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On 4/19/2021 at 6:53 AM, Lopes1974 said:

Ando a ver se encontro o pior filme de sempre!!

 

Até agora vi Sharknado

O Pneu Assassino

Jurassic Shark

Movie 43

 

Alguma sugestão?

Procure The VelociPastor, é sobre um padre que vira dinossauro e luta kung-fu contra ninjas.  Veja o trailer no Google pra ver o nível de bagaceira e disfrute😂

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(160)

A parceria entre Sony Animation e Netflix entregou um dos prováveis concorrentes ao Oscar de Animação em 2022, já agora, no início de maio. É o excelente "A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas", um filme superlegal, muito divertido, alto astral, e extremamente bem realizado.

O tema é muito pertinente, como a nossa devoção cega à tecnologia possivelmente põe em perigo o mundo, ou as dinâmicas familiares. O tradicional conflito geracional é espelhado agora entre adolescentes que nasceram digitais e pais ainda analógicos. Me vi em muitas situações, como na ótima cena em que o tateante pai vai apertar um botão simples da tela, e, ora veja, o dedo acaba indo parar em outro inadequado...O filme brinca com várias coisas assim.

Supercriativo, amei a incorporação de memes, a incorporação de personalidades do Instagram, ou de desenhos em 2d...A trilha sonora é ótima, com uma boa canção embalando os ótimos créditos finais.

Uma delícia!

A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas poster - Foto 4 - AdoroCinema

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On 5/1/2021 at 8:35 PM, Jorge Soto said:

Procure The VelociPastor, é sobre um padre que vira dinossauro e luta kung-fu contra ninjas.  Veja o trailer no Google pra ver o nível de bagaceira e disfrute😂

Vou adicionar a lista!

A seguir vai ser o Sofá Assassino

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Em seu ínicio O Homem do Boulevard de Capucines parece ser apenas uma comédia de gags, mas na verdade é uma filme-homenagem ao cinema. Por mais estranho que seja um filme soviético de faroeste (ainda por cima uma comédia) parodiando os westerns spaghettis, a coisa acaba funcionando se o espectador comprar a brincadeira e se deixar levar pelo humor físico ao estilo Chaves. Assistido no canal youtube do CPC-UMES filmes. Avaliação: Bom. 

O Homem do Boulevard Des Capucines (1987) | Amazon.com.br

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(161)

É engraçado como as pessoas em geral têm simpatia pelas ideias de Jean-Jacques Rousseau, um crente da bondade humana, mas que na vida real abandonou 5 filhos em orfanatos, para levar uma vida errante e de amantes; enquanto o inglês Thomas Hobbes, que popularizou o dito latino "Homem Lobo do Homem", é encarado negativamente mas por sua vez era impecável em sua vida privada...É de Hobbes a inspiração para o título deste filme de 2003 de Michael Haneke, "O Tempo do Lobo"/ "Tempos de Lobo".

Ao longo dos anos, o diretor alemão também se mostra um curioso sobre a maldade humana. E neste filme, tudo é  escuro, trágico, desesperador, sem piedade das pessoas ou dos animais, por exemplo, mata-se um cavalo de verdade. Diz o cineasta que este filme é uma resposta aos filmes-catástrofe de Hollywood. O diferencial é que nesta distopia não há explicação, não há contexto. Os nomes dos personagens dialogam com suas obras anteriores, como se esquecer da Eva de "O Sétimo Continente" e sua família suicida, ou de Benny, a criança assassina, de "O Vídeo de Benny"?

A família de Huppert logo no início do filme descobre que sua casa de campo foi invadida por desconhecidos, e se vê rendida. Logo entendemos que o mundo, ou talvez, a França, está em maus lençóis. Por que? Nunca saberemos. Não há explicação. Tudo vira uma sinfonia do desespero. Luta por água, luta por comida, luta contra o frio, e depois os homens sendo cruéis e estúpidos consigo mesmo, quando se reúnem em pequenos grupos, a dizer, como os Filósofos Constratualistas , "em sociedade".

Um filme muito duro! Que no final oferece uma pontinha de esperança. Não uma esperança social como Rousseau escrevia. Haneke tem a inteligência de mostrar que os contratos tentados no filme não dão certo, pois alguns homens sempre tentarão dominar os outros!  Um  simulacro de "contrato" entre duas partes, uma acolhida mútua. Um elo entre indivíduos - sem participação dos outros. A única saída possível.

