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376)

Eu já vi esse filme antes, chama-se "Repulsa ao Sexo", de Roman Polanski. O próprio diretor Edgar Wright assume a influência. Mas digamos que é influência demais... Até seus 50minutos, é quase uma atualização. Sendo sincero, não sou muito fã desse filme celebrado do Polanski, feito em sua passagem pela Inglaterra. Acho que tem "sustinhos" demais, igualmente este "Noite Passada em Soho", sendo que o que há de mais interessante, a meu ver, das duas histórias - da mesma história -  é a abordagem da questão sexual.

Tanto a personagem de Catherine Deneuve, quanto a da ótima Thomasin McKenzie, sofrem abordagens masculinas o tempo todo, não sabendo lidar, por imaturidade, por inexperiência, com essa questão de ser alvo sexual, mesmo as de cunho mais romântico. Nos dois filmes, as duas protagonistas têm pouco contato com suas colegas de mesma idade, e neste há inclusive uma frase em que as outras jovens questionam até se ela é virgem. E deve ser! Logo no início de "Noite Passada em Soho" , a protagonista já é assediada pelo taxista, deixando claro a problemática do assédio constante, reiterado. Com certeza, a importunação sexual à uma menina mais recatada mexe com a cabeça, sim.

Porém, isso seria substância demais para o filme. Que, como falei, preferiu se socorrer na estética, ou nos "sustinhos", como falei. Esperava mais do Edgar Wright.

Figurinos excelentes, da britânica Odile Dicks-Mireaux, que deve ser a única esperança de concorrer a prêmios do filme. Fotografia do sul-coreano Chung-hoon Chung, realmente uma estrela em ascensão.

Último filme de Diana Rigg. Que pena! Que talento! Foi muito bonita também, diga-se de passagem. Mas sempre lembrarei dela pela sua fabulosa atuação em "O Hospital", pelo qual deveria ter concorrido ao Oscar. 

Noite Passada em Soho - 18 de Novembro de 2021 | Filmow

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Black Friday é um terrir que tenta ser a versao parodiada atualizada de Madrugada dos Mortos, isso no que diz satirizar os consumidores de promocoes como devoradores de ofertas (e pessoas), fora a critica rasa do lance trabalhista quase escravo e avareza corporativa. Mas fica so no terrir genérico e previsivel cuo maior destaque é a presenca dos interpretes do Ash e Spawn no elenco. De resto, o filme tem alguma energia e raca dentro daquilo que se propoe, mas nada assim que ja nao tenha sido visto antes e de forma bem mais competente. Diversao B bem descerebrada apenas aproveitando a data que empresta nome ao titulo. 7-10

Black Friday - Horror-Komödie mit Bruce Campbell - Trailer -  horror-news.com - Horror, Splatter and more


 

Jacob`s Wife ja é outro exemplar de terrir indie de vampiro mais sofisticado que tambem tem no elenco dois ícones do gênero, a scream queen Barbie Crampton e o diretor B Larry Fassender, mandando bem e com ótima quimica em tela. O legal tambem é a analogia que faz entre o vampirismo e o casamento. O filme demora a decolar mas quando o faz é gostoso de assitir, ainda mais com efeitos bem artesanais e um ou outro sustinho besta pra atentar mais à trama, que se resume a mudanca radical (ou sopro devida) que uma crente carola tem depois de ser mordida por um sanguessuga. A Barbara Crampton ta enxuta e continua deliciosa como dos filmes oitentista que assistia dela. 8-10

Imagem

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377)

Creio que cabe um "N`um vou nem falar nada!!"  para "Pavor na Cidade dos Zumbis" ou melhor "City of the Living Dead", de 1980, do italiano Lucio Fulci, considerado o "poeta do Gore", então"N`um vou nem falar nada!!". 

Afinal, a expressão "cena inesquecível", tantas vezes repetida, nesta produção cabe ao pé da letra. A chuva de larvas - larvas de verdade! - fala por todas. Não dá pra esquecer! A cena dos namorados no carro...Inesquecível! Fica pra sempre na memória mesmo. 

O que dá pra esquecer é da trama, um fiapo, uma nesga sem aprofundamento: Um padre que se enforca no cemitério de uma cidade construída sob as ruínas de Salem, despertando assim os mortos. O interessante é que 99 em cada 100 roteiristas iriam buscar explicações prévias na vida do padre, em sua psicologia, ou conflitos pessoais. Este caminho é simplesmente descartado. Não interessa.

O filme goza de uma simplicidade. Desperta medo pelo som: pios de coruja, uivos do vento, ranger de portas, vidros rachando-se, gritos, lamúrias, soluços...Maravilhoso isso. Desperta medo pelo sangue, pela bílis, pelo rosto céreo dos cadáveres, pela gosma das entranhas.

