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Forum Cinema em Cena

O Que Você Anda Vendo e Comentando?


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Nunca tinha assistido a "O Ladrão do Arco-Íris", de 1990, de Alejandro Jodorowsky. Posso dizer que é um filme ignorado não só por mim, como pela grande parte dos cinéfilos, quem sabe por que pela primeira vez Jodorowsky não assinou o roteiro de seu filme?

Bom, fato é que o filme é conhecido por ser a única produção comercial do diretor, e por contar com a dupla Omar Sharif e Peter O`Toole, revivendo suas históricas parcerias com David Lean ou Anatole Litvak. Sharif está excelente aqui, carregando o filme nas costas.

Porém - ah, porém- o filme padece de uma história muito ruim. Um conto de fadas, à la Dickens, nos subterrâneos de Londres, para falar - muito sem política - de desigualdade social e esperança. Conseguimos aqui e ali perceber o dedo do diretor, com algumas cenas de elementos de circo, com um lado nonsense....Mas é pouco.

Não curti, não.

The Rainbow Thief Japanese movie poster, B5 Chirashi

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Quando assisti a esse filme no cinema (na época em que os continentes estavam unidos), ao final da sessão, a mulherada toda estava em prantos. Eu lembro de ter gostado muito do filme, mas só hoje, quatrocentos anos depois, o revi. E não gostei tanto assim.

Os atores estão ótimos. Samantha Morton e Djimon Hounsou foram indicados ao Oscar em 2004, mas pra mim, dessa vez, quem teve o melhor desempenho foi o do pai, Paddy Considine. Porque OBVIAMENTE as duas crianças não contam de tão perfeitas e lindas! A garotinha então...Que olhos!

Mas, assim, revendo hoje, achei que a segunda parte do filme vira um conto de fadas que não casa bem com a dureza dos perrengues da primeira parte, encapsulada na tensa cena no parque de diversões, ou em detalhes como o da família assistindo a "história de si mesmos", de uma geração anterior, em "Vinhas da Ira". Sou completamente a favor do final feliz, mas não como um ato de pensamento mágico.

Alegam que o diretor Jim Sheridan, indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original por este trabalho, incluiu vários elementos de sua vida neste filme, quando da sua chegada aos Estados Unidos. 

A Irlanda, que era o "patinho feio" da Europa, por décadas uma terra de emigração, hoje tem uma renda per capta maior do que a dos Estados Unidos. Podem conferir! É o sucesso da aplicação de medidas liberais nos últimos anos. É para esta ilha gelada que muitos colegas meus imigraram recentemente.

Terra de Sonhos.

In America - film 2002 - AlloCiné

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Gente...que filmaço!!

"Amador"/ "Cinemaníaco"/ "Camera Buff", de 1979, é um dos primeiros longas do genial Krzysztof Kieslowski. Na Polônia comunista, um operário junta dinheiro para comprar uma pequena câmera 8mm russa e assim registrar os primeiros momentos de sua filha prestes a nascer. Pela raridade do objeto, logo é convidado por seu superior a registrar ele mesmo a festinha dos vinte e cinco anos da fábrica. Essa filmagem amadora será apenas a semente de uma cinefilia, que o levará à inúmeros problemas.

O roteiro desse filme é brilhante. Escrevi aqui na semana passada como o formato de 8mm era próprio dos registros caseiros, amadores. Mas em uma país comunista, com dificuldades de acesso aos bens, a câmera cumpre um papel precioso socialmente. E perigoso. A linguagem caseira logo se torna uma linguagem de documentário, retratando a vida dos funcionários, o cinza das pisagens, a pouca diversão social, etc. A gravação caseira e depois a gravação social despertam vários elogios entre os seus amigos. Ele é então convidado para mostrar seus filminhos em um Festival Comunista,e ganha um prêmio. Mas lá percebe que os elogios são, digamos assim, "estatais", e é com a crítica veemente que recebe de um dos jurados que ele começa a pensar que deveria filmar o "sentimento", a "vida", ou "pensamento". Começa a haver nele, por assim dizer, uma consciência das imagens. Percebe que o ato de ver é menos perigoso que o ato de fazer os outros verem.

Ao mesmo tempo, seu casamento entra em parafuso. Lê livros de teoria, aprende os segredos da Montagem, passa a assistir a mais filmes. A esposa fica enciumada ao constatar nele outra paixão que não ela ou a filha recém-nascida: o Cinema.

Ao entrar a fundo na linguagem do documentário, começa a filmar os problemas ao redor, para ódio de quem antes o elogiava. Encara então o problema da censura, e a obrigação de ser corajoso com suas imagens. Ao mesmo tempo que perde a tranquilidade da sua vida privada.

Um filme esplêndido, com uma cena final incrível. Bati palmas. Vale lembrar que Kieslowski começou sua carreira como documentarista. 

Amei!

Poland Today » 1969 – 1978

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Maratona John Cassavetes.

"Shadows"/ "Sombras", de 1958, é o primeiro longa do diretor. Mas vou começar falado de seu final. Uma advertência em letreiro, logo após os seus curtos 90 minutos (depois, só cresceriam...): Este filme é uma improvisação. Como o Jazz que toca durante todo o tempo.

