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Forum Cinema em Cena

Ingmar Bergman: o Rei!


jonas
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O SÉTIMO SELO

 

Fiz bem em deixar este para depois de já

ter mergulhado na filmografia de Bergman. Temia a experiência, pensava

que seria extremamente hermética, sombria e rígida - mas, ao contrário,

o filme flui como uma aventura, sem deixar de trazer os grandes

questionamentos do mestre sobre o silêncio de Deus, de forma até bem

mais direta que em outras de suas obras mais formalmente radicais.

 

O DVD da Versátil não tem qualidade de vídeo das melhores, apesar de não ser um desastre. Quem não comprou ainda deveria considerar importar o Blu-ray ou o novo DVD duplo, a ser lançado em junho.

 

****/****

 

==> Top atualizado, na mensagem acima.

 

 

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  • 1 year later...
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Top Posters In This Topic

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Vi alguns dele nessa semana e mais os que vi ano passado, ficou assim:

01. Sonata de Outono

02. Persona

03. O Silêncio

04. A Hora do Lobo

05. Luz de Inverno

06. Gritos e Sussurros (pode subir)

07. O Sétimo Selo

08. Através de um Espelho

09. Morangos Silvestres

10. Noites de Circo

11. Cenas de um Casamento (W/O no terceiro episódio)

 

Sendo que acho os cinco primeiros obras-primas e gosto de todos, menos do último.

 

E a Liv Ullmann passou a ser uma das minhas atrizes favoritas. O que ela faz em Sonata de Outono é algo de outro mundo.
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1. Sonata de Outono: 9/10

2. O Sétimo Selo: 9/10

3.

Luz de Inverno: 9/10

4. Persona: 8/10

5.

Gritos e Sussurros: 8/10

 

6. Através de um Espelho: 8/10

7. Cenas de um

Casamento (minissérie): 8/10

8. O Rito: 7/10

9. Morangos Silvestres: 7/10

10. Fanny

& Alexander

11. Da Vida das Marionetes: 7/10 [novo]

12. Vergonha: 7/10

13.

O Silêncio: 7/10

14. A Fonte da Donzela: 6/10

15. A Flauta

Mágica: 6/10

 

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  • 8 months later...
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Só três até agora.

 

1. O Sétimo Selo - 5/5

Eu gosto de dizer que tem uma beleza feia. E é um dos filmes mais lindos de sempre.

 

1. Gritos e Sussurros - 5/5

Um dos mais assustadores que eu já vi.

 

3. Sonata de Outono - 2/5

Elas explicam, explicam, explicam... Mas nem tudo é ruim.

 

Gosto da atmosfera mórbida e depressiva dos três filmes.

 

 

 

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  • 4 months later...
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SORRISOS DE UMA NOITE DE AMOR

 

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A

ciranda do amor num registro de comédia romântica por Ingmar Bergman.

Troca de casais, adultério, flertes, ciúmes, intrigas e - como sempre em

se tratando do autor - um pouquinho de angústia... Mas tudo bem de

leve.

 

Um programa deleitoso com diálogos afiados e alguns

duplo-sentidos engraçados, produção bem cuidada (o subestimado

colaborador pré era Nykvist Gunnar Fischer na fotografia, Max Goldstein

cuidando dos vestuários elaborados) e um elenco entrosado (Gunnar

Bjornstrand, Eva Dahlbeck, Harriet Andersson).

 

4/5

 

---------------------------------------

 

 

 

Cremildo2011-05-17 11:39:01

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  • 4 months later...
  • 2 months later...
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Só vi dois Bergmans até hoje, O Sétimo Selo (espetacular, mas confesso que tive que dar uma pesquisada para entendê-lo em sua plenitude) e A Hora do Lobo (espetacular também, criei algumas teorias a respeito desse filme que não sei se têm fundamento, mas enfim, foi como eu vi e entendi o filme, segue em spoiler ela mata ele depois de descobrir que ele está louco e de tentar, sem sucesso, viver a loucura junto com ele.)

