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Doutor Sono (Mike Flanagan)


Jailcante
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Doutor Sono | Trilha sonora será composta por The Newton Brothers

Filme estreia em 2020.

Por
 Denyson Hernani
 -
Doutor Sono Imagem do filme O Iluminado

Com sua estreia já definida para 2020, a adaptação de Doutor Sono (Doctor Sleep) continua cercada por novidades. E assim, desta vez a notícia é sobre a trilha sonora do filme.

Segundo informações do The Hollywood Reporter (via ComingSoon), a banda The Newton Brothers irá compor a trilha sonora a adaptação de Doutor Sono com direção de Mike Flanagan.

The Newton Brothers colaborou anteriormente com a série recém-lançada A Maldição da Residência Hill da Netflix.

Na trama, ainda assombrado pelos habitantes do Overlook Hotel, onde passou um ano terrível de sua infância, Danny Torrance (McGregor) ficou à deriva por décadas, desesperado para se livrar do legado de alcoolismo e violência do pai. Finalmente, ele se instala em uma cidade de New Hampshire, onde encontra abrigo em uma comunidade do Alcoólicos Anônimos que o apoia e um emprego em uma casa de repouso, onde seu poder remanescente da iluminação fornece o conforto final para aqueles que estão morrendo. Ajudado por um gato que prevê a morte dos pacientes, ele se torna o “Doutor Sono”. É então que Dan conhece Abra Stone, uma menina com um dom espetacular, a iluminação mais forte que já se viu. Ela desperta os demônios de seu passado e Dan se vê envolvido em uma batalha pela alma e sobrevivência dela.

 

FONTE: JORNADA GEEK

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  • 1 month later...
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A Warner Bros parece estar confiante com o resultado final de Doutor Sono, continuação de O Iluminado que Mike Flanagan (A Maldição da Residência Hill) dirige para o estúdio.

 

De acordo com o The Hollywood Reporter, a nova adaptação de Stephen King foi antecipada de janeiro de 2020 para 8 de novembro de 2019, quase 2 meses mais cedo do que o esperado.

 

FONTE: OBSERVATÓRIO DO CINEMA

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  • 2 months later...
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Uma das surpresas de 2019 foi a notícia de que a Warner Bros adiantaria a estreia de Doutor Sono, continuação de O Iluminado para este ano, e as primeiras cenas do terror foram exibidas na CinemaCon.

 

Foi exibido um vídeo de bastidores (via ComicBook), onde o diretor Mike Flanagan fala sobre sua reação ao livro. “Quando eu descobri que Stephen King iria lançar uma continuação para O Iluminado, eu pirei”, diz o diretor.
 

O clipe então mostrou o Danny Torrance adulto vivido por Ewan McGregor sendo atormentado por visões. Ele estica o braço para pegar a mão de uma criança. A criança é abordada na floresta por uma mulher segurando uma agulha. Danny olha no espelho e vê a palavra REDRUM escrita atrás dele.

 

FONTE: OBSERVATÓRIO DO CINEMA

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  • 2 months later...
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 Teaser

 

 

 

  Me deixou curioso, definitivamente, e digo mais, intrigado. Parece fiel ao romance, mas ao mesmo tempo (aparentemente) tá se colocando como sequência do filme do Kubrick. Confio no trabalho do Flanagan, mas esse decididamente é o filme mais desafiador que o cara já fez. Vamos ver o que sai. 

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  • 2 weeks later...
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Doutor Sono foi escrito por Stephen King para dar continuidade aos eventos de O Iluminado, e enquanto o filme de Mike Flanagan será uma adaptação da obra, havia dúvidas se consideraria o clássico de Stanley Kubrick.

 

Em um Q&A americano (via ComicBook), Flanagan confirmou que seu filme existe dentro da continuidade do filme de Kubrick.

“É uma adaptação do romance Doutor Sono, que é a continuação de Stephen King para O Iluminado. Mas ele também existe no mesmo universo cinematográfico que Kubrick estabeleceu em sua adaptação de O Iluminado. E reconciliar essas três fontes que são bem diferentes foi bem desafiador e empolgante, criativamente”, afirmou Flanagan.

 

FONTE: OBSERVATÓRIO DO CINEMA

 
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É bem sabido pelo público que Stephen King detesta adaptação de Stanley Kubrick para seu livro, O Iluminado. Como Doutor Sono vai considerar o filme de 1980, o autor teve que consentir.

 

Em um Q&A americano após o lançamento do primeiro trailer (via Screenrant), o diretor Mike Flanagan falou sobre o consentimento do autor em relação às mudanças na história.

“Como muitos de vocês sabem – eu imagino que saibam – as opiniões de Stephen King sobre a adaptação de Kubrick são famosas e complicadas. Isso a ponto de, se você ler Doutor Sono, saberá que ele intencionalmente ignorou tudo o que o Kubrick tinha mudado sobre o livro, e afirmou que a história existia completamente fora do universo de Kubrick”, diz Flanagan.

“Tivemos que falar com King e explicar como lidaríamos certos personagens que estão vivos no livro O Iluminado e que não estão vivos no final do filme. Como eu lido com isso? E em particular, como conseguir a visão incrível do Overlook que Kubrick tinha criado sem ofender King? E nossas ideias para o Stephen foram surpreendentemente bem aceitas, e saímos dessa conversa não apenas com sua benção, mas com seu encorajamento”, revela o diretor.

Doutor Sono começa quando Danny Torrance leva o trauma do Overlook Hotel para a vida adulta. Ele se tornou um reflexo de seu pai assassino, com uma raiva persistente e um problema com bebida que entorpece sua dor, assim como seus poderes “brilhantes”. Esses poderes retornam quando ele abraça a sobriedade e usa seu dom para ajudar os moribundos em um hospital.

 

FONTE: OBSERVATÓRIO DO CINEMA

 

SPOILER SPOILER SPOILER

 

ESTOU AVISANDO QUE TEM SPOILER

 

 

 

 

 

 

 

Acho que muito disso diz respeito ao final. O climax do livro acontece no terreno onde ficava o Overlook, só que não sobrou nada do prédio, já que no livro "O Iluminado", o hotel explode no fim. Mas no filme do Kubrick, o hotel continua inteiro. Imagino então que o climax do filme vai acontecer no próprio hotel.

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O diretor Mike Flanagan deu uma entrevista à Entertainment Weekly em que explicou por que escolheu o ator Ewan McGregor como protagonista de Doutor Sono.

 

Em Doutor Sono, sequência de O Iluminado, McGregor interpreta o adulto Danny Torrance.
 

“Queríamos alguém que se parecesse filho de Jack Nicholson e Shelley Duvall”, revelou o cineasta.

“Porém, também queríamos que se parecesse com o jovem Danny. Não me preocupei em buscar elementos que estavam em Jack porque Danny não precisa ser assim. Ele tinha seis anos quando viu o pai pela última vez. Ewan pode arquear as sobrancelhas e lançar um sorriso maldoso para você. Ele consegue, mas não era necessário. Ele só precisava parecer filho de Jack.”

Doutor Sono estreia em 8 de novembro.

 

FONTE: OBSERVATÓRIO DO CINEMA

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  • 3 weeks later...
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O primeiro trailer de Doutor Sono foi revelado em junho, e confirma que o longa será uma continuação no mesmo universo de O Iluminado, clássico do terror de Stanley Kubrick.

Porém, ainda que traga recriações de algumas cenas do filme de 1980, o diretor Mike Flanagan manteve uma tomada icônica do primeiro filme: o sangue saindo do elevador, e explicou ao Digital Spy o motivo.

“Nós poderíamos ter passado meses tentando criar a dinâmica perfeita do sangue saindo do elevador, mas é impossível de se fazer. A forma como Kubrick fez, como o sangue deságua na beira do elevador e rebate nas paredes – não poderíamos recriar isso. Então trouxemos de volta a cena original”, justifica o diretor.

 

FONTE: OBSERVATÓRIO DO CINEMA

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  • 1 month later...
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Doutor Sono: Filme ganhará classificação para maiores de idade
Por Ygor Palopoli — 21/08/2019 às 19:30
 

Notícia boa ou ruim?

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Demorou, mas chegou — ou quase isso. Quase 40 anos depois do lançamento da adaptação cinematográfica de O Iluminado para os cinemas, sob o comando do icônico Stanley Kubrick, chegou a hora da sequência Doutor Sono tomar conta das telonas. No entanto, uma das maiores preocupações dos espectadores era justamente sobre a fidelidade da continuação ao seu livro original. 

Para acabar com qualquer preocupação sobre o assunto, o diretor Mike Flanaganconfirmou que o filme chegará aos Estados Unidos com classificação "R", equivalente aqui ao conteúdo não recomendado para menores de 18 anos.

 

 
 

DOCTOR SLEEP has officially been rated R by the MPAA for “disturbing and violent content, some bloody images, language, nudity, and drug use.” Sounds about right...

 
 
 
 

 

De acordo com o Collider, o MPAA (órgão responsável pela medição) classificou o conteúdo da obra como "perturbador e violento, cenas sangrentas, palavrões, uso de drogas e nudez". Categoricamente, Flanagan adicionou que o levantamento parece de acordo com o resultado final.

Baseado na obra do mestre do terror, Stephen King, Doutor Sono trará de volta o personagem Danny, desta vez um homem adulto e transtornado, interpretado por Ewan McGregor. Na nova trama, o filho de Jack Torrance (Jack Nicholson, no longa de 1980) usa de poderes psíquicos para curar os pacientes do hospital onde trabalha, mas tudo muda quando uma jovem misteriosa cruza seu caminho. 

 

FONTE: ADORO CINEMA

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 Trailer final legendado

 

 

 

  Otimo trailer, embora não de "aquele Hype" (o que pode ser bom). Espero que a galera não fique comparando muito com O ILUMINADO, pois embora seja uma sequência, são dois tipos de história bem diferentes.

  Em tempo, confio no Flanagan, que vem sendo um diretor do gênero que tem entregue coisas muito boas. Terminei recentemente A MALDIÇÃO DA RESIDÊNCIA HILL da Netflix, e é muito bem escrito e dirigido.

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tomara que aconteca que nem o IT, pois esse negócio de mostrar os rostos dos endemoniados, com olhos brilhando como se isso fosse alguma coisa tensa, já me deixou bastante desanimado.

O que vi foi um bando de pessoas com olhos claros, sei que a proposta é diferente, tratar a assombração como assombração e não como algo dúbio se é do psicologico do personagem ou não, mas o filme poderiia muito bem deixar claro que se trata de um filme de assombração sem deixar de fazer cenas que estimula nossos sentidos a criar uma imagem de assombração onde não há nada exposto de fato na imagem. 

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On 9/9/2019 at 1:06 AM, Gustavo Adler said:

tomara que aconteca que nem o IT, pois esse negócio de mostrar os rostos dos endemoniados, com olhos brilhando como se isso fosse alguma coisa tensa, já me deixou bastante desanimado.

 Não vejo nenhum problema. É uma forma de mostrar visualmente a natureza inumana desses personagens. A ideia não é criar tensão, pra mim, e sim simplesmente provocar estranhamento. Pode-se até criar tensão com os olhos brilhantes de um personagem, mas este seria somente um elemento da cena, pois eles por si só não fazem isso (e nem deveriam).

On 9/9/2019 at 1:06 AM, Gustavo Adler said:



O que vi foi um bando de pessoas com olhos claros, sei que a proposta é diferente, tratar a assombração como assombração e não como algo dúbio se é do psicologico do personagem ou não, mas o filme poderiia muito bem deixar claro que se trata de um filme de assombração sem deixar de fazer cenas que estimula nossos sentidos a criar uma imagem de assombração onde não há nada exposto de fato na imagem. 

 Dependendo da intenção da cena, como conversamos no tópico do "Invocação do Mal 3". Muitas vezes o melhor é mostrar mesmo explicitamente, e não nos deixar imaginar o que é. Depende muito da construção de terror proposta. Afinal, você falou de estimular os sentidos. A visão é um deles, ué. O próprio Kubrick fez isso com a famosa cena do rio de sangue no elevador, que tem o elemento assustador corporificado completamente dentro de quadro na imagem. Não vejo que necessariamente, isso torne esse tipo de construção de terror mais pobre. No caso, esses personagens com olhos claros não são assombrações, e sim um tipo diferente de criatura.

 

Em tempo, acho que pelo menos a intenção do diretor é te deixar "tranquilo", GUSTAVO ADLER (se vai conseguir, são outros quinhentos)

 

Mike Flanagan assumiu uma grande responsabilidade ao comandar a continuação de O Iluminado, Doutor Sono.

 

Agora, em entrevista ao Yahoo, o diretor explicou como encarou esse projeto e qual clichê de filmes de terror ele deixou de fora.

“Quando estávamos desenvolvendo o projeto, e quando estávamos falando sobre as expectativas da audiência, em particular, sobre jump scares [imagens ou sons em volume elevado que aparecem rapidamente em tela, provocando sustos], sustos e o ritmo desses, definimos que não temos o mínimo interesse em fazer isso”, explicou Flanagan

“Eu diria, ‘qual o seu jump scare preferido de O Iluminado?'”, continua o diretor. “Não existe um. O mesmo se aplica aqui”.

“Usamos muitas das lições que Kubrick nos ensinou sobre como fazer um thriller psicológico, um thriller sobrenatural, de tal forma que é mais sobre uma atmosfera sufocante e tensão do que os sustos tradicionais como os entendemos hoje”, concluiu o diretor.

