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Forum Cinema em Cena

O Que Você Anda Vendo e Comentando?


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Free Guy é outro blockbuster pipoca que só não curti mais do que deveria porque não sou muito chegado em games (aliás, odeio!) e este filme é basicamente o ótimo Show de Truman feito pra cultura gamer, e tudo elevado á enéssima potência! Sei lá, não consegui me envolver com tudo (muito bem feito, diga-se de passagem) mostrado da tela, justamente por não ser o público-alvo. Atuações ok e tudo bem feitinho, creio que me empolguei mais com a atuação do Taika Waititi que a do personagem título principal, feita pelo Reynolds. Enfim, um filme que so vou recomendar aos meus sobrinhos ou quem seja chegado em jogos virtuais pois as referências e tudo mais passei boiando tudo.. 7-10

Free Guy - a menthetetlenül műanyag vígjáték - Fortress

 

 

Reminiscence é um bom thriller scy-fy noir que bebe de várias fontes: desde futuro distópico de Blade Runner, a dualidade Nolesca realidade/fantasia de A Origem e as incursões temáticas de Westworld. Aqui o Wolverine Hugh Jackman dá uma de detetive Dekkard num mistério que vai tendo várias reviravoltas até seu desfecho corajoso. Muito bem produzido e com desenho de produção impecável, aquela Terra distópica mostrada é bem plausivel de rolar daqui a pouco, fora a fotografia e a trilha sonora, envolventes. As atuações estão ok, com destaque disparado pra femme fatalle Rebeca Fergunson. Tem defeitos e cacoetes de blockbuster, mas se destaca na média geral por ousar nem que seja um pouco mais. 8,5-10

3Dor2D.com 3D or 2D Home Page

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(277)

Quando registrei aqui meu ranking Luis Buñuel, lembro de ter ficado em dúvida sobre a posição 5, se "A Bela da Tarde", ou "Tristana". Coloquei o primeiro, mais icônico. Revi o filme de 1970,"Tristana"/ "Tristana, uma Paixão Mórbida", e titubeei. Tem muita coisa boa, mas principalmente seu último ato.

Sempre aclamado por ser um belo exemplo de filme com inversão de papeis, o que mais celebro é a sutileza que a coisa se dá. Não é Chan-wook Park; é gradual e também, em outro aspecto, político: Os jovens se vingando da velha espanha franquista e autoritária.  

Fernando Rey, um atorzaço, está formidável como um homem áspero que recebe uma jovem orfã como um guardião e que aos poucos passa dos limites com ela ; um homem que odeia o casamento, a Igreja, a família, formalidades; para no final do filme sorver chocolate quente com os gananciosos padres de Toledo...E, ingenuamente, se casar (mesmo com a noiva vestida de preto). A Tristana de Catherine Deneuve é a bela virgem, vítima sexual; mas que dará o troco, se vingará, movida pelo ressentimento e pela inesperada ruína física.

Indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro em 1971. 

Um filme que veio de um romance "b", e que pelas mãos competentes do diretor, que driblou a censura da época, consegue se elevar a um status imenso.

Só lamento não haver um animal em cena, posicionado surrealisticamente, dessa vez.

Tristana, Uma Paixão Mórbida - 29 de Março de 1970 | Filmow

 

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(278)

"N`um vou nem falar nada!!"

O meio dos anos 1990 teve os Estados Unidos mergulhados no caso O.J.Simpson. Eu lembro de achar um saco aquela cobertura de imprensa enorme, detalhista, de um atleta que eu não conhecia, mas o caso em si realmente nos instiga, sobretudo diante do surpreendente veredicto. David Lynch, a meu ver, traduziu perfeitamente o zeitgeist, de um país fissurado por um homicídio passional, em seu maravilhoso "Estrada Perdida", de 1997.

O filme tem uma atmosfera incrível, seja com as luzes, seja na condução das atuações gélidas num modernizado noir, seja com a seleção musical incrível de Angelo Badalamenti (com direito a Insensatez, de Tom Jobim), mas é a montagem perfeita, dessincronziada, que faz o filme ser um mistério, um enigma - nem tão difícil assim de elucidar.

Já há dezenas de explicações na Internet, mas eu gostaria de ressaltar um aspecto que é a motivação do crime. O personagem de Bill Pullman é um cara ruim de cama, frustrado sexualmente. Isso está claro no início do filme. Faz todo sentido então, ele, já preso, imaginar-se como um mecânico (uma das taras mais recorrentes do mundo do pornô), um jovem atraente, e que satisfaz amplamente na cama a - agora - em sua imaginação - "esposa" do gângster. Em sua imaginação, ele agora pode dar o troco, por ter sido traído em sua vida real. Em suma, devolver o chifre.

