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Forum Cinema em Cena

Cineclube em Cena


Nacka
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Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler) 

Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala) 

Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo) 

Página 28 = Silva (Amnésia 

Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

Página 39 = Engraxador (Peixe Grande)

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial)

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)

Página 51 = Rubysun (Pulp Fiction – Tempo de Violência)

Página 53 = Forasteiro (Dogville)

Página 54 = Dook (Cidadão Kane)

Página 55 = Vicking (A Lula e a Baleia)

Página 57 = Juliocf (Se7en – Os Sete Crimes Capitais)

Página 59 = Enxak (Embriagado de Amor)

Página 59 = Jailcante (Huckabees – A Vida é uma Comédia)

Página 60 = ltrhpsm (O Homem que não estava lá) 

Página 61 = silva (Crepúsculo dos Deuses)

Página 62 = Troy Atwood (Beleza Americana)

Página 63 = Noonan (Herói)

Página 68 = Alexei (Blow Up - Depois Daquele Beijo)

Página 70 = Fernando (Moulin Rouge - Amor em Vermelho)

Página 71 = Thico (Sonata de Outono)

Página 73 = Th@t@ Patty (A Casa de Areia e Névoa)

Página 74 = Garami (A Criança)

Página 75 = The Deadman (Touro Indomável)

Página 76 = J. de Silentio (O Novo Mundo)

Página 77 = Veras (Os Bons Companheiros)
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  • 2 weeks later...
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Vamos agitar isso aqui:

 

"Lembro-me de que quando fiz meu primeiro filme' date=' tive enormes problemas que me forçaram a filmar três planos de uma mesma cena com quase um ano de intervalo. Resultado: no início da cena, a atriz está com cabelos curtos, no plano seguinte, tem os cabelos mais compridos e no terceiro plano ela os tem longos. Vendo isso na montagem, disse a mim mesmo que os espectadores iriam chiar. Porque isso ia de encontro à mais importante das regras, que é a da 'continuidade'. Ora, ninguém nunca notou. Nunca.

 

Isso, para mim, foi uma grande lição. Provou-me que, ao final, ninguém se importa com os defeitos técnicos a partir do momento em que o filme conta algo de interessante e sob um ponto de vista verdadeiro. É por isso que o meu conselho para aqueles que querem fazer filmes é o de filmá-los, mesmo que não saibam como. Eles descobrirão as coisas ao fazê-las, que é o método mais vivo e mais orgânico que há. O todo, é claro, é ter algo a se dizer.

 

O problema da jovem geração em relação a isso é que eles cresceram numa cultura em que a imagem se tornou onipresente e onipotente. Eles se banham desde pequenos nos universos do clip e da propaganda, que não são universos pelos quais eu seja pessoalmente apaixonado, mas cuja riqueza visual é inegavel.

 

Assim, os cineastas iniciantes têm uma cultura e um domínio da imagem bem maiores que aqueles que se tinham há vinte anos. Mas justamente por isso, eles têm uma abordagem do cinema que privilegia a forma em relação ao fundo, e creio que, no final das contas, isso os prejudica". (ALMODÓVAR, Pedro: Grandes Diretores de Cinema. Org. Laurent Tirard. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006, p. 34/35, sem grifos no original).
[/quote']

 

Concordo e discordo. Que os diretores de hoje procuram mais a forma que o conteúdo é inegável, mas até que ponto isso é ruim? Pq os filmes do Michael Bay são ruins? Será que é pq 'não tem conteúdo'? Ou será que é pq a forma utilizada pelo diretor é canhestra e destrói qualquer tipo de envolvimento que o expectador possa ter?

 

Cinema é a arte da imagem e do som; é a expressão de sentimentos através de imagem e som e não de historinha. Kubrick é considerado o gênio que é justamente pq quer dizer algo através de imagens poderosíssimas. O foco de Kubrick está no seu domínio da linguagem visual, não da historinha que ele quer contar e o maior exemplo disso é aquele que é considerado seu melhor filme por muitos: 2001.