Professor de atores, Cassavetes deu liberdade imensa para seu elenco brilhar. Incrível ver a liberdade deles em cena. E,vale dizer, atuando sem roteiro. O que se pode dizer é que é um filme de três irmãos negros, dois homens e uma mulher, todos artistas, muito livres, jovens em Nova York. Lá pelos 30 minutos, a jovem conhece um rapaz branco, vivido por Anthony Ray (filho do grande diretor Nicholas Ray, aquele mesmo, que se casaria com Gloria Grahame, sua ex-madrasta). O cara se encanta com a beleza da jovem, a leva para a cama, tira sua virgindade, mas toma um choque ao conhecer os irmãos dela, de pele mais escura do que ela. E tem um ataquezinho de preconceito.

Descrevendo, parece que estamos diante de um pesado drama racial. Mas não é isso. O filme é de um realismo vertical tão grande que não há uma eloquente "projeção social" como se faria agora, com pompa e circunstância e pretensões mil. Não há simbolismo! As coisas são o que são, as pessoas são o que são. E tudo bem. A moça sofre por gostar de um babaca, mas sofre só um pouquinho, logo parte para a outra, vai viver a sua vida, conhecer outra pessoa, e é o babacão branco que sofre. Uma mulher linda, prática, que no final, é acusada de ser até "masculina". Talvez reflexo da grande influência dos irmãos. Não é uma mulher delicada, não é um cristal. Tem jazz. "Eu pertenço a mim".

Na França, por essa época, já se estava fazendo filmes livres assim - um grupo de intelectuais, em uma nova onda - nos Estados Unidos, entretanto, dominado pelos grandes estúdios, Cassavetes estava sozinho.

Amei.

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Thomas Vinterberg e Mads Mikkelsen, o que poderia dar errado?

Pois é, acontece. "Another Round" é apenas bom. Para no final, no último plano, oferecer uma cena realmente ótima, a única. E talvez, no meio, uma incorporação de imagens reais de presidentes bêbados (saudades, Boris Yeltsin...). Por ter estado no Festival de Toronto, com alguma repercussão, talvez acabe se tornando o candidato da Dinamarca ao Oscar.

Trata sobre alcoolismo de um jeito até diferente. Um grupo de 4 amigos, todos professores em uma escola, entediados com a rotina dos quarenta, resolvem fazer uma experiência com bebida, tentando comprovar uma tese filosófica furada de que o ser humano precisaria de uma percentagem tal de álcool no sangue.

A atenção aos personagens é mal distribuída. Mads, naturalmente, tem mais destaque do que os outros amigos, o que acaba desequilibrando um pouco o roteiro. Mas de qualquer forma a história, em verdade, nem é tão legal assim.

Ao final, fiquei com a sensação de que a intenção do filme foi mostrar como a sociedade, principalmente as nórdicas, consome muito álcool, desde a juventude, desde a escola, mas, infelizmente, os efeitos terríveis do vício recaem biologicamente para alguns pobres "sorteados", alguns indivíduos, que posteriormente são execrados de um jeito hipócrita pelo todo. 

Eu, pessoalmente, vinha bebendo bastante nos finais de semana, ficando até com uma nascente barriguinha de chope. E desde a quarentena, e a chegada forte da pandemia, nunca mais bebi uma gota de álcool. Não vejo graça em beber sozinho, ou beber em casa. Posso dizer que sou um sortudo, pois não sinto falta nenhuma do álcool. Só do que estava ao redor.

New Poster for Thomas Vinterberg's (The Hunt) latest film “DRUK” Starring  Mads Mikkelsen - 9GAG

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Termino a Maratona Leos Carax com a obra-prima "Holy Motors".

O Festival de Cannes 2012 foi muito competitivo, só filmão, com a Palma de Ouro indo para "Amor", e o prêmio de Melhor Ator para nosso amigo aí de cima, Mads Mikkelsen por "A Caça". Mas faltou premiarem "Holy Motors", alguma coisa ele tinha que levar. É um filmaço, que, não sei por quê, algumas pessoas o taxam de difícil. Não acho.

Um homem que estava dormindo se levanta de sua cama e abre uma parede que vai dar em uma sala de cinema. Logo reconhecemos esse homem é o próprio diretor Leos Carax. Na sala de cinema, os entediados espectadores dormem, vacilam, enquanto na tela temos uma garotinha que olha por uma escotilha, e depois, num corte, temos a janela de uma casa modernosa em formato de navio. O cinema é uma ilusão. A partir daí temos uma enorme jornada de manipulação. Esta palavra é essencial ao meu ver.

A crítica maravilhosa do Pablo Villaça desvenda vários mistérios do filme, aponta várias referências cinematográficas, e louva a não poder mais o filme e a atuação maior do que a vida de Denis Lavant, e seus mais de 10 personagens. Villaça, porém, acha que Carax está fazendo uma ode ao cinema, mas também uma crítica ao caminho do cinema, mormente na inesquecível cena de motion capture. Eu não vejo diatribe, crítica, ao modo tecnológico de se fazer cinema. Não. Não há por que ter romantismo, o cinema sempre foi uma ilusão! Antigamente, eram paineis pintados, hoje em dia é captação de performance. Até mesmo a maquiagem; que neste filme tem seu poder exaltado a mais não poder, com Lavant em várias sequências, se pintando, tirando peruca, colocando próteses; é uma ferramenta da ilusão.

Mas queria chamar a atenção para algo que o Pablo não captou. Existem muitos gêneros neste filme. Seja o drama na sequência do moribundo; seja a comédia no plano final as limousines temendo (como o cinema) sua extinção; o musical com a sequência de Kylie Minogue; ou o segmento surrealista de M. Merde, personagem reaproveitado de "Tókio!"...O que quero dizer é que até mesmo a construção de um filme em um gênero dramatúrgico é uma forma manipulativa de ilusão. Pois, a depender do ponto de vista, o filme despertará mais acentuadamente um sentimento ou outro.