Uma aula de cinema, e de entender o momento espiritual de seu país.

Só escrevendo isto é que fui me dar conta do quanto este filme influenciou "Caché", do Haneke. 

Estrada Perdida - 25 de Abril de 1997 | Filmow

 

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Wim Wenders sempre amou o cinema. E por conta de todo este amor, ele sempre teve uma perspectiva pessimista para o cinema como arte e mídia. 

Wim Wenders ama também a estrada e tinha relação um tanto conflitiva com a Alemanha da epoca, com suas fronteiras internas físicas e psicológicas. 

Wim Wenders ama os EUA, mas critica o tanto que a influência cultural na Alemanha, em que "os americanos estão no nosso subconsciente".

Em "No Decurso do tempo", mais conhecido como "Kings of the Road", um conservador reparador de projetores itinerante (imagino que tenha sido uma inspiração para "Cinema, Aspirinas e Urubus") testemunha um homem enfiando seu fusca no meio de um lago. Este homem vem de um casamento fracassado e do exterior, logo é possível supor que trata-se de um suicida. 

Não que isso seja ou gere uma trama; não há um objetivo para as viagens, um ponto final, há apenas a estrada. E é nela, na complacência e na passagem de tempo e espaço que passamos a questionar um tanto mais quem somos. 

Interessante que Wenders escrevia o roteiro conforme filmava, dando um caráter episódico ao filme. E ele não nos priva de mostrar a "existência": ele foca seus personagens pelados, cagando, mijando, masturbando. Não acontece nada nestas 3 horas, mas acontece tudo que vivemos.

 

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1 hour ago, Muviola said:

Wim Wenders sempre amou o cinema. E por conta de todo este amor, ele sempre teve uma perspectiva pessimista para o cinema como arte e mídia. 

Wim Wenders ama também a estrada e tinha relação um tanto conflitiva com a Alemanha da epoca, com suas fronteiras internas físicas e psicológicas. 

Wim Wenders ama os EUA, mas critica o tanto que a influência cultural na Alemanha, em que "os americanos estão no nosso subconsciente".

Em "No Decurso do tempo", mais conhecido como "Kings of the Road", um projecionista itinerante (imagino que tenha sido uma inspiração para "Cinema, Aspirinas e Urubus") testemunha um homem enfiando seu fusca no meio de um lago. Este homem vem de um casamento fracassado e do exterior, logo é possível supor que trata-se de um suicida. 

Não que isso seja ou gere uma trama; não há um objetivo para as viagens, um ponto final, há apenas a estrada. E é nela, na complacência e na passagem de tempo e espaço que passamos a questionar um tanto mais quem somos. 

Interessante que Wenders escrevia o roteiro conforme filmava, dando um caráter episódico ao filme. E ele não nos priva de mostrar a "existência": ele foca seus personagens pelados, cagando, mijando, masturbando. Não acontece nada nestas 3 horas, mas acontece tudo que vivemos.

 

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Nunca nem ouvi falar. 

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(279)

Em 2020, Hong Sang-soo levou o prêmio de Direção em Berlim pelo seu excelente "A Mulher que Fugiu". Neste 2021, mais um prêmio em Berlim, Melhor Roteiro, por este "Introduction". Tenho que ficar ligado, pois o homem não para, já filmou outro trabalho neste ano, e eu quero continuar com meu "status" de ter visto TODOS (uhuhu!!) os filmes dele, durante aquela extensa maratona da pandemia. 

Este filme é muito sutil. Quem não prestar atenção vai ficar sem entender nada. Acompanhamos um jovem ator em três momentos. Um, em uma visita a seu pai, um médico bem-sucedido. Dois, um encontro com sua namorada em Berlim, uma jovem estudante de moda, muito romântica, encantada por ele. Três, um encontro com sua mãe, e o namorado dela - um experiente ator - em um restaurante, no qual ele leva um amigo seu. 

O episódio mais importante é o 3. No qual sabemos que o jovem ator admite não ter vocação para aquela profissão, embora tenha um rosto bonito. Alega ele ter se sentido desconfortável em beijar uma mulher em cena, e que a namorada não gostou muito, mas principalmente ele se sentiu mal. A mãe e o companheiro dela ficam loucos ao ouvir aquilo, ao ver ele desistir tão facilmente da profissão por isso. Mas ele, na verdade, está dizendo outra coisa...Está, justificando o título, "apresentando" o namorado a mãe.

