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Quando um Estranho Chama (When a Stranger Calls, Dir.: Simon West, 2006) 2/4

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Babá é incomodada por telefonemas de um estranho quando vai cuidar de um casal de crianças numa casa isolada.

Achei até bom, e bem executado esse remake de um filme de terror setentista. Saiu naquela leva do início dos anos 200 de remakes de filmes dos anos 1970/1980. O início é meio enrolado pra montar o cenário, mas do meio pro final a coisa fica agitada e boa. Não tenho maiores reclamações. Tá tudo redondinho.

Não vi o original de 1979, mas pelo que vi são diferentes.

Visto no Netflix.

 

Escola Noturna (Night School, Dir.: Ken Hughes, 1981) 2/4

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Não sei se classificaria como slasher como diz no dvd (temos uma investigação policial rolando o que, pra mim, já distancia um pouco), parece mais um 'Giallo americanizado' (ou 'pasteurizado'), mas ok, tanto faz. Temos um assassino misterioso matando mulheres da escola noturna do titulo. A identidade dele foi meio óbvia pra mim, e motivo idem, mas maior problema é que filme tem uma execução geral que parece um telefilme (da época), não um 'filme de cinema'. Prova disso é que filme tem algumas cenas fortes (violência, nudez), mas não tem o impacto que poderia ter, no fim tem ar de telefilme da época, sem crescer muito, mas é assistível. 

 

Shadow Woods - O Pesadelo (Blood Rage/Slasher, Dir.: John Grissmer, 1987) 1/4

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Esse aqui é um belo exemplo de ideia muito boa, mas podremente executada. História de gêmeos, que quando crianças, um deles, locão, mata uma pessoa, mas a culpa cai pro outro que fica anos num manicômio. Quando ele foge, o outro recomeça a matança. Atores péssimos, produção podre, tudo mal encenado, mal acabado e etc. Mas a cena final é interessante e impactante. Talvez merecesse um remake, mais bem produzido, bem dirigido e bem atuado, que pudesse render mais a ideia do filme.

 

2 últimos filmes vistos nesse box de dvd: Slasher Vol. VII

**Ainda falta ver/rever os outros 2 filmes do pack.

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Maratona Theodoros Angelopoulos.

"Ullysses`Gaze"/ "Um Olhar a cada Dia", de 1995, é lembrado por que ao ganhar  o Grande Prêmio do Júri em Cannes, Angelopoulos, com sua simpatia peculiar, muito decepcionado, disse secamente "Se for isso o que vocês têm para me dar, eu não tenho nada a dizer". Climão. A Palma naquele ano iria para o outro maratonado Emir Kusturica. Mas em seu filme seguinte, em 1998,  num grande acerto de contas, finalmente para ele.

O curioso é que ambos os filmes, dos geniais cineastas, abordam um mesmo tema e território: A história dos conflituosos Bálcãs. Kusturica com seu olhar humorado mesmo na guerra, Angelopoulos com seu olhar solene. São quase 3 horas de planos-sequências belíssimos, geniais como sempre. A neblina, quase como uma entidade psicológica. Há aqui a mais longa cena da retirada de uma estátua de Lênin do cinema, mostrando o fim do comunismo naquela região. Há esse mesmo tipo de cena em "Paisagem na Neblina" e em "O Passo Suspenso da Cegonha". Só que a escala é diferente. Que estátua! Do tamanho de um Cristo Redentor, transportada por um guindaste, e depois levada Danúbio afora para um colecionador. Espetacular! 

Bati palmas para o enorme plano-sequência que, de repente, rejeita sua incrustação no tempo, e vai, sem cortes, para o passado, para a casa do protagonista antes da Guerra Civil, quando ele é uma criança, e pode dançar com sua mãe, abraçar seu pai, cear com seus familiares mortos no campo de concentração, enfim, pode reencontra-se com sua família em uma festa de ano-novo, até que a militância comunista entra na casa deles e vai retirando todos os móveis, os porta-retratos, e até o piano, de onde saía a alegre música que embalava a reunião.

Não falei da trama. A premissa de "Um Olhar a Cada Dia" é muito boa. Um cineasta grego, emigrado para os Estados Unidos, retorna à Terra Natal a fim de encontrar a bobina com 3 filminhos históricos dos irmãos Manakia, registrando supostamente as primeiras imagens cinematográficas da região da Macedônia, então parte da Iugoslávia socialista. Tais imagens de arquivo, de idosas fiandeiras labutando, abrem o filme. A procura por esse filme levará o protagonista à Albânia, Romênia,  Bósnia, e terminará na Sarajevo de 1995, último ano da guerra. É lá que o copião está escondido, em um cinema destruído pelas bombas, com as cadeiras incendiadas. Curiosamente, falei de "Cinema Paradiso" há poucos dias, ao comentar o filme do Tsai Ming-liang  e este é outro filme reimaginando o final do sentimental filme italiano, só que nos moldes frígidos e severos de Theodoros Angelopoulos.

Harvey Keitel está excelente, vivendo o alter ego do diretor. E a trilha sonora lindíssima é de Eleni Karaindru.

Ulysses' Gaze (1995) (com imagens) | Filmes, Cartaz

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Caçada no Canal da Morte (Amsterdamned, Dir.: Dick Mass, 1988) 2/4

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Filme holandês sobre um serial killer que ataca aos arredores dos canais de Amsterdã. Maior problema é que achei meio longo, principalmente porque tem uma "barriga" ali no meio do filme. Tem uma hora ali que nada anda e dá uma cansada. Mas é bem feito no geral (ainda mais pra mim, que acho é esse o primeiro filme holandês que vejo, então nem tenho noção do nível dos filmes de lá). De grande destaque no filme temos uma perseguição boa de lancha nos canais de Amsterdã.

