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Por Que Ninguém Pára?


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veras vc agiu certo, mesmo q fosse por um relogio de 15 reais, ou uma moeda de 5 centavos seres desse nive nao podem ganhar nd, vc tinha é q ter corrido atraz chutado mais ainda o saco do infelis pego pelo pescoso e colocado na rua no momento que passaria um carro... e vc poderia afinal é legitima defesa, se alguem entrar aqui em casa eu posso dar um tiro na cabeça do kra com uma shotgun, responde processo mais ganha pq é legitima defesa...

 

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veras vc agiu certo' date=' mesmo q fosse por um relogio de 15 reais, ou uma moeda de 5 centavos seres desse nive nao podem ganhar nd, vc tinha é q ter corrido atraz chutado mais ainda o saco do infelis pego pelo pescoso e colocado na rua no momento que passaria um carro... e vc poderia afinal é legitima defesa, se alguem entrar aqui em casa eu posso dar um tiro na cabeça do kra com uma shotgun, responde processo mais ganha pq é legitima defesa... [/quote']

ta bom, Lord..a hora q vc levar um pipoco na testa vc vai lamentar ter reagido.

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Vou ter que discordar daqueles que avaliam que ninguém pára por covardia e individualismo. Uma pessoa que considera socorrer uma vítima de assalto pensa em duas possibilidades:

(a) O assaltante é violento e/ou está armado. Nesse caso' date=' a interferência só serve para criar riscos sérios tanto para o "herói" quanto para vítima. Muitos bandidos assaltam drogados e não têm o menor respeito pela vida de ninguém, nem pela deles mesmos. [/quote']

Concordo com diversas ressalvas... No caso em tela era notório que nenhum dos dois moleques estavam armados. Como disse anteriormente, o bandido que está armado faz uso da arma para anunciar o assalto, garantindo assim o sucesso de sua investida.

Bandido não saca a arma DURANTE o assalto para garantir o sucesso do mesmo.

Bottom line: brasileiro não ajuda, em NENHUMA circunstância... 

(B) O bandido não é violento. Então a vítima do assalto não está correndo muito perigo' date=' e não haveria porque intervir só para tentar fazer uma justiça tola e inútil. [/quote']

Aí a pessoa está sendo egoísta e individualista como falei... Qual o problema em ajudar a outra pessoa. Para vc o perigo pode não ser grande, mas e para o outro?

 

1º - foi o que passou na minha cabeça, dook.

"pow, o muleque vem me assaltar à luz do dia e não trás nem um caquinho de vidro" rsrs

 

2º - pois é... qualquer coisa que qualquer um dissesse poderia intimidá-los...

até um simples: "deixa a menina, rapaz!"...

 

como o exemplo que eu dei aqui da menina que estava sendo levada... eu e meu amigo fomos lá sem nem saber do que se tratava e a chamamos só pela suspeita... e no fim ela agradeceu tanto...

 

isso me marcou muito.

eu nem sou radicalmente contra individualismo não,

mas esse tipo de individualismo irracional eu não engulo.

 

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  • 3 months later...
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reapareci por aqui nesse tópico morto e enterrado ...

 

porque tive um momento, digamos, epifânico hoje.

 

estava olhando para o meu braço e vendo que as marcas continuam lá.

depois de quase 4 meses do ocorrido, meu braço ainda está todo marcado e a vizinhança ainda olha pra mim lembrando do ocorrido.

 

então eu olho pro meu braço de novo e penso... que há 4 meses elas marcas não estavam aqui...

 

ok, melhor eu parar e evitar um novo epifanismo.

rs

 

 

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  • 3 months later...
  • 5 months later...
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Pessoal, fui assaltada de novo. rs

E advinhem só: No mesmo horário! 13:00 é o horário do ladrão, certeza.

 

Mas dessa vez as coisas foram bem diferentes.

Da vez passada (que descrevi aqui no tópico), tive a sorte de estar sem celular na hora do acontecido.

 

Dessa vez...

