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Cineclube em Cena


Nacka
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Como é bom reler as poesias de Rimbaud. Simbolismo é um dos meus movimentos literários favoritos. É fascinante!

E Fe, seu texto está tão belo quanto as poesias do jovem. Muito bem redigido e muito interessante este seu ponto de vista sobre a obra cinematográfica. Abordagem bastante intuitiva e diferenciada.

Eu gosto bastante do filme e também acho que a construção do personagem que o Di Caprio realiza é muito boa. Um dos destaques. David Thewlis também faz uma composição bastante convincente.

Enfim. Um texto imperdível para um filme que também se adequa ao adjetivo. Parabéns. Muito bom mesmo. 03

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Eu acho que eu cometi um erro grave. Assisti a esse filme nova demais. Eu tinha 10 anos. Definitivamente, esse filme não é bem entendido por uma mente de uma criança. Então as imagens das quais eu tenho lembrança desse filme são péssimas.

Mas, lendo sobre ele hoje em dia acredito que este seja um ótimo filme. Ainda mais pelas belas palavras do FeCamargo. 01

Tenhoque conferir agora depois de velha. rs

 

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Com um pedido de desculpas pelo atraso o Cineclube publica a segunda parte da trilogia do Kielowski, a resenha foi feita pelo Lthrspm:

 

A Igualdade é Branca - Krzysztof Kieslowski (por Lthrspm) 

 

 

 

igualdade-e-branca-poster01.jpg

Filme: A Igualdade É Branca [Trouis Couleurs: Blanc], de Krzysztof Kieslowski - 1994.

Sinopse:
Após se divorciar na França da mulher que ama, um polonês volta ao seu país de origem, disposto a ganhar muito dinheiro para poder se vingar da mulher da sua vida. (Fonte: AdoroCinema).

Trois_couleurs__Blanc_1993_Trzy_kolory_Bialy_3.jpg

O Que Eu Acho
“Enquanto houver a incompreensão, homens e mulheres viverão a desigualdade”. Krzysztof Kieslowski traçou em sua trilogia das cores as indagações sobre a atual situação dos lemas da Revolução Francesa, num estudo humanamente intimista. Apesar de uma centralização de um certo tema a cada filme – como reproduzem os títulos brasileiros –, é perceptível uma certa “dança” dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade pelos três filmes. A Igualdade É Branca centraliza-se na desigualdade do relacionamento entre Dominique (Julie Delpy, encantadora) e Karol Karol (Zbigniew Zamachowski), porém, assim como essa relação de (des)igualdade pode ser observada em outros panoramas – o foco dos parágrafos seguintes – também há uma ligação perpendicular à liberdade, principalmente, e uma certa valorização da fraternidade para construção geral dos argumentos.

O polonês Kieslowski também se permite observar a desigualdade social e as diferenças sofridas pelo imigrante polonês na França (a cena do julgamento), e vice-versa (quando Dominique é interrogada), talvez. Não tendo encontrado a felicidade no casório na França, Karol por lá fica pobre e precisa pedir esmolas tocando uma música polaca no metrô. Seus diplomas não têm mais serventia e é a ajuda de Mikolaj, outro polonês, que o faz voltar ao país de origem. Contrastando o pobre e o rico, seja pelos países (Karol encontra sucesso na, teoricamente, mais frágil economicante Polônica – por causa da antiga relação socialista, e a rixa com os russos é comentada de maneira humorística – apesar do fracasso na potência França), seja pela amizade que se estabelece, Kieslowski encontra na fraternidade entre a dupla de amigos uma causa para a igualdade de suas vidas, compartilhada na empresa e pelas vezes em que um salvou o outro.

