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A visibilidade trans alcançada pelo seu lugar de fala com a crítica inevitável para Hollywood.

Quando se pensa em pessoas trans, logo se vê os estereótipos que o cinema reforçou sobre os estigmas da identidade de gênero. O documentário vai destrinchar todos os erros que o cinema já cometeu com a população que mais morre no mundo por apenas existir.

O documentário começa sobre os tipos de interpretações que são endereçadas às pessoas trans, começando com pessoas cis representando-os; passando pelo sentido de vilão que pessoas crossdresser se comportam, exemplos em Psicose (1960) do Hitchcock até Silêncio dos Inocentes (1991) dirigido pelo Jonathan Demme; concluindo pela cultura da comédia que sempre permeiam as suas personificações, como Uma babá quase perfeita (1993) até As Branquelas (2004).

Nesse sentido, Laverne Cox confessa as violências sofridas pelo sorriso ao seu corpo; como se a cultura que a população cis consome desse essa permissão. Como se cada pessoa trans fosse um personagem para vilanizar ou rir.

Outra questão que é horripilante é o sentido de "revelação" que dá o título do documentário. Colocando o grande questionamento de quanto de satisfação tem que dar sobre as suas próprias escolhas. O grande bordão de "quando você escolheu ser hétero?" vira o "quando você decidiu permanecer no seu sexo biológico?".

Uma outra problemática adotada acontece até em produções que são direcionadas ao público LGBTQI+, por exemplo a série The L World (2004): a série que trata da homossexualidade feminina, trata o personagem transmasculino com um desenvolvimento problemático.

Sei que o grande mote é a crítica a essas produções, mas meu único porém é o fato de não ressaltar tanto as produções que deram um pouco mais de visibilidade positiva.

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Fechando o fim de semana, com o belo "A Colecionadora", de 1967, a parte IV (que muitos erradamente dizem ser a terceira) dos Seis Contos Morais de Éric Rohmer.

O antigo editor do Cahiers du Cinema dá aqui uma aula sobre a rejeição masculina. Sul da França, verão, uma casa de campo, três jovens entediados, preguiçosos, que só fazem ler, beber, ficar ao sol, deitarem-se na grama...Opa! É filme do James Ivory? Prequel de "Call Me By Your Name"? Pois é, Rohmer foi dos primeiros a construir esse cinema de discussão filosófica embalado em charmosos cenários. 

Os debates são excelentes. Primeiro, no prólogo, amigos debatem beleza vs feiúra (A elegância como uma forma de manter um espaço vazio entre as pessoas). Depois se debate a necessidade do trabalho ou do ócio; mas nada é mais importante no filme do que a pensata sobre a rejeição. A bela jovem, chamada machistamente de colecionadora, por se envolver sexualmente com vários rapazes, passa o filme todo rejeitando o protagonista-narrador. E ele finge que não a quer.

Desse jogo, vemos que quem tem exarcerbado o conceito de posse não é quem coleciona amantes. Mas quem sofre por não ter o objeto desejado. A personagem feminina não colenciona, ela destrói. E nem liga para os danos.

Fotografia linda de Néstor Almendros, futuramente ganhador do Oscar por "Days of Heaven".

 

Amazon.com: La Coleccionista (La Collectionneuse) Eric Rohmer ...

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"Os Gritos do Silêncio"/ The killing Fields, de 1984, é outro filme que nunca é exibido e eu não sei a razão. Embora goste muito mais da primeira parte, a segunda é a que fica marcada na memória do espectador pela tragicidade das cenas. Haing S.N Nagor levou o Oscar de Coadjuvante, em sua estreia no cinema, mas na verdade é um coprotagonista, já que a segunda parte do filme é toda dele. Adoro o Sam Waterston - que figura serena e doce - merecida indicação a Melhor Ator. Aliás, deveria ser mais reconhecido. 

O filme politicamente é bem equilibrado. Mostra a intervenção americana no então neutro Camboja, durante a Guerra do Vietnã, bem como mostra os horrores do regime comunista do Khmer Vermelho -  não a ponto de igualar os horrores descritos no excelente documentário "A Imagem que Falta", de 2013, também indicado ao Oscar. Os horrores dos campos de morte da segunda parte são contrapostos também a um certo horror mercadológico, com aquele país asiático inundado de caixas de Coca-Cola ou do uísque do andarilho, disputando espaço com a suntuosidade de seus templos.

Primeiro Oscar de Fotografia do Chris Menges. Mestre.

Dvd - Os Gritos Do Silêncio - John Malkovich - R$ 23,00 em Mercado ...

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"N`um vou nem falar nada!!""