Sim, sem dizer, está dizendo que é gay. Só fui me ligar que a primeira cena do filme é o pai dele, no consultório, rezando fortemente, dizendo a Deus que entregará parte de sua fortuna a um orfanato, mas não sabemos por quê. Descobriremos no episódio 3, quando os dois rapazes vão andar em uma praia, e o jovem ator é abraçado pelo outro, enquanto sua mãe vigia à distância da sacada de um hotel. O namoro com a jovem estudante é apenas uma fachada, e ela, ingênua, não percebe. Ainda desconhece o mundo, como admite em certo momento. Parando para pensar, me lembrei que em "A Mulher que Fugiu", seu filme anterior, também estruturado em 3, havia uma personagem lésbica não declarada, que vivia com a "amiga", afastada da cidade.

Eu tenho certeza que 99% das pessoas não vão entender esse filme. Vão ficar com cara de "????".  A coisa é muito sutil. Mas importante. Está falando sobre o peso que é ser gay na Coreia do Sul. O pai rezando desesperado, logo na primeira cena, é o mais indicativo.

Está longe de ser o melhor filme dele. Mas, como sempre, o seu cinema está todo ali. Longas caminhadas com conversas prosaicas, estáticas, sem plano e contra-plano; um hotel, uma mesa de restaurante regada a muito soju...uma cena na praia...

Uma cena na praia, deste vez, não à noite, não sozinho. 

Gostei muito.

The Film Stage 📽 on Twitter: "The first poster for Hong Sang-soo's new  film 'Introduction,' premiering at Berlinale 2021: https://t.co/WQwmXL4srO…  "

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Fatherhood é aquele tradicional filme de "pai que tem que segurar barra com filho sem a presença materna" e blábláblá.. É bonitinho, esfrega sermão na cara e tem moraleja no final.. o único diferencial é que todos os protagonistas são negros, elevando o tom dramático da bagaça.. mas é bem formuláico em sua narrativa e esquema. E tome dramalhão sem fim...kkk  Bonitinho, feel good movie básicão e feito pra matinê familiar... e só, ne? Visto na Netflix.. 8-10

KIERSEY CLEMONS | Novanoire Celebrity Family

 

 

Teddy a primeira vista pode parecer a versão francesa de Garoto do Futuro mas vai além disso, ta mesmo uma versão teen de Lobisomem Americano em Londres que até tem seu charme europeu. É sarcástica e formal dentro do possível, mas peca somente por não mostrar e ousar demais, principalmente no terceiro ato. Também achei o desfecho abrupto demais, sei lá... As atuações tão ok e é bem feitinho sendo filme francês enveredando neste subgênero de terror, que no caso aqui ta mais pra terrir. 8-10

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(280)

Filme de 1982 de Michelangelo Antonioni, último longa antes do derrame e da paralisia que o afastou dos trabalhos mais longos, "Identificação de uma Mulher" não é dos títulos mais queridos do diretor. Porém rendeu para a cinefilia a famosa "cena da neblina", que se dá no meio do filme.

É uma cena no qual o protagonista diretor de cinema avança pela estrada enevoada, na qual não se dá pra ver um palmo à frente, e a sua companheira, o rosto lindo e misterioso que persegue para o seu próximo filme, tem um ataque de pânico com a situação, deixa o carro, e desaparece. A cena é lindamente filmada. E muito representativa da carreira do diretor, remetendo obviamente a "A Aventura".

Um diretor recém-separado precisar achar um novo rosto para seu próximo trabalho. Um novo rosto lhe dará uma história. E um novo rosto, com suas qualidades únicas, pode ser também um reaquecimento para a sua vida real, solitária e presa ao pensamento.

O filme tem quase uma divisão em duas metades. A primeira, de busca profissional pelo rosto e o romance com uma linda e enigmática mulher, que termina na cena da neblina. A segunda parte é ele em um novo relacionamento, com uma outra mulher. Menos bonita, mas mais real, mais possível, que talvez não renda um filme, que talvez não possa estrelar um filme, mas pode compartilhar com ele a vida.

Por questão de estilo, o filme está recheado das costumeiras elipses do diretor. Fiz cara de "ué?", quando no começo do filme, antes mesmo do cara estar com a garota, já vem um "segurança" (de um mafioso) dizer a ele para não se envolver com a moça. Isso quer dizer que ela tem um passado perigoso, mas nunca ficamos sabendo realmente de nada. Também não vamos saber como o segundo romance começa, nem o contexto geral. 

Agora, tudo é tão bem filmado, que dá gosto de ver. Me chamou a atenção duas cenas de alto erotismo. Tipo, alto mesmo. Nível Bertolucci. Uma, mais romântica, com os amantes nus, brincando embaixo do lençol, jogando-o para cima. Outra, muito forte, um momento cuspe e ...um "fisting"! Sério, acho que nunca havia visto um "fisting" no cinema! 