 

Vejamos o caso de Alien - O Oitavo Passageiro: qual a força do filme? Sua historinha manjada (alienígena trucida passageiros de uma nave) ou a forma com que Ridley conta essa historinha?

 

Concordo com Almodóvar que é necessário que o cineasta queira dizer alguma coisa com o seu filme. Aliás, digo que é IMPRESCINDÍVEL que isso ocorra. Porém suas palavras podem induzir o leitor incauto a erro, querendo dizer que a história (conteúdo) deve prevalecer em detrimento da forma, o que não poderia ser mais equivocado, principalmente vindo do Pedrão, cineasta que, pelo que vejo nos comentários aqui, é um cineasta extremamente visual...

 

Cumpre citar aqui o que George Lucas pensava sobre o assunto em 19777:

 

Acho que existe um mundo cinematográfico inteiro que nunca foi explorado. As pessoas se prenderam tanto ao filme com história - a literatura e o teatro têm uma influência tão forte sobre o cinema que ele se tornou o irmão mais fraco".

 

Um outro exemplo dessa busca pelo cinema enquanto experiência sensorial visual é o adoradíssimo Era Uma Vez no Oeste, filme que o Pedrão odeia com todas as suas forças tendo dito em uma entrevista à Folha de S. Paulo que os closes de Leone não lhe diziam absolutamente nada... O que dizer de um cara assim?
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Dook, a dicotomia que o Almodóvar estabeleceu em seu ponto de vista não é, como você mencionou, entre imagem e narrativa, mas sim entre preciosismo técnico e honestidade. Em seu depoimento, ele lembra que uma falha técnica de um dos seus filmes nunca foi sequer reparada pelos espectadores, mesmo muitos anos depois. As razões não ficaram explícitas: pode ser que a estória fosse realmente cativante - parece que essa é a sua interpretação do episódio -, ou que a imagem tivesse muita força mesmo com erros de continuidade, ou qualquer outra coisa que desviasse a atenção do público para a falha técnica.

 

Sobre o filme do Leone, o Almodóvar acha que os closes são artificiais e vazios. Ele afirma isso no livro que citei, inclusive. Me parece óbvio que são realmente artificiais, como são, aliás, muitos dos outros recursos da cinematografia (do contrário, todos os filmes seriam em point of view). Se incomoda ou agrada, varia de pessoa para pessoa, mas não creio que uma opinião como essa deva ser usada como demonstrativo de poucas ou muitas virtudes enquanto cineasta. Para mim, os filmes do Almodóvar funcionam muito bem mesmo que ele não lance mão de closes nos rostos dos personagens, por uma questão de princípios. Outros diretores o fazem, também por opção, bem ou mal.

 

Agora, você sabe que Alien é muito mais que isso e que grande parte de sua força está nos subtextos, que por sua vez fazem parte da narrativa, não é? Discutimos um bocado esse filme no tópico 19 Semanas de Horror.

 

P.S.: Fazia um tempão que eu não escrevia tanto assim aqui no Fórum. Hehe

 
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Lá vou eu me meter onde não devo, hauahuahua… E já vou avisando que vou repetir a palavra “história” um monte de vezes.<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

Bom, a minha visão é que a forma de contar uma história modifica a própria história. Não existe filme que traga uma história “pura”; o que vemos na tela é a visão do diretor (ou da equipe, que seja) a respeito dela, transmitida a nós através de imagens e sons (diálogos incluídos aí, embora não sejam imprescindíveis). Dessa maneira, considerando que a imagem e o som não só são o meio pelo qual a história chega ao espectador como também são elementos transformadores dela, na minha opinião a narrativa (que é exatamente a palavra que designa “a forma de contar a história”) é sim mais importante que a história em si.