Time of the Wolf (2003) - IMDb

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Incrível como Eles Vivem continua atual, ainda mais em uma época de neoliberalismo e individualismo extremo. O cinema de Carpenter não se leva a sério, mas toda a caricatura acaba favorecendo o filme, mostrando o absurdo das situações. Baixo orçamento, criatividade e canastrice no melhor sentido. Assistido no Netflix. Avaliação: Muito bom.

 

Eles Vivem - Filme 1988 - AdoroCinema

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(162)

Muito já foi dito sobre "Gaviões e Passarinhos", de 1966, declaradamente o filme favorito de Pasolini. Estranha comédia, social e religiosa. Último filme de Totò, um dos maiores astros italianos, que hoje ninguém sabe quem é...Totò e Ninetto Davoli andam por uma estrada pela Itália paupérrima na companhia de um corvo marxista, que se posta como a consciência, como um guia dos dois...

Uma metáfora social em que as classes dos opressores e oprimidos é espelhada nos pássaros, e, para atingir-se a concórdia entre eles, seria necessária a religião. Estranho pensamento. Então numa história dentro da história, os dois personagens viram frades e vão evangelizar os passarinhos. A religião lavaria as disputas e levaria à paz. 

O engraçado é que quando se sai do episódio religioso, e volta-se à época moderna, os personagens são cruéis com uma família pobre que não paga o aluguel do terreno de que são proprietários. E depois, por sua vez, eles são cobrados duramente, com violência, por seus respectivos credores. Gaviões e passarinhos são todos, uns dos outros, na inescapável sociedade capitalista. Tão inescapável, que a divergência de pensamento será eliminada, ao final.

O filme conta com uma dos melhores créditos de abertura de todos os tempos, com os nomes dos artistas e técnicos, sendo cantados em forma de coro cômico.

Essa ação na estrada, road movie a pé, seria repetida nos dois filmes subsequentes de Pasolini, seu maravilhoso segmento em "As Bruxas", e em "Édipo Rei".

Ennio Morricone na ótima trilha, Danilo Donati no Figurino, Dante Ferretti na arte (e roteiro!). A conjugação máxima do cinema italiano daquela época.

 

GAVIÕES E PASSARINHOS - 1966 - Raríssimo! - Reliquias em DVDs

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9 hours ago, frossit said:

Incrível como Eles Vivem continua atual, ainda mais em uma época de neoliberalismo e individualismo extremo. O cinema de Carpenter não se leva a sério, mas toda a caricatura acaba favorecendo o filme, mostrando o absurdo das situações. Baixo orçamento, criatividade e canastrice no melhor sentido. Assistido no Netflix. Avaliação: Muito bom.

Caraca, esse ai eu assisti piratao duma cópi vhs na década de 90 e curti, tanto que dissertei sobre ele numa prova do colegial que pedia esse tipo de assunto, controle de massas pelo consumismo. Tirei nota máxima, feitio que nunca mais consegui...😂 Fora isso, curti aquela porradaria do mocinho (com o negrao?) que leva mais de 10 minutos..pqp!!😁

 

Team Marco é uma divertida matinê estrelada por um kid, o desconhecido porém competente Owen Vaccaro, ator mirim de filmes indie. A pegada é meio que pra passar sermao na tecnologia e viver a vida, manja? E isso o moleque consegue com ajuda do tio italiano. Plot básico manjado, porém sempre eficiente. Tem um ou outro deslize de edicao mas deixa-se ver de boa. De quebra, o filme ensina como jogar bocha.. 8-10

Team Marco 2020 Filmi izle


 

Running to the Sky é outro filme estreado por kid, desta vez do Quirguistão, ou seja senta que lá vem paisagem contemplativa, ausencia de som e muita imagem estática na película. É isso, quem assistiu algum filme iraniano com criancas ja sabe ao que me refiro. Aqui pelo menos a pegada é mais alegre e menos melancólica, pois o plot simplório é muito bem conduzido até seu desfecho meio abrupto. 8-10

Film Ernest 2019

 

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A Visita é uma tentativa bem sucedida de M shyamalan no sub-gênero found-footage. Não que seja uma obra-prima, mas serviu para acalmar um pouco público e crítica que viviam pegando no pé do diretor. O filme é eficiente, especialmente pela performance do casal de velhinhos e por uma boa reviravolta final. A dupla de protagonistas juvenis também funciona, imprimindo um pouco de humor à trama. Assistido no Net-NOW. Avaliação: Bom.