Não neste cinema.

Identificação de uma Mulher - 1982 | Filmow

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Filme não tão conhecido da carreira de Hitchcock, lançado entre duas de suas principais obras (Pacto Sinistro e Janela Indiscreta), "A Tortura do Silêncio" já começa ao seu melhor estilo, apresentando um crime e o executor, numa Quebec bastante provinciana. A ação seguinte do assassino, um auto-declarado "refugiado alemão sem pátria" é confessar o crime ao padre da Paróquia onde vive. 

Em razão da natureza dogmática, o Padre mantém a confissão como segredo e por uma série de circunstâncias, ele mesmo passa a ser considerado suspeito.

Esta é o principal conflito do filme: a justiça dos homens versus a vocação eclesiástica. Acho que Hitchcock acaba ficando no meio do caminho entre o noir e o melodrama. Penso no quanto seria incrivel se um Bergman ou até um Almodovar o filmassem.

Apesar dessa indefinição, esteticamente me pareceu dos mais belos que já assisti de Hitchcock, tanto na composição dos quadros como na iluminação.

Outra coisa a se destacar é Montgomery Clift (lindo). É até engraçado isso, pois Hitchcock notoriamente considerava que seus atores deveriam ser "gados" (sem conotação política aqui) e Montgomery Clift foi um dos atores que vieram do Método, da mesma leva de Brando, Paul Newman, James Dean. Deve ter sido bem conflitante esta relação, mas é bastante claro o componente metódico do ator; Clift compõe seu padre com as costas arqueadas e os ombros para frente, quase como se ele estivesse carregando sua própria cruz. 

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Digam o que quiserem (Say Anything..., Dir.: Cameron Crowe, 1989) 2/4

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Cameron Crowe já teve seus anos de luz (entre Jerry McGuire e Quase Famosos, basicamente), mas anda meio sumido (últimos filmes dele meio passaram em brancas nuvens). Esse aqui é o primeiro filme que ele dirigiu, ainda nos anos 1980, antes da fama.

Eu tive que rever esse filme, porque fiquei meio intrigado que não me lembrava absolutamente nada dele, e tinha visto alguns anos atrás, nem faz tanto tempo assim. Claro, que tem a famosa cena (que virou meme) do John Cusack levantando o som estéreo na frente da casa da menina (cena parodiada/referenciada em vários filmes/séries), sem falar da cena final num avião que foi paródia num episódio dos Simpsons (na época que o seriado ainda era relevante), mas nada me vinha na cabeça quando tentava lembrar de alguma coisa dele. 

Agora revisto, eu achei ele meio imemorável mesmo, não teve nada que me chamou muito a minha a atenção. Na verdade, o começo dele achei interessante. Crowe tinha sido roteirista do 'Picardias Estudantis', no começo dos anos 1980, e esse aqui começa igual, mostrando um panorama geral dos jovens ali da época (já na reta final dos anos 1980). Uma cena numa festa, ele consegue mostrar a gurizada dali e o que eles faziam, mas, infelizmente, isso perde importância porque o filme não era sobre aqueles jovens, mas sobre só o personagem do John Cussack, aí todo mundo some e fica a história do romance dele com menina certinha do colégio.

Ele é mais impulsivo e não tem ideia do que vai fazer na vida depois do colégio, ela é o contrário, mais regulada e sabe o caminho que vai seguir. O romance dos dois é só mais um romance, daqueles que os dois são meio diferentes, mas conseguem se entender. E depois, mais na frente surgiu um dilema com o pai da menina, e o filme acaba focando nisso. O romance do dois não tava conseguindo ter nenhum dilema forte aí, no fim o Cameron sacou uma história envolvendo o pai da menina pra ter algum conflito entre eles. Enfim.

Considero que o filme tem sim aquele ar de 'Filme bunitinho do Cameron Crowe', e começa muito bem com a cena da festa, mas depois com o romance do casal e o 'dilema do pai', que não achei tão interessantes assim, e vai decaindo até sumir (talvez funcione melhor pra quem curta mais os personagens principais).

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(281)

Da fase americana de Jean Renoir, "Amor à Terra"/ "The Southerner", de 1945, que rendeu ao francês sua única indicação ao Oscar de Direção. 

Adaptado de um romance, acompanha a história de uma pobre família de trabalhadores rurais, que inicialmente recolhe algodão em uma plantation, e depois decidem ter eles mesmos sua roça. Lá, enfrentam toda sorte de problemas, desde um vizinho truculento, até as dificuldades inerentes ao ciclo da natureza. Mas mantêm o sonho de progresso, e de união familiar acima de tudo.