Filmaço de Vincente Minnelli, aliás seu melhor filme, a respeito da ascensão de um produtor de cinema ambicioso e igualmente crápula, que pisa em seus colaboradores ( um diretor, uma atriz, e um roteirista) para atingir o sucesso. Não dá pra qualificar a atuação do Kirk Douglas, esplêndida esplêndida; bem como de Lana Turner. Os dois têm uma cena de bater palma. Só que quem ganhou o Oscar foi Gloria Grahme, Atriz Coadjuvante, por seus menos de 10 minutos em cena (por muito tempo, a menor da história a vencer), além de não fazer NADA, tirando o Oscar de Jean Hagen por "Cantando na Chuva".

Hollywood tratada como ficção tinha causado furor anos antes com "Sunset Boulevard", de 1950, e talvez por isso este "Assim Estava Escrito", de 1952, apesar de ter ganhado 5 estatuetas (tal como o predecessor, Roteiro. Mas ridiculamente não foi indicado a Melhor Filme), seja menos lembrado. Não deveria. Vemos aqui a arte como produto, e quem a vê como produto, ganha dinheiro, ascende. Foi assim lá atrás, é assim hoje. Assim estava escrito. Está escrito.

A cena final é sensacional. 

Amazon.com: The Bad and The Beautiful - Starring Kirk Douglas and ...

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Vargur é um bacanudo thriller policial islandês que trata do perrengue que uma jovem mula polaca do tráfico passa num vôo e as consequências que isso acarreta. Filmado quase que em tom documental a película é agoniante e bem tensa, com bom roteiro, interpretações e edição impecáveis. Amargo, lembra um episódio do antigo seriado Miami Vice. Os irmãos traficantes infelizmente lembram o estereótipo Cain e Abel, o mau e o bonzinho, mas nada que atrapalhe o filme. A jovem mula é quem carrega o filme nas costas. 8-10

Anna Próchniak Oyuncu


Volition é um interessante thriller scy-fy que emula qualquer filme de realidades paralelas, viagem temporal e ver a mesma cena várias vezes sob outra perspectiva. Sim, lembrou dos ótimos Cronocrimenes, Sinchronicity, Triangle e até Back to Future 2? Pois é, vai por aí mesmo. Feito com orçamento merreca, o filme te prende pelo enredo e as várias reviravoltas interessantes, mas tem um porém... o protagonista principal é bem fraquinho e não consegue causar empatia ou convencer dramaticamente. 8-10

Volition (2019) Canadian movie poster


Nocturama é um bom thriller dramático francês que dá uma variada nos filmes de atentado, focando aqui exclusivamente nos responsáveis, no caso, um grupo bem eclético de jovens imigrantes. Com dois tempos bem definidos, o interessantes são as idas e vindas no tempo e as várias perspectivas da chacina final, além de bem atuado. No entanto, a falta de profundidade dos personagens e a excessiva duração depõem contra. Meia hora menos não prejuducaria em nada o entendimento da trama. 8-10

NOCTURAMA - Spietati - Recensioni e Novità sui Film

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"N`um vou nem falar nada!!!""

F I N A L M E N T E !!!

GENTE...

Era o grande filme do Maior de Todos (essa perífrase que uso antes de escrever Ingmar Bergman) que me faltava ver. "Face a Face", 1976. Estou ainda aplaudindo de pé (dentro da cabeça). Porque muitos bons diretores podem fazer um parque dos dinossauros, mostrar uma guerra nas estrelas, recontar a história de um reinado, filmar de trás pra frente, adaptar Shakespeare com modernismos, mostrar a corrupção policial, ou fazer graça com nossos defeitos, mas só um, só um, conseguiu filmar a mente humana.

Se ao longo de sua imensa filmografia já sabíamos disso, quando você chega em "Face a Face", você se desmente, não, "foi agora", foi nesse filme que ele conseguiu filmar a mente humana. Que isso! Mas ele filmou a vida mental de uma determinada personagem, uma mulher, e para isso era necessário a melhor atriz possível, e talvez até mesmo a melhor atriz do mundo. Gente...o que a Liv Ullmann faz nesse filme!!!? O que é isso? Como essa mulher não tem pelo menos um Oscar Honorário, atingidos os 81 anos? Há pelo menos três cenas de arrancar a tampa da cabeça de tão maravilhosas. Há uma cena de choro histérico que é pra lá de impressionante. Ela ganhou, na época, Nova York, Los Angeles, a National Board of Review, mas perdeu o Oscar para Faye Dunaway. Explicado. A Academia da época não iria assistir a esse filme denso, reflexivo, com legenda...

Outra questão: Originalmente é um telefilme sueco (assim como o magistral "Cenas de um Casamento"), com cerca 200 minutos, mas só chega a nós atualmente a cópia cortada.

Bergman tem requinte mesmo na modéstia financeira. Sua perícia das coisas prosaicas do dia a dia, como um arabesco do papel-parede, ou portas, faz elas ganharem uma quarta dimensão. É Freud se cineasta fosse. É Deus se cineasta fosse.