 

O que exatamente eu quero dizer? Imaginemos que Kubrick fosse dirigir Dogville, usando o mesmo roteiro que o Lars von Trier usou e sem ter visto a versão deste, para evitar influências. Creio que todos concordam que teríamos um filme radicalmente diferente, tanto na forma quanto no conteúdo, pois a forma modifica o conteúdo. Será que os dois filmes suportariam interpretações idênticas? Creio que não.

 

Isso não significa que eu sou a favor de que se mande o conteúdo às favas, ou que eu ache que o conteúdo pode ser qualquer porcaria se a forma for boa (embora, sim, uma narrativa muito boa possa transformar para melhor uma história ruim, medíocre, etc.). Apenas quero dizer que há filmes em que a forma é tão, mas tão importante, que ela acaba se tornando parte do conteúdo, recebendo por isso ênfase total. 2001 é um bom exemplo disso, na minha opinião. A narrativa usada por Kubrick — baseada essencialmente em sentimentos/intuição e não na razão (como já foi dito várias vezes, é um filme para ser absorvido, não entendido) — interfere no conteúdo e o modifica de maneira tão drástica que o filme não faria o menor sentido sem ela.

 

Outro exemplo é Herói (que suscitou uma discussão parecida há algum tempo, porém com um desenrolar meio infeliz): Yimou poderia ter ido direto ao ponto e mostrado apenas a versão final da história, sem os dois flashbacks “falsos” que ocupam a primeira metade do filme. Ignorando aspectos como a duração do filme, pergunto: seria a mesma coisa? Ou ainda, caso o diretor tivesse optado por manter as duas primeiras versões, mas sem a identificação visual… quem gosta do filme pode dar certeza de que gostaria tanto quanto agora?

 

Será que Dogville seria a mesma coisa caso tivesse cenários? O filme do Von Trier é um caso interessante, a propósito. A forma modifica o conteúdo de maneira bem radical (a ausência de cenários, fator que não pode de maneira nenhuma ser desconsiderado numa análise do filme, é um elemento da narrativa, e não da história), mas ao mesmo tempo o diretor se esforça por diminuir a influência dela em outros aspectos. Se se escrevesse um livro a partir do filme, muitas idéias seriam preservadas, embora as idéias despertadas pelo elemento quase minimalista da inexistência de cenários fossem se perder. Já no caso de 2001, é só ler o livro de Arthur Clarke para ver que as diferenças em relação ao filme vão muito além do planeta-destino da viagem. Não estou falando de fidelidade aqui, não é isso; é apenas mais uma mostra de como a forma (determinada pelo autor) modifica o conteúdo, uma vez que Clarke e Kubrick partiram da mesma idéia principal.

 

Talvez tudo o que escrevi não tenha ficado claro; relendo, acho que não ficou mesmo. Enfim, o que estou dizendo é que não se deve nunca tentar encaixar filmes num modelo preestabelecido que dita que todo filme deve necessariamente contar uma história e que essa história é o elemento principal; “o filme é visualmente estonteante, uma experiência sensorial mesmo, mas a história é simplória, então ele é ruim”. Isso é algo que se deve evitar.

 

(Um pensamento final relacionado e ao mesmo tempo não relacionado com o assunto: e isso que estamos falando de filmes que trazem uma história, o que não é de maneira alguma obrigatório. Há uma visão bastante difundida de que, se não conta uma história, não é filme; como ficam obras como Um Cão Andaluz nessa?)

Noonan2007-07-23 19:30:08
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Dook' date=' a dicotomia que o Almodóvar estabeleceu em seu ponto de vista não é, como você mencionou, entre imagem e narrativa, mas sim entre preciosismo técnico e honestidade. Em seu depoimento, ele lembra que uma falha técnica de um dos seus filmes nunca foi sequer reparada pelos espectadores, mesmo muitos anos depois. As razões não ficaram explícitas: pode ser que a estória fosse realmente cativante - parece que essa é a sua interpretação do episódio -, ou que a imagem tivesse muita força mesmo com erros de continuidade, ou qualquer outra coisa que desviasse a atenção do público para a falha técnica. [/quote']

 

Well... eu nunca quis aferir que a dicotomia que ele estabeleceu era entre imagem e narrativa, mas sim entre imagem e HISTÓRIA... História e narrativa não são sinônimos, IMO.