O terror aqui não é "básico", é basilar.

Pavor na Cidade dos Zumbis - 11 de Agosto de 1980 | Filmow

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Feast é um bacanudo terror na mesma vibe de Midsommar ou In the Earth, as este aqui curti mais que os filmes citados. Exemplar respeitavel do subgênero "folk horror movie" aqui temos um jantar que desde o comeco sabemos que vai dar errado, e a analogia da vinganca da "mae natureza" ta mais do que óbvia. Bem atuado, com destaque principal pra atriz do poster (que quase nao dá um pio e tudo é na base da interpretacao corporal), com bastante gore e momentos bem tensos..so achei que faltou mais explicacao do que assistimos nos finalmentes, porque minha interpretacao nao conseguiu unir alguns cabos soltos do longa. De qualquer maneira, este indie inglês falado totalmente em galês dá muito o que pensar... pena que é daqueles filmes de distribuicao limitada e que visivelente terao o reconhecimento dos filmes do Ari Aster. 8.5-10

THE FEAST: Official Poster And Trailer, Coming November 19th

 

Spirits in the Forest é um bom documentário sobre a banda oitentista Depeche Mode sob um olhar diferenciado, aliás mais diferente do que a banda já é. Em tempo, recordo que na adolescência curtia a banda mas com passar dos anos vi que era fase e larguei dela. Longe de simplesmente de ser making off do show em Berlim que dá nome ao titulo, o doc alterna a história de 6 fãs (escolhidos a dedo) e sua relacao com a banda, onde tem até um carioca que o som dos ingleses ajudou a sair do armário. Outra legal é a da francesa que teve amnésia, a da mongolesa que ouvia as fitas piratas, do ingles que montou banda cover com seus filhos, etc.. cada estória tem seu encanto. E as musicas nao deixam por menos, uma boa selecao que dá vontade de sair sacoleando o esqueleto no final. Pena que o doc é curtinho (80min) porque dava pano pra mais. Visto no Amazon Prime por nostalgia. 8-10

Watch Spirits in the Forest on Netflix Today! | NetflixMovies.com

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378)

Este é o filme ruim da temporada? Nossa, eu gostei muito de "Stillwater", novo filme do Tom McCarthy. As críticas rodaram em torno do filme ser "monótono", ou de que ele não consegue se decidir em ser um thriller ou um estudo de personagem. Eu refuto as duas.

O filme é meio longo, sim, 2h18min, mas todos os filmes dele, como os excelentes "O Visitante" e o vencedor do Oscar, "Spotlight", têm uma cadência vagarosa, sim, mas é tudo tão bem dirigido, e com aquela direção invisível maravilhosa própria dos trabalhos dele, que eu nem notei o tempo passar. Quanto aos gêneros, realmente, não é um thriller investigativo tradicional. Vem junto, anexado mesmo, uma pensata muito importante sobre o modo de vida trumpista dos "rednecks" versus o modo de vida europeizado contemporâneo, sobretudo no campo da justiça pessoal. Na cena que define o filme, passada em um porão, meu queixo quase caiu. Sinal que a construção da história foi bem-feita.

Matt Damon está ótimo, Abigail Breslin também, mas quem deu show foi a atriz francesa Camille Cottin (que está em "House of Gucci" também). Ótima a trilha do canadense Mychael Danna, oscarizado por "A Vida de Pi".

O filme é levemente inspirada no caso de Amanda Knox, quer tem acusado o filme de querer lucrar com sua história. Mas, sem razão, tudo foi mudado, os nomes, o local (Itália, pela França),e o final...A meu ver, ela acusa o filme injustamente, assim como ela foi acusada injustamente. Vai entender...

Gostei bastante.

Stillwater - Filme 2021 - AdoroCinema

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379)

"N`aum vou nem falar nada!!"

Premiado com a láurea de Melhor Roteiro em Cannes, 2013,Um Toque de Pecado", de Jia Zhangke, é quase uma aula a filmes odiosos como "Babel", que tentam reunir histórias múltiplas com paralelismos falsos de causa e efeito, para ir por um outro caminho, num caminho de hyperlink, em que todas as histórias diferentes "pertencem" a algo muito maior, à história econômica-social de sua época. Aqui, quatro histórias, situadas em quatro regiões distintas da China - fechando em Pequim - , para falar da transformação econômica do país, mas numa acepção de violência. Ao mudar a cultura, o dinheiro desperta fissuras sociais. Tanto é verdade, que as histórias são baseadas em fatos.

