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A Lenda de Candyman


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On 10/21/2020 at 2:29 PM, Jailcante said:

Confirmaram data: 27/08/2021.

 

 

 Muito filme sendo adiado pro verão americano do ano que vem. Me pergunto se vai dar espaço pra todos. Acho que muito filme vai acabar indo pro Streaming até lá pra comportar todo mundo (mas não necessariamente esse).

 

Em entrevista ao Slash Film, a diretora Nia DaCosta falou sobre o novo ‘A Lenda de Candyman‘, afirmando que se aprofundar na evolução do antagonista no decorrer do longa, ao contrário dos filmes anteriores.

“No filme original, ele já é um monstro completamente formado. Neste filme, nós queríamos apresentar uma lenta progressão. É tipo quando você vê uma mancha na pele e pensa: ‘Eu deveria ir ao médico? Não, provavelmente não é nada’. Mas, nesse caso, não é algo que desaparece. Nós queríamos essa sensação.”

Ela completa, “Se alguém for para casa após assistir esse filme e começar a ficar preocupado com uma mancha, caroço ou mordida de mosquito, então eu fiz meu trabalho certo. Eu queria entrar na mente do público e deixá-los perturbados, fazendo-os se identificar com a progressão psicológica do protagonista.”

Depois de ser removido do calendário de lançamentos da Universal Pictures no mês passado, o reboot finalmente ganhou uma nova data de estreia e chegará aos cinemas no dia 27 de agosto de 2021

Vale lembrar que o longa será para maiores de 18 anos (rated-R) devido a “violência sanguinolenta e linguagem que inclui referências sexuais”. Além disso, o site também afirma que certos territórios lançarão a obra sob o título de Say My Name devido a uma falta de familiaridade com a saga cinematográfica.

 

FONTE: CINEPOP

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  • 6 months later...
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Estrelado por Yahya Abdul-Mateen II (Aquaman, Watchmen), ‘A Lenda de Candyman‘ teve uma nova imagem oficial divulgada via USA Today. O filme chega aos cinemas norte-americanos em 27 de agosto.

Confira:

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‘A Lenda de Candyman’ é dirigido por Nia DaCosta e escrito por Jordan Peele e Win Rosenfeld, servindo como uma sequência direta do original de 1992.

Tony Todd reprisa seu papel como o personagem-título. O elenco do filme também inclui Yahya Abdul-Mateen II, Teyonah Parris, Nathan Stewart-Jarrett e Colman Domingo.

O Candyman original de 1992 foi adaptado de uma história de Clive Barker. A estudante Helen Lyle (Virginia Madsen) começa a trabalhar em uma tese sobre lendas urbanas, até que encontra o conto do Candyman, um espírito vingativo de um escravo com um gancho no lugar de uma das mãos, que pode ser convocado dizendo seu nome cinco vezes.

 

FONTE: O VÍCIO

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  • 1 month later...
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 Até agora não entendi se esse filme é sequência remake ou soft reboot. No trailer diz que o Candyman foi morto pela polícia, mas lembro que nos filmes ele era um negro liberto do tempo da escravidão, que se apaixonou por uma garota branca, e o pai dela mandou acabar com o cara. Mas não lembro se essa origem é dada no filme original ou só nas sequências, ai talvez estejam ignorando as sequências e partindo só do original.

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  • 1 month later...
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Em entrevista ao Bloody Disgusting, o produtor e corroteirista Jordan Peele (‘Corra!’) falou sobre o reboot ‘A Lenda de Candyman‘, declarando que o novo filme irá expandir a mitologia da franquia.

Confira:

“O original ‘O Mistério de Candyman’ é um dos meus filmes favoritos. Eu fui muito influenciado por ele, principalmente porque não tínhamos um Freddy Krueger negro… Nós não tínhamos um Jason negro. Quando Candyman foi lançado, pareceu desafiador, catártico e aterrorizante. Esse foi o filme que me mostrou que pessoas negras podem estar em filmes de terror.”

Ele completa, “Candyman é uma figura eterna e, nessa versão, iremos expandir sua mitologia e conectamos sua presença com o fato de que há uma epidemia de violência contra negros nesse país. Candyman não é singular, ele é um conceito. Ele é uma história. Ele é o bicho-papão. E isso ultrapassa as barreiras do tempo.

 

FONTE: CINEPOP

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2 hours ago, Jorge Soto said:

pelas criticas que li quem assistiu disse que o roteiro é muito bem amarrado com o longa original, o que faz do filme uma sequência e não um remake, como todo mundo pensa...

Pelo que entendi é um soft reboot. Ou seja, ignora todas as sequências, se colocando como sequência do original. Tipo foi feito com HALLOWEEN de 2018

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On 9/2/2021 at 1:37 PM, Questão said:

Pelo que entendi é um soft reboot. Ou seja, ignora todas as sequências, se colocando como sequência do original. Tipo foi feito com HALLOWEEN de 2018

as criticas afirmam que é sequencia direta do original com Todd, que ignora as sequencias...

ENTENDA A PARTICIPAÇÃO DE TONY TODD NO NOVO FILME - SPOILER

Capa da Publicação

A Lenda de Candyman era um dos filmes de terror mais esperados do ano e finalmente está entre nós, trazendo um novo capítulo para essa saga slasher que foi muito popular nos anos 90. O filme conta com um elenco recheado de estrelas, como Yahya Abdul-Mateen II, Teyonah Parris, Colman Domingo e Vanessa Williams. Porém, um nome que muitos estão curiosos para ver é Tony Todd.
O astro interpretou Candyman na trilogia original de filmes do personagem, mas até agora não havia aparecido em nenhum pôster ou trailer de A Lenda de Candyman. Felizmente, o filme já está em cartaz nos cinemas e nós finalmente temos uma resposta para essa pergunta. Então aqui, você saberá como é a participação do astro no mais novo capítulo da franquia.