igualdade-e-branca04.jpg

Por mais que tenha se reerguido fincanceiramente, o psicológico de Karol Karol ainda não é forte o suficiente para que ele obtenha a igualdade desejada com a ex-esposa, a quem tanto ama e amou. Após mais uma tentativa fracassada de reencontrar Dominique – já rico –, ele planeja uma vingança, provavelmente na busca da liberdade que não obtivera até então (a estátua é o elemento metafórico dessa dependência aprisionada de Karol à ex-mulher). Com a frase que se encontra na contra-capa do DVD e com a qual abri este texto, é interpretável a troca ambígua de olhares do casal, no começo e no fim. Enquanto o “adeusinho” de Dominique é uma das justificativas dela para que se separem (o marido seria incapaz de entendê-la); a consumação pós-casamento de Karol, a suposta volta para a mulher, é a armadilha triunfal para a sua vingança, pois, ainda inconsciente pela seqüência de acontecimentos – tal qual o marido anteriormente –, Dominique não compreende o arquitetado por Karol e cede a seu plano. Kieslowski fecha seu filme com uma nova troca de olhares, mas, dessa vez, sem palavras e à distância, os dois parecem ter se entendido. Havia amor de ambas as partes? Não há respostas simples na alma humana e o que realmente importa é que a igualdade, ao final, não foi o fato de um ter acabado (por mais que parcial ou totalmente) com a vida do outro; mas sim que houve uma correspondência entre os dois. Se a liberdade fora impedida ali, no comecinho, quando a personagem do filme anterior é impedida de entrar na sala, não se sabe.

Quanto à utilização da fotografia, o filme é o mais restrito dessa trilogia, por o branco ser mais natural e aparecer livremente; bem como é a soma de todas as cores, logo, uma estridência maior seria forçar o olhar íntimo, que Kieslowski já aborda em closes. A Igualdade É Branca é, para mim, o menos bom da trilogia, sofrendo com o tal “mal” de segundas partes de trilogias, porque não consegue mesclar tão bem a tentativa cômica de Kieslowski, e deixa detalhes serem revelados para, futuramente, serem esquecidos infortuitamente (a sua família principalmente). Mesmo assim, a síntese reproduzida em busca dos ideais arranjados em 1789 faz de Blanc um manifesto importantíssimo para a história, cinematográfica e social.

igualdade-e-branca02.jpg

Preste Atenção:
Nos pólos do filme: o começo, seguindo a mala, e a infelicidade de Karol Karol para satisfação de Dominique, enquanto passa a personagem de Juliette Binoche no tribunal, num tribunal; e o final, já numa prisão, e as lágrimas de Karol Karol.

Por Quê Não Perder: Não obstante participar de uma das melhores e mais importantes trilogias do cinema, A Igualdade É Branca é uma prova de que o cinema fora de Hollywood é super influente e, acima de tudo, simples em sua mensagem, que, por outro lado, é ramificável seguindo o próprio existencial de cada um. Além de ser concebido por um gênio.

O Que Já Se Disse:
“(...) é possível que a intenção real seja justamente fazer com que os filmes possam funcionar como janelas para reflexões sobre o lugar do homem no mundo, no tempo e na história. E isso é algo que, às vezes, nem mesmo o melhor cinema consegue fazer.” (Fonte: Rodrigo Carreiro, Cine Repórter).

Dados do DVD:
Mantém a qualidade descrita na resenha sobre A Liberdade, com os extras: A Lição de Cinema de Kieslowski (o diretor analisa a cena primeira, a cada detalhe), Making Of, Entrevistas, Apresentação de Andrea França, Trailer de Cinema, Vida e Obra de Kieslowski (segue o padrão da Versátil).

 

 

 

 

 

 
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Ainda não vi Psicose II nem revi A Missão, por isso vou ficar devendo ao Dook e ao Jail. O filme da Agnieska Holland eu vi só um pedaço, mas li a resenha ainda assim e gostei bastante, embora ache que a pontuação possa melhorar em algumas passagens (mas esse é um aspecto de menor importância). A escolha da fonte foi uma ótima sacada. Parabéns, Fe!

 

A do ltr está excelente. Curta como eu gosto, com boa capacidade de síntese (o filme todo está aí) e ótimo uso das palavras. Como ele, também acho que essa parte do meio da trilogia é a mais fraca, mas Igualdade não deixa de ser bem interessante, apesar de irregular. Parabéns, garoto!
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Ventos diferentes sopram no Cineclube em Cena, esta semana temos um filme derivado de uma série de tv. E para aqueles que torcem o nariz para essa cada vez mais efervescente modalidade, o texto do Cavalca é bem humorado o suficiente para nos fazer pelo menos pensar melhor antes de dizer que séries não são cinema.