A Visita - Filme 2015 - AdoroCinema

 

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(163)

"Era Uma vez na Anatólia", filme do turco Nuri Bilge Ceylan, que ganhou o Grande Prêmio do Júri em Cannes 2011, fazendo parte da sua consecutiva aquisição de prêmios até chegar à Palma de Ouro pela obra-prima "Sono de Inverno" em 2014.

Desmentindo a simbologia de conto de fadas ou de acontecimento extravagante sugeridos pelo título, acompanhamos neste filme uma delegação de profissionais da Lei: detetive, promotor, policiais, e um médico legista, em busca de um corpo desaparecido nas planícies da Turquia. Junto a eles, os dois assassinos confessos, que não se lembram direito onde desovaram o corpo. Ou seja, não há investigação sobre a culpa, não há mistérios, não há reviravoltas quanto aos motivos do crime, o que temos é apenas a procura pelo cadáver. 

O que importa é a conversa entre os profissionais, principalmente entre o promotor e o médico legista. Logo percebemos quem é o garantista, quem é o "Datena" da ocasião, quem não vê a hora de largar a profissão...Achado o corpo, a comitiva retorna ao povoado, e se desfaz. O foco fica todo no médico legista e na formação do seu parecer.

Nos últimos minutos, acontece o grande lance do filme. Isso depois de quase 180 minutos. 

Um filme silencioso, frio, feito de planos gerais, à distância, nos quais a ambientação "enterra" um mistério. Já se observou que o cinema de Ceylan tem muito de Antonioni. Pergunto eu: Este é um "A Aventura" turco? Já que ambos são sobre a busca por um corpo. Ambos são filmes "vazios". Só que aquele clássico foi intensamente vaiado em Cannes 1960, enquanto este saiu premiado em um ano de competição fortíssima.

Era uma Vez na Anatólia - Filme 2011 - AdoroCinema

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(164)

De ateu para ateus. "A Via Láctea"/ "Via Láctea"/ "A Via Láctea ou o Estranho Caminho de São Tiago", de 1969, é o último filme de Buñuel a criticar de frente os dogmas religiosos. Usa como mote a jornada de dois peregrinos pelo famoso Caminho de Santiago de Compostela, em que de forma fragmentada aparecem a eles figuras históricas como o Marquês de Sade, a Virgem Maria, São Pedro, o Papa, inquisidores medievais...

É surreal, mas não é "louco", digamos assim. Os diálogos escritos por Buñuel e o falecido neste ano (várias vezes indicado em Roteiro, e premiado com o Oscar por um curta) Jean-Claude Carrière são mordazes, questionadores, impertinentes. A um padre que explanava sobre a hóstia consagrada ser o corpo de Cristo, pergunta-se o que Cristo vira dentro do estômago. Em outra cena, ridiculariza-se o dogma da Trindade. Em outra, informa-se que em um Concílio - de Braga - ficou decidido que recusar-se a comer carne era uma condenação ao inferno (Como vegetariano que sou há anos, portanto, está selado meu destino). Mostra-se Jesus dentro de casa com outros irmãos, mostra-se a multiplicações de milagres, a multiplicação de aparições da Virgen, e a multiplicação de souvernirs religiosos...

Não é um filme fácil. Nenhum do Buñuel é. Não tem início, meio e fim, nem coisa parecida. São instantes de lucidez, picardia, e deboche. Um dos que sutilmente passam batido seria o dos peregrinos constantemente pedirem carona aos carros ao longo da estrada. Ou seja, eis retratada a hipocrisia e má-fé mesmo daqueles que se propõem a caminhar.