Visto no box:

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** E tenho mais um problema, não com o filme em si, mas é que não considero ele um slasher, apesar de ter um serial killer matando gente, o filme é um filme policial, que a distribuidora não tinha onde colocar, então socou nesse box aqui...

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"Volume Morto", de 2019, é o segundo filme do paulistano Kauê Telloli. Um drama escolar, com uma premissa curiosa: Uma professora convoca os pais de um aluno, que, segundo ela, se recusa a emitir som em suas aulas, por isos ganha dos amiguinhos o apelido de "volume morto". Por meios dos desenhos da criança tentarão entender o que se passa. A questão é que pai, mãe, e professora estão escondendo algo.

Até os 40 minutos, eu estava adorando, principalmente pela excelente atuação da Júlia Rabello, como a mãe do garoto. E também por que o filme, praticamete todo centrado em um único ambiente, na sala de aula (com ótimo design), conseguia ilustrar os diálogos com detalhes que polarizam a vida nacional. Exemplo, em determinado momento, o pai se assombra com um livro com o título "Os vários tipos de família", ou algo assim. A tensão social do país vai refletindo aos poucos na tensão entre pais e professora, bem como fica patente a dificuldade dos professores em apontarem um problema a pais que recebem a crítica como um ataque ao ego.

Porém, depois dos 40 minutos, o filme vai ladeira abaixo. O Realismo convincente se desmancha, e o roteiro se perde totalmente. Uma pena. Uma grande ideia desperdiçada. O final, particularmente, é canhestro.

Volume Morto poster - Poster 1 - AdoroCinema

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Rebecca - A Mulher Inesquecível
2020 ‧ Mistério/Romance ‧ 2h 1m

 

Conseguiram tirar as tensões e.emocoes durante todo.o.filme. É um filme inodoro, a idolatria da Mr Van Hoper por Máxim é muito breve, não é bem desenvolvido. O modo como Maxin decide pedir a de Winter em casamento tbm. No original a a cena onde ela vai deixar Mônaco e tenta avisar o Maxim é cheia de tensão. 

O que salva é a Mrs Danvers, nao chega aos pés da Mrs Danvers do Hitchcock mas ela.manda bem. Mas me incomodou ela sorrir em alguns momentos. Acabou suavizando-a. Sem contar a cena final que o diretor viu o original e não entendeu. E a casa não é imponente como no primeiro filme  Bem, eu poderia passar o resto só dia tecendo críticas comparativas. Mas já deu pra entender que eu não gostei. 

 

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Convenção das Bruxas é um remake apenas ok diante do bacanudo filme noventista, e perde muito em muitos aspectos ao original. Na verdade, confesso que so assisti por causa do diretor, Bob Zemekis. Mas ele faz um filme meio genérico, porém bem feito, sem o encanto que o original tinha. Por exemplo, não existe aquele cagaço que pairava sobre as bruxas antes da transformação. E aqui todas parecem dondocas botocadas de CGI, onde a maquiagem artesanal fazia muita diferença. Hathaway bem que se empenha mas ainda não chega aos pés da Angelica Huston. É um filme mais comedido diante do original, mas ainda assim não recomendável a crianças. Mas acredito que a nova geração que não viu o original curta mais do que eu. 8-10

GeekTyrant – Geek Movie and Entertainment News |Page 1887, Chan:3691316  |RSSing.com"

 


They Live Inside Us é um filme fraco com pretensão de antologia direcionado pro Halloween. A premissa é muito bem sacada, se valendo da metalinguagem de um escritor redigindo um roteiro de terror e escolhendo possíveis vilões, estilo Segredo da Cabana. Os "filmes dentro do filme" sao interessantes mas não empolgam. E o pior, os atores são muito fracos, pelamor! O terceiro ato tenta justificar tudo mas não consegue, deixa pontas soltas. Resumindo, boa idéia mal executada. Teria dado um baita filmão, ficam apenas os efeitos práticos e a estética de filme grindhouse. É um filme bocejante (embora bem intencionado), o que depõe contra um filme que deveria causar tensão e te manter grudado á tela. 7-10

Exclusive] 'They Live Inside Us' Poster Spends Halloween in a Haunted House  - Bloody Disgusting

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On 10/15/2020 at 4:52 PM, SergioB. said:
E essa maratona Hong Sang-soo acaba ou não acaba? 
 

Não acaba. Filmografia do cara é extensa demais. Estou me desdobrando para achar os últimos filmes dessa maratona, alguns sem comentário ou crítica alguma em português, o que indica o pouco contato do espectador brasileiro com um dos maiores diretores do mundo hoje.

"Mulher na Praia", de 2006, no geral, é mais um bom filme do coreano. Mas, em minha opinião, ele retrocede em estilo ao que ele tinha alcançado em "Conto de Cinema" de 2005. Há muitos cenários, muitas situações, muitos cortes, não dá nem pra perceber o diretor minimalista de agora. Porém, o diretor metalinguístico, que emula Eric Rohmer, está clarividente.

Neste filme, resumidamente, temos um diretor de cinema que se envolve com duas mulheres, em uma área de veraneio do litoral coreano. A primeira mulher, da primeira hora do filme, é noiva do  colega do diretor. Uma compositora que viveu na Alemanha e que tem uma vida sexual mais livre para os padrões asiáticos, pois ela já se deitou -ora veja - com duas ou três pessoas. Essa liberdade será explorada na melhor cena do filme, ao redor de uma mesa, com o trio bebendo muito soju (claro), em que o personagem do diretor reclamará que as coreanas feias vão fazer sexo na Europa, porque os europeus apreciam as asiáticas, e isso é tipo uma provocação para os homens coreanos, só porque "os pênis dos ocidentais são maiores". Isso é só uma amostra do completo idiota que é o protagonista e a denúncia geral do filme: O machismo do homem coreano. O protagonista revelará depois que a ex-mulher o traiu com seu melhor amigo, e que as imagens dos dois lhe vêm na cabeça...Oh, coitado!