O filme abre com um homem sozinho de meia-idade que está cansado de ver a corrupção grassar na sua cidade, sitiada em uma província de mineração de carvão. Tem um dia de fúria, e mata a todos àqueles que julga enriquecerem com os lucros, que não mais dividem com os demais. Não há mais a lógica da distribuição socialista. Revolta-se, no limite, com o a desigualdade ou com a lógica do "cada um por si".  A segunda história foi a que eu menos gostei e entendi: um matador de aluguel, que decide passar o fim de ano com seu filho. Curiosamente, tem ele mais medo do celular, do que de uma arma de fogo ( Medo da tecnologia, pois não está qualificado!), a qual usa somente como meio de trabalho. Não há "vingança" social. Para ele, trata-se apenas de um objeto neutro. A terceira história é protagonzada pela musa Zhao Tao, que está sublime como uma recepcionista de uma sauna, que tem um caso com um homem casado, e é acossada por clientes ricos. Em uma cena soberba, será humilhada por esse cara, que lhe dará uma surra - surra mesmo - utilizando um pesado maço de dinheiro, como uma saraivada de tapas na cara. A grana humilha!  A quarta história é excelente, um jovem que vai passando por vários empregos ruins, até parar em um resort de fantasias sexuais, até que não aguenta, e - spoiler - se suicida.

Todas as quatro histórias são maravilhosamente bem dirigidas, com muita consciência "seca" de cada plano, com detalhes incríveis, como a substituição de uma estátua de Mao por uma santa cristã, ou a boina do matador levar a estampa do Chicago Bulls, ou em cada história vermos uma ponte gigantesca mostrando a pujança das urbes na China...

Para mim não há nenhuma dúvida de quem é o melhor diretor do mundo.

Tendo visto todos os filmes dele, meu ranking Jia Zhanke é assim:

1) "O Mundo";

2) "Em Busca da Vida";

3) "Amor até as Cinzas";

4) "Prazeres Desconhecidos";

5) "Plataforma"

Um Toque de Pecado - 17 de Maio de 2013 | Filmow

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House of Gucci é um novelao enfadonho de mais de duas que nem seu gabaritado elenco estelar segura! Vai vendo, aqui tentam condensar as tramóias de três décadas dentro da familia em duas horas, nao dá certo! Muita enchecao de linguica e muita interpretacao caricata que beira teledramaturgia mexicana! Muito bem produzido tecnicamente, deste conto de fadas onde dá merda creio que única que se salva é a Lady Gaga, pois tudo gira em torno dela. Entre personagens que entram e se vao se dizer a que vieram, quica os únicos que tiveram potencial desperdicado foi o Pacino e o Leto. O Adam Driver, coitado, já é segunda barca furada do Ridley que ele entra. Na boa, o filme nao se decide se quer ser sério como Cassino ou Lobo de Wall Street, filmes dos quais bebe fonte, ou exagerado como Maria do Bairro... Nao via a hora de acabar, pelamordedeus! Tempo perdido assistir este filme! Ridley Scott aqui entrega mais uma vez um filme abaixo da mèdia, melhor ele ficar so na producao da proxima vez! 6-10

House of Gucci: filme com Lady Gaga ganha novo pôster - POPline


 

Spencer é outro conto de fadas ás avessas como o filme de cima! Aqui dramatiza os ultimos dias da Princesa Diana, por sinal muito bem interpretada pela crepusculete apática Kristen Steward, mas pra ser sincero.. nem isso salva este filme bocejante! Tem um clima forcado e pasmem, um final feliz que destoa do resto do longa...vai vendo, sendo que o plot da princesa infeliz transpira todo tempo! Provavelmente a Kristen seja indicada à estatueta mas como disse, o filme nao me fisgou em seu conjunto.. falta alguma coisa. E diferente do melhorzinho Jackie (2016), aqui é tudo da ótica da Diana o que infelizmente nao ajuda muito pois o filme parece um longo comercial de perfume de griffe. Pelo menos o sufoco tem menos de duas horas, nao encheram linguica como no filme acima. Meu, foi sorteado com duas bombas estes últimos dias! Culpa da patroa que me obrigou a assistir... Por isso devo retornar com tudo com minhas bagaceiras B a partir de amanha! 7-10

Spencer | Eye Filmmuseum

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380)

"Ferida", de 2020, adquirido pela Netflix neste ano, tem direção e protagonismo de Halle Berry, a contar pela centésima vez a história de redenção pessoal de um lutador profissional. Aqui, uma lutadora de MMA. 

O filme é uma centopeia de clichês! Não há absolutamente nada de novo em termos de enredo. E em termos de composição narrativa, tipo, o manjado esconderijo de álcool em produto de limpeza, abaixo da pia. Mas o clichê tem algo de verdadeiro em sua essência. Torna o filme previsível, mas também reconhecível. Aposto que muita gente com gosto cinematográfico menos exigente vai gostar. 