 

FONTE: OBSERVATÓRIO DO CINEMA

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  • 2 weeks later...
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On 9/14/2019 at 8:49 PM, Questão said:

 Não vejo nenhum problema. É uma forma de mostrar visualmente a natureza inumana desses personagens. A ideia não é criar tensão, pra mim, e sim simplesmente provocar estranhamento. Pode-se até criar tensão com os olhos brilhantes de um personagem, mas este seria somente um elemento da cena, pois eles por si só não fazem isso (e nem deveriam).

 Dependendo da intenção da cena, como conversamos no tópico do "Invocação do Mal 3". Muitas vezes o melhor é mostrar mesmo explicitamente, e não nos deixar imaginar o que é. Depende muito da construção de terror proposta. Afinal, você falou de estimular os sentidos. A visão é um deles, ué. O próprio Kubrick fez isso com a famosa cena do rio de sangue no elevador, que tem o elemento assustador corporificado completamente dentro de quadro na imagem. Não vejo que necessariamente, isso torne esse tipo de construção de terror mais pobre. No caso, esses personagens com olhos claros não são assombrações, e sim um tipo diferente de criatura.

 

Em tempo, acho que pelo menos a intenção do diretor é te deixar "tranquilo", GUSTAVO ADLER (se vai conseguir, são outros quinhentos)

 

Mike Flanagan assumiu uma grande responsabilidade ao comandar a continuação de O Iluminado, Doutor Sono.

 

Agora, em entrevista ao Yahoo, o diretor explicou como encarou esse projeto e qual clichê de filmes de terror ele deixou de fora.

“Quando estávamos desenvolvendo o projeto, e quando estávamos falando sobre as expectativas da audiência, em particular, sobre jump scares [imagens ou sons em volume elevado que aparecem rapidamente em tela, provocando sustos], sustos e o ritmo desses, definimos que não temos o mínimo interesse em fazer isso”, explicou Flanagan

“Eu diria, ‘qual o seu jump scare preferido de O Iluminado?'”, continua o diretor. “Não existe um. O mesmo se aplica aqui”.

“Usamos muitas das lições que Kubrick nos ensinou sobre como fazer um thriller psicológico, um thriller sobrenatural, de tal forma que é mais sobre uma atmosfera sufocante e tensão do que os sustos tradicionais como os entendemos hoje”, concluiu o diretor.

 

FONTE: OBSERVATÓRIO DO CINEMA

Continuo discordando de ti.

Para mim não há nada de estranhamento em crianças com lentes de contato,
 

entende? não importa a cara feia, é só uma cara feia

 

O segredo do terror é sua sensação de desconforto, de estranheza. É ingenuidade achar que um bom filme de terror no século 21 pode assustar com base em alguma suposto desconforto que uma cara feia pode ocasionar. 

Me desculpa, mas não ocasiona. No primeiro momento que você pensar: "aah, é só mais um bicho feio que aparece" todo o filme perde a graça, vocÊ simplesmente se desconecta de todo o clima de tensão que o filme tentar lhe colocar, porque no fim, é só dar de ombros e virar as costas e ignorar. 

Isso em se tratando de filmes de assombração, onde o estado de medo e tensão do personagem é ferramenta necessária para que as entidades possam lhe causar mal. É claro que se você virar as costas pra um monstro físico, tipo um lobisomen, ele vai te comer. Mas ai já entra outro efeito que tira qualquer desconforto da ação, é que fica algo tão caricato que fica banal, opa, mais um monstro mordeu a cara de uma pessoa, e dai? 

E monstro físico a única coisa que pode assustar seria sua imprevisibilidade ou inevitabilidade ou invencibilidade, porque a aparência, ao meu ver, é indiferente. Tanto faz se for um homem de terno e gravata ou um lobisomen, é só encarar com um revolver e atirar na cabeça, a cara feia não faz diferença. 

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O Iluminado voltará aos cinemas – com uma surpresa

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A fim de preparar os fãs para o lançamento do terror Doutor Sono, a Warner Bros trará aos cinemas o filme que começou tudo: O Iluminado, clássico de Stanley Kubrick baseado na obra de Stephen King. Até o momento, sessões foram confirmadas apenas para os EUA, na janela de 26 de setembro a 1 de outubro. Como a Warner até reprisou o primeiro It: A Coisa antes da estreia da continuação, não seria nada impossível que o filme de 1980 ganhe um pequeno relançamento. E o melhor? A sessão virá com uma prévia exclusiva de Doutor Sono, que continuará a história de Danny Torrance e sua habilidade de “brilhar”. Confira o pôster do relançamento abaixo.
Doutor Sono começa quando Danny Torrance leva o trauma do Overlook Hotel para a vida adulta. Ele se tornou um reflexo de seu pai assassino, com uma raiva persistente e um problema com bebida que entorpece sua dor, assim como seus poderes “brilhantes”. Esses poderes retornam quando ele abraça a sobriedade e usa seu dom para ajudar os moribundos em um hospital. Ele estabelece uma conexão psíquica com uma jovem que compartilha suas habilidades extremas e que está sendo alvo de um grupo assustador com habilidades semelhantes. Eles descobriram que seus poderes crescem se inalarem o “vapor” que sai dos outros com o poder de brilhar, quando estão sofrendo mortes dolorosas.
Ewan McGregor viverá Danny Torrance em sua fase adulta. O elenco ainda conta com Carl Lumbly, Alex Essoe, Zarn McClarnon, Rebecca Ferguson, Kyliegh Curran, Zackary Momoh e Bruce Greenwood. Doutor Sono chega aos cinemas em 7 de novembro.

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1 hour ago, Jorge Soto said:

Ele se tornou um reflexo de seu pai assassino, com uma raiva persistente e um problema com bebida que entorpece sua dor, assim como seus poderes “brilhantes”. Esses poderes retornam quando ele abraça a sobriedade e usa seu dom para ajudar os moribundos em um hospital. Ele estabelece uma conexão psíquica com uma jovem que compartilha suas habilidades extremas e que está sendo alvo de um grupo assustador com habilidades semelhantes. Eles descobriram que seus poderes crescem se inalarem o “vapor” que sai dos outros com o poder de brilhar, quando estão sofrendo mortes dolorosas.

Desculpem aos ansiosos por essa coisa ai.

mas que coisa mais tosca.

E não é pelo fato de pessoas brilharem, mas ao fato de dar a entender que a tensão do filme será com base nessas coisas bem determinadas que fogem das léis físicas. 

Repito, o grande lance do terror não é algo que foge das leis naturais acontecer, é justamente o fato suspenso se aquilo se trata de algo além da natureza, e, portanto, imprevisivel e indecifrável, deforma que ficamos completamente desarmados, e não uma aparição assumidamente extra natural.

Porque uma aparição assumidamente extra natural é só ligar a chave pra: "opa, existe outra natureza em outra dimensão, basta conhece-la que saberemos como proceder. Talvez aquilo que estamos chamando de demonio é só um ser de outra dimensão pertubado porque não está conseguindo entender em que dimensão está"

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22 hours ago, Gustavo Adler said:

Continuo discordando de ti.

Para mim não há nada de estranhamento em crianças com lentes de contato,
 

entende? não importa a cara feia, é só uma cara feia

 

 

 Sozinha, uma cara feia é só isso mesmo, uma cara feia. Mas terror é uma construção, e construção é montagem (e não me refiro apenas ao processo de colar um plano no outro). Então, a "cara feia" e o que entendemos por "cara feia" pode ter várias aplicações bastante importante em uma montagem pra criar os sentidos de terror, mas que sozinha não funciona, como qualquer elemento sozinho não constrói o terror.

 

22 hours ago, Gustavo Adler said:

 

O segredo do terror é sua sensação de desconforto, de estranheza. É ingenuidade achar que um bom filme de terror no século 21 pode assustar com base em alguma suposto desconforto que uma cara feia pode ocasionar. 
 

Desconforto e estranheza, de fato. Mas pra ter uma noção do que é estranho, você tem que ter uma noção do que não é, correto? Por que o senso de estranho surge da quebra do senso de normalidade, e não o contrário. Não é normal que alguém nos encare com esse rosto

 

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 Claro, só essa imagem sozinha não vai criar terror nenhum. Mas essa "cara feia" pode, sim, causar desconforto no contexto narrativo certo, na luz certa, com o som certo, a interpretação certa, e com planos antecedentes e sucessores certos. Não é ingenuidade nenhuma acreditar nisso, pois as montagens de terror mudam, mas a maioria dos elementos continuam basicamente os mesmos desde antes da invenção do cinema.

22 hours ago, Gustavo Adler said:


Me desculpa, mas não ocasiona. No primeiro momento que você pensar: "aah, é só mais um bicho feio que aparece" todo o filme perde a graça, vocÊ simplesmente se desconecta de todo o clima de tensão que o filme tentar lhe colocar

 

  Ai a gente bate na diferença entre o terror e o horror. O horror é o desenlace do terror (Segundo alguns teóricos), ou seja, quando o "bicho feio" aparece, quando a facada é dada, quando o cadáver desaba do teto, a tensão atinge um climax, e o objetivo da cena passa a ser outra que não necessariamente a tensão (embora esse climax pode sugerir mais tensão). O exemplo clássico é a cena que o alien sai do corpo do John Hurt no filme do Ridley Scott

 

 

Quando o bicho sai e o sangue rola, a tensão da cena se esvai, por que ela atingiu um climax. 

 

22 hours ago, Gustavo Adler said:

porque no fim, é só dar de ombros e virar as costas e ignorar. Isso em se tratando de filmes de assombração, onde o estado de medo e tensão do personagem é ferramenta necessária para que as entidades possam lhe causar mal

 

 Tá, mas ai tu tá estabelecendo uma regra, e supondo que essa entidade não natural vai respeitar essa regra. Dependendo da construção de terror, o fato de determinado personagem temer essa aparição ou não é irrelevante pro desfecho. Ou ainda, uma situação que é muito comum do gênero, é que simplesmente "desligar" a chave do medo, como você sugere, é muito mais complexo do que parece. Por exemplo, a gente tá falando de uma adaptação de Stephen King aqui, e é um elemento recorrente na obra do autor e nos filmes que se baseiam nela que essas entidades sobrenaturais conheçam os medos, as falhas e os dos personagens e usam isso pra destruir esses personagens.

22 hours ago, Gustavo Adler said:

É claro que se você virar as costas pra um monstro físico, tipo um lobisomen, ele vai te comer. Mas ai já entra outro efeito que tira qualquer desconforto da ação, é que fica algo tão caricato que fica banal, opa, mais um monstro mordeu a cara de uma pessoa, e dai? 
 

Mas tem o contrato da suspensão de descrença em conta que você não tá levando em conta nesse seu raciocínio. Da mesma forma que eu tenho que entrar pronto pra ser convencido que Superman é capaz de voar, a partir do momento em que eu me disponho a ver um filme do Superman, eu tenho que estar pronto pra ser convencido a acreditar no lobisomem por umas duas horas à partir do momento em que eu me disponho a ver um filme de lobisomem, claro, desde que ele seja minimamente bem feito.

Pegando o seu exemplo. O monstro mordeu a cara de uma pessoa. O caminho até este climax violento foi satisfatório? Essa cena de morte, caso tenha se optado por uma morte On Screen foi bem realizada? Eu me importo com o destino deste personagem? Eu acredito no medo desse personagem ? (que não necessariamente precisa ser o meu medo). Esse são alguns fatores que você tá ignorando no seu raciocínio, e que são muito importantes quanto se fala de terror ou de horror.

 

22 hours ago, Gustavo Adler said:

 Tanto faz se for um homem de terno e gravata ou um lobisomen, 

 Tá errado brother, e isso é científicamente comprovado. A gente tem uma série de imagens e signos visuais na nossa cabeça, que estabelecem parâmetros de normalidade (que podem ser tensionados pela montagem, é veradade). Imagina a seguinte cena.

Um personagem abre a porta e dá de cara com um homem de terno absolutamente normal. Esse camarada daqui

 

Resultado de imagem para homem de terno

 

 A aparição repentina pode causar algum susto inicial no público. Claro, como disse antes, a imagem é só uma parte da montagem. Mas vamos colocar essa cena em uma determinada luz, com um determinado enquadramento, uma determinada trilha, e que a gente nunca ouviu falar desse cara antes.

 

Agora, a mesma situação, com as mesmas condições técnicas, a mesma falta de contexto sobre a figura atrás dá porta, mas quem tá do outro lado é essa moça

 

Resultado de imagem para dog soldiers

 

O efeito não é o mesmo nem a pau, ADLER. Por que além de uma imagem repentina, é uma imagem que fere o senso de normalidade (culturalmente falando, o normal não é ter olhos amarelos, não é ter presas). O impacto dessas duas imagens na mesma condição vai ser sensivelmente diferente. Claro, os elementos podem ser montados de forma que a primeira imagem seja muito mais ameaçadora do que a segunda. Por que, de novo, a "cara feia" que você condena não é só uma imagem, e sim uma série de elementos audiovisuais. Dependendo do contexto do filme, a segunda imagem pode se tornar absolutamente normal pro espectador.  De qualquer forma, decididamente não são a mesma coisa.

 

22 hours ago, Gustavo Adler said:

é só encarar com um revolver e atirar na cabeça, a cara feia não faz diferença. 

 Ai é você se colocando no lugar dos personagens? 

 Se for, tem pequenas falhas no teu argumento. Primeiro é o que eu chamo de "conforto da poltrona". É fácil julgar as ações de um personagem da poltrona, sem estar sujeitos as pressões psicológicas e emocionais dele.

