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Forum Cinema em Cena

Oscar 2017: Previsões


SergioB.
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Tomo muito cuidado antes de tecer qualquer comentário sobre a série "Star Wars", pois eu nunca fui fã, e todos os meus melhores amigos são loucos pelos filmes. É uma posição delicada. Acabei de ver o deste ano. "Rogue One" me divertiu, me entreteve, mas não mais do que isso. E com certeza menos, bem menos que "The Force Awakens". Tem todos os defeitos essenciais de sempre, e tem as qualidades de sempre. Se decompormos a estrutura do filme, a unidade básica bruta é sempre a mesma: os heróis começam em desvantagem, unem-se, e, no máximo, há um empate, um empate redentor e também dolorido. Um triunfo confinado, que abrirá caminho para outra história. Em uma palavra, é uma fórmula comercial de cinema! Fórmula legítima, mas que não se coaduna com o que eu espero de um trabalho de arte. 

 

"Rogue One" foi indicado em Efeitos Visuais e Mixagem de Som. Os Efeitos Visuais são fruto do trabalho de gente que já foi indicada muitas vezes ou que já ganhou seja por algum filme de "Piratas do Caribe" ou algum outro Star Wars. A Mixagem de Som é de um nome lendário da categoria, David Parker, várias vezes indicado, premiado 2 vezes ("O Paciente Inglês"; "The Bourne Ultimatum"), com dezenas de filmes no curriculum; acompanhado de outros dois jovens que nunca ganharam, embora já indicados. Muito difícil pra um leigo avaliar a justeza da premiação. Mas, como OscarNuts que sou, acredito que os vencedores serão "The Jungle Book" em Efeitos Visuais, e "La La Land" em Mixagem de Som.

 

Sempre me chama a atenção como os americanos reciclam o Oriente. Aqui, no personagem do espadachim (samurai?) cego. Quase um foclore japonês, presente em tantos e tantos filmes, mas vou citar apenas o melhor deles, "Zatoichi", do Takeshi Kitano. 

 

A trilha sonora do Michael Giacchino lembra a icônica trilha do John Williams. Lembra reverentemente. Ou a usou, diria eu, de maneira desidratada. Parece que todo mundo nota isso sem dificuldade, mas o que pouca gente percebe é o excesso de música! Até fiquei cansado. Não há descanso para o ouvido. E fico surpreso do filme não ter entrado em Edição de Som.

 

No mais, adoro a Felicity Jones. Competência e beleza. Um rosto (...é um rosto) que caiu muito bem no filme.

 

Meus amigos não precisarão saber de toda essa opinião crítica. Vou apenas dizer que gostei.

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O fracasso de bilheteria levou-nos a desconsiderar as chances de Oscar, mas algumas pessoas - como o Pablo e o Nathaniel Rogers - acertaram: "Allied" em Figurino. É a segunda indicação para Joanna Johnston (a primeira fora por "Lincoln"). É um trabalho extenso: histórico, Segunda Guerra, um pouco de glamour, um pouco de "Casablanca"`s feelings...Eu sinceramente achei que sobrou esmero nos figurinos de Brad Pitt e de Marion Cotillard e faltou esmero no figurino dos Coadjuvantes. Talvez seja intencional: reforçar a beleza dos dois, reforçar o quanto o casal de personagens é especial, reforçar o quanto o filme é deles...Não sei se é adequado ganhar apenas pelo look dos protagonistas ( Sensação parecida eu tive com o trabalho indicado este ano da Colleen Atwood em "Fantastic Beasts and Where top Find Them", com relação ao look do Eddie Redmayne).

 

O filme é bom, como tudo que o Zemeckis faz.

 

Não gostei do Brad Pitt em várias cenas. Um rosto inexpressivo. Sei lá a razão. Maconha, botox, tristeza? Torço para que ele se reencontre.

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Jailcante, a cada dia que passa, gosto mais de "Manchester By the Sea". 

 

Quanto a "Moonlight"... O filme é ótimo, mesmo. Mas há algo no fundo de "Moonlight" que me perturba intensamente, e eu não via ninguém falando disso e tava me angustiando já. Até que ontem o Tom O`Neil finalmente teve a coragem de dizer o que eu senti, de maneira bem sintética: "Moonlight é filme gay para héteros".  Quem for de entender entenderá. Quem não entender jamais irá entender.