 

Sobre o filme do Leone' date=' o Almodóvar acha que os closes são artificiais e vazios. Ele afirma isso no livro que citei, inclusive.[/quote']

 

Pois é... um cara sensível como ele não captou o que Leone quer dizer com seus closes? Se fosse um Michael Bay dizendo isso eu até entenderia...

 

 

 Me parece óbvio que são realmente artificiais' date=' como são, aliás, muitos dos outros recursos da cinematografia (do contrário, todos os filmes seriam em point of view).[/quote']

 

Não entendi... como assim 'é óbvio que são realmente artificiais'? Um close no rosto é um artifício cinematográfico utilizado, no caso, por Leone para te passar alguma coisa. Ele não está ali à toa... Imagino que o mesmo se aplique aos recursos visuais de Almodóvar...

 

Se incomoda ou agrada' date=' varia de pessoa para pessoa, mas não creio que uma opinião como essa deva ser usada como demonstrativo de poucas ou muitas virtudes enquanto cineasta. Para mim, os filmes do Almodóvar funcionam muito bem mesmo que ele não lance mão de closes nos rostos dos personagens, por uma questão de princípios. Outros diretores o fazem, também por opção, bem ou mal.[/quote']

 

O cara não precisa fazer close nos atores para tornar o seu filme bom... Apenas acho um anacronismo um cara que retrata situações das relações humanas de forma tão sensível dizer que os closes de Leone não lhe dizem nada...

 

Agora' date=' você sabe que Alien é muito mais que isso e que grande parte de sua força está nos subtextos, que por sua vez fazem parte da narrativa, não é? Discutimos um bocado esse filme no tópico 19 Semanas de Horror.[/quote']

 

Os subtextos seriam melhor absorvidos se o filme tivesse sido dirigido pelo Dan O'Bannon que empregaria um tom visual excessivamente B ao seu roteiro? Again, narrativa não é história em minha modestíssima opinião. Ridley pegou uma história manjada e a transformou em uma obra de arte do medo.
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Esse negócio de picotar posts dá muito trabalho, além de não ficar bonito. Os números se referem aos parágrafos.

 

1. Mais uma vez: a comparação que o Almodóvar faz é entre preciosismo técnico e honestidade, e não entre imagem e estória. Não vejo como essa última distinção ser feita, já que o cinema enquanto linguagem se expressa por meio de imagens (ele é a imagem, planificada e posteriormente editada; outros elementos, como o som e o desenho de produção, podem até ser importantíssimos, mas não imprescindíveis). Se você está comparando o argumento ou, melhor ainda, o enredo de um filme com sua decupagem, esta última geralmente tem maior importância para o produto final, embora não ache que essa regra seja absoluta.

 

2. Creio que ele captou o que o Leone quis dizer, porém não aprovou. É um direito dele enquanto cineasta e, mais importante, enquanto espectador.

 

3. Como você mesmo disse, o close é um artifício cinematográfico, como também são os planos, os travellings etc. O que eu fiz, na verdade, foi uma pequena piada com as palavras que o Almodóvar utilizou, já que o método da cinematografia é, todo ele, uma artificialidade. Interpretando suas palavras, talvez ele entenda que esses closes são falsos, manipulativos. Mas isso é apenas uma inferência.

 

4. Eu não disse que os closes nos atores tornam um filme bom ou ruim, mas sim que o Almodóvar não gosta e não usa. Considero excepcional o visual dos seus trabalhos, independentemente de closes ou de travellings (que ele também não gosta muito), e acho que ele pode fazer filmes esbanjando sensibilidade mesmo que não concorde com os closes do Leone. Não vejo paradoxo nisso e, ainda que houvesse algum, não seria empecilho. Nunca vi um Almodóvar que não tivesse um toque de perspicácia, de genialidade, sobre as pessoas e a maneira como elas se relacionam.