Segundo, um homem de terno, em primeira instância não é ameaçador (mas pode vir a se tornar), um lobisomem em primeira instância é (mas pode vir a não ser). Até por que o seguinte, como disse repetidamente, terror é montagem. A mera intenção de matar desse homem não torna ele uma figura assustadora automaticamente, assim como o mero fato do lobisomem ser um lobisomem não torna ele uma figura assustadora automaticamente. 

Sendo que tem várias variáveis nesse teu cenário ai. Primeiro, tu tá supondo que tem uma arma contigo. Segundo, tu tá supondo que tu vai acertar a cabeça do alvo. Terceiro, tu tá supondo que atirar na cabeça do alvo vai matar o alvo. Quarto, tu tá supondo que esse personagem encurralado por um homem de terno ou um lobisomem vai ter essa iniciativa, pois pode tá simplesmente paralisado ao descobrir que esse homem que ele considerava normal é um maníaco homicida, ou estar aterrorizado demais pelo simples fato de existir um lobisomem.

Então sim, a cara feia pode fazer muita diferença, por que essa cara feia pode mexer com as crenças do personagem (tanto a crença do que e natural ou sobrenatural, sobre a crença em quem confiar ou não), e é isso que tu não tá levando em conta. Eu sinto que tu tá avaliando tudo do "conforto da poltrona", e esquecendo dos contextos sociais, psicológicos e emocionais de certos signos.

 

8 hours ago, Gustavo Adler said:



E não é pelo fato de pessoas brilharem, 

Apesar dos olhos brilhantes de alguns personagens, quando o texto diz "brilhar" em relação aos iluminados não é literal. "O Brilho" ou "Iluminação" é o nome dado a essa habilidade, que pode ser telepatia ou coisa do gènero, e 'brilhar" se refere a quando usam essas habilidades.

 

8 hours ago, Gustavo Adler said:

 a tensão do filme será com base nessas coisas bem determinadas que fogem das léis físicas. 
 

 Oi? Quer dizer que para uma obra de terror funcionar, ela deve obedecer as leis da física? 

 

8 hours ago, Gustavo Adler said:


Repito, o grande lance do terror não é algo que foge das leis naturais acontecer, é justamente o fato suspenso se aquilo se trata de algo além da natureza, e, portanto, imprevisivel e indecifrável, deforma que ficamos completamente desarmados, e não uma aparição assumidamente extra natural.

  E A PROFECIA, que deixa a sua natureza sobrenatural explícita desde o começo? E o clássico A HORA DO PESADELO, que deixa extremamente claro a natureza de seu vilão, que mata as suas vítimas em seus sonhos? E HELLRAISER, outro filme que deixa muito claro desde o seu início a natureza sobrenatural da história? E o próprio O ILUMINADO, que sim, trata da descida a loucura do Jack Torrance, mas também nunca levanta duvidas sobre a natureza assombrosa do hotel? E os terrores sobrenaturais oníricos do Mario Bava? 

Desculpe, mas é uma grande bobagem afirma que o terror está no suspense de que o evento fantástico de determinada narrativa é real ou não. A duvida pode sim, ser UMA das formas de se construir o terror de uma narrativa, mas tá muito longe de ser a única. Pode ser a sua preferida, mas longe ainda de ser o "grande lance do terror", principalmente quando temos obras em que o terror não se origina do sobrenatural e nós sabemos disso o tempo todo.

 

8 hours ago, Gustavo Adler said:



Porque uma aparição assumidamente extra natural é só ligar a chave pra: "opa, existe outra natureza em outra dimensão, basta conhece-la que saberemos como proceder. T

Mais uma vez, tu tá estabelecendo uma regra, e esperando que a ameaça da narrativa se acomode a essa regra. Sim, tentar entender a natureza das aparições assumidamente sobrenaturais geralmente é a primeira atitude que os personagens tomam nesses filmes, mas tu tá colocando como se fosse uma coisa simples.  "É só conhece-la pra saber como proceder" diante de uma ameaça que desafia a tua lógica de mundo não vai se resolver através de um google (nos filmes ruins vai, mas você entendeu). Mais uma vez, você está ignorando um monte de variáveis. Esses personagens tem tempo pra descobrir como essa "outra dimensão" (supondo que seja outra dimensão, e não algo que a ciência não está pronta pra explicar) funciona? O curso de ação que eles estão tomando é o correto? Existem custos pra esse curso de ação? Eles estão dispostos a pagar esses custos? 

O CHAMADO, por exemplo, tem o deadline dos sete dias. Em A HORA DO PESADELO, os personagens precisam entender essa ameaça antes de dormir, se não eles morrem. Tem filmes que os personagens nunca conseguem entender a natureza dessa ameaça sobrenatural, por que eles não tem tempo, ou trabalharam na teoria errada.

 Talvez aquilo que estamos chamando de demonio é só um ser de outra dimensão pertubado porque não está conseguindo entender em que dimensão está"

Sim, muitas vezes essa criatura sobrenatural é o que você disse. E em outros casos é um demónio mesmo, cuja derrota pode exigir um custo pessoal enorme. Enfim, não entendi como esse trecho se encaixa no teu argumento.

Em tempo, existem alguns autores bem interessantes caso você tenha interesse no tema como Noel Carroll, Ann Radcliffe e o próprio Stephen King que escreveram coisas que vale a pena ler a respeito do horror género.

 

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17 hours ago, Questão said:

Sozinha, uma cara feia é só isso mesmo, uma cara feia. Mas terror é uma construção, e construção é montagem

A montagem é que é o terror, e não a cara feia, e os melhores terrores são os que se baseiam na montagem, ficando a cara feia para segundo plano (e muitos terrores fabulosos nem tinham cara feia).

E susto é só susto, que depois que você pega a manha (e hoje em dia é dificil não prever os sustos) já nem susto leva

 

17 hours ago, Questão said:

Desconforto e estranheza, de fato. Mas pra ter uma noção do que é estranho, você tem que ter uma noção do que não é, correto? Por que o senso de estranho surge da quebra do senso de normalidade, e não o contrário.

Ue, quer coisa mais normal em um mundo de terror do que uma cara feia?

é como eu disse sobre uma coisa ser assumidamente extra-natural. Se o filme assume isso como lei física, tipo, um demonio é um demonio assim como uma gravidade é uma gravidade, basta você ligar o turn on e entender que naquele universo há demonios, pronto, aquilo fica normal. Basta você ligar o turn on que há seres de outra dimensão, que é extra natural nesse mundo mas no outro não é, pronto, voltamos ao senso de normalidade.

Justamente é na montagem que se tem a suspensão do que é normalidade, justamente onde não da para definir o que é normal e o que não é normal que vem a "imprevisibilidade" (e aqui falo de imprevisibilidade não do que vem a seguir na cena seguinte, pode ser que todo o passo seja totalmente previsivel, como, por exemplo, atividade paranormal 1 foi, mas a imprevisibilidade que menciono é do fato de não sermos capaz de decifrar qual é exatamente o mal que aquela coisa está fazendo no outro, tipo, não é uma facada, não é algo que você vê e entende, mas é justamente o inexplicável, o que atinge seu psicológico e torna tudo uma sombra barulhenta e atormentadora sem que saibamos exatamente o que e como).

 

18 hours ago, Questão said:

Ai a gente bate na diferença entre o terror e o horror. O horror é o desenlace do terror (Segundo alguns teóricos), ou seja, quando o "bicho feio" aparece, quando a facada é dada, quando o cadáver desaba do teto, a tensão atinge um climax, e o objetivo da cena passa a ser outra que não necessariamente a tensão (embora esse climax pode sugerir mais tensão). O exemplo clássico é a cena que o alien sai do corpo do John Hurt no filme do Ridley Scott

Vou pegar esse excelente explicação pra mostrar o porque, pra mim, o horror é um tédio (agora entendi que o que eu estava achando tedioso era as cenas de horror presente nos filmes de terror, realmente, nunca me senti fisgado por filmes de horror, achei todos uma masturbação de imaginação de cenas com sangue orgãos partes corporais e caras feias). 

Para mim o exorcista continua sendo a obra prima do terror de assombração, mas, MAS, eu o revi uns anos atrás e fiquei muito decepcionado e entediado com as cenas em que a criança aparece toda com a cara desfigurada, rodando a cabeça etc. 

Mas então por que ainda considero um dos melhores filmes do tema? porque mesmo nas cenas de horror explicito, o que, ao meu ver, segura o filme é o clima, é a sugestão, é o inexplicável, é o que nem é nem não é extra natural (mesmo que o filme ASSUMA que é um demônio, não se sabe exatamente como é, como age, o que exatamente ele está fazendo na criança pra ela ficar mal, o que é exatamente esse mal estar que a criança está tendo, etc...).

E em nenhum momento há qualquer elemento do demonio ou de seu mundo exposto no filme, só comportamentos situações e ações inexplicáveis pelas leis da física desse mundo. 

E mais, o filme realmente me reconquistou pela primeira parte, quando o demônio estava apenas atormentando a garota, ou mesmo quando a possuiu mas ainda não tomou toda a sua aparência de criança possuida plenamente. O inicio até a metade do filme é sensacional, sensacional. Não mostra nada, mas da um medo absoluto e total. 
 

18 hours ago, Questão said:

 Se for, tem pequenas falhas no teu argumento. Primeiro é o que eu chamo de "conforto da poltrona". É fácil julgar as ações de um personagem da poltrona, sem estar sujeitos as pressões psicológicas e emocionais dele.

Sim, mas não é questão de ser fácil ou dificil, é questão do efeito que o filme da, você tá lá imerso no filme, mesmo que você saiba que não é o personagem, você se imagina como o personagem pode estar se sentindo através do que você sentiria se estivesse ali.

 

18 hours ago, Questão said:

Segundo, um homem de terno, em primeira instância não é ameaçador (mas pode vir a se tornar), um lobisomem em primeira instância é (mas pode vir a não ser).

Exatamente, ou seja, o que é assustador é arbitrário. 

E em um filme de terror na época onde já vimos vários e vários, e em um contexto cultural de que todas as caras feias já estão explicadas,  homem de terno e um lobisomen se tornam apenas figuras, perdem o tom de ameaça ou não ameaça. 

Me explicando melhor, o Lobisomen é uma criação da nossa imaginação baseada no lobo. Mas pega o lobo, ele com a cara rosnando não da mais o medo que um filme dá, da o medo de ser atacado, mas dentro de um filme, a imagem já perde todo o efeito. O lobisomen por si só é um lobo, ou seja, basta dar uma cochinha de galinha que você domestica ele, entende? é tipo, acaba sendo um homem de terno e gravata, é algo plenamente experado e explicado.

18 hours ago, Questão said:

Apesar dos olhos brilhantes de alguns personagens, quando o texto diz "brilhar" em relação aos iluminados não é literal. "O Brilho" ou "Iluminação" é o nome dado a essa habilidade, que pode ser telepatia ou coisa do gènero, e 'brilhar" se refere a quando usam essas habilidades.

Sim, não tinha me atentado pra isso, mas veja, telepatia, e tudo o mais, essas habilidades, muito bem definidas. 

Poderia ter ficado na sugestão, como ficou no filme do Kubrick 

 

 

18 hours ago, Questão said:

Mas tem o contrato da suspensão de descrença em conta que você não tá levando em conta nesse seu raciocínio. Da mesma forma que eu tenho que entrar pronto pra ser convencido que Superman é capaz de voar, a partir do momento em que eu me disponho a ver um filme do Superman, eu tenho que estar pronto pra ser convencido a acreditar no lobisomem por umas duas horas à partir do momento em que eu me disponho a ver um filme de lobisomem, claro, desde que ele seja minimamente bem feito.

 

Mas o filme de superman não da medo, e, assim, o filme de superman, pra vocÊ se imaginar naquele universo, o filme é mais importante do que o personagem voando, entende? se o filme não for bom, o personagem voando se torna uma pessoa com cordas nas costas fazendo malabarismo. 

Por outro lado, uma pessoa pode nem voar, mas o filme fazer a gente ter a sensação de que ela está voando.

 

18 hours ago, Questão said:

 Oi? Quer dizer que para uma obra de terror funcionar, ela deve obedecer as leis da física? 

As leis da física é física desse mundo, mas se você define que é´uma criatura que não respeita a lei dessa física, logo há outras leis, outras físicas do lugar onde veio, entende? tipo, fica tudo muito enquadrado, basta apenas entender que ele vem de outro contexto, que cabum, você prevê que o outro contexto explica ele, e que você não consegue explicar porque não conhece esse contexto, mas você consegue prever que existe esse contexto.

 

18 hours ago, Questão said:

E A PROFECIA, que deixa a sua natureza sobrenatural explícita desde o começo? E o clássico A HORA DO PESADELO, que deixa extremamente claro a natureza de seu vilão, que mata as suas vítimas em seus sonhos?

Bem, a profecia não me lembro se assisti, a hora do pesadelo eu não gosto, mas só o fato de ser um sonho deixa a coisa em suspenso, pois ele afeta, inevitavelmente, algo imaterial e abstrato que é o psicológico, o sonho. "como o Fred causa mal a pessoa? como você sofreria do fred? qual o efeito exatamente que ele da?" 

Um fantasma que aparece é fácil perceber que ele aparece e joga uma faca na sua cara, ou seja, tanto faz se ele é assombração ou não, é alguém jogando uma arma em você. 

 

18 hours ago, Questão said:

Mais uma vez, tu tá estabelecendo uma regra, e esperando que a ameaça da narrativa se acomode a essa regra. Sim, tentar entender a natureza das aparições assumidamente sobrenaturais geralmente é a primeira atitude que os personagens tomam nesses filmes, mas tu tá colocando como se fosse uma coisa simples.  "É só conhece-la pra saber como proceder" diante de uma ameaça que desafia a tua lógica de mundo não vai se resolver através de um google (nos filmes ruins vai, mas você entendeu).