 

 

 

Mas é só uma teoria fictícia que inventei, independente de ela fazer sentido ou não, continuo achando o filme excelente e só de falar sobre ele já está me dando vontade de reassisti-lo.

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  • 1 month later...
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 Visto O SÉTIMO SELO

 

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 A trama acompanha Antonius Block (Max Von Sydow) um cavaleiro que retorna a Suécia depois das cruzadas, encontrando seu pais devastado pela peste. Block então começa a procurar respostas para a existencia de deus, ao mesmo tempo em que a Morte (Bengt Ekerot) surge para busca-lo.

 

 O SÉTIMO SELO é um belissimo trabalho do Bergman, e merece o prestigio que conquistou ao longo das decadas. O filme discute a questão da fé com muita elegancia, debatendo como os homens enxergam Deus diante da tragédia. O filme tambem discursa de forma bem sutil sobre o papel da arte no espirito do homem, através do ator Jons (Gunner Bjonstrand).

 

  Enfim, vale a pena assistir.
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  • 3 weeks later...
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 Visto MORANGOS SILVESTRES

 

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  Na trama, o Dr. Isak Borg (Victor Sjostrum) é um velho médico e professor, que faz uma viagem de carro acompanhado de sua cunhada (Ingrid Thulin) até uma universidade onde sera homenageado. Durante a viagem, o velho professor conhece pessoas e reencontra parentes, ao mesmo tempo em que tem uma serie de estranhos sonhos com pessoas do seu passado, o que o faz repensar sua propria vida.

 

 MORANGOS SILVESTRES é mais um interessante trabalho de Bergman. Um melancólico road movie, com uma forte pegada onirica. O diretor consegue transitar muito bem entre estes dois universos, o real, em que vemos a impressão de terceiros em relação ao protagonista, e conhecemos pessoas que acabam sendo pontos de coparação com o mesmo, e o onirico, onde Isak encara seus possiveis erros do passado, que o levaram a perder seu amor de adolescencia, e ter um casamento fracassado.

 

 Como em seu trabalho anterior, O SÉTIMO SELO, Bergman nos entrega uma visão bastante pessimista do mundo, já que a familia Borg parece sempre gerar pessoas frias e descrentes na humanidade. Mas neste filme, o cineasta parece acender uma luz no fim do tunel, tanto para nós, quanto para o protagonista. E que talvez, o mundo não seja um lugar tão escuro e solitario como aparenta.

 

 Enfim, otimo filme. Recomendado. Preciso mesmo ver mais filmes do Bergman.
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Um dos muitos gênios injustiçados no Oscar.

 

 

 

Nem é dos mais injustiçados. Pra um diretor de fora dos EUA, ganhar três Oscars de Melhor Filme Estrangeiro e ser indicado três vezes a Melhor Diretor é até bastante improvável. Veja quantos não chegaram nem perto disso.leomaran2012-02-02 21:49:08

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 Visto PERSONA

 

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  Na trama, Alma(Bibi Anderson) é uma jovem enfermeira que é designada a cuidar de Elizabeth Vogler (Liv Ullmann) uma famosa atriz de teatro que teve um surto de mudez, embora seus exames clinicos e psicologicos pareçam estar em ordem. Sob recomendação médica, Elizabeth é enviada para uma isolada casa de praia ao lado de Alma. Com a convivencia, a enfermeira passa a falar cada vez mais sobre a sua vida para a silenciosa atriz. Mas nesta viagem Alma vai acabar descobrindo coisas surprendentes sobre Elizabet Vogler e sobre si mesma.

 

 PERSONA é o filme mais "surtado" do Bergman que ví até então. A começar pelos bizarros créditos de abertura com cenas desconexas e frames subliminares. Esse mesmo recurso é usado no meio do filme para marcar uma virada importante na historia. Pode assustar os mais desavisados, mas na minha opinião foi uma otima idéia.