 

Battlestar Galactica - Michael Rymer (por Cavalca)

 

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FILME: Battlestar Galactica - Astronave de Combate (Battlestar Galactica) de Michael Rymer (2003)

SINOPSE: Quarenta anos depois da guerra contra os Cylons, os inimigos mais perigosos da humanidade voltaram buscando vingança. Em um repentino e devastador ataque nuclear, os robôs Cylons (que agora tem a forma humanóide) eliminam bilhões de pessoas. O Comandante William Adama (Edward James Olmos), o militar sobrevivente de maior patente, reativa a Astronave de Combate Galactica para encarar, mais uma vez, o maior nêmesis da humanidade. O filme serve como piloto para a série homônima. (www.cdpoint .com.br - traduzido)

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O QUE EU ACHO: Peraê. Esse não é um espaço pra se falar de filmes? É, oras. Battlestar Galactica é cinema. Assim como Lost, Dexter e The West Wing também são. Explico: tivemos um processo de profissionalização poderoso nas emissoras de TV norte-americanas (poderíamos falar das ingleses, ou de alguns outros exemplos, mas não vamos complicar). Toda a parte técnica, além de roteiro, direção, e atuações que imaginamos como um padrão de excelência, geralmente ligado à tela grande aterrizou já faz algum tempo nas televisões. E essa simbiose fica ainda mais evidente em BSG, pois apesar de ter sido exibida como uma minissérie nos dias 8 e 9 de dezembro de 2003, ela foi editada como um único filme de 182 minutos de duração para o lançamento em DVD.

 

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Pra quem não sabe, houve uma primeira versão de Battlestar Galactica, série que durou uma temporada. Isso foi no começo dos anos 80. Claro que estamos falando de uma inocente série de aventura (que pegou carona no sucesso de Star Wars, claro) que se utilizou de um sem número de esteriótipos como por exemplo o filho exemplar que tem orgulho de seu pai e o vilão que de tão malvado chega a ter a voz grave. Mas o idealizador, Ronald D. Moore praticamente só manteve o nome da programa e dos personagens principais nesse remake.

Cinematograficamente falando, pode-se dizer que Moore é até mesmo co-diretor do projeto. Até mesmo a concepção visual foi idéia dele (câmera-na-mão-estilo-documentário - não é a reinvenção da roda, mas é extremamente bem aplicado). Essa teoria não é absurda, visto que o diretor Michael Rymer, apesar de já ter dirigido alguns filmes, nunca entregou nada de relevante. Seu trabalho menos desconhecido é um tal de A Rainha dos Condenados (não vi e não gostei).

O telefilme foge quase que completamente dos clichês do sci-fi. O bem e o mal não são entidades bem definidas (os cylons frequentemete dizem que o Armagedon causado por eles serviu para purificar a humanidade). Aliás, os robôs foram criados pelos próprios homens, mas se rebelaram contra eles na primeira guerra entre as duas espécies (?), ocorrida 40 anos antes. E para confundir ainda mais as coisas, algumas das ‘torradeiras’ agora tem a forma humana. O paralelo entre as atitudes de ambos os lados são frequentemente mostrados. A conclusão óbvia é que a raça humana está longe de ser flor que se cheire.

6-gaius.jpg

 

Os personagens, mesmo os de postura mais heróica como Adama e Starbuck, tem diversas falhas. Culpa, ressentimento, saudade, complexo de auto-destruição são apenas alguns dos sentimentos que os personagens sentem nas pouco mais de três horas do filme. Muitas das situações apresentadas aqui e na série subsequente são metáforas claras de situações que acontecem no mundo real. Diversas discussões acerca de religião, filosofia e política são abordadas.

Isso coloca Battlestar Galactica em um confortável patamar acima de outros exemplares do gênero como Star Wars, que, com poucas exceções (Império Contra-Ataca, Vingança dos Sith) não é muito mais do que uma agradável diversão com um razoável drama familiar (ok, talvez seja um mais que isso, mas estou tentando vender o meu peixe aqui), a despeito de toda sua importância e influência na ficção científica.

Sabe aquele tecnicismo chato que volta e meia vemos na ficção científica? Algo como "Pegue o canhão sônico para destruir o fusível opositor e eliminar o campo de força iônico dos inimigos" que encontraríamos normalmente em exemplares do gênero aqui é substituído por um "MORRA, TORRADEIRA, MORRA!". Mais direto, impossível.