Tony Todd como Candyman
Lançado em 1992, O Mistério de Candyman é uma adaptação de The Forbidden, conto presente no quinto volume dos Livros de Sangue de Clive Barker (o mesmo criador de Hellraiser). Na história, uma estudante de graduação chamada Helen Lyle prepara uma tese sobre lendas urbanas. Para isso, ela vai até o conjunto de casas populares Cabrini-Green, onde descobre sobre a lenda de Candyman.
Basta chamá-lo cinco vezes na frente de um espelho e ele aparece para matar quem o convocou. E eventualmente, Candyman começa a perseguir Helen e matar pessoas próximas a ela, fazendo com que ela seja suspeita em vários casos de assassinato. Aos poucos, Helen se entrega para esse ser sobrenatural e, ao fim do filme, apesar de morrer, ela também se torna sua própria lenda urbana.
No filme original (e nas suas duas sequências, Candyman 2: A Vingança, de 1995 e Candyman: Dia dos Mortos, de 1999), o personagem é vivido por Tony Todd, um astro que ficou bem conhecido por seus papéis em longas de terror, seja pela refilmagem de A Noite dos Mortos-Vivos de 1990, bem como a franquia Premonição, onde ele faz um sinistro funcionário do necrotério.
E aqui, é explicado que Candyman é, na verdade, Daniel Robitaille, um artista nascido no final do Século XIX, que era filho de escravos e acabou sendo contratado por um fazendeiro rico e branco para pintar um quadro de sua filha. Durante o trabalho, Daniel acaba se apaixonando pela mulher e os dois consumam o romance. Eventualmente, o fazendeiro descobre e junta uma multidão para assassinar Daniel em praça pública.
Ele cobre Daniel de mel e faz com que ele seja picado por centenas de abelhas. Depois, corta o braço do artista e o substitui por um gancho. Por fim, ele ateia fogo em Daniel, que morre depois de todas as torturas. Contudo, o espírito de Robitaille volta como Candyman, essa entidade vingativa que aparece sempre que seu nome é convocado no espelho.
Ao longo de toda a trilogia de filmes da década de 90, Tony Todd interpretou Daniel, tanto como Candyman quanto nos flashbacks em que ele era apresentado como Daniel Robitaille. E por essa presença marcante do ator na saga, algumas pessoas podem ficar um pouco confusas com relação à presença do ator no mais novo filme da franquia, A Lenda de Candyman.

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Qual é a participação de Tony Todd em A Lenda de Candyman?
O novo filme chegou aos cinemas há poucas semanas. Dirigido por Nia DaCosta e produzido por Jordan Peele, o filme é uma sequência direta ao original de 1992, que ignora as subsequentes continuações de 1995 e 1999. Aqui, nós seguimos um artista chamado Anthony McCoy, que ao investigar mais sobre o mistério de Candyman, acaba se tornando obcecado pela lenda.
O filme introduz um novo conceito à franquia desde seu primeiro momento. Quando o filme começa, conhecemos um novo Candyman que não é Daniel Robitaille, mas sim Sherman Fields, um homem que morreu há muitos anos vítima de brutalidade policial no bairro de Cabrini-Green. Seu espírito continua à solta como um “novo” Candyman, fazendo vítimas de modo bem similar a Daniel Robitaille.
Sherman é interpretado por Michael Hargrove, e durante boa parte do filme, ele faz o papel dessa figura sobrenatural, ameaçando Anthony e as pessoas que entram em contato com ele. Quando Candyman é convocado, é sempre ele que aparece. Contudo, isso é explicado aos poucos conforme descobrimos que não existe um único Candyman, mas sim vários.
Em dado momento, um personagem explica que “Candyman não é um indivíduo. É uma colmeia“. E então vemos como pessoas negras e marginalizadas, vítimas de racismo ou brutalidade, acabam sendo incorporadas ao mito do Candyman. Durante os créditos, uma montagem é feita com sombras, e mostra a “origem” de diversos Candyman.
Mas então, como Tony Todd aparece no filme?
Ao final, Anthony passa por uma transformação física e mental e, ao morrer, se transforma na nova encarnação do Candyman. Há uma grande sequência onde a namorada do personagem, Brianna Cartwright, é presa pela polícia e ameaçada. A bordo do carro da polícia, ela convoca Candyman pelo espelho do retrovisor, e a entidade aparece para matar aqueles que a perseguiam.
Ela consegue sair do carro e anda até o local onde está o Candyman, e podemos ver seu rosto como sendo o de Tony Todd, jovem como era no filme original, interpretando Daniel Robitaille. Ele fala sobre como ela é a testemunha de seu poder, e como ela deve “repassar a palavra” para que nunca esqueçam dessa entidade. Pouco após isso, o filme acaba.
A presença de Todd é pequena e foi escondida de todos os trailers e materiais de divulgação, embora o próprio ator já tivesse confirmado sua aparição no filme. É bem interessante, porque o filme em si nos traz três versões da lenda, tanto Daniel Robitaille quanto Sherman Fields e o mais novo, Anthony McCoy. Isso aprofunda as questões e os debates levantados pelo filme, deixando ainda mais impactante o papel do Candyman nessa franquia.

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21 hours ago, Jorge Soto said:

as criticas afirmam que é sequencia direta do original com Todd, que ignora as sequencias...