Face a Face: Fotos e Pôster - AdoroCinema

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"Cidade Pássaro", com título internacional, "Shine Your Eyes", é um filme brasileiro que competiu em Berlim 2020, na Mostra Panorama, e foi bem recebido por lá. Pudera, é um ótimo filme, muito melhor do que eu pensava. O diretor Matias Mariani, e um time de muitos roteiristas que incluem sua esposa Júlia Murat, fizeram uma história muito inteligente, e muito original, filmado sem o miserabilismo tradicional do nosso cinema, mesmo se passando no castigado centro velho da capital paulista ( Há até uma cena na belíssima Sala São Paulo). Conseguiu também tocar em pontos colaterais, como a ocupação de imóveis abandonados, a pouca mas importante assistência ao imigrante, bem como na falta de cultura linguística do brasileiro.

A história: Um nigeriano vem ao Brasil procurar o irmão mais velho que desapareceu, logo descobre que ele contava mentiras, alardeando sucesso, para a família se tranquilizar por lá. Na busca pelos passos do irmão, descobre outras pessoas que se relacionaram com ele, e também descobre o lado mais duro da cosmopolita São Paulo, bem como seu histórico de receber imigrantes do mundo todo. O filme é falado mais em Igbo (uma das línguas da Nigéria) do que em português, mas há muito espaço para o inglês, chinês, e também até húngaro. Tudo para mostrar essa faceta multicultural da cidade. Ademais, o roteiro consegue, às vezes de forma bem sucedida, às vezes não, aliar a ancestralidade africana com a matemática e a tecnologia - áreas de interesse do irmão desaparecido.

Mas o melhor lado da história pra mim é o relacionamento amoroso formado por tabela, entre o protagonista vivido de forma excelente pelo nigeriano O.C. Ukeje e a atriz brasileira Indira Nascimento. 

Gostei muito.

É uma pena que o filme, acredito, não tenha 50% de português para se qualificar na disputa para ser o candidato a Melhor Filme Internacional.

Shine Your Eyes (2020)

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"Louca Paixão"/ Turkish Delight/ Turkish Fruit, de 1973, é um dos melhores filmes de Paul Verhoeven. Seu segundo filme; a estreia de Rutger Hauer no cinema; uma resposta holandesa à "Love Story"; uma companhia mental para "O Último Tango em Paris"; uma indicação ao Oscar de Filme Estrangeiro para a Holanda em 1974; não faltam motivos para ver esse filme!

No início você fica incrédulo, por não saber que os Países Baixos também faziam pornochanchada, ou quase isso. De cara, é uma comédia pastelão bem erotizada, com muita nudez frontal, música de motel, e tudo. Depois o filme vai te pegando de um jeito...Ele está apenas contando uma real história de amor, com a intimidade explodindo de tal maneira, que o amante, em uma famosa cena, pega com carinho as fezes da amada. Para mim, que estou lendo Sade, e me acostumando a centenas e centenas de páginas de coprofagia, nada demais...

Direção excelente, e atores extraordinários. Rutger Hauer e Monique van de Ven fazem dois libertinos, no auge da beleza, no auge da intensidade, muito patetas, incontroláveis, irreparáveis. A cena final é um primor.

Excelente.

Turkish Delight (Turks Fruit) 1973 - Imgur

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"A espiã vermelha" trata da história real de Joan Stanley que servia de espiã à K.G.B. em território inglês durante a Segunda Guerra Mundial.

O filme tem inspiração glamourosa para representar os anos 40, incorporando a face jovial de Joan por Sophie Cookson que demonstra uma desenvoltura no papel com sua elegância e perspicácia. E quando a história se volta à atualidade, vemos Joan com um ar de culpa instaurado pela inquisição de perguntas dos investigadores; sendo representada pela Judi Dench que é o brilho em serenidade.

A fotografia do filme é maravilhosa e consegue nos transporta para a época, contando com o roteiro de uma excelente cientista que busca seu valor através da pesquisa.

Entretanto, o filme demonstra um cinismo ao tratar a redenção de Joan na atualidade e percorre por um caminho tortuoso ao mostrá-la jovem, sendo a sua ingenuidade uma muleta para que seja decretada a sua inocência moral.

O diretor Trevor Nunn se atém a história real com um romantismo ao tratar das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki que podemos considerar de um gosto pra lá de duvidoso. 

O discurso final é a deixa para que o filme se torne mediano.

 

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Depois de fazer o mundo inteiro chorar com o indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro "Filhos do Paraíso" em 1999, o grande diretor iraniano Majid Majid quis fazer o mundo inteiro se desidratar de novo com seu filme seguinte "A Cor do Paraíso". Basicamente conta a história de um pai que pretende se livrar de seu filho cego de 8 anos.  É visto pelo pai ignorante, como um estorvo, um incapaz, um fardo, que atrapalhará inclusive uma segunda núpcia. Mas na verdade o garoto compreende o mundo através do tato ativo, aprendeu a ler em braile em sua escola em Teerã, tem curiosidade pelo mundo, ama suas irmãs e avó, cujos rostos sempre os toca. Cego na verdade é o amor do pai.