Na segunda hora do filme, sua segunda parte, esse diretor se envolverá com outra mulher na praia, simulando o romance que teve com a primeira mulher, em termos de cenário, em termos de palavreado, tudo. 

No terceiro ato, o melhor, essas duas mulheres se conhecerão, e, contra as evidências, ficarão amigas, proclamando a tal sororidade. E o diretor terá conseguido seu propósito de escrever um roteiro para um próximo filme, espelhando os romances desastrados da vida real.

No início dessa maratona, eu já tinha percebido como Hong Sang-soo mostra o machismo oriental, mas esse filme é, de cara, o melhor exemplo. Repetindo: Se encontramos em "Mulher na Praia" o tema de muitos de seus filmes posteriores, faltou, no entanto, a ele a linguagem que consagraria Hong Sang-soo.

OBS: Posso estar errado, mas creio que ele usou a mesma música-tema de "O Poder da Província Kangwon" de 1998. Pra não dizerem que ele não repetiu nada.

Haebyeonui yeoin (2006) - IMDb

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Maratona Kelly Reichardt.

Esse foi difícil de encontrar também, o encontrei em uma cópia ruim de uma tevê de arte alemã. Fui procurar críticas sobre ele, e não encontrei nada em português, nenhum comentário no Filmow, nem em lugar nenhum. Uma pena! Pois deveria ser conhecido. 

"Ode" é um média-metragem, de 1999, segunda produção da Kelly Reichardt, com cerca de 50 minutos. Quando cheguei ao final, bem impressionado com o que vira, fui procurar informações sobre a história, e achei o filme com mais qualidade ainda. É um grande trabalho de intertextualidade.

É a releitura de um filme, de 1976, que, por sua vez, foi baseado em uma canção folk de muito sucesso e bastante premiada, de 1967. Esta canção se chama "Ode to Billie Joe", de Bobbie Gentry. E conta, basicamente, uma trágica história de amor adolescente, na qual o carinha "degenerado" pula de uma ponte, para desespero da mocinha apaixonada, ambos moradores de uma comunidade rural e religiosa do Delta do Mississippi, que tratam o ato com indiferença.

Bom, parece que na música não há uma razão clara sobre a razão do suicídio. Então em 1976, o roteirista indicado ao Oscar pelo clássico "Houve uma Vez um Verão",  (o ainda vivo) Herman Raucher, adaptou a história da canção. O filme foi um fracasso. Muito por que Raucher ofereceu  a razão para o suicídio: homossexualidade. Depois de uma noite regada à álcool, o carinha se relaciona com um "man", como ele diz. Some por alguns dias, alguns poucos da cidade o procuram, e depois, envergonhado, odiando a si, aparece e conta para a namoradinha por que desaparecera. Ela, sem saber como lidar, absorta com a informação, e algo carinhosa, culpa o álcool. Mas, num movimento à frente para a época, ele a contesta e diz que não, que ele "queria". E que por isso eles não podem mais se encontrar, não podem mais se beijar, nem ficarem juntos.

O filme da Reichardt mantém íntegra a história do filme de 1976. Mas, acredito, todavia, que coloca o foco narrativo na garota. É ela que importa agora. Mostra sua solidão na cidade pequena, seu desespero emocional, sua vontade de ter uma vida adulta, sua vontade de namorar (ela tem 16 anos, filha única, de pais religiosos e vigilantes), de se emancipar. Ela aparece sempre sozinha fumando, seja na capota de uma caminhonete, seja na saída da escola... No limite, estamos diante de uma história de frustração sexual completa. A pobre da menina é cerceada pela sociedade, pela família, pelos tempos, e ainda tem seu primeiro amor frustrado pela indecisão sexual do rapaz. 

O interessante é que a Reichardt faz uma jogada bem curiosa: tudo indicaria que a história está situada nos anos 1950, com as cores, figurino, e design daquela época (em uma fotografia saturada, em super 8), mas de repente há aquele som inesquecível de internet discada, típica do final dos anos 1990, com os dois jovens se paquerando por e-mail. Ou seja, Reichardt camufla as épocas, para contar algo universal. A confusão dos corações adolescentes.

Inteligente como ela é, me atentei para o título reduzido, "Ode", como se nesse trabalho de intertextualidade, ao longo dos anos, por diferentes mãos, a história fosse perdendo os pedaços, e agora ficasse apenas com o essencial, o que também tem a ver com a opção da diretora de fazer um filme mais curto, um média-metragem, sem o desenvolvimento final do filme de 1976.

Um excelente trabalho, que ninguém conhece.

