Jump to content
Forum Cinema em Cena

Jack Ryan
 Share

Recommended Posts

  • Members

end-of-watch.jpg

 

Chega ao Brasil no próximo fim de semana este instigante drama policial. Assisti agora há pouco e gostei bastante. A condução é competente, e a alternância entre as cenas de trabalho policial e da vida pessoal dos protagonistas funciona bem, mantendo a atenção e envolvendo o espectador. De fato, ocorre a conexão com os dois personagens, que é essencial para que o terceiro ato funcione. Enfim, fica a dica.

Link to comment
Share on other sites

  • 2 weeks later...
  • Members

Nos quesitos de direção e condução da narrativa acho o filme ótimo. A crítica que faço é um pouco mais parecida com muitas que fizeram ao Tropa de Elite, por exemplo. Acho que é uma narrativa construída em cima de um ponto de vista meio preconceituoso.

 

Enfim, fiz uma crítica no Cinelogin falando sobre isso: http://www.cinelogin.com.br/cinema/marcados-para-morrer-critica

Link to comment
Share on other sites

  • Members

Léo, não gostei muito da tua resenha. Aliás, me lembrou daquela conversa que tivemos sobre O Nascimento de uma Nação. Acho que o cinema em si deveria pesar mais que o posicionamento político. E no caso de Marcados para Morrer, esse posicionamento nem é assim tão forte. No filme do Griffith ele é escandaloso a ponto de não ter como não influenciar a forma como o filme é visto, mas mesmo assim os méritos técnicos são irrefutáveis.

Link to comment
Share on other sites

  • Members

Eu até concordo em parte. Meu problema é que não consigo me desligar disso quando estou vendo um filme e algumas coisas me incomodam profundamente em alguns casos. O Nascimento de Uma Nação acho uma escória, uma anomalia cinematográfica e nunca vou conseguir dizer que gosto do filme, por mais méritos técnicos ou narrativos que tenha. Marcados para Morrer nem é o caso e até acho que tenha pegado pesado demais. Mas ele meio que repete um comportamento irritante nos filmes do tipo e faz você canonizar os protagonistas e consequentemente a polícia, etc. Enfim, acho que o roteiro poderia ter mais nuances ou mais coisas a dizer. No caso, eu já criticaria a premissa inicial, que simplifica muito o lado do bem e do mal. E acho que o filme sempre é também um pouco daquele posicionamento que ele toma para si, muito da construção narrativa audiovisual é feita em cima daquilo que se quer dizer e pode soar mais ou menos convincente.

 

Ahauhauh Também é possível que eu ande meio intolerante. Desci a lenha no Argo, que é um filme razoável (mas nem perto de merecer indicação pra Oscar nenhum).

Link to comment
Share on other sites

  • Members

Eu não vi Argo ainda, e prefiro não ler muito sobre filmes que eu pretendo ver. Às vezes até as notícias sobre elenco acabam largando spoilers, hehehe.

 

Eu até te entendo, tb me incomodou o posicionamento político de O Nascimento de uma Nação, mas acho que, se muito, eu botei 1 ou 2 pontos pra baixo na nota final. Se fosse odiar todos os filmes que têm posicionamentos políticos equivocados, não poderia gostar de nada do Eisenstein, que é um dos meus diretores preferidos, e nem de O Triunfo da Vontade, que acho que é o documentário mais bem filmado que eu já vi. De forma geral, entretanto, eu não acho que filmes (ou qualquer boa estória) tenha a obrigação de ser moralmente ambígua ou coisas do tipo. É bom acreditar em heróis, é bom embarcar na fantasia de vez em quando, e achar que o mal pode ser visto e combatido na forma de uma pessoa ou organização.

 

Já especificamente sobre Marcados para Morrer, que os personagens principais são "respeitados" demais pelo roteiro é verdade, mas não achei que eles tenham tratado a polícia assim tão bem. O policial aquele que antagoniza os protagonistas na maior parte do tempo não dá mostras de ser nem uma boa pessoa, nem um bom policial (e é branco, diga-se), e a parceira dele - que, como disseste, é mostrada como incompetente - não recebe apoio nem dos colegas, nem dos superiores. Enfim, acho que se o filme tentasse ser mais profundo na construção dos personagens e no retrato social, correria um sério risco de ter problemas de ritmo, de quebrar a fluência que faz a estória passar tão rápido e desafia o espectador a ficar ligado, pois tudo pode acontecer muito rapidamente.