Dificilmente eu detono um filme, então elogiarei duas coisas. Primeiro, a atriz ugandense Sheila Atim, que tem uma presença poderosa em cena. Quero ver mais trabalhos dela! Gostei muito de sua interpretação. E, segundo, o esforço físico da Halle Berry, aos 55 anos, entregar um filme assim. Mesmo que a enorme cena de luta, no final, não seja tão bem realizada, com som e montagem protegendo demais a atriz, deve ter sido, no mínimo, cansativa a preparação para o papel.

Eu, sem malhar há quase dois anos, não conseguiria.

Ferida - Legendado (2021) Torrent Download

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2 hours ago, Jorge Soto said:

 Ridley Scott aqui entrega mais uma vez um filme abaixo da mèdia, melhor ele ficar so na producao da proxima vez!

 

Não perdoo o que ele fez no Prometheus (e depois enterrou mais com o Alien Covenant). Tinha um material tão rico ali que ele não soube lidar, infelizmente... 

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Fried Barry é uma foderosa experiencia sensorial sulafricana que nao dava nada e valeu a visita! Pensa num terror scy-fy indie bizarro, que além de psicodélico, violento e repleto de gore, tem um puta protagonista que faz tudo com interpretacao corporal pois nao dá um pio sequer! Imagina um Starman misturado com Transpotting!! Ou ate uma versao hardcore de ET!! O filme é uma análise satírica da sociedade, repleto de referências cinematográficas, repleta de situacoes esdrúxulas de sexo e violência... nao é pra todos os gostos, ja vou avisando.. mas eu adorei! O diretor fumou um do bao e mandou ver neste filme! É verdade que tudo funciona a contento devido ao desconhecido Gary Green no papel titulo, que carrega o filme no bolso sem fazer forca. No final a gente se pergunta se tudo realmente ocorreu ou se era brisa do infeliz junkie Barry.. 9-10

Fantasia Review: Fried Barry – The Blogging Banshee

 

 

Resident Evil:Bem-Vindo a Raccoon City é um razoável reboot da franquia da Milla que até dá pro gasto. Em tempo, nao conheco os jogos e meu contato com a franquia se deu apenas com um ou outro filme da Jovovich, que achava apenas divertidos. Este aqui nao tem a mesma vibe dos filmes dela e tá mesmo pra um filme genérico de zumbis, tipo Train to Busan e Retorno dos Mortos Vivos, onde tentaram enfiar de qualquer forma elementos dos jogos. Bem, pra mim até funcionou como zombie movie, mas o problema é que é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo (sao dois núcleos, um na mansao e outro na cidade) e parece que se preocuparam mais em jogar referências e easter-eggs (das quais eu boiei totalmente) do que caprichar mais no roteiro, que é bem raso. Muito bem feito e com interpretacoes fraquíssimas, acredito que este seja um filme que deva mais agradar (ou nao) aos entendedores da mitologia da franquia do que a mim, que vi o filme e até cheguei a curtir como um zombie movie, dentro de suas limitacoes, claro. Outra coisa, a personagem da Lisa Trevor merecia filme próprio. 8-10

Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City' | Confira o novo pôster - Teoria  Geek

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381)

Fechando a Trilogia maior do mítico personagem, "Encarnação do Demônio", de 2008, coloca Zé do Caixão fora do cárcere 40 anos depois ( poeticamente, do semiesquecimento nacional?), diretamente para a periferia de São Paulo, estranhando a degradação urbana, entre jovens fumando crack, milícia tomando conta da quebrada, e policiais linchadores, e, não sei por quê, bastante religiosos.

Filme de cinema de Terror marginal, bem feitinho, honestão, com ótimas ideias, e aquele elenco de coadjuvantes canhestros combinado com grandes veteranos da cinefilia nacional, como Helena Ignez, Jece Valadão (que morreu durante a filmagem), e Rui Rezende. Outro valor do filme é conseguir incorporar cenas dos dois primeiros filmes, a obra-prima "À Meia Noite Levarei Sua Alma" de 1964, e "Esta Noite Encarnei no Teu Cadáver" de 1967, filme que teve um final muito prejudicado pela censura - Neste, ele o corrije, o redime. Redime também a sua voz, pela primeira vez não sendo dublado.

Como ateu, pra mim é especialmente interessante como ele conseguiu criar uma obra que critica o misticismo popular e ao mesmo tempo as religiões instituídas. "Nada teme a mente que não acredita em nada"; "A Trindade contra o Tridente";  em um momento dá a entender que o personagem chama imagens sacras de "bonecos". Só um personagem inclassificável assim pode ter a licença popular para tocar nesses assuntos, sem causar muitas revoltas ou indignação.