 

5. Quem sabe? Eu estava falando de outra coisa, na verdade. O argumento de Alien é muito mais complexo do que o fato de haver um monstro à solta em uma nave espacial devorando pessoas, já que o maior inimigo da tripulação é seus colegas humanos que, manipulando a situação de maneira remota, desviam a rota do cargueiro e programam um robô para garantir que o alienígena assassino seja trazido a bordo. O confronto desse desprezo pelas vidas de semelhantes com o altruísmo de Ripley, por sua vez, é outra dimensão importante do argumento. Note que esses e vários outros elementos - que já foram discutidos no tópico que mencionei - fazem parte do enredo do filme. Por isso é que discordei da simplificação que você fez da estória.
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Não sabia que o Almodóvar não havia gostado de Era Uma Vez no Oeste! E o mais curioso é que considero Almodóvar e Leone os meus cineastas favoritos. E eles são tão diferentes.

 

Mesmo adorando Era Uma Vez no Oeste, não consido discordar de Almodóvar em nada. Estou numa dúvida agora.17
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  • 3 weeks later...
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Resgatando o tópico e começando a aquecê-lo para a terceira temporada, que trará de volta a qualidade argumentativa do Fórum CeC, de uma maneira geral, afinal, estou cansado - e até me entregando a - dos floods excessivos da seção Filmes Em Geral, verdadeiras reproduções de bate-papos, hehe. Pois sim, ontem eu vi Blow Up: Depois Daquele Beijo e entra para a galeria das obras-primas inegáveis (ainda que eu queira entender a desestimulante média de 7.5 no IMDb, que tem uns tropeços bárbaros, de vez em quando) e li a resenha alexeiana.

 

Como bem comentou o Forasteiro, o estilo do Alexei é exatamente o contrário ao do gaúcho, mas, vocês sabem disso, são os meus dois autores favoritos, amplamente falando, do pouco que leio do Fórum. E, realmente, apesar de breve, o texto não deixa passar batido aspecto algum da obra, pelo menos não que, da minha parte, eu tenha notado, e combina com a própria escolha de Antonioni: cada um que vá na sua fé (aliás, nunca vi uma sinopse tão bem elaborada como a do DVD deste aqui e que impulsiona a ver o filme imediatamente). A analogia com o próprio Antonioni e às artes é profunda e perfeitamente contextualizada dentro de poucas linhas, deixando, para alguém como eu - que só tinha visto, e desgostado de, Profissão: Repórter - um interesse repentino pela carreira do italiano (e, infelizmente, é preciso admitir, em "virtude" de seu falecimento). Por sinal, o Cineclube, parece que prevendo a desfeita d'Ele para com o cinema, trouxe-nos resenhas de um filme do Bergman e outro do Antonioni... Voltando até Blow Up e o próprio Profissão: Repórter, li o Troy dizendo que o primeiro foi um dos mais lentos filmes que ele já viu. Pois bem, inversamente ao ocorrido no filme com o Jack Nicholson, achei que, aqui, a leveza com que Antonioni carrega o filme deixa o seu sentimento mais transparente, causando um certo impacto àquele que se deixa levar - e quem não se deixa? - pela câmera de Tomas (ou de Antonioni, como preferirem). Outra coisa que me chamou a atenção foi o retrato de Londres, que eu tinha em mente como super-conturbada e agitada, mostrando a frieza, a robotização e a certa solidão dos habitantes. Por sinal, o cenário que o diretor de arte usa na cena em que a banda toca lembra-me dos recantos funestos da gangue de Alex you-know-who. E, nesta marola, o Thomas já é dos meus personangens favoritos ever do cinema.
ltrhpsm2007-08-09 21:39:32
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No meio de Blow Up eu comecei a reparar mais no Thomas, porque achei ele incrívelmente parecedido com o Alex, realy. Não só pela aparência mas no jeito de falar mesmo, mas isso é só uma observação inútil.