Toda a parte visual do filme é excepcional, ainda mais considerando que o orçamento do bebê aqui não deve ter sido maior que 5 milhões de dólares. Todas as cenas de batalha são belamente orquestradas e toda a física espacial criada por filmes como 2001 - Uma Odisséia no Espaço é respeitada (ok, nós ouvimos as explosões espaciais, mas pô, até o George Lucas cometeu esse pecado). A trilha sonora é outro destaque: o compositor Richard Gibbs foge dos temas grandiosos que estamos acostumados nesse tipo de produção e investe em uma trilha centrada na percussão, opção que se mostra acertada, principalmente nas cenas de batalha, que ganham dramaticidade e urgência extras graças ao uso da música.

E temos também um elenco fora de sério. Ele é liderado pelos gigantes e indicados ao Oscar Edward James Olmos como o Almirante William Adama e Mary MacDonnell como a Presidente Laura Roslin. Os outros eram ilustres desconhecidos anteriormente, mas não por isso menos competentes: Katee Sackhoff se entrega de corpo e alma para compor uma personagem de personalidade essencialmente masculina; Jamie Bamber faz um trabalho dificílimo ao mascarar seu forte sotaque inglês (só descobri que ele era inglês assistindo os extras do DVD, inclusive). James Callis não chega a esconder seu sotaque, mas seu personagem é tão complexo e cheio de nuances que podemos perdoá-lo por isso. Vamos apenas dizer que ele é um dos principais responsáveis pelo apocalypse nuclear que a humanidade sofreu mas o seu Dr. Gaius Baltar está longe de ser o vilão da história. E tem também a Tricia Helfer (a loira das fotos) que na proporção entre beleza e talento, está em um patamar bem acima das principais beldades de Hollywood.

Como expressão artística, Battlestar Galactica pode ser vista tanto como uma diversão mais descontraída (Batalhas espaciais! Mulheres gostosas!) ou como algo muito mais profundo e complexo. Entretanto, na maior parte do tempo, ela é as duas coisas simultaneamente.

PRESTE ATENÇÃO: o diálogo entre Adama e Roslin, logo após o discurso do Comandante, no final do filme, sintetiza muitas das características da série.

O QUE JÁ SE DISSE: "Contando com um forte roteiro, uma vasta galeria de personagens vívidos e um ótimo mix de bons diálogos e ação explosiva, Battlestar Galactica se dirige para ser um clássico do entretenimento intergalático." (Detroit Free Press - traduzido)

PORQUE NÃO PERDER: Porque a tela da televisão está ficando cada vez maior.

DADOS DO DVD: Aúdio: Inglês (5.1) e Japonês (5.1). Legendas: Português, Inglês, Espanhol e Japonês. Formato de Tela: Widescreen Anomórfico. Cor: Colorido. Embalagem: Amaray simples (ou como parte do box da primeira temporada da série). Região: DVD Zona 4 (América Latina, Austrália e Nova Zelândia). Extras: Documentário com entrevistas dos produtores (Ronald D. Moore, David Eick, Michael Rymer) e do elenco (Edward James Olmos, Katee Sackhoff, Jamie Bamber, entre outros). Preço médio: 19,90 (Lojas Americanas).

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Nessa semana, curiosamente, estou vendo alguns episódio de Jornada nas Estrelas - A Nova Geração, série que revelou Moore. Muito bacana ver que vários elementos que pontuam Galactica já estavam presentes lá.

 

 

 

Isso que ele não tinha nem 30 anos quando entrou pra TNG. Talento precoce.   16.gifCavalca2007-11-26 17:03:27

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Cadê os fãs de séries para comentar a resenha do Cavalca?1709

 

Eu não vi o filme, então o que posso comentar é essa questão de "séries vs filmes"...

 

Atualmente, eu vejo como principal diferença entre filmes e séries é o fio condutor. No filmes, temos os personagens trabalhando em função da história, e nas séries, o inverso, a história trabalhando em função dos personagens. Algo mais ou menos assim. E não que isso seja uma regra, mas é o que vejo.