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Muito interessante a diferença em "Jackie" de história e verdade. História, no depoimento jornalístico (regulamentada, controlada, editada); e verdade, nas confissões emocionadas ao padre (John Hurt , saudade! Maravilhoso em tantos filmes....). Não vou divagar muito sobre as categorias, como sempre faço, mas vou dizer apenas que acho que acabei de ver o Oscar de Figurino diante dos meus olhos. Lindos e reconstituídos com fidelidade por Madeline Fontaine. É uma categoria sem dono e assim o será até a cerimônia. Pessoalmente, votaria em Mary Zophres, pois é um trabalho original, sem base prévia.

 

Amei a Fotografia, o Desenho de Produção, e a Direção. Adorei como o Pablo Larraín alterou planos e contra-planos centralizados (homenageando, derivadamente, a beleza incrível do rosto da Natalie) com aquela câmera quase colada na pele dos atores, flutuando ao redor deles. Muito provavelmente o indicaria a Diretor, no lugar do Mel Gibson.

 

A cena da Natalie Portman no banheiro é simplesmente espetacular. É uma atuação estudada de mais? Sim. É ruim isso? Não. Não se o resultado é bom. Principalmente levando em conta a dificuldade de fazer uma biografia de alguém tão importante na história americana.  A voz que ela encontrou é incrível! Tem a ver com uma raridade: Ninguém fala assim, só ela.

 

A trilha não é tão bonita quanto eu imaginava, particularmente tem um instante que me desagradou bastante, mas o trabalho de Mica Levi (primeira mulher em 17 anos a ser indicada na categoria) jamais deixa de ser provocador. Tem um caráter de transe pós-morte que é a mesma da personagem. 

 

Adorei o filme não ser explicativo demais. Por exemplo, não entrar um crédito posterior falando de outros casamentos dela, de como ela morreu, etc...E eles não seriam despiciendos. Essa galera mais jovenzinha de agora não sabe o que fazer das mãos e dos pés, quanto mais saber da conturbada história da família Kennedy.

 

Surgido do nada no meio da temporada para a surpresa de todo mundo, tinha cancha para mais indicações. 

 

Gostei demais.

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Não tinha qualquer intenção de ver "Star Trek Beyond", mas a indicação a Maquiagem e Penteado me obrigaram.

 

O filme como temia é terrível. Simplesmente não há história. Não é só mal escrito, é injustificável a existência. O que Shohreh Aghashloo, brilhante em "House of Sand and Fog" (meu voto em 2004) faz aqui? Corra pro Irã, minha senhora! Há umas cenas pequenas de ação afirmativa que são exatamente isso: ação afirmativa. Fica até feio colocar no roteiro, se não for desenvolvê-las. Nenhuma minoria precisa de uma cena fofa de 2 segundos. 

 

A indicação se faz compreensível, ainda mais considerando que seu maior responsável, Joel Harlow, ganhou a estueta pelo (bom) primeiro filme em 2010, já foi indicado novamente, e...olha.. por este histório...creio ser o favorito. Ninguém discorda quer deve dar um trabalhão finalizar tantas criaturas.

 

O Desenho de Produção tem seus momentos. Esperava-se muito do Thomas E. Sanders depois daquele espetáculo que é "Dracula de Bram Stoker", foi outra vez indicado, mas ele trabalha relativamente pouco em Hollywood.

 

No mais, melhor atuação da vida do Idris Elba e da Zoe Saldana! Meu momento Rubens Edwal Filho.

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 Histórica primeira indicação ao Oscar para a Austrália, "Tanna" é falado em Nauvhal, e passado em Vanuatu. 

 

Seu maior mérito passa despercebido: Jamais tornar aqueles personagens exóticos. Para isso, uma comum história de amor proibido de fundo. Só que isso esse romance não é tolo, é, ao contrário, parte de algo maior para a antropologia, a tradição, em milhares de culturas, do casamento arranjado. Mas o mais legal é que o roteiro foi construído com a ajuda da comunidade local e seus não atores. Tudo isso, enfim, resulta verdadeiro, genuíno, e apropriado. Fotografado com esmero, o espectador realmente é transportado para as lonjuras do Oceano Pacífic, de ilhas de matas verdes claras, vulcões, conchas e mar bravio.