 

Blow Up pra mim foi isso mesmo. Um filme MUITO, muito lento, que se eu tivesse visto em outro momento, poderia ter sido fatal, mas hoje graças a Deus eu estou mais bem preparado pra esse tipo de filme. Tanto é que a lentidão com que Antonioni vai levando o filme pra mim é um ponto muito positivo da história. O coração vai à mil, os pelinhos das costas arrepiam quando eu vejo a cena que eu decupei pra participar d'O Cinéfilo - aquela em que as fotografias vão passando à nossa frente, com silêncio total, exceto pelo som de vento. Essa cena é muito importante pra mim também por não fazer pouco de quem tá assistindo. As fotografias vão sendo expostas à nós, e ficamos a cargo de tentar ver o que é que 'tá pegando' com o Thomas e aquelas fotos. Um filme muito foda. E tipo, eu nem vou puxar saco do Alexei aqui porque nem precisa. Terminei de ver o filme e na hora corri pra resenha dele. 10

 

 

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Já que colocaram comentários de Pedro Almodóvar a Sergio Leone, que acham da relação Bergman - Antonioni comentada no seguinte parágrafo da Wikipédia - olha o ídolo do Plutão aí, gente - ?

 

O diretor Ingmar Bergman uma vez disse que admirava alguns dos filmes do Antonioni por serem desinteressados e algumas vezes visionários. Os seus filmes tendem a ter muito poucos planos e diálogos, e muito do tempo é gasto em longas e lentas sequências, como uma sequência contínua de dez minutos em The Passenger, ou muitas cenas em La notte que mostram uma mulher simplesmente vagando silenciosamente pela cidade a observar outras pessoas. Apesar dos seus filmes serem repletos de beleza visual, e de terem uma captação perfeita da alienação dos personagens, o estilo com pouco movimento, e de ritmo lento, entedia certas pessoas.
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Valeu pelos elogios, Troy e ltr. Acabei relendo a resenha de Blowup e também aquele comentário final, onde eu afirmava que o Antonioni era um dos melhores cineastas ainda vivos. Deu tristeza.

 

Sobre o comentário do Bergman, nunca acho os filmes do Antonioni desinteressados. Não seria problema algum que alguns fossem, mas eu os considero bem ambiciosos, na verdade. Visionários? Sim, sempre.
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Já que colocaram comentários de Pedro Almodóvar a Sergio Leone' date=' que acham da relação Bergman - Antonioni comentada no seguinte parágrafo da Wikipédia - olha o ídolo do Plutão aí, gente - ?

 

O diretor Ingmar Bergman uma vez disse que admirava alguns dos filmes do Antonioni por serem desinteressados e algumas vezes visionários. Os seus filmes tendem a ter muito poucos planos e diálogos, e muito do tempo é gasto em longas e lentas sequências, como uma sequência contínua de dez minutos em The Passenger, ou muitas cenas em La notte que mostram uma mulher simplesmente vagando silenciosamente pela cidade a observar outras pessoas. Apesar dos seus filmes serem repletos de beleza visual, e de terem uma captação perfeita da alienação dos personagens, o estilo com pouco movimento, e de ritmo lento, entedia certas pessoas.
[/quote']

 

Interessante... ele disse que admirava os filmes do Antonioni por serem desinteressados (e não desinteressantes).

 

É diferente do Almodóvar dizer que Era Uma Vez no Oeste não lhe diz nada...

 

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Esse negócio de picotar posts dá muito trabalho' date=' além de não ficar bonito. Os números se referem aos parágrafos.