 

 A historia na verdade é centrada em um grande duelo de personalidade, já que a medida que o filme avança, a personalidade da aparentemente doce Alma vai sendo esmagada pela poderosa presença de Elizabet. Quando chegamos a metade de PERSONA, a pergunta que fica na cabeça do expectador é "Quem esta cuidando de quem" afinal?

 

 Mas é então que Alma decide reagir ao dominio silencioso de Elizabet, e Bergman nos mostra qual é o real significado deste filme. Alias, o cineasta trabalha muito bem com estas reviravoltas de personalidade das duas personagens usando o fora de quadro de maneira muito eficiente.

 

 Enfim, outro grande filme do Bergman. Este cara conquista cada vez mais o meu respeito.
Questão2012-02-04 03:00:54
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  • 2 weeks later...
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 Visto A FONTE DA DONZELA

 

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  Na trama,   doce Karin (Birgitta Peterson) vai a igreja acender velas para a virgem maria a pedido de seus pais ( Max Von Sidow e Birgitta Valberg). No caminho entretanto, a garota encontra um trio de pastores, que a estrupam e a matam. Após vitimar a garota, o trio segue viagem, e ironicamente, acabam pedindo abrigo justamente na casa dos pais de Karin.

 

 Em A FONTE DA DONZELA, Bergman volta a visitar a Idade Média, coisa que já havia feito no classico O SÉTIMO SELO para contar a vida de uma tipica familia cristã desse periodo e de como a tragédia se abate sobre ela. Durante a primeira metade do filme, Bergman se esforça para nos apresentar Karin como um retrato de pureza. Ela é simpatica, graciosa, inocente, sonha em se casar virgem. Enfim, é o legitimo retrato de uma donzela. Bergman consegue nos fazer gostar desta personagem, e por consequencia nos chocar quando ela encontra seu trágico destino.

 

  A ambientação não é a unica semelhança que este filme tem com O SÉTIMO SELO. Assim como em O SÉTIMO SELO, temos os personagens enfrentando uma crise de fé diante da tragédia. Os personagens tem as reações mais diversas ao ligar a tragédia com a religião. A invejosa criada grávida e tambem pagã ( Gunnel Lindblon) culpa-se, já que rezou para seus deuses para que isso acontecesse com Karin. Já a mãe tambem culá-se através da religião, já que a morte da filha seria um castigo de Deus pela mulher ter amado mais a menina do que a ele. Já a reação inicial do pai é de revolta. O homem desesperado grita para o céu "Você viu! Você viu e não fez nada! Eu não entendo!". Assim, através de seus personagens, Bergman retrata a reação mais natural do ser humano quando se vê diante de uma tragédia, tentar entender o porque.

 

 Enfim, A FONTE DA DONZELA é um bom filme do Bergman, bem direto em seus objetivos. Curiosamente, este filme inspirou Wes Craven a escrever o roteiro de seu primeiro filme, o interessante ANIVERSÁRIO MACABRO, que tem um enredo muito semelhante a este trabalho do Bergman. 
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  • 4 months later...
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Visto A HORA DO LOBO

 

 

 

 

Na trama, o pintor Johan Borg (Max Von Sidow) e sua esposa Alma (Liv Ullman) vão viver em uma isolada ilha. Logo, Alma começa a ficar bastante preocupada com o marido, a medida que este começa a relatar encontros com pessoas estranhas que vivem na ilha. O medo de Alma cresce ainda mais quando secretamente ela lê o diario do pintor.

 

A HORA DO LOBO é o filme mais surtado do Bergman que ví até então. A obra do diretor sempre teve um flerte bastante forte com o surrealismo, mas isto nunca foi tão evidente quanto neste filme. Cenas como aquela em que Johan mata um menino durante uma pescaria, o bizarro jantar no castelo do Barão Von Merkens (Erland Josephson) e o climax, onde Johan literalmente se traveste, parecem ter saido diretamente de um pesadelo. Por isso, devo confessar que a simulação de documentario que abre e fecha o filme de Bergman me incomodaram um pouco, soando deslocado do resto da obra.