 

Exemplificando melhor, me lembro que quando estava vendo as cenas excluídas do De Volta Para o Futuro 2, o Bob Gale (roteirista e produtor do filme), comentou nas cenas que envolviam a família de Marty no futuro, que eles filmaram muitas cenas e várias interessantes (quem vê elas confirma), mas que tiveram que cortar porque elas não eram necessárias para o filme. A história do Marty velho não tinha nada a ver com o resto do filme. Ou seja, os personagens ali (Marty velho e seus parentes) apareceram ali no tempo que a história pedia e sairam no tempo que a história pedia. Ponto. Dissecar aquela família se fosse necessário para história, teria ocorrido, mas não era.

 

As séries é o inverso. Com o tempo que ficam no ar, o principal mesmo são os personagens que são dissecados no decorrer da série, mesmo a história não pedindo. E muitas vezes uma história nem existe aí. Se pegarmos séries como Friends ou ER, qual é a história deles? ER mostra médicos no plantão de um hospital. Ponto. Friends mostra seis amigos, que dividem um apartamento e são vizinhos. Ponto. A história aí nem existe, mas a série vai lidando com os personagens, e a história gira em volta deles. Porque é a história deles que está sendo contada ali.

 

Como disse, não acho que seja uma regra isso, mesmo porque temos filmes como Closer - Perto Demais que lida com personagens basicamente, e não propriamente uma história, e séries como Simpsons que cada episódio é uma história isolada, cujo personagens aparecem mais ou menos dependendo do que a história do episódio pede.

 

Basicamente, é isso que acho.
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Cadê os fãs de séries para comentar a resenha do Cavalca?1709

 

Eu não vi o filme' date=' então o que posso comentar é essa questão de "séries vs filmes"...

 

Atualmente, eu vejo como principal diferença entre filmes e séries é o fio condutor. No filmes, temos os personagens trabalhando em função da história, e nas séries, o inverso, a história trabalhando em função dos personagens. Algo mais ou menos assim. E não que isso seja uma regra, mas é o que vejo.

 

Exemplificando melhor, me lembro que quando estava vendo as cenas excluídas do De Volta Para o Futuro 2, o Bob Gale (roteirista e produtor do filme), comentou nas cenas que envolviam a família de Marty no futuro, que eles filmaram muitas cenas e várias interessantes (quem vê elas confirma), mas que tiveram que cortar porque elas não eram necessárias para o filme. A história do Marty velho não tinha nada a ver com o resto do filme. Ou seja, os personagens ali (Marty velho e seus parentes) apareceram ali no tempo que a história pedia e sairam no tempo que a história pedia. Ponto. Dissecar aquela família se fosse necessário para história, teria ocorrido, mas não era.

 

As séries é o inverso. Com o tempo que ficam no ar, o principal mesmo são os personagens que são dissecados no decorrer da série, mesmo a história não pedindo. E muitas vezes uma história nem existe aí. Se pegarmos séries como Friends ou ER, qual é a história deles? ER mostra médicos no plantão de um hospital. Ponto. Friends mostra seis amigos, que dividem um apartamento e são vizinhos. Ponto. A história aí nem existe, mas a série vai lidando com os personagens, e a história gira em volta deles. Porque é a história deles que está sendo contada ali.

 

Como disse, não acho que seja uma regra isso, mesmo porque temos filmes como Closer - Perto Demais que lida com personagens basicamente, e não propriamente uma história, e séries como Simpsons que cada episódio é uma história isolada, cujo personagens aparecem mais ou menos dependendo do que a história do episódio pede.

 

Basicamente, é isso que acho.
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Concordo com várias coisas que disse, Jail. Aliás, ainda vou comentar a crítica do Cavs quando tiver um tempinho, que ficou muito boa (há coisas nessa série fantástica que têm que ser vistas e não descritas, até para mostrar a amplitude de interpretações que podem ter).