Há duas cenas comoventes. A primeira é quando o garoto em longo monólogo questiona por que Deus não ama os mais fracos, embora diz - segura o choro!,  seu amável professor o tenha ensinado que não é verdade, pois Deus também habita o invisível. A segunda cena comovente é o final do filme, quando há de ser feita uma decisão.

Em termos cinematográficos, fico maravilhado com a Fotografia, nos mostrando um Irã verde - nada deserto - verde. Com bosques, rios, corredeiras, trigo...Uma coisa! E, em termos políticos, um Irã florescente, da reconstrução pós-guerra.

Lindo demais! E muito estudado em cursos de pedagogia inclusiva.

Cor do Paraíso - Filme 1999 - AdoroCinema

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"Conflito Mortal" é a estreia na direção de Wong Kar-wai em 1988. A história é básica - irmão maior defendendo o irmão caçula dos achaques de uma gangue -  mas o estilo já chama a atenção, principalmente para a época. 

Vários elementos de seu cinema já estão presentes, como várias tomadas em slow-motion, a saber o beijo do cartaz, que veremos mais à frente em "Um Beijo Roubado" de 2007. Ah, aqui também tem um romance em que um dos pares trabalha em um restaurante ( "Amores Expressos", 1994; e "Happy Together", 1997), Alô, "Moonlight", e uma música romântica é colocada em jukebox (alô, "Moonlight"), tática que se repetiria em "Anjos Caídos", de 1995; bem como há as mesmas baforadas de cigarro (alô, "Moonligth") de "Happy Together", e "Anjos Caídos". E já há também o emprego das luzes melancolicamente em néon (sim, a grafia correta é esta).

O que ficará na memória do espectador, acredito, será a música "Take my Breath Away" em versão mandarim tocada em vários momentos do filme, conferindo um caráter de melodrama kitsch para as cenas. 

Eu gosto de ressaltar as semelhanças dos filmes de wai com a obra ganhadora do Oscar por que o mundo lacrador não vive sem enaltecer a pretensa originalidade do filme de Barry Jenkis. De minha parte, gosto sempre de mostrar onde está a fonte das coisas. E muito dessa fonte já estava presente em 1988, quem diria?!

Humor involuntário pré-pandêmia: Nas primeiras cenas, abre-se a porta e aparece uma chinesa tossindo e usando máscara.

Dvd - Conflito Mortal - ( Wong Gok Ka Moon ) De Wong Kar-wai - R ...

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"N`um vou nem falar nada!!"

"Eu espero que haja homossexuais felizes. Eles apenas não estão no meu filme."

William Friedkin, em 1970, dirigiu essa obra-prima chamada "Os Rapazes da Banda". É curioso como mesmo entre os cinéfilos, mesmo entre os gays, pouca gente a viu. Nunca é exibida, nem seu dvd é fácil de achar. Poderia falar que é "Os 12 Homens e uma Sentença" gay. Aquele típico filme de um ou dois cenários, em que aparentemente o que brilha são o texto e o elenco, mas na verdade a direção precisa ser espetacular para conferir dinamicidade à narrativa, e colocar a todos os atores no quadro. Bem como a montagem. Nessa minha revisita, fiquei admirando o trabalho da montagem de Gerald b. Greenberg (Oscar por "Conexão França"). Os cortes são rápidos, no rítmo das falas.

O certo é que tudo se originou no teatro off-Broadway, por meio da escrita e produção de Mart Crowley, morto este ano. A peça de 1968 foi um enorme sucesso de público e crítica, marcando para sempre a representatividade gay. 

Sete amigos se reúnem para comemorar o aniversário de um deles. Aparece um "presente" em forma de Go Go Boy. E também um "penetra", um amigo heterossexual do anfitrião. A partir daí, rancores, segredos, verdades, racismo, antisemitismo, e homofobia aparecerão, e a festa irá por água abaixo.

É fantasticamente bem interpretado pelos mesmos atores da peça original. Lamentavelmente, dos sete atores que interpretaram os amigos, 5 morreram de AIDS.

E, sim, concordo com a frase acima do Friedkin. Os gays felizes viraram uma espécie de muleta de legitimação para a televisão e para o cinema. Se não aparece um personagem que legitime a possibilidade da felicidade, a obra é encarada com preconceito. Se esse filme fosse feito hoje, seria apedrejado. Sua honestidade fere, mas ao mesmo tempo humaniza, tornado-se o primeiro filme a mostrar os homossexuais realmente como indivíduos de carne e osso, com dramas profundos e defeitos. Para mim toca no incômodo ponto principal: Como os gays no fundo se detestam! É minha experiência, chegado à idade em que estou, tanto que só ando com homens héteros. E o uso do pronominal no filme, como no meu texto, é muito importante. No final, se diz: "Tudo seria mais fácil se não nos odiássemos". O pronome tanto se referindo à comunidade, bem como referindo-se psicologicamente a si mesmos.

