filme que trata de maneira voyeurista o trabalho das invasões de privacidade.

Coppola traz o personagem Harry Caul (Gene Hackman) para ser a pessoa mais profissional na arte de realizar escutas. O personagem, carrega consigo uma áurea de frieza e sabedoria que Hackman passa como ninguém. 

O interessante é que as qualidades que ele tem se perde por conta da sua falta de confiança, levada muito por conta de uma consciência frágil que permeia o seu ofício. Como se ele sentisse um rastro de moralidade de todos os casos que resolveu, sendo as tratativas para conseguir as informações perspicazes e precisas, entretanto imorais.

Resultando em consequências devastadoras.

Outra passagem interessante na trama é o looping que a gravação do seu caso dá, colocando eco na sua cabeça e denunciando o seu destino.

A única coisa que não gostei foi o efeito de sangue, o que trouxe um incomodo para a cena mais importante do filme.

Em contrapartida, nada mais se perde, deixando a cena final um maravilhoso retrato de uma casa desnuda ao som de jazz.

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Give Me Liberty é uma boa comédia negra indie que tem duas partes bem definidas. A primeira é um agoniante road movie que não te dá um minuto de respiro diante dos perrengues consecutivos do jovem motorista atrás de seus passageiros (pessoas incapacitadas), e a segunda é mais o drama surreal propriamente dito. O melhor é a primeira parte pois a segunda é mais do mesmo, e creio que a despeito das boas intenções do diretor em tratar de forma humana os esquecidos do sonho americano, a edição caótica depõe contra a película. 8-10

Completely, Delightfully Unpredictable” GIVE ME LIBERTY Opens ...
 

Looks That Kill é um romancezinho teen bobinho e bonitinho, porém sincero. É daqueles indies de aceitação de diferenças, quem vê cara não vê coração, etc e tal.. mas o plot do moleque "lindo de morrer" é seu grande diferencial, fora a narrativa meio fabulesca, estilo Edward Mãos-de-Tesoura. As atuações são razoáveis dentro do possível e sua duração é enxutérrima, sem enrolações. Resumindo, uma boa matinê que cumpre seu propósito de entreter, pra ver, apreciar e esquecer. O hilária personagem da chinesa do intercâmbio merecia filme próprio, chega a ter mais presença em tela que o casal principal. 8,5-10

Come See The 2020 Romantic Comedy “Looks That Kill” | by hIRKA ...

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"N`um vou nem falar nada!!!"

F I N A L M E N TE !!

Anos e anos tentando ver "Vida Cigana", do sérvio Emir Kusturica, e finalmente consegui. Estou embasbacado até agora com esse plano do pôster, uma das cenas mais estonteantes que já vi. Não sem razão, ele venceu o Prêmio de Melhor Direção em Cannes 1989, já que parece uma regra não escrita dos grandes Festivais reconhecer a grandeza e originalidade de seu cinema.

Posso dizer que a primeira hora me pareceu excepcional, mas depois, senti uma "barrigada". Fui ler a história do filme, e não foi bem isso, é que o filme original tem 5 horas, então, para fins de distribuição, tiveram que reduzi-lo, e algo se perdeu, não sei, alguma orientação maior para o espectador. Quando o filme abandona a comunidade cigana e parte para a Itália, a narrativa fica menos bem contada.

De qualquer forma, essa primeira hora, e o final, me ganharam. O design de produção, como sempre, em seus filmes, é inacreditável. Sua materialidade da vida dos pobres, a caótica e divertida presença dos animais, dá à atmosfera dos filmes um tom mágico e absurdo. Junta com a música cigana, que não para, e parece que estamos assistindo a um enclave perdido da existência humana. Os cineastas brasileiros deviam aprender com Kusturica a como retratar os pobres no cinema, com respeito, dignidade, sem miserabilismo, e, que tal, com festa? 

Maravilhoso.

Vida Cigana - Edição Especial - DVD - Saraiva

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Do mestre japonês Masahiro Shinoda, vi esse "Sob as Cerejeiras em Flor", filme de 1975.