ENTENDA A PARTICIPAÇÃO DE TONY TODD NO NOVO FILME - SPOILER

Capa da Publicação

A Lenda de Candyman era um dos filmes de terror mais esperados do ano e finalmente está entre nós, trazendo um novo capítulo para essa saga slasher que foi muito popular nos anos 90. O filme conta com um elenco recheado de estrelas, como Yahya Abdul-Mateen II, Teyonah Parris, Colman Domingo e Vanessa Williams. Porém, um nome que muitos estão curiosos para ver é Tony Todd.
O astro interpretou Candyman na trilogia original de filmes do personagem, mas até agora não havia aparecido em nenhum pôster ou trailer de A Lenda de Candyman. Felizmente, o filme já está em cartaz nos cinemas e nós finalmente temos uma resposta para essa pergunta. Então aqui, você saberá como é a participação do astro no mais novo capítulo da franquia.

Tony Todd como Candyman
Lançado em 1992, O Mistério de Candyman é uma adaptação de The Forbidden, conto presente no quinto volume dos Livros de Sangue de Clive Barker (o mesmo criador de Hellraiser). Na história, uma estudante de graduação chamada Helen Lyle prepara uma tese sobre lendas urbanas. Para isso, ela vai até o conjunto de casas populares Cabrini-Green, onde descobre sobre a lenda de Candyman.
Basta chamá-lo cinco vezes na frente de um espelho e ele aparece para matar quem o convocou. E eventualmente, Candyman começa a perseguir Helen e matar pessoas próximas a ela, fazendo com que ela seja suspeita em vários casos de assassinato. Aos poucos, Helen se entrega para esse ser sobrenatural e, ao fim do filme, apesar de morrer, ela também se torna sua própria lenda urbana.
No filme original (e nas suas duas sequências, Candyman 2: A Vingança, de 1995 e Candyman: Dia dos Mortos, de 1999), o personagem é vivido por Tony Todd, um astro que ficou bem conhecido por seus papéis em longas de terror, seja pela refilmagem de A Noite dos Mortos-Vivos de 1990, bem como a franquia Premonição, onde ele faz um sinistro funcionário do necrotério.
E aqui, é explicado que Candyman é, na verdade, Daniel Robitaille, um artista nascido no final do Século XIX, que era filho de escravos e acabou sendo contratado por um fazendeiro rico e branco para pintar um quadro de sua filha. Durante o trabalho, Daniel acaba se apaixonando pela mulher e os dois consumam o romance. Eventualmente, o fazendeiro descobre e junta uma multidão para assassinar Daniel em praça pública.
Ele cobre Daniel de mel e faz com que ele seja picado por centenas de abelhas. Depois, corta o braço do artista e o substitui por um gancho. Por fim, ele ateia fogo em Daniel, que morre depois de todas as torturas. Contudo, o espírito de Robitaille volta como Candyman, essa entidade vingativa que aparece sempre que seu nome é convocado no espelho.
Ao longo de toda a trilogia de filmes da década de 90, Tony Todd interpretou Daniel, tanto como Candyman quanto nos flashbacks em que ele era apresentado como Daniel Robitaille. E por essa presença marcante do ator na saga, algumas pessoas podem ficar um pouco confusas com relação à presença do ator no mais novo filme da franquia, A Lenda de Candyman.

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Qual é a participação de Tony Todd em A Lenda de Candyman?
O novo filme chegou aos cinemas há poucas semanas. Dirigido por Nia DaCosta e produzido por Jordan Peele, o filme é uma sequência direta ao original de 1992, que ignora as subsequentes continuações de 1995 e 1999. Aqui, nós seguimos um artista chamado Anthony McCoy, que ao investigar mais sobre o mistério de Candyman, acaba se tornando obcecado pela lenda.
O filme introduz um novo conceito à franquia desde seu primeiro momento. Quando o filme começa, conhecemos um novo Candyman que não é Daniel Robitaille, mas sim Sherman Fields, um homem que morreu há muitos anos vítima de brutalidade policial no bairro de Cabrini-Green. Seu espírito continua à solta como um “novo” Candyman, fazendo vítimas de modo bem similar a Daniel Robitaille.
Sherman é interpretado por Michael Hargrove, e durante boa parte do filme, ele faz o papel dessa figura sobrenatural, ameaçando Anthony e as pessoas que entram em contato com ele. Quando Candyman é convocado, é sempre ele que aparece. Contudo, isso é explicado aos poucos conforme descobrimos que não existe um único Candyman, mas sim vários.
Em dado momento, um personagem explica que “Candyman não é um indivíduo. É uma colmeia“. E então vemos como pessoas negras e marginalizadas, vítimas de racismo ou brutalidade, acabam sendo incorporadas ao mito do Candyman. Durante os créditos, uma montagem é feita com sombras, e mostra a “origem” de diversos Candyman.
Mas então, como Tony Todd aparece no filme?
Ao final, Anthony passa por uma transformação física e mental e, ao morrer, se transforma na nova encarnação do Candyman. Há uma grande sequência onde a namorada do personagem, Brianna Cartwright, é presa pela polícia e ameaçada. A bordo do carro da polícia, ela convoca Candyman pelo espelho do retrovisor, e a entidade aparece para matar aqueles que a perseguiam.
Ela consegue sair do carro e anda até o local onde está o Candyman, e podemos ver seu rosto como sendo o de Tony Todd, jovem como era no filme original, interpretando Daniel Robitaille. Ele fala sobre como ela é a testemunha de seu poder, e como ela deve “repassar a palavra” para que nunca esqueçam dessa entidade. Pouco após isso, o filme acaba.
A presença de Todd é pequena e foi escondida de todos os trailers e materiais de divulgação, embora o próprio ator já tivesse confirmado sua aparição no filme. É bem interessante, porque o filme em si nos traz três versões da lenda, tanto Daniel Robitaille quanto Sherman Fields e o mais novo, Anthony McCoy. Isso aprofunda as questões e os debates levantados pelo filme, deixando ainda mais impactante o papel do Candyman nessa franquia.