Não somos bobos, veio na onda do colossal "Vinhas da Ira", que é de 1940. Mas aqui sem socialismo. O adversário não é "o sistema", é o tempo, a Natureza. Não se pensa politicamente em nenhum momento a condição da pobreza rural. Reforça-se a mensagem do esforço, e do trabalho. A ética americana, portanto. Não a ética comunista.

Dito isso, o filme é bem bonito, terno, delicado, amoroso. Daquele tipo no qual as marcações do tempo são as páginas do calendário. Vai nessa linha bem antiquada. Em certo momento, quando a família enfrenta uma grande escassez, caça-se um gambá. Eles o preparam, e na hora da mesa, a nobre esposa e mãe serve a ela e a filha por último, "pois são mulheres". Inclusive, depois do cachorro, que capturou o pobre do gambá! Fiquei de cara.

O pai é vivido pelo ótimo Zachary Scott, que naquele ano também brilhou pelo excelente "Mildred Pierce"/"Alma em Suplício".

Amor à Terra - 1945 | Filmow

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(282)

Vou ficar uns 15 dias na correria máxima, e acho que vou ter que lamentavelmente sacrificar o Cinema. Ou escolher umas coisas rápidas. Vi "Bethânia Bem de Perto", que tem um subtítulo, em algumas consolidações, como, somado", "A propósito de um Show". É de 1966, e trata-se da segunda entrada na carreira de Júlio Bressane. 

Um curta de documentário que acompanha os passos de Maria Bethânia, estouradassa, logo após sua estreia no Show Opinião. Nele vemos Bethânia na intimidade, cercada de músicos e amigos, como Jards Macalé, Wanda Sá, Rosinha de Valença, Suzana de Moraes, Anecy Rocha, conversando a respeito de música, e em tratativas contratuais para fazer shows na Europa.

A parte mais engraçada é ela, muito menina, de cabelo curto, bebendo e fumando, e dizendo sinceridades como não aguentar a música do "Barquinho" ("Não gosto nem de ouvir que Barquinho exista");  ou falando que não conhece pessoalmente Roberto Carlos, mas que sabe que ele é uma boa pessoa, no entanto  "Quero que Vá Tudo pro Inferno" é de uma pobreza total. Explicável àquela altura, era muito menina, recém-chegada da Bahia, gostava era de samba-canção, coisas antigas do rádio, não estava muito na onda da Bossa Nova ou da Jovem Guarda.

É um doc filmado sobretudo em close. "Bem de perto" mesmo, para capturar o máximo da intimidade.

Vale mais como curiosidade história, ou tietagem. Para mim, a obra-prima "O Desafio", de Paulo César Saraceni, é muito mais valiosa, pois registra inteiramente a performance dela no próprio Show "Opinião", incorporando-a à narrativa do próprio filme.

Dos vários documentários sobre ela, o que eu mais gosto é "Música é Perfume", de 2005.

Bethânia Bem de Perto - A Propósito de um Show - 1966 | Filmow

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Um "corpo estranho" (sem piada intencional) na filmografia de então de David Cronenberg, "M Butterfly", no entanto, não deixa de falar muito sobre o "corpo", não tratado mais como um elemento de horror, só que político. 

Jeremy Irons é um funcionário da Embaixada francesa na Pequim de 1964, iniciando o que seria o processo da "Revolução Cultural" de Mao. Ele enxerga os chineses como um bom europeu: estranhos, com ar de superioridade e até certo ponto, tédio. 

Durante uma apresentação de uma montagem chinesa de "Madame Butterfly", ele se sente atraído pela diva Song Ling. Ela lhe serve como guia para entendimento do que é a China e o que os chineses entendem pela presença imperialista européia (e americana, posteriormente) na região. Eles acabam se envolvendo emocionalmente, porém não sexualmente, já que ele nunca a vê nua. 

A relação dos dois passa por vários anos e momentos políticos (além da Revolução Cultural, Guerra do Vietnã e Maio de 68), em elipses que, confesso, me deixaram um pouco perdido em alguns momentos. 

Como citei na primeira frase, à primeira vista não parece um filme de Cronenberg, mas essencialmente o é: a transformação do corpo, seja para fins políticos ou psicanalíticos; o sexo, aqui também usado como um meio político; representação e inversão de papéis, seja homem x mulher ou colonizador x colonizado.; e o horror causado descobrir o outro e a si mesmo. 

Só depois me dei conta do quanto o título é importante para reforçar estes jogos de representação. Não é mais apenas a tragédia de "Madame Butterfly", mas de todos que enfrentam o horror causado por descobrir o outro e a si mesmo.