Mas você está se prendendo ao fato de que só é possível imaginar o mundo que vivemos, mas se você ligar a chave de que outros mundos podem ser imaginados e assim prever que esses outros mundos terão leis e forças diferentes da do seu mundo, logo você pode esperar muita coisa que ameaça você nesse mundo.

Tipo, é só um ser de outra dimensão onde os alimentos são oriundos da fotossintese que transforma a energia do medo em comida, logo ele vai aparecer nesse mundo e tentar te causar medo, entende? 

Não é o fato exatamente dele ser fora desse mundo, mas o fato disso estar estabelecido e consequentemente suas ameaças.

eu amo as sugestões que o terror gera, e me deixa brocha todo filme que larga a sugestão ou deixa a sugestão pra segundo plano. 

ao meu ver, quem tem que ficar em segundo ou terceiro plano são caras feias.
 

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19 hours ago, Gustavo Adler said:

A montagem é que é o terror, e não a cara feia, 

Foi exatamente o que eu disse. Nunca afirmei o contrario.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

A montagem é que é o terror, e não a cara feia, e os melhores terrores são os que se baseiam na montagem, ficando a cara feia para segundo plano (e muitos terrores fabulosos nem tinham cara feia).

Todo o terror se baseia na montagem, sendo ele bem ou mal executado. A "Cara feia" como você chama, é um dentre vários elementos que estão a disposição da montagem. Não é que a "cara feia" ou "imagem horrível" como Ann Radcliffe chamava, fique em um segundo plano, ela é só mais um elemento na composição da cena; tal qual é a trilha (ou ausência de), a iluminação, a atuação dos atores envolvidos na cena, o enquadramento e o desenquadramento, e por ai vai.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

Ue, quer coisa mais normal em um mundo de terror do que uma cara feia?
 

 Mas ai você tá levando em conta só a nossa realidade, e não a dos personagens, que é a mais importante para estabelecer o terror (embora verdade seja dita, os mais efetivos são justamente aqueles que conseguem estabelecer certo diálogo temático com o nosso mundo, através de metáforas ou abordagens diretas). Nós sabemos que esses personagens estão em uma história de terror, mas na maioria dos casos, eles não sabem, e portanto a "cara feia" não tá dentro da normalidade deles. E diferente do que muita gente pensa, não necessariamente um bom filme de terror tem que dar medo de forma particular mas temos que acreditar no medo dos personagens. Tem ótimos filmes que estabelecem um mundo de terror desde o seu início e jogam com essas regras. Mas em outros bons exemplos, o filme se dedica a construir uma normalidade, para depois acompanharmos essa normalidade ser destruída pelo "elemento monstruoso (que pode ser um monstro, um fantasma, um demónio, um serial killer, ou até um cão raivoso, se é pra citar outra obra de Stephen King).

(e não sei se tá claro isso, mas quando falamos "cara feia" eu não entendo apenas como um rosto deformado ou figura monstruosa, pode simplesmente ser uma expressão facial que não é normal naquele momento; que sugira raiva, loucura, ou algo assim).

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:


é como eu disse sobre uma coisa ser assumidamente extra-natural. Se o filme assume isso como lei física, tipo, um demonio é um demonio assim como uma gravidade é uma gravidade, basta você ligar o turn on e entender que naquele universo há demonios, pronto, aquilo fica normal. Basta você ligar o turn on que há seres de outra dimensão, que é extra natural nesse mundo mas no outro não é, pronto, voltamos ao senso de normalidade.
 

 Mas acho que você não tá vendo pontos importantes dentro desse argumento. Primeiro, se no meu mundo (falando como o personagem) não existem demônios, fazer um "Turn On" como você diz, é um movimento tão simples e lógico? Pois já vi vários filmes de terror afundarem (dependendo do tom pretendido, é claro) afundarem justamente por tratar esse "Turn On" como esse movimento natural, frio e mecânico que você sugere. Cada personagem pode reagir de forma diferente diante dessa informação, com essas reações diferentes gerando novas situações dramáticas que podem desencadear novas situações de terror.

E nesse ponto está uma das minhas principais discordâncias do seu argumento, e corrija-me se eu estiver interpretando errado. Mas você parece apontar que o coração do terror diante de um plot envolvendo o fantástico (que pode ser tanto sobrenatural quanto de origem científica, tipo alienigenas ou coisa assim), esta na duvida se aquilo é real ou não, o que acho bem equivocado pela quantidade de clássicos do gênero que contradizem tal lógica. Vamos pegar o seu exemplo. Há um demónio atrás de um grupo de pessoas.

Acha mesmo que a normalidade volta simplesmente no momento em que eles assumem que demónios são reais? E todas as outras perguntas e duvidas que vem com isso, que podem gerar novas situações de terror? Sabemos a natureza da ameaça, mas no caso de uma criatura, que segundo a lógica fria, não deveria existir no mundo dos personagens, assumir que ele existe é só um pequeno passo. O que essa criatura quer? Por que essas pessoas foram escolhidas como seus alvos? Como se detém esse demónio? Qual é o preço de derrotar esse demónio, supondo é claro, que haja como derrota-lo?

Entende o que eu quero dizer? É interessante em muitos casos, mas eu não vejo a duvida da natureza da ameaça como algo indispensável na construção do terror (mesmo por que, isso derrubaria subgêneros inteiros, como o Giallo italiano e seus serial killers).

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:


Justamente é na montagem que se tem a suspensão do que é normalidade, justamente onde não da para definir o que é normal e o que não é normal que vem a "imprevisibilidade" (e aqui falo de imprevisibilidade não do que vem a seguir na cena seguinte, pode ser que todo o passo seja totalmente previsivel, como, por exemplo, atividade paranormal 1 foi, mas a imprevisibilidade que menciono é do fato de não sermos capaz de decifrar qual é exatamente o mal que aquela coisa está fazendo no outro, tipo, não é uma facada, não é algo que você vê e entende, mas é justamente o inexplicável, o que atinge seu psicológico e torna tudo uma sombra barulhenta e atormentadora sem que saibamos exatamente o que e como).

 Mas antes de suspender a normalidade, a montagem tem que construir essa normalidade. 

 Aqui entra basicamente o que já falei ali em cima. Deixar em aberto qual ameaça que os personagens estão enfrentando é uma dentre várias formas de construir o terror. Assim como tem ótimos exemplares do género, que definem muito claramente o que é "normal" e o que é "ameaçador", e são filmes brilhantes. HALOWEEN do John Carpenter é um grande exemplo. A MOSCA do Cronenberg é outro (um diretor alias, que se especializou em "Body Horror" no começo da carreira, com as "caras feias" sendo um elemento muito importante em suas montagens de terror). Tem que sempre haver um elemento de desconhecido no terror, mas não necessariamente esse elemento precisa estar relacionado a "natureza" ou as intenções desse "outro assustador".

Entendo perfeitamente que você prefira um tipo de construção de terror específico, mas definir essa construção específica como o único terror eu já acho equivocado.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

 

Vou pegar esse excelente explicação pra mostrar o porque, pra mim, o horror é um tédio (agora entendi que o que eu estava achando tedioso era as cenas de horror presente nos filmes de terror, realmente, nunca me senti fisgado por filmes de horror, achei todos uma masturbação de imaginação de cenas com sangue orgãos partes corporais e caras feias). 

 

 Ai eu consigo te entender, pois é uma questão de gosto mesmo. Pessoalmente eu consigo apreciar os dois; adoro o terror mais sutÍl de filmes como o recente SOB AS SOMBRAS ou O CONVITE, ou clássicos como OS INOCENTES e O BEBE  DE ROSEMARY, mas clássicos como O ENIGMA DO OUTRO MUNDO, ALIEN  a versão original e o remake de SUSPIRIA, e basicamente todos os filmes de terror do Cronenberg devem muito de sua força a forma como se utilizam de suas "caras feias" e "banhos de sangue" para construir a sua história, e os filmes não seriam tão efetivos sem isso. Não acho que eles tenham menos valor como obra de terror do que aqueles que optam por uma abordagem mais higienizada e desenquadrada. Mas esse sou eu.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:


Sim, mas não é questão de ser fácil ou dificil, é questão do efeito que o filme da, você tá lá imerso no filme, mesmo que você saiba que não é o personagem, você se imagina como o personagem pode estar se sentindo através do que você sentiria se estivesse ali.
 

 Sim, assistir filme é um processo empático também (eu diria que muito mais empático do que cerebral). Você critica as "caras feias", e mais uma vez, posso estar enganado, mas você parece olhar para elas como algo isolado, e não como parte de uma montagem. Por isso eu estranho o seu argumento de "Ah, é só mais uma cara feia. Vou virar as costas e ir embora". Se essa "cara feia" (que mais uma vez, pode ser muita coisa) tá sintonizada de forma harmónica com os outros elementos da cena (luz, roteiro, atuação, enquadramento, etc, etc) esse seu argumento de "ah, vou virar as costas e ir embora", meio que perde o sentido, por que tu coloca isso como a reação natural que alguém teria, e não acho que seja, e por isso citei o exemplo do Superman. Se você diz que a "cara feia" (to pegando um ódio dessa expressão. Hehehe) não ficou convincente, ou que o personagem não reage de acordo é uma coisa, mas não é o que tu tá colocando O que me leva a outro ponto, que acho que muitas pessoas que falam de terror confundem que é pro terror se concretizar como um sentido fílmico, a gente não precisa tá necessariamente com medo do que está na tela (a gente pode até tá se divertindo), mas nós temos que ser convencido de que o personagem está com medo, e de que na situação dele e com as condições dele, poderíamos agir de forma semelhante (se essa for mesmo a intenção do diretor, por que as vezes não é).

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

 

Exatamente, ou seja, o que é assustador é arbitrário. 

E em um filme de terror na época onde já vimos vários e vários, e em um contexto cultural de que todas as caras feias já estão explicadas,  homem de terno e um lobisomen se tornam apenas figuras, perdem o tom de ameaça ou não ameaça. 
 

 Mais uma vez, você parece olhar a "imagem horrível" de forma isolada. Acho que concordamos que essa "imagem horrível" é só um elemento, que sozinho não faz nada (nenhum elemento sozinho faz qualquer coisa). A "Imagem Horrível" tá inserida dentro de uma montagem, e essa montagem que vai criar o terror.

O que eu questiono fortemente é o seu argumento que se utilizarmos a mesmíssima montagem, mas usando a imagem do lobisomem em uma e do homem de terno em outra, a gente vai ter o mesmo efeito. Tu tá partindo do pressuposto de realidade que pra você espectador, lobisomem é algo tão normal quanto um homem de terno, mas é uma lógica com falhas. A gente não tá vendo lobisomem na rua ainda, mas homem de terno a gente vê. Portanto são dois elementos diferentes de montagem, pois um é uma imagem de natureza fantástica, e a outro não e. E ai a gente vai outra vez, a "cara feia" do lobisomem sozinha, não vai dar o tom de ameaça. A montagem vai.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:



Me explicando melhor, o Lobisomen é uma criação da nossa imaginação baseada no lobo. Mas pega o lobo, ele com a cara rosnando não da mais o medo que um filme dá, da o medo de ser atacado, mas dentro de um filme, a imagem já perde todo o efeito. O lobisomen por si só é um lobo, ou seja, basta dar uma cochinha de galinha que você domestica ele, entende? é tipo, acaba sendo um homem de terno e gravata, é algo plenamente experado e explicado.
 

 Mais uma vez a "imagem horrível" tratado como algo isolado. 

 E outra, mais uma vez, você tá supondo que a situação inexplicável é rapidamente assumida como explicável bastando "ver pra crer", e portanto um curso de ação lógica é facilmente adotado, como se não houvessem impactos emocionais pra essa quebra da naturalidade do mundo; ou como se todos os filmes seguissem regras inquebraveis sobre lobisomens. Ora, histórias continuam sendo contadas sobre criaturas como vampiros, lobisomens, fantasmas, predadores alienígenas, serial killers e por ai vai, pois as regras que os rodeiam são constantemente atualizadas. Talvez esse lobisomem não seja o que você espera. Talvez ele só coma carne humana, e não esteja sujeito as regras que você espera que ele siga. Então, não entendo o ponto desse argumento de agir com lógica fria diante de uma criatura mítica, dando a entender que você realmente entende como ela funciona só por que há clíches ligados a essa figura.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

 

Sim, não tinha me atentado pra isso, mas veja, telepatia, e tudo o mais, essas habilidades, muito bem definidas. 

Poderia ter ficado na sugestão, como ficou no filme do Kubrick 
 

O filme do Kubrick não sugere nada em relação aos poderes do garoto, ele afirma. No momento em que o menino Danny chega no hotel, ele tem uma conversa telepática com o cozinheiro, que explica pro Danny que ele tem um dom, e o cozinheiro diz que a avó dele também tinha, e que ela chamava de "Iluminação" (ou brilho, se preferir). De fato, é bem didático, dando portanto ao Danny uma habilidade muito bem definida, com o cozinheiro inclusive avisando ao Danny que devido a habilidade dele, ele pode ver algumas coisas perturbadoras no hotel. Nesse sentido, DOUTOR SONO parece ir pelo mesmo caminho (espero que vá em outros também).