De fato: "Não foi tão divertido quanto achei que ia ser".

OS RAPAZES DA BANDA (The Boys in the Band, 1970), William Friedkin ...

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"Aleksandra" é um filme de 2007 do mestre russo Aleksandr Sokurov. Leva como título o nome de uma avó que - por razões pouco explicadas - vai visitar o neto capitão no acampamento militar na Chechênia. O filme também poderia se chamar "Avó e Neto", na sequência de "Mãe e Filho" e "Pai e Filho", trabalhos elogiados do diretor, mas esse é muito mais simples e direto.

Gostei do não sentimentalismo. A personagem da avó não é "fofa", é rabugenta, dá trabalho...Mas mesmo assim ela consegue atrair o carinho dos oficiais, e ofecer-lhes préstimos, como ir comprar  biscoitos do outro lado do campo miltar. É do outro lado, na zona de guerra, que ela encontra outras mulheres da sua idade, outras avós, ainda mais débeis,e pode ver a destruição que seus protegidos "tão jovens" ou "pequenos" podem acarretar. Ela que a pouco andara de tanques, e presenciara a limpeza do armamento.

O desenho de som é primoroso. Sentimos durante todo o tempo os ruídos da maquinaria militar. Uma coisa irritante. Assim, como, a fotografia,  saturada em graus de verde e amarelo, nos fala do calor da região.

Não é um cinema fácil. Mas é muito bom. 

Alexandra (2006) - MYmovies.it

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Depois do filme antiguerra, que tal o antifaroeste? Em 1971, Robert Altman dirigiu "Quando os Homens São Homens" e reduziu a pó os clichês do gênero. Ambientado em um Oeste tardio, com muita chuva e neve, ao som de canções tristes de Leonard Cohen, Altman enfeou os mais belos atores de Hollywood na época, Warren Beatty e Julie Christie, para contar uma história da formação de uma sociedade entre um apostador e uma cafetina, no empreendimento de um bordel de luxo. Eles acabam se apaixonando, embora longe da cama.

Mas a razão do filme, na verdade, aponta a um fim maior: Mostrar o capitalismo incipiente do começo do século XX naquela região. Portanto, um parente setentista de "First Cow" - pra mim, ainda o melhor filme do ano -, sabe-se lá se não é de fato uma inspiração, e acrescento mais um argumento, a presença em ambos os filmes do ótimo ator Rene Auberjonois, morto no ano passado.

Fotografia linda do húngaro Vilmos Zsigmond, preparando-se para o seu Oscar no final da década. Segunda indicação de Melhor Atriz para Julie Christie.

Final excelente.

Resenha de Filmes: QUANDO OS HOMENS SÃO HOMENS (1971)

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Sugestão do nosso amigo @Gust84, vi esse "Ninguém Sabe que Estou Aqui", de 2020, primeiro original Netflix do Chile.

Tem uma história legalzinha a respeito de usurpação de talento, de modo a criticar a indústria cultural, principalmente sua vertente musical, e sua necessidade de gerar ídolos teens que sejam também em si mesmos protótipos de beleza ideal.

Achei a direção um pouco indecisa. Às vezes quer ser estilística, às vezes quer ser apenas padrão. Ressalva-se que é o primeiro longa do diretor Gaspar Antillo, amparado pela produção de Pablo Larraín.

Vale conferir, ainda mais num mar de produções "C" que aportaram no serviço recentemente.

Nobody Knows I'm Here (Netflix) movie large poster.

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Que filme!!

Estou ainda impactado por esse "Pola X", filme de 1999, de Léos Carax. 

Até os primeiros 50 minutos, eu nem acreditava que era do diretor francês. Um filme chiquérrimo, ambientado numa mansão do sul da França, com amplos jardins, taças de vinho, livros, Catherine Deneuve e Guillaume Depardieu, como dois irmãos, muito próximos, quase incestuosos, que ficam deitados juntos, fumando...

Depois de certo acontecimento, o filme muda completamente de têmpera. Vira Rock ´n´roll, indo parar até em um galpão fabril.  Aí, sim, o Léos Carax, louco, genial, aparece, inclusive em uma cena de sexo sensualíssima, com um "69" em close, por longos minutos. Quente a parada...

Não posso dizer nada da trama em si, pois ela tem vários segredos. Mas penso que o filme consegue discutir muito apropriadamente aquela ideia de que o escritor de verdade não pode se contentar em ter uma vida perfeita, burguesa, sem perigos, ele precisaria, para a sua literatura progredir em arte, enfrentar certos desasfios da história pessoal. Encontrar realmente o tema mais importante de sua vida, parar purgar os pecados do passado.

A nota triste é saber que o bom ator Guillaume Depardieu tenha morrido tão precocemente. No filme ele anda de moto e caí dela, e na vida real, justamente um acidente de moto lhe traria uma infecção bacteriana que o levaria a amputar a perna, viver em hospitais, e, depois, em 2008, infelizmente, falecer.