Uma obra-prima, de fato, com sua delirante forma empurrando, guiando através de Paris, seu conteúdo.

Tendo visto ao longo dos meses pandêmicos todos os filmes, e, desde já, na megaexpectativa por "Annette", meu ranking Leos Carax fica assim:

1) "Holy Motors";

2) "Os Amantes de Pont-Neuf";

3) "Pola X";

4) "Merde", segmento de "Tókio!";

5) "Sangue Ruim"

 

Holy Motors - HOLY MOTORS'' 2012 Swedish movie poster. (19). | Movie  posters, We movie, Motor

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The Devil Has a Name é mais um filme bem intencionado sobre malefícios do corporativismo industrial mas fica só nisso mesmo, na inconsistência de definir a que gênero pertence, se drama ou comédia. Bem atuado e com elenco estelar bem empenhado, mas fica dificil encarar personagens caricaturais diante da seriedade do tema que propõe. O diretor Olmos é bom ator, mas ainda precisa comer muito feijão pra ficar atrás das câmeras, pois um filme só não se sustenta esfregando lição de moral na cara. 7-10

Review: THE DEVIL HAS A NAME Tells an Interesting Story and Features Solid  Performances : humorousreviews


 

Lo Que Arde é outro filme que aborda de certa forma o corporativismo industrial do mal, na forma das queimadas intencionais, tema em voga principalmente sobre quando se trata da Amazônia. Mas aqui tudo se passa na Galicia, onde duas estórias se cruzam, a de um pirômano e a de um incêndio. É um filme quase documental, e é preciso paciência pra embarcar na jornada. Ponto pros protagonistas, muito bem interpretados. E os incêndios da produção impressionam mais que os de muito blockbuster abonado. E é porque são reais mesmo. 8-10

Juan Carlos Ugarelli (@JCUgarelli) | Twitter

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Imagine, depois da faculdade, realizar seu primeiro longa e ganhar de cara o Festival de Veneza! Andrei Tarkovsky conseguiu o feito, com seu maravilhoso "A Infância de Ivan", de 1962.

Talvez seja o filme mais convencional dele, com início-meio-fim, com diálogos claros, menos centrado em simbolismo. É cada enquadramento de cair o queixo, como este do pôster, em que a câmera cai dentro de uma trincheira para registrar esse beijo no bosque, com o soldado sustentando no ar o corpo da jovem. Esta subtrama é o calcanhar de Aquiles do filme. Muita gente acha que não há muita função narrativa para ela, mas eu consigo entender que essa subtrama é como uma projeção do futuro que o nosso protagonista não terá. Ele não será um soldado, nem terá uma vida sexual como homem. 

A história principal é a vida de Ivan, esse garoto russo cujos pais morreram na invasão da Rússia pela Alemanha. Esse valente garoto prodígio; criança amadurecida pela dor; fisicamente um esqueleto; mas um forte em sua ira e desejo de vingança. Pros adultos do QG Militar, a guerra é dever enquanto trabalho; para ele, a mera criança, é dever íntimo, seríssimo. Em determinada cena, rebate um soldado: "Você não esteve no campo de concentração x". Todas as falas dele são esculpidas em verdade, força, e destemor. Uma atuação colossal do ainda vivo Nikolay Burlyaev.

Claro, vendo esse primeiro longa fui pensando nos posteriores. Nos cavalos e nos ícones de "Andrei Rublev", nas edificações nos bosques de "Nostalgia", nos reflexos de "O Espelho". Muita coisa já estava presente. Depois seria só se libertar do desenvolvimento narrativo tradicional.

 

Novo poster português para "A Infância de Ivan (Ciclo Andrei Tarkovsky)"  (Ivanovo Detstvo) - filmSPOT

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Por duas vezes consecutivas, Ang Lee levou Taiwan à indicação ao Oscar de Filme Estrangeiro em 1994 e 1995, em ambas as vezes com dramédias envolvendo  relações pessoais, casamentos, e comida. 

Fazia uns 20 anos que não via "Comer Beber Viver ", de 1995. Não lembrava de nada. É um filme muito gostoso de assistir, delicado, humorado, simples, roteiro, em parceria, do próprio Lee. Mas de mérito de direção não tem nada de especial (talvez só um mini plano-sequência, dentro de um restaurante, emulando Scorsese, em "Os Bons Companheiros"). Os atores é que, de fato, levantam este filme, principalmente o grande  Sihung Lung, fazendo um dedicado chefe de cozinha viúvo, mas sem comunicação com as filhas que não seja através da comida. Ele que já tinha brilhado erm "O Banquete de Casamento", do ano anterior, rouba o filme mais uma vez.

As histórias das três filhas se misturam, mas só a da filha do meio, que é mais elaborada. Vocacionada à gastronomia, mas empurrada pelo pai para ser uma grande executiva. O ciclo da vida é inclemente, e ela, que tinha tudo para se casar, para abandonar a casa paterna, para viver no exterior, acaba, por vias tortas, a mais íntima de seu pai.

Saudade desse Ang Lee "de câmara", digamos assim.

Ah, claro, dá muita fome!

Comer Beber Viver - Filme 1994 - AdoroCinema

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Maratona Kelly Reichardt.