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

 

Mas o filme de superman não da medo, 

 Não dá medo, mas isso não é importante pro meu argumento. Até por que o voo do Superman deve causar fascínio e empolgação (que está no espectro oposto ao medo diante da reação do ser humano ao fantástico), e pra eu ficar empolgado ou fascinado com o voo do Superman, ou pelo menos acreditar que os personagens tenham esse sentimento, eu tenho que acreditar por aquelas duas horas que eu me sentar pra ver o filme que aquele homem pode voar. Se eu chegar com o pensamento de "Ah, é impossível ele voar assim", ai eu não me propus a suspender a minha descrença, e ai o problema tá em mim, não tá no filme.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

, e, assim, o filme de superman, pra vocÊ se imaginar naquele universo, o filme é mais importante do que o personagem voando, entende? se o filme não for bom, o personagem voando se torna uma pessoa com cordas nas costas fazendo malabarismo. 
 

 Mesma lógica do filme de terror. O filme é mais importante do que a Vilã de DOUTOR SONO e seus seguidores de olhos brilhantes. Assim como a imagem fascinante e empolgante do Superman voando tá dentro de uma montagem que carrega todos os elementos que discutimos anteriormente, a imagem horrível de DOUTOR SONO também, essas imagens não existem isoladas. Mas assim como você tem que acreditar que o Superman voa quando entra no cinema, você tem que acreditar que os olhos dessa mulher brilham. Se o público é capaz de ver o Superman voando e acreditar que ele voa ao invés de ver um homem pendurado em um cabo, o público tem que ser igualmente capaz de acreditar que há algo demoníaco nos olhos da vilã de DOUTOR SONO  e de seus seguidores, ao invés de ver pessoas de lentes brilhantes reforçadas por computador.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:


As leis da física é física desse mundo, mas se você define que é´uma criatura que não respeita a lei dessa física, logo há outras leis, outras físicas do lugar onde veio, entende? tipo, fica tudo muito enquadrado, basta apenas entender que ele vem de outro contexto, que cabum, você prevê que o outro contexto explica ele, e que você não consegue explicar porque não conhece esse contexto, mas você consegue prever que existe esse contexto.

  Dentro de uma perspectiva racionalista, sempre há leis, ok. Mas segundo a sua lógica, obras de terror baseadas em ameaças naturais, como serial killers ou animais ferozes são ineficazes, pois essas ameaças estão sujeitas as leis da física, logo são previsíveis? Eu não poderia discordar mais.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

 

Bem, a profecia não me lembro se assisti, a hora do pesadelo eu não gosto, mas só o fato de ser um sonho deixa a coisa em suspenso, pois ele afeta, inevitavelmente, algo imaterial e abstrato que é o psicológico, o sonho. "como o Fred causa mal a pessoa? como você sofreria do fred? qual o efeito exatamente que ele da?" 

 

Viu o Remake ou o original?

Bom, em A HORA DO PESADELO, o efeito é crescente. Quanto mais medo você  tem durante o sonho, mais ele é capaz de te afetar no mundo real. Até que chega ao ponto em que tudo que acontece com você no sonho, acontece também no mundo real, e assim ele mata a vítima. Alias, A HORA DO PESADELO é um ótimo exemplo no que diz respeito a inserção do fantástico em um contexto inicialmente de normalidade, e de como a mera realização de que o vilão opera fora das leis da física não traz conforto nenhum, nem diminui a sensação de terror. Até por que o Craven começa a nos deixar angustiado com a luta da protagonista em se manter acordada, e da confusão que o Craven cria nela e no público misturando sonho e realidade.

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:

 

 

Mas você está se prendendo ao fato de que só é possível imaginar o mundo que vivemos, mas se você ligar a chave de que outros mundos podem ser imaginados e assim prever que esses outros mundos terão leis e forças diferentes da do seu mundo, logo você pode esperar muita coisa que ameaça você nesse mundo.
 

 

 Mas tu tá falando da posição de espectador, ou analisando aspectos narrativos do ponto de vista dos personagens? Por que não tá claro pra mim.

Se você tá falando como espectador, vale o argumento que dei acima. Nenhum filme que tem o seu terror baseado em elementos não sobrenaturais teria graça, pois são personagens sujeitos a certas leis e forças (a do nosso mundo) e portanto seriam previsíveis. Portanto, eu não consigo entender o ponto de seu argumento de que "a criatura sobrenatural deve obedecer alguma regra de outra dimensão, logo é prevísivel". Ora, posso argumentar que isso valeria pra qualquer ameaça sobrenatural apresentada por um filme, mesmo que o filme não revelasse a natureza exata dessa ameaça.

Agora, se você tá assumindo a perspectiva do personagem, tem a questão de que imaginar um outro mundo é uma coisa, aceitar esse mundo é outra completamente diferente. E ainda que eu aceite, o fato de eu supor que esse mundo é regido por leis e forças diferentes não me servem de nada, se eu não sei quais são essas leis.

19 hours ago, Gustavo Adler said:



Não é o fato exatamente dele ser fora desse mundo, mas o fato disso estar estabelecido e consequentemente suas ameaças.

 

 Um maníaco com uma faca. Um tubarão, um vírus que deixa as pessoas psicóticas. São enunciados estabelecidos, e com a natureza de suas ameaças bem evidentes. Mas acho que o motor de uma historia de terror é muito mais do que meramente o segredo em torno da natureza de determinada ameaça. Até por que você pode estabelecer as regras em um primeiro momento, e subverte-las no momento seguinte. 

 

19 hours ago, Gustavo Adler said:


eu amo as sugestões que o terror gera, e me deixa brocha todo filme que larga a sugestão ou deixa a sugestão pra segundo plano. 

ao meu ver, quem tem que ficar em segundo ou terceiro plano são caras feias.
 

 Acho que você tá confundindo  um pouco as coisas aqui, ao achar que "sugestão" e "cara feia" são opostos. "cara feia" ou "imagem horrível" é um elemento da montagem fílmica. A sugestão é o resultado dessa montagem, que pode até mesmo incluir a tão demonizada "cara feia". Terminei a série "Castle Rock" outra obra baseada no King há algum tempo, e a sugestão, a duvida de natureza do terror surge no episódio final justamente de uma "cara feia".

 

Em tempo, eu gosto do terror sugestivo tanto quanto o do explicito, como citei acima. Mas não acho que nenhuma dessas direções é definidas por manter em segredo ou não a real natureza da ameaça, no caso de terrores baseados em narrativas fantásticas/sobrenaturais. De fato, todos os exemplos que você apresentou como sendo bons exemplos como ATIVIDADE PARANORMAL e O EXORCISTA deixam muito claro a natureza de suas ameaças antes da chegada do 3º ato.

 

Apesar das várias discordâncias, sempre um prazer debater com você ADLER.

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13 hours ago, Questão said:

Todo o terror se baseia na montagem, sendo ele bem ou mal executado. A "Cara feia" como você chama, é um dentre vários elementos que estão a disposição da montagem.

A grande diferença entre nós é que para mim cara feia é dispensável, pra você não.

Para mim, bons filmes de terror são com ou sem cara feia, cara feia não faz muita diferença.

E como eu disse sobre o exorcista, o exorcista é um terror foda APESAR das caras feias. 

 

 

13 hours ago, Questão said:

O que eu questiono fortemente é o seu argumento que se utilizarmos a mesmíssima montagem, mas usando a imagem do lobisomem em uma e do homem de terno em outra, a gente vai ter o mesmo efeito. Tu tá partindo do pressuposto de realidade que pra você espectador, lobisomem é algo tão normal quanto um homem de terno,

Em um mundo onde lobisomem é possível, acaba que liga a chave on e se torna, nesse mundo, o lobisomen algo tão natural quanto o homem de terno no nosso mundo é. 

 

13 hours ago, Questão said:

O filme do Kubrick não sugere nada em relação aos poderes do garoto, ele afirma. No momento em que o menino Danny chega no hotel, ele tem uma conversa telepática com o cozinheiro, que explica pro Danny que ele tem um dom, e o cozinheiro diz que a avó dele também tinha, e que ela chamava de "Iluminação" (ou brilho, se preferir). De fato, é bem didático, dando portanto ao Danny uma habilidade muito bem definida, com o cozinheiro inclusive avisando ao Danny que devido a habilidade dele, ele pode ver algumas coisas perturbadoras no hotel. Nesse sentido, DOUTOR SONO parece ir pelo mesmo caminho (espero que vá em outros também).

Bem, esse momento do filme com a criança se conectando telepáticamente com o cozinheiro do filme do Kubrick é o UNICO onde há de fato uma evidência no filme de que a criança reallmente tem um dom e não que é decorrente de um ambiente claustrofóbico e solitário que é o hotel, onde as pessoas ali estão sujeitas e acabam por, as mais sensíveis, passar por surtos psicóticos e paranóicos.

Me diga, como você pode ter certeza absoluta de que foi realmente um dom que o garoto e o cozinheiro possuia ou é decorrente de um quesito psicológico que ambos sofreram por igual decorrente daquele ambiente e que eles atribuiram a um dom?

E me diga aonde em todo o filme do Kubrick está descartado que tudo aquilo não passa de um problema mental da criança e do pai e da família em geral, por viver em um ambiente como aquele, e que não tinha nada de assombração?

Se você apontar pra criança também ver assombrações, te digo que isso pode ser muito bem surto psicológico sugestionado também pelo surto que o pai dele estava passando, a mãe idem,...

E sim, não estou dizendo que o Kubrick não assume que é assombração, ele assume, mas ele não fecha, entende?

É assombração, mas mesmo assim, até onde vai a assombração e até onde vai o surto? 

Ou melhor, o filme do Kubrick é tão escancarado assim pra descartar a possibilidade daquilo tudo não ser apenas surto?

E acho que tu não está entendendo bem, eu não estou falando da definição oficial do filme, mas das cenas, do que exatamente está fazendo e causando, não da pra ver a mão batendo no psicológico da pessoa e possuindo a pessoa, mas o não lugar que deixa tudo suspenso, a ameaça suspensa, a natureza da ameaça suspensa, é ou não um monstro? qual forma dele? é natural ou não? o filme pode já de antemão assumir, mas a montagem que me assusta não é aquela que dado que o filme assumiu isso, pimba, revela isso. A montagem é aquela que a cada momento de terror a ameaça e a possível agressão fica em estado de suspensão, em um estado de tormento por não saber enquadrar aonde e como e qual ação será inflingida (mesmo que o filme tenha assumido desde o inícia se tratar de uma assombração na casa e tudo o mais). 

vou dar um exemplo do que acho exemplo ideal do que quero falar e de como acho tosco isso. 

O filme da boneca possuida que apareceu no invocação do mal, o primeiro filme dela, o filme todo é uma bosta, e tem uma cena que retrata bem essa sensação de "bleh, mais um monstro tentando assustar os moradores".

O Demonio aparece segurando a boneca que antes parecia estar flutuando.

Ora, uma boneca flutuando em filmes que não aparece o demonio segurando a boneca não é "assustador" porque uma boneca está fazendo algo que foge as leis da física (hoje não é mais assustador, já virou uma cena cliche que depende de todo o contexto, mas enfim, estou tratando do potencial assustador presente nessa cena), mas sim porque nós não conseguimos, ao meu ver, prever como o demônio está levantando ela, o que está exatamente acontecendo, se é através da manipulação do vento, do psicológico da vítima, da energia vital, etc (e aqui é importante ressaltar que mesmo que o filme assuma que é uma assombração, ainda sim, a cena em si não está assumindo nada, está só sugerindo, mas a resposta continua no ar, e a resposta pra tudo, até exatamente que mal que essa boneca suspensa ou o que faz essa boneca ficar suspensa pode fazer exatemente na pessoa, pode jogar essa boneca na cara da pessoa? pode enfraquecer o psicológico de forma que a própria pessoa permita que outra entidade tome o controle sobre si? o que exatamente aquela coisa que faz a boneca ficar suspensa pode fazer com a pessoa?). Já nessa cena do filme da boneca amaldiçoada, o demônio tá lá aparecendo, tem dois membros anteriores, dois membros posteriores, o membro anterior manipula objetos, segura a boneca e levanta ela. Pimba, ta tudo explicado, pronto, pode desligar o filme, já sabemos que nesse mundo criado pelo filme há criaturas de outra dimensão ou sei lá o que que tem braços que são capazes de manipular objetos da dimensão que os humanos estão. O ser ali tendo cara feia ou terno e grava é detalhe, adereço.

 

13 hours ago, Questão said:

Dentro de uma perspectiva racionalista, sempre há leis, ok. Mas segundo a sua lógica, obras de terror baseadas em ameaças naturais, como serial killers ou animais ferozes são ineficazes, pois essas ameaças estão sujeitas as leis da física, logo são previsíveis?

 

13 hours ago, Questão said:

Um maníaco com uma faca. Um tubarão, um vírus que deixa as pessoas psicóticas. São enunciados estabelecidos, e com a natureza de suas ameaças bem evidentes. Mas acho que o motor de uma historia de terror é muito mais do que meramente o segredo em torno da natureza de determinada ameaça. Até por que você pode estabelecer as regras em um primeiro momento, e subverte-las no momento seguinte. 

Então, sim, de certa forma, sim. Não consido temer tanto filmes de serial kller e animais ferozes, porém se as montagens das cenas de terror deixar em suspense alguma coisa vinda da ameaça, como o bicho irá te pegar, você consegue entender e antecipar pra saber como evitar ele te alcançar?

Tipo, esses filmes de serial killer, pra mim, os melhores são aqueles onde o assassino vai entrar na sua casa sem você saber como (mesmo que não precise apelar pra forças extra-naturais).
 

E, prooooonto, veja o tubarão, o filme Tubarão do Spielberg, o primeiro, até onde não viamos o bicho atacando e apenas as pessoa sendo tragadas por algo que ta na água (e toda cena da primeira morte é um PRIMOR) é a melhor parte do filme, porque justamente  agente não consegue visualizar o ataque, e ai fica na imaginação.