Fotografia de Eric Gautier ( "Na Natureza Selvagem", "Diários de Motocicleta", "Ash is Purest White"), como sempre, excelente, tanto no ato luminoso, como no ato sombrio.

Maravilhoso!

Em preparação para "Annette". Chega logo!

delirium scribens: Pola X - Leos Carax (1999)

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Tô muito na expectativa para conferir "The Father", cujo filme pode render a Olivia Colman sua segunda indicação ao Oscar, dessa vez por Coadjuvante, e disputar de novo a estatueta do Oscar contra Glenn Close. A primeira vez que ouvi falar no nome dela foi quando foi premiada em Sundance 2011 por um fime inglês pequenininho chamado "Tiranossauro". Desde então, sua carreira decolou no cinema e na tevê.

Ela está absolutamente fantástica nesse filme. Interpreta uma mulher religiosa vítima de violência doméstica, que vai tentar ajudar um cara muito violento interpretado, com dureza, por Peter Mullan. O roteiro é muito bom também, pois em certo momento há uma troca impensada de destinos. Mas é Olivia Colman o grande destaque, que consegue em meio a tanta tristeza colocar pitadas de humor em suas falas.

Trilha sonora ótima também.

Najlepsze plakaty filmowe 2011 według „Empire”› – Esensja

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Sempre me imponho o dever de assistir a mais filmes de Nanni Moretti, mas algo passa na frente. Eles sempre me surpreedem pelo tom. Aqui não é diferente: Parece drama, mas é uma comédia; ou é uma comédia que parece drama. Em "A Missa Acabou", de 1985, temos um Moretti ator, roteirista, e diretor, para contar a história de um jovem padre que deixa sua paróquia em uma ilha para retornar à terra natal, nos arredores de Roma. Lá chegando, encontra um ambiente transformado pela descrença. Seus amigos de juventude militante esquerdista ou estão presos ou querem distância do passado; sua irmã está grávida e quer abortar; sua mãe está doente; seu pai tem um relacionamento extraconjugal com uma mulher mais jovem; o antigo pároco a quem substitui na Igreja trocou o ordenamento por uma esposa e um filho; ninguém comparece às missas...

Toda essa situação angustia o protagonista, o violenta, o enraivece, e o torna, ele mesmo, incapaz de disseminar a paz dos evangelhos. Sua crença, portanto, é apenas "o" hábito. A veste talar. E a direção é muito boa nesse sentido, ao enfocar várias vezes como a peça é a única coisa que o distingue especialmente das outras pessoas. Essa estratégia será repetida mais tarde em "Habemus Papam" de 2011.

Gostei bastante.

Watch La messa è finita on Netflix Today! | NetflixMovies.com

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Filme mudo, "A Noiva de Glomdal", de 1926, é um filme bonitíssimo do mestre dinamarquês Carl Theodor Dreyer, baseando-se em duas lendas alemãs sobre um amor adolescente que enfrenta a não concordância do pai da noiva. Como bem definiu Freud: O amor que mais dura é o amor contrariado! A corajosa mocinha foge de um casamento arranjado para ficar com seu amor verdadeiro. Juntos, eles depois terão que enfrentar o ciúme do ex-noivo. "E também a força da natureza", como diz a sinopse. Que é um plano fantástico de mais de 10 minutos, com o ator enfrentando a forte corredeira de um rio. Muito legal!

A trilha sonora é ininterrupta, mas muito delicada, e casa muito bem com a bela paisagem rural - de resto, moldura artística do Movimento romântico. Chamou a minha atenção uma cena bem sensual para a época, aliás o filme, na essência, é sobre a sexualidade na adolescência. Que era uma questão a ser resolvida pelo casamento, ao invés de ser prorrogada como nos dias atuais.

Parte do final do filme é considerada perdida. Mas nada que interfira na compreensão.

Glomdalsbruden (1926) - IMDb

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The Secret Garden é a enéssima refilmagem de um filme do século passado do qual só guardo boas lembranças dessa produção noventista. Este aqui é um filme estilo Sessão da Tarde, bem feitinho e com elenco bem empenhado, mas ainda assim não me empolgou como a versão de 1993, vai ver pela nostalgia que guardo dele. É aquele filme bem feito e tem elenco estelar pra quem nunca viu alguma das produções anteriores, feito como qualquer refilmagem recente. Ou seja, pra esta nova geração Nutella-Covid.. 8-10

The Secret Garden gets a new trailer and poster

 

Summerland é outro filme Sessão da Tarde tradicional de amadurecimento, etc e tal, só que a pegada inglesa lhe confere um charme extra, como sempre. Lembra uma versão sadia de Verão de 42, com aquela pegada LGTB+ dos tempos atuais. Coincidência é que a vilã deste filme é a mesma atriz-mirim do filme acima, só que no papel principal. Boa atuação a dela, ficar de olho em seus futuros projetos. Resumindo, filme bonitinho porém esquecível. E a Gemma, estupenda.. gosto muito dela. 8-10

IFC Films' Summerland Trailer & Poster From Filmmaker Jessica Swale

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O jogo "Nerve" é o resultado de uma desconstrução social que não dá sentido algum ao seu desenvolvimento.