Um ladrão abrigado nas montanhas ataca uma comitiva na floresta de cerejeiras (que, dizem, sua floração tem o poder de enloquecer as pessoas) e sequestra uma mulher, tomando-a como esposa. Mal sabe ele o que lhe aguarda. A mulher é vaidosa, mimada, e terrivelmente sádica, fazendo-o pagar todos os pecados. É pena que depois da metade, o filme dê uma mudada de escopo. A linha principal - de um casal pérfido que efetivamente se merece - é muito melhor do que a segunda parte, quando o casal sai da floresta e vai para a cidade, bem como seu ingresso na comitiva de ladrões.

 A natureza é perigosa.

Under the Blossoming Cherry Trees (1975)

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200px-Ata-me!.jpg

Almodóvar retrata com belíssimos quadros uma história que envelheceu mal.

A figura do personagem Ricky (Antonio Bandeiras) é problemática em vários sentidos; não sobre a visão de complexidade do personagem, mas pelo sentido que suas atitudes despertam aos demais.

O filme tem uma preocupação de colocar sua mise-en-scène trajada de um colorido esplendido que corrobora com a encenação dos personagens em atuar. Etretanto, seu equívoco é no seu desenrolar.

Marina Osorio (Victoria Abril) é a personagem tipicamente frágil e que não consegue se desvincular dos charmes de Ricky. Uma premissa do galã irresistível tão explorada que quando tenta subverter comete o crime de exaltar a passividade da protagonista.

Uma pena ter que ver um filme tão bem feito esteticamente ser jogado ao marasmo por conta do seu roteiro. O amor através da violência me dá ânsia.

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Uma mulher precisa aprender a tomar conta de sua fazenda sozinha, ao mesmo tempo cuidar dos filhos, vencer o machismo local, enfrentar um tornado, e o papel símbolo da tenacidade lhe renderá uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. É "Country", com Jessica Lange? Não! É "Places in The Heart" com Sally Field, que, fez mais que a concorrente, e levou seu segundo Oscar para casa em 1985. Para ela que vinha da subestimada tevê, isso, na época, era um feito realmente importante: "You like me!", gritou na cerimônia, e as pessoas criaram uma falsa memória coletiva de que ela teria falado "You really like me!", ou "really really like me"-  o que - basta ver o vídeo da cerimônia - não é verdade.

Falando do filme do Robert Benton, não entendo por que ele é exibido tão pouco, já que tem tudo o que o público normalmente gosta. Uma história de superação, luta contra os preconceitos, com ótimas atuações, e um final feliz. Seu ponto fraco é a previsibilidade do roteiro, que, num ano meio fraco, acabou sendo premiado. Gosto bastante do figurino da longeva Ann Roth, em sua primeira indicação.

Places in the Heart (1984) - IMDb

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"Kaili Blues", de 2015, é o primeiro filme do chinês Bi Gan, que impressionou a todos com seu filme posterior "Longa Jornada Noite Adentro" (que está - quem diria? - na Netflix), particularmente com aqueles 59 minutos de plano-sequência. Aqui também tem. Vários. Um que deve durar uns 35 minutos, e a câmera anda de moto, caminhonete, um barco a cruzar um rio, sempre a registrar cada momento ínfimo do protagonista, inclusive um corte de cabelo, e participar de um show no meio da rua! Fico imaginando o trabalho para combinar tudo com figurantes, com coadjuvantes, esconder o povo da técnica... Mas se em "Longa Jornada..." havia diversos momentos de luz e som pra embasbacar o espectador; nesta estreia tudo é mais direto, cru, "feio", registrando uma humilde província rural chinesa ( que, pelo que capturei, é uma comunidade de minoria perseguida).

A história é um fiapo: Um médico que vai em busca de seu sobrinho, aparentemente vendido pelo irmão ganancioso. Aos poucos, vamos sabendo do passado do médico, e vamos sabendo tanto, que, se bem entendi, vamos voltando a corda do relógio, e indo para o passado dele nessa região. Então, em dois filmes do diretor, pude encontrar dois denominadores comuns: um cinema de busca; através de planos-sequências em direção ao passado.