 

Estava eu andando, voltando do trabalhado, morrendo de fome, pensando única e exclusivamente em chegar em casa o quanto antes. E eis que, para minha surpresa, surge um cara (dessa vez um adulto) numa bicicleta, encosta no meio fio e manda eu passar a bolsa.

 

Minha bolsa: Um estojo relativamente grande com (1, 2, 3...) muitas lapiseiras (afinal, faço arquitetura), um vidrinho Flogoral (aquele remédio para dor de garganta), minha carteira com meros 15 reais, mas CHEIA de documentos e um celular.

 

Pensei "er... não." Mas não disse isso.

Eu, rata de assaltos às 13:00h, bem tranqüilamente, falei:

 

"Calma, o que você quer? Meu celular? Eu dou..."

"É! Vai passando aí o celular caladinha e rapidinho"

"Certo..."

"Bora, deixa de fazer hora aí..."

"Pronto, está aqui"

 

---Abrindo um grande parênteses---

 

Desde a última vez que fui assaltada, pensei em diversas formas para driblar um assaltante. De sair correndo, a spray de pimenta (que eu descobri que é proibido, é isso?). Mas nada disso é um bom negócio, porque as chances de dar errado são imensas e as chances de você sair fisicamente debilitada também.

Então, depois de pensar por algum tempo, tive uma idéia de adaptar a técnica da "bolsa do ladrão". Peguei um celular antigo, sucateado que dividia espaços com outras tralhas numa gaveta qualquer, coloquei na bolsa e dei nome a ele: "Esse aqui é o celular do ladrão". Então estava decidido, aquele que viesse me assaltar levaria para casa um suuuuper Siemes A50, sem chip e completamente quebrado.

 

---Fechando o grande parênteses---

 

Então, depois de entregar o celular ao ciclista fora da lei, este rapidamente pedalou feliz pra um lado...

E eu para o outro.

 

E no final, o ladrão só veio buscar o que era dele. rs

E já arranjei um substituto para ele na minha bolsa:

 

Freedom GS-1100 <---- rsrs

Freedom GS-1100
  • Tecnologia GSM
  • WAP Não
  • SMS Sim
  • MMS Não
  • Toque musical Monofônico
  • Downloads Não
  • Display Mono

 

Celular do ladrão e Bolsa do ladrão, a onda da vez.

 

 

 

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Monica, a sorte é que você está em uma cidade relativamente tranquila, pelo menos por aqui (São Paulo) o ladrão conhece bem celular, e jamais iria pegar qualquer tralha, geralmente ele te analisa e tenta descobrir o modelo que você possui. Se você tentar engana-lo, você tende a correr sérios apuros.

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Veras' date='tu viu arma?pq acho que eles não estavam armados não,setivessem, já teriam te dado um tiro.É triste mas é assimsmiley2.gif[/quote']

Bandido que tá armado, já mostra a arma quando anuncia o assalto... Se fica fazendo suspense é pq não tá armado coisa nenhuma. Claro, existem as exceções mas exagerando nas probabilidades, diria que, de cada 20 casos como o da Veras, 19 os caras não estavam armados.

 

 

 

Concordo, ja sofri 3 tentativas de assalto e um assalto. O assalto foi a primeira vez que rolou isso, e o cara não pensou duas vzes antes de mostra o .38 tremi igual à uma vara, ele roubou meu tenis ( da Oiapoque (shopping mais fino de Bh ahauauhahuauh)). Nas outras 3 vezes reagi por que eles não me mostraram um "cartão de visita". Embora eu não sou pequeno (1,79, 70 kilos) poderia ter siado no braço com os caras, mas achei, morbidamente divertido, ir no "piu-piu" do cara (por ser homem sei que a dor é imensamente maior do que a de um soco na fuça) no resto da vezes não teve briga, o cara me intimou e eu recusei e sai andando. Confesso que me arrisquei, ao menos poderia ter levado um coro.

 

Em relação ao fato de ninguem ajudar eu concordo com o Dook no Brasil o cara so é macho com quem é mais fraco, com time de futebol ou com seu dinheiro.

 

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Descreverei aqui uma história particular que servirá de base para uma discussão geral.