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Hunter Hunter é um bom thriller que mantém não só a tensão constante como a dubiedade daquilo que se mostra na tela, no caso, a alegoria do lobo como o pior da espécie humana. Bem dirigido atuado e fotografado, só achei o desfecho dele apoteótico demais, descambando pra escatologia e horror puramente pra efeito catártico. Acho que não precisava diante de tudo aquilo que construiu sutilmente até então, pois ficaram parecendo dois filmes diferentes. Mas ainda assim vale a conferida deste indie. 8-10

Available Now: Hunter Hunter (2020) – Horror Freaks


 

The Old Ways é um terror sobre possessão demoníaca diferenciado e só por isso já vale a pena. Parece ter sido feito pelo México mas é americano mesmo, e a proposta de sair do contexto judaico-cristã é bastante válida, atentando pro lance antropológico de supertições mexicanas, como o xamanismo. As atuações estão boas e narrativa dupla cumpre bem o seu propósito e até joga com a nossa perspectiva das coisas. Só achei que o final foi muito agridoce praquilo que se propôs a contar, mas mesmo assim curti este "exorcismo latino" onde menos é mais. 8,5-10

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Fazia muito tempo que queria ver este segundo longa de Peter Weir, baseado num livro que pode ou não ter se baseado numa história real.

Na Austrália de 1900, um internato de garotas vai ter um piquenique especial referente ao Dia de São Valentim. Nessa excursão, três garotas e uma professora desaparecem sem deixar qualquer rastro. Isso gera uma grande comoção, seja pelas buscas e investigações, seja pela forma como afeta alunas, professoras, diretora da instituição e pessoas que estiverem presentes na ocasião do desaparecimento. 

A primeira influência a se pensar é na A Aventura, de Antonioni, por olhar menos para a investigação e muito mais para as reações. Além dele, vejo uma forte influência do Southern Gothic americano, pela atmosfera ambivalente e desconcertante; um cenário que traz uma forte conotação de decadência; a influência de diferenças de classes, principalmente no que tange Europa x Novo Continente e, por fim, a repressão sexual como elemento catalisador de alienação. 

Servindo como um template para boa parte da filmografia de Sofia Coppola, Peter Weir tentaria fazer uma versão masculina em Sociedade dos Poetas Mortos, mas tendendo muito mais ao melodrama.

 

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Don´t Breath 2 é a continuação razoável do bacanudo filme de 2016, que basicamente era uma versão hardcore de Esqueceram de Mim protagonizada por um velho cego. Aqui é tudo elevado á enéssima potência, e o que era sabiamente sugerido no filme anterior aqui é trocado por gore e violência, ou seja, por soluções fáceis. Lang e a pirralha (que faz a "filha") mandam bem em seus papéis, mas o que mais pegou mesmo foram as reviravoltas absurdas do filme. Dá pra assistir mas é inferior ao primeiro. E pelo andar da carruagem desta franquia (sim, tem cena pós-crédito) o terceiro filme vai seguir o rumo de Fast & Furious em viajadas na maionese, fugindo totalmente da proposta original, onde até estuprador vira herói. 7,5-10

Don't Breathe 2 in Ennis at Galaxy Drive-In

 

 

The Oak Room é um bacanudo e tenso thriller indie que não dava nada e valeu totalmente a bizoiada. Se passa tudo num bar onde duas pessoas trocam estórias, e dentro delas tem outras estórias, onde presente, passado e futuro dos personagens vai sendo contado em doses homeopáticas e a gente monta o quebra-cabeça da situação. É um filme calcado na oratória e no contar de histórias (cinema) muito bem conduzido, provando que diálogos podem ser mais contundentes que a pirotecnia de trocentos efeitos especiais. É uma produção que vai lentamente aumentando sua tensão e desconforto até seu desfecho explosivo, onde a gente fica matutando o que assistiu após os créditos finais surgirem em tela. E são poucos os filmes que conseguem isso. 9-10

A Snowstorm Leads to the Mystery of 'The Oak Room' [Trailer] - Bloody  Disgusting

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(283)

Bale em "O Operário"; McConaughey em "Clube de Compras Dallas"; ou Michael Fassbender neste "Hunger", de 2008; que ator emagreceu mais? Deixe o seu voto.

Estreia em longas de Steve McQueen, ganhou vários prêmios naquele ano, inclusive Un Certain Regard em Cannes, Los Angeles, Nova York, e por aí afora. É impressionante como primeiro filme. Muita virtuose desde já. E um desejo de mostrar o talento, que às vezes se mostra excessivo. Montagem excelente de Joe Walker, do aguardado "Duna".