A cabeça do cara de fato é uma cabeça cinematográfica, tem vocabulário, demonstrando uma engenharia de imagens muito madura para a idade dele. Imagino quando ele conseguir uma história que se encaixe perfeitamente em seu estilo...

Gostei muito.

YESASIA: Kaili Blues (2016) (DVD) (Taiwan Version) DVD - Bi Gan ...

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15 hours ago, SergioB. said:

"Kaili Blues", de 2015, é o primeiro filme do chinês Bi Gan, que impressionou a todos com seu filme posterior "Longa Jornada Noite Adentro" (que está - quem diria? - na Netflix), particularmente com aqueles 59 minutos de plano-sequência. Aqui também tem. Vários. Um que deve durar uns 35 minutos, e a câmera anda de moto, caminhonete, um barco a cruzar um rio, sempre a registrar cada momento ínfimo do protagonista, inclusive um corte de cabelo, e participar de um show no meio da rua! Fico imaginando o trabalho para combinar tudo com figurantes, com coadjuvantes, esconder o povo da técnica... Mas se em "Longa Jornada..." havia diversos momentos de luz e som pra embasbacar o espectador; nesta estreia tudo é mais direto, cru, "feio", registrando uma humilde província rural chinesa ( que, pelo que capturei, é uma comunidade de minoria perseguida).

A história é um fiapo: Um médico que vai em busca de seu sobrinho, aparentemente vendido pelo irmão ganancioso. Aos poucos, vamos sabendo do passado do médico, e vamos sabendo tanto, que, se bem entendi, vamos voltando a corda do relógio, e indo para o passado dele nessa região. Então, em dois filmes do diretor, pude encontrar dois denominadores comuns: um cinema de busca; através de planos-sequências em direção ao passado.

A cabeça do cara de fato é uma cabeça cinematográfica, tem vocabulário, demonstrando uma engenharia de imagens muito madura para a idade dele. Imagino quando ele conseguir uma história que se encaixe perfeitamente em seu estilo...

Gostei muito.

YESASIA: Kaili Blues (2016) (DVD) (Taiwan Version) DVD - Bi Gan ...

Longa Jornada Noite a Dentro é belíssimo... Amo esse estilo Noir. Inclusive, deixarei esse na minha lista.

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O filme retrata a jornada de dois atletas de cubo em velocidade até o campeonato mundial de 2019 da categoria. Mas o filme não é sobre competição.

A diretora Sue Kim traz à tela a vida do australiano Feliks Zemdegs e do americano Max Park. Interessante é que o Park sempre foi ídolo de Zemdegs e por isso eles criaram uma amizade muito forte.

Depois do prólogo de apresentação dos competidores, o curta documental trata da imersão de suas vidas e é aí que você percebe que o filme não vai tratar do cenário competitivo do cubo mágico.

Max Park vira o foco e capta o carinho empático de todos, até do seu ídolo Feliks. Dessa forma, entendemos os pormenores do verdadeiro algorítimo revelado.

Digo ainda que após o mundial o documentário se torna épico pela sua dramaturgia da vida real, pois consegue dar um sentido de amor não verbal. 

Afinal, nos tornamos mais fortes quando não estamos no pódio.

 

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"O Homem de Ferro". É filme de super-herói? Não, é um épico político de 1981, dirigido pelo mestre polonês Andrzej Wajda, que arrebatou a Palma de Ouro em Cannes em 1981, sendo o filme ainda indicado a Melhor Filme Estrangeiro em 1982.

São quase três horas mostrando a fundação do chamado Sindicato Solidariedade da Polônia, cuja cabeça seria Lech Walesa;  em 1983, Prêmio Nobel da Paz; e Presidente da Polônia nos anos 1990; e hoje em dia é execrado por lá... A Terra, ela gira.

Mostra, timtim por timtim, como o Regime Comunista infiltrava agentes da mídia para cobrir e investigar sindicalistas emergentes, cuja luta era criar uma organização sindical independente do estado, e assim lutar por maiores salários e benefícios para o povo. O filme é ficção, mas é intercalado por partes documentais, e imagens do próprio Walesa - inclusive rezando. 

