Slasher

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 Vista a a 4ª temporada, intitulada FLESH & BLOOD

 

 

 

   Tal como os assassinos típicos do subgênero que batiza a série, SLASHER é um programa que parece se recusar a morrer. Tendo ganhado uma fraca primeira temporada em 2016, no hoje extinto canal Chiller, que propunha contar uma história slasher diferente por temporada, a série foi resgatada pela Netflix onde ganhou mais duas temporadas em 2017 e 2019, que elevaram o nível do show, ao trazer narrativas que brincavam com os clichês do subgênero, lidando com personagens ambíguos, mistérios bem conduzidos, e claro, assassinatos Gore típicos de um bom slasher. 

   Entretanto, diferenças legais entre a Netflix e os produtores da série, levaram a gigante do streaming a cancelar o programa, que foi revivido mais uma vez pelo canal de Streaming Shudder, especializado em programação de terror. Muitos ficaram com um pé atrás em relação a esta quarta temporada, não só pelas temporadas anteriores (a terceira chamada de SOLSTICE em especial) terem estabelecido um patamar alto para  a série, mas por inegavelmente o programa ter melhorado muito em sua passagem pela Netflix. Pois bem, após assistir aos oito episódios deste novo ciclo, posso dizer que em sua terceira casa, SLASHER conseguiu manter o bom padrão atingido pelas temporadas anteriores, e com certeza ira agradar quem curte o show.

   Na trama deste novo ciclo, Spencer Gallaway (o lendário diretor David Cronenberg) um rico empresário do transporte maritimo convoca a sua família para um fim de semana em sua ilha particular, onde anuncia que está morrendo de cancêr, e que fara eutanásia naquele mesmo dia.  Ele propõe um jogo a sua família onde eles devem se enfrentar em uma série de disputas, onde ao fim, o vencedor vai ficar com toda a fortuna Gallaway, enquanto os perdedores irão ficar sem nada. A medida em que os jogos começam e vão se tornando mais intensos, segredos de família começam a aparecer e velhos rancores começam a aflorar. Pra piorar a situação, alguém na ilha usando um disfarce que remete a uma velha lenda da família Gallaway, começa a matar os presentes um por um, e esse sádico assassino pode ser qualquer um deles.

  É interessante observar como em cada temporada SLASHER aborda um cenário do subgênero e suas características para a construção do terror. THE EXECUTIONER situava-se em uma bucólica cidade pequena que não era tão inocente assim, GUILTY PARTY por sua vez brincava com os clichês do Slasher de acampamento, enquanto SOLSTICE trazia o terror Slasher para o centro urbano, ideal para o seu comentário sobre a era das redes sociais e xenofobia da Era Trump. FLESH & BLOOD por sua vez, parece retornar as raizes do Slasher ao colocar membros da dita alta sociedade caçados por um assassino em uma ilha, o que em alguns aspectos lembra o clássico romance de Agatha Christie O CASO DOS DEZ INDIOZINHOS, livro que para alguns estudiosos do terror, é o pai da narrativa Slasher. Tais dramas famíliares tornam inicialmente essa temporada mais intimista, ao mesmo tempo em que cutuca a futilidade dos altamente ricos e claro, comenta a luta de classes, algo que o gênero mainstream vem visitando recentemente, como no filme READY OR NOT, ou já que falamos em inspiração em Agatha Christie, no thriller detetivesco ENTRE FACAS E SEGREDOS, que tem algumas semelhanças com esta temporada de SLASHER.

  Tal como as temporadas anteriores, FLESH & BLOOD aponta que ningém é inocente, já que absolutamente todos os personagens tem o rabo preso de alguma forma. Mesmo os escrotos tem algum coração, e o mais correto dos personagens possui um lado sombrio, e explorar isso sempre foi um dos méritos de SLASHER. Mas essa 4ª temporada apresenta alguns dos personagens mais odiosos de toda a série, ao ponto de em alguns momentos sentirmos que se o assassino sentar e esperar, a maioria vai acabar se matando de qualquer maneira. Alguns dos membros dessa família chegam a ser vilanescos de uma forma quase cartunesca em alguns momentos, como Florence (a filha do personagem de Cronenberg) o que me incomodou em um primeiro momento, mas que a série consegue tornar crível ao longo dos episódios de forma relativamente eficiente.

 Mas talvez o mais interessante é como os roteiros vão construindo a relação entre esses personagens, e os pecados que cometeram no passado com a busca pela fortuna Gallaway. Como dito antes, a luta de classes é um aspecto bastante forte da temporada, que ganha ainda mais importância nos episodios finais, simbolizado por personagens como o filho perdido de Florence sequestrado na infância, que retorna agora adulto, ou por Liv, a filha da empregada que retorna do exército, e ainda no primeiro episódio é revelada como a filha ilegitima de um dos Gallaway. SLASHER aponta que os absurdamente ricos podem ser insensíveis e alienados, mas também aponta que o restante de nós está a apenas um passo de cair na mesma insensibilidade e alienação caso a oportunidade se apresente.