Bairro residencial de classe média / Fortaleza-ce / 13:00 [atentem para o horário] / Hoje' date=' 25/05/06, terça-feira.

Estava eu na rua onde moro quando me aparecem 2 jovens em uma bicicleta [um de 18 e o outro de uns 14 anos']. O mais novo salta anunciando um assalto, exigindo que eu lhe passe o celular. Sorte minha, ou feliz destino, meu celular descançava, descarregado, sobre a cômoda do meu quarto.

"Não ando com celular não..."
"Deixa eu ver, mostra a bolsa!!!"
"Não tem nada..."
"Pois passa os brincos e o relógio!!!"

O relógio fora 15 reais numa lojinha de bijouteria... de modo que não explica de forma alguma minha reação.

"Não!"
"Como é?!"
"Não vou dar meu relógio."
"..."

A partir daí, densenrolou-se uma briga, corpo-a-corpo, entre o rapaz mais novo e eu. Não me perguntem de onde surgiu a coragem, nem a força. Mas o fato é que eu estava lá, [uma menina de 20 anos, de 1,60m e 50kg] brigando aos empurrões e arranhões com um mirim de rua, enquanto ouvia o outro gritar na bicicleta: "ela não quer entregar não? Pois sai da frente para eu dar um tiro nela."
Realmente duvidei que eles estivessem armados, o que, de fato, não estavam. Não me intimidei.

Foi então que, em um dos momentos no qual fui atirada contra o muro, ergui instintivamente a perna direita para frente e, por uma grande e feliz coincidência, atingi o órgão mais frágil do corpo masculino.

Curvando sobre si, o mais novo afastou-se, dando espaço para o mais velho agarrar-se ao meu punho numa tentativa violenta de arrancar o relógio, sem muito valor, e assim fazer o assalto falar a pena.

Tentei repetir a mesma defesa anterior. Joguei ao chão meus pesados livros de Arquitetura Moderna (que ainda os matinha seguros em meus braços... não sei por que) e chutei o ar numa tentativa, creio eu, frustrada, de obter o mesmo sucesso de antes. Tento acertado ou não, o rapaz mais velho voltou a montar sua bicicleta a mando da voz de seu amigo que dizia: "Bora, macho, bora" [traduzindo do Cearês para o Português : "Vamos embora, rapaz, vamos embora!"

Delinqüentes fugidos, livros ao chão. Abaixei-me para apanhá-los e comecei a chorar copiosamente. Não por meu braço - pulso, principalmente - estar completamente ferido pelos arranhões das tentativas de arrancar-me o relógio, mas por todo meu pedido de socorro ter sido em vão.

Enquanto lutava como rapaz mais jovem, 3 homens passaram pela rua. Gritei várias vezes por ajuda. Um deles olhou nos meus olhos e não expressou nenhuma reação, continuou seu curso, mudando de calçada, como se ali estivesse um cão raivoso e não uma moça pedindo ajuda.

Não esperei, realmente, que alguém entrasse na briga física para ajudar uma desconhecida, mas só o fato de um homem gritar algo já os teria intimidado. Mas não, ninguém parou.

Enquanto recolhia os meus livros, o porteiro de um dos prédios da rua foi ao meu encontro.

"Eles roubaram tua bolsa? Ouvi teus gritos de longe..."

E então por que? Por que não tentou ajudar? Por que tratar um assalto à luz do dia numa esquina movimentada, contraditoriamente, como algo trágico, mas natural. Algo no qual ninguém mais deve se envolver e, ao invês disso, deve agradecer por não ser sua irmã, ou você mesmo, em similar situação.

Não. Não chorei por dor, por medo ou por vergonha. Chorei de indignação. Chorei pela condição feminina de natural fragilidade. Chorei por toda humilhação, por todo estupro e por todo assassinato. Chorei por cada mulher que, em algum lugar, se defende como pode e que, com pode, luta por um mundo de iguais.

Chorei também por cada pessoa conformada que não hesita em comentar e lamentar uma desgraça, mas que, no sofá da sala, simplesmente ergue o controle remoto e muda para o canal de esportes.