Só discordo de que ER - minha série preferida - mostra médicos no plantão de um hospital. Concordo que a maioria das séries é embasada em seus personagens e a exploração deles e que há exceções. Acho que você acerta em cheio quando fala que ER é focada nos personagens (incluindo problemáticas importantes no universo deles e mostrando como eles lidam com elas), mas discordo quanto ao foco: o personagem principal de ER é o HOSPITAL. (as pessoas que por lá desfilam com seus problemas, como outras pessoas lidam com eles, a reflexão sugerida ao espectador, etc.) Como um personagem de carne e osso, o hospital tem seus dias ruins e bons, trágicos pelo constante risco de morte e situações críticas e felizes pelo nascimento de uma criança ou recuperação de alguém que está doente. Tanto é que hoje não há NINGUÉM do elenco inicial, vários médicos se foram (alguns até voltaram) e a série continua. O personagem principal continua lá, intacto.

 

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Assim como o Daft nunca fui fã de séries/filmes de ficção científica, mas depois de Battlestar Galactica, a coisa continuou a mesma 06, explico: é que na verdade amo Battlestar Galactica, acho uma das melhores séries já feita, com roteiros inspiradíssimos, metáforas maravilhosas sobre os dias de hoje, a questão de uma "guerra santa", enfim encaro Battlestar Galactica como um DRAMA, e dos melhores, pois como a maioria das séries há o amadurecimento dos personagens e Battlestar faz isso de uma forma incrível, além é claro da coisa mais genial da série: os Cylons e seu amor a um Deus, enquanto os humanos veneram vários, algo que penso eu não foi feito para "chocar" e sim para fazer pensar. Enfim adoro Battlestar Galactica, mas continuo não gostando de séries desse gênero (só Firefly, que essa é 16).

 

Ótima crítica do Cavalca, e como o Scofield disse o melhor é ver e não descrever, pois a série e essa minissérie são incríveis.
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Modéstia Ed, modéstia... peço desculpas pelo atraso e inconveniente...Ok, sem mais delongas aí vai a resenha de um dos filmes mais impactantes sobre o universo das drogas, apesar de alguns acharem que Requiem é por demais didático, a viagem é longa e nada agradável... o filme é indigesto, muito; e de quebra temos a oportunidade de ver uma das mais brilhantes atuações de uma atriz que se tem notícia: Ellen Burstyn andando na linha fina que separa uma atuação magistral do overacting é um show à parte. Aí está, o registro sensível de Requiem, por Ed The Trooper:

 

 

Réquiem para um Sonho – Darren Aronofsky (por EdTheTrooper)<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><?XML:NAMESPACE PREFIX = O />

 

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Filme: Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream) (EUA) 2001. Direção: Darren Aronofsky Com: Ellen Burstyn (Sara Goldfarb), Jared Leto (Harry Goldfarb), Jennifer Connelly (Marion Silver), Marlon Wayans (Tyrone C.Love), Christopher McDonald (Tappy Tibbons).

 

Sinopse: Harry sonha em ser rico. Marion, a namorada de Harry, quer ter uma griffe, Sara mãe de Harry, quer que ele seja feliz e se case. Só que, enquanto sonha, Harry se encontra com seu amigo Tyrone - que tem sempre um pouco de heroína à mão. Os sonhos de dinheiro, fama e sucesso sucumbem diante dos pesadelos distorcidos, da dor e da dependência.

 

 

 

 

Réquiem Para um Sonho

 

“In the end it's all nice.”

 

No final tudo dará certo. É com essa falsa esperança que embarcamos em um mundo onde, claramente, o Vilão e o Herói são os mesmos; as Drogas. Claramente para nós, pois para as personagens as drogas só representam esperança e salvação, representam um verdadeiro “Herói” e não é atôa que Aronofsky escolheu a “Heroína” como droga. O título toma conta da tela ao som de uma montanha russa – que podemos interpretar como o caminho que o filme tomará ‘ascensão-glória-declínio-ruína’ como se fosse uma montanha russa, subindo e descendo – e ao som de Clint Mansell nós somos apresentados a esse micro cosmo tenebroso... Não feche seus olhos, se prepare e assista a uma obra inigualável de Darren Aronofsky. As pessoas mais sensíveis não agüentaram o filme até o fim, os que agüentarem com certeza sentirão algo ao fim do filme, seja um choque, seja uma dor, não importa, o filme nos afetará de alguma maneira. Mas o que vemos nas telas não é obra de ficção, é infelizmente a triste realidade dos que sucumbem ao mundo das drogas e que terão como destino um só, a ruína.