 

A cena final é maravilhosa por mostrar (e não "falar") quão pouco resta da tradição, até mesmo pela tribo ser tão pequena.

 

Que legal seria se este filme pudesse disputar Figurino!

 

É ainda um não desejado tapa na cara do cinema brasileiro. Incapaz de fazer um filme como este, quando temos tantos índios, inclusive ainda não contactados. Mesma coisa eu pensei  em 2016 com "Embrace of The Serpent". Tem que vir a Colombia pra fazer um filme como aquele. Agora vem Vanuatu! Aumenta ainda mais minha decepção com o sem emoção "Xingu".

 

 É tão bom viajar para um lugar que você nunca irá. 

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Estás nas cabeças, Gust84!

 

Brilhantemente inclassificável, "Toni Erdmann" é vendido como comédia alemã, pra poder ter algum lugar na prateleira. Mas às vezes é quase um filme de terror. Um show do elenco como um todo, mas os protagonistas Peter Simonischek e Sandra Hüller estão em um nível acima, espetaculares! 

 

O roteiro da Maren Ade facilmente poderia estar indicado. A par da história, é um comentário pouco óbvio sobre a divisão econômica da União Europeia. Mas fora o lado cabeçudo subentendido, as piadas são ótimas - pelo menos pro meu gosto. E o final - digamos - os últimos 50 minutos (dos 162) reservam duas das melhores cenas do ano, quando todos são obrigados a tirar as máscaras.

 

Todo mundo é ridículo! E o ridículo é uma das formas pouco utilizadas de nos livrarmos da presunção. 

 

Sensacional, inteligentíssimo, originalíssimo. Quem sabe será o quarto Oscar de Filme Estrangeiro da Alemanha, em suas 19 indicações, confirmando a tradição de grandes produções como o seminal "O Tambor" ( um aparte: Volker Schlöndorff ama "Boyhood", considera-o uma obra-prima; assim como Mike Leigh, que disse isso ao próprio Richard Linklater. Mas o povo com sono fácil da internet não gosta, dorme, detecta vários defeitos, sabe como é...), o bom "Lugar Nenhum na África",  e o estupendo "A Vida dos Outros". Digo "quem sabe" por que aumentaram as chances do filme sueco nas últimas semanas.

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Noite passada, nos sindicatos:

 

Damien Chazelle, por "La La Land", venceu o DGA, em Filmes.

Ezra Edelman, por "O.J: Made in America", venceu o DGA em Documentário.

 

DGA FILM WINNERS

  • Outstanding Director, Feature Film: Damien Chazelle, La La Land
  • Outstanding Director, Documentary: Ezra Edelman, OJ: Made in America
  • Outstanding Director, First-Time Feature Film: Garth Davis, Lion

 

Greig Fraser, por "Lion",  venceu o CSA. Os fotógrafos não quiseram premiar um sueco relativamente recém-chegado? Interessante.

 

ASC CINEMATOGRAPHY WINNERS

Feature Film: Greig Fraser, Lion

 

ASC X OSCAR:

 

Cinematography
1986 - ASC: Peggy Sue Got Married (Oscar: The Mission)
1987 - ASC: Empire of the Sun (Oscar: The Last Emperor)
1988 - ASC: Tequila Sunrise (Oscar: Mississippi Burning)
1989 - ASC: Blaze (Oscar: Glory)
1991 - ASC: Bugsy (Oscar: JFK)
1992 - ASC: Hoffa (Oscar: A River Runs Through It)
1993 - ASC: Searching for Bobby Fischer (Oscar: Schindler's List)
1994 - ASC: The Shawshank Redemption (Oscar: Legends of the Fall)
1998 - ASC: The Thin Red Line (Oscar: Saving Private Ryan)
2000 - ASC: The Patriot (Oscar: Crouching Tiger, Hidden Dragon)
2001 - ASC: The Man Who Wasn't There (Oscar: LOTR: The Fellowship of the Ring)
2003 - ASC: Seabiscuit (Oscar: Master and Commander)
2004 - ASC: A Very Long Engagement (Oscar: The Aviator)
2006 - ASC: Children of Men (Oscar: Pan's Labyrinth)
2009 - ASC: The White Ribbon (Oscar: Avatar)
2011 - ASC: The Tree of Life (Oscar: Hugo)
2012 - ASC: Skyfall (Oscar: Life of Pi)

 

 

E no Annie Awards, "Zootopia" venceu em 6 categorias, incluindo Filme, Direção e Roteiro.