Chorei por inconformação.
E por momentos significativos tive ojeriza do mundo.

Por que ninguém pára?



 

Sim isto é um absurdo uma clara omissão de socorro. Praticamente todos têm medo, mas tanto medo de uma ação, com medo de sofrerem represarias. Vivem pro conta do medo, que em minha opinião é uma vida de escravo.

<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

Eu já me intrometi inclusive quando não fui chamado. Só que não era exatamente um assalto era um furto no meio da multidão, os marginais mexeram na bolsa da mulher e eu chamei a atenção dela, só que ela não se incomodou e continuou andando. O cara e seu comparsa, me enfrentaram e eu encarei, só não teve briga, porque o outro cara que “aparentemente” não tinha nada a ver impediu. Acho que não era para chamar a atenção.

 

Apesar do que você ter feito ser uma loucura quando reagiu, admiro sua coragem mesmo assim. Eu teria feito o mesmo infelizmente. Eu reagiria sinceramente. Embora não aconselho. Não tenho sangue de barata de ficar parado, olhando enquanto outro está sofrendo seja em roubo, ou sofrendo qualquer violência direta ou indireta do estado omisso.

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Veras' date='tu viu arma?pq acho que eles não estavam armados não,setivessem, já teriam te dado um tiro.É triste mas é assimsmiley2.gif[/quote']

 

O mundo não é assim, nós fizemos o mundo assim.

 

Infelizmente, penso o seguinte: Se todos reagissem, o crime não compensaria. Tolerar, permitir ou conceder a brecha para a não ação é um caminho claro não só de individualismo, mas de autodestruição. Não será por individualismo, que o mundo está repleto de guerra, fome, até mesmo bem poluído ao ponto de colapso? Não é por falta de ação e tantas outras discórdias que colhemos este fruto?

<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

Não é questão de fazer a diferença e de ser a diferença em mundo tão homogêneo em idéias de conveniência. Acho que não consigo nem mesmo pegar um ônibus e não reagir quando ele é assaltado. Tenho certeza que morreria, pois meu impulso sempre é de pensar sistematicamente em reagir perante a situação.

 

Acho que todos em casa, já ficaram constrangidos por vezes, que encarei marginais na rua e eles intercederam em minha defesa. Sorte a minha que nunca aconteceu alguma uma tragédia ou algum mal. Se amanhã eu não aparecer, pode ser por dois motivos ou porque morri por estupidez ou por deixar o fórum de lado. Olha que mais fácil à primeira.

 

E aconselho de novo, não reaja quando sua vida está <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />em jogo Vera. Não esquece da primeira lição da Mãe Natureza: autopreservação.

 

O tópico tem muito o que discutir, mas com mais tempo apareço.

Plutão Orco2007-05-30 17:57:41
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Pessoal tudo bom?

Tudo que anda acontecendo, toda a violência no mundo e EU pelo menos, não sei mais descrever muito sobre isso.

Só sei que nós estamos sozinhos, apoio do nosso governo, aqueles que nós chamamos de nossos líderes nós não temos. Infelizmente, quanto maior o número de deputados, governadores, senadores, pior será para o país, porque tudo o que esse pessoal quer, é dinheiro!!! Uma pena o povo não se indignar com isso, não lutar pelos seus direitos.

Democracia é um inferno!!! Isso foi provado de a até z, com uma dívida externa exorbitante, e o país cada vez mais largado. Não temos segurança nacional, internacional, educação, saúde, e a renda é incrivelmente mal distribuída! Sem contar na situação dos presídios, algumas estradas, multas de trânsito, etc. O sistema é incrivelmente imperfeito!! Às vezes eu paro e penso "uau, imaginem só, um governo deste tamanho, se todos eles fossem patriotas", mas não. O país não está preparado para democracia, e já sabemos porque que eles tanto defendem a democracia... Porque é muito fácil de roubar!!

