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(40)

Surpresa pra mim. Gostei demais de "The White Tiger", um filme de claro apelo popular, mas muito bem-feito. É a adaptação de um livro homônimo muito elogiado, muito premiado. Olha, por muito menos, vai ter filme aí indicado a Best Picture.

Vou começar com o que eu não gostei, e que vem claramente do livro. O tom, principalmente no começo, de redação de colégio apresentando a Índia do século XX. Toca em mil pontos da vida nacional, desde o Vale do Silício deles, até a industrialização por meio da terceirização de serviços, castas, desconfiança com muçulmanos, rivalidades com a China, problemas de saneamento, corrupção política sob disfarce do título de "maior democracia do mundo", até as dificuldades indianas em ganhar medalhas olímpicas (Pouquíssimas medalhas ao longo da História, mas no Japão isso vai mudar por completo, graças a sua incrível equipe de Tiro). Este tom de painel social nunca convém ser explícito. É melhor ser percebido.

Os atores estão ótimos, principalmente o protagonista Adarsh Gourav. O ritmo do filme, montagem, Design, Figurino, ual, adorei tudo. Não é o melhor filme do Ramin Bahrani, porque o magnífico "99 casas" é difícil de superar, mas é o seu segundo melhor filme da carreira. 

Acho que a canção que fecha o filme, "Jungle Mantra", do rapper indiano Divine e Karan Kanchan, tem chance de ser indicada ao Oscar. É muito boa, muito energética, e envergonha aquelas canções adocicadas costumeiramente indicadas. Vamos abrir a cabeça pra música do mundo. Vamos abrir a cabeça para o papel da India no Mundo.

Estamos agora esmolando vacinas. E, logo, logo, estaremos esmolando muito mais. Mesmo que eles não tenham esgoto.

Gostei bastante.

O Tigre Branco - Filme - Cinema10.com.br

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(41)

Agora a pobreza é na Itália de décadas atrás. "Feios, Sujos, e Malvados", 1976, de Ettore Scola, esta comédia de humor questionável. 

Surpresa nenhuma encontrar críticas severas a ele por parte de pessoas mais à esquerda, que não perdem um momento para militar. Como podem representar os pobres dessa maneira? Os favelados dessa maneira? Como associar o caráter odioso de todos os personagens necessariamente com o meio? Pois é, é possível. Olhem que demais a liberdade sem o cabresto!

Scola fez uma comédia cujo título é o resumo do caráter de seus inúmeros personagens. O registro de um casebre, em uma favela de Roma, em que os pais e os 10 filhos ( "Só um cientista para contá-los"), mais eventuais agregados, dormem no mesmo cômodo, se batem, transam incestuosamente, se xingam, se odeiam, se maltratam, traem-se...("Mas não são ruins, não, são selvagens" ). A degradação humana, como ambiente.

É engraçado, é horripilante, e é muito cinema. Tudo é muito bem filmado. "Cidade de Deus" certamente bebeu na fonte desse filme.

Melhor Direção em Cannes, 1976.

Feios, Sujos e Malvados - ( Brutti, Sporchi e Cattivi ) Ettore Scola |  Amazon.com.br

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(42)

Nos últimos dias, meus colegas gays têm me mandado perguntas e comentários empolgados a respeito de um filme brasileiro chamado "Vento Seco", de Daniel Nolasco, que foi exibido em Berlim no ano passado. Gostei também, mas por outros motivos que não os de meus colegas.

Primeiro, tenho que parabenizar pela escolha geográfica, Catalão, em Goiás. Acho demais quando o cinema brasileiro se embrenha país adentro, principalmente para filmar paisagens que não ganham a atenção costumeira. O Brasil rural é cada vez mais importante para a economia, e pra mim foi muito legal visualizar o dia a dia de uma indústria de fertilizantes. Colateralmente, o filme toca em questões de produção agrícola versus meio ambiente, proteção ao trabalhador, salários... Amei o universo: uma cidade onde impera a música sertaneja, uma cidade de festas agropecuárias, de botas e chapéus... Não é o mundo rural da "fazenda", é o mundo da "indústria rural", um passo além. Ver isso pra mim for maravilhoso!

Isso me leva a elogiar também a questão estética do filme. O protagonista é um trabalhador tão ensimesmado, tão fechado em si, um gay discreto, seco como o tempo da região, seco nas palavras e emoções, seco com seu namoradinho, que só quando sonha é que seu desejo realmente se liberta. Daniel Nolasco aproveitou a estética de Tom of Finland, um artista importantíssimo, que revolucionou a arte erótica, para embelezar os sonhos quentes do protagonista.