ANNIE AWARD WINNERS

  • Best Animated Feature: ZOOTOPIA
  • Directing in an Animated Feature Production: Byron Howard, Rich Moore, ZOOTOPIA
  • Directing in an Animated Television/Broadcast Production: Patrick Osborne, PEARL
  • Best Animated Feature-Independent: THE RED TURTLE
  • Best General Audience Animated Television/Broadcast Production: BOB’S BURGERS, Episode: Glued, Where’s My Bob?
  • Best Animated Television/Broadcast Production For Children: ADVENTURE TIME, Episode: Bad Jubies
  • Best Animated Television/Broadcast Production For Preschool Children: TUMBLE LEAF, Episode: Mighty Mud Movers / Having a Ball
  • Writing in an Animated Feature Production: Jared Bush, Phil Johnston, ZOOTOPIA
  • Writing in an Animated Television / Broadcast Production: Lizzie Molyneux, Wendy Molyneux, BOB’S BURGERS, The Hormone-iums
  • Voice Acting in an Animated Feature Production: (tie) Auli’i Cravalho as Moana, MOANA & Jason Bateman as Nick Wilde, ZOOTOPIA
  • Voice Acting in an Animated Television / Broadcast ProductionCarlos Alazaraqui as Ponce de León, THE MR. PEABODY & SHERMAN SHOW, Ponce de León
  • Best Animated Television/Broadcast Commercial: LOTERIA, “NIGHT SHIFT”
  • Best Animated Special Production: PEAR CIDER AND CIGARETTES
  • Production Design in an Animated Feature Production: Nelson Lowry, Trevor Dalmer, August Hall, Ean McNamara, KUBO AND THE TWO STRINGS
  • Production Design in an Animated Television / Broadcast Production: Tuna Bora, PEARL
  • Character Animation in an Animated Feature Production: Jan Maas, KUBO AND THE TWO STRINGS
  • Character Animation in an Animated Television / Broadcast Production: Mike Chaffe, DREAMWORKS TROLLHUNTERS
  • Character Animation in a Live Action Production: Andrew R. Jones, Peta Bayley, Gabriele Zucchelli, Benjamin Jones, THE JUNGLE BOOK
  • Character Animation in a Video Game: Jeremy Yates, Almudena Soria, Eric Baldwin, Paul Davies, Tom Bland, UNCHARTED 4: A THIEF’S END
  • Character Design in an Animated Feature Production: Cory Loftis, ZOOTOPIA
  • Character Design in an Animated Television / Broadcast Production: Victor Maldonado, Alfredo Torres, Jules Rigolle, DREAMWORKS TROLLHUNTERS
  • Music in an Animated Feature Production: Hans Zimmer, Richard Harvey, Camille, THE LITTLE PRINCE
  • Music in an Animated Television / Broadcast Production: Scot Stafford, Alexis Harte, JJ Wiesler, PEARL
  • Animated Effects in a Live Action Production: Georg Kaltenbrunner, Michael Marcuzzi, Thomas Bevan, Andrew Graham, Jihyun Yoon, DOCTOR STRANGE – MIRROR DIMENSION
  • Animated Effects in an Animated Feature Production: Marlon West, Erin V. Ramos, Blair Pierpont, Ian J. Coony, John M. Kosnik, MOANA
  • Best Animated Short Subject: PIPER
  • Best Student Film: CITIPATI, Director: Andreas Feix
  • Editorial in an Animated Feature Production: Christopher Murrie, KUBO AND THE TWO STRINGS
  • Editorial in an Animated Television / Broadcast Production: Illya Owens, DISNEY MICKEY MOUSE
  • Storyboarding in an Animated Feature Production: Dean Wellins, ZOOTOPIA
  • Storyboarding in an Animated Television / Broadcast Production: Hyunjoo Song, DREAMWORKS TROLLHUNTERS
  • Winsor McCay Awards: Dale Baer, Caroline Leaf, Mamoru Oshii.
  • Ub Iwerks Award: Google Spotlight’s Virtual Reality Platform
  • June Foray Award: Bill & Sue Kroyer
  • Special Achievement Award: Life, Animated
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"A man Called Ove" vem ganhando a simpatia popular e já há quem acredite que pode ficar com a estatueta de Filme Estrangeiro. É um filme bastante convencional, simples, agradavelzinho, moralizante. Ou seja: tem chance! A indicação à Maquiagem e Cabelo é um completo desatino! Certamente, a pior categoria neste ano, e em muitos anos! Será que ainda estão com "The 100 Year-Old Mas Who Climbed out the Window and Disappeared" na cabeça?