Direção

A direção de Aronofsky é de fazer outros diretores aplaudirem de pé, com cortes rápidos, com suas “hip-hop montages” (seqüência de imagens rápidas indicando certa ação), “split-screen” (tela dividida em duas), com sua “Snorricam” (que é uma câmera presa ao ator), consegue passar angústia, raiva, arrependimento sem muitas palavras, apenas com olhares, expressões, mostrou sua total dedicação a esta obra ao realizar mais ou menos 2000 cortes no filme, enquanto a maioria dos filmes possui de <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?XML:NAMESPACE PREFIX = ST1 />600 a 700. Um outro destaque do filme é a fotografia do brilhante Matthew Libatique que utiliza cores escuras, sufocando a nossa mente como se o filme estivesse derretendo aos poucos e Libatique vai tornando o ambiente cada vez mais tenebroso, finalizando com um estarrecedor e sombrio terceiro ato. Temos também a maravilhosa trilha sonora de Clint Mansell, que consegue adaptar o “terror” do filme em forma de música, passando a tensão do filme em forma de som, e que música! Um verdadeiro réquiem (hino aos mortos).

Primeiro gostaria de comentar um pouco sobre cada personagem:

 

requiem_para_sonho_02.jpg

Sara Goldfarb

 

“Harold, I'm gonna be on Television.”

 

Sara Goldfarb (Ellen Burstyn) a melhor atuação feminina da década, se não a melhor com certeza a mais impressionante e chocante. Sara é uma mulher que após perder o marido está muito solitária, mas vê na televisão uma oportunidade; a de brilhar e a de contar ao mundo sua história. Por ser ingênua é ludibriada por um Médico e começa a tomar Anfetaminas para emagrecer, um “remédio” que vicia isso só para usar seu famoso vestido vermelho – vejo o tal vestido vermelho mais como uma metáfora, pois muitos de nós temos aquele objetivo que parece ser inatingível, aquele “vestido vermelho” que faríamos de tudo cegamente para “vesti-lo”. Mas mesmo quando avisada por Harry (seu filho), de que está virando uma viciada, ela já não se importa mais. Com as drogas ela conseguiu conquistar o que queria, conseguiu sua vaga no sol e em uma posição de prestígio.

 

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Harry Goldfarb

 

“This is our only change to make it big.”

 

Jared Leto está surpreendentemente bem nesse papel (mérito talvez de Aronofsky), consegue se mostrar um personagem muito “humano”, talvez o mais da trama, mas que não escapará de cair no abismo aberto pelas drogas. Seu sonho era ser rico e viver junto a Marion, o amor de sua vida, mas quando esta revela ser impaciente o jovem fará de tudo para agradá-la até mesmo ir para outra cidade para conseguir o que ela quer, deixando de lado a realidade e partindo para uma viagem sem volta. Quando perdemos algo de grande importância - no caso o pai de Harry - temos a tendência de repor esse vazio com outra coisa e, no caso de Harry, foram as drogas.

 

requiem_para_sonho_01.jpg

 

 

Marion Silver

 

“I love you Harry. You make me feel like a person.”

 

Jennifer Connelly em sua interpretação mais sombria e assustadora é a que mais perto chega de Ellen Burstyn em termos de atuação, Connelly uma das poucas atrizes que consegue com um olhar passar mais do que muitos passariam com mil palavras. Solidão é também uma das causas da submissão de Marion às drogas. E temos aqui uma das razões mais comuns, principalmente da classe A, os pais ausentes. Em sua cena mais impressionante, onde a câmera é presa ao seu corpo, vemos uma expressão de angústia, perdição e terror e nem sequer uma palavra. Revela-se totalmente submissa as drogas, e acaba colocando em conflito seu relacionamento com Harry, tendo também ao fim do filme uma das cenas mais tristes, um telefonema melancólico mostrando um amor sendo estilhaçado pelas drogas, um telefonema que não foi preciso palavras para explicar a situação.

 

Tyrone C.Love

 

“Dy-no-mite!”