O filme tem um enredo que atrai por fazer com que as interações sociais sejam mais intensas e extremas. Uma compilação de informações que dá o real sentido de seu valor e como as atuais plataformas se beneficiam disso.

Alguns enquadramentos dinâmicos dão sentido a essa correria de acessos e informações.

A personagem Vee (Emma Roberts) está enclausurada socialmente porque não consegue vislumbrar seus sonhos, deixando a mãe e saindo da sombra do irmão, sendo que o desentrave é o tal jogo. Nem sei quantas vezes já vi essa premissa, mas com um corpo para o público adolescente a trama caminha razoável até o primeiro ato e depois cai... muito.

O enredo esquece a problemática da Vee e começa a perder o rumo após cair na armadilha do relacionamento teen. O filme esquece da racionalidade de seu mundo para tentar chegar ao final a qualquer custo.

Temos problemas sérios com a edição onde há inúmeras cenas com falhas de posicionamento após os cortes, fazendo com que as atuações fiquem péssimas.

Os arcos dos personagens simplesmente não se encaixam, impossibilitando melhor suas complexidades. O jogo que deveria ser um personagem nada mais é do que o reflexo dos "observadores" com o senso de moralidade corrompida e sem objetivo.

As cenas finais tenta dar uma moral ao enredo, mas as costuras já estão tão esgarçadas que rende ao cliché mais uma vez.

Recomendaria o trailer ao invés do filme.

 

 

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Palma de Ouro em Cannes, em 1998, por unanimidade, "A Eternidade e Um Dia", superou, na ocasião, "A Vida é Bela", "Festa de Família", "Os Idiotas", e outros bons filmes, para dar ao grego Theo Angelopoulos um grande reconhecimento, para sua magnífica carreira.

É muito bom, realmente, mas não é o melhor dele ("Paisagem na Neblina"!), na minha opinião. Com uma ótima atuação do saudoso Bruno Ganz, interpretando em grego (poliglota é isso aí) um escritor em vias de morrer, que conhece um menino albanês que vive clandestinamente na Grécia, e o tenta ajudar a cruzar a fronteira de volta, enquanto suas memórias invadem sua vida.

Justamente essa linha entre passado e presente, muito fluida, que engrandece o filme, pois tem a ver com a concepção de planos do cineasta. Na obra dele, o esquema causa-consequência importa pouco. O que importa é o plano carregar uma ideia, usando para isso a música e a beleza da composição. Bom, só sei que nesse filme, quando estamos mais perto do realismo, mais no presente, na relação homem-criança, o filme é muito melhor. A cena de despedida deles é linda.

Amazon.com: Eternity and a Day: Bruno Ganz, Isabelle Renauld ...

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Apagando uma vergonha cinéfila, finalmente assisti a "Carancho"/ Abutres, filme do Pablo Trapero, de 2010, com Ricardo Darín e a esposa do diretor, a ótima Martina Gusman.

Aprendi que na Argentina não existe DPVAT, ou então que lá acontece o mesmo que aqui, advogados carniceiros tentam se interpor, indevidamente, no meio do pleito da indenização por acidente automobilístico - algo que deveria ser simples, direto, de cunho administrativo somente. O advogado interpretado por Darín envolve-se com uma médica socorrista, e então o filme gravita entre elementos de um drama policial e elementos de um drama romanesco, tudo a falar de ética nas relações.

O final é bem eletrizante, bem filmado, e tenso. Só achei que no que tange à direção, há primeiros planos de mais. Poderia haver mais profundidade, mais planos médios pelo menos.

Bom roteiro. E devo dizer que o ótimo "Nightcrawler/ O Abutre", de 2014, do Dan Gilroy, indicado ao Oscar de Roteiro, talvez tenha tido esse filme sul-americano como inspiração para o projeto. Só que nele a questão da ética ficou muito melhor desenvolvida. Não foi apagada pelo romance, como aqui foi.

Carancho | Filmes, Dirigida, Biblioteca

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Mortal é um curioso filme de ação e fantasia que mistura ainda mitologia nórdica. Imagina um Starman adaptado ao mundo asgardiano da Marvel. É isso. Bem feitinho, atuado corretamente, com paisagens de cartão postal e uma estória redondinha, é uma película com pretensões de virar franquia. E potencial ela tem, vejamos se te melhor sorte que Percy Jackson, outra franquia que emula mitologia nórdica mas que não vingou por ser teen demais. Esta aqui tenta ser mais adulta e a pegada norueguesa lhe confere algum charme. 8-10

Gretel & Hansel showtimes in London


The Tax Collector é um violento thriller de ação que dá pro gasto sem esperar muito. O problema é que ele é genérico e se vende com a griffe do David Ayer e disso se espera algo minimamente superior ao que é mostrado. Outro problema são seus atores, o ator latino principal é bem fraquinho, facilmente ofuscado pelo bizonho Shia LaBeouf, aqui como coadjuvante. Curiosidade é ver vários atores latinos a muito sumidos em papéis menores, desde Jim Smith até a Elpidia Carrillo, a sobrevivente dos dois primeiros filmes da franquia Predador. 7-10

New Trailer for The Tax Collector from David Ayer - The Action Elite

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F I N A L M E N T E !!