 

Via Láctea - Filme 1969 - AdoroCinema

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The Song Of Names é um melancólico drama de guerra onde os sumidos Tim Roth e Clive Owen fazem os personagens principais. O filme trata sobre perdas, amizade e nazismo por meio da música, no caso, o violino. Alternando flashbacks e tempo real, acompanhamos a odisséia dos personagens e ja digo logo de cara que a melhor cena é do duelo de violinos, quase pau a pau com o famoso duelo de banjos de Amargo Pesadelo, o duelo de guitarras de A Encruzilhada ou o duelo de bites de Electric Dreams. 8.5-10

The Song Of Names poster - Foto 17 - AdoroCinema
 

 

Voyagers é um thriller scy-fy que lembra muito aquele blockbuster Passageiros mas no fundo é um Senhor das Moscas teen-espacial. É legal ver a interacao dessa molecada num espaco (literalmente) confinado e se pegando feito um BBB. É esquemático demais mas deixa-se ver. Curioso é que seu ator principal, o Ciclope Tye Sheridan, ja fez outro filme similar com mesmo tema, o melhor The Stanford Prison Experiment. Curioso é ver como seu par, a filha do Jonhy Depp, é tao cabecuda quanto o pai. 8-10

Download Voyagers (2021) Mp4

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A Cicatriz é um Kieslowski menor. Se não me engano é o primeiro filme do diretor, mas foi alvo de censura e ficou na gaveta durante muito tempo. Também pudera, tem criticas bem contundentes ao partido e sistema político vigente na Polônia socialista. O clima meio fantasmagórico impera e o final pode desagradar pessoas que não se consideram conservadoras. Assistido no Telecine Cult. Avaliação: Bom.

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(165)

Qual o melhor diretor da atualidade?  No mundo indie, dois partidos assomam: o coreano Lee Chang-dong, ou o chinês Jia Zhangke. Não é preciso escolher, eu sou fã dos dois, sendo "Oasis" do primeiro, ou "O Mundo" do segundo, alguns dos meus filmes preferidos da vida. Contudo, ainda acho que o Zhangke está um passo à frente dos seus pares, muito pela sua posição no mundo. Ele é chinês, ele vem do país que vai dominar tudo, e ele é o diretor que consegue capturar a transformação radical deste país. 

Hoje assisti ao primeiro longa de Jia Zhangke, "Artesão Pickpocket", ou como é conhecido ainda, pelo nome de seu protagonista, "Xiao Wu". É um filme rodado em 1997, mas registrado em 1998, driblando a censura daquele país, e no qual orgulhosamente se diz que é feito por não atores.

Um cara que sempre viveu de pequenos furtos no vilarejo de Fenyang (cidade natal do diretor), e que pela sua habilidade manual se considera um artista, está na situação de não ter sido convidado para a festa de casamento do seu melhor amigo, que largou o crime, para se transformar em um pequeno empreiteiro local.  A notícia do casamento é assunto na cidade, vai parar até na televisão estatal ( de cunho pesado, cheia de não-notícias, mal-feita, sem graça - uma crítica indireta à Ditadura chinesa). Mas Wu não foi convidado, enquanto todos os seus ex-parceiros de crime foram. É que - vejam bem - o boom econômico desintegrou a gangue! Sim, todos agora querem ter um emprego respeitável, para se casarem, para terem uma vida mais retilínea. E outra questão muito importante: o Governo central começa a anunciar em vários cartazes, na tevê e no rádio, algo como uma Nova Lei Penal. Em que não se toleraria mais os crimes, todos, ao contrário, ganhariam penas mais pesadas. O rigor legal é uma forma, portanto, de também "consertar" o país, rumo ao desenvolvimento.

Assim o protagonista se vê muito solitário, excluído, com seu "talento" em dificuldades. Recorre a uma prostituta, meio que se apaixona por ela, uma mulher que adora cantar músicas pop em odiosos Karaokês. Zhangke é um mestre dos detalhes - fico de cara...As músicas que ela canta são aqueles horrendos pops melosos. Ou seja, a cultura do novo momento é essa insignificância musical do capitalismo de ascensão. A cultura pop desse filme refletir-se-à doravante na imitação da cena de dança de "Pulp Fiction" de "Prazeres Desconhecidos", e na arquitetura falsa de "O Mundo".

Muitas coisas acontecem no subtexto.  Ouvimos a tevê anunciar a devolução de Hong Kong à China, em 1997. Eletroeletrônicos de marcas duvidosas são vendidos agora em feiras no meio da rua, junto à cigarros Marlboro, que estavam chegando ao país. São as marcas de que, mesmo em um pequeno vilarejo, a China "progride". Progride pelo consumo, progride na limpeza das ruas com exércitos de varredores e demarcando pequenos estabelecimentos para demolição.