  O mistério central sobre a identidade do Cavalheiro, como é batizado o assassino da temporada é bem conduzido. Afinal, com tanto dinheiro em jogo e uma família cuja maioria dos membros passou a vida ferrando um ao outro, todos tem motivos para estar por trás da mascara. É interessante que a série vá descartando alguns suspeitos ao longo da temporada, não só pelas mortes, mas ao por alguns personagens sobrevivendo a encontros com o Cavalheiro. A identidade do assassino funciona muito bem com o que a série apresenta, e com as referências que adota, embora honestamente exija alguma suspensão de descrença. A série sempre mandou muito bem no Gore, e isso não mudou aqui. Temos algumas mortes bem angustiantes nessa temporada, inclusive, como uma personagem que é enterrada viva, ou outro que tem o corpo desmembrado, só para citar alguns. Não só as mortes são visualmente impactantes, mas a maioria delas também carregam peso emocional, nos fazendo sentir a morte da maioria dos personagens.

  Infelizmente, após quatro temporadas, SLASHER continua tendo a mania de em seus primeiros episódios gerar antecipações dramáticas ao entrecortar o episódio com Flashbacks de um personagem que acabara sendo vítima do serial killer ao fim daquele episódio. Isso ocorre em menor ou maior grau em todas as temporadas, e aqui se repete mais do que deveria. Além disso, a subtrama estrelada pela personagem Kirsty (Paula Brancati, de volta mais uma vez a série como uma das personagens mais simpáticas desse ano) e sua relação com a sua esquisita filha adotiva Afra, vinda da Russía parece um pouco descolada do resto, e traz uma reviravolta baseada em uma referência que honestamente pode ser vista a quilometros de distância, ainda que resulte em um dos momentos mais tristes e visualmente chocantes da temporada. Falando em visual, embora a série ainda seja muito bem produzida, senti que a saída da Netflix fez a série perder um pouco de grana pra investir na fotografia. Se GUILTY PARTY impressionava pelo bonito contraste entre inverno e verão, e SOLSTICE pelo uso que fazia do Neon em sua fotografia, FLESH & BLOOD mantém uma paleta de cores cinzenta pela maior parte do tempo, o que funciona vide a atmosfera gótica que a temporada persegue, mas empalidece diante do visual dos anos anteriores.

 Mas apesar dos tropeços, esta 4ª temporada de SLASHER consegue manter o bom padrão da série, com uma trama envolvente, com personagens ambíguos que gostamos de acompanhar, suspense bem construído, e cenas de morte e perseguição bem feitas pra quem curte um bom slasher.. Curiosamente, os aspectos mais assustadores da temporada nem estão no assassino e nos assassinatos em si, mas na relação absolutamente tóxica e doentia estabelecidos pela excêntrica família Gallaway, que em muitos aspectos representa o lado mais sombrio do classicismo e do próprio capitalismo, e que desemboca no final mais sombrio que SLASHER já entregou até o momento.  Embora ainda prefira as temporadas exibidas pela Netflix, FLESH & BLOOD não fica muito atrás não, sendo recomendado pra quem curtiu a série até aqui.

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 Meu Top SLASHER

 

1) SOLSTICE (3)

2) GUILTY PARTY (2)

3) FLESH & BLOOD (4)

 

 

Abismo

 

4) THE EXECUTIONER (1)

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‘Slasher’: Série de terror é RENOVADA para a 5ª temporada

Por

 Nefferson Taveira

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10 de fevereiro de 2022

 

O Shudder renovou oficialmente a série de terror antológica ‘Slasher‘ para a 5ª temporada.

De acordo com o Deadline, o próximo ciclo será intitulado ‘Slasher: Ripper‘.

Eric McCormack (‘Will & Grace’) estrelará a nova temporada, que será ambientada no Século 19.

O ator interpretará Basil Garvey, um magnata carismático cujo sucesso só é rivalizado por sua crueldade, enquanto ele supervisiona uma cidade à beira de um novo século, e uma convulsão social que verá suas ruas ficarem vermelhas de sangue.

A trama seguirá um assassino espreitando as ruas, mas ao invés de atacar os pobres como o Jack, o estripador, o Viúvo fará justiça contra os ricos e poderosos. A única pessoa no caminho desse assassino é o detetive Kenneth Rijkers, cuja fé inabalável na justiça pode acabar tornando-o mais uma vítima.

Infelizmente, ainda não há previsão para o lançamento do novo ciclo.

 

FONTE: CINEPOP

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 trailer da nova temporada

 

 

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 Poster da 5ª temporada