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é isso ai, a sequencia dá um passo mais além na já genial mensagem do primeiro, e pega o racismo não só como sistema que está presente desde a construção dos Estados Unidos, mas também como trauma presente, epigenético!

O fantasma de Candyman é o trauma eternamente alimentando pelo sistema racista que a todo o momento imputa um homem negro a posição de criminoso ou indigno a vida, que acaba se tornando uma colmeia que fica dificil escapar desse estigma (maldição). 

O mais legal é que é uma maldição mas é também uma vingança, de justiça contra o racismo, por isso precisa manter a lenda viva. 

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Legend of Candyman é um bom terrorzão social que pega emprestada a franquia noventista, mas o lance de ser reboot ou sequencia fica a critério do espectador no final. O filme prede e o tom dado ao longa é bem bão e a parte visual não deixa por menos, sendo em criativa nesse quesito. As atuacães estão bem ok, se sobressaindo o Arraia Negra no papel principal. Mas o melhor mesmo é seu desfecho, aqui já comentado à exaustão com uma presença especial. Vale em a bizoiada por aprofundar mais a crítica social e desenvolver de forma eficiente a mitologia estabelecida pelo original. 8.5-10

Portal CinemaScope

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  • 1 month later...
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 Eu gostei do filme, mas não achei a coca toda que falaram. Dos roteiros de terror do Peele (incluindo CORRA e NÓS) achei o mais fraco.

 Em tempo, acho que o filme teria ganhado muito mais em se assumir de vez como Reboot ao invés de tentar se colocar como sequência do original. Por que a questão é que o filme ressignifica a maldição do Candyman não só como uma maldição originada do racismo, mas como uma espécie de reparação ou reajuste social. Mas não faz muito sentido com o que veio antes. Afinal, se o objetivo é esse, por que o Candyman original no primeiro filme tentou matar um bebê negro (que protagoniza esse novo filme, alias)? Por que a Helen do filme original virou um Candyman (Candywoman?) se ela não só não era negra, mas como a acusação injusta que sofreu não foi sistêmica, mas sim fruto dos esquemas do próprio Candyman?

 E mesmo quando você deixa de ver o Candyman como um personagem (ou personagens) isolados, e passa a vê-lo apenas como uma figura metafórica do racismo (não do racista, como bem apontou um crítico), essa recolocação temática do vilão como uma figura de reparação e equilíbrio social é problemática. Afinal, ele matou a irmã do cara que queria transformar o protagonista no novo Candyman. Ok, podemos dizer que ela era uma garota sem consciência social da exploração que os negros sofrem, e ao invocar o Candyman não acreditanto nele, negava o racismo. Mas esse claramente não era o caso do protagonista, que é sim uma vítima inocente da maldição, e que embora não acreditasse no Candyman, claramente era um cara consciente do racismo sistêmico da sociedade em que estava inserido.

 Mas o filme defende que lendas se transformam, e isso poderia ser uma boa justificativa para essa recolocação do monstro, especialmente na cena final.  Mas não só o discurso do protagonista agora transformado em ser mítico não bate com essa recolocação "você não é inocente, mas vão dizer que você era, e pra mim, é isso que importa", quanto a própria aparição do Candyman original (que se importava mais em existir do que em saber se sua vítima era branca ou negra, inocente ou racista) também acaba jogando contra o discurso.

Enfim, gostei do filme, mas acho que as conexões com o filme original mais atrapalham do que ajudam.

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On 10/25/2021 at 3:07 PM, Questão said:

Em tempo, acho que o filme teria ganhado muito mais em se assumir de vez como Reboot ao invés de tentar se colocar como sequência do original. Por que a questão é que o filme ressignifica a maldição do Candyman não só como uma maldição originada do racismo, mas como uma espécie de reparação ou reajuste social. Mas não faz muito sentido com o que veio antes. Afinal, se o objetivo é esse, por que o Candyman original no primeiro filme tentou matar um bebê negro (que protagoniza esse novo filme, alias)? Por que a Helen do filme original virou um Candyman (Candywoman?) se ela não só não era negra, mas como a acusação injusta que sofreu não foi sistêmica, mas sim fruto dos esquemas do próprio Candyman?

Puxa, pois justamente a ressignificação do primeiro filme me deu uma mensagem poderosa, muito mais poderosa, e dando a dimensão maior do que o primeiro filme quis tratar.

Enquanto o primeiro filme falava de uma entidade que era decorrente do racismo do qual aquele mundo é consequencia direta (tanto a entidade como também a cidade, as condições das pessoas).

Já no segundo, ao assumir que Candyman não é exatamente uma entidade de um personagem fruto do racismo de tempos atrás e que se perpetua em uma sociedade fruto desse racismo do passado, mas sim um componente de várias entidades, ou seja, várias pessoas que ao morrerem em decorrencia do racismo que sofreram em épocas diferentes, mantem a maldição viva por tempos inimagináveis, portanto, aquele candyman do primeiro filme não é apenas um, mas são todos aqueles que daquele primeiro até os dias de hoje morreram em condições semelhantes e criaram uma ligação espiritual com a maldição, isso foi super bacana, porque não negou o primeiro filme (coisa que o Reboot faria, e seria uma péssima ideia, ao meu ver), mas acrescentou ao primeiro filme elementos dramáticos e temáticos. 