Não recomendaria o filme a ninguém, pois ele é muito específico. Se você não tiver alguma bagagem cultural, ou se não recorrer a fontes de pesquisa, você boia. A segunda hora do filme é muito melhor do que a primeira, mais clara e humana.

A Polônia de hoje é cada vez mais rica. Direitista, abraçou forte a economia de mercado, e hoje colhe os louros da liberdade. Não da liberdade sindical dos anos 1980, como mostra esse filme, mas da liberdade econômica.

 

OKF ILUZJA

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Filme gay de Ang Lee? "Brokeback Mountain" responde-se em uníssono. Ou você poderia responder "O Banquete de Casamento", de 1993. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1994, e Urso de Ouro em Berlim, foi com ele que Ang Lee começou sua conquista do mundo do cinema.

Aqui, uma comédia romântica, sobre um casal gay que forjará um casamento para agradar aos pais de um deles, vindos da tradicional Taiwan. A história convence, e os atores estão excelentes, sensíveis e entregues. Ao final, uma reviravolta que emociona, mostrando o lado mais humano do roteirista/diretor Ang Lee.

A "Instituição Família" é uma mentira - mentira política, para o "gado", e para as Igrejas - na verdade, só existem pessoas. Pessoas. E os laços afetivos que elas criam.

Volta, Lee, a fazer esse tipo de cinema! É isso que você faz melhor.

Obs: Detalhe das camisetas usadas pelo ator Michell Lichtenstein, com estampas de seu pai Roy Lichtenstein.

The Wedding Banquet Fan Casting on myCast

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Vocês sabem, sou bem fã do cinema do Kim Ki-duk, já vi quase todos. Mas faltava esse "Endereço Desconhecido", do começo de sua carreira, 2001, que abriu o Festival de Veneza na época.

É um filme bem trágico a respeito de três jovens que, mesmo tantas décadas depois, ainda padecem das consequencias da Guerra da Coreia. A presença americana ainda está lá, na forma de uma base militar. A cidadezinha ao redor convive com a tropa que ronda com um discurso de promoção da paz; alguns moradores tentam arranhar o inglês na expectativa de um dia viajarem; veteranos nacionalistas se amarguram com o passado enquanto treinam o Tiro ao Arco; uma ex-prostituta que teve um caso com um soldado americano envia-lhe cartas que voltam com o selo de "Endereço Desconhecido"; o filho dela é um mestiço, um asiático afrodescendente, que sofre racismo; uma mocinha apaixona-se por um soldado americano viciado em LSD... E por aí vai..É um amplo painel de personagens, sempre a trabalhar criticamente a ideia do militarismo estrangeiro na província coreana. Quem diria que esse Kim ki-duk politizado iria atravessar posteriormente uma fase mística-contemplativa, até voltar, mais recentemente, amarrando as duas pontas da vida, aos filmes mais politizados?!...

Voltando ao filme em si, a primeira hora é detestável, muito difícil de acompanhar, pois envolve tortura de cachoros em várias cenas. Mesmo com o aviso inicial nos créditos que nenhum animal sofreu, pra mim passou do ponto. A segunda hora - quando os cachorros se vingam - é muito melhor. E, ademais, os conflitos humanos também já estão mais estabelecidos. Como sói acontece, o final dos filmes dele é excelente, e aqui não fica por menos.

Meu ranking Kim Ki-duk, contudo, permanece inalterado:

1) Pietá;

2) A Rede;

3) Primavera, Verão, Outono, Inverno...e Primavera;

4) O Arco;

5) Dente por Dente.