 

Bergman dirige seus atores com a competencia habitual. O sempre otimo Max Von Sidow dá o tom certo para JohaN Borg, retratando um homem que esta verdadeiramente a beira da loucura. Já Liv Ullman, que havia trabalhado anteriormente com o diretor em PERSONA, faz de Alma uma mulher sofrida, e verdadeiramente devotada ao marido, mesmo que tal devoção possa leva-la a destruição.

 

A HORA DO LOBO é um filme mais sensorial do que de narrativa. Muitas interpretações podem ser tiradas desta obra de Bergman, e acredito que nenhuma possa ser apontada como certa ou errada. Pessoalmente, não é o meu Bergman favorito, pois o clima onirico do filme é tão alto que tive dificuldade em me conectar com os personagens de alguma forma.

 

TOP BERGMAN

 

1) MORANGOS SILVESTRES

 

2) A FONTE DA DONZELA

 

3) O SETIMO SELO

 

4) PERSONA

 

5) A HORA DO LOBO

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Vi "O Rosto".

 

achei muito diferente dos outros filmes que já tinha visto dele.

 

By the way, sei lá se é por ele usar quase sempre os mesmos atores a impressão que tenho é de que é o mesmo filme com os personagens vivendo momentos e situações diferentes em outros lugares.

Fato é que a angústia está presente, na maioria dos filmes dele.

Bom, mas não meu preferido.

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Morangos Silvestres: Achei o filme bem intenso na sua forma nostálgica de abordar todos os nossos medos e possíveis erros. Primeiro o medo da morte, com os sonhos do Isak Borg e depois a questão da solidão, representada por sua própria vida. Achei fantástico que as lembranças do protagonista começaram lá no canteiro de morangos silvestres na sua antiga residência, bem como todos os acontecimentos da sua viagem estarem relacionados com o seu passado. Por exemplo ele encontrar os três jovens que vivem num tipo de triângulo amoroso e a moça ser tão semelhante à sua prima, pela qual ele era apaixonado, mas que acabou casando com seu irmão. Outro caso é o casal frustrado que se envolve no acidente de trânsito e acaba fazendo parte da viagem com eles (Isak, a nora e os jovens) e representavam o próprio casamento conturbado e problemático do Isak, problemas estes que parecem se repetir agora com seu filho e sua nora (como se a frieza fosse hereditária). Enfim, nostálgico e muito bom!

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  • 2 months later...
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Visto Persona, meu terceiro Bergman. E só coisa boa.

 

01. O Sétimo Selo

02. Morangos Silvestres

03. Quando Duas Mulheres Pecam

 

Aliás, o IMDb dá Persona como título brasileiro do filme, mas vários outros lugares usam Quando Duas Mulheres Pecam. Deve ter sido lançado com títulos diferentes por aí.

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  • 1 year later...
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 Visto O OLHO DO DIABO

 

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   Nesta tragicomédia dirigida por Ingmar Bergman, o Diabo (Stig Jarrel) esta incomodado devido a um terçol que surgiu em seu olho. A causa disso é uma moça de vinte anos, Britt Marie (Bibi Anderson) que esta prestes a se casar virgem. Satã  então envia para a terra ninguém menos do que Don Juan (Jarl Kulle) que tem a missão de seduzi-la, e assim impedir que ela chegue casta ao altar.

 

  O OLHO DO DIABO é uma comédia bastante perspicaz, muito bem dirigida por Bergman, que como de costume, bota seus personagens pra discutir em diálogos muito inteligentes, questões filosóficas como a importância do amor e do desejo na vida do ser humano, e de como isso afeta os nossos relacionamentos. Por se tratar de uma comédia, como o narrador vivido por Gunnar Bjornstrand faz questão de lembrar, este é o filme mais leve do Bergman que conferi até então, sem o peso dramático de outros trabalhos do diretor, como A HORA DO LOBO ou PERSONA. Mas não e por ser mais leve que o filme trata as questões que levanta de forma rasa, apenas o faz de forma mais bem humorada e lúdica. 