Ou seja, o Filme fala de A, o segundo assume que A existiu, mas acrescenta B, e, no fim, tanto o primeiro filme quanto o segundo, tem A+B (ou seja, não foi só o segundo filme que ganhou o carater B, mas a perspectiva do segundo filme deu essa camada B pro primeiro também, fazendo assim a gente, eu pelo menos, olhar de forma diferente o primeiro filme quando o re assisto, e quando re assisti, puta que pariu, o primeiro filme ganhou outra camada)!

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  • 1 month later...
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On 10/27/2021 at 1:48 PM, Gustavo Adler said:

Puxa, pois justamente a ressignificação do primeiro filme me deu uma mensagem poderosa, muito mais poderosa, e dando a dimensão maior do que o primeiro filme quis tratar.

Enquanto o primeiro filme falava de uma entidade que era decorrente do racismo do qual aquele mundo é consequencia direta (tanto a entidade como também a cidade, as condições das pessoas).

Já no segundo, ao assumir que Candyman não é exatamente uma entidade de um personagem fruto do racismo de tempos atrás e que se perpetua em uma sociedade fruto desse racismo do passado, mas sim um componente de várias entidades, ou seja, várias pessoas que ao morrerem em decorrencia do racismo que sofreram em épocas diferentes, mantem a maldição viva por tempos inimagináveis, portanto, aquele candyman do primeiro filme não é apenas um, mas são todos aqueles que daquele primeiro até os dias de hoje morreram em condições semelhantes e criaram uma ligação espiritual com a maldição, isso foi super bacana, porque não negou o primeiro filme (coisa que o Reboot faria, e seria uma péssima ideia, ao meu ver), mas acrescentou ao primeiro filme elementos dramáticos e temáticos. 

Ou seja, o Filme fala de A, o segundo assume que A existiu, mas acrescenta B, e, no fim, tanto o primeiro filme quanto o segundo, tem A+B (ou seja, não foi só o segundo filme que ganhou o carater B, mas a perspectiva do segundo filme deu essa camada B pro primeiro também, fazendo assim a gente, eu pelo menos, olhar de forma diferente o primeiro filme quando o re assisto, e quando re assisti, puta que pariu, o primeiro filme ganhou outra camada)!

 

 Concordo que a sequência é muito mais ambiciosa tematicamente, o problema é que a ressignificação que ela faz da mitologia não acaba fazendo sentido com a do primeiro filme (e muitas vezes, nem com a desse filme mesmo).

 Afinal, se um Candyman é criado pela violência racial sistêmica, por que diabos Helen Lyle, a protagonista do primeiro filme se transformou em uma Candywoman? Afinal, ela não era negra, portanto, não morreu devido a violência racial. A acusação injusta que ela sofreu também não foi sistêmica, e sim fruto doos próprios esquemas do Candyman original, que a incriminou bonito. Mesmo a morte dela, não foi fruto dessa acusação injusta, e sim um sacrifício para impedir a morte do bebê que se tornaria o protagonista desse filme.

 Esse filme, especialmente em seu final, parece sugerir que o racismo não é só a origem da maldição, mas que a maldição é necessária, e até mesmo justa. Funcionaria se o filme se comprometesse totalmente com a metáfora de que o Candyman é a personificação do racismo, e que destrói aqueles que não acreditam nele ao invoca-lo, mas o filme não se compromete com isso. O protagonista, por exemplo, possui uma consciência social bastante forte, e mesmo assim, tem a sua vida destruída pela maldição (e tendo em vista que essa mesma maldição tenta matá-lo desde bebê). E mesmo ao fim, quando ele massacra os policiais, ele faz questão de dizer a importância de que parte da lenda é que o Candyman "derrama sangue inocente", mesmo que nem sempre fosse o caso.

Então, embora Peele tente configurar a lenda do Candyman como uma revanche social, ela aparentemente continua tão aleatória como sempre, e a maldição representada pelo Candyman original que diz "conte a todos", se preocupa mais em simplesmente existir do que em ser uma ferramenta de reparação, como o filme parece tentar colocá-la.

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  • 2 weeks later...
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On 12/3/2021 at 3:23 PM, Questão said:

Concordo que a sequência é muito mais ambiciosa tematicamente, o problema é que a ressignificação que ela faz da mitologia não acaba fazendo sentido com a do primeiro filme (e muitas vezes, nem com a desse filme mesmo).

 Afinal, se um Candyman é criado pela violência racial sistêmica, por que diabos Helen Lyle, a protagonista do primeiro filme se transformou em uma Candywoman? Afinal, ela não era negra, portanto, não morreu devido a violência racial.

Ai você tem que lembrar da musica haiti do caetano

"De ladrões mulatos
E outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
E são quase todos pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos, quase pretos de tão pobres são tratados"

Ou seja, o racismo, invariavelmente atinge os brancos, de uma forma ou de outra.

Afinal, racializar um grupo, acaba, inevitavelmente por racializar o outro que racializou o primeiro (raças, ou sub espécies não existem na nossa espécie, nossa espécie a diferença biologica é menor do que qualquer outra espécie, a raça humana é apenas uma construção cultural).


E precisamos também lembrar que o primeiro filme é produzido por pessoa branca, portanto, limitado no tema, não por questões de raça, mas por questões de não ter a experiência, o estudo em vida no tema. 

Aliás, um terceiro filme pode até abordar a apropriação cultural usando esse elemento que você bem apontou do primeiro filme como consequencia, afinal, uma branca sofreu as consequencias de uma politica de segurança enviezada e já sentou na janelinha da maldição como se fosse a injustiçada. 