Tom of Finland, creio eu, foi quem criou essa ideia do "gay lenhador". Lá pelos anos 1940, 1950, o pequeno universo homossexual estava muito associado enquanto imagem à ideia do gay mais efeminado, maquiado, de aspecto cabaré... Até que esse artista criado na Finlândia, inspirado em sua região de floresta, ousou começar a desenhar homens rudes, fortões, de barba, musculosos, lenhadores, policiais, homens vestidos de couro brilhante (feitos no incrível lápis preto do desenhísta) etc...

No filme, a contenção do protagonista explode nos sonhos. E explode mesmo. Felações, sexo BDSM, e, pra fazer corar Gaspar Noé, Daniel Nolasco filmou, creio, o primeiro beijo de língua com sêmen do cinema convencional! Parabéns! Risos. Ou seja, crianças, não é um filme pra se ver com a família tradicional brasileira. Não posso dizer que as cenas de sexo sejam gratuitas, pois elas têm uma explicação narrativa, e uma explicação artística, do nível do design mesmo... Mas mesmo assim, diante de uma delas, até eu me perguntei se era realmente necessária...

Tirando essa parte polêmica de sonho, a parte realista do filme é trivial. Uma quase pueril história de amor. Um quarentão gay que não se assume, com um namoradinho mais descolado, vê, de uma hora para outra, seu mundo mudar, com a chegada de um novo trabalhador na fábrica: Um cara bem mais jovem, liberto, sem amarras, de cabelo descolorido, sem pensações geracionais, e começa a ficar enciumado, ao presenciar o inevitável encontro de época, e de corpos, dos dois mais jovens.

Ademais, parabéns ao Nolasco por colocar uma atriz Trans para ser uma das diretoras de RH da Fábrica, e assim dar ordens aos trabalhadores, bem como ser ouvida com atenção, e carinho pelos funcionários. Em termos de atuação, não gostei tanto assim da performance do ator principal, mas amei a da atriz trans, e a do ator coadjuvante que faz o seu namoradinho.

Um filme muito pesado, muito polêmico, muito importante - sem um tostão governalmental -  e que merece ser visto por aqueles que já tiverem preparo intelectual para chegarem até aqui.

274/2020 VENTO SECO – JÁ VIU?

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(43)

Teria que ficar o dia todo refletindo e escrevendo sobre "O Diabo, Provavelmente", de 1977, do mestre Robert Bresson. Muita coisa me passando pela mente... Um filme muito poderoso, realmente.

O personagem principal é um jovem niilista, que logo nas primeiras cenas, pela notícia de um jornal, saberemos que cometerá suicídio, para, logo depois, outra notícia, levantar a suspeita de que ele teria sido assassinado. O resto do filme é acompanhar esse jovem prodígio em matemática, descrente do rumo tecnológico do mundo, descrente das religiões ou da política.

Mas não acompanhamos só a ele, acompanhamos seu grupo de amigos, entre todos, duas meninas que são enamoradas por ele. Estes amigos tentarão animá-lo, bem como, mais preciso, salvá-lo de si mesmo, de uma cada vez mais provável tentativa de suicídio. Escondem, por exemplo, um vidrinho de veneno; ou então se apavoram quando ele demora demais em um banho de banheira. No final do filme, o protagonista irá ao psicológo, que também tentará, sem sucesso, dar um ânimo ao rapaz. 

Estou falando do teor do filme, mas como Susan Sontag bem me alertou para os filmes dele, o mais importante é a forma. As atuações são propositalmente sem vida, sem emoção; propositalmente sem parecença com o mundo do teatro. É até irritante testemunhar tantos bons personagens sendo executados de maneira tão glacial, neutra, anódina. Mas é assim que ele queria que fossem, "modelos de vida" em vez de atuações representativas.

Uma das coisas maravilhosas do filme é vermos o grupo de amigos pós-hippie. Estava-se no começo do Ambientalismo e no auge da luta contra a energia nuclear. O protagonista está na vanguarda disso. Em certo momento, discute com um professor de física sobre o suposto controle dos perigos da energia atômica (Como não pensar em "Movimentos Noturnos" de Kelly Reichardt vendo essa grupo de jovens proto-ambientalistas?). Em muitos momentos, Bresson intercalará imagens reais de poluição marinha, turbinas enfumaças de aviões, usinas despejando resíduos, e um terrível abate de filhote de foca...Mas a melhor dessas cenas documentais é a derrubada de um bosque presenciada pelo protagonista. Enquanto ouvimos o baque de diversas árvores, o protagonista colocará as mãos nos ouvidos, desesperado. No fim do filme, saberemos que o pai dele, um homem cada vez mais rico, trabalha com isso. Ou seja, o repúdio à agressão ambiental é também um repúdio ao pai.