Link to comment
Share on other sites

  • Members

Aquele policial que implicava com eles me pareceu só meio ranzinza, no final o roteiro até dá um jeito de ele não parecer tão antipático. E também não acho que o filme precise ser sempre moralmente ambíguo. Adoro os filmes de Indiana Jones, por exemplo, que é uma das coisas mais preto no branco do mundo. E gosto de Eisenstein e da Riefenstahl (O Triunfo da Vontade é um trabalho genial). Na verdade nem fico procurando o aspecto político dos filmes, só me irrito quando percebo algumas coisas que parece que estão querendo forçar goela abaixo. Adoro acreditar em heróis, desde que o filme consiga montar o personagem de forma convincente dentro da própria estrutura.

 

O problema com O Nascimento de Uma Nação nem é tanto política, é mais pessoal com o Griffith ahauhauh. Pelo que leio, ouço sobre ele e percebo em seus filmes o cara era um hipócrita de marca maior. Quando foi duramente criticado pelo vômito que é o filme, ele me vem com aquela porcaria de Intolerância pra dizer que está sendo injustiçado, que as pessoas não entenderam sua arte, etc. A questão ali era puramente racial, ele fez um filme que quase com certeza foi a maior influência para o retorno da Ku Klux Klan na época. Não tem como negar que o filme era racista ou dizer que o diretor estava só preocupado com a forma e não com o conteúdo. É impossível fazer um filme daqueles sem acreditar, nem que seja um pouco, naquilo que se está dizendo. Enfim, não tiro os méritos narrativos e técnicos do filme para a época, que são muitos, mas se eu disser que gosto ou acho um bom filme, estarei mentindo.

Link to comment
Share on other sites

  • Members

O Griffith não te deu bom-dia uma vez, é teu inimigo mortal. :D

 

Só pra esclarecer (embora eu ache que tu tenha entendido), não acho que o Griffith não se preocupou com o conteúdo, tenho certeza (não só por O Nascimento de uma Nação) de que ele era bem retrógrado em seu pensamento, do tipo "tradição, família e propriedade". No primeiro curta dele, os vilões são uma família de ciganos, e é uma trama bem rasa. Nesse sentido não o acho hipócrita, ele era bem consistente em ser calhorda, hehehe. Mas, se era pra fazer uma propaganda torpe anti-negros, pelo menos ele fez com tanto estilo quanto possível. Eu não consigo justificar pra mim mesmo (e não estou te criticando, cada um tem seu jeito) separar politicamente a trinca Nascimento, Encouraçado e Triunfo. Cada um era propaganda política de uma aberração que causou muito sofrimento a muita gente. Obviamente, o pior foi o Nazismo (que talvez tenha sido o que matou menos no fim das contas, mas que se tivesse durado tanto quanto os outros, teria extinto a humanidade). No fim, acabo ficando com minha opinião cinematográfica. Pq, da mesma forma que disseste, se eu declarasse não gostar de qualquer desses três filmes, estaria mentindo. Todos me encheram os olhos. Aliás, como curiosidade, meu top é O Encouraçado Potenkim > O Triunfo da Vontade > O Nascimento de uma Nação.

 

Voltando a Marcados para Morrer, sabe que não pensei nos dois como "heróis", literalmente, até mencionares o termo. Em um certo sentido, eles são claramente o "bem", mas me parecem carecer da característica clássica do herói que é o exemplo de conduta. Na maior parte das ocasiões, eles calham de estar no lugar onde as coisas acontecem (ou são atraídos como tolos), e apenas reagem, sem muita ilustração de princípios morais. Se eles exemplificam alguma coisa, eu diria que é a fraternidade, já que a força deles vem de andarem juntos.

Link to comment
Share on other sites

  • Members

Ele não me deu bom dia várias vezes hehehe Aliás, não gosto de nenhum filme dele que tenha visto até hoje.

 

E acho que a diferença do Triunfo da Vontade, por exemplo, é que ele é um simples exercício de estilo em cima de um acontecimento que ela estava documentando (claro que a favor do nazismo). Ainda assim, não há a tentativa de retratar os judeus, por exemplo. E no caso dela, seria ainda menos grave. Isso porque, em O Nascimento de Uma Nação, até para a sociedade mega racista da época o filme expressava um ponto de vista controverso.

 

Enfim, não tenho muito mais a dizer sobre isso. Não acho que seja possível analisar os filmes sob o ponto de vista da sociedade em que eles foram feitos, mesmo porque não vivemos nela. Considerando-se o hoje, O Nascimento de Uma Nação é extremamente nojento. E se mais alguém fizer um filme como esse, não precisa se preocupar em me dar bom dia nunca mais hehe

Link to comment
Share on other sites

  • 2 weeks later...
  • Members

Bom, assisti "Marcados Para Morrer" e realmente gostei muito!