No final do filme, o incorrigível protagonista deparará com a mutação da nova China. Onde pequenos furtos, nem homens pequenos, digo eu, muito menos homens de ambição pequena, podem conviver no espaço público.

Dizem que este filme tem a ver com "O Batedor de Carteiras" e "O Dinheiro", filmes de Robert Bresson.

Excelente!

Pickpocket (1997)- MyDramaList

 

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(166)

Animado com o filme aí de cima, fui ver "O Dinheiro", último longa de Robert Bresson, e ganhador de Melhor Direção em Cannes 1983, empatado com a obra-prima de Tarkovsky "Nostalgia". A Palma de Ouro ficou, como não poderia ser diferente, com "A Balada de Narayama" de Imamura. Olha o nível do Festival...

As similitudes entre as duas obras são muito pequenas. Guardam o finalzinho em comum, e a crítica ao dinheiro obtido de forma fácil. No mais, tudo bem diferente. Aqui, uma ação infundada de dois garotos causará uma cadeia de eventos terríveis com personagens completamente diferentes, um verdadeiro circuito de destruição. Achei bem inteligente, pois essa roda-vida do dinheiro tem a ver com sua principal característica de "fungibilidade", de passar de mão em mão. É baseado em um conto de Tosltói chamado "Nota Falsa", outra vez, portanto, adaptando uma obra de um autor russo, como já o fizera com "Noites Brancas" em "Quatro Noites de um Sonhador" - já resenhado aqui.

Tudo é feito na forma de representação peculiar dos filmes do Bresson, sem emoção dramatúrgica, sem qualquer traço de atuação teatral. Vemos, em pouco menos de 90 minutos, a transformação total do caráter de um homem. 

O dinheiro transforma ou só expõe a natureza do homem? Aliás, a ironia da história é enorme, já que o dinheiro, a princípio, o bilhete inicial, não é verdadeiro. É falso.

Gostei bastante.

O Dinheiro filme - Veja onde assistir online

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(167)

Um amigo cinéfilo me mandou um link de madrugada para eu ver o curta "Feelings", de 1984, primeira obra do diretor americano Todd Solondz. Um projeto universitário, na verdade. Reparou meu amigo que nos créditos há a menção ao diretor argentino Juan Jose Campanella como assistente de direção. Muito bizarro os dois serem colegas, né?

Mais bizarro é ver o curta e constatar o link com o Brasil. Uma irônica despedida de um adolescente em crise amorosa interpretado pelo próprio diretor. Não há texto. É apenas Solondz cantando ( como um gato sendo maltratado) "Feelings", aquele sucessão dos anos 1970 do cantor brasileiro Morris Albert, mais tarde julgado como plágio.

Sofremos muito de amor na adolescência, e Solondz tira um sarro disso. Como um clipe dos "The Smiths".

Anos depois, um mergulho na dor de verdade, com "Happiness" - aquela coisa!

Feelings - 1984 | Filmow

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(168)

Para fechar a comparação, vi "Pickpocket"/ "O Batedor de Carteiras", de 1959. Aqui, sim, muitas semelhanças com o filme de 1997 de Jia Zhangke. O mesmo orgulho do furto como uma arte; um grupo de batedores se ajudando; o uso de um paletó agigantado (furtado?) tanto pelo ator chinês quanto nesse filme estrelado por um "modelo" (e não ator, na linguagem Bressoniana) mexicano Martin LaSalle. Aliás, ele foge um pouco do esquema supergélido, robótico, das performances dos filmes de Bresson. Escapou.

As tomadas de batidas de carteira são filmadas belissimamente, como se fossem magia. Adorei a montagem, principalmente a cena do trem. Voltando, outro aspecto semelhante aos dois filmes é a aproximação romântica que talvez pudesse, quem sabe, quebrar o vício em roubar. A maior distinção, contudo, é que esse perfil do ladrão não diz nada sobre a França, nem sobre sua época. É o perfil de um homem, simplesmente.