É claro que o protagonista rejeita a política com solução para a vida. Este filme é de 1977. Pós-movimento hippie. Pós-maio de 68. Pós-"A Chinesa". Este filme de Bresson é quase uma reação, um vômito, de uma geração. Aquilo não deu certo.

Ao final do filme, saberemos se ele cometeu suicídio ou se foi assassinado. Mas já não importa mais. Melhor ficar com a cena que justifica o título. "Quem guia o mundo?"/ "O diabo, provavelmente."

Le Diable Probablement (*august and everything after) | Robert bresson,  Bresson, Movie posters

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On 28/01/2021 at 7:16 PM, SergioB. said:

(40)

Surpresa pra mim. Gostei demais de "The White Tiger", um filme de claro apelo popular, mas muito bem-feito. É a adaptação de um livro homônimo muito elogiado, muito premiado. Olha, por muito menos, vai ter filme aí indicado a Best Picture.

Vou começar com o que eu não gostei, e que vem claramente do livro. O tom, principalmente no começo, de redação de colégio apresentando a Índia do século XX. Toca em mil pontos da vida nacional, desde o Vale do Silício deles, até a industrialização por meio da terceirização de serviços, castas, desconfiança com muçulmanos, rivalidades com a China, problemas de saneamento, corrupção política sob disfarce do título de "maior democracia do mundo", até as dificuldades indianas em ganhar medalhas olímpicas (Pouquíssimas medalhas ao longo da História, mas no Japão isso vai mudar por completo, graças a sua incrível equipe de Tiro). Este tom de painel social nunca convém ser explícito. É melhor ser percebido.

Os atores estão ótimos, principalmente o protagonista Adarsh Gourav. O ritmo do filme, montagem, Design, Figurino, ual, adorei tudo. Não é o melhor filme do Ramin Bahrani, porque o magnífico "99 casas" é difícil de superar, mas é o seu segundo melhor filme da carreira. 

Acho que a canção que fecha o filme, "Jungle Mantra", do rapper indiano Divine e Karan Kanchan, tem chance de ser indicada ao Oscar. É muito boa, muito energética, e envergonha aquelas canções adocicadas costumeiramente indicadas. Vamos abrir a cabeça pra música do mundo. Vamos abrir a cabeça para o papel da India no Mundo.

Estamos agora esmolando vacinas. E, logo, logo, estaremos esmolando muito mais. Mesmo que eles não tenham esgoto.

Gostei bastante.

O Tigre Branco - Filme - Cinema10.com.br

Achei que o filme pecou na construção do protagonista. Acho que a virada foi mal construída e abrupta  Uma vez que ele era muito subserviente. Mas eu gostei do filme.

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The Little Things, 2021

 

Thriller de serial killer, muito bem feito, com três ótimos atores, Denzel Washington fazendo o policial veterano com questões mal resolvidas, Rami Malek, o policial jovem e competente e por fim, e deixei por último de propósito, o Jared  Letto, como o suspeito. O possível serial killer. Ele está muito bem, a cena do interrogatório na delegacia é muito boa. As tiradas, sempre em tom de deboche , um pouco de apatia deixaram o personagem muito bom. A caracterização e fotografia dos anos 90. Ficaram ótimas, o filme tem um incio promissor, senti falta de um embate entre Denzel e Malek, mas pena que o final deixe tudo a perder. 

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5 hours ago, Big One said:

Achei que o filme pecou na construção do protagonista. Acho que a virada foi mal construída e abrupta  Uma vez que ele era muito subserviente. Mas eu gostei do filme.

Não achei abrupto, ele foi sofrendo pequenas humilhações, até chegar naquela, a maior de todas.

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(44)

Leão de Prata em Veneza no ano passado, esperava muito de "Nova Ordem", do diretor mexicano Michel Franco, responsável por um dos filmes mais cruéis de se assistir, "Depois de Lúcia", de 2012.