Zé do Caixão, vale acrescentar, que está em alta no mundo pop americano, virando filme, por exemplo, pelas mãos de Elijah Wood. 

Meu apreço à inteligência de José Mojica Marins, morto em 2020. 

Encarnação do Demônio (2008)

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382)

Gente... BENEDICT CUMBERBATCH!!!!

Na madruga, vi um dos melhores filmes do ano, e aposta maior da Netflix ao Oscar 2022, "The Power of the Dog"/ "Ataque dos Cães". Um trabalho sensacional da Jane Campion, que entrega um faroeste intimista mórbido! Superclimático! Já adianto, todavia, o meu maior problema com o filme, e que eu acho que será seu maior empecilho na corrida de prêmios e junto ao grande público: Seu final pouco "nítido". Quer dizer, é só ter dois pares de neurônios que tudo se resolve, mas...poderia ter um sinal de clareza a mais.

Fotografia excelente de Ari Wegner, que deve ser a única mulher indicada ao Oscar na categoria, a meu ver; Trilha sonora lindíssima do Jonny Greenwood ( que lutará contra si mesmo, em seus 3 trabalhos no ano); Design foda do oscarizado compatriota de Jane, Grant Major; mas o que eu mais gostei mesmo foi da atuação espetacular do Benedict Cumberbatch. Sempre disse aqui que o achava apenas bonzinho, só valorizando demais seu trabalho de voz como "Smaug" nos dois filmes, mas neste trabalho ele me ganhou. Seu personagem é uma serpente! Sempre perigoso, lascivo, evitativo. Fantástico! Mas para mim a cena mais fantástica do longa é sua (não aparecem detalhes, fiquem calmos...) cena de masturbação à beira do rio...Um trabalho de composição visual de extrema sensibilidade. Deve concorrer ao Oscar, certamente.

Gostei muito dos noivos na vida real Kirsten Dunst e do Jesse Plemons, mas seus personagens, em certo momento, vão numa toada menor. O jovem australiano Kodi Smit-McPhee está cotado até para ganhar o Oscar de Ator Coadjuvante, o que seria muito raro, seria o mais jovem desde Timothy Hutton, na categoria. Na real, os três deveriam ser indicados.

Um filmaço da Jane Campion, com muitas ligações com "O Piano", desde a presença do instrumento musical, mas certamente por seu clima de solidão em uma região semieducada, semipovoada, preconceituosa. Algumas características de seu cinema, por mim percebidas na minimaratona que fiz, como a presença de pares (amigas, irmãs, aqui, irmãos), nudez dos protagonistas, intimidade via natureza, repetem-se aqui, em outro diapasão.

(É maravilhoso a mãe ganhar luvas de presente!) 

Amei!

Meu ranking Jane Campion, portanto, altera-se:

1) "O Piano";

2) "Ataque dos Cães";

3) "Um Anjo em Minha Mesa";

4) "Brigth Star";

5) "2 Friends"

The Power of the Dog: NOW A NETFLIX FILM STARRING BENEDICT CUMBERBATCH  (Vintage Classics) (English Edition) - eBooks em Inglês na Amazon.com.br

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383)

Fiz burrada, e comecei a conhecer a filmografia do português Pedro Costa de trás para a frente. O que não é bom. Pois há uma sequência de trabalho, e estou tendo que fazer um processo de engenharia reversa. Comecei por "Vitalina Varela", e me imiscui hoje em "Cavalo Dinheiro", um dos filmes mais elogiados da década passada. 

É impressionante como gramática de cinema. Mas meio chato. Impressionante. Mas meio chato. Mas, realmente, impressionante. A fotografia é um breu; uma composição expressionista, cheia de sombras, que combinam com o pesado tema do filme. Tema que...não é fácil para a gente...É sobre a descolonização de Cabo Verde. Tipo, não sou escolado no assunto; quem no mundo o é? Mas os próprios atores ficcionalizam suas histórias, o que eles viram, então há um ganho de simpatia. Contam sua migração para Portugal, sua má recepção social, a destruição de seu bairro por lá, a destruição de suas casas na ilha. "Cavalo Dinheiro" por que o cavalo do protagonista tinha esse nome, "Dinheiro", e foi "rasgado" pelos abutres, quando deixado na ilha. Assim conta a Varela, sua amiga - adivinhem? - Vitalina Varela - a protagonista do filme seguinte. Neste filme, ela já conta sua história de ter sido abandonada na ilha pelo marido migrante, que morre em Portugal, sem nunca retornar. Numa cena brilhante, ela lê a certidão de óbito, como se lesse um jornal. Bem concretamente. É uma atriz nata essa mulher.