A referência a Crime e Castigo é nítida, sobretudo no uso das escadas dos prédios (quem leu sabe) e sobre o discurso niilista, em que os valores morais dominantes não trazem, nem nunca trouxeram, felicidade aos seus protagonistas. Foi preciso ir por outro caminho.

A figura do ladrão se apresenta como uma carta do infinito leque da humanidade.

 

O Batedor de Carteiras - 1959 | Filmow

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(169)

Um sacrilégio. Em mais de 3 anos postando aqui diariamente, não havia um único comentário sobre um filme do grande Carlos Reichenbach! Agora tem, e logo com o que é considerado sua obra-prima "Amor, Palavra Prostituta", de 1982. Eu amei, assim como amo outros dele, mas meu preferido continua sendo os extraordinários "Anjos do Arrabalde", "Filme Demência" e "Falsa Loura". 

Mas é inegável a sinceridade deste filme, por trás de sua feiúra estética, por trás de seus atores amadores, por trás dos seus talhes promovidos pela Ditadura, Aliás, que governo de militares apoiaria um filme em que há um cadáver enforcado ( na minha cabeça, uma clara referência ao que se passou com Herzog), ou que mostra uma clínica clandestina de abortos? Vaginas, seios, pintos, e muitas falas de revistas pornográficas, são o de menos...

Mais uma vez "Carlão" desnuda a alma grosseira do brasileiro. Os homens são orgulhosamente machistas e escrotos com as mulheres. Elas, por sua vez, umas bobas, ainda acreditando em promessas de Contos de Fadas românticos. A crítica cultural se faz presente em vários momentos, por exemplo, quando um dos personagens, o do intelectual desempregado, olha a fachada de uma sala de cinema, no qual se exibe "O Iluminado" e "Superman II", mas ele prefere ir a um cinema erótico brasileiro! Brasil Marginal Raíz!

O título vem de Jack London. O Roteiro é assinado por Reichenbach e Inácio Araújo, hoje colunista de cinema de A Folha de S. Paulo. Se alguém acha a estruturação em capítulos coisa de Lars Von Trier, ou de Wes Anderson, saiba que no Brasil mesmo já se fazia isso há muito tempo. Aqui, 4 capítulos para os quatro personagens, nos quais se aprofunda em cada um deles, mas também nos demais. Muito bem feito! Sua construção visa a justificar uma troca de casais, uma troca de posição moral. Repito, muito bem feito!

Um filmão! Com sangue rolando das vaginas, gritos de gozo, muitos pelos pubianos, tudo sem medo da verdade.

Medo de quê? O cartaz abaixo é quase um sobreaviso. Um material altamente perigoso. Repito, medo de quê?

São Paulo Association of Art Critics Awards (1983) - IMDb

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(170)

Se eu dissesse que amei, que é o filme da minha vida, estaria mentindo. Mas é inegável que "Vitalina Varela", do português Pedro Costa, é um arraso enquanto arte cinematográfica. Foi o candidato ao Oscar de Filme Internacional por Portugal (depois da primeira escolha, "Listen", ter sido inadmitida), e ganhou muitos prêmios em reconhecimento a sua brilhante Fotografia.

É até difícil falar do filme, sem falar do processo do filme. Pedro Costa trabalha há anos com os caboverdianos, e constrói há anos uma estética muito particular. Tudo é muito laborioso, cada cena - dizem - dura semanas. Vitalina Varela é o nome do filme, é o nome da atriz, e ela coassina o roteiro, que, dizem, é sua história pessoal. Muito forte a sua presença em cena.

O filme é uma ladainha. Os personagens falam em sussuros, depois de longos silêncios. A primeira palavra aparece no minuto 10. É como um enorme velório. Vitalina sai de Cabo Verde para velar o marido, que morreu há dias, sendo que ficou na ilha do Atlântico esperando por décadas um convite do marido para recebê-la em Portugal. Quando chega, é mal recebida. Fica em choque ao ver onde o marido morava, num casebre escuro, com o teto a cair (em contrapartida, a casa deles em Cabo Verde, era grande, bem cuidada, pintada - O capricho da mulher, eu diria). Faltava a essa casa o senso de dever de Vitalina, o toque feminino, o toque amoroso. Mas ela terá outras más descobertas em Portugal a respeito de como o marido vivia.