Ode: Bobbie Lee and Billy Joe Are Still Teenagers – The Brooklyn Rail

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On the Rocks é uma matinê bem light prum dia qualquer e que dá pro gasto, etc e tal. Na verdade eu esperava mais deste filme, assim como Encontros & Desencontros, mas esta produção embora reverbere alguns momentos deste filme citado, no geral é um filme muito mais light e sem nadicas da profundidade do mesmo. O filme é quase uma dramédia light, onde o Bill Murray (lógico) rouba todas as cenas em que aparece. Sessão da Tarde que trata de conflitos geracionais, é isso! Pipocão divertidinho e nada mais, mas eu esperava algo mais profundo, mais cultureba vindo da diretora.. 8-10

On The Rocks | Novo filme de Sofia Coppola, estrelado por Bill Murray,  ganha trailer; veja - NerdBunker


 

Love & Monsters é um filme que não dava nada a não ser um repeteco de Zumbilândia, só que com monstros ao invés de zumbis. E é isso mesmo! E muito mais.. tem ecos de Cloverfield, Conta Comigo, Eu Sou a Lenda e muitos outros road movies apocalípticos e ainda assim a película consegue ter identidade própria. Um ótimo pipoca pra assistir de boas e terminar com sorrisão estampado, no final. O ator principal é bem fraquinho, dando margem aos coadjuvantes brilharem de vez, principalmente o Michael "Yondu" Rooker. Grata surpresa da semana com ar oitentista. Trilha sonora top! Baixando! Tem a deixa pra sequência, que espero vingue.. 9-10

The Kid Detective', 'S#!%house!' And 'The Opening Act' Hit Theaters, Aaron  Sorkin's 'Trial Of The Chicago 7' Debuts On Netflix – Deadline

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Vou começar outra maratona cinéfila, dessa vez circulando pela obra de John Cassavetes. Já vi alguns dos filmes, mas não posso dizer que tenha verdadeira intimidade com a importantíssima obra dele. 

Noite de estreia, então, com "Noite de Estréia", de 1977.

"N`um vou nem falar nada" pra interpretação magistral, icônica, da esposa dele, a grande, a premiada com o Oscar Honorário em 2016, a ainda viva, Gena Rowlands, que, por este filme, ganhou o Urso de Prata em Berlim. 

Uma grande atriz conhecida por entrar na pele de seus personagens ensaia uma peça na qual precisa viver uma mulher em crise com o amadurecimento. Na saída de um dos ensaios, uma jovem fã ardorosa acaba falecendo na frente do teatro. E a personagem de Gena entra em parafusos. Seus próprios problemas com a idade, com o álcool, com os homens, acabam vindo à tona, comprometendo os ensaios, e finalmente a estreia da peça.

É incompreensível e imperdoável como não foi indicada ao Oscar, já que o fora ao Globo de Ouro. É um arraso. Nos excelentes últimos 30 minutos do filme, ela aparece na noite de estreia completamente bêbada, para contínuo desespero de todos os outros atores e técnicos dos bastidores. E dá uma interpretação entre a vergonha, a graça, e a superação. Assistimos a longas cenas com ela desequilibada, mas, com um show de nuances, ela vai aos poucos, ganhando a plateia. É demais!

O tema é pertinente para o mundo dos palcos. A personagem da atriz se revoltando por interpretar uma velha, pois, diz ela, nunca mais conseguirá se livrar desse tipo de papel.  Então, driblando o script, alterando falas e trejeitos, conseguindo colocar notas de drama e comicidade em falas que a autora da peça, para sua revolta, não tinha assim imaginado. E, pasmem, o resultado é muito melhor, mais vivo.

Os filmes do Cassavetes costumam, em minha opinião, terem uma certa "barriga". Mas como escrevi acima, não vi tudo. Ao longo dessa maratona, vou pensar melhor nessa questão de ritmo. Mas antes de começar já declaro que sou fascinado pela improvisação que há durante as cenas. Parece que os atores atuam em plena liberdade. Porém isso talvez gere uma tomada maior.

Em termos de linguagem, o mais importante nesta obra é a interseçção cinema e teatro, com a magia das duas artes se retroalimentando.

Peter Bogdanovich faz uma pontinha ao final. Não podia faltar ele para celebrar o cinema independente americano.

Noite de Estréia poster - Poster 2 - AdoroCinema

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Palma de Ouro em Cannes 1977, "Pai Patrão" é considerada uma das obras-primas dos italianos Paolo e Vittorio Taviani. 

Tem uma linguagem muito contemporânea na adaptação do livro, colocando o próprio autor no início e no final do filme, como um espectador-narrador de sua própria vida. Aliás, que vida! A região montanhosa da ilha da Sardenha, alguns anos depois da Segunda Guerra. A dura e laboriosa vida no campo, difícil para os homens, cruel com os animais. 

Porém, o tema do filme é a desmitificação da figura paterna. O pai do garoto é um monstro, protegido pela cultura, pelos hábitos sociais. Trata o filho como um escravo. No meio do filme, em bela passagem, descobrimos que todos os garotos da vila recebiam esse tratamento. Era parte aceita da cultura. Os filhos na roça eram um braço de trabalho. Sem direito a escola, por exemplo. O retratado cresce analfabeto, dominando apenas o dialeto sardo. E depois se apaixonará pelo dicionário, numa cena fabulosa.

No filme, acompanhamos a infância do retratado, que nos causa bastante pena, mas avançamos, e vemos sua juventude, quando se alista no Exército, e depois começa a estudar. A educação é que verdadeiramente o livrará do jugo paterno.

A salvação está fora das famílias, núcleo de todos os traumas, já ensinou Freud. Por mais que o discurso enganoso das religiões ou do marketing insista no contrário. Essa história aqui é a história de um dos que foram salvos.

O que dificultou ver, no meu caso, foram as cenas de sofrimento animal, incluindo zoofilia.

A família afetiva é uma criação recentíssima na humanidade.