 

  O roteiro é uma adaptação de uma peça teatral, e  é sentido no filme através da figura do narrador, que divide o filme em atos, e da própria estrutura narrativa, que bebe muito de sua origem teatral. Alguns podem reclamar disso, taxando O OLHO DO DIABO de peça filmada, mas eu discordaria. pois a decupagem de Bergman valoriza os momentos dramáticos e ação cênica, algo que só o cinema pode oferecer. E como o texto é muito bom, nem vemos os diálogos longos passarem.

 

  A trilha sonora não é muito digna de nota, contando apenas com um piano, o que reforça o caráter teatral da produção. Já a direção de arte se destaca principalmente nas sequências passadas no inferno. O inferno imaginado por Bergman é quase um hotel de luxo, fugindo da batida ideia de uma câmara de tortura gigante, embora o fogo ainda esteja presente nas janelas. Mas parece que o inferno causa muito mais tédio do que desespero e dor aqueles ali condenados.

 

  Bibi Anderson, que fez inúmeros filmes com o diretor, trabalha aqui com a sua competência habitual, fazendo de Britt Marie uma personagem complexa e interessante. Ela decididamente ama o seu noivo, mas não perde a chance de dar um beijo em Don Juan logo após conhece-lo, surpreendendo o lendário conquistador. Em torno de sua personagem que circulam as melhores discussões que o filme pode gerar. Nils Poppe como o pai da moça, um homem que vive ignorando as maldades do mundo, é responsável pelas cenas mais irônicas e divertidas do filme. A cena em que ele prende um demônio no armário é impagável.

 

 No geral, vale a pena conferir este Bergman mais leve. Que mesmo assim não coloca o amor como algo totalmente puro, afinal, como diz o Diabo em certo momento do filme "Nenhum castigo é duro o bastante para quem ama".

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  • 11 months later...
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 Visto LUZ DE INVERNO

 

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   Na trama, o Pastor Tomas Ericsson (Gunnar Bjornstrand) recebe a visita de um de seus fiéis, o pescador Jonas (Max Von Sydow), que esta sofrendo de uma crise de fé, devido aos rumores de que uma guerra nuclear estaria pra acontecer, devido a construção de uma bomba atômica na China. O problema é que o próprio Pastor também esta passando por uma crise de fé, e teme não poder ajudar o seu fiel. Pra piorar, essa crise esta deteriorando a relação de Tomas com sua amiga e ex amante Marta (Ingrid Thulin).

 

  A crise de fé e o questionamento no amor de deus pelo homem, ou mesmo na sua existência sempre foi uma questão muito presente na filmografia de Ingmar Bergman. Estavam presentes em filmes como O SÉTIMO SELO DE 1957, A FONTE DA DONZELA de 1960, e torna-se questão central nesta produção de 1963. Talvez por este ser um tema tão caro para seu realizador, que ele elegeu LUZ DE INVERNO como seu trabalho predileto entre seus mais de quarenta filmes.

 

  A cena de abertura mostra uma missa realizada pelo protagonista. Porém, após a missa, vemos que existe certa hipocrisia naquela situação, pois nem os fiéis acreditam totalmente no que estão ouvindo, e nem o pastor acredita totalmente no que esta pregando. Após essa cena, vemos a conversa de Jonas com o pastor, mas a crise de fé do pescador é tão forte, que ele nem consegue encarar o pastor nos olhos, e a conversa tem que ser mediada pela mulher de Jonas, Karin (Gunnel Lindblom). Este pequeno elemento inserido pelo roteiro de Bergman mostra o quão confuso está o personagem de Von Sydow espiritualmente.

 

  Mas logo descobrimos que ele não é o único, e que Thomas também tem as suas duvidas, devido ao "Silêncio de Deus" durante o difícil momento que o mundo está passando. O Pastor confessa a Marta, que tudo o que pôde fazer para consolar Jonas foi dizer "frases feitas e tolas". A resposta de Marta, que estava presente na missa é surpreendente ao acariciar o rosto do religioso e dizer "Ah, Tomas querido, você já se convenceu de que Deus não existe"?