 

1. Mais uma vez: a comparação que o Almodóvar faz é entre preciosismo técnico e honestidade, e não entre imagem e estória. Não vejo como essa última distinção ser feita, já que o cinema enquanto linguagem se expressa por meio de imagens (ele é a imagem, planificada e posteriormente editada; outros elementos, como o som e o desenho de produção, podem até ser importantíssimos, mas não imprescindíveis). Se você está comparando o argumento ou, melhor ainda, o enredo de um filme com sua decupagem, esta última geralmente tem maior importância para o produto final, embora não ache que essa regra seja absoluta.[/quote']

 

Eu entendi a comparação dele, Alex... Eu só complementei a questão adicionando a disputa 'imagem x história' a qual nosso amigo Almodóvar abordou ao final de suas colocações de forma bem sutil.

 

E a distinção pode sim ser feita do seguinte modo: quem te conta a história? A imagem ou os diálogos? Em se tratando de cinema deve ser SEMPRE a imagem só que isso não acontece com a frequência que deveria. Pequemos o exemplo de A Dama na Água, onde o Pablo mencionou que um dos maiores problemas do filme é a superexposição de elementos da trama através de diálogos (linguagem literária), fazendo da imagem um mero suporte do conjunto. E concordo com ele. Só para efeito de comparação, peguemos A Vila, outra obra de Shyamalan e o seu final. O final é explicado por imagens e não por diálogos. Se vc não presta atenção nas imagens, vc bóia legal. A história jamais pode ser o suporte principal do filme. Do contrário vc fará do cinema um primo menor da literatura. Infelizmente é nesse contexto que a maioria das pessoas assiste a um filme: a de uma historinha com imagens.

 

2. Creio que ele captou o que o Leone quis dizer' date=' porém não aprovou. É um direito dele enquanto cineasta e, mais importante, enquanto espectador.[/quote']

 

Digamos que sim (não me parece, mas admito a possibilidade). Ele pode achar o que quiser, afinal, é um direito dele como vc bem colocou. Mas também estou no meu direito de achar que ele pirou na batatinha quando disse isso...

 

03

 

3. Como você mesmo disse' date=' o close é um artifício cinematográfico, como também são os planos, os travellings etc. O que eu fiz, na verdade, foi uma pequena piada com as palavras que o Almodóvar utilizou, já que o método da cinematografia é, todo ele, uma artificialidade. Interpretando suas palavras, talvez ele entenda que esses closes são falsos, manipulativos. Mas isso é apenas uma inferência.[/quote']

 

Entendi. E, como acima, ele está no direito de entender que os closes sejam manipulativos... E eu, tenho o direito de achá-lo um babaca por pensar de forma tão simplista.

 

4. Eu não disse que os closes nos atores tornam um filme bom ou ruim' date=' mas sim que o Almodóvar não gosta e não usa. Considero excepcional o visual dos seus trabalhos, independentemente de closes ou de travellings (que ele também não gosta muito), e acho que ele pode fazer filmes esbanjando sensibilidade mesmo que não concorde com os closes do Leone. Não vejo paradoxo nisso e, ainda que houvesse algum, não seria empecilho. Nunca vi um Almodóvar que não tivesse um toque de perspicácia, de genialidade, sobre as pessoas e a maneira como elas se relacionam.[/quote']

 

Aqui fico em desvantagem pois ainda não vi nenhum Almodóvar, pois nunca me senti atraído por sua filmografia - e depois dele ter afirmado publicamente que não gosta de um de meus filmes preferidos de todos os tempos ficarei distante dele ainda por um bom tempo...

 

5. Quem sabe? Eu estava falando de outra coisa' date=' na verdade. O argumento de Alien é muito mais complexo do que o fato de haver um monstro à solta em uma nave espacial devorando pessoas, já que o maior inimigo da tripulação é seus colegas humanos que, manipulando a situação de maneira remota, desviam a rota do cargueiro e programam um robô para garantir que o alienígena assassino seja trazido a bordo. O confronto desse desprezo pelas vidas de semelhantes com o altruísmo de Ripley, por sua vez, é outra dimensão importante do argumento. Note que esses e vários outros elementos - que já foram discutidos no tópico que mencionei - fazem parte do enredo do filme. Por isso é que discordei da simplificação que você fez da estória.
[/quote']

 

Pois é... mas como vc pode afirmar que esses aspectos estavam embutidos no roteiro/argumento do filme e não foram "pincelados" depois por Scott, já no ato da decupagem / filmagem?