 

Impossível decompor esse filme. Talvez, um megaclichê & um gato.

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Gostaria de dividir com vocês algumas curiosidades sobre o conto que inspirou "Arrival" e que me faz ter mais motivos ainda para escolher o filme como o melhor em Roteiro Adaptado. Será, por conseguinte, um post cheio de spoilers, combinado? Acabo de ler o livro do Ted Chiang, publicado no Brasil pela Intrínseca, com o nome de "História da Sua Vida e Outros Contos", uma bela capa com uma fita-abraço com a propaganda do filme.

 

O conto "História da Sua vida" foi publicado em 1998, e desenvolve-se em 67 páginas. O quanto o roteiro do filme é fiel ao livro? Eu diria que uns chocantes 35%. Eric Heisserer fez um trabalho GENIAl! Sério! Ele melhorou o que já era muito bom. Por exemplo, ele fez algo fundamental para o cinema: criou a surpresa, aquele plot-twist, aquela virada sensacional, que tenho comparado junto aos meus amigos com a intensidade daquele de "O Sexto Sentido". Não há surpresa no livro. Logo nos primeiros parágrafos depreende-se que a mãe se dirige para  sua filha no futuro. Então o conto mistura os dois tempos verbais, passado e futuro, "Eu me lembro de um dia durante o verão de seus dezesseis anos", e coisas do tipo,  e já de antemão conta que a filha morrerá com 25, em uma escalada malsucedida.

 

Existem diferenças de todo tipo: a doutora Louise Banks em vez dos olhos azuis da Amy Adams tem olhos escuros, "cor de lama". Não há nada daquele calafrio da primeira subida à nave. Aliás, 9 naves nos Estados Unidos, e 112 pelo mundo. No conto, as naves, ou "espelhos", têm apenas 3 metros  de altura e 6 de largura. Mas o mais importante e decisivo: não há nada de corrida científica, ou cooperação científica simultânea entre países, para entender o que estava passando. Nem há pânico social, por exemplo. Não há nenhuma comparação entre a postura chinesa, a postura russa, a postura inglesa, etc, muito menos qualquer movimento militar chinês para atacar as naves. Nem falar daquele telefonema da Amy Adams para o presidente chinês, do final do filme. Isso é original do roteiro. No conto, não há quase nada sobre a residência da doutora, pontos para o design de Patrice Vermette que coloca aquela janelona na sala para depois rimá-la com o espelho de sílica imenso da nave.

 

O conto é basicamente sobre a aquisição da linguagem. É muito mais minucioso nas dificuldades de aprendizado da língua dos heptápodes. Por sinal, no conto eles são elas: chamam-se Melindrosa e Framboesa. É por se esmiuçar no entendimento da linguagem das criaturas que ela conseguirá entender as coisas como são (passado/futuro) de uma única vez. É dito também que outro assistente da doutora começa a compreender bastante bem a linguagem dos heptápodes. É muito interessante por que a parte do entendimento da Física e da Matemática das criaturas também é mais desenvolvida do que no filme, valendo-se de desenhos e teoremas. Achei curioso também porque a personagem da doutora Banks fala português, pois passou um período da vida na Amazônia, tentando fazer contato com os indígenas. "Que legal!", pensei, "Olha, a Doutora Banks, no Brasil! Será que ela entenderia o extinto Dilmês?" :)