Pai Patrão - Filme 1977 - AdoroCinema

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Unhinged é um bom thriller suburbano que parece feito sob encomenda pro Supercine. Misto de Um Dia de Fúria, Encurralado e A Morte Pede Carona, é um filme que pelo menos te prende á tela, embora seja necessãria muita suspensão da descrença durante a metragem. O vilão do Crowe, enorme de gordo, carrega o filme nas costas (ou seria na barriga?) fácil, embora o desfecho seja bem borocoxô e genérico, não estando a altura do resto. E o filme é raso como estudo da sociedade agressiva no trânsito, embora creio que nem tenha sido essa a intenção. Como disse, dá pra ver, mas ainda assim não chega aos pés dos três filmes citados. 8-10

Best Movie: ֎Unhinged (((2020)))֎ (Google.Drive)

 

 

Vampires vs The Bronx é um divertido terrir teen que transpira The Goonies e Garotos Perdidos durante toda sua metragem. Matinê pra passar o tempo e esquecer, claro. O quarteto de protagonistas principais manda muito bem e te fisga pelo carisma, etc e tal. Como filme de sanguessugas faz várias referências ao gênero, tipo a Blade, Nosferatu, etc.. É uma película bem feitinha dentro de suas pequenas pretensões, mas que se destaca incrivelmente pela forte crítica social que destila, afinal onde mais iriam parar vampiros pra morar senão num bairro suburbano onde não se dá a mínima de alguém morre ou não? Pipoca familiar de responsa. 8,5-10

film – Jerome Reviews…

 

 

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Garota Sinal Verde (The Sure Thing, Dir.: Rob Reiner, 1985) 2/4

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Rapaz universitário tem que ir até Los Angeles pra encontrar uma garota que está interessado nele. Mas vai ter que encarar viagem junto de uma garota que ele não tem um bom relacionamento.

Filme simpático. É o máximo que dá pra dizer. Mas não me animou muito. Começo é bem fraco, até se envolver com os personagens demora um pouco, aí quando isso acontece o filme melhora um pouco. Por ser um road-movie me agrada, mas Rob Reiner já dirigiu coisas bem melhores.

 

Está Sobrando uma Mulher (Hello Again, Dir.: Frank Perry, 1987) 1/4

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Mulher casada com um médico em ascensão, morre. Um ano depois a irmã dela consegue trazer ela de volta, ela então tem que encarar as mudanças que ocorreram enquanto estava morta.

Típico filme feito pra aproveitar fama da atriz principal (na época Shelly Long estava fazendo seriado de sucesso Cheers), aí vai gostar quem gostar dela/personagem dela. No caso, não me irritou, mas achei tudo meio nulo, me perguntando pra que perderam tempo com isso aqui. Não é engraçado, a premissa não é muito bem explorada, nenhum ator/atriz muuuito carismático no elenco, enfim, nulo.

 

Tuff Turf O Rebelde (Tuff Turf, Dir.: Fritz Kiersch, 1985) 2/4

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Tem cara de um filme de faroeste mas se passando no universo colegial adolescente. Spader faz o "forasteiro" que acaba de se mudar de cidade, e aí ele já se mete em encrenca com a gangue local. Tá meio datado, mas tem seu charme. De conhecido, além do James Spader, tem o Robert Downey Junior (considerando que ambos se reencontraram no Vingadores Era de Ultron)

**Pra mim, serve como nostalgia, já que filme quando saiu em VHS teve muita propaganda no SBT (lançado pela Look Vídeo), acho que junto do 'The Wrath - A Aparição', com o Charlie Sheen, foi o filme que me apresentou as videolocadoras da época.

 

Jogue a Mamãe do Trem (Throw Mamma from the Train, Dir.: Danny DeVito, 1987) 3/4

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Ótima comédia de humor negro que brinca com a premissa do 'Pacto Sinistro' de Hitchcock.

Escritor fracassado acaba se envolvendo numa trama de assassinato envolvendo um aluno de um dos seus cursos de roteiro.

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Chegando à fácil constatação de que não poderia repetir o efeito do personagem no mundo real, Sacha Baron Cohen criou uma personagem coadjuvante, interpretando a filha de seu Borat, que consegue arrancar as mesmas gargalhadas de vergonha alheia do primeiro filme de 2006, bem como consegue tirar as máscaras da hipocrisia americana.

A atriz búlgara Maria Bakalova age como uma Tatá Werneck nesse filme, com grande sucesso. Eu daria o Globo de Ouro de Comédia antecipadamente para ela. A cena dela dançando no baile de debutantes me deu dor de barriga de tanto rir. Mas, nos últimos 10 minutos, é reservado a ela o grande momento. Quem já viu o filme sabe. Parece que foi uma das buscas mais feitas no Google, durante este final de semana: SABER SE AQUILO ALI É REAL OU NÃO! E, pasme, é real!

Caramba! Que cena!

"Borat: Fita de Cinema Seguinte", dirigido por Jason Woliner, é bastante engraçado, embora seja niitidamente mais ensaiado do que o primeiro. Mas isso não compromete. Cumpre as duas funções mais básicas da comédia: Fazer rir; e fazer desnudar - literalmente - os poderosos.

Gostei demais!

Não me surpreenderia se recebesse uma indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante.

Borat Subsequent Moviefilm – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Quando estamos sintonizados, em contato forte com alguma coisa, tudo aparece "do nada", caído do espaço. Vocês acreditam que até no "Borat 2", daí de cima, eu captei a execução da inesquecível valsa folclórica de "Vida Cigana", que me fez lembrar que, senhores, eu tenho uma maratona a cumprir?!

Maratona Emir Kusturica, hoje com seu documentário musical de 2001, "Memórias em Super-8".

Registra os bastidores da banda "No Smoking Orchestra", na qual Kusturica é guitarrista desde 1986. A banda, famosa desde os anos 1980, investiga musicalmente as raízes da música étnica, dos Bálcãs, ligando-a ao Rock e também ao Jazz. Kusturica, que não é de falar muito, diz o mais chamativo: Que a música cigana é o "blues" daquela região.