É uma distopia, que registra o estopim de formação de uma Ditadura. Uma festa de casamento de elite, na Cidade do México, acontecendo indiferentemente a uma Revolta Popular - como se os ricos tivessem plena confiança de que nunca seriam atingidos - é pouco a pouco engolida pelo caos social. Os manifestantes, contra a Desigualdade, tomam a casa, e aproveitam pra roubar o dinheiro, as joias, as bolsas de grife. Afinal de contas, a cultivada inveja socialista, disfarçada de "Justiça Social", os legitima intelectualmente a fazê-lo. Porém, dá-se um contra-golpe, por parte dos militares, que, através das armas, rechaçam a revolução, e aproveitam para tomarem conta do pedaço também. A nova ordem, portanto, é a velhíssima ordem latino-americana.

A primeira meia-hora lembra a festa final de "Parasita", e é o melhor momento do filme, capturando a tensão crescente da situação. Mas depois a última hora é só um festival de violência gratuita, e sem construção dramatúrgica eficiente, a começar pelo desprezo com a figura da protagonista.

Esperava mais.

Nuevo orden (2020) International movie poster

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(45)

Anos tentando encontrar o documentário "ABC África" do gênio iraniano Abbas Kiarostami... Em 2001, ele parte para Uganda à convite de uma ONG, para mostrar o trabalho da Organização em ajudar à crianças com AIDS que ficaram órfãs. Na verdade, o documentário parece mais interessado num primeiro momento em se deslumbrar com a versatilidade das pequenas câmeras digitais, pois registram a criançada fazendo pose, rindo, cercando o cineasta. Aquelas imagens típicas de "boas-vindas" ao estrangeiro rico, e de capturar a "alegria" na pobreza. Uns 15 minutos disso.

É-nos contado que naquela altura existiam mais ou menos 1 milhão e meio de crianças sem pai ou mãe, vítimas da AIDS. E uma das consequências impensadas é a sobrecarga das avós. Algumas com 11 crianças para cuidar econômicamente, moralmente, educacionalmente...Por isso o papel da ONG, dirigido pelas mulheres do país, torna-se importante. A organização foi criada em meados dos anos 1980 para lidar com os órfãos da guerra civil, mas de repente, tiveram que mudar o seu escopo, por causa da pandemia do HIV. Homens quase não há no vilarejo, pois eles chegavam à meia-idade, frequentamente, pais de algumas crianças, mas portadores do vírus. Faleciam, e deixavam a tropa sem recursos.

O doc mostra o papel sempre ridículo das Igrejas pregando, em cartazes, a castidade e a virgindade, como formas de combater o vírus. É a cloroquina moral! Não se fala em cuidados sexuais em nenhum momento.

Pensando em termos de cinema, só há um vago lembrete da genialidade do diretor, que é quando a tela fica escura por quase 10 minutos, registrando o período noturno, quando a energia elétrica é cortada no humilde vilarejo. Mas a vida continua em mil sons.

Há uma atroz entrevista com um casal austríaco, formado por um médico e uma professora de finanças, que foram ao país adotar um garotinho. Com aquele ar de santidade, de cumprir uma atitude fashion meio em voga na época, dizem que a criança não pode pagar pelos erros dos pais, de resto desconhecidos. Eu, heim?!

Não gostei do resultado. Um ano depois, em 2002, entretanto, Kiarostami já entregaria outro "documentário", a obra-prima, o deslumbrante, o magnífico "Dez".

ABC Africa poster - Foto 1 - AdoroCinema

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Sweetness In The Belly é mais um daqueles dramas de refugiados africanos recomecando a vida na Europa, superando traumas do passado, etc e tal. A tentativa de mostrar o foco de parte dos refugiados é uma boa, mas cai terra abaxio quando a "refugiada" é a branquela Dakota Fanning. Ta, ela bem que se empenha mas nao rola..alem que o roteiro forca muito o choro em mais de uma ocasiao, tornando-se bem piegas e melodramático sem precisar. Mas vale pelo contexto cultural das comunidades safi na Inglaterra. Tive que assistir em duas sessoes porque o ritmo é de tartaruga manca.. entao ja viu. 7.5-10

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The Little Things é um razoável thriller policial que ta mais pra drama que qualquer outra coisa. Sim, o enredo bebe da fonte de Se7en até o sabugo da unha e o que mais chama a atencao é sua grande trinca oscarizada de atores principais. Destes, Washington e Leto se destacam de longe do "Freddy Mercury" Malek, fraquíssimo. Mas nem mesmo o empenho deles consegue dar o ar de filme genérico pra esta producao de excessiva (e desnecessária) duracao. Se eu nao tivesse assistido o clássico de Pitt com Freeman e Zodiaco quem sabe eu curtisse mais este filme. Creio que fui com muita sede ao pote. 7.5-10