O filme é um breu! A fotografia de Leonardo Simões é escuríssima, mas muito bonita. E o preto, a cor dominante do filme, domina tudo, das meias dos personagens, às panelas, à veste talar do padre, e - claro - é a cor, política, dos corpos da comunidade migrante. 

É um filme que merece ser visto, pois é muito impressionante como gramática de cinema. Muita gente boa o considera uma obra-prima. Seja o status que vier a adquirir, é um desafio enorme para a nossa máquina de gostar.

Tenho que conhecer mais a filmografia do cara.

Vitalina Varela poster - Foto 12 - AdoroCinema

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Absolute Beginners (Julien Temple, 1986) 2/4

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Musical que conta com a presença do cantor David Bowie e da cantora Sadé (cada um aparece pra cantar em algum momento, depois não aparecem mais - Bowie ainda aparece rápido numa cena aqui e acolá). O filme se passa na Londres de 1958, e começa como um  La La Land já que foca um casal de artistas (aqui o cara é fotógrafo e a mulher é modelo/estilista) e quando o relacionamento deles vai pro brejo quando cada um tem uma visão diferente da profissão, e seguem destinos diferentes. Não gostei de muitas músicas mas o visual estilizado chama atenção. Maior problema é o final que foca numa guerra civil que ocorre ali num bairro de Londres, achei que isso veio do nada e a resolução veio rápido. Então, o final é meio bagunçado demais. 

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(171)

Revi "Olhos Negros", um filme que vi pela primeira vez quando da famosa Coleção Caras, que fez sucesso absoluto nos anos 1990. Meus pais tinham a coleção toda, que inspirou depois a da Folha de S. Paulo, e a de O Globo...Os filmes eram motivo para a assinatura de todas as publicações...

Gosto muito dos filmes do russo Nikita Mikhalkov, mas todos, admito, têm uma certa "barriga". É que o tempo no cinema dele é como a vida, feito de instantes desimportantes também. O filme é uma história de amor, com Marcello Mastroianni brilhando intensamente como  (mais um) conquistador bon vivant. Pela atuação, ganhou o seu segundo prêmio de Melhor Ator em Cannes, e foi indicado ao Oscar em 1988, sua derradeira indicação. O elenco conta ainda com Silvana Mangano, excelente como sempre, mas no fim da vida, debilitada pelo câncer. E com um fantástico ator moscovita chamado Vsevolod Larionov, que arrebenta também.

Incrivelmente lindo em termos de figurino e cenários, bem fotografado, boa música...Temos o universo dos contos de Tchecov levado para a Itália. O início é muito bom, o meio dá uma caída, mas o final é arrebatador. São 3 grandes cenas, uma depois da outra. 

Um romance , em que se de repente a persistência amorosa falhar; do outro lado da mesa, haverá alguém que com ela irá de seguir.

Lindo!

Dvd - Oci Ciornie ( Olhos Negros ) - [ Baseado Em Tchekov ] | Mercado Livre

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(172)

"N`um vou nem falar nada!!!"

Uma obra-prima de Woody Allen, infelizmente pouco vista. Um drama bergmaniano, um "Morangos Silvestres" de Nova York. "A Outra", de 1988, é um arraso! Diálogos excelentes, atuações soberbas, primeiro trabalho de Allen e Sven Nykvist - fotógrafo de Bergman - juntos. 

Muita coisa pra falar. Mas confesso que só o revi por causa de Martha Plimpton. Não canso de ler a respeito de sua atuação no filme "Mass", que pode lhe dar, em 2022, sua primeira indicação ao Oscar. Todo mundo só fala prematuramente em Lady Gaga, mas Martha Plimpton e Ann Dowd é quem podem surpreender. Aqui, Martha tem um pequeno papel, como a enteada e boa amiga de Gena Rowlands, mas já chama a atenção como ela era boa atriz desde nova, desde "Os Goonies".

Aliás, que elenco: Gena Rowlands, Gene Hackman, Ian Holm, John Houseman, Blythe Danner, Betty Buckley... Perfeitos. 

Gosto demais desse título, "Another Woman", pois ele se espraia. É "a outra" , a amante que Gena foi; é "a outra", a personagem sem nome de Mia Farrow, ouvida do consultório psiquiátrico; e em suma "a outra", a que vive dentro de você, no seu inconsciente.