 

Não vou ficar esmiuçando todas as diferenças por que são muitas, e eu, de fato, recomendo a leitura. O livro todo é ótimo. Pelo menos outros 3 contos dariam filmes bastante peculiares e originais, sendo que Denis Villeneuve já declarou que gostaria de fazer mais ficção científica. O que fica muito claro para mim foi o talento do roteirista pois ele, de fato, apenas se inspirou no conto, e conseguiu produzir mais emoção, mais ação, mais supresas do que o trabalho original. A escrita do Ted Chiang é clara, nítida, elegante, bastante racional, e surpreende que ele tenha feito boa parte dos textos antes dos anos  2000. 

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Acho que a única semelhança só diz respeito no caso do hype. Muita gente falando bem, e o filme ganhando indicações mil por aí, daí sempre surge a "turma do contra" que vai falar que o filme não é tão bom assim e vai tentar jogar pra baixo. Assim surge uma campanha do contra meio que inevitavelmente.

 

 

Vish. Acertei:

 

https://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2017/02/07/do-hype-a-repulsa-por-que-todos-agora-parecem-odiar-la-la-land.htm

 

 

Povo gosta de levantar as coisas no alto, pra depois jogar no chão sem dó... É como uma fala do Duende Verde no Homem Aranha 1 do Raimi: Mais que adorar heróis, o ser humano gosta de vê-los cair (parafraseando, já que não lembro exatamente a fala dele)

 

 

Enfim, ainda é meu favorito junto do Manchester.

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A primeira hora de "Lion" é perfeita. A segunda parte do filme perde tração, com alguns problemas. A terceira parte, o final, é muito comovente. No geral, é um filme lindo, bastante tocante, muito bem feito.  Eu sabia que era bom, mas eu não sabia o quanto era bom! Para nós brasileiros, impossível não compará-lo ao nosso "Central do Brasil", aquela preciosidade que a gente não consegue repetir.

 

Não sei por que não trabalharam Dev Patel como Lead, pois ele certamente ia entrar, mesmo aparecendo no filme só no minuto 53. Não é que ele esteja extraordinário, mas ele tem bons momentos; o papel é muito forte; ele é muito querido em Hollywood, e no final - curiosamente a primeira cena que ele gravou - ele está matador! Sem dúvidas, ele seria indicado a Ator. O menininho indiano, Sunny Pawar, está in-crí-vel! É aquela velha discussão: é atuação, é presença? Não importa. É um show de carisma.

 

Nicole Kidman está, ao meu gosto, apenas "ok", ganhando créditos pela cena da banheira, perdendo por carregar na emoção em algumas falas. Mãe por mãe, indicaria a Molly Shanon.

 

Embora indicado a Roteiro Adaptado, e embora a primeira parte seja perfeita, acho que os diálogos da segunda parte não foram bem construídos. Coisa de escrita mesmo. Não os achei bonitos, nem funcionais. Com ressalvas a uma cena do início de faculdade, nas quais Rooney Mara e Dev Patel estão muito charmosos, o desenvolvimento do relacionamento entre eles não foi à altura do filme. Só não chego ao ponto, como já li comentários aí, de que "tinham que mudar o personagem do irmão". Gente, é biografia! Não tem como "mudar" certas coisas pra ficar melhor. A linda história pessoal do retratado não merece uma nota falsa desse tamanho.

 

A Trilha Sonora, com justiça indicada, é linda e muito emocionante.

 

Mas a melhor coisa de "Lion" é sua SOBERBA Fotografia. Greig Fraser ganhou o prêmio do Sindicato e agora entendi a razão. Um esquema de cores lindíssimo, amarelado para Índia, azulado para a Austrália, a escolha de ângulos áereos simulando a procura pelo Google Earth...Nossa! É um arraso! Ôôôôôô, Categoria boa! Trabalhos impecáveis! Não saberia em quem votar. Quem ganhar é justo.

 

A Direção do Garth Davis é excelente! Seu nome estaria nos meus 5. Vamos ficar de olho nele!

 

Dos melhores do ano.

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