O filme tem uma longuíssima cena final passada em um elevador, que é reverenciada pelos estudiosos de cinema mundo afora. O protagonista, doente, com Parkinson, com quase imutabilidade facial, vagareza de expressões, não mais distingue passado e presente, e imagina um diálogo com a estátua viva de um soldado antirrevolução, AntiCravista.

Um filme muito difícil. Impressionante. Chato. Impressionante.

 

Cavalo Dinheiro poster - Foto 15 - AdoroCinema

 

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Cowboys é uma bonitinha matinê que, resumidamente, em filme de coming age e road movie apenas mostra o desejo de aceitacao trans. O filme tem todos os clichês daqueles de filmes de pai que nao entende filho e faz viagem de amadurecimento mútuo, etc e tal.. aqui o diferencial é que a menina quer ser aceita como menino. O pai ta bem razoavelmente interpretado, mas me surpreendeu mesmo a performance da pirralha, que é realmente um trans-mirim, se é que existe esse termo. Pra fugir mais ainda do convencional, o filme nao tem narrativa linear pra se dar luo de mostrar passado de todos os personagens, etc e tal. Bonitinho apenas e só. 8-10 

Cowboys - FilminLatino

 

 

Isolation é uma boa antologia de scy-fy e terror que se vale da pandemia do Covid, sim.. isso mesmo! Os curtas exploram os medos e paranóias que vivemos nestes tempos de confinamento e a espinha dorsal do conjunto sao os telejornais apresentados, que noticiam um ou outro fato dos curtas em questao. Como é praxe uns destoam de outros, mas na maioria todos prendem a atencao e fazem a gente pensar. Outra coisa que curti foi as trocentas teorias de conspiracao que mostra, algumas que nem conhecia. Gostei do desfecho, que amarra algumas pontas soltas e dá um vislumbre de esperanca nestes tempos obscuros. 8-10

Isolation Fragman - Beyazperde.com

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384)

"N`aum vou nem falar nada!!!"

Muitos anos sem ver essa coisa foderosa chamada "Antes do Amanhecer". Nem precisava revê-lo por que desde a primeira vez que o vi, ou melhor, fui apresentado a ele, o filme ficou INTEIRO em mim. Lembro-me de ficar com as frases gravadas na cabeça, do tipo, andar na rua, indo para a academia, repetindo-as. E depois, alguns anos depois, vivi algo exatamente assim! Já contei aqui que conheci o amor-da-minha-vida (essa entidade na vida das pessoas) numa viagem, numa estação, ambos com livros na mão (assim como os personagens do filme)...Uma situação superromântica também, e que, hoje entendo, trouxe-me inesperadamente consequências bem ruins para o restante da minha vida, pois inadvertidamente associei a chegada do amor ao poder do "Acaso". Então isso significou para a minha mente que eu nunca me interessaria por algo "planejado", "preparado", ou que jamais poderia encontrar (como nunca encontrei) o amor em uma situação de rotina, cotidiana. De fato, o amor só se instala para mim como um raio vindo do nada. Uma forma - eu sei - pubescente de pensar, de estar no mundo. Não à toa, esse primeiro filme da Trilogia dialoga fundo comigo.

Como cinema, é um banho de Rohmer, com essa característica da transição de planos ser uma transição espacial. Muitos diálogos, quase avessos à escritura. É dizer: Uma conversa de verdade não pode ser escrita. Os atores, Ethan Hawke e Julie Delpy, charmosíssimos, lindíssimos, inspiradíssimos, compreendem à perfeição isso, tanto que nos filmes futuros, tornam-se eles mesmos coroteiristas. A frase que eu mais gosto no entanto é o verso vendido pelo poeta: "Conheça meus pensamentos/ não mais os adivinhe". Lindo de marré deci. 

Ao final, quando os amantes se despedem, vemos imagens dos lugares vazios por onde eles estiveram em Viena. Me veio hoje à cabeça o muito semelhante final de "O Eclipse" de Antonioni. Grande, Linklater! 

Por curiosidade, "Antes do Amanhecer" foi inspirado em um acontecimento real com o diretor. Ele de fato conheceu uma garota em uma viagem e passou uma noite romântica com ela. Infelizmente, ela veio a falecer num acidente de moto, poucas semanas antes dele começar a filmagem deste filme. Mas que bom que o Linklater o filmou no último momento possível, 1995, pré-Internet, pré-redes sociais, quando, poucos anos depois, seria já inconcebível para dois jovens não se falarem de novo, se assim o quisessem. 

Apesar do Urso de Prata em Berlim, um filme pouco premiado à época, não obstante sua importância futura: A primeira etapa de uma das Trilogias mais amadas do cinema. 