E É EXATAMENTE ISSO QUE ME FACINA NOS FILMES DE TERROR ANTIGOS, onde a tecnologia não era o suficiente e era preciso usar toda uma artimanha e arquitetar toda um efeito de fenômenos não naturais com o ferramentário que tinha, e ai que entra o tchã do terror, pois os filmes não replicavam a cena de terror que eles tinham na cabeça para o filme, eles tentavam montar com a ferramenta que tinha uma situação que mais se aproximava da imagem que eles, os autores, tinham na cabeça. 

Então, o que ocorria, na verdade, é que as montagens das cenas eram feitas de modo que sugestionasse quem estivesse assistindo a imaginar e visualizar o terror que o autor quer expor. Não é uma exposição nua e crua, porque também não havia tecnologia pra isso, então era mais um jogo de imaginação do que exposição. 

Então, todo essa construção das cenas com a tecnologia que tinha na época, fazia com que, muitas vezes, as montagens e os efeitos tinham que ser encaixados de forma que o espectador pudesse imaginar o que eles querem passar, e isso faz toda a diferença. 

Uma flor não é nada, o importante é a raiz e o tronco e as folhas. A impressão que eu tenho é que a sociedade atual deixou de lado as raízes o caule e as folhas pra querer comprar no shopping a copa da arvore e as flores que elas achavam mais bonita, plantas de plástico mas que, na verdade, é só isso, de plástico, não carrega consigo toda a magia do inexplicável do infinito que é uma arvore com toda a sua dimensão do que é e como é feita a raiz, o caule a folha, como elas se interconectam, como elas interconectados agem pra forma algo tão distante de nós coomo é uma arvore.... 

Entende? a sensação que me dá é que as pessoas passaram a crer que terror são imagens assustadoras, quando na verdade, ela é só um efeito pra consolidar a sugestão.

E a falta de consolidar a sugestão não é um problema pra o filme de terror já para os filmes de ação, de herói, de mocinho e bandido por exemplo, sim, acho um grande problema, enquanto nos de terror não vejo necessidade disso, nos filmes de ação eu acho que a consolidação da sugestão é fundamental.

Nos filmes de herói os protagonistas nunca morrem, as ameaças tenebrosas e aparentemente imbativeis nunca se consolidam. Cito aqui como maior exemplo disso os filmes do senhor dos anéis, onde aponta que o olho lá que controla os orcs e os orcs são imbativeis, uma leva de monstros guiado por uma força insuperável, mas no fim, nenhum personagem principal de fato morre, todos saem matando infinitos orcs, e tudo parece uma brincadeira. Acaba que toda aquela aurea que o filme da ameaça sendo uma frustração total e uma punhetação inútil. 

Sei lá, a sensação é que acreditamos no conto de fadas que tudo é uma escolha dos brinquedos que o mercado nos oferece, e deixamos de lado a essência do que faz exatamente cada coisa ser algo além de apenas um material ali exposto do qual temos acesso. 

E sim, realmente é muito gostoso debater contigo, Questão. Sempre me leva a refletir sobre os meus sentimentos para com o filme e para com o mundo de uma forma gera.

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18 hours ago, Gustavo Adler said:

A grande diferença entre nós é que para mim cara feia é dispensável, pra você não.

 Eu não disse isso. O que eu disse é que tem filmes em que a "Cara feia" é sim dispensável, pela proposta que o diretor tinha e pelo tipo de terror que ele se dispôs a construir, e tem outros filmes onde ela é indispensável, também pela proposta e pelo tipo de terror que o filme se dispõe a construir. E tu vai me desculpar ADLER, mas a gente continua discutindo, e tu continua a ver aquilo que tu chama de "cara feia" como um elemento isolado, ou pior, como o resultado da montagem. A imagem horrível nada mais é que um elemento que o diretor pode usar ou não, e que caso ele decida usar pode ter mil resultados dramáticos diferentes, e incluo nisso o terror sugestivo.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:


Para mim, bons filmes de terror são com ou sem cara feia, cara feia não faz muita diferença.
 

 Eu nunca defendi o contrário. Nunca disse que um filme de terror precisa necessariamente da imagem horrível. O que eu questiono é a sua afirmação de que não tem diferença na montagem a imagem que você escolhe. Defendo com convicção que tem diferença sim, e só pra esclarecer, não estou falando de diferenças de grau, de ser mais ou menos assustador, estou falando de diferenças de natureza; diferenças que vão sim afetar a montagem cinematográfica, que como nós já concordamos, é o que gera o terror, seja ele mais sugestivo, seja ele mais explícito.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:

Em um mundo onde lobisomem é possível, acaba que liga a chave on e se torna, nesse mundo, o lobisomen algo tão natural quanto o homem de terno no nosso mundo é. 
 

 ADLER, tu segue nesse argumento, mas tu não tá levando em conta a visão de mundo dos personagens, que nós como publico, devemos tentar aceitar no exercício da suspensão de descrença. Você coloca a sua "Chave On" como uma coisa natural e mecânica sem consequências, ao apresentar um "fato" (lobisomens existem) que traz uma série de duvidas que levam a novos terrores, que vou me reservar o direito de não repetir pois já apresentei em meus outros posts . Fora que mais uma vez você tá caindo no erro de observar essas figuras (homem de terno/lobisomem) como sendo elementos isolados e não parte de uma montagem.

 Se no mundo dos personagens, Lobisomens não são coisas tidas como reais, e em uma noite, eles descobrem que sim, eles são reais, o processo de naturalização não é automático, e não se torna tão natural quanto um homem de terno no nosso mundo, como você defende, pelo fator "quebra da realidade vigente" que você tá ignorando nesse debate. Um homem de terno não quebra a realidade vigente em primeira instância (a não ser que a montagem assim o coloque por todos os outros elementos que a gente já discutiu). Num cenário em que os personagens não acreditam em lobisomens e são atacados por um, a realidade vigente deles é estilhaçada. Ora, você diz "é só ligar a chave On", mas o quanto isso é interessante (e mesmo verossímil) se estamos lidando com personagens que tiveram todo o seu senso de realidade fraturado ao se ver diante de uma criatura que seguindo a lógica, não deveria existir e que supostamente não tem tempo de assimilar essa informação? A imagem de um homem de terno se construída pra ser aterrorizante não tem esse efeito, pois não está ligado a iconografia do sobrenatural (outro elemento que você tá ignorando, que são as iconografias). Claro, essa é só uma configuração. Um homem de terno pode se tornar algo completamente ameaçador e monstruoso se, vamos supor, os personagens sabem que há um homem de terno matando pessoas na rua, e surge um homem vestido assim na porta. Esse homem de terno é o mesmo "homem de terno" que esta matando? Ai, ele vira uma figura monstruosa. Da mesma forma, um lobisomem pode ser construído como algo terrivelmente corriqueiro e não arrebentar a realidade de ninguém, se ele é construído como tal, em um filme, onde vamos supor, acompanhamos um grupo de caçadores que vivem de matar lobisomens como quem mata pragas.

Não estou discutindo aqui qual imagem é mais aterrorizante ou efetiva. O que eu estou discutindo é que elas carregam significados muito diferentes, então nunca que vão ter o mesmo efeito quando postas dentro de uma mesma montagem.

18 hours ago, Gustavo Adler said:


 

Bem, esse momento do filme com a criança se conectando telepáticamente com o cozinheiro do filme do Kubrick é o UNICO onde há de fato uma evidência no filme de que a criança reallmente tem um dom

Bom, tendo em vista que o cozinheiro tem uma conversa telepática com o garoto, já seria uma confirmação mais do que o suficiente. Até por que o cozinheiro confirma pro menino depois, quando fala de como a avó dele também era "iluminada". Os dois claramente lêem a mente um do outro. Não há nenhum espaço para duvidas aqui

Mas o filme volta a ser explícito em outros momentos sobre os poderes do Danny. Ele manda um pedido de ajuda telepático para o cozinheiiro. E quando o Jack (o personagem do Jack Nicholson) conversa com o fantasma do garçom no banheiro, ele diz que o menino tem um dom, e que usou esse dom pra trazer alguém de fora, confirmando sem margem de duvida que  não só  o garoto tem poderes, mas que este fantasma é 100% sobrenatural e não coisa da cabeça do Jack.

18 hours ago, Gustavo Adler said:



Me diga, como você pode ter certeza absoluta de que foi realmente um dom que o garoto e o cozinheiro possuia ou é decorrente de um quesito psicológico que ambos sofreram por igual decorrente daquele ambiente e que eles atribuiram a um dom?
 

 

Conversa telepática. O Danny sabendo exatamente o numero do quarto que o cozinheiro tinha medo. Convocação telepática do Danny do cozinheiro. O Danny sentir a dor cozinheiro Dick quando ele é morto. O próprio fato de ele ser mais sensível as aparições do hotel, exatamente como o cozinheiro disse que aconteceria.

O filme me deixa ter muita certeza de que o garoto tem um dom, com vários personagens reconhecendo isso, e o garoto demonstrando esse dons. O filme não dá nenhuma margem para que se possa interpretar que o Danny não tem um dom. Isso é apresentado de forma bem didática na conversa com o Dick no começo do filme, e reforçado mais algumas vezes depois.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:


E me diga aonde em todo o filme do Kubrick está descartado que tudo aquilo não passa de um problema mental da criança e do pai e da família em geral, por viver em um ambiente como aquele, e que não tinha nada de assombração?
.

A dispensa que abre sozinho libertando o Jack depois de ele prometer ao fantasma que vai matar a sua família . A própria afirmação do cozinheiro sobre o lugar , e o medo que sente de determinado quarto (uma informação que o Danny tira da cabeça dele). O fato do fantasma do garçom saber que o Danny estava trazendo alguém de fora depois que ele convoca o cozinheiro Dick (uma coisa que o Jack não tinha como saber). Enfim, também não há margem no filme do Kubrick para que eu pense na possibilidade de que não havia uma força sobrenatural agindo no hotel

Por isso eu repito, que nesse sentido, DOUTOR SONO não está fazendo nada que O ILUMINADO não tenha feito.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:

 

E sim, não estou dizendo que o Kubrick não assume que é assombração, ele assume, mas ele não fecha, entende?

É assombração, mas mesmo assim, até onde vai a assombração e até onde vai o surto? 
 

Agora, você tocou em um ponto legal. Eu não acredito que nenhuma das visões do Danny sejam surtos por aquilo que disse antes. O filme nos prova que os poderes do menino são reais e não deixa sombra de duvida quanto a isso. O "mentor" do menino avisa que ele iria ver algumas coisas, e ele vê, somado a isso a corroboração de que as coisas que ele vê são reais, quando um fantasma dá uma informação pro pai dele (de que ele chamou o Dick com os seus poderes) sendo essa uma informação que o Jack não tinha como ter e projetar em uma alucinação. Então acho até um pouco forçar a barra supor que as coisas que o menino vê são frutos de um surto, quando as habilidades dele são provadas pelo filme várias vezes, e por tabela, a realidade de uma força sobrenatural no hotel.

A mãe, e principalmente o pai do Danny já é uma outra história. Excetuando o encontro com o garçom no banheiro, e o momento em que o mesmo garçom solta o Jack da despensa, todas as outras aparições podem ser coisas da cabeça dele, o mesmo valendo pra Wendy. Mas a grande sacada do Kubrick no filme, pra mim, não é a dúvida se aquelas aparições são reais ou frutos de loucura. Pra mim, na maior parte do tempo, ele estabelece que são bem reais. A duvida do filme que cria o grande terror do filme é saber se o personagem do Jack Nicholson foi transformado em um monstro pelas forças sobrenaturais do hotel, ou se ele simplesmente sempre foi um, que apenas ficou furioso demais com o isolamento.

18 hours ago, Gustavo Adler said:



Ou melhor, o filme do Kubrick é tão escancarado assim pra descartar a possibilidade daquilo tudo não ser apenas surto?

 

 

 Sim, é escancarado o suficiente pra descartar completamente a hipótese de que tudo não passou só de um surto. Não há margem para descartar a existência dos poderes do Danny e a existência de forças sobrenaturais no hotel.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:

 

E acho que tu não está entendendo bem, eu não estou falando da definição oficial do filme, mas das cenas, do que exatamente está fazendo e causando, não da pra ver a mão batendo no psicológico da pessoa e possuindo a pessoa, mas o não lugar que deixa tudo suspenso, a ameaça suspensa, a natureza da ameaça suspensa, é ou não um monstro? qual forma dele? é natural ou não? o filme pode já de antemão assumir, mas a montagem que me assusta não é aquela que dado que o filme assumiu isso, pimba, revela isso. A montagem é aquela que a cada momento de terror a ameaça e a possível agressão fica em estado de suspensão, em um estado de tormento por não saber enquadrar aonde e como e qual ação será inflingida (mesmo que o filme tenha assumido desde o inícia se tratar de uma assombração na casa e tudo o mais). 

Nem eu to falando da definição oficial. Tu pode encontrar construções de terror dentro de qualquer género. Uma coisa é o terror como um sentido, outra é como um género. Tu tá falando de um tipo de construção de terror aqui, que claramente é da sua preferência. O que estou dizendo é que essa construção em particular não define o terror nem como um sentido e nem como um género, pois existem outras formas de construir o terror. A MOSCA, do Cronenberg, por exemplo, é o terror da degradação física, o "Body Horror" que vai por um caminho oposto desse que você aponta, e funciona muito bem.

18 hours ago, Gustavo Adler said:



O filme da boneca possuida que apareceu no invocação do mal, o primeiro filme dela, o filme todo é uma bosta, e tem uma cena que retrata bem essa sensação de "bleh, mais um monstro tentando assustar os moradores".