Mais do que dar informações sobre a banda (origem; quando começou, pressão política que resultou em retiradas dos discos das lojas, e dados mais comezinhos), o que se tem é o climão de banda, mesmo, durante sua turnê pela Europa. Integrantes sacaneando uns aos outros; pai Kusturica e filho kusturica - o baterista da banda - lutando Wrestling; muita palhaçada, muita. Os componentes parecem ser típicos personagens de um filme dele. E, metalinguisticamente, o são.

As tais "Memórias" do título referem-se a pequenas entrevistas com alguns dos componentes da banda, na qual cada um conta rapidamente algo de si. Um cara que ganhava a vida tocando em enterros com sua fanfarra; um componente que tinha um avô revendedor de ópio, o baixista que desloca o ombro em pleno show...

Ao final, há quase um clipe, com os integrantes encenando quase um filme de Kusturica, com muitas galhofas, bobeiras, humor pastelão.

Tudo filmado em Super-8, que, por excelência, era o formato consagrado de registro dos acontecimentos familiares, domésticos e sociais, de antigamente.

Me veio à mente um flash de "Buena Vista Social Club" de 1999. Sim, a influência de Wenders é nítida. Cada parte do mundo pode ter o seu.

Super 8 Stories - Alchetron, The Free Social Encyclopedia

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De madrugada, "Near Dark"/ "Quando Chega a Escuridão", de 1987, primeiro filme solo de Kathryn Bigelow.

Já escrevi diversas vezes que o gênero Terror e suas subespécies a meu juízo são o melhor gênero para se começar. Os erros são tratados com uma estranha boa vontade. E o diretor ainda pode treinar suas aptidões.

Foi maravilhoso rever esse filme depois de uns 15 anos, ou mais, e saber o que a pintora (!!) e diretora fez a partir dele para a frente, inclusive, de quebra, entrar parar a História.

Este é um filme que embora registre diversas vezes a aurora e o crepúsculo, centra-se na noite, como todo filme de vampiros. Mas para por aí. Não há caninos projetados, não há crucifixos, caixões, estacas; o tradicional veludo foi substituído pelo jeans. Quem tem olhos para ver, entenderá que estamos diante de um faroeste, com rednecks dos anos 1980, e em vez do confronto entre pistoleiros na terra batida, o confronto é entre marginais no asfalto, ao som de Rock n`roll. Muito estilo. Muita senso visual, desde o início da carreira. 

Gosto da falta de explicações, gosto da falta de diálogos. É parte da escuridão do filme. Mas reclamo, somente, do finalzinho romântico...Por quê? Inaceitável, estraga o clima. Introduz-se o sol e a alegria. Ora, para quê? Quem gosta de Terror, gosta justamente do peso da madrugada, gosta, afinal de contas, de quando chega a escuridão.

NEAR DARK Movie Poster (1987)

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Minha vez de ver "On The Rocks", uma autointitulada comédia da Sofia Coppola.

Normalmente, eu faço textos enormes sobre os filmes mais aguardados no ano. Mas o que dizer desse filme? É tão leve, tão leve, tão leve, que beira o superficial.  Um Feel-good sem qualquer tipo de pensação, tímido até mesmo em ser comecial, embora cinéfilos reconheçam paralelos com "Lost in Translation", e por que não dizer com a relação de admiração da diretora com o próprio pai. Mas mesmo essas pequenas conexões não fazem do filme grande cinema.

Quanto ao filme de 2003, temos novamente uma cena de passeio noturno em um carro preto de onde de aprecia a metrópole; uma cena de elevador; não conversas de elite em ambientes chiques... Mas sem a profundidade disfarçada. Naquele filme, poucos atentam para isso, temos uma protagonista filósofa (fotógrafa como o esposo, mas uma fotógrafa de mentes,) que fica admirada (na linguagem filosófica, o "páthos") de as pessoas ficarem imersas jogando video-game...Aqui a escritora é uma ...desculpe... uma parva...improdutiva, que não consegue ter uma epifania com o mundo, com a vida, não demonstra em nenhum momento um "sentimento do mundo"...

Bill Murray faz o papel de Bill Murray. Nada demais. Charmosinho, levemente ácido, levemente engraçado, levemente esnobe, um representante do antigo mundo masculino fadado a ser apagado pelo neofeminismo. E, que estranho, acho até que pode ganhar o Oscar de Coadjuvante por este papel. Ou melhor, pela carreira.

On the Rocks (2020) - Filmaffinity

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The Mortuary Collection é uma bacanuda antologia de 4 contos de terror que a muito não via! Incrivel que o filme foi feito com financiamento coletivo mas não parece, parece produção blockbuster! Todos os 4 curtas são ótimos, embora eu tenha uma preferência maior pelo da camisinha..hilário! Muito bem feito e bem atuado, o sumido "highlander" Clancy Brown aqui faz um mestre de ceremônias de respeito, lembrando até um Kurgan envelhecido. Filmaço old school que lembra muito Creepshow e Tales from the Crypt que tem até reviravolta no enredo que interliga todos os contos. Percebe-se que o diretor entende e, principalmente, ama, este sub-gênero. Recomendável! 9,5-10

The Mortuary Collection (2019) - Dir.