Mais uma vez desfazendo as aparências, este é o "não Western", pelo menos não do modo como foi consagrado, com homens corajosos, índios imponente, numerosas diligências rapidíssimas, mulheres gritando apavoradas... "Meek`s Cutoff", ou "O Atalho", de 2010, é a conquista do Oeste, pela lente de uma diretora com muito conhecimento cinematográfico, mas principalmente com uma visão sociológica revisionista. Nada de pólvora do alto das colinas, nada de machadinhas ensanguentadas. Mostra-se o Oeste como uma viagem estafante, desafiadora.

Estamos no Oregon, no começo do século XIX. Um grupinho de três diligências é enganado por um arrogante aproveitador que diz conhecer um melhor caminho, um atalho. Para onde não se diz. Mas esse atalho leva os colonos para uma região desértica do estado. Pra quem gosta de geografia, é legal comparar essa região semidesértica aos bosques verdes do mesmo estado em "First Cow". Os colonos são poucos, não têm muitas posses, temem os índios, "que não são como a gente", "trabalham como negros" (Revelando seus preconceitos com todas as raças),  os homens são ingênuos ou arrogantes, e as mulheres é que tomam conta das provisões e dos animais. A personagem de Michelle Williams, mesmo estando sempre atrás dos homens, sendo levada, é a única que, extenuada pelo clima, pela jornada, confronta as decisões do tal Meek, o guia. Também será ela que, paulatinamente, se incumbirá de lidar, mais tarde, com índio feito prisioneiro, tratando-o com humanidade, mas também com inteligência -"Quero que ele me deva alguma coisa".

Um filme silencioso, quase monótono, escuríssimo nas tomadas à noite, que mostra a conquista do Oeste como um procedimento, dia a dia, sol a sol, noite aterrorizante, areia, pó, sede, eixo que quebra, doença. Não há nada do "cinemascope" de John Ford. Não se admira a paisagem. A paisagem, pelo contrário, é uma inimiga, pois é muito mais forte do que eles. Ao contrário dos colonos, a paisagem, a natureza, o clima, estão "estabelecidos". Assim como a população nativa. A única que, naquela época, estava estabelecida, e que sabia lidar com os caminhos.

Há um paralelo com o Gênesis. Lê-se um trecho daquele livro misterioso logo no começo do filme. Especificamente, o trecho sobre a expulsão do paraíso. Homem imprudente o tal Adão; arriscou-se. Assim como os homens deste filme. Eva, dali por diante, é quem dará conta de tudo.

Alambique Filmes

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Marionette é um bom thriller psicológico holandês com leve pegada hitchkoquiana. Bem ambientado, tem reviravoltas razoáveis e um ar vintage inegável. Começa bem, com planteamento similar a Toque de Medusa, mas depois vai se estendendo demais e ficando confuso até chegar no desfecho. Dá pra ver, mas com ressalvas e ciente que não é terror. 7,5-10

Movie: Marionette (2020) (Download Mp4) | Naija2Movies | Free Movies and Tv  Series Downloads (Mp4)

 

His House é também um terror psicológico sobre refugiados e seus fantasmas. É horror social como metáfora de fantasmas do passado, pecados, erros, más escolhas e demônios internos, etc. Alternando sonho e realidade, é um filme agoniante com forte crítica social e  desfecho onde não pude deixar de cair uma lágrima singela, reconheço. Atuações mais que convincentes do casal afro principal. Jordan Peele ficaria orgulhoso.  Visto na Netflix. 9-10

His House Wallpaper #2

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"Bob Esponja: O Incrível Resgate". Adoro o desenho, acho engraçadíssimo, e adoro ainda mais a dublagem brasileira. 

Esta animação, de Tim Hill, tenta repetir o sucesso dos filmes anteriores, e também preparar os espectadores para uma futura versão "criança" dos personagens, pois em determinado momento vai ao passado para mostrar como eles se conheceram. A história é legalzinha até os primeiros 40 minutos, em nada se afastando da estética ou do surrealismo bobo do desenho convencional, mas depois a trama desanda feio, inclusive com uma mistura de tratamentos 2d e live-action.

Conta com uma participação especial de um ator sofrível, mas muito popular, num personagem bem esquisito. Amei a Tiffany Hadoque, simulando a insuportável Tiffany Haddish.

Assistível.

Spongebob Movie: Sponge On The Run - Authentic Original 27x40 Rolled Movie  Poster at Amazon's Entertainment Collectibles Store

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Não satisfeito em esmigalhar os corações dos espectadores com "Filhos do Paraíso" e "A Cor do Paraíso",  Majid Majidi entrega esse "Entre Luzes e Sombras", de 2005, para completar a emoção. Um professor de poesia, cego desde os 8 anos, que ao descobrir um tumor no olho, parte para a França, onde os médicos o tratam com grande sucesso, bem como, de brinde, conseguem curar suas retinas. Ele volta a enxergar.

A cena de ele no hospital redescobrindo a visão é maravilhosa. Ao levantar brevemente o curativo, toma um choque, ao ver, pelas frestas, suas mãos. Uma cena lindíssima, que continua...Vai à janela, e vê uma formiga caminhando com uma folha nas costas. Ah, isso é cinema!  Que delicadeza! O plano se estende; ele caminha pelos corredores, depara com um vidro, e o vê, 38 anos depois, pela primeira vez. Uma sequência matadora, emocionante. Nada é piegas, é tudo muito bem conduzido, muito humano, digno, e decente.