O Demonio aparece segurando a boneca que antes parecia estar flutuando.

Ora, uma boneca flutuando em filmes que não aparece o demonio segurando a boneca não é "assustador" porque uma boneca está fazendo algo que foge as leis da física (hoje não é mais assustador, já virou uma cena cliche que depende de todo o contexto, mas enfim, estou tratando do potencial assustador presente nessa cena), mas sim porque nós não conseguimos, ao meu ver, prever como o demônio está levantando ela, o que está exatamente acontecendo, se é através da manipulação do vento, do psicológico da vítima, da energia vital, etc (e aqui é importante ressaltar que mesmo que o filme assuma que é uma assombração, ainda sim, a cena em si não está assumindo nada, está só sugerindo, mas a resposta continua no ar, e a resposta pra tudo, até exatamente que mal que essa boneca suspensa ou o que faz essa boneca ficar suspensa pode fazer exatemente na pessoa, pode jogar essa boneca na cara da pessoa? pode enfraquecer o psicológico de forma que a própria pessoa permita que outra entidade tome o controle sobre si? o que exatamente aquela coisa que faz a boneca ficar suspensa pode fazer com a pessoa?). Já nessa cena do filme da boneca amaldiçoada, o demônio tá lá aparecendo, tem dois membros anteriores, dois membros posteriores, o membro anterior manipula objetos, segura a boneca e levanta ela. Pimba, ta tudo explicado, pronto, pode desligar o filme, já sabemos que nesse mundo criado pelo filme há criaturas de outra dimensão ou sei lá o que que tem braços que são capazes de manipular objetos da dimensão que os humanos estão. O ser ali tendo cara feia ou terno e grava é detalhe, adereço.

 Esse é um filme bem ruim, mas o exemplo é bom. O terror da cena é mal feito, mas entra naquilo de terror e horror. O surgimento do monstro é o climax da cena, o horror dela, mas é mal feito. Horror é o final do terror, como conversamos. O erro dessa cena é achar que uma mera "cara feia" vai ser o suficiente como climax . E o horror tem a sua própria construção, tal como o terror. A cena do ALIEN que eu postei acima, é um excelente exemplo de uma cena de terror que atinge um climax perfeito, me entregando mais do que "a cara feia pela cara feia", tem uma função dramática e narrativa. Não é o caso em ANNABELLE.

Mas vou discordar e até apontar um certo ruído no seu argumento. Como é que você pode afirmar que uma "criatura demóniaca de outra dimensão" tá "resolvida" só por que você viu ele levantar uma boneca ? Como isso resolve as coisas? E o que você não sabe que essa coisa pode fazer? E as intenções dessas criaturas? Enfim, tudo aquilo que eu disse antes? Eu não acho que o simples fato de vermos a criatura anula a sua natureza assustadora. E continuo não achando a comparação com o homem de terno como causando exatamente o mesmo efeito esteja correta em sentido lógicos mesmo. Já ouviu falar da hipótese do Vale da Estranheza? É por ai. Tivemos, recentemente o exemplo do Pennywise em IT (na sequência, nem tanto), uma criatura que aparecia explicitamente, e ainda era capaz de provocar desconforto, e nos convencer que os personagens podiam teme-lo.

Talvez não seja o que você tá querendo dizer, mas do jeito que você coloca, parece que o terror se resume simplesmente a duvida sobre a natureza real das ameaças, e eu acho que é bem mais profundo que isso.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:

Então, sim, de certa forma, sim. Não consido temer tanto filmes de serial kller e animais ferozes, porém se as montagens das cenas de terror deixar em suspense alguma coisa vinda da ameaça, como o bicho irá te pegar, você consegue entender e antecipar pra saber como evitar ele te alcançar?

Tipo, esses filmes de serial killer, pra mim, os melhores são aqueles onde o assassino vai entrar na sua casa sem você saber como (mesmo que não precise apelar pra forças extra-naturais).
 

E, prooooonto, veja o tubarão, o filme Tubarão do Spielberg, o primeiro, até onde não viamos o bicho atacando e apenas as pessoa sendo tragadas por algo que ta na água (e toda cena da primeira morte é um PRIMOR) é a melhor parte do filme, porque justamente  agente não consegue visualizar o ataque, e ai fica na imaginação.
 

 Então, esse é um ponto legal. No caso do filme do Serial Killer, você apontou o quanto é interessante quando o assassino consegue invadir a sua sem que você tenha ideia de como. Isso torna algo mais através da montagem de elementos. Tem um filme chamado QUANDO UM ESTRANHO CHAMA da década de 70 (teve um remake ruim, não que o original fosse muito bom), mas a cena de abertura com o assassino ligando pra mocinha, e no final você descobrir que ele tá dentro de casa é fantástica, e é construída de um jeito que a gente não consegue ver aquele sujeito como um simples ser humano, ainda que não haja evidência do contrário. É um processo emocional, não lógico.

 TUBARÃO é a mesma coisa. A gente sabe que o monstro é um tubarão desde o começo, tá no título, tá no cartaz, e portanto, supostamente esse bicho não vai fazer nada que um tubarão não faça. A gente pode não ver o tubarão, mas a gente sabe que é um tubarão, e os personagens do filme sabem que é um tubarão, mas tudo é construído de uma forma que a gente não consegue ver aquele bicho como um mero tubarão sujeito as leis da física que os tubarões estão. A gente sente que aquele bicho é algo mais, e isso vem da montagem, que nesse caso, teve como um de seus elementos a ausência do tubarão até o terço final, e funcionou maravilhosamente bem (uma saída brilhante que o Spilba encontrou quando o tubarão mecânico começou a dar defeito).

 Por isso, que não entendo o seu argumento de que no momento em que você entende a natureza da ameaça (define que é um demônio, defnei que é um fantasma, define que é um vampiro), o terror se esvai, pois você parece partir de uma linha racionalista ao defender esse argumento, mas quando fala de TUBARÃO, um filme onde o filme todo eu sei que a ameaça é um tubarão, você aponta que isso não ocorre, o que é uma resposta emocional. Ora, nesse sentido, por que TUBARÃO é diferente de ALIEN? Por que Spieberg trabalha o desenquadramento e Ridley Scott o enquadramento? Sei lá, mas acho que assim como uma "imagem horrível" ou "cara feia" como você prefere não cria terror nenhum por ela mesma, também não acho que o derrube por ela mesma.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:



E É EXATAMENTE ISSO QUE ME FACINA NOS FILMES DE TERROR ANTIGOS, onde a tecnologia não era o suficiente e era preciso usar toda uma artimanha e arquitetar toda um efeito de fenômenos não naturais com o ferramentário que tinha, e ai que entra o tchã do terror, pois os filmes não replicavam a cena de terror que eles tinham na cabeça para o filme, eles tentavam montar com a ferramenta que tinha uma situação que mais se aproximava da imagem que eles, os autores, tinham na cabeça. 

  

Concordo que com o avanço dos efeitos especiais, muitos cineastas de terror (especialmente os cineastas do terror Mainstream) ficaram acomodados. Só discordo da ultima parte do argumento ai. Muitos cineastas do gênero conseguiam replicam exatamente a cena que tinham na cabeça com poucos recursos, e não uma aproximação. E tem muitos cineastas com muitos recursos e efeitos de computador que só conseguem se aproximar do que eles queriam.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:

 

Então, o que ocorria, na verdade, é que as montagens das cenas eram feitas de modo que sugestionasse quem estivesse assistindo a imaginar e visualizar o terror que o autor quer expor. Não é uma exposição nua e crua, porque também não havia tecnologia pra isso, então era mais um jogo de imaginação do que exposição. 
 

 você parece estar demonizando a visualidade. Longe de mim "cagar regra", até por que todo mundo tem um gosto, mas acho que você devia tentar manter uma mente mais aberta. Até por que ver também é imaginar. Definir que o terror, ou mesmo o "bom terror" é apenas aquele que trabalha com a sugestão, parece um pouco limitante pra mim.

 E olha, os filmes antigos não eram tão não visuais assim não. Caras como Cronenberg e Sam Raimi tavam pintando o cinema de sangue e vísceras na década de 80 com EVIL DEAD, A MOSCA e VIDEODROME. Carpenter e Craven fizeram os brilhantes e sangrentos O ENIGMA DO OUTRO MUNDO e A HORA DO PESADELO, com direitos a muitas caras feias. Nos anos 70, o Dario Argento tava mandando ver com os Giallo e a magia brutal de SUSPIRIA e os proto slasher desesperançosos como NATAL NEGRO e O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA tavam por ai, com Leatherface abrindo moleque na base da motoserra. Nos anos 60 o Drácula do Christopher Lee andava com a boca lambuzada de sangue, e o José Mojica fazia horrores aqui no Brasil com quase nada de dinheiro. Anos 50 a gente tinha um MONSTRO DA LAGOA NEGRA mostrando uma cara bem feia,  e os franceses tavam recrutando galera que trabalhou no teatro Grand Guinol pra fazer filmes como OS OLHOS SEM ROSTO. Anos 40 tinha o código Hayes, mas nos anoo 30, FREAKS explorava a imagem de uma mulher terrivelmente deformada em seu climax, e O MÉDICO E O MONSTRO transformou o monstro do título em uma "cara feia" em um filme que é brilhantemente perturbador do período.

Ao mesmo tempo que a gente vem tendo hoje uma onda desses terrores mais sugestivos que você busca. A BRUXA, AO CAIR DA NOITE, O BABADOOK, THE BLACKCOAT DAUGHTER, I AM THE PRETTY LITTLE THING IN THE HOUSE, os brasileiros QUANDO EU ERA VIVO e TRABALHAR CANSA, e assim por diante.

 

18 hours ago, Gustavo Adler said:


Entende? a sensação que me dá é que as pessoas passaram a crer que terror são imagens assustadoras, quando na verdade, ela é só um efeito pra consolidar a sugestão.
 

Concordo, realmente temos visto muita gente pensando que o terror são só imagens assustadoras, quando estas imagens são apenas um elemento da montagem do terror, que pode ser utilizado ou não. Mas acho que você tá cometendo o mesmo erro, só que no espectro oposto. O terror também não é só sugestão. Do jeito que você coloca, parece que os elementos da montagem do terror convergem apenas para consolidar a sugestão, e o terror é muito mais do que isso. As vezes o terror é certeza. As vezes, ele vem do que é explícito. Sempre vai haver algum tipo de elemento desconhecido, mas esse elemento pode se manifestar de várias formas que não somente a sugestão, e ainda ser muito efetivo. Depende da proposta, e do sentido de terror perseguido.

 

 

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9 hours ago, Questão said:

E tu vai me desculpar ADLER, mas a gente continua discutindo, e tu continua a ver aquilo que tu chama de "cara feia" como um elemento isolado, ou pior, como o resultado da montagem. A imagem horrível nada mais é que um elemento que o diretor pode usar ou não, e que caso ele decida usar pode ter mil resultados dramáticos diferentes, e incluo nisso o terror sugestivo

Mas macho, eu não estou questionando isso, estou questionando o efeito desse elemento.

Para mim, os melhores filmes de terror são o que colocam esse elemento em segundo plano ou nem colocam esse elemento.

Estou aqui assumindo que não gosto de propostas de filme que se baseiam nesse elemento, entende?

É tedioso, acaba com todo o terror que depende da nossa imaginação.

Se eu olho pra um desfiladeiro e consigo visualizar todo ele, visualizar no sentido de entender do que se trata, eu perco o medo dele e passo a observa-lo a procura de procurar os pontos onde posso colocar minha mão e segurar pra escala-lo. 

O medo, ao meu ver, de subir um monte está na imaginação de que ali é algo intransponível, que você não consegue visualizar como irá subir, e imagina um monte de situações que te levarão a morte. 

Para mim, terror é isso, é o efeito da imaginação, e não do fato em si. O fato em si, particularmente para mim, não assusta, porque se há o fato, a a possibilidade de compreende-lo e tentar lidar com ele (mesmo se for um fato extra natural, um demônio. Ora, o que me faz crer que eu não posso conversar com um demônio e dizer pra ele: "tá, tu ta ai mas sei que tu não pode mexer na faca pra me matar se não tiver fortalecido com meu medo, então, e dai que tu ta ai?)

E sim, agora falando em qualidade de filme, acho muito fraco propostas que se valem de imagens feias. 

Os filmes do Jason, ao meu ver, são uma bosta. Não tem nada além da brincadeira de pega pega. 

Já a do freddy krueger acho a proposta muito massa embore não goste dos filmes (ou não tenha assistido, só assisti um quando era criança e me lembro que não me pegou). Porque justamente não se tratava de um monstro pura e simplesmente, mas se tratava dos enigmas do sonho e do psicológico. A cada vez que a vitima sonha com o Freddy e se mostra amedrontada o Freddy vaii ganhando força, certo? isso tipo é uma exploração do efeito do estado mental da pessoa na sua qualidade de vida, na sua saúde física, no seu mundo físico, tem algo realmente interessante nessa proposta dos filmes da hora do pesadelo, algo que depende da nossa imaginação pra entender como ele o matará

 

9 hours ago, Questão said:

ADLER, tu segue nesse argumento, mas tu não tá levando em conta a visão de mundo dos personagens, que nós como publico, devemos tentar aceitar no exercício da suspensão de descrença

Mas e dai macho? no universo do personagem há dimensões em que o lobisomen é possível, ou por se tratar de um ser de outra dimensão que tomou conta de um corpo humano da dimensão do personagem ou sei lá o que. Mas o fato de você espectador saber que aquela proposta de filme tem lobisomen já me faz ligar o on, opa, é natural aparecer lobisomen nesse filme (mesmo que no mundo proposto pelo diretor essa tenha sido a primeira aparição e, consequentemente, não tenha sido algo natural para os personagens)

 

9 hours ago, Questão said:

Agora, você tocou em um ponto legal. Eu não acredito que nenhuma das visões do Danny sejam surtos por aquilo que disse antes. O filme nos prova que os poderes do menino são reais e não deixa sombra de duvida quanto a isso. O "mentor" do menino avisa que ele iria ver algumas coisas, e ele vê, somado a isso a corroboração de que as coisas que ele vê são reais, quando um fantasma dá uma informação pro pai dele (de que ele chamou o Dick com os seus poderes) sendo essa uma informação que o Jack não tinha como ter e projetar em uma alucinação. Então acho até um pouco forçar a barra supor que as coisas que o menino vê são frutos de um surto, quando as habilidades dele são provadas pelo filme várias vezes, e por tabela, a realidade de uma força sobrenatural no hotel.