Aaaah, e tem outro lance, acaba que o primeiro filme sendo colocando numa perspectiva de que colocar o branco no lugar de uma pessoa negra que normalmente é acusada de um crime que não cometeu. 

E coloca também a dimensão, onde um caso isolado de uma pessoa branca sendo culpada poor um crime que não cometeu ser já um caso que justifique a atenção enquanto que na população negra isso é corriqueiro (e uma maldição, percebe?)

 

Quote

Esse filme, especialmente em seu final, parece sugerir que o racismo não é só a origem da maldição, mas que a maldição é necessária, e até mesmo justa. Funcionaria se o filme se comprometesse totalmente com a metáfora de que o Candyman é a personificação do racismo, e que destrói aqueles que não acreditam nele ao invoca-lo, mas o filme não se compromete com isso. O protagonista, por exemplo, possui uma consciência social bastante forte, e mesmo assim, tem a sua vida destruída pela maldição (e tendo em vista que essa mesma maldição tenta matá-lo desde bebê)

Ué, justamente, o protagonista tem uma consciencia social bastante forte, não há ninguém melhor do que ele do que carregar a maldição da vingança pelas próximas gerações.

E ai você vai me perguntar: "tá, mas tentar lutar pra resolver um problema que assola o povo do qual ele representa ou faz parte não é algo justamente experado por quem tem consciencia social bastante frorte?"

Ai é que está, a maldição não é a vingança, não é somente refletir de volta pra sociedade o que o racismo causa ao povo negro.  Na verdade, a maldição é justamente carregar o peso de, inevitavelmente, ter que lidar com esse racismo mesmo que não queira, inevitavelmente, a vida de uma pessoa negra é uma vida de luta contra o racismo, é um fardo. 

A maldição não é necessariamente passar a mensagem adiante, mas é que passar a mensagem adiante é inevitavel, porque, inevitavelmente, amanhã, você, uma pessoa negra, estará tendo que lutar contra um estabelecimento acusando você de ladrão, um policial matando um irmão..., é inevitavelmente ter que ficar falando desse tema indefinidamente, ad eternum, quando a população negra tem muito mais o que se falar. 

E justamente, para quem tem consciência social, não há maldição maior. 

O filme, em momento algum, se pretende fazer uma luta de vingança ou de combate contra o racismo, na verdade,  o filme é justamente apontando que a luta contra o racismo é uma maldição inevitavel, e que assola todos os negros, mas com um plus: com a promessa de que os brancos sintam na pele também (e, na verdade, é uma metáfora a violência acometida pelos jovens negros).

E sinceramente, eu achei o final o ponto espetacular do filme, nenhum filme me deixou tão pertubado quanto esse filme, principalmente o final!

 

Quote

Então, embora Peele tente configurar a lenda do Candyman como uma revanche social, ela aparentemente continua tão aleatória como sempre, e a maldição representada pelo Candyman original que diz "conte a todos", se preocupa mais em simplesmente existir do que em ser uma ferramenta de reparação, como o filme parece tentar colocá-la.

Não poderia discordar mais.

Além do mais, como disse, a maldição "conte a todos" não é para reparação, muito pelo contrário, é a própria maldição da inevitabilidade de quem é negro em uma sociedade bastante hierarquizada com base no racismo.

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On 12/16/2021 at 7:05 PM, Gustavo Adler said:


Aliás, um terceiro filme pode até abordar a apropriação cultural usando esse elemento que você bem apontou do primeiro filme como consequencia, afinal, uma branca sofreu as consequencias de uma politica de segurança enviezada e já sentou na janelinha da maldição como se fosse a injustiçada. 

 Não vejo assim por uma série de razões. Primeiro por que não é legal virar o Candyman em sentido nenhum, então a Helen não teria sentado em janelinha nenhuma, mesmo por que ela foi escolhida (e deixou-se escolher) por um homem negro e "transformada" (a verdade é que embora seja posto ao lado de Freddy Krueger ou Michael Myers, o primeiro Candyman tem um diálogo muito maior com Drácula. É uma história de atração e amores roubados por maldições).  Era uma dinâmica mais pessoal, pois como você mesmo disse, foi produzido por pessoas brancas, que mesmo tendo a ótima sacada de tornar o personagem negro (já que no conto, ele é branco e é inglês), não tinham o conhecimento teórico ou prático pra abordar isso de forma profunda.  Segundo por que não dá pra dizer que a Helen foi vítima de uma política de segurança enviesada como o Candyman original, e os vistos no novo filme. Ela foi encontrada cercada por corpos numa poça de sangue, e disse que tinha sido o cara que saiu de dentro do espelho. Não posso dizer que culpo o sistema por achar que ela era culpada.

On 12/16/2021 at 7:05 PM, Gustavo Adler said:

Aaaah, e tem outro lance, acaba que o primeiro filme sendo colocando numa perspectiva de que colocar o branco no lugar de uma pessoa negra que normalmente é acusada de um crime que não cometeu. 

E coloca também a dimensão, onde um caso isolado de uma pessoa branca sendo culpada poor um crime que não cometeu ser já um caso que justifique a atenção enquanto que na população negra isso é corriqueiro (e uma maldição, percebe?)