Das mil coisas maravilhosas desse filme que podem ser ressaltadas, uma é a perfeita junção entre sonho-memória-presente. As transições de uma instância para outra funcionam de maneira muito elegante.

O final, particularmente, é de se aplaudir de pé!

"Força é mudares de vida"

A Outra - 1988 | Filmow

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(173)

Caetano Veloso interpreta Lamartine Babo em "Tabu", de 1982, filme experimental do carioca Júlio Bressane. Lamartine Babo, um gênio do carnaval, dos hinos de futebol, das marchinhas, da canção. Agora, no século XXI, devidamente cancelado pelos versos "Mas como a cor não pega mulata/ mulata eu quero o seu amor".  Que dirá agora fazer-se um filme sobre ele! Aqui, mais precisamente, um encontro ficcional com o poeta Oswald de Andrade. O filme é uma defesa do carnaval, do samba, da música popular, como parte fundamental da identidade brasileira.

Bom, é uma tese boa, os ouvidos agradecem demais, mas como filme...é um filme de montagem. Intercala vários momentos musicais, com "Tabu" de Murnau, filmes não identificados por mim sobre o descobrimento do Brasil, e filmes pornográficos antigos... É o cinema como montagem. Sem ficar refém do consequentalismo de uma ação e outra. Nada tem muito a ver como sucessão de imagens. Não tem trama lógica. 

Fiquei pensando na escolha de Caetano para viver Lamartine , e pensei um pouco no aspecto físico, do baiano ser delgado, franzino, como o antigo compositor, mas acho que tem mais a ver com aquela sucessão de autênticas marchinhas que Caetano compôs nos anos 1970/1980: "Samba, Suor e Cerveja", " A Filha da Chiquita Bacana", "Atrás do Trio Elétrico", e tal...

Se a figura de Oswald fica meio perdida no contexto geral, creio que Caetano e Lamartine têm, realmente, muito a ver. Os três, aí sem dúvida, vocacionados para amar o Brasil.

 

Tabu (filme de 1982) – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Descobri agora que as pessoas não gostam de "Trauma", do Dario Argento. Tenho dúvidas se ele fez algo melhor nos anos 1990. Primeira produção americana dele. Mas a mocinha da vez é italiana, romana, e sua filha, Asia Argento.  Linda, mas, como atriz, deixa um pouco a desejar na função da heroína dos filmes dele, como já o foram Jessica Harper ou Jennifer Connelli. 

O filme, pra mim, é nostálgico e delicioso. Saudade de ver algo assim com a galera, depois de procurar algum dvd com capa de suspense e letras amarelas...Movimentos sofisticados de câmera, referências ao terror histórico (até na escalação da Piper Laurie, ótima como sempre) junto também com imagens bagaceiras como cabeças decapitadas falantes. Sangue, animais, vômitos, ótima maquiagem e efeitos do mestre Tom Savino, um "Quem Matou?" na nossa cara; como não gostar desse "Giallo"?

Compará-lo com as obras-primas passadas seria exigir demais. Mas diverte muito.

 

Trauma (1993)

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3 hours ago, SergioB. said:

(174)

Descobri agora que as pessoas não gostam de "Trauma", do Dario Argento. Tenho dúvidas se ele fez algo melhor nos anos 1990. Primeira produção americana dele. Mas a mocinha da vez é italiana, romana, e sua filha, Asia Argento.  Linda, mas, como atriz, deixa um pouco a desejar na função da heroína dos filmes dele, como já o foram Jessica Harper ou Jennifer Connelli. 

O filme, pra mim, é nostálgico e delicioso. Saudade de ver algo assim com a galera, depois de procurar algum dvd com capa de suspense e letras amarelas...Movimentos sofisticados de câmera, referências ao terror histórico (até na escalação da Piper Laurie, ótima como sempre) junto também com imagens bagaceiras como cabeças decapitadas falantes. Sangue, animais, vômitos, ótima maquiagem e efeitos do mestre Tom Savino, um "Quem Matou?" na nossa cara; como não gostar desse "Giallo"?

Compará-lo com as obras-primas passadas seria exigir demais. Mas diverte muito.

 

Trauma (1993)

Dos anos 90, eu particularmente gosto muito de Síndrome de Stendhal, também com a deusa Asia.

 

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