Acho que "Querelle" é o filme que mais desejei ver na vida. Nunca o encontrava, ou se o encontrava, o temia, o adiava, querendo ler o livro de Jean Genet primeiro...Mas só fui adiando. Finalmente vi. E não foi definitivamente o que pensava. Este último filme de Fassbinder, lançado pouco depois de sua morte, em 1982, é muito, muito rico. Encheu o meu cérebro - que, quem me conhece sabe, é até meu argumento amoroso...

Primeiramente, o filme é dedicado a El Hedu Ben Salem, o ator tunisiano, de alguns filmes do diretor alemão, bem como seu grande amor,  que havia sido preso e no cárcere se suicidara por enforcamento em 1977, mas Fassbinder - vejam só! - só teria sabido disso em 1982. Essa triste história se casa tragicamente com a própria história de "Querelle", ligando a homossexualidade à marginalidade. Genet é o escritor por excelência dessa ligação espiritual entre crime e sexo, duas coisas malditas/benditas. O crime cometido por um homossexual detém para ele uma outra faceta psicológica: tornar-se homem, ou reaver-se homem.

O protagonista é um marinheiro lindíssimo, com aura de anjo, vivido por Brad Davis (bissexual, que morreria de Aids em 1991), mas que a beleza é apenas uma forma de disfarce para sua alma criminosa. Ele não é um coitado. É insensível, perigoso, mesmo. Atrai a todos, homens e mulheres (ou mulher, a única do filme, vivida pela atriz Jeanne Moreau), mas não se apega a ninguém. Aliás, se apega, quando um outro personagem comete um crime. Assim, estão equiparados; assim, por um breve momento, poderá amar alguém, que só pelo crime tornou-se digno de afeto.

Todos os personagens são ricos. Mas não estão ao contato fácil do espectador. Demandam certa experiência de vida e cultura. Por exemplo, tomei um susto quando em certo momento percebi a ironia cinematográfica de Fassbinder ao colocar Moreau para ficar "entre dois homens", lembrando seu papel maior em "Jules et Jim" de 1957, de Truffaut, diretor que havia sido por um tempo grande amigo de Genet. Ela canta uma música com versos de Oscar Wilde (condenado por sodomia) a todo tempo, dizendo que homens matam aquilo que amam. 

O Design é fabuloso! A começar pelo pôster de Andy Warhol. Há um sol que nunca se põe no cais do porto. Postes de luz são convertidos em símbolos fálicos. Há desenhos pornográficos nas portas e nos muros. O pelotão de marinheiros sem camisa em si é também um objeto. É um filme de encenador, de grande encenador. Impressionante como todo o cenário parece inequivocamente teatral, mas serviu bem ao filme. O Figurino é maravilhoso também. Não só os uniformes meio estilizados de marinheiro (aliás, Jean-Paul Gaultier eternizará isso no mundo da moda, e em frascos de perfume, o dorso com camiseta listrada), mas também os figurantes policiais trajados como se fossem policiais sadomasoquistas, aquela roupa de couro colante e quepezinho dos anos 1980, que rondam os personagens.

Todo mundo, ademais, há de ressaltar os tons de amarelo da Fotografia do filme.  Algo que é comum à filmografia do cineasta, e a seu colaborador,  Xaver Schwarzenberguer. Mas quem Fassbinder teria convidado primeiro para a função era Leni Riefenstahl, que não pôde aceitar. Outra "criminosa", escrevo entre aspas. Só escrevo isso por que em certo momento, quase despercebido, o protagonista levanta o braço, faz o odioso sinal nazista, para o excelente ator negro Günther Kaufmann. A quem, me dou conta agora, foi parar na prisão por assassinato de seu contador, e depois se revelou que era inocente. Aliás, Fassbinder também já fora acusado de um crime, que se provou infundado, mas cuja acusação o abalou, claro.

É um filme de criminosos gays. É um filme gay com criminosos. É criminoso e gay. É Gay. É criminoso. Duas vivências fora da lei.

Gênio!

Meu ranking Rainer Werner Fassbinder se altera, portanto:

1) Berlin Alexanderplatz (maior "filme" que já vi na vida, 15 horas);

2) Querelle;

3) As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant;

4) O Medo Devora a Alma;

5) O Direito do Mais Forte é a Liberdade

Querelle : Review, Trailer, Teaser, Poster, DVD, Blu-ray, Download ...

 

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