 

Muitos criticam a ditadura militar, mas estes tinham projetos reais de mudar muita coisa no país. E até hoje, não vimos um general, um coronel ou até mesmo um sargento do Exército Brasileiro com conta no exterior, enquanto isso, a cada dia são mais revelados um escândalo, um corrupto no governo. Infelizmente, o pior do Brasil é o brasileiro. Vivemos

na época da informação e da notícia, e o povo brasileiro que faz a maior merda de todas, que é eleger novamente o pessoal antigo, o pessoal envolvido em máfia disso, sanguessuga, mensalão, e até mesmo o Fernando Collor... quem diria, o Collor...

 

Isso é um assunto muito delicado, uma coisa leva a outra... mas a maior culpada pela violência, criminalidade é o governo, que quando rouba, tira de muita gente, e o que as pessoas querem é uma vida boa, é ter uma televisãozinha de 29 polegadas, um relógio, dinheiro, viajar... é comum ter inveja. Então o sujeito não tem nada a perder e tudo a ganhar quando ele rouba, mata, sequestra. Infelizmente, é assim.

 

Eu sou militar, e uma vez tive que viajar pra fronteira em um exercício e participei de campanha próximas a guerreiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, e ali..... numa palestra sobre esse pessoal, você sente o mau prevalecendo mesmo no meio da máfia, quando se unem guerrilheiros e traficantes, treinando juntos técnicas de sequestro, etc. Eu tô meio azedo hoje, não liga não mas, é isso aí. Eu vejo esse inferno de governo, não faz nada pra acabar com o crime organizado, não arma o país de forma adequada pra se fazer a segurança interna e externa, não dão um jeito de incluir todo mundo na sociedade de forma beneficiente para o país, então é isso aí mesmo, as coisas estão ruins e vão piorar, pode acreditar!!!

 

Bom, expressei uma pequena parte do que eu penso sobre o nosso governo.

 

Abraços cordiais a todos,

respeitosamente,

 

Danilo []'s
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Descreverei aqui uma história particular que servirá de base para uma discussão geral.

Bairro residencial de classe média / Fortaleza-ce / 13:00 [atentem para o horário] / Hoje' date=' 25/05/06, terça-feira.

Estava eu na rua onde moro quando me aparecem 2 jovens em uma bicicleta [um de 18 e o outro de uns 14 anos']. O mais novo salta anunciando um assalto, exigindo que eu lhe passe o celular. Sorte minha, ou feliz destino, meu celular descançava, descarregado, sobre a cômoda do meu quarto.

"Não ando com celular não..."
"Deixa eu ver, mostra a bolsa!!!"
"Não tem nada..."
"Pois passa os brincos e o relógio!!!"

O relógio fora 15 reais numa lojinha de bijouteria... de modo que não explica de forma alguma minha reação.

"Não!"
"Como é?!"
"Não vou dar meu relógio."
"..."

A partir daí, densenrolou-se uma briga, corpo-a-corpo, entre o rapaz mais novo e eu. Não me perguntem de onde surgiu a coragem, nem a força. Mas o fato é que eu estava lá, [uma menina de 20 anos, de 1,60m e 50kg] brigando aos empurrões e arranhões com um mirim de rua, enquanto ouvia o outro gritar na bicicleta: "ela não quer entregar não? Pois sai da frente para eu dar um tiro nela."
Realmente duvidei que eles estivessem armados, o que, de fato, não estavam. Não me intimidei.

Foi então que, em um dos momentos no qual fui atirada contra o muro, ergui instintivamente a perna direita para frente e, por uma grande e feliz coincidência, atingi o órgão mais frágil do corpo masculino.

Curvando sobre si, o mais novo afastou-se, dando espaço para o mais velho agarrar-se ao meu punho numa tentativa violenta de arrancar o relógio, sem muito valor, e assim fazer o assalto falar a pena.

Tentei repetir a mesma defesa anterior. Joguei ao chão meus pesados livros de Arquitetura Moderna (que ainda os matinha seguros em meus braços... não sei por que) e chutei o ar numa tentativa, creio eu, frustrada, de obter o mesmo sucesso de antes. Tento acertado ou não, o rapaz mais velho voltou a montar sua bicicleta a mando da voz de seu amigo que dizia: "Bora, macho, bora" [traduzindo do Cearês para o Português : "Vamos embora, rapaz, vamos embora!"