 


40 Years of Rocky The Birth of a Classic é um documentário fraco e bem superficial, do qual eu esperava muito mais! Aqui praticamente se limita ao Stallone contar causos no meio de filmagens dos bastidores feitas pelo diretor, nada mais! Não que seja interessante, mas um filme deste naipe requer muito mais material pra se sustentar. Faltou mais material de arquivo e, principalmente, depoimentos dos atores e profissionais envolvidos, uma vez que boa parte deles ta vivo ainda, o que achei um pecado imperdoável. Aqui o Stallone massageia o próprio ego todo tempo o que é um saco, parece produção chapa branca sob encomenda. Faltou ser mais completo diante do material que tem. 7-10

Amazon.com: 40 Years of Rocky The Birth of A Classic Movie Poster 18 x 28  inches: Posters & Prints

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"N`um vou nem falar nada!!"

Como sempre escrevo, 1999 é o ano é o ano é o ano!

Toda vez que eu vejo "Bom Trabalho" fico ainda mais admirado como esse cinema de fluxo, da Claire Denis, sem apego ao texto, orgulhosamente desvinculado da Literatura ou do Teatro, pode ter dado tão certo nessa história, que, dizem, adapta livremente, ironicamente, uma história inacabada - não sobre baleia - do escritor Herman Melville. 

Porém, se não tem tributo à dramaturgia literária, o filme guarda inegáveis ligações com  "O Pequeno Soldado", filme de 1963, de Jean-Luc Godard. Não tenho esse filme muito na cabeça, vou vê-lo agora em seguida, mas me lembro que naquele clássico, o mesmo ator, Michel Subor, o comandante aqui da Legião Francesa, era lá um desertor do Exército.  Em "Bom Trabalho", o colonialismo se faz em outro cenário, no pobre Djibouti, ex-colônia francesa, no Chifre da África. E o protagonista de lá e de cá, é um soldado "petit", pequeno em estatura, Denis Lavant.

É talvez o único filme militar sem machismo escroto. O treinamento militar da Legião Estrangeira é mostrado não como uma rotina de ordem, "grossa", cheio daquele masculinismo tóxico, presente em todos os filmes norte-americanos. Ela opta por mostrar a beleza dos corpos. A beleza do suor no talhe do corpo. A beleza dos movimentos ao vencer os aparatos militares, ou então cavar um poço no árido Djibouti. Mostra, enfim, o treinamento militar como uma poesia. É lindo!

O prazer em ver esse filme tem a ver com perceber o exato tema do filme. Sua sugestão homoerótica, no oficial exemplar, inesperadamente crispado de inveja e ciúme, de Denis Lavant (aqui, filmado a parecer definitivamente mais alto do que o é de fato).

Minha maratona Leos Carax me fez ver Denis Lavant dançando em vários filmes. Mas aqui há um registro inesquecível disso também. Justamente a cena final, que deixa a alma do personagem livre.

Soberbo.

Beau travail (1999) Legendado - Filmes LGBT Online

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"Le Petit Soldat"/ "O Pequeno Soldado", filmado em 1960, mas lançado só em 1963. Revi por causa de "Bom Trabalho". Lembrava mais de Anna Karina, por motivos óbvios, sendo fotografada, e então a frase icônica: "A Fotografia é a verdade. E o cinema é a verdade 24 vezes por segundo".

Foi bom ver um filme depois do outro para registrar outra semelhança entre Godard e o filme da Denis no emprego do voice-over. Godard é um mestre dos diálogos, do texto como ideia nova, um escritor maravilhoso. No filme da Denis, pra se livrar da literatura, quase não há troca de palavras, mas há o voice-over com Denis Lavant; sendo que ambos os protagonistas deixam claro para o espectador no início de seus filmes a mesma sensação de fastio da ação, e que era chegada a hora da reflexão ("O tempo da ação passou, agora começa o tempo da reflexão. Estou envelhecendo..."). Achei bem legal essa semelhança, pois serve de mote para justificar a narração em ambos os filmes.

Uma coisa que eu não esperava era perceber como esse filme do Godard cresceu para mim! Deve ser porque tô mais velho, mais esperto. Mas neste filme de 1963, temos um Godard "de centro", fugindo dos extremos, representados pelos Movimentos Pró-Libertação da Argélia e o serviço de Contra-Terrorismo. O protagonista se vê envolta nessa disputa ideológica, preso nela por causa de sua súbita paixão pela personagem de Anna Karina (uma mulher de menos de 25 anos, limite da beleza feminina, como sentencia a frase machista do filme), mas o que ele quer, sobretudo, é, vejam só, "fugir para o Brasil", como um romântico. No limite, fugir da decisão de ser contra ou pró alguma coisa.

O maravilhoso monólogo final revela um Godard com sentimentos indecisos quanto a questão Argelina. "Eu me sinto muito orgulhoso por ser francês, mas também sou contra o nacionalismo. Defender idéias e não territórios. Amo a França porque amo os filmes de Bellay e de Luis Aragón (...)

Michel Subor, excelente. E voz maravilhosa também.

O som tecnicamente é que me pareceu irremediavelmente ruim, mormente nas corajosas cenas de tortura.

No fundo, no fundo, dois filmes sobre como um homem pode fugir do colonialismo francês.

 

Amazon.com: Le petit soldat Poster Movie French C 11x17: Prints: Posters &  Prints

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A exemplo do recente "Abominável", "A caminho da Lua", dirigido por Glen Keane, é uma animação Netflix para mostrar o soft power da China (O Futebol americano ou o Beisebol será substituído no mundo do cinema pelo Tênis de Mesa). É cultura chinesa "prêt-à-porter", aos moldes ocidentais. O roteiro é simplório, cheio de caminhos já traçados, com animais fofos como muleta cômica, e final moralista redentor...

A animação em si é bonita, mas nada empolgante, colada demais no mundo visual da Disney ou da Pixar.