Address Unknown (2001) - Where to Watch It Streaming Online | Reelgood

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Encerrando o sábado com os "cancelados" do cinema, fui com o gênio Woody Allen, e seu "Crimes e Pecados", de 1989. Sem dúvida, um dos grandes filmes dele. Tudo é redondo, tudo flui.  Embora ele mesmo tenha confessado não ter ficado tão satisfeito com a parte de comédia desse filme, e em "Match Point", segundo o próprio, ele tenha conseguido fazer um "Crimes e Pecados" só com drama.  Engraçado, que a filmografia continua, e depois ele trabalharia o tema ainda em "O Homem Irracional", de 2015, por exemplo. Bem como dividiria a comédia e o drama, de maneira formal, no subestimado "Melinda e Melinda", de 2004.

A inveja é um dos temas principais desse filme. Um pecado que está relacionado com o olhar, daí estarmos diante de um personagem oftamologista e outro diretor de cinema. Mas a inveja é um pecado, não é um crime. Contudo, quem será "punido" será o pecador, não o criminoso. É a ironia dramática desse roteiro fabuloso (indicado ao Oscar), desse diretor fabuloso (indicado ao Oscar), com um ator fabuloso (Martin Landau, indicado ao Oscar, que iria se superar depois estupendamente em "Ed Wood"). Deus também, lá do alto, só "olha", ou, dependendo, pune.

No final, dá-se o encontro entre esses dois personagens, bebendo uísque, celebrando a derrota e a vitória de serem quem são, sob a sombra trágica do fotógrafo bergmaniano Sven Nykvist.

Talvez o ranking mais difícil de se fazer. Meu ranking Woody Allen é assim:

1) Manhattan;

2) Annie Hall;

3) Match Point/ Zelig

4) A Outra/ A Era do Rádio/ A Rosa Púrpura do Cairo;

5) Desconstruindo Harry/Todos Dizem Eu Te Amo/ Um Misterioso Assassinato em Manhattan

 

Não dá pra escolher!

Dica de filme: Crimes e pecados (Crimes and Misdemeanors) | Força ...

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Último filme de Luis Buñuel, "Esse Obscuro Objeto do Desejo", de 1977, levantou muita polêmica, foi indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro e de Roteiro Adaptado, e tem muitos encantos ainda hoje.

Pra começar esse título excelente, lindo, que incita a todos. Cada palavra conta. "Esse": Ora, a graça surrealista maior é que no filme há duas (belíssimas) atrizes interpretando a mesma personagem - o que só saberemos depois de um tempo. Esse; esse qual? Há dois. É "obscuro", porque o protagonista vivido pelo ótimo Fernando Rey, um burguês de meia-idade, luta para conhecer completamente a mulher, luta para tirar sua virgindade. Está oculto o prazer. "Objeto": A palavra mais importante. O burguês, porque tem dinheiro, vê as pessoas como algo a seu dispor, algo que pode vir a ele, como força magnética, porque simplesmente tem dinheiro. A jovem tem de abandonar a dança, tem de abandonar seus amigos,seu emprego,  sua mãe, abrir-se a ele. "Do Desejo" : Como versou a poeta Hilda Hilst no livro de mesmo nome, "porque há desejo em mim é tudo cintilância". É só desejo sexual o que o protagonista sente pela jovem. Não é amor. Diz que é amor, que é paixão, mas acompanhando o desenrolar do filme, vemos que ali está-se diante mais de uma relação de consumo, está-se sim mais diante de uma hierarquia, do que propriamente de um sentimento nobre.

Quanto ao filme em si, Buñuel tem aquele hábito de incorporar animais em cena. Mas aqui só o faz duas vezes. Com uma mosca. E com um rato de pelúcia, preso em uma ratoeira (Metáfora para o jogo de sedução, é dizer, o jogo de gato e rato, entre o homem e a mulher). Também faz uma sinalização política importante: A burguesia não estaria interessada no que se passava na Espanha. Os atentados terroristas mostrados ao longo do filme são tratados com frieza e indiferença pelo protagonista. Até o final.

Meu ranking Luis Buñuel é assim:

1) O Anjo Exterminador;

2) O Fantasma da Liberdade;

3) Esse Obscuro Objeto do Desejo;

4) O Discreto Charme da Burguesia;

5) A Bela da Tarde

That Obscure Object of Desire de Luis Buñuel (1977) - UniFrance

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