Tipo, sim, o filme afirma, mas não fecha, as cenas, a abordagem, a montagem e todo o roteiro deixa a assombração pra segundo plano, o primeiro plano é o surto dos personagens (seja decorrente das visões e pertubações que as assombrações lhes apresenta, mas todo o foco do filme é o sofrimento da família e não as assombrações e o dano que essas assombrações fazem no psicológico delas. E isso faz com que as assombrações possam nem existir e tudo não passe de alucinação dos personagens, decorrente daquele ambiente e contexto terrível).

"O "mentor" do menino avisa que ele iria ver algumas coisas, e ele vê, somado a isso a corroboração de que as coisas que ele vê são reais"

SIm, o mentor, por sofrer do mesmo efeito que a casa e perceber no menino a mesma susceptibilidade a sofrer o mesmo naquele ambiente, preve que a criança possa sofrer o mesmo. 

O mentor acredita que tem um dom e acredita que a criança tem um dom, e eles acreditam que um teve conexão mental com o outro. Mas será que foi o dom ou foi a crença nesse dom e o contexto em que ambos partilham e do traço da personalidade?

E, bem, a criança vê coisas porque o pai ve coisas e ai a criança passa a acreditar e essa crença serve de efeito placebo e faz com que suua visão passe a ver coisas?

E a informação que o fantasma deu pra o pai pode ter sido muito bem algo que ele percebeu e como o cerebro dele não tinha como explicar como ele percebeu isso atribuiu inconscientemente a um fenomeno externo. 

Bem, não estou dizendo que o filme não assume que é assombração, mas que ele aborda o transtorno psicológico decorrente dessas assombrações e da casa e que todo o filme pode muito bem ser explicado sem essa assombração, e que isso, em mim, tem um efeito devastador no quesito medo.

 Deixa eu ver se eu consigo me explicar melhor. 

Comparar com as medicinas alternativas, homeopatia, chás, reza e tudo o mais. Todos os estudos evidenciam que a homeopatia não tem efeito nenhum no tratamento dos males que cada remédio diz combater (há um estudo recente com meta dados interligados e complexos, juntando vários anos e pesquisas que demonstram que os remédios homeopáticos não tem mais efeito que o placebo), e que, portanto, o efeito desses remédios nas pessoas que se utilizam deles pode ser atribuido ao placebo, a crença nesse tratamento. 

Mas não seria essa crença nessa cura justamente a força espiritual presente num ritual de resa que precisa do paciente estar conectado a ela? E a mente acreditando passa a realmente ter mudanças no mundo físico, isso não é a ação de uma força espiritual que nós não podemos detectar?

E assim, para o assunto que estamos tratando, o que é importante é que mesmo que conscientemente expliquemos isso de uma forma racional se baseando nas leis dessa natureza, o fato de  que outras explicações ou interpretações serem possíveis para algo que a razão explica faz com que a coisa ganhe uma dimensão mágica (e particularmente, mesmo sendo ateu, acho que só o fato de um amontado de particulas se juntarem e formarem moléculas, e formarem células e formagem organismos multicelulares, e formarem seres vivos... isso pra mim já é a magia da espiritualidade por si, mesmo que não tenha nada guiando a não ser as propriedades de cada elemento e suas coincidentes interrelações que acabaram gerando uma coisa que depois se interelacionou com outra e formou outra coisa, a magia está na coisa existir diante desse desenvolvimento "caotico"...).

Voltando pro terror, por exemplo, tenho em minha mente uma ideia um filme de terror onde não fica definido se uma familia é atormentada por assombrações ou pela crença de que estão sendo atormentadas por assombrações em que o tema do filme é justamente que não importa se a assombração existe de fato ou não, ela existe porque a crença nessa assombração faz com que a pessoa a veja, a sinta, mude sua personalidade, passe a fazer fisicamente coisas que não faria em seu estado normal, aparentemente tendo mais forças, passa a mudar o mundo em sua volta, a construir e fazer coisas por conta dessas assombrações, passa aos outros essas assombrações e molda a sociedade e a sociedade molda o mundo e vice versa... 

Tipo, a ideia é que o primeiro filme seja uma família atéia onde uma pessoa passa a ouvir barulhos e sentir ventos e coisas que são fisicamente explicáveis, e que ela da explicação. Mas com o tempo ela passa a se questionar se tem explicação ou não mas ela assumindo que esse questionamento não passa de besteira, mas logo depois ela passa a não achar tão besteira assim, e logo após ela passa a achar que pode ser verdade que não haja explicação além de ser uma assombração, para logo depois ela começar a se ver acreditando que é assombração, pra logo depois a assombração de fato existir na cabeça dela e ela começar a dar nome ao fenomeno dizer que está sendo atormentada por demonios, pra logo depois ela começar a ter surtos como se tivesse sendo tomada pelo demonio, até que ela passa a ser possuida. E tudo isso o filme não aparece nenhum monstro e nenhum copo voando sem que possa ficar a duvida se foi o protagonista quem jogou, ou alguém da familia que passou a crer também, sugestionado pelo protagonista, ou que o copo caiu de algum lugar ou não. A questão é, não importa se não existe, o fato é que existiu e fez com que o mundo do qual a familia vivia fosse alterado por elas, e existiu na cabeça dessa familia, mas sendo um espírito de outra dimensão que precisa do cerebro humano pra se manifestar nessa ou é apenas uma criação de nossa mente? isso ficaria em aberto e seria essa a proposta, a ideia é que mesmo que haja explicação no mundo material não quer dizer que não haja o mundo imaterial.

Mas para a questão que eu estou tratando, eu coloquei essa ideia que tenho (não sou cineasta e nem entendo nada de filmes, mas apenas faço esse exercicio sempre que vejo um filme de terror) pra demonstrar o que me causa um estado de medo nos filmes de terror, que é justamente esse não lugar de onde vem a ameaça. 
 

9 hours ago, Questão said:

Esse é um filme bem ruim, mas o exemplo é bom. O terror da cena é mal feito, mas entra naquilo de terror e horror. O surgimento do monstro é o climax da cena, o horror dela, mas é mal feito. Horror é o final do terror, como conversamos. O erro dessa cena é achar que uma mera "cara feia" vai ser o suficiente como climax . E o horror tem a sua própria construção, tal como o terror. A cena do ALIEN que eu postei acima, é um excelente exemplo de uma cena de terror que atinge um climax perfeito, me entregando mais do que "a cara feia pela cara feia", tem uma função dramática e narrativa. Não é o caso em ANNABELLE.

 

Tinha me esquecido do nome do filme Annabelle (e tava com preguiça de ir atrás do nome hahaha, o filme tosco esse).

Mas assim, então, horror não me pega, não tem jeito. 

Mesmo essa cena do Alien que tu citou, sim, sei que o filhote de alien saindo do corpo é um elemento necessário, mas ao meu ver, necessario mais pra narrativa do filme do que pro terror em si. Tá, realmente, tem o susto, mas o susto, ao meu ver, é mais um efeito da surpresa de algo que você não esperava (e que, portanto, hoje já não sei se teria o mesmo efeito).

Todo o lance de terror nessa cena é feito pelo que veio antes e depois desse susto e desse monstrinho, arrisco dizer se tivesse saido um boneco de terno e gravata não teria feito muita diferença hehehe.

 

9 hours ago, Questão said:

Mas vou discordar e até apontar um certo ruído no seu argumento. Como é que você pode afirmar que uma "criatura demóniaca de outra dimensão" tá "resolvida" só por que você viu ele levantar uma boneca ? Como isso resolve as coisas? E o que você não sabe que essa coisa pode fazer? E as intenções dessas criaturas?

Como não sei? ele tem mãos e a utiliza pra levantar a boneca, porque diabos ele não a utilizaria pra enforcar o humano? 

Para mim, tá resolvido, tá tudo explicado, é um ser de outra dimensão que tem mão e que pode utilizar essas mãos (e se tiver outros poderes, tem outros poderes, mas tchalaaaa, o filme tem o demonio que tem poderes, qual a novidade e suspense nisso? o fato de ter um demonio físico ali presente, assumidamente, já torna previsivel que ele tenha algum super poder sei lá o que que faz a casa pegar fogo, voar, as pessoas levitarem, enfim...)

  

 

9 hours ago, Questão said:

TUBARÃO é a mesma coisa. A gente sabe que o monstro é um tubarão desde o começo, tá no título, tá no cartaz, e portanto, supostamente esse bicho não vai fazer nada que um tubarão não faça. A gente pode não ver o tubarão, mas a gente sabe que é um tubarão, e os personagens do filme sabem que é um tubarão, mas tudo é construído de uma forma que a gente não consegue ver aquele bicho como um mero tubarão sujeito as leis da física que os tubarões estão. A gente sente que aquele bicho é algo mais, e isso vem da montagem, que nesse caso, teve como um de seus elementos a ausência do tubarão até o terço final, e funcionou maravilhosamente bem (uma saída brilhante que o Spilba encontrou quando o tubarão mecânico começou a dar defeito).

Realmente, parece que isso fere com o que eu disse, mas ai é o lance da montagem. Em Annabelle e em outros filmes que tentam sustentar o terror em volta das figuras de cara feia, o terror está bem explicado e previsivel, é o monstro de cara feia. 

Agora, no tubarão, a cada ataque aonde está o terror? naquela cena?

Na primeira morte, por exemplo, exatamente o que está acontecendo com ela? o que o tubarão está fazendo? arrancando o pe dela? ou só a puxando pra baixo? ou comendo a cintura? todos os filmes que se baseiam mais na sugestão também se valem do elemento cara feia, mas, por exemplo, no filme do tubarão, ao meu ver, o tubarão é um detalhe, o que importa aqui é que a gente não ve o tubarão te atacando debaixo dágua. Você está ali no mar,  e de repente algo te puxa e você não sabe bem dimensionar o tamanho, como e exatamente o que está acontecendo no seu corpo (que você sabe que é o tubarão, mas fica só na sua imaginação e não na cena do filme). Mesmo nas cenas finais onde o tubarão fica toda a hora se expondo como se fosse um desfile de tubarão, ele aparece do fundo do mar, ainda como um elemento surpresa. 

No filme do Tubarão, de fato, não da pra tirar a cara feia do tubarão porque ai acabaria com toda a segunda parte do filme, mas imagine você um filme de tubarão só com a primeira parte, sem nunca o tubarão aparecer? Pra mim seria até mais aterrorizante.

 

9 hours ago, Questão said:

Sei lá, mas acho que assim como uma "imagem horrível" ou "cara feia" como você prefere não cria terror nenhum por ela mesma, também não acho que o derrube por ela mesma.

Então, eu acho de derruba, fica algo meio brochante, sei lá. 

Porque tira o exercicio de imaginar a ameaça, que me cativa mais.

9 hours ago, Questão said:

E olha, os filmes antigos não eram tão não visuais assim não. Caras como Cronenberg e Sam Raimi tavam pintando o cinema de sangue e vísceras na década de 80 com EVIL DEAD, A MOSCA e VIDEODROME.

Pronto, pega a mosca, quer coisa mais sugestiva do que fazer um homem mosca naquela época?

Aquele homem mosca que o filme expos não tem nada a ver com homem e mosca de fato. Ao meu ver, se encaixa perfeitamente no que eu falei da aproximação da imagem que o autor tinha na cabeça. Duvido muito que o autor não queria fazer uma pessoa com cara de mosca ou uma mosca com cara de pessoa, enfim, um ser com características bem definidas de mosca e humana, mas só pode fazer aquela coisa meio gororoba meio gosmenta meio sei lá o que que nos lembra uma mosca e um homem. 

Videodrome eu assisti e amei, mas assisti uma vez, tenho que assistir de novo. Aposto que se encaixa no que eu disse ai. 

Evil Dead, pow, aqueles bonecos se quebrando e sei lá o que parece mais um boneco do que uma pessoa (ou seja, o efeito especial não consegue de fato esconder que ali são manequins usados pra fazer o papel de "mortos vivos") .

Suspira é bom mas não me deu medo não (assisti a uns 3 anos atrás).

 

 

9 hours ago, Questão said:

Concordo, realmente temos visto muita gente pensando assim. Mas acho que você tá cometendo o mesmo erro, só que no espectro oposto. O terror também não é só sugestão. As vezes o terror é certeza. As vezes, ele vem do que é explícito. As vezes, o que torna algo aterrorizante é que todo mundo pode ver.

Bem, sei lá, acho que um filme como tubarão, o exorcista, o iluminado, poderia perfeitamente ser tão terrorificante sem a aparição dos monstros (pra mim, seria até mais terrorificante).

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