No entanto, penso que será indicado ao Oscar da categoria, e talvez consiga beliscar uma indicação, completamente imerecida, de Melhor Canção.

a-caminho-da-lua-poster - Blog Moda InfantilBlog Moda Infantil

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Save Yourselves! é um simpático indie com scy-fy low cost mas não passa disso. Dá pra ver de boas principalmente pela ótima dinâmica do casal principal, parecem saidos de alguma sitcom recente. E o alienígena parece saido de um filme B tosco, misto de Critters com um puff.. É um filme apocalíptico bem simples porém efetivo, do qual só desgostei (muito) do seu desfecho. Impressão de coito interrompido, súbito demais.. E a crítica á dependência dos celulares achei bem rasa e forçada. 8-10

Salve Se Quem Puder! - Limão Mecânico

 

 

12 Hour Shift é uma bacanuda comédia negra de erros que parece ter sido feita pelo Tarantino ou pelos Cohen, e o roteiro ajuda bastante ao mostrar as desventuras duma enfermeira que dá suporte ao tráfico de órgãos. A atriz principal ta ótema, a semelhanca de May, e os coadjuvantes também tem seus momentos pra brilhar, principalmente a doida que fa a prima da personagem. A duração enxuta colabora muito ao dar a impressão de ser daqueles filmes isolados Grindhouse. Uma produção simples e divertida, repleta de cenas surrealmente lindas. 9-10

Angela Bettis Returns to Horror This October in '12 Hour Shift' [Trailer] -  Technology News

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Maratona Hong Sang-soo.

Antes de começar essa série infinita de filmes, "A Visitante Francesa", de 2012, era um dos meus favoritos. Então foi bom revê-lo para dizer que ele ainda está no meu top 5. Quando esse filme chegou ao Brasil, vindo do Festival de Cannes, com o nome de Isabelle Huppert em destaque, os brasileiros correram pra ver e tomaram aquele choque inicial com o cinema do coreano. Não gostaram.

Uma estudante de cinema escreve três historias a respeito de uma visitante estrangeira em um balneário coreano. Rapidamente, o exercício de metalinguagem se inicia, e parte-se para a encenação da primeira história. Isabelle Huppert é uma diretora de cinema que visita um diretor coreano casado, prestes a ser pai, com quem já teve um "rolinho", e uma vez instalada, conhece o salva-vidas da região, que, meio empolgado, meio incoveniente, dá em cima dela. Na segunda história, Huppert é a amante de um coreano casado, e então conhece o salva-vidas, por quem, dessa vez, ela se interessará sexualmente, para ciúme do amante. Na história 3,  Huppert faz uma mulher que acabou de ser trocada pelo marido por uma coreana, e vai com uma amiga (vivida pela atriz Yuh-Jung Youn, de "Minari", cotada para o Oscar de Coadjuvante) para o litoral a fim de esquecê-lo, quando, embriagada de soju, conhecerá o salva-vidas. A vida oferece muitas hipóteses.

São pequenas variações de enredo, pois as formas e as falas muitas vezes se repetem - essa característica deliciosa. Não há grandes acontecimentos, nem grandes diálogos. O inglês de todos os atores é bem limitado para isso, mas até isso é charmoso. O que interessa - e muita gente não capta - é saborear o cinema como um caderno de rascunho. Quando escrevemos algo, muitas vezes modificamos um caminho ou outro, uma frase ou outra, mas a ideia principal está ali. O que Hong Sang-soo faz neste filme é não descartar as hipóteses. A vida também oferece muitas hipóteses.

O tema de fundo, creio eu, é, mais uma vez o machismo do homem coreano, ou da sociedade coreana. Espantam-se que ela viaje sozinha; ao menor movimento tentam "cantá-la"; elogiam sua beleza a todo momento, no inglês limitado, querendo ser corteses, mas caindo no constrangimento...

Isabelle Huppert está com sua intensidade "controlada" pela câmera estática de Sang-soo, mas ainda assim oferece hipóteses diferentes para a vida dessas três mulheres.

Hipóteses. Vidas. Três. 

In Another Country (2012) - IMDb

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Maratona Theodoros Angelopoulos.

"Dias de 36", de 1972, é o segundo longa do diretor grego, mas as característica principais de sua filmografia estão todas lá: longos planos silenciosos, à distância, austeridade de diálogos, atuações circunspectas, e o peso da História.

A Grécia em 1936 é governada pelo general Metaxás e sua trupe de conservadores que praticava assassinatos políticos. No filme, o de um sindicalista prestes a discursar para uma multidão. Um detento comum é então forjadamente incriminado e, quando um deputado de oposição, a quem com ele é sugerido um caso homossexual, o vai visitar na prisão, este é feito de refém. O irmão do preso e seu advogado vão atrás de provas para inocentá-lo, enquanto a junta policial mobiliza-se para tentar desfazer o sequestro, e, como todo o mundo político, salvar um dos seus.

Podem depositar 1 milhão de reais na minha conta, por que tudo que eu relatei acima é apenas uma dedução. O filme está longe de ser um thriller policial, como 99 em 100 diretores interpretariam a história. O filme é quase um enigma. Poucos diálogos, muitas sugestões. Chamou-me a atenção como o interior da cela só é mostrado ao final, numa ótima solução. Pois o que importa é o que se passa fora.

Muito difícil, sim, mas com cenas arrebatadoras, principalmente os 15 minutos finais, quando da solução da questão, com a invasão da cela. Um plano espetacular. Nunca se viu uma cadeia tão brutalmente austera e silenciosa. Mas iluminada.

Lindo!

Days of 36 (1972) - IMDb

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