 

Vc olha para o Dan O'Bannon (roteirista), vê o cara dando entrevistas onde ele afirma categoricamente que o filme final é o roteiro dele depois de um acidente de carro e pensa: a quem deve ser creditada a genialidade de Alien? De um cara que queria fazer um filme nitidamente B e escreveu um roteiro nesses termos? Ou de um diretor que viu naquele argumento incrivelmente simples a oportunidade única de fazer um estudo interessante sobre a condição humana?
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quem te conta a história? A imagem ou os diálogos? Em se tratando de cinema deve ser SEMPRE a imagem só que isso não acontece com a frequência que deveria.

 

 

Eu não veria isso como regra (considerando a ênfase no "sempre"), assim como não repreenderia Annie Hall ou Lavoura Arcaica.
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Eu não veria isso como regra (considerando a ênfase no "sempre")' date=' assim como não repreenderia Annie Hall ou Lavoura Arcaica.
[/quote']

 

 

Pra mim é uma questão de bom senso...acho que uma das piores coisas que vc pode fazer para a arte de qualquer tipo é impor regras. E não existe forma melhor de justificar isso do que olhar para a própria história... No caso do cinema, Hitchcock e Kubrick provam que o roteiro não é essencial. Assim como Woody Allen (muito bem lembrado pelo forasteiro), um diretor bem menos "visual", tem filmes brilhantes em sua carreira que se sustentam de bons diálogos e atuações.

Logo, vc preferir um modo de se fazer filmes sobre outro é pura opinião e subjetividade. Um silogismo bem simples.

 

Quanto a entrevista do Almodóvar, acho tb uma questão de opinião, a qual ele tem o direito de ter. Vou citar um filme que eu considero muito bom, e que segue a tendência moderna que ele citou, que é Corra Lola Corra. A aproximação do filme com o videoclipe é inegável, mas será que isto torna ele um filme ruim, apenas por ser vazio no quesito "ter algo a dizer"?
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Eu não veria isso como regra (considerando a ênfase no "sempre")' date=' assim como não repreenderia Annie Hall ou Lavoura Arcaica.
[/quote']

 

Primeiro que eu não coloquei a questão num contexto de 'regra', mas sim, como o Vicking colocou, de mero bom senso (embora no meu entender, o bom senso aqui se aplica de forma diversa). Se é uma arte que se perfaz pela imagem, não posso colocar sua força total no aspecto literário da obra. É questão de adequação. Se quero exposição excessiva através de palavras, escrevo um livro.

 

Entretanto, colocando a questão sobre o prisma da 'regra', toda regra tem a sua exceção... Dogville, por exemplo, é um filme que se perfaz tanto pelas imagens (ausência de cenários entre outros goodies), como também pelos diálogos (a narração magistral do John Hurt, por ex.). Entretanto isso deve ser encarado como EXCEÇÃO, nada mais, bem como os filmes do Allen, Wylder, etc.
Dook2007-08-11 20:03:16
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Pra mim é uma questão de bom senso...acho que uma das piores coisas que vc pode fazer para a arte de qualquer tipo é impor regras. E não existe forma melhor de justificar isso do que olhar para a própria história... No caso do cinema' date=' Hitchcock e Kubrick provam que o roteiro não é essencial. Assim como Woody Allen (muito bem lembrado pelo forasteiro), um diretor bem menos "visual", tem filmes brilhantes em sua carreira que se sustentam de bons diálogos e atuações.

Logo, vc preferir um modo de se fazer filmes sobre outro é pura opinião e subjetividade. Um silogismo bem simples.[/quote']

 

Só um adendo aqui sobre o trecho em negrito: acredito que a atuação esteja inserido no aspecto da imagem. Os olhares, os gestos, as ações dos personagens são intrumentos visuais, IMO.
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