Dribla até onde pode a discussão política - o que, vamos ser sinceros, facilita o roteiro - sobre o que se passou na Irlanda do Norte, para centrar na violência institucional que os presos do Ira receberam na prisão, e como a violência também acertou o outro lado, dos policiais penais. O compasso é os Direitos Humanos.

Fassbender (nu em pelo, antes de "Shame") merecia todos os prêmios do mundo, tanto pela sua entrega física, como também pela maravilhosa atuação, no incrível plano central do filme: Dezesseis minutos de discussão entre ele e o Capelão, sobre a natureza da greve de fome prestes a se iniciar. Martírio, suicídio, homicídio? Muito bem escrito, por sinal; num diálogo lindo, ora veloz ora reflexivo, cujo momento estampa o cartaz.

No mundo real, o IRA foi dissolvido em 2005. A velha Albion encontra-se em paz internamente. A Irlanda, como um todo, nunca esteve tão rica ao adotar o liberalismo econômico (Aliás, percentualmente, mais rica do que os Estados Unidos). Imagino que a do Norte colha os frutos do processo, por derrame. Thatcher, a vilã do filme, por não reconhecer o status de prisioneiros políticos a verdadeiros terroristas, venceu. A palavra terrorista não aparece no filme. Mas eu a coloco nesse comentário, por amor à verdade.

 

Hunger - Filme 2008 - AdoroCinema

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(284)

Vi o adolescente "Ele é Demais", de 2021, da Netflix. Uma atualização do megasucesso "Ela é Demais", de 1999 - que eu vi repetidas vezes naquele ano. Só que dessa vez a aposta é entre meninas, e o garoto é que será transformado.

O filme em si é terrível. Muito mal dirigido, falso, superescrito. No campo moralista, acrescento, promove tudo aquilo que tenta denunciar, como a superficialidade, o consumismo, a vontade de status. Mas o pior são os atores. Todos bem ruins, a começar pela tik toker Addison Rae. O garoto é ruim, mas estraga menos as coisas. Kourtney Kardashian tem um papel ridículo, e está canhestra em cena.

Deu dó ver Rachel Leigh Cook, estrela do filme de 1999, agora como a mãe da adolescente. Cruel, o tempo é cruel.

Um filme pra atingir os novos adolescentes, os adolescentes de hoje. Pelo sucesso no streaming, devem ter conseguido.

Já os antigos adolescentes cresceram e não gostaram, não.

Ele é Demais: Comédia teen dos anos 1990 volta invertida em trailer  legendado

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(285)

Minha homenagem mental a Jean-Paul Belmondo, falecido hoje aos 88 anos, foi rever "Pierrot le Fou", no Brasil, com o insólito título de "O Demônio das Onze Horas". Quando soube da morte dele, pensei no icônico final deste filme, lógico. Mas, depois, pensei foi no início. Com ele, fumando, e lendo na banheira para a filha. Aliás, por causa de sua boca, com aqueles lábios marcantes, toda cena de ele fumando caía bem para a câmera.

Neste complexo filme de 1965, temos ele e Anna Karina revivendo um amor do passado, abandonando as famílias, abandonando a sociedade, fugindo de uma quadrilha de gângsteres, para se isolarem no sul da França, perto do mar e do sol. No caminho, pequenos roubos, uma cantoria na floresta, uma encenação política humorada da guerra do Vietnã, a acusação de tráfico de armas da França para a Argélia, e muitas, muitas pensatas sobre o cinema. 

É como se os personagens abandonassem a vida linear, familiar, socialmente organizada, e, semioticamente, literária, para viverem uma vida de cinema. Vida de cinema na qual há muita emoção, roubos, brigas simuladas em postos de combustíveis, musicais, traições, "uma garota e uma arma" ( a frase famosa de Godard: "Tudo que você precisa para fazer um filme é de uma garota e uma arma"!) e uma das mais maravilhosas cenas sobre a importância do som no cinema, quando Belmondo encontra o personagem de  Raymond Devos no cais do porto. O que é aquilo? É um lacre aquela cena! Um profissional do som precisa ver essa cena todos os anos.

Era o melhor ator do mundo? Não. Mas é a cara masculina da Nouvelle Vague. Isso é tudo.

Bravo!

Pierrot le Fou (1965) - Jean-Paul Belmondo as Ferdinand Griffon dit Pierrot  - IMDb

 

 

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Só queria um filminho pra fugir da realidade que passava inacreditável embaixo da minha janela no dia de hoje, e caí com este "Justiça em Família", disponível na Netflix. Um filme de ação bem genérico, de vingança em prol da honra familiar, até que, no final, há um instante de ousadia narrativa. 