 

 E é curioso perceber como Marta, sendo ateia, parece a personagem mais em paz consigo mesma dentro da história. Claro que como é um filme de Bergman, ela sofre como todos os outros personagens, no seu caso devido ao amor não correspondido que sente por Tomas, sofrimento este que é mostrado de forma tocante através de uma carta que ela escreve para o pastor, carta transformada em imagem pelo diretor, ao filmar um belíssimo solilóquio de Ingrid Thulin.

 

  Mas mesmo sofrendo pelo desprezo por Tomas, Marta parece lidar muito melhor com suas angustias, do que Tomas ou Jonas. Como é dito por certo personagem a certa altura, a total ausência de fé pode ser tão libertadora (ou pelo menos confortável) quanto a fé inabalável.

 

  Com um final ambíguo, que é antecedido por uma interessante reinterpretação do que foi a Paixão de Cristo, LUZ DE INVERNO é um filme instigante, que questiona o valor da fé. Vale a pena a conferida.

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 Visto MUSICA NA NOITE

 

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   Na trama, Bengt Vyldeke  é um pianista que fica cego em combate durante a II Guerra Mundial. De volta pra casa, ele fica sob os cuidados da jovem Ingrid , que aos poucos vai ajudando Bengt a superar a amargura da cegueira, e até mesmo a redescobrir o prazer de tocar piano. Ambos se apaixonam, mas não confessam os seus sentimentos um pelo outro. A medida que os anos passam, as posições sociais dos dois se invertem, enquanto Bengt vai decaindo mais financeiramente, e Ingrid vai se tornando bem sucedida em sua carreira. Ainda haverá espaço para o amor dos dois?

 

 Não tem jeito, é muito pouco provável que alguém goste da filmografia inteira de um diretor, especialmente alguém com uma obra tão extensa como a de Ingmar Bergman. Mas enfim chegou o dia. Ao subir dos créditos de MUSICA DA NOITE, produção comandada pelo cineasta em 1948, a sensação que eu tinha era "Que filminho mais esquecível".

 

 Baseado no romance de Dagmar Edqvist, que co-escreveu o roteiro junto com o diretor, o filme já começa errado durante a sequência de abertura, ao forçar a barra no processo de empatia do publico com o protagonista interpretado por Birger Malmsten, colaborador habitual de Bergman. O ferimento que tira a visão de Bengt ocorre quando ele resolve salvar um cachorrinho que passeava pelo campo de batalha. Tipo, a sutileza passou longe aqui, né Bergman? Tipo, o cara já vai ficar cego, a reação inicial do publico vai ser de pena mesmo. Tal recurso foi totalmente dispensável.

 

Após esta sequência de abertura, vemos a aproximação de Bengt com a mocinha vivida por Mai Zetterling (mais conhecida hoje como a avó protetora do clássico da sessão da tarde CONVENÇÃO DAS BRUXAS). A aproximação de Bengt e Ingrid talvez seja a parte mais interessante do filme, onde Bergman se utiliza bem das ferramentas do melodrama (subgênero ao qual este filme obviamente pertence) para construir a sua história. Percebe-se através de sutilezas que apesar do pianista rejeitar Ingrid como interesse amoroso devido a sua condição social, na verdade é ele que não se julga digno da moça.

 

Mas a partir do momento em que Ingrid torna-se protegida do Vigário (Olof Winnestrand) e Bengt vai para a cidade grande fazer algum dinheiro, o filme se perde totalmente. É obvio que o protagonista vai comer o pão que o diabo amassou, e mesmo sendo um brilhante pianista, acaba relegado a tocar em um barzinho noturno, devido ao preconceito com sua cegueira. A reaparição de Ingrid no terço final da trama chega a parecer mais um deux ex machina do que qualquer outra coisa.