 

Pois, para mim

 

 

Os filmes policiais ultimamente vêm demonstrando certo cansaço entre o público por, na maioria das vezes, repetir fórmulas já esgotadas e trazer à tona estereótipos irritantes – isso sem contar os amontoados de clichês. Felizmente, o novo longa do diretor David Ayer, “Marcados Para Morrer”, consegue ao mesmo tempo envolver, comover e – por que não? – inovar, ao deixar a corrupção “de lado” e focar-se exclusivamente nas perigosas e heroicas jornadas das quais os policiais (ou uma parte deles) vivenciam periodicamente nas ruas dominadas pelo crime.

 

A trama gira em torno de Jake Gyllenhaal e Michael Peña como os jovens oficiais da polícia de Los Angeles, Taylor e Zavala; enquanto eles patrulham as áreas mais ameaçadoras da região centro-sul da cidade. Dando à história uma urgência narrada em primeira pessoa, a ação acontece inteiramente através das câmeras portáteis em alta resolução dos policiais, criminosos, cidadãos presos no fogo cruzado e imagens de segurança, criando um retrato realista das esquinas mais sombrias e violentas da cidade e dos policiais que arriscam suas vidas diariamente - e o preço que suas famílias são forçadas a pagar.

 

Apostando no estilo de filmagem “câmera na mão” /documental (food footage), a habilidosa e dinâmica fotografia, de Roman Vasyanov, serve como excelente recurso narrativo ao filme, que, naturalmente, ganha um ritmo frenético e envolvente logo em seus primeiros minutos. O roteiro, do também diretor David Ayer, consegue facilmente proporcionar os momentos necessários para atribuir tensão a narrativa, mas, em alguns momentos de seu desenvolvimento, se apresenta falho ao delinear a trama que, aos poucos, aparente não ter arcos dramáticos suficientes para que mantenha o bom ritmo imprimido até então, antes que o filme chegue a seu clímax. Desta forma, acompanhamos a dupla em várias ocorrências no gueto de Los Angeles (aqui retratada de maneira densa e sombria), nas quais eles se deparam com várias situações “inusitadas” que, por vezes, chegam a ser desnecessárias, fazendo com que alguns momentos soem mais como “crítica racial” do que qualquer outra coisa. Porém nada que prejudique, de fato, o êxito mais que satisfatório de “Marcados Para Morrer”.

 

E se, por um lado, a fotografia é capaz de atribuir tamanha veracidade à narrativa; por outro, algumas confusões são inevitáveis, pois em muitos momentos fica difícil de perceber, definitivamente, onde está a câmera – sem contar que vários planos aparecem picotados pela montagem que, em momentos isolados, prejudica o enquadramento [...]. Todavia, voltando a dizer, os pequenos defeitos não são capazes de tornar o longa ruim, aliás, muito longe disso (afinal, trata-se de uma filmagem “documental”, e certas “precipitações”, por assim dizer, devem ser relevadas).

 

Outro ponto alto de “Marcados Para Morrer”, sem dúvidas, consiste nas ótimas atuações da dupla principal, composta por Jake Gyllenhaal e Michael Peña, que, apesar de ser “estereotipada” (isso fica claro na caracterização natural do policial interpretado por Peña, que é chamado de “Hispânico e imigrante ilegal” várias vezes), resulta numa relação poderosa de amizade, amor e lealdade difícil de se ver em filmes do gênero; afinal, eles estão em perfeita sincronia, fazendo com que, às vezes, temos a impressão de que “improvisaram” alguns diálogos. Enfim, roubam a cena e acrescentam um diferencial ao thriler – e antes que me esqueça, a jovem talentosa Anna Kendrick também faz uma lisonjeira participação como esposa de Bob Taylor (Gyllenhall).

 

Rapidamente o filme caminha para seu clímax, quando, então, a tensão e veracidade aumentam ainda mais, trazendo uma boa dose de emoção ao fim da grande sequência do terceiro ato – em que integrantes de uma gang de Cartéis mexicanos resolvem eliminar os persistentes e honrados policiais, que, já há algum tempo, estavam Marcados Para Morrer. No geral, apesar das falhas, o longa merece ser conferido por aqueles que, além de admirar o gênero, buscam uma boa sessão de cinema; ou até mais do que isso: buscam um filme cuja mensagem possa transmitir uma válida moral cívica, que nesse caso acompanha a intensa luta de dois humildes policiais que, certamente, seriam heróis nos dias de hoje – embora essa não seja a realidade.

 

Portanto, resumindo o competentíssimo filme numa só frase: uma poderosa história de família, amizade, amor, honra e, sobretudo, coragem.

 

 

Nota: 7 de 10.

 

Enfim, curti bastante. Pena que demorou duas semanas além do lançamento previsto para chegar nos cinemas de minha cidade, mas deu para ver. hehe ;)

Link to comment
Share on other sites

Join the conversation

You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.

Guest
Reply to this topic...

×   Pasted as rich text.   Paste as plain text instead

  Only 75 emoji are allowed.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

Loading...
 Share

Announcements

×
×
  • Create New...