Delinqüentes fugidos, livros ao chão. Abaixei-me para apanhá-los e comecei a chorar copiosamente. Não por meu braço - pulso, principalmente - estar completamente ferido pelos arranhões das tentativas de arrancar-me o relógio, mas por todo meu pedido de socorro ter sido em vão.

Enquanto lutava como rapaz mais jovem, 3 homens passaram pela rua. Gritei várias vezes por ajuda. Um deles olhou nos meus olhos e não expressou nenhuma reação, continuou seu curso, mudando de calçada, como se ali estivesse um cão raivoso e não uma moça pedindo ajuda.

Não esperei, realmente, que alguém entrasse na briga física para ajudar uma desconhecida, mas só o fato de um homem gritar algo já os teria intimidado. Mas não, ninguém parou.

Enquanto recolhia os meus livros, o porteiro de um dos prédios da rua foi ao meu encontro.

"Eles roubaram tua bolsa? Ouvi teus gritos de longe..."

E então por que? Por que não tentou ajudar? Por que tratar um assalto à luz do dia numa esquina movimentada, contraditoriamente, como algo trágico, mas natural. Algo no qual ninguém mais deve se envolver e, ao invês disso, deve agradecer por não ser sua irmã, ou você mesmo, em similar situação.

Não. Não chorei por dor, por medo ou por vergonha. Chorei de indignação. Chorei pela condição feminina de natural fragilidade. Chorei por toda humilhação, por todo estupro e por todo assassinato. Chorei por cada mulher que, em algum lugar, se defende como pode e que, com pode, luta por um mundo de iguais.

Chorei também por cada pessoa conformada que não hesita em comentar e lamentar uma desgraça, mas que, no sofá da sala, simplesmente ergue o controle remoto e muda para o canal de esportes.

Chorei por inconformação.
E por momentos significativos tive ojeriza do mundo.

Por que ninguém pára?


 

Eu não quero ser insensível diante da situação, mas fiquei muito sensibilizado com o seu relato.

 

Há uns dias atrás eu estava conversando com uma colega do trabalho, na semana da visita do Papa ... e estava comentando com ela que apesar de me considerar católico, vejo com pesar o fato de que a Igreja Católica coloque tantos conceitos para garantir a hegemonia da sua doutrina, como ser contra o sexo antes do casamento, como ser contra o 2º casamento, como não aceitar o homossexualismo, entre outras coisas ... e de uma certa forma, conclui que mais importante que a religião que vc segue ( ela é evangélica ), o mais importante é a fé que vc tem, é o sentimento de vc colocar em suas palavras e ações justamente aquele preceito que compreende todo o significado que Jesus quis nos ensinar, que é o AMOR. Não interessa o que o papa diz, o que o seu pastor diga, desde que vc respeite o próximo e aplique esse sentimento no seu dia a dia, embora reconheça que é difícil e tal. ( lendo assim pode soar meio piegas, mas os diálogos foram bem mais naturais e não costumo usar uma linguagem tão rebuscada quando falo ... rs )

 

E aí ela comentou que achava que era justamente aí que estava o problema, pois a partir do momento em que negamos a religião ficamos em um estágio onde cada um pode fazer o que quiser ... e aí eu retruquei, reforçando que vc deve respeitar o próximo, aquela coisa de que o seu direito termina quando começa o do outro ... e tirando todo esse pano de fundo religioso, é mais ou menos isso o que representa o seu caso ... o total descaso contra os princípios que Jesus nos ensinou ... não sou e nem pretendo ser um exemplo de pessoa, no dia a dia é difícil ser um "cristão exemplar", logo sou um hipócrita, nesse ponto ... mas o retrato mais claro que podemos tirar de nossa sociedade ( não vou entrar no mérito de levar essa questão pro mundo ) é que estamos cada vez mais individualistas ... e o que aconteceu com vc por mais absurdo que seja acaba sendo aceito, pois estamos reféns ... parte porque é verdade, parte porque assim queremos estar ... é mais fácil ignorar a menina que está sendo assaltada e depois justificar que vc não sabia se sobraria pra vc ... talvez eu gritasse como vc sugeriu ... talvez eu fosse mais um dos pedestres que a ignoravam ( talvez assim eu fosse até pior do que eles ) ...