 Acho que esse comentário pode se aplicar ao primeiro filme , pois bem ou mal, a Helen acaba virando o clichê da "branca salvadora", que se sacrifica pelos negros pra deter o mal, como se esses não fossem capazes de se defenderem sozinhos. É um ponto de vista válido. Mas não acho que se aplica a esse filme novo, pois a Helen não tem o mesmo tratamento dos outros Candymans aqui. A lenda dela não aponta a inocência dela, mas sim que ela era culpada dos assassinatos que o Candyman original cometeu, por que foi justamente uma forma que o povo de Cabrini Greene encontrou pra por um fim a lenda do Candyman naquele filme (mesmo que ao fim, ela mesma vive uma Candywoman), afinal, ela foi mais vítima do Candyman do que do sistema naquele filme.

 

On 12/16/2021 at 7:05 PM, Gustavo Adler said:

Ué, justamente, o protagonista tem uma consciencia social bastante forte, não há ninguém melhor do que ele do que carregar a maldição da vingança pelas próximas gerações.

 Mas a consciência social dele é um acaso, já que a maldição tenta reclamá-lo desde que ele era um bebê. Não foi pela consciência social dele que o cara lá o escolheu pra virar o Candyman, e sim por ele simplesmente ser quem era e ter os recursos pra por a lenda em evidência de novo através do seu trabalho artístico. E mais uma vez reforça o meu ponto, afinal a questão racial nunca é discutida no primeiro filme, e ela é amaldiçoada também. Por isso que eu digo que a ligação com o primeiro filme enfraquece a narrativa desse aqui.

 

On 12/16/2021 at 7:05 PM, Gustavo Adler said:


Além do mais, como disse, a maldição "conte a todos" não é para reparação, muito pelo contrário, é a própria maldição da inevitabilidade de quem é negro em uma sociedade bastante hierarquizada com base no racismo.

  Como metáfora até funciona, como narrativa nem tanto. Por que o racismo não é aleatório, ele é discriminante por natureza. Mas levando os dois filmes em conta (e ai é que tá, ao se colocar como sequência, este filme me obriga a levar o primeiro em conta também), qualquer um, independente de cor, idade, credo ou classe social, que cair na besteira de falar o nome da entidade no espelho cinco vezes vai pagar o penalti. E esse penalti pode vir até na forma de uma mulher branca.

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Não vejo assim por uma série de razões. Primeiro por que não é legal virar o Candyman em sentido nenhum, então a Helen não teria sentado em janelinha nenhuma, mesmo por que ela foi escolhida (e deixou-se escolher) por um homem negro e "transformada" (a verdade é que embora seja posto ao lado de Freddy Krueger ou Michael Myers, o primeiro Candyman tem um diálogo muito maior com Drácula. É uma história de atração e amores roubados por maldições).  Era uma dinâmica mais pessoal, pois como você mesmo disse, foi produzido por pessoas brancas, que mesmo tendo a ótima sacada de tornar o personagem negro (já que no conto, ele é branco e é inglês), não tinham o conhecimento teórico ou prático pra abordar isso de forma profunda.  Segundo por que não dá pra dizer que a Helen foi vítima de uma política de segurança enviesada como o Candyman original, e os vistos no novo filme. Ela foi encontrada cercada por corpos numa poça de sangue, e disse que tinha sido o cara que saiu de dentro do espelho. Não posso dizer que culpo o sistema por achar que ela era culpada.


 

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Acho que esse comentário pode se aplicar ao primeiro filme , pois bem ou mal, a Helen acaba virando o clichê da "branca salvadora", que se sacrifica pelos negros pra deter o mal, como se esses não fossem capazes de se defenderem sozinhos. É um ponto de vista válido. Mas não acho que se aplica a esse filme novo, pois a Helen não tem o mesmo tratamento dos outros Candymans aqui. A lenda dela não aponta a inocência dela, mas sim que ela era culpada dos assassinatos que o Candyman original cometeu, por que foi justamente uma forma que o povo de Cabrini Greene encontrou pra por um fim a lenda do Candyman naquele filme (mesmo que ao fim, ela mesma vive uma Candywoman), afinal, ela foi mais vítima do Candyman do que do sistema naquele filme.

SIm, mas a abordagem do segundo filme é olhando pro primeiro através dos olhos de um personagem do segundo (e personagem muito representado como parte da comunidade negra), ou seja, soa mais como a forma com que a história ficou conhecida (e se faz pertinente nos questionarmos se é a forma com que ficou conhecida pela comunidade negra), mais do que a história em si. 

E o Candyman no primeiro filme fala justamente do racismo não como uma relação direta inter pessoal causal entre negros e brancos e brancos e negros, mas como um estado de violência contra uma comuidade inteira em que, ocasionalmente, uma pessoa branca, que por ventura, possa vir a tentar (se beneficiar?) se aventurar ali possa vir a sofrer. 

Muito embora o primeiro filme fosse feito por um roteirista e diretor branco, o filme tem um claro recorte social, um claro denúncio das consequencias de uma sociedade de classe (racista) para as camadas mais baixas (em sua maioria negra).

É só ver que quando a branca universitária (que é desvalorizada pelos professores brancos homens - recorte de genero já presente no filme, ou seja, os idelaizadoes dessa obra tinham uma noção bem delineada da questão social e estava colocando isso no filme) foi a Cabrini Greene, lá era claramente uma área marginalizada, de pessoas com baixo poder aquisitivo e sem acesso a infra estruturas básicas, bastante vigiada pela polícia, e com fama de ser um local violênto.

O primeiro filme realmente não quis tratar da branca indo fazer uma tese de faculdade (utilizando corpos negros como escada?) como uma denúncia do fato das pessoas brancas (inevitavelmente) acabarem se beneficiando, enquanto buscam dar sustento as suas vidas nas profissões que escolheram, dessa estrutura e se valendo da condição de precariedade e marginalidade com que pessoas de baixa classe se encontram.