Thriller The Little Things má trailer - filmserver.cz

 

On 1/31/2021 at 9:18 AM, Big One said:

The Little Things, 2021

 

Thriller de serial killer, muito bem feito, com três ótimos atores, Denzel Washington fazendo o policial veterano com questões mal resolvidas, Rami Malek, o policial jovem e competente e por fim, e deixei por último de propósito, o Jared  Letto, como o suspeito. O possível serial killer. Ele está muito bem, a cena do interrogatório na delegacia é muito boa. As tiradas, sempre em tom de deboche , um pouco de apatia deixaram o personagem muito bom. A caracterização e fotografia dos anos 90. Ficaram ótimas, o filme tem um incio promissor, senti falta de um embate entre Denzel e Malek, mas pena que o final deixe tudo a perder. 

o filme comeca ate bem mas depois se perde em muito blábláblá, perde o foco principal... Washington e Leto carregam facil o Malek no bolso.. e só!  esperava muito mais deste filme...cai do cavalo..

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(46)

Representente da República Tcheca no Oscar, "O Charlatão" é um razoável filme, apenas isso, sobre uma figura real, um herbalista que ministrava remédios populares, no período anterior a Segunda Guerra, e continuando depois no domínio comunista, ganhando respeito popular, e bastante dinheiro. Sempre acusado de charlatanismo, porém, creio, que o crime - para a nossa Lei Penal - seja "Curandeirismo", o personagem principal enfrentará acusações mais pesadas, de outra ordem. Aliás, talvez essa seja a única surpresa do filme.

O filme é dirigido pela polonesa Agnieszka Holland, que já viveu dias de mais sucesso; com sua indicação ao Oscar pelo roteiro de "Filhos da Guerra", ou pelo grande sucesso dos anos 1990, "Eclipse de uma Paixão". A direção é muito tradicional, com direito a flashbacks para retratar a vida do herbalista mais jovem apredendo os segredos das plantas com uma espécie de feiticeira; nada fora do compasso. A maior virtude é não apagar os defeitos de caráter do protagonista, que aqui não é um simples médico de traços populares, como muitos enquadrariam a história. Há dubiedade no caráter.

Não acho que chegará entre os finalistas de Melhor Filme Internacional. Não gostei muito.

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(47)

Simplesmente não gostei da história desse "the Little Things" / "Os Pequenos Vestígios". Não me disse nada. Não tem a surpresa de "Seven", nem o ar enigmático de "Zodíaco", suas claras referências em Fincher.@Big One citou a cena do interrogatório, e é a única que de fato gostei, pela quantidade de ironias. Jared Leto pra mim teve a melhor atuação, mas não justifica a indicação ao Globo de Ouro.

O final é particularmente terrível. Forçadão. Então é isso, pessoal, o personagem do Denzel não quer que o Malek tenha a mesma história familiar que a dele... É esse o foco do filme. Você que não percebeu, ficou distraído com o resto...

Imagine que o Clint Eastwood dirigiria esse filme!

The Little Things (2021) - Watch on HBO MAX or Streaming Online | Reelgood

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(48)

Ontem à noite, revi "A Lei do Desejo". Talvez as pessoas tenham se esquecido do que foi esse filme no Brasil no meio dos anos 1990. Ele é de 1987, mas só chegou no Brasil em 1995/1996, quase clandestinamente, pois tinha uma "pesadíssima" cena de Antonio Banderas fazendo sexo passivo. Era um alarido só nas locadoras...

Mais que sexo gay, a trama toda envolve o desejo quando...ultrapassado...quando sai da esfera da carne  e entra na esfera da psicopatia. Começa com ciúme, termina em assassinato. Mas há incesto, pedofilia na Ingreja...Há também a questão Trans, trazida à tela pela personagem da Carmen Maura...Ou seja, um filme muito à frente de seu tempo. Sem medo. Aqueles temas são até fáceis de identificar, mas existe um que me saltou à vista agora: O masoquismo! Nos quinze minutos finais, ficamos incrédulos com aquele "perdão sexual". Como pode o personagem de Eusebio Poncela se sujeitar aquilo? É que, aprendi lendo Freud, masoquismo é a virada do sadismo contra o próprio eu.

Tecnicamente, nota-se o baixo orçamento, tanto no som, quanto na Fotografia, até espelhando-se na qualidade dos cenários. Hoje um filme de Almodóvar é belíssimo como imagem visual. Historicamente, continua importante pra compreender sua filmografia. Há algo de "Matador", seu filme predecessor; há muito dos futuros "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos", "Ata-Me", "Má Educação"...

Primeiro filme dele com Rossy de Palma, em rapidíssima cena.

Rapidíssima aparição do diretor em cena Hitchcockiana.

Voz da nossa Maysa na trilha sonora. Anos depois, Caetano. Mas, dos brasileiros, primeiro foi ela.

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(49)

A trama de "French Can Can", de 1955, do diretor Jean Renoir, ao fim e ao cabo, não me interessou muito: Um empresário tenta fazer de uma lavadeira a estrela de seu renovado show, em um cabaré a ser chamado - cof cof cof -  Moulin Rouge. Parece legal, não é? Mas nem é tanto. Muitas coisinhas miúdas: ciúmes bobos de dançarinas, idas e vindas no amor, problemas financeiros do empresário...

O que enche os olhos são o Design e o Figurino, principalmente nos célebres 10 minutos finais, quando dá-se efetivamente o show de Can Can prometido no título. É como ver um quadro do pai do diretor, Pierre-Auguste Renoir, pai do Impressionismo, em movimento. É lindo! 

Todo um país foi encontrar nos cabarés, ou melhor, na música e na dança, a expressão artística de uma época.

Uma época que passou.

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The Last Right é um simpático road movie que pode ser definido como o Rain Man irlandês. No entanto, aqui a pegada é mais leve e sem a profundidade do filme do Cruise/Hoffman, apesar do filme ser referenciado mais de uma vez nesta producao indie. Matinê bem previsível com algum humor negro pra quebrar o gelo. As atuacoes tao ok, com destaque pro moleque autista, carregando resto do elenco no bolso facil facil. 8,5-10

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Lux Æterna é daqueles caóticos filmes bem metalinguisticos de filme dentro do filme onde se discute uma filmagem (de caca as bruxas) que se torna uma batalha campal entre toda equipe. Dá pra ver pois é um filme mais comercial do diretor, tem até humor corrosivo embora nao seja pra todos os gostos. O elenco manda bem e as tiradas isoladas aqui e ali garantem o interesse desta producao bem lisérgica em cores e sons. 8-10

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A Sombra de uma Dúvida (Shadow of a Doubt)

 1943 ‧ Noir/Mistério ‧ 1h 48m

 

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Peguei este filme aleatoriamente, só vi que era do Hitchcock e que era da década de 40, pronto, é esse! Um dos primeiros filmes do Hitchcock na terra do tio Sam. O filme conta a história de uma típica família americana, numa cidade pacata. Temos a jovem Charlie que, entediada, ela espera ansiosamente pelo tio Charlie, de mesmo nome. Ela venera o tio, o Tio cheio de presentes e de dinheiro, claro, esconde mistérios. Ficamos que ela esconde algo logo de cara, pois ele foge de dois homens no início do filme. Quando dois homens começam a investigar o tio Charlie o filme começa a ganhar contornos mais tensos.

Filme bem interessante, o filme engata quando a jovem Charlie começa a investigar o tio, a veneração dela, as vezes é exagerada. A cena onde ela descobre quem é ele e o movimento de câmera de afastando dela é muito boa. A dinâmica da família é boa, o pai que trabalha no banco, a irmã caçula e com tiradas espertas, o irmão mais novo sempre falando em números, tipo, a distância entre Loas Angeles e Nova York. E a mãe que faz tudo, trabalha e cuida da casa.

 

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7 hours ago, Jorge Soto said:

Lux Æterna é daqueles caóticos filmes bem metalinguisticos de filme dentro do filme onde se discute uma filmagem (de caca as bruxas) que se torna uma batalha campal entre toda equipe. Dá pra ver pois é um filme mais comercial do diretor, tem até humor corrosivo embora nao seja pra todos os gostos. O elenco manda bem e as tiradas isoladas aqui e ali garantem o interesse desta producao bem lisérgica em cores e sons. 8-10

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 Não consigo achá-lo por causa dessas letras do título, acredita?

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(50)

"O Amor em 5 Tempos" é o olhar de  François Ozon para uma relação amorosa, só que - surfando na onda dos anos 2000 ("Amnésia", "Irreversível") - de trás para a frente, narrativamente inverso. Do divórcio ao primeiro contato. O título original deste filme de 2004 é "5x2", cinco momentos na vida de um casal. Divórcio; Desencantamento com a vida banal; Nascimento do Filho; Casamento; Primeiro contato. 