Mas o roteiro nos dá um drible. Ao voltar para o Irã, para a sua vida costumeira, vê a esposa - feia - pela primeira vez. A compara com a belíssima cunhada. Começa a reagir negativamente ao básico que era sua vida. É um intelectual, sua cabeça não para. Comparações são inevitáveis. Está grato pela vida, mas em choque com as redescobertas.

Talvez na escuridão ele fosse uma pessoa melhor?

Filmão.

The Willow Tree Beed-e majnoon Year: 2005 - Iran Affiche / Poster Parviz  Parastui Director: Majid..., Stock Photo, Picture And Rights Managed Image.  Pic. POH-A7A08C37_214 | agefotostock

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Maratona Theodoros Angelopoulos.

Das melhores coisas que fiz neste ano foi me determinar a conhecer verticalmente o cinema desse diretor grego, tido, até com razão, como um dos mais chatos da história, bem como um dos melhores do mundo.

Que lindo esse "Viagem a Citera", de 1984. Estou pasmo! Não à toa, Prêmio de Melhor Roteiro em Cannes, e Prêmio da Imprensa. Nos primeiros 40 minutos, eu já estava cansado de bater palmas para as cenas. E o legal é que embora faça parte da chamada "Trilogia do Silêncio", o primeiro da série (junto com "O Apicultor" e "Paisagem na Neblina"), de poucos diálogos, é um filme bem entendível, bem narrativo. Depois de um exílio de mais de 32 anos da União Soviética, um pai retorna a Grécia, já idoso, onde deixara sua imensa família, sua casa, e suas terras. Muita coisa terá mudado com ele ( tem uma nova esposa, e mais 3 filhos), mas também muita coisa terá mudado em seu país de origem: Entre outras, a Grécia está capitalista! Tanto que na cidadezinha de Citera (se bem entendi), onde a família tem uma casa e tem umas terrinhas, empresários pretendem criar um resort de inverno. As glebas da família e da comunidade em volta são necessárias a esse fim. A comunidade, então, quer aliená-las coletivamente, mas esse pai socialista, que lutou no passado por essas terras, não quer vendê-las. É um misto de política, sentimentalismo, e cabeça-dura. A comunidade se revolta com ele, claro. Ele é visto como um retardo ao progresso social.

A direção é primorosa. Destaco várias cenas: 1) A que os filhos recebem o pai (Ual! Que inteligência. O filho, roteirista de teatro, está ensaiando a cena com os atores, escolhendo alguém para o papel de seu pai. Mas quando o real pai chega, ele diz exatamente o texto da peça! Senhor Angelopoulos, com todo respeito, o senhor era muito foda!). 2) A cena do almoço em família em que os parentes o reencontram. 3) A brilhante cena em que o pai reencontra seu companheiro de luta, e os dois dançam no cemitério! Que coisa mais linda! 4) A cena final, putz grila!

Uma das boas sacadas é fazer do pai quase um "apátrida". Não é russo de nascimento (só de coração, ou melhor, de cabeça), bem como não é mais tão grego como pensara (pois é de outro "sistema"), então, na brilhante cena final, faz todo sentido ele ficar no mar, rejeitado pelos dois lados.

Posso estar enganado, mas esses dois irmãos têm os mesmos nomes das crianças que buscam o pai em "Paisagem na Neblina". Tantos anos depois, em um filme anterior, já adultos, os filhos o reencontrarim. E, nossa, agora que pesquei...A árvore frondosa de "Paisagem na Neblina"  estaria esquálida, sem folhas, aqui, tantos anos depois, como indica o pôster.

Brilhante!

Taxidi sta Kythira (1984) - IMDb

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Maratona Emir Kusturica agora com "Maradona by Kusturica".

Documentário de 2008, mais que tudo, um olhar de fã para seu ídolo. Os olhos de Kusturica de pura felicidade ao jogar bola com o craque argentino não escondem que dessa doc-biografia não ia sair outra coisa que não uma baita homenagem. Conseguiu passar a dimensão trágica da vida do jogador, a veneração em seu país, os seus maiores efeitos como jogador, seu direcionamento ideológico...E todas as facetas de forma muito carinhosa.

Particularmente, foi duro de aguentar a papeata latino-americana: Fidel Castro, Evo Morales, Chávez, Che Guevara, o eterno discurso sobre a pobreza e sua correlação com o antiamericanismo...Isso me deu a chave para pensar que como o doc, lançado em 2008, mas gravado alguns anos antes, é "velho": Velho politicamente, mas velho também esportivamente, por que não há uma única menção a Messi, já atingindo seu auge... Não vou entrar no papo de quem é maior do que quem, não é isso, mas é esse justamente o problema maior do sentimento de nostalgia: Não permite ver o  "novo" nem diante de seus olhos.

Como cinéfilo, gostei muito da montagem, e da energia de tudo. E gostei mais das pontes imagéticas com "Gata Preta, Gato Branco", com "Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios", com "A Vida é Um Milagre"...A associação dos filmes de Kusturica com as etapas da vida do jogador ficaram muito bem conectadas. Realmente, os dois têm muito em comum. Um é um craque do cinema, o outro era um cineasta nos gramados.

Tentou-se, dez anos depois, em 2018, fazer algo próximo com Mujica. Mas sinceramente não deu liga.

Maradona by Kusturica - DVD PLANET STORE

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"N`aum vou nem falar nada!!"

A maratona Cassavetes me exigiu ir a "Todos Porcos" de Shôhei Imamura, para testemunhar como os efeitos da "Nouvelle Vague", e de "Shadows" se estenderam por todo o mundo, dos Estados Unidos, ao Brasil, ao Japão. Este filme de 1961 é fantástico! I Ouve-se jazz tocando de fundo na maioria das cenas. Causa estranheza? A justificativa narrativa é a presença da base americana na cidade japonesa, participando ativamente e negativamente da reconstrução pós-Segunda Guerra Mundial. A influência na música é a influência/intervenção social exposta na tela.

Felicito o título brasileiro. Pois todos os personagens compõem um curral. Todos roubam a todos, dormem amontoados, exageram nas risadas, na bebida, comem desbragadamente, brigam, maltratam-se, há sexo na frente uns dos outros, exploram-se coletivamente. O design das vilas imundas também reforça esse aspecto de aperto, sujeira, e amontoamento.

A trama: Um adolescente cuida do abastecimento da base americana, local de onde pode desviar comida (e outras coisinhas mais...) para o mercado negro dominado pela Máfia japonesa. Sua noiva está grávida de 1 mês, espera que ele ponha-se nos trilhos, mesmo que ela não seja tão flor que se cheira, mesmo sendo prostituta, vinda de uma família onde as mulheres também se venderam pelo casamento aos americanos.

O que temos é o olhar de Imamura para as camadas mais baixas da população japonesa, colocando-a no mesmo modo dos animais (e assim prosseguirá pela carreira afora, como em "A Balada de Narayama", e "A Enguia"), que vai atingir o apogeu na MARAVILHOSA cena em que homem e porco são esmagados um ao outro, em primeiro plano, focinho contra "focinho". Incrível como um frame pode resumir um filme inteiro.

Pigs and Battleships(1961) | 映画 ポスター, 軍艦, 映画

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Bad Hair é um razoável "terror social" sobre, vai vendo, um cabelo assassino! Sim, igual bacanudo japonês Hair Extensions, do Sion Sono, mas aqui o filme vem com crítica social á perda de identidade, das raízes, etc e tal. Bem ambientado na década noventista e bem atuado pelo talentoso elenco negro, só achei que meia hora menos cairia bem pois se alonga demasiado até ir nos finalmentes. 8-10

First Poster for Comedy-Horror 'Bad Hair' - In 1989, an ambitious young  woman gets a weave in order to succeed in the image-obsessed world of music  television. However, her flourishing career may


 

Bit é um filme de vampiro teen que tenta ser uma versão feminista e empoderada dos Garotos Perdidos. Não bastasse tem uma pegada voltada pro público LGBT+ pois as vampiras são sapatas e tem preconceitos contra os machos opressores. Nesse sentido o filme é quase um remake não oficial do ótimo alemão As Donas da Noite, mas não chega nem ao dedo mindinho dele. Dá pra ver sim, mas com muitas ressalvas. 7,5-10

Pride 2020] Magical Places: Stories Of Lesbianism, Adolescent Exploration,  And Fantasy — Gayly Dreadful -- Bursting out of your closet with the latest  horror reviews

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De madrugada, "Sob a Areia". 

Um fiapo de trama: A esposa que se recusa a aceitar o desaparecimento/morte do marido. Mas o filme é escrito com tal elegância, com tal sofisticação, e a atuação de Charlotte Rampling é tão sóbria e controlada, que o filme torna-se uma pepita. Lembro-me das críticas entusiasmadas quando esse filme saiu, em 2000. Acho que o sucesso se deu pois era um dos primeiros grandes contatos do público com o talento de François Ozon.

Pelo lado negativo, eu tendo a não gostar de nenhum filme com esse artíficio do "sustinho", da pessoa fantasma que volta e meia aparece, na projeção da mente de quem sofre. O filme tranquilamente poderia ter cortado todos esses momentos, que ainda sim o sentimento de recusa/esperança chegaria ao espectador. O talento de Rampling não deixaria isso escapulir. 

A cena em que ela dá risadas quando está na cama com um novo amante é pra aplaudir de pé.

Cineclan - Charlotte Rampling

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Tá acabando...Maratona Hong Sang-soo!

"Você e os Seus", de 2016, é mais um excelente filme do diretor coreano. Uma comédia muito curiosa, possuidora das características do diretor, mas que apresenta a ideia da repetição de uma forma diferente e bastante cinematográfica. A repetição aqui não se dá na forma de cenas, ou na forma de situações, o que temos aqui é uma mesma mulher encarnando facetas diferentes para vários homens.

É quase uma mistura de "Esse Obscuro Objeto do Desejo" de 1976, com "As Três Faces de Eva", de 1957. De Buñuel a ideia de um personagem masculino confundido com o fato de duas atrizes diferentes encarnarem a mesma mulher, porém aqui o trabalho é apenas de Yoo-Young Lee, impressionante. Fiquei com dúvida se eram duas atrizes distintas, mas não, ela sozinha dá conta de várias personalidades; o que me faz pensar em Joanne Woodward no papel que lhe valeu o Oscar.

Os homens são patéticos, tolos, feitos de gato-sapato. Sucessivamente vão se colocando na mesma armadilha: Envolvem-se amorosamente com uma mulher que é conhecida por beber muito em um mesmo bar, e quando o cara vai ter com ela novamente, ela finge não os conhecer. Bem-feito! E isso se repete, se repete, se repete. 

Diálogos prosaicos, em meio a planos longos, estáticos. Doses muitas de soju, choro de bêbado, amnésia alcoólica. As profissões dos personagens? Diretor de cinema, editor de livros, pretedente a escritor, pintor. Os mesmos atores de sempre. O universo de Hong Sang-soo estava, em 2016, em seu apogeu. Pega a filmografia do período: Em 2014, "Montanha da Liberdade"; em 2015, "Certo Agora, Errado Antes"; então este filme; e depois "Na Praia à Noite Sozinha". Ual, em poucos anos, ele condensou tudo de si.

 

Lost In Film on Twitter: "'Yourself and Yours' — Poster A new film by Hong  Sang-soo… "

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Eu gostaria muito de amar os filmes do Wong Kar-wai como todos os cinéfilos amam, assim seria mais fácil assumir as críticas quando me rotulam de "indie", mas eu tento, tento, tento, já vi todos os filmes, e não consigo...É bonito? É bonito, afinal, é Christopher Doyle na Fotografia. Tem música latina em ambiente oriental? Sim, costumeiramente. No caso deste "Dias Selvagens", de 1990, é do cubano Ernesto Lecuona. 

O ambiente de uma Hong Kong de periferia, noturna, molhada, perigosa, sexy, me interessa. Mas as histórias..."Ah, fala de insucesso amoroso"; "Ah, é uma visão real de amor, um amor que não dá certo"...Para mim falta coragem de assumir ser um dramalhão de telenovela. Seria até mais honesto, em vez de ter esse lustre de diálogos pretensamente intelectuais (Almodóvar tava aí nos anos 1990 ensinando o caminho...)

Bom, no caso deste filme em particular, era apenas o segundo do diretor. Muitas vezes é tido como o primeiro de uma trilogia que englobaria "Amor à Flor da Pele" e "2046". Bom, pode até ser. Mas há pelo menos outros 4 filmes entre eles...E um deles, "Felizes Juntos", por que não haveria de contar nessa trinca? Estranha forma de ajuntamento.

Um rapaz bonitão, filho adotivo de uma prostituta, procura sua mãe biológica, de quem tem poucas ou nenhuma informação. Esta carência ancestral constitui então um motivo psicológico para tratar violentamente sua mãe adotiva, e principalmente duas garotas que são completamente, rastejantemente, apaixonadas por ele. Durante 1 hora, o filme é sobre um "macho escroto" tratando mal as mulheres, na última meia-hora, contudo, o filme cresce. Muda até esteticamente, com direito a plano-sequência, com direito a brigas belamente filmadas...

Mas é pouco para mim.

Days of Being Wild" | Filmes, Cartazes de filmes, Filmes indie

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Escrevi há poucos dias que a sensibilidade vai atraindo coisas que você nem imaginava. Estava há tempos querendo rever "Atlantic City", do Louis Malle, em 1980, e aí fui conferir os dados, e não é que o filme venceu o Festival de Veneza empatado, com "Gloria" do maratonado John Cassavetes, que verei amanhã? A palavra coincidência está aí para isso, pra gente usar nessas horas.

O filme foi um sucesso, indicado a 5 Oscars em 1982: Filme, Direção, Roteiro Original, Ator (Burt Lancaster, sua última indicação) e Atriz (Susan Sarandon, sua primeira indicação). Um filme de gangster light, entremeado com toques de comédia, entremeado com certo drama. Mas mais importante é um comentário sobre a decadência da cidade de Atlantic City, meca dos cassinos na Costa Leste. 

Vemos a cidade em sua pior versão. Prédios outrora esplendorosos em ruína, casas abandonadas, shows sem glamour, e até o crime nivelou-se por baixo. A máfia agora vive ao redor do puro e simples tráfico de cocaína. Burt Lancaster interpreta um velho gangster nostálgico daquele tempo, daquele poder. Do qual era exercido com certa gentileza. Susan Sarandon interpreta uma aprendiz de croupie, que migra para a cidade fugindo de um casamento fracassado. Ela é uma sonhadora, ele um ex-sonhador; ela tem um futuro pela frente, ele apenas seu passado. Os dois estão excelentes.

É um filme bem gostoso de assistir, bem gostoso de passar o tempo. Mas é ligth, quer-se assim.

Ninguém pode se dar bem em uma cidade assim.

Atlantic City (1980) - IMDb

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Nobody Sleeps in the Woods Tonight é um razoável slasher cuja única diferença é ser de procedência polonesa. O resto bebe da fonte até o talo desse subgênero, rendendo homenagens e referências a clássicos, tipo Sexta-Feira 13, Halloween, Massacre da Serra Elétrica, etc. Com elenco que dá pro gasto e um gore gostoso de ver, só achei que alguns personagens entraram mudos e sairam calados, sem dizer a que vieram, sendo esquecidos no final na sala de edição. Visto na Netflix com o título babaca de Sem Conexão. O @Jailcante deve gostar mais do que eu. 8-10

Tom (@ttt106106) | Twitter


 

Come Play é um bacanudo terror sobrenatural que pega o drama familiar de Babadock e o entorna com o horror tecnológico de Poltergeist, uma vez que o fantasminha se vale da tecnologia pra dar as caras, no caso, celulares e tablets. A mitologia é bem construída e o filme tem ritmo agoniante legal, embora do seu elenco apenas o moleque do poster se destaque positivamente, anos-luz a frente do resto. Atente pra linda cena final, na qual não consegui deixar escapar uma lágrima. Não é obra-prima, mas ta acima da média. 9-10

come-play-poster – Lugar Nenhum

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Maratona John Cassavetes; como prometido, "Gloria".

Nunca tinha visto, mas no meio do filme percebia que já tinha visto esse filme várias e várias vezes em suas inúmeras variações vindouras, entre eles, "O Profissional", mas me lembrou também de "Gloria, a Mulher", de 1999, com a Sharon Stone, e foi só então que realizei que o filme do Lumet era uma refilmagem deste. Por essas e outras que faço essa maratona, sou fraco de Cassavetes.

Bom, é um thriller no qual uma mulher, de passado duvidoso, se vê tangida a proteger o filho de uma vizinha asssinada por gangsters. Ambos serão perseguidos pelas ruas de Nova York. Esperava um indie com selo Cassavetes, com muita improvisação, inovação de linguagem, mas me surpreendi com o quão tradicional, convencional, mainstream, é este filme. Apenas o plano do metrô me deu alguma sensação de um cinema maior. O resto do filme, bem clichê. Ah, sim, esquecia, também por um momento o roteiro desafia as convenções ao sugerir uma sexualidade infantil latente/nascente, mas esse destemor bem-vindo é abortado peor uma postiça relação mãe-filho.

Gena Rowlands, indicada o Oscar por este filme em 1981, está - novidade... - excelente, conseguindo em parte encobrir a interpretação errática do menino.

A trilha sonora é insistente, um pé no saco. Engraçado que em "Shadows" (ou em "Todos Porcos"), o jazz constante não me incomoda. Talvez porque estávamos no jardim da infância da nouvelle vague, porém neste filme já nos anos 1980, a incessante trilha pareceu-me um recurso meio datado, e cafona ( Ou kitsch, vá lá).

Não me impressionou. 

Lembrando que faturou Veneza junto com o resenhado ontem "Atlantic City", ambos compartilhando também a ideia de um vizinho que lhe protegerá de uma malta de criminosos. Curioso.

 

Gloria - Gena Rowlands" Art Board Print by BurningDrivein | Redbubble

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On 6/19/2020 at 4:20 PM, Big One said:
A Assistente
2019 ‧ Drama ‧ 1h 27m

Filme que trata de abuso o ambiente de trabalho. Aqui, uma produtora de filmes, onde a assistente, Julia Garner, faz seu trabalho meio que alheia aos outros, ela é comum fantasma. Aquela pessoa que sai arrumando, limpando e organizando tudo sem ser notado pelos outros. Meu Deus que lugar horrível pra se trabalhar. 

O filme é um pouco arrastado e mostra ela fazendo todas as tarefas, inclusive esquentando comida no microondas. Ela é competente mas o tema aqui é o assédio moral e sexual. Há uma cena muito boa no RH 

Na real, foi só a indicação ao Gotham que me fez ver "A Assistente", de 2019, a respeito de assédios morais e sexuais em uma produtora de cinema, obra impulsionada pelo movimento #Metoo. Estava com preconceito por ser o primeiro longa da diretora Kitty Green, bem como por imaginar que seria uma produção meio oportunista. Ledo engano! Amei este filme.

Julia Garner está excelente. Ajudada pelo roteiro e pela fotografia, que realçam a solidão da personagem, ela passa uma ideia de resiliência mas também de angústia, com aquele péssimo local de trabalho. Essa atmosfera é muito bem construída, desde a ausência de trilha sonora, passando pelo figurino que a embrulha aos poucos, é dizer a torna indisponível,e assinala seu comprometimento só com o trabalho.

A cena no RH, como o @Big Oneressaltou, é excelente. O medo de tocar no assunto impede que a denúncia se cumpra, ao mesmo tempo que a necessidade do emprego - para ambos os personagens - paira no ar.

Amo como a personagem está sempre sozinha, pelas ruas, pelos cafés, mas também sozinha como gênero, ao lado dos homens, colegas infantis. Sozinha na cidade, em casa (ou seja, sem tempom para a vida privada), aliás um lar perfeitamente arrumado, vazio, já que sem tempo nem a dessarumação é possível. Cada detalhe dessa construção me ganhou.

Mas a mais esperta decisão é o vilão não aparecer. Fico contente como cinéfilo em não ver uma cena de violência sexual gráfica como aquela de "Bombshell". Apenas há a insinuação. Com os filmes de terror, aprendemos que o pior mal é o que não se vê. E "A Assistente" é quase um filme de terror.

A Assistente | Drama com Julia Garner ganha pôster; confira | CosmoNerd

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"The Life Ahead"/ "Rosa e Momo" é um drama bonitinho, bem-feitinho, corretinho, com o chamariz de ser a volta à atuação da grande Sophia Loren, no filme dirigido pelo seu filho, Edoardo Ponti.

Uma sobrevivente do Holocausto, ex-prostituta, por vias tortas, acaba hospedando um garoto órfão de origem senegalesa. É a adaptação de um livro, que antes já ganhou as telas com Simone Signoret no papel; sendo que o filme ganhou o Oscar, pela França, de Melhor Filme Estrangeiro em 1978.

Como escrevi acima, não tem muitos erros, mas tem pouca artisticidade, pouca personalidade. Às vezes a direção emprega usos de telenovela, às vezes usos de outros filmes. Não tem uma cara própria.

Sophia Loren está apenas bem. Nada demais. Uma indicação ao Oscar é puro exagero nostálgico. Inclusive por diversas vezes ela some da tela, some da história.

Para nós brasileiros, fica a curiosidade de vê-la dançando a canção Malandro, na voz de Elza Soares.

Sophia Loren returns in the Neflix film 'The Life Ahead'

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