Maravilhoso!

Poster Cartaz Antes Do Amanhecer - 30x42cm | Parcelamento sem juros

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385)

Um dos primeiros sucessos comerciais de Fassbinder, "O Comerciante das Quatro Estações"/ "O Mercador das Quatro Estações", de 1971, mas creditado como 1972, deu uma recuperada no meu ânimo quanto ao cinema dele, depois de minha péssima experiência com o último filme "O Assado de Satã". 

É um bom filme: a jornada moral de um homem desprezado por todos ao redor, por sua mãe, esposa, família, que tem sua derrocada começando com a perda do cargo na polícia (arranjada, uma cilada), passando pela traição marital, até fulminar no alcoolismo. É desprezado pela mãe e família burguesa por ter que trabalhar como um vendedor ambulante de frutas; desprezado pela comunidade por, pasme!, ele ser baixo e a esposa alta; desprezado pela mulher que o trai, e o engana de vários modos...Uma coleção de pequenas ruínas. Quantos homens derrotados, sem autoestima, permeiam a filmografia dele? Vários, a maioria.

Mais importante, como cinema, é ver esse filme como um parente de um dos filmes de outro alemão, Douglas Sirk, pela proximidade com o melodrama familiar, e se distanciar, assim, por um breve momento, da estética teatral dos filmes dele do início dos anos 1970.

O ator Hans Hirschmüller está excelente. 

Gostei moderadamente.

O Comerciante das Quatro Estações - Filme 1971 - AdoroCinema

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386)

Sou fã da série "Shaun, o Carneiro", mas nada se comparado ao meu pai. Ele ama os desenhos, tanto quanto uma criança. São as duas fases da vida se igualando, né? Quanto aos filmes, os dois indicados aos Oscar, acho o primeiro hilário, e não gostei do mais recente. Neste fim de ano, vem a Aardman com um curta de animação natalino, para o fim de ano da Netflix, dirigido por Steve Cox (que é o encarregado recente da série), que provavelmente será indicada ao Oscar também na respectiva categoria. É "Shaun, o Carneiro: Aventura de Natal". 

Com a excelência técnica de sempre, e sem uma palavra, a animação conta mais uma confusão na fazenda, às vésperas da realização de uma feira de Natal. É bem divertido, com todos os elementos principais do desenho funcionando bem, mas não é exatamente para grandes gargalhadas (só dei uma, ao catar a referência a "Rambo"). Porém, é uma eficiente história de fim de ano, com uma crítica subjacente ao consumismo e a vaidade dos homens, em detrimento da simplicidade no viver. 

La oveja Shaun: El vuelo antes de Navidad (TV) (2021) - Filmaffinity

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Electric Dreams é um dos poucos filmes bacanudos que tenho prazer em reassistir a cada dez anos. Datado de 1984 (o @Jailcante deve conhecer!), é uma fantasia bem água-com-acucar que ja antecipava a revolucao digital, assim como seus contemporâneos Tron, War Games ou Mulher Nota Mil. Imagina aquele filme do Phoenix e a Johanson, Her, só que versao comédia romântica. Lembro que nem sabia que esse filme existia pois nunca foi pros cinemas e sim direto pras locadoras em VHS, onde o descobri depois de se tornar cult. É bem bobinho (um triângulo amoroso com um pc), bem anos 80 e por isso funciona que é uma beleza. As interpretacoes sao sofríveis e do elenco que desponta pro anonimato a única que seguiu carreira foi a mocinha, a Virginia Madsen. Mas o melhor é a trilha sonora (que tenho e vinil e cd!),que conecta todos os personagens. Desde a música instrumental do Giorgio Moroder até a trilha pop recheada de bandas new wave da época, como Culture Club, Jeff Lyne, Heaven 17 e claro a dancante que dá nome ao longa, do Philip Oakey, do Human League. De longe destaco a deliciosa cena do duelo de Bach, pau a pau com o duelo de banjos de Amargo Pesadelo. Revi pra mostrar pra patroa, que nao conhecia.. e adorou.  9-10

Sueños eléctricos | Carteles de Cine

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56 minutes ago, Jorge Soto said:

Electric Dreams é um dos poucos filmes bacanudos que tenho prazer em reassistir a cada dez anos. Datado de 1984 (o @Jailcante deve conhecer!), é uma fantasia bem água-com-acucar que ja antecipava a revolucao digital, assim como seus contemporâneos Tron, War Games ou Mulher Nota Mil. Imagina aquele filme do Phoenix e a Johanson, Her, só que versao comédia romântica. 

Nunca nem ouvi falar! Vou procurar.