 

Surpreendentemente bem, Marlon Wayans, consegue uma interpretação perfeita (mais uma vez, provável mérito de Aronofsky) e acaba sendo o primeiro a perceber que estava tudo indo ladeira abaixo, mas não deixa de perseguir seu sonho; se tornar um traficante de sucesso, leia-se rico. Sempre com a imagem de sua mãe na mente e com um sufoco na garganta, um vazio no coração. Com várias tomadas maravilhosas, ele consegue também passar seu medo, seu desespero, sua fidelidade à Harry e ao mesmo tempo o amor à sua mãe, elementos que não o impedirão de ser enganado pelas drogas e sucumbir ao funeral de seu sonho, junto a todos.

 

Verão (Summer)

 

“Anybody wanna waste some time?”

 

Réquiem para um Sonho é iniciado no Verão, seguido pelo Outono e consequentemente pelo Inverno. Não tendo como destaque seu roteiro, que apesar de ser inteligente se deixa ser incrementado por direção, fotografia, som e atuações estonteantes. Dispensando típicas apresentações, já somos testemunhas do absurdo que as drogas causam, Harry e Tyrone roubam de Sara (Mãe de Harry) para conseguirem drogas, para consequentemente “aproveitarem” em suas festas, onde a droga é fator fundamental. Cegados e iludidos pelas drogas - acabam vendo nesta uma solução para tudo, amor, dinheiro e diversão - começam a vender heroína adulterada, e como tudo que nos ludibria começa dando certo, mas aos poucos vai se tornando sombrio e totalmente ofuscado pela realidade. Mas Aronofsky não nos mostra apenas personagens puros que por causa do uso das drogas entram em colapso. Não, todos eles possuem um desajuste, uma falha, um defeito, algo mal resolvido, ou seja, são humanos e vêm nas drogas a única saída para os problemas. Aronofsky dita o ritmo de uma maneira impressionante com seqüências de imagens que mostram ações mecânicas dos personagens, em alguns momentos a tela é torcida, invertida, girada, com uso intenso de azul, roxo, preto, vermelho... Seja para mostrar a solidão de Sara, a amizade de Tyrone, ou até mesmo para mostrar Harry e Marion deitados na cama, nos mostrando um grande e intenso amor entre os dois, mas ainda é verão e o fim parece estar muito distante, só parece.

 

Outono (Fall)

 

Fall, além de significar Outono pode significar “cair”, sendo aqui isso o que acontece, o mundo deles começa a cair num abismo quase sem fim, mundo esse que no terceiro ato entrará em colapso. Harry se pica no braço este começa a apodrecer, ele e Marion não agüentam mais tamanha abstinência, ela começa a perder a paciência, Tyrone testemunha a morte de seu traficante e é preso, fazendo com que suas economias acabassem ao pagar a fiança, Sara começa a exagerar na dose, consegue entrar no seu vestido vermelho, mas nem ao menos recebeu a confirmação de que iria a televisão. Temos Marion se prostituindo, se degradando, que assim como Sara vai perdendo o controle de si mesma, só que Marion tem em quem descontar, Sara vive solitária. Harry tenta fazer de tudo para Marion se sentir bem e quando, assim como todos, perde o controle de si mesmo, resolve ir buscar drogas em outra cidade, com seu fiel amigo Tyrone. E Marion continua sem controle indo atrás de drogas, aos poucos se deteriorando, ao cair em consciência grita de raiva, mas não adianta mais... O fim está próximo. Perceba que nessa estação Libatique já distorce o ambiente, deixando-o mais sombrio do que no início, as cores já estão apodrecendo.

 

Inverno (Winter)

 

É tirado de contraste o branco, o amarelo, o vermelho, ou pelo menos o pouco que delas restavam... E predomina o azul, roxo, preto... Amargurando seus corações, estilhaçando seus sonhos é assim que se inicia o terceiro ato. Harry e Tyrone vão a um hospital para ajudar Harry, mas são vistos como aberrações - principalmente Tyrone que é negro, e o ambiente é completo de racistas – e a dupla acaba sendo mal atendida. Harry acabará perdendo um braço e Tyrone acabará sendo preso e o por quê? Ele é um drogado, e para piorar sua situação ele é negro em uma cidade “aparentemente” racista. Marion continua se prostituindo numa das cenas mais insuportáveis, sofrida e triste possível. Sara se vê sozinha na rua, ninguém parece lhe olhar todos a ignoram, já perdeu a condição de “ser humano”. É nesse momento que Aronofsