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(57)

Pré-selecionado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, "Sun Children"/ "Crianças do Sol" é o novo filme do grandíssimo Majid Majidi, de quem já resenhei alguns filmes por aqui...Mais uma vez, um filme com crianças, um filme em uma escola, mas desta vez num Irã urbano, citadino, longe do campo, ou das montanhas. E sem nenhum cego. Apenas a presença de um senhor mudo. 

Três pré-adolescentes, envolvidos em pequenos furtos, são arregimentados para algo maior, localizar e pegar um tesouro, que se esconde debaixo de um educandário para jovens carentes. Logo, eles precisam entrar na escola, voltar a estudar, e, assim, ter acesso aos porões e subterrâneos do prédio.

A ideia é fantástica. Mas acho que ficou muito no ar essa contraposição entre o "tesouro" que está em cima, a educação; e o tesouro dos homens, que está por baixo, o dinheiro fácil. Isso não ficou evidente. Muita gente vai mais é ressaltar a força dos garotos para fazer de tudo para sobreviver...Não é por aí...A educação é que é o tesouro. O filme, portanto, perde o foco no que era importante, para tentar ser aventureiro.

Porém, o ato final, em que o líder dos meninos (o ator foi premiado em Veneza), se aproxima do tesouro, e estampa o cartaz, é, como de hábito, muito bem filmado, e tenso.

Sendo, entretanto, fã do diretor, esperava mais. De mais curioso para mim, foi mostrar o preconceito dos iranianos com as crianças de origem afegã, numa escala ainda mais precária de vida.

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(58)

Dia muito corrido, então só tinha tempo pra um média-metragem, e fui com "Medo e Desejo", de 1953, do Kubrick, filme detestado pelo próprio autor, a ponto de querer excluí-lo do currículo por considerá-lo amador.

É um drama de guerra, que faz pensar o quanto as pessoas odiosas simplesmente não têm consciência do quanto são odiosas. Os quatro soldados agem de modo vil o tempo todo, seja com o cachorro, ou com a mulher (Virginia Leith), ou com os adversários. 

Nota-se que Kubrick (que assina direção, montagem, e fotografia) ainda tinha uma mão não adestrada para a Montagem, com os contra-plongée muito "pesados", inseridos de modo muito pronunciado na narrativa. Mas eu gostei de alguns lances da Fotografia.

Dos atores, Paul Mazursky está muito bem como o militar que perde a cabeça. Já podemos ver a semente de loucura na cena do "banquete", com seu olhar atônito na mesa.

Porém, o filme dá uma caída gigantesca na parte final.

Um embrião de "Nascido para Matar".

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Bliss é uma scy-fy dramática que tem até uma boa premissa porém é bem mal executada. Sao muitas idéias jogadas na tela que mais confundem que esclarecem a parada... eu entendi, mas custou ao final relacionar tudo! A cena final ja deine o filme. Outra, o casal principal Salma Hayek/Owen Wilson nao tem quimica alguma embora suas atuacoes estejam ok. É aquele filme com boa idéia mas mal narrado. Podia ter sido um filmao, mas ficou no meio termo bem genérico. Bola fora do diretor do ótimo I Origins.. 8-10

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Wander Darkly é um bom thriller dramático com uma questao sobrenatural/fantasia no meio. Na verdade esta producao indie é um filme sobre "discussao de relacionamento" mas sua embalagem é seu grande diferencial. Uma espécie de Amnésia sobre um casal em crise. Pode ser confuso mas o ponto forte é seu roteiro e montagem, pois as transicoes de cena sao extremamente inventivas. As atuacoes estao ok, com destaque disparado pra Siena Miller. Com reviravolta final aceitável, eis um indie bem relacionável com publico. 9-10

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(59)

"N`um vou nem falar nada!!!"

Nunca é demais arranjar um tempinho pra apreciar a maravilha que é o cinema de Shôhei Imamura, que, geralmente, apresenta obras de fôlego, extensas, mas, a cada minuto, nos satisfazem mais e mais. Este "Vengeance is Mine"/ "Minha Vingança" de 1979 é assim. 

Aqui, a vida de um serial Killer japonês da vida real. Começamos o filme com ele a caminho da prisão, rindo de sua condenação à pena de morte, frio, insensível, "sem coração", como o caracterizam. Imamura sem cair em psciologismos, volta à infância dele, para conhecermos seu pai, um cristão fervoroso, que é esbofeteado no rosto na frente dele, pela guarda imperial. E não reage. Este episódio de humilhante covardia do pai é o que pode tentar explicar o título "Minha Vingança", pois sua futura série de assassinatos, será, por assim dizer, uma vingança inconsciente contra o mundo. 

O garoto crescerá rebelde, indisciplinado, sem letras, e se envolverá, jovem, continuamente com prostitutas. Irá preso, e depois virá o primeiro assassinato. Aos poucos, os crimes vão acontecendo, sem ordem, sem por quês. Casa-se. Mata. Foge. Leva uma vida de disfarces, com a polícia em seu encalço. Enquanto isso, seu pai e a nora vivem surpreendentemente em romance. É aí que o gosto por registrar o baixio das relações humanas, característico de seu cinema, começa a aparecer.

Sexo com palavrões; sangue; sujeira; depravações; uma idosa (ex-assassina) torna-se sua nova sogra e tem o gosto de testemunhar os clientes com as prostitutas do bordel que comanda, onde o assassino irá morar. Muita coisa acontece. É muito enredo. Tudo é muito interessante e cativante, pois não é um filme "policial", é um estudo de personagem. Como uma pessoa tão vil como o protagonista pôde existir?

No final antológico, nem a terra e nem os céus vão querer receber os restos mortais deste sociopata.

Sublime!

Vengeance Is Mine, Shohei Imamura | japan-experience.com

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(60)

Anh Hung Tran explodiu para o mundo com "O Cheiro da Papaia Verde", ganhou Veneza com "Entre a Inocência e o Crime", mas neste seu terceiro longa, de 2000, "As Luzes de um Verão", digamos que seu estilo, ou sua fórmula, já estavam mais cansados. Nos anos 1990, o diretor vietnamita conseguiu chamar a atenção do mundo para um cinema em que o assunto é o banal cotidiano. Os enredos poucos importam, importam a ambientação, o clima, a sensação de calor dos trópicos, a preparação culinária, os jardins úmidos, as janelas abertas das casas... Será isso o cinema?

Neste filme, a proposta é contar a história de três irmãs, muito próximas umas das outras, que ainda têm um irmão mais velho. Eles se reunirão no dia de aniversário da morte da mãe, para "celebrarem" a ocasião, dividindo memórias e, aos poucos, dividirem pequenos segredos.  É quase um "Comer Beber Viver", do Ang Lee, mais espiritual, desossaado.

Os tais segredos são pequenas traições em seus casamentos, uma vida dupla de um dos maridos, e a irmã menor que vive em uma leve tensão de incesto com o irmão. Dormem na mesma cama, despertam com Lou Reed, dançam, e ela projeta em um namorado as virtudes do irmão. Fiz parecer mais interessante do que é, juro. A trama mal existe. O final é daqueles de deixar o espectador comum chocado, perguntando-se "Acabou o filme? Acabou o filme, aí?"

A pergunta ontológica, no entanto, continua pertinente: Será isso o cinema?

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(61)

Pré-selecionada para o Oscar de Melhor Canção, "Husavic" ("My Home Town"), desde o comecinho da temporada, foi cotada como uma das possíveis indicadas na categoria, levando a comédia de Will Ferrell, "Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga", inacreditavelmente ao Oscar.

Só por isso, assisti ao filme. Eu gosto muito do humor dele, muito. Mas em doses homeopáticas. Uma participação em um filme ali, uma entrega de prêmios (no qual ele sempre arrasa) acolá, mas duas horas é muito...Este filme, particularmente, se estica demais. 

A tarefa de vê-lo foi mais fácil por causa de Rachel McAdams, superfofa, leve, doce, que é muito boa atriz. É meio grosseiro apontar essas coisas, mas estou ficando preocupado com a verruga da bochecha dela. A cada filme, está maior. Só menciono isso porque está chamando a atenção por demais...Está enorme! Neste filme, em particular, ela usa menos maquiagem, até pra mostrar a naturalidade das pessoas da Islândia...Louvo essa disposição.

O filme tem momentos engraçados, mas, como mencionei, se estende demais. A canção postulante aparece ao fim, no clímax do filme, e é uma balada pop de importância capital na narrativa. Não é algo agregado aos créditos, simplesmente.

Tendo dúvidas se conseguirá chegar até as 5 finais.

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(62)

Pré-selecionado para o Oscar de Curta de Animação, "Burrow"/"Toca" é o concorrente da Disney/Pixar deste ano, tendo sido atrelado a "Soul". É dirigido e roteirizado por Madeline Sharafian, e foi feito em 2d, e com um quê de aquarela no desenho, o que nos remete a produções antigas.

Sem uma única palavra, acompanha uma coelha construindo sua toca - seu lar doce lar. Porém, ela vai perceber que está rodeada de vizinhos: outros animais de hábitos subterrâneos, como formigas, toupeiras, outros roedores, e tentará fugir deles, cada vez mais para baixo, cada vez mais para longe, até que precisará de ajuda.

Achei muito bem sacado isso. Hoje em dia, cada vez queremos menos barulho, cada vez menos vizinhança, estamos horizontalizando as cidades, indo para cada vez mais longe do centro, e o filme captou essa tendência, intensificada com a pandemia. Mas a coletividade também tem suas vantagens. Pode ser bom.

Roteiro excelente. E muito fofo.

6 minutos.

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(63)

"O Ladrão de Cavalos", de 1986, do chinês Zhuangzhuang Tian, foi tido por Martin Scorsese como o melhor filme dos anos 1990. Embora ele seja  dos anos 1980, só chegou ao mercado internacional em 1996. Efeito da abertura lenta da China. Sem coincidência nenhuma, em 1997, Scorsese faria "Kundun".

O foco é em um comunidade agrária tibetana lidando com as vicissitudes do plantar e colher. O protagonista é um ladrão de cavalos que, premido pelas necessidades de sua família, um filho doente, e outro a caminho, assalta uma comitiva do templo. É então expulso pela comunidade, sob pena, de, se regressar, ter suas mãos cortadas. O interessante é que nesse sistema, o ladrão não é exatamente um pária. É, como dizer, parte da engrenagem social. Somente quando atenta aos religiosos, é que sua pena é estabelecida.

Fiz parecer uma história saborosa...Gente...mas quase nem tem diálogo...É um script totalmente imagético, escondido. Quem entendeu entendeu, quem não entendeu ficará a ver navios...O que sobressai é a "cor local", vermos as tradições religiosas, as paisagens, a tenda dos camponeses, a dureza do plantio, a chegada de uma praga devastadora...Principalmente, fica pra mim, a dificuldade primeira do homem: alimentar-se e alimentar-se aos seus. Uma necessidade tão básica, que, mesmo o ladrão roubando os cavalos, é "aceitável", frente às necessidades. Roubar para comer, sim - insinua o filme. 

Duas cenas atrozes: o enterro em uma cova das cabras não atingidas pela praga. Enterro com elas vivas, se me fiz claro. Uma coisa dantesca. E o degolamento de outro animal para um sacrifício. Um absurdo em nome do cinema.

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(64)

A categoria de Documentário - vocês já sabem - é a minha preferida no Oscar. Normalmente, as 5 produções indicadas são melhores do que vários concorrentes a Melhor Filme. Este "Welcome to Chechnya" deve estar nas cabeças da categoria, pelo registro de verdadeiros heróis! Não tem outra palavra.

Acompanha-se um grupo de ativistas, ou "heróis" da Rússia, que tentam resgatar pessoas da comunidade gay da muçulmana Chechênia, e enviá-los para fora do país. A razão é que está havendo, desde 2017, uma sigilosa perseguição aos gays naquela região do Cáucaso, patrocinada pelo líder radical da região, um dos apoiadores de Putin.  Gente...as imagens são impressionantes! Dentro do doc, vemos imagens reais de espancamento, tortura física, e até um estupro, gravadas em celular. As famílias são estimulados pelo Estado a matarem seus familiares gays. Não se poupa ninguém. Um dos maiores cantores pop da região encontra-se desaparecido. A homofobia atinge até os héteros, pois as famílias e amigos são ameaçados pelas autoridades. Uma coisa abominável!

Não só o tema é importantíssimo, mas a forma também é cinematograficamente cativante. Para não expor as vítimas, conseguiu-se um efeito visual digital que altera de maneira muito eficiente os rostos e as vozes delas. Não fica algo "montado", é bastante natural. Tanto que o doc está cotado para ser indicado a Melhor Efeitos Visuais no Oscar, algo inédito para a categoria. Ao final, contudo, teremos uma (nem tão) surpresa maravilhosa! O único defeito para mim é a trilha sonora, que é mutio denotativa de um clima de perigo. Não precisava dramatizar o que já é dramático.

O diretor é David France, indicado ao Oscar pelo ótimo "How to Survive a Plague", e conhecido também pelo igualmente ótimo " A Morte e Vida de Marsha P. Johnson".

Excelente.

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La Llorona é um filme guatemalteca descrito como terror mas ele flerta mais com realismo mágico que o terror propriamente dito. E nisso ele cumpre bem sua funcao de denuncia da ditadura e seus pecados. Longe daquela tranqueira Maldicao da Chorona, este aqui é mais pesado e muito mais contundente que aquele terrorzino mequetrefe da franquia The Conjuring justamente pela temática. A ambientacao (a casa dum general), os diálogos e as atuacoes sao o forte deste longa. Ah, e a cancao dos creditos finais é linda, da estupenda Gaby Moreno. 9-10

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The Map of Tiny Perfect Things é mais um filme que pega carona em loop temporal e gente presa num único e repetitivo dia, coisa que o Feitico do Tempo ja fez muito melhor. É legalzinho e tals, mas o tema ta tao saturado que nao da pra imaginar no clássico do Bill Murray e nos recentes Palm Springs, A Morte te dá Parabéns e Contra o Tempo, filmes que até sao mencionados no longa. Aqui até tentam dar uma diferenciada melodramática no tema, mas ele no geral nao sai da mesmice, feito o filme. Ah, os protagonistas principais tambem nao ajudam.. a menina ok, mas o moleque é muito sem sal. 7.5-10

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(65)

Mais uma pérola de documentário; provavelmente um dos indicados ao Oscar, com a chancela Netflix por trás, "Dick Johnson is Dead" é muito criativo e emocionante.

A cineasta Kirsten Johson simula a morte de seu adorável pai de oitenta e alguns anos - um psicanalista, muito gente boa, e carismático - para ir já se acostumando com a ideia, à medida que assistimos ao lento degradamento da memória dele pelo Alzheimer. Um documentário de comédia, ora vejam, e sobre um tema que tinha tudo para cair no chororô

É muito criativo, divertido, e inteligente. Mas não seria nada se não fosse a figura nobre e encantadora do pai, e na sua enorme disponibilidade em pagar vários micos para ajudar a filha cineasta.

Merece todos os vários prêmios que têm ganhado, entre todos, o NBR. 

Amei.

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(66)

Assim como meu colega @Jorge Soto, vi recentemente o candidato da Guatemala ao Oscar, "La Llorona", de Jayro Bustamente, diretor do ótimo "O Vulcão Ixcanul", que quase chegou ao prêmio.

Não tem quase nada de "Invocação do Mal", é mais uma ressignificação sobre a lenda. Faz-se uma alegoria política sobre o passado militar latino-americano, que é mal-resolvido em muitos países, com cadáveres, em uma palavra, insepultos. 

Acompanhamos a figura de um general em vias de ser julgado por genocídio contra uma comunidade étnica daquele país, e que começa a entrar em contato com os desvarios da mente, ou talvez com fantasmas do passado. É um filme lento, crítico ao Estado, crítico ao sistema de justiça, e que conta com o rosto e cabelo marcante de María Mercedes Coroy, que esteve em "Ixcanul" também.

Por mim, gostaria de mais terror, terrorzão mesmo, não só "realismo fantástico", como bem distinguiu o Soto. Seria legal demais ter um representante assim no Oscar de Filme Internacional.

Em todo caso, bom filme.

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(67)

"Antes da Revolução", de 1964, é apenas o segundo filme de Bernardo Bertolucci, aos 22 anos, mesma idade que imputa ao protagonista. Ele é um cara da burguesia com sentimentos comunistas, um precursor dos nossos "socialistas de Iphone" de hoje em dia. Em permanente conflito existencial, entre suas origens e o que aprendeu nos livros e com um professor, sua crise aumenta quando um amigo falece. E a confusão mental aumenta quando sua tia milanesa, de idade semelhante, chega para morar em sua casa em Parma. A transgressão econômica que não consegue eclodir virá transformada através do sexo com ela, em uma paixão esquisita e proibida.

Tenho que confessar que até os 45 minutos não estava gostando nada. Tudo era muito confuso e caótico, talvez como a cabeça do protagonista. Mas depois comecei a entender o filme e a admirar alguns lances. Primeiro o título: é "Antes da Revolução" porque, segundo uma fala, os jovens intelectuais de esquerda estão sempre à espera de um estopim que nunca vem - embora não faltem motivos. Estão sempre "antes", ansiando por alguma mudança na estrutura, mas poucos, como se ressente o protagonista, protestam efetivamente contra o que acontece em Angola, ou quando um negro é morto no Alabama. 

O cinema, a arte revolucionária daqueles tempos, também não o comove. Vai ao cinema, mas não entende o que vê. Um amigo, cinéfilo, vibra com "Uma Mulher é Uma Mulher" de Godard, e tece loas a Hawks, a Rossellini, a Nichoals Ray - não à toa, os queridinhos da Nouvelle Vague, movimento do qual o filme puxa muitos elementos também, principalmente no que tange à montagem, notadamente na brusca primeira parte.

O conflito amoroso não me pareceu muito bem elaborado. A tia foge do rapaz, e ele se casa - ora veja, ora veja como as coisas são - com uma belíssima moça da alta burguesia. É o que sempre acontece na vida real, aqui em Minas Gerais, também, 60 anos depois. Meus amigos esquerdistas riquíssimos deram festas fantásticas ao se casarem com pessoas do mesmo patamar social. É curioso.

Um filme a preto-e-branco, mas que, em certo momento, fica colorido, por um breve momento, quando o protagonista quer que vejamos as coisas de outra maneira.

Acabei gostando bastante do meio para o final. Bertolucci era, realmente, um homem muito inteligente.

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Monster Hunter é um filme de monstro ruim mas que tem uma ou outra coisa que preste apesar de tudo. O problema é o roteiro que ja joga tudo logo no início sem dar muitas explicacoes, estilo Predadores, sem falar nos personagens sem carisma e pelos quais nem nos importamos. Nao conheco o jogo que lhe deu origem por isso o avalio como filme mesmo, onde flerta com terror, survival e comédia, so prestando nestes dois primeiros quesitos. A Milla sempre manda bem como badass mas o problema é mesmo o roteiro e a montagem, que faz deste filme impecável tecnicamente, apenas diversao mediana. 7/10

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Police Night Shift é um drama policial que comeca bem, prometendo bastante mas que se desenvolve de forma apenas razoável. Retrato carinhoso, irregular e inverossímil de policiais parisienses sob fogo cerrado, a diretora mostra pouca experiência no ramo, flertando entre cinema autoral com o de massas. As atuacoes sao o melhor, onde cada um dos atores consegue dar tudo de si, mas de nada adianta se a direcao nao colabora em dar destaque a estas poderosas interpretacoes. Outro ponto positivo é a embalagem, sao quatro estórias que se juntam no final, estilo Crash.  8-10

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(68)

"N`um vou nem falar nada"!!!

Quinto filme dos irmãos Dardenne, "O Filho", de 2002, tem a estratégia de acompanhar o protagonista por todos os lados até esgotá-lo intimamente, estratégia de todos os filmes deles, e o resultado é, como sempre, estupendo. Pablo Villaça, nosso guru, chama de obra-prima. Não à toa.

Soberbo como câmera na mão, como realismo inseparável do protagonista, como exemplo de crueza ( não há rococós, não há trilha, não há "Fotografia" embelezadora), como cinema documental. A câmera sempre ou no rosto, ou mais ainda, na nuca do protagonista. Aliás, que atuação do belga Olivier Gourmet, prêmio de Melhor Ator em Cannes. Nos primeiros 30 minutos, pensamos que talvez esse competente carpinteiro/professor de carpintaria encubra algum segredo da ordem da pedofilia. É uma figura fechada, comum, mas perceptivelmente assombrada por algo. Só aos 32 minutos saberemos a razão. E o filme muda totalmente de natureza.

 O tema social, da realibitação social de jovens infratores, é abordado de maneira não publicitária, ou sem o aspecto (religioso) da compaixão. É algo racional, ou irracional, que o move, que o leva a ensinar sua profissão àqueles garotos, como um professor Miyagi, de "Karatê Kid", da marcenaria, devastado pela dor.

Extraordinário.

Meu ranking irmãos Dardenne:

1) "Rosetta";

2) "Dois Dias, uma Noite";

3) "O Filho";

4) "O Silêncio de Lorna";

5) "A Promessa"

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(69)

Presumo que "Time", da diretora Garrett Bradley, seja o favorito ao Oscar de Melhor Documentário. Muitas virtudes realmente, principalmente virtudes de raiz cinematográficas mesmo. A Fotografia é tão cuidadosa que parece um filme do David Fincher. A Trilha Sonora, muito melódica, clássica, fui pesquisar, é de uma freira pianista etíope, que viveu encarcerada durante alguns anos na guerra (ou seja, ainda "rima" com a história). De todos os aspectos técnicos excelentes, a Montagem faz o trabalho mais difícil costurando imagens de várias épocas, de uma forma muito fluida, inteligente, circular... Aliás, os arquivos familiares dos anos 1990 e início dos 2000 contribuem demais para o trabalho da diretora. Engraçado, eles até mesmo se parecem na forma de filmar; igualados em textura pelo preto-e-branco.

A diretora optou por fazer uma abordagem lírica, íntima, familiar - e quase religiosa - do encarceramento exagerado de negros pobres nos Estados Unidos. O que "13ª Emenda", doc da Ava DuVernay, tinha de racional, argumentativo, acadêmico-estatístico, este aqui não tem. Felizmente ou infelizmente, eu gosto mais de documentários naquele feitio. Não que "Time" não seja político, é lógico que é, a protagonista em certo momento se diz uma "abolicionista"; ela e a família veem a condenação à prisão por 60 anos (!!!) do marido (sem livramento condicional, seu "sursis",sem fiança) como uma continuação punitivista da escravidão. Porém, predomina, o lado emotivo do filme. O registro até meio "gospel" da resistência daquela mulher e de seus filhos, para permanecerem unidos como família.

O que eu gostei muito foram dos últimos 5 ou 4 minutos, incrivelmente belos e tocantes. Deu aula para "Tenet"!

Vencedor no NBR e de Los Angeles, entre muitos outros prêmios na temporada.

 

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(70)

Diversão legítima, uma delícia de se assistir, " I Care a Lot", é um suspense com doses de comédia disponibilizado pela Netflix ontem, e filme número 1 no Brasil neste momento.

Rosamund Pike, indicada ao Globo de Ouro, está magnífica! Deita e rola, na psicopatia! Ela tem conseguido bons papéis em filmes menores, como heroínas ou figuras históricas, mas ela parece ter nascido para fazer vilãs.

O roteiro do filme traz muitas coisas "viajadas" do ponto de vista jurídico, sendo necessária muita suspensão da descrença, mas se você compra a ideia, o filme é muito legal.

Adorei.

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Breaking Surface é um agoniante survival sueco bem competente. Imediatamente lembrei do bacanudo indie 12 Under Feet (aquele das teens presas numa piscina olimpica) e do laureado 127Hrs. É direto e enxuto, e nao bastasse com protagonistas femininas destilando suas neuras e nóias em representatividade.. As atuacoes sao ok e as locacoes de cartao-postal sao de impressionar, dai fica a dica que os nórdicos tao aprendendo bem os clichês americanos deste tipo de filme, e fazendo muito melhor. No final ficam algumas pontas soltas, principalmente no que diz respeito a mae da protagonista, mas o resultado é positivo sim. 8.5-10

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The Reckoning é um thriller de época que vem sendo detonado mas tem seus méritos apesar de parecer ter sido dirigido por um principiante e nao pelo foderoso Neil Marshall. A analogia da peste com a Covid é imediata, porém rasa.. resta um filme de survival ou thriller de vinganca de época, no caso de uma "bruxa" condenada injustamente, que dá pro gasto. É preciso muita suspensao da descrenca pra muitas cenas, mas se o longa se levar como filme B consegue entreter. Resumindo, um filme inferior aos foderosos Abismo do Medo e Dog Soldiers, porém superior o recente remake medonho Hellboy, onde a gente se pergunta se todos os filmes realmente foram feitos pelo mesmo diretor. 8-10
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(71)

Terceiro filme da série, sucesso Netflix, "Para Todos os Garotos: Agora e para Sempre". Nossos pré-adolescentes, principalmente as meninas, mereciam ser tratados com mais inteligência. É um filme assumidamente comercial? É. Não precisava ser "Oitava Série", mas é incrível como a intenção não revelada é continuar a treinar as meninas para serem "princesinhas", cujo maior dilema é saber se estudará em Princeton, Standford, ou em Nova York, perto ou não do namorado. É este o conflito. É uma vergonha como tema.

A vietnamita Lana Condor, com seus vinte e três anos; (O carismático) Noah Centíneo, com seus vinte e quatro; amparados por "adolescentes" como Ross Butler, de trinta anos; não interpretam ninguém, são apenas portadores de uma imagem, de uma função narrativa, para as fantasias dos jovenzinhos sobre o que é o amor, um amor - vale dizer - virginal.

No campo do visual, tudo é fofo. Tudo é bonito. Tudo é novo. Tudo é descolado. E tudo é falso.

Se pelo menos fosse divertido...mas nada acontece. Sério, se caísse um piano na frente da protagonista, seria pelo menos algo excêntrico. Mas não acontece nada.

Terrível. 

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  • Administrators
On 2/20/2021 at 2:30 PM, SergioB. said:

(70)

Diversão legítima, uma delícia de se assistir, " I Care a Lot", é um suspense com doses de comédia disponibilizado pela Netflix ontem, e filme número 1 no Brasil neste momento.

Rosamund Pike, indicada ao Globo de Ouro, está magnífica! Deita e rola, na psicopatia! Ela tem conseguido bons papéis em filmes menores, como heroínas ou figuras históricas, mas ela parece ter nascido para fazer vilãs.

O roteiro do filme traz muitas coisas "viajadas" do ponto de vista jurídico, sendo necessária muita suspensão da descrença, mas se você compra a ideia, o filme é muito legal.

Adorei.

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Framing Britney Spears (The New York Times, Hulu)

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@SergioB. Eu tbm pensei que era forçado...só que após ver o documentário Framing Britney Spears a barra da forçação desceu um pouco e o filme "I Care a Lot" não pareceu tão forçado assim. 

É chocante o que está acontecendo com a Britney, para quem não sabe, hoje em dia o pai dela é tutor da ida pessoal, financeira e profissional da Britney. O termo é curatela, e é bastante utlizado no doc. A curatela é geralmente aplicado em pessoas idosas que já tem não condições fisaicas e mentais. No caso da Brintey, uma mulher jovem, é incomum, além do fato dela ser rica. Ela não pode assinar contratos, mexer no dinheiro, ou seja, fazer ada, nem postar nas redes sociais sem passar pelo crivo do pai.

O doc inicia mostrando como ela se tornou um fenômeno e como a indústria, mídia misógina e os paparazzi se aproveitaram da situação e fizeram um verdadeiro achincalhe publico da cantora. O Justin Timberlake foi outro que jogou sujo e pesado contra ela após o término do relacionamento. Ele inclusive pediu desculpas após o doc. O doc mostra o movimento #freeBritney,  um grupo de fãs e artistas que apoiam a independência da contora. O doc entrevista advogados, fãs, repórteres e ex integrantes da equipe dela. 

 

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24 minutes ago, Big One said:

Framing Britney Spears (The New York Times, Hulu)

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@SergioB. Eu tbm pensei que era forçado...só que após ver o documentário Framing Britney Spears a barra da forçação desceu um pouco e o filme "I Care a Lot" não pareceu tão forçado assim. 

É chocante o que está acontecendo com a Britney, para quem não sabe, hoje em dia o pai dela é tutor da ida pessoal, financeira e profissional da Britney. O termo é curatela, e é bastante utlizado no doc. A curatela é geralmente aplicado em pessoas idosas que já tem não condições fisaicas e mentais. No caso da Brintey, uma mulher jovem, é incomum, além do fato dela ser rica. Ela não pode assinar contratos, mexer no dinheiro, ou seja, fazer ada, nem postar nas redes sociais sem passar pelo crivo do pai.

O doc inicia mostrando como ela se tornou um fenômeno e como a indústria, mídia misógina e os paparazzi se aproveitaram da situação e fizeram um verdadeiro achincalhe publico da cantora. O Justin Timberlake foi outro que jogou sujo e pesado contra ela após o término do relacionamento. Ele inclusive pediu desculpas após o doc. O doc mostra o movimento #freeBritney,  um grupo de fãs e artistas que apoiam a independência da contora. O doc entrevista advogados, fãs, repórteres e ex integrantes da equipe dela. 

 

Verei! É que nesta situação da Britney, ele é o pai dela, parte legítima pra pedir a curatela quando há um incapaz Mas um incapaz precisa ser reconhecido como tal em um processo prévio de interdição. Pelo menos aqui no Brasil é assim. No filme os velhinhos "curatelados" sofrem a intervenção a pedido de um médico, "do nada". No Brasil, ainda teria a vigilância do Ministério Público.

Coitada da Britney! 

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(72)

F I N A L M E N T E!

Já estava passando da hora de encontrar e ver esse "Lux Æterna", trabalho de 2019 de Gaspar Noé. Um média-metragem, 51 minutos, que trata criativamente do tema das agruras das mulheres na indústria do cinema, comparando-o com o período medieval da caça às bruxas.

Uma diretora quer filmar um filme sobre as mulheres na era da inquisição, e sua protagonista é Charlotte Gainsbourg, interpretando uma atriz de sucesso, acostumada a trabalhos difíceis. Porém, durante a filmagem, tudo dá errado: o ambiente fica caótico, não há respeito à diretora; os produtores tentam sabotar o filme; personagens secundárias, que só querem aparecer, não saber o que fazer; enquanto a atriz principal está aflita, com problemas em casa.

Mais importante é a comparação de Noé com o trabalho de diretores homens consagrados, entre eles Dreyer, e Fassbinder. Aparecem frases deles, como déspotas na condução do cinema. Em certo momento, aparece um trecho do filme "Dias de Ira" de Dreyer, um filme também sobre caça às bruxas, em que se informa que a atriz idosa, cuja personagem é vítima da fogueira, ficou de fato amarrada horas em uma cruz, para conseguir a verossimilhança desejada. 

O final de "Lux Æterna" repetirá o mesmo castigo, impondo a Charlotte desespero semelhante, mas de uma maneira pop, supercolorida, em que a fogueira do passado é um show de luzes terríveis, de martelar a cabeça dos fotosensíveis. Em último grau, como disse, uma sátira ao tratamento que diretoras e atrizes recebem na indústria do cinema, desde sempre. Nunca o movimento #MeToo poderia imaginar uma parceria de entendimento dessas.

Infelizmente, o diretor divide a tela em duas, para mostrar cenas concomitantes, num olhar polivalente, que pra mim é um recurso mais chamativo, mais distrativo, do que eficiente.

دانلود فیلم Lux Æterna 2019 - مای مووی فیلم#mymoviefilm#

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(73)

Impulsionado pelo filme do Noé, e impactado com a cena que ele incorporou à narrativa, fui conferir o filme de Carl Theodor Dreyer, "Dias de Ira", de 1943. Ual! Basta ver o cartaz do filme pra desejá-lo ver!

Porém, o filme não é propriamente sobre inquisição do jeito que estamos acostumados. Não se perde muito tempo com processos, interrogatórios eclesiásticos, provas, povo de aldeia justiceiro com foices nas mãos, afinal muito disso já tinha sido feito em "O Martírio de Joana D`Arc"...Não é assim, o que me agradou bastante. Há uma história de amor proibido no meio da crítica ao fundamentalismo religioso.

Em 1623, uma senhora da aldeia é acusada de bruxaria. Ela busca socorro em uma menina, de cuja mãe foi amiga, que também fora acusada de conjurar espíritos. A menina está casada com o pastor/reverendo (não sei o título certo) da localidade, um homem bem mais velho, que a protege. Pois, pela lei, as filhas das bruxas também teriam de ser queimadas. Este reverendo tem um filho de um primeiro casamento que está de volta, e se encanta pela madrasta. Os dois terão um caso amoroso.

Brilhantemente fotografado, brilhantemente encenado, brilhantemente dirigido, brilhantemente atuado. É lindo e impressionante, como quadro.  Por exemplo, no post acima, comentei sobre a informação de que a atriz idosa sofreu os rigores da encenação do dinamarquês, tendo ficada horas amarrada. É a imagem do pôster abaixo. 

O silêncio da Deus, manipulação da fé, crendices, perseguições...Tudo isso vindo de um homem que teve uma educação luterana severa. Deve ter conhecido muito desse ambiente de rigor.

Enquanto os religiosos têm seus corpos cobertos pelas vestes talares, a imagem que mais me impactou foi ver a nudez da atriz idosa que faz a bruxa. O corpo é do diabo, parece dizer. Outros detalhes que me ganharam foi ver a transformação que a jovem madrasta sente pelo enteado...Deixa de usar chapéu; passa a rir em voz alta; olha o amado com desejo carnal...Quer enfeitiçá-lo!

Filmaço!

Dias de Ira - 1943 | Filmow

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