Desse conjunto, interpreto que Ozon, pelo menos para mim, não teve pudores em apontar o mais culpado pelo naufrágil da relação. O cara, muito bem interpretado pro Stéphane Freiss, era um babaca, desde o começo. A narrativa inversa possibilita vermos como ele era descortês com a esposa, fraco em um momento decisivo, e até..repetitivo - pois lá no fim do filme, o vemos completamente desinteressado por seu relacionamento da época. Já Valeria Bruni-Tedeschi é uma atriz maravilhosa. Linda, linda, como não torcer por ela? Ficar do lado dela? Mesmo quando, em seguida ao casamento, seu personagem também faz uma grande merda?

A narrativa inversa possibilta encerrar o film e, e compreender o amor, com ironia. Vemos a felicidade em forma enamorada de pôr do sol. O amor começa e acaba.

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(51)

Na tentativa de emplacar Sophia Loren no Oscar de Melhor Atriz, a Netflix disponibilizou outros filmes dela, e colocou este curta de documentário, de 2021, que, por sua vez, também almeja uma vaguinha na respectiva categoria.

São apenas 32 minutos de uma relação ídola e fã. Uma velhinha ítalo-americana, muito fã da atriz, conta sua vida de família imigrante, enquanto há uma entrevista com a atriz explicando brevemente seus primeiros passos na carreira, por que não compareceu à cerimônia que lhe a estatueta, e por que se casou com o produtor Carlo Ponti tendo Carry Grant aos seus pés...Ao final do espelhamento de vidas, com um parâmetro falso de "igualdade", as duas se encontram.

É do diretor Ross Kauffman, ganhador do Oscar de Documentário pelo inesquecível "Nascidos nos Bordéis". "O que Sophia Loren Faria?" é um doc simpático, que, na verdade, não tem nada de mais. Pura encomenda.

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(52)

Conferi o candidato de última hora da Netflix, "Malcom & Marie", do diretor Sam Levinson. Se nem seu pai espiritual, "Quem Tem Medo de Virginia Woolf ", da pena do fantástico Ernest Lehman, ganhou prêmios de Roteiro - tendo ele de se contentar com um Oscar Honorário - confesso que não esperava muito do jogo de palavras deste filme. Mas me surpreendi, eu gostei do conflito proposto. O irônico é que a história é sobre um diretor inseguro com a opinião alheia, e é exatamente assim que o filme resulta na vida real.

O filme é só diálogo entre o jovem casal, lembrando que o clássico de  1966 e, por que não?, o recente "Marriage Story", tinham personagens coadjuvantes, para dividir a atenção. Neste filme, depois da terceira briga, eu já estava de saco cheio dos dois. Que dirá na quinta, sexta briga...

Contudo, pra mim, o maior problema é o visual de comercial de perfume. Não gosto de filmes com um design assim, "superbonito", tão bonito que me parece falso, calculado demais. 

Pontos altos: Em segundo, a cena da briga, com Zendaya na banheira. Em primeiro, a cena sobre autenticidade, ao final. John David Washington está muito bem, mas é ela quem tem a tarefa mais complicada. 

Acho que Zendaya tem sim chance de entrar em Melhor Atriz, embora não tenha sido nomeada no SAG. 

Amei a trilha sonora, com minha música preferida de John Coltrane embalando as pausas...

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(53)

Na madruga, revi o extraordinário "A Negra de ...", do pai do cinema africano, o senegalês Ousmane Sembene. O filme (um média-metragem, 59 minutos) de 1966 rivaliza com qualquer outro que se faz hoje em dia. É pai de "Roma", pai de "Que Horas ela Volta?", por exemplo.

Uma garota de Dakar é escolhida, em uma praça de mulheres candidatas a criadas (quae um mercado negreiro), para trabalhar como babá dos filhos de um casal francês. Levada à Antibes, no litoral sul, ela viverá praticamente como uma escrava doméstica do casal, fazendo de tudo, enquanto, através do off, saberemos como conheceu o casal, como era sua vida no Senegal, e saberemos da sua solidão na Europa.

A inteligência do roteiro e da câmera impressionam. Até mesmo o design do apartamento, com eletrodomésticos e móveis em branco, funcionam para realçar a pele negra da atriz, e seu deslocamento de mundo. É um corpo estranho ali, longe da sua família, da sua terra, da sua cultura. 

Em alguns momentos, ela se lembrará do namorado que ficou na África, e podemos perceber por um poster na parede que ele é um admirador de Patrice Lumumba, um dos heróis da descolonização do Congo e do pan-africanismo. Ele a alerta para o perigo de virar uma escrava. E é isso que acontece. Uma vez desembarcada, só conhecerá da França o interior do apartamento. Terá que cozinhar, terá que limpar, lavar roupas, uma extrapolação de tarefas, algo além do combinado.

Que coisa maravilhosa foi eu descobrir que essa atriz, Mbissine Thérèse Diop, apesar de ter feito pouca coisa depois do filme, interpreta a tia de "Mignonnes"/"Cuties"/Lindinhas", o extraordinário filme do ano passado, que está na Netflix, que os bolsonaristas quiseram censurar. Mais um ponto a favor do filme.

Os minutos se passam, e descobrimos que a jovem é analfabeta. Com pena, percebemos que ela está emagrecendo, se abatendo emocionalmente, se deprimindo. Cansada de receber ordens, e de ser sutilmente humilhada, decide dar um basta na situação. Um doloroso basta.

Espetacular.

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(54)

"Troll 2" é um sucesso da DreamWorks, principalmente entre os brasileiros. No restante do mundo foi pra aluguel, no Brasil arriscaram as salas dos combalidos cinemas.

A trama gira em torno de uma briga entre estilos musicais; com os trolls roqueiros, claro, fazendo os vilões; desperta identificações fáceis no público, com o mundo do sertanejo, com o mundo do jazz, com o mundo do eletrônico, todos muito divertidamente caracterizados, embora leve a um final previsível: A óbvia união de todos os estilos em nome da música. O recado é de tolerância com o gosto alheio.

Muito colorido, muita textura, talvez infantil demais...Mas é divertido.

Esperava-se que a canção de Justin Timberlake , "Just Sing", aparecesse entre as 5 indicados no Oscar, bem como o filme aparecesse em Melhor Animação. Creio que o filme tem mais chance do que a canção - que não é grande coisa.

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(55)

Por anos adiei ver a adaptação cinematográfica de "O Filho Eterno", pela razão de que amo o livro, da lavra de um dos maiores escritores do Brasil, o catarinense Cristovão Tezza. Mas a Netflix o disponibilizou, e eu tomei coragem.

Achei muito boa e muito respeitosa a adaptação. O livro é melhor, claro, mas o filme conseguiu manter a sensação de que não se trata de abordar a figura de um filho com Down, mas da construção não imediata da figura de um pai. Notei, porém, uma modificação quanto ao livro, logo no meu momento preferido, que foi o de maior impacto para mim, quando o pai, no livro, entra pela primeira vez em uma sala de fisioterapia para crianças com Down. No filme, deixaram a visão, num primeiro momento, chocante, para Débora Falabella. Mas a vida quer da gente coragem, e os pais seguem em frente, e logo a situação nunca imaginada se torna...comum. Encara-se pelo que ela é; as coisas como são. Marcos Veras deu conta do difícil papel, ainda que se poderia ter pensado em um ator mais circunspecto.

O diretor indicado ao Oscar (sim, por um curta Live Action, na década de 1990) Paulo Machline fez um bom trabalho no geral, tanto com os atores, quanto com os elementos técnicos. É um filme doce, enquanto o livro é mais duro, pois investe mais no significado desse "eterno", a extenuante dependência que se prolonga no tempo. Mas mesmo assim, a essência foi mantida. É raro vermos trabalhos sobre a paternidade.

Gostei.

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(56)

Pré-selecionado ao oscar de Melhor Curta de Animação, essa produção 2d da Netflix, "If Anything Happens I Love You", emociona com seus traços simples, quase esferográficos, contidos, e de pouca cor.

Conta a história de um casal deprimido, que, aos poucos compreendemos, perdeu sua filha. A lembramça dela é como uma sombra na casa, na coisas, no gato, nos relacionamento deles...Eu estava amando, até que o doc resolve sublinhar, enfatizar, aquilo que - sem palavras, não há palavras - já tínhamos percebido: a causa da morte da filha. E que inteligentemente justifica o título. Então, sem razão nenhuma, o doc se arrasta por mais 6 minutos, uma outra metade, em direção ao passado, de modo desnecessário, e de menor força.

É rebarbativo, mas tem muita chance de levar a estatueta. Pelo que pesquiso, seria hoje o favorito. Seria a primeira indicação dos dois diretores.

12 minutos.

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