 

Enfim ... "falei, falei, falei" e não disse nada ... mas a verdade é que não tenho algo pra concluir ou sugerir ... foi tb um desabafo ... como em um filme com um final em aberto ... eu não acredito em um mundo melhor ... se não pudermos ser melhores uns com os outros ... e se cada um de nós conseguirmos ser ... talvez seja apenas comigo, talvez não seja ...

 

Hoje, antes de dormir, vou agradecer a Deus por não ter ocorrido nada com vc ... e ainda assim um daqueles pedestres que não fizeram nada por vc, pode muito bem ler o que estou escrevendo e simplesmente dizer que não há nada pior do que esse meu discurso politicamente correto ... e assim voltamos a estaca zero ? Prefiro pensar que não, embora não tenha boas perspectivas ...

 

PS: Qual é o seu nome ? 
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  • 4 months later...
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Querido Diário,

 

Hoje, às 10h, fui assaltada novamente em frente à minha casa. Da mesma forma que da outra vez,  eu lutei pela bolsa. Mas dessa vez não deu. O cara era muito maior que eu. E o pior é que, como da outra vez, várias pessoas estavam ali por perto, assistindo e não fizeram nada.

 

Acho que da próxima vez, eu vou cobrar ingresso. Assim, posso recuperar o dinheiro que eu perdi no assalto.

 

:)

 

 

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Querido Diário' date='

Hoje, às 10h, fui assaltada novamente em frente à minha casa. Da mesma forma que da outra vez,  eu lutei pela bolsa. Mas dessa vez não deu. O cara era muito maior que eu. E o pior é que, como da outra vez, várias pessoas estavam ali por perto, assistindo e não fizeram nada.

Acho que da próxima vez, eu vou cobrar ingresso. Assim, posso recuperar o dinheiro que eu perdi no assalto.

:)
[/quote']

 

Já pensou em andar armada ?
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Veras. Ola...

 

 

 

Concordo com o Plutão, reagir não é uma boa ideia, geralmente o bandido é maior do que vc e tem uma arma e não tem o menor receio de usá-la, e, como o Marko, indico a vc a andar com uma arma (não de fogo, só no Brasil o bandido pode andar armado na rua e o cidadão de bem não), mas sim com uma arma branca e ai em uma situação como essa, faz como uma amiga minha, enfiou no saco do Cara e nunca mais viu a criança depois...

 

 

 

T+!

 

 

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Agora é que eu reajo mesmo.

Eu lá vou trabalhar pra muleque vagabubdo levar minhas coisas?

 

Já disse.. quem anda assaltado, já anuncia a assalto com a arma. Não fica com elea escondida pra mostrar depois não. E se não tem arma, o que vale é a lei do mais forte.

 

Ouvi dizer que era proibido spray de pimenta, se for permitido eu compro. Onde é que vende?

 

 

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Querido Diário' date='

Hoje, às 10h, fui assaltada novamente em frente à minha casa. Da mesma forma que da outra vez,  eu lutei pela bolsa. Mas dessa vez não deu. O cara era muito maior que eu. E o pior é que, como da outra vez, várias pessoas estavam ali por perto, assistindo e não fizeram nada.

Acho que da próxima vez, eu vou cobrar ingresso. Assim, posso recuperar o dinheiro que eu perdi no assalto.

:)
[/quote']

 

Olha Veras. Acho bravo e de uma tremenda coragem da sua parte lutar contra o assaltante, mas convenhamos é loucura. Temo por sua vida. Só lamento também como você, que a população é tão inapta para ser solidária. Desculpa se de alguma maneira fui inconveniente. Espero que esteja bem. Você não sofreu nenhum mal? Sofreu?  

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