@Jailcanteé nosso mentor dos anos 1980!

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387)

Os diretores do oscarizado documentário  "Free Solo", Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi, assinam para a National Geographic outra proeza: a história do resgate dos meninos da caverna inundada na Thailândia. Seguramente, a história mais emocionante que o mundo viveu na última década - não consigo pensar em nenhuma outra situação que se equipare. 

"The Rescue" tem menos de cinema do que o doc anterior, e mais de um ótimo programa de tevê tão comum ao canal. Mas nem por isso deixa de ser emocionante. Tudo na operação de resgate foi filmado. Até o fundamental, o primeiro encontro dos mergulhadores com os meninos famintos, isolados. Disse que tudo foi filmado, mas não pelos diretores obviamente, né? É um trabalho de arquivo, portanto, de alinhavar histórias, imagens, cenas das tevês locais, ou mundo afora. Nesse sentido, como linguagem, gosto menos. As cenas do resgate em si, dentro das estreitas passagens inundadas, com os meninos sedados, é muitíssimo tensa, e olha que sabemos o final! Por outro lado, não curti algumas poucas encenações. 

Estranhei não haver nenhum destaque, nenhuma menção, para a figura do técnico, do professor de futebol. Ele que ao que me lembre segurou o ânimo, e o mental, dos garotos. O foco é nos mergulhadores. Eles são as estrelas do doc. 

"The Rescue" tem ganhado prêmios importantes, como o do público em Toronto, bem como entrou na lista do NBR. Penso que deve entrar para a lista do Oscar 2022. Ao final rola uma canção emotiva de Daniel Pemberton (indicado pela música de "Os 7 de Chicago), performada pelo rapper Aloe Blacc, que destaca fazer do impossível possível.

Será o favorito emocional de muita gente.

The Rescue - Filme 2021 - AdoroCinema

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388)

E não é que é bom mesmo? Vi de madrugada esse "Amores Eletrônicos", do diretor de "As Tartarugas Ninja", Steve Barron, e me surpreendi bastante. Muita coisa boa nele. Além de cumprir muito bem sua proposta de ser uma comédia romântica sci-fi, com aquele carisma enorme dos anos 1980, ainda se mostra muito bem dirigido e montado. O trabalho de câmera é muito fluído ao redor do pc, rápido, criativo; bem como o design das telas de informática é muito bom para a época...Me surpreendi bastante.

Muito boa a trilha sonora, também. Agora fiquei com inveja do Soto que a tem em vinil. Tem aquela influência dos teclados eletrônicos, de bases pré-gravadas...

E que divertido no começo do filme o protagonista ir a uma loja e a vendedora lhe oferecer um produto da Apple, e ele não se anima! Risos Pessoalmente, me empolguei com a ótima cena de ele montando o pc pela primeira vez. Acho que é o primeiro filme que eu vejo que conseguiu demonstrar aquela sensação curiosa de alegria, de descoberta, e de um minireceio, que eu tive quando adquiri meu primeiro pc, no distante 1998. 

Ótima dica!

Amores Eletrônicos - 1984 | Filmow

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389)

Um dos filmes que mais ficou em cartaz nos cinemas do Brasil, "Medos Privados em Lugares Públicos", de 2006, é um trabalho muito menos "cabeçudo" de Alain Resnais, muito mais universal, mais popular, e nem por isso menos interessante enquanto cinema. 

O texto vem de uma peça teatral, mas foi muito bem adaptada. O texto é precioso, muito engraçado e de bom gosto. Os seis atores estão magníficos, fica difícil destacar um trabalho melhor, e tipo, a atriz que ganhou Veneza, Laura Morante...eu teria dado o prêmio à maravilhosa Sabine Azéma. Ou a todos! Estão, realmente, todos excelentes.

Seis vidas se cruzam na Paris, "de dentro" dos ambientes. Não há uma externa. Seis pessoas solitárias que vão se conhecendo e interagindo, e deixando claro como nós nos libertamos diante de "desconhecidos", mais do que defronte a quem nos é próximo.

Maravilhoso!

 

Medos Privados em Lugares Públicos - ( Coeurs ) Alain Resnais |  Amazon.com.br

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On 12/6/2021 at 11:59 AM, Jailcante said:

Lembro desse Electric Dreams, sim, hehehe curti também, mas só vi ele na época me VHS. Depois nunca mais (não saiu em DVD por aqui...).

Pois é, sempre esperei lancar dvd e nadicas.. o jeito foi me contentar com a versao online ou vhs que rola por ai.. mas pela Amazon tem um dvd a venda, mas como nao tem extra nenhum ou nada que faca diferenca nao animei em adquirir nao..🤣

Electric Dreams (1984)

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