O primeiro filme não teve essa intenção, mas, por ser escrito por pessoas brancas, acabou que, inconscientemente, sendo um sintoma que foi muito bem abordado e jogado na cara pelo segundo filme (feito por uma pessoa integrante da comunidade negra e das suas vivências e estudos). O segundo filme, ao comentar o primeiro através do ponto de vista de um personagem negro do segundo filme, acaba denunciando o fato de que, "mais uma branca foi querer tratar pessoas negras como dados de sua tese para publicar livros e teses, mas quando foi se deparar com a realidade viu que o buraco era mais em baixo, e acabou fazendo parte" (seja como vítima, seja como a causadora, mesmo porque, o primeiro filme o Candyman também pode ser apenas um delírio de alguém que vivencia aquele estado de paranóia que fica suspenso no ar em um local com a fama de ser um local violento, vamos lá, todo mundo já passou por uma experiência mínima que seja de ir a uma rua que todo mundo diz que tem assalto, que é violenta, e fica com aquela sensação de que tá vendo um ladrão ou estuprador a cada esquina, e todo mundo sabe que quantos foram os casos de crimes que a sociedade culpou uma pessoa de cor de pele negra como a culpada quando a única certeza que se tem hoje é que ela não foi a realizadora do ato).

A maior força desse filme, e foi uma das forças que poucas vezes vi em um filme, quero dizer, nem nos filmes que procuram através das suas histórias explorar mais a condição de uma sociedade de castas racista, que foi o fato desse filme tratar essa condição não como uma relação causal inter pessoal entre uma classe e outra, ou entre pessoa membro de uma casta e outra, e nem (só, também, mas não só) como uma estrutura de poder que se beneficia e estimula essa sociedade estratificada, mas que trata essa condição como uma maldição mesmo, como um estado de coisas do qual as estruturas de poder se formaram e hoje atuam (e se beneficiam), e que reflete nas relações inter pessoais e inter-classes das mais variadas formas, até mesmo das formas aparentemente inversas do que seria esperado de uma relação de explorador-explorado.

6 hours ago, Questão said:

  Como metáfora até funciona, como narrativa nem tanto. Por que o racismo não é aleatório, ele é discriminante por natureza. Mas levando os dois filmes em conta (e ai é que tá, ao se colocar como sequência, este filme me obriga a levar o primeiro em conta também), qualquer um, independente de cor, idade, credo ou classe social, que cair na besteira de falar o nome da entidade no espelho cinco vezes vai pagar o penalti. E esse penalti pode vir até na forma de uma mulher branca.

 

 

Bicho, ai que se engana, o problema da gente ler o racismo só como uma questão inter-pessoal causal onde o branco gera sofrimento ao negro é errada, 

E eu vi esse filme novamente, e, como você apontou, no primeiro olhar, parece não fazer sentido a essa lógica da maldição do Candyman ser a maldição racista, quando ele corta o pulço do protagonista, chama a polícia, e inventa a história de que viu o assassino andando por ali. 

Mas, na verdade, a mensagem é clara, o racismo se apresenta também na condição de violência com que a população periférica se encontra, tendo que lutar entre si sobre a esperança de conseguir um lugar melhor ao sol. 
 

É a população negra a toda hora se vendo a passar por traumas que são rememórias do passado. 

E, quanto a narrativa do filme, para mim, colou muito bem, era uma pessoa que acreditava na lenda e que desejava po-la em prática, e o personagem principal estava "possuído" pelo espírito de Candyman. 

No fim, a mensagem não era exatamente para a lenda de Candyman caçar brancos, mas era para não deixar a lembrança da dor, a epigenética de tantos traumas, acabarem, mesmo porque, além da reparação que é preciso ser feita, esses traumas continuam existindo, bastando que se de motivos pros cães do estado fazerem o que sempre aprendeu a fazer. 

É um estado de "vibração" da sociedade que tem contra a população negra que paira eternamente no ar, dos quais as pessoas negras sentem, e, o máximo que o avanço fez foi inibir que esse estado se manifeste na matéria, precisando para tanto de uma justificativa qualquer que seja. 

Mas o estado está lá.

Em contrapartida, o trauma e a violência decorrente também continuam e continuarão presentes enquanto esse estado pairar no ar da nossa sociedade. 

Repito: A maior força desse filme, e foi uma das forças que poucas vezes vi em um filme, quero dizer, nem nos filmes que procuram através das suas histórias explorar mais a condição de uma sociedade de castas racista, que foi o fato desse filme tratar essa condição não como uma relação causal inter pessoal entre uma classe e outra, ou entre pessoa membro de uma casta e outra, e nem (só, também, mas não só) como uma estrutura de poder que se beneficia e estimula essa sociedade estratificada, mas que trata essa condição como uma maldição mesmo, como um estado de coisas do qual as estruturas de poder se formaram e hoje atuam (e se beneficiam), e que reflete nas relações inter pessoais e inter-classes das mais variadas formas, até mesmo das formas aparentemente inversas do que seria esperado de uma relação de explorador-explorado.

E, o final desse filme é claro, não se pode deixar esse "trauma epigenético" sessar enquanto esse estado de coisas continuar, pois, caso contrário, se não houver consequencias negativas, ele tende a se retroalimentar e se perpetuar como se naturalmente as coisas fossem como são. 

A questão é: Não é que a personagem do primeiro filme é uma oportunista escrota que está se beneficiando do fato de ser branca e tentando sentar na janelinha da maldição, mas é o fato de que não tem como ela deixar de ser branca em uma sociedade que nunca permite se tirar as pessoas de pele mais escura da condição de negro criada desde a fundação do país. 

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