 

Se ainda pudéssemos dizer que a direção de Bergman vale a visita, eu ficaria minimamente feliz. Mas nem isso. Há uma cena constrangedora em que Bengt acaba se perdendo de amigos, e vai parar na linha do trem, tateando com sua bengala enquanto o veículo se aproxima. Uma cena que deveria ser bastante tensa e dramática, mas tudo o que conseguiu foi me arrancar risos constrangidos.

 

 Enfim, a filmografia de Ingmar Bergman é bastante extensa e vale muito a pena ser explorada. Mas fica aqui o meu conselho, se algum dia topar com MUSICA NA NOITE, finja que não viu e passe para o próximo. Todo o gênio acaba fazendo uma bomba, e Ingmar Bergman, esta é a sua.

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 Visto ATRAVÉS DE UM ESPELHO

 

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  Na trama, Karin (Harriet Anderson) é uma jovem que acaba de ser liberada do hospital psiquiátrico em que estava internada. Ela viaja juntamente com o marido Martin (Max Von Sydow), seu pai David (Gunnar Bjornstrand) e o irmão Minus (Lars Passgard) para uma pequena e isolada ilha para descansar por alguns dias. O que Karin desconhece é que sua doença mental foi diagnosticada como sendo incurável e degenerativa, o que causa grande angustia aos seus familiares.

 

 Primeira parte da chamada "Trilogia do Silêncio", formada ainda pelo ótimo LUZ DE INVERNO e por O SILÊNCIO (que não vi) este ATRAVÉS DE UM ESPELHO é um belo estudo sobre loucura e crença feito por este gênio chamado Ingmar Bergman. Assim como o filme seguinte da trilogia, esta produção de 1961 lança questões sobre uma possível indiferença de Deus em relação ao sofrimento humano, ou mesmo o questionamento sobre a simples existência da figura divina, embora tal questão não seja tão centralizada quanto em LUZ DE INVERNO.

 

  Embora a loucura (e o medo da loucura) de Karin seja o tema central do filme, mais até do que os questionamentos de fé, o roteiro de Ingmar Bergman faz uma manobra interessante ao retratar a moça saudável e sã durante o primeiro terço do filme, embora a sombra de sua doença já paire sobre os semblantes preocupados de Martin e David. Dessa forma, a história faz com que nos sentimos conectados com Karin, e nos faz lamentar por ela quando esta começa a perder o contato com a realidade. Quando a primeira crise acontece, ela é relativamente discreta, mas as medidas que as crises vão acontecendo, elas vão se tornando mais e mais alarmantes, desembocando no perturbador monólogo no clímax do filme.

 

  Tendo somente quatro personagens, a narrativa consegue desenvolver todos eles de maneira satisfatória. A começar pela protagonista, magnificamente interpretada por Harriet Anderson. A atriz retrata Karin como uma moça doce e sensível, com um certo espirito infantil. Entretanto, quando começa a ser afetada pela doença, a moça transita entre o medo e a devoção ás idéias que surgem em sua cabeça, principalmente a suposta fantasia de que Deus vai sair a qualquer momento de um quarto do sótão da casa a muito trancado.

 

  Gunnar Bjornstrand vive David como um pai que quer se importar com seus filhos e se conectar emocionalmente com eles, mas que nunca consegue de fato, já que parece mais interessado em sua carreira de escritor. Isso faz com que tenha uma relação distante com o filho Minus, e faz com que se sinta compelido a observar a doença da filha como mais um material para a sua arte. Um personagem fascinante, pois mesmo claramente não tendo a intenção, acaba sendo um pouco cruel e egoísta.

 

  Minus acaba sendo o personagem mais intrigante do filme. O rapaz parece extremamente carente de atenção, ao ponto de escrever peça atrás de peça em busca de alguma aprovação do pai. Sua relação com a irmã é bastante doentia. Minus não parece ser muito mais saudável que Karin, embora nenhum dos outros personagens pareça perceber isso, excetuando talvez a própria Karin, já que ele é a primeira pessoa para quem ela revela suas fantasias. A relação entre os dois irmãos chega a extremos perturbadores em uma cena passada em um velho barco encalhado, embora o diretor prefira deixar que o publico tire as suas próprias conclusões. Fechando o elenco, Max Von Sydow faz de Martin a voz da razão naquela ilha, assim como a bussola moral daquela família.