Porém esse lance de ousadia é completamente inverossímil, tanto que simplesmente adentra o campo do ridículo. Dá vontade de quebrar a tv. Nem "Uma Mente Brilhante" conseguiu forçar tanto a barra - tanto que conseguiu capturar o carinho das pessoas, e o levar ao Oscar de Melhor Filme em 2002.

Jason Momoa é um astro. Ele tem algo de muito gostável na figura, de barba e cabelo grande, como yo. Não sei como ele sobreviveria sem esse visual. Mas em algum tempo será preciso, sob pena de ser sempre o mesmo em cena.

 

Justiça em Família poster - Foto 15 - AdoroCinema

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3 hours ago, SergioB. said:

(286)

Só queria um filminho pra fugir da realidade que passava inacreditável embaixo da minha janela no dia de hoje, e caí com este "Justiça em Família", disponível na Netflix. Um filme de ação bem genérico, de vingança em prol da honra familiar, até que, no final, há um instante de ousadia narrativa. 

Porém esse lance de ousadia é completamente inverossímil, tanto que simplesmente adentra o campo do ridículo. Dá vontade de quebrar a tv. Nem "Uma Mente Brilhante" conseguiu forçar tanto a barra - tanto que conseguiu capturar o carinho das pessoas, e o levar ao Oscar de Melhor Filme em 2002.

Jason Momoa é um astro. Ele tem algo de muito gostável na figura, de barba e cabelo grande, como yo. Não sei como ele sobreviveria sem esse visual. Mas em algum tempo será preciso, sob pena de ser sempre o mesmo em cena.

 

Justiça em Família poster - Foto 15 - AdoroCinema

No Dune, ele tá sem barba rs

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(287)

"N`um vou nem falar nada!!"

Revi o marcante e importante "Plataforma", filme de 2000, do gênio Jia Zhang-Ke. Um filme que exige do espectador certo conhecimento histórico sobre a história política chinesa, pois uma coisa que ele não é, de jeito nenhum, é didático. 

Estamos em Fenyang, uma cidadezinha do norte da China (a cidade natal do diretor), no final dos anos 1970, quando o país atravessava uma transição importantíssima. Saía do horror da chamada Revolução Cultural, e na sua brutal política de enaltecimento dos ditames do Maoísmo, para, através da condução de Deng Xiaoping, abrir-se à reformas econômicas e à uma abertura cultural.

No filme, acompanhamos um grupo estatal de teatro camponês, que se apresentava para o povo, glorificando as supostas conquistas de Mao Tsé-Tung. Vamos observando outros detalhes: a vida miserável da população, gente que nunca estudou, nunca viajou, não sabe onde é a Mongólia, as roupas todas iguais, retratos de Lênin e Stalin nas paredes do cinema, a ausência de eletricidade nas casas, a letargia rural...Porém, a coisa começa a mudar. A eletricidade chega, mais gente vai embora buscando redenção econômica, o grupo teatral recebe influências estrangeiras ( há uma cena linda de dança flamenca), e, pelo que entendi, seus integrantes precisam se reiventar, alguns abandonam o grupo pois não dá pra viver mais do soldo estatal, outros começam a usar jeans, e formam uma banda de rock, cuja música principal é "Plataforma" - uma canção com letra melancólica.

Em outra canção, ao longo do filme, pergunta-se como aquela geração do início dos anos 1980 estará dali a vinte anos. O filme é de 2000, é a resposta. E a China, sem dúvida nenhuma, já estava muito melhor. A erradicação dos rumos da Revolução Cultural por Xiaoping deu certo. A China se abriu e se modernizou. Tiurou centenas de milhões da pobreza. Como eu sempre escrevo quando falo dos filmes iniciais de Zhang-Ke, o Brasil em 2000 ainda era mais rico do que a China. Basta consultar os números e termos noção do nosso desastre em matéria de crescimento nas duas últimas décadas.

Em meio a demonstração da transformação chinesa, há uma história de amor platônico entre dois integrantes da trupe teatral, vividos pelos atores de sempre de Zhang-Ke,  Hongwei Wang e Tao Zhao, hoje esposa diretor.

É um filme muito inteligente, pois consegue evitar uma crítica afrontosa às duas realidades. Embora entendamos o contexto político, ficamos mais é sensibilizados por ver a população, a sociedade, ser sempre a principal vítima, dos desacertos de seus governantes.

 Como mostra o cartaz, foi preciso a China virar-se de cabeça para baixo. 

Plataforma - 2000 | Filmow

 

 

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