 

  Em resumo, ATRAVÉS DE UM ESPELHO é um belo drama existencialista, com uma fotografia acachapante, personagens complexos e direção apurada de Bergman. Vale a visita.

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  • 1 month later...
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 Visto GRITOS E SUSSURROS

 

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  Na trama, Agnes (Harriet Anderson) esta extremamente doente. Suas duas irmãs, Karin (Ingrid Thulin) e Maria (Liv Ullman) chegam para ajudar a criada Anna (Kari Silwan) a cuidar da moribunda. Durante essa convivência ressentimentos e mágoas do passado acabam surgindo, gerando a chande de um ultimo acerto de contas entre as três irmãs.

 

  Como muitos excelentes cineastas, Bergman tem alguns temas que goste de revisitar em sua filmografia. No caso de GRITOS E SUSSURROS, tal tema é a solidão e a forma como o passado através das memórias pode nos impedir de seguir em frente. Tais temáticas já estavam presentes em obras anteriores do diretor, como MORANGOS SILVESTRES e PERSONA, mas eu ainda não havia visto ele colocar o tema de forma tão enfática e agressiva quanto neste trabalho de 72.

 

  Sendo este o primeiro trabalho de Ingmar Bergman que assisto á cores, devo dizer que o diretor se utilizou muito bem deste recurso para dar impacto visual a narrativa. O vermelho (que Bergman acreditava ser a cor da ama humana) domina quase todo o filme,, estando presente desde as transições de momentos chave, feitos por um fade vermelho, até a cenografia, já que as paredes, piso e tapetes da mansão onde se passa a maior parte da história são de um vermelho extremamente vivo, e são diante dessas paredes que ocorrem os diálogos mais significativos da história. A fotografia inclusive foi prestigiada com um Oscar.

 

  O trabalho de som do filme também é primoroso por sublinhar a solidão e o desconforto que existe naquele ambiente, e que permeia noventa e nove por cento da narrativa. Raramente escutamos a trilha sonora, que surge em momentos bem pontuais. Ao invés disso, ouvimos diversos sons ecoarem pela casa, como o tique taque do relógio, os passos de um personagem andando pela mansão, ou mesmo a tosse tuberculosa de Agnes, cada vez mais próxima da morte. Falando no relógio, é impossível não fazer uma analogia do objeto com a situação de Agnes, já que seu tempo esta literalmente acabando.

 

  Como de hábito, Ingmar Bergman gosta de se cercar de antigos colaboradores, dando a atrizes que já trabalharam com ele em projetos anteriores, o papel das três irmãs. O roteiro escrito pelo próprio diretor transforma a relação entre as três irmãs em um verdadeiro mistério para o público. Se em alguns momentos, as três parecem se odiar, em outros, parecem nutrir total indiferença emocional umas pelas outras, como se conviver fosse uma mera obrigação, há instantes em que estas mesmas irmãs parecem reprimir um amor mútuo que beira ao incesto. Nada é dado mastigado para o público, cabendo a nós interpretar o que de fato essas mulheres sentem umas pelas outras.

 

 Para tornar as coisas ainda mais nebulosas do que já são. o cineasta sueco dá um cárater quase surrealista ao filme, enchendo-o de sequências de sonhos e fantasia. Cito aqui a sequência dedicada a explorar mais das motivações da criada Anna, e uma angustiante cena em que Ingrid Thulin mutila a sua própria vagina com um caco de vidro, como forma de representar a sua anulação como mulher diante do casamento com Joakim (Henning Moritzen).

 

 No geral, GRITOS E SUSSURROS é um dos Bergmans mais "surtados" (e aqui isso é um elogio) que eu assisti. Não chega a ser o meu favorito do diretor, por ser enfadonho em alguns momentos, e por eu não ter achado os personagens tão cativantes assim. Mas com certeza é uma ótimo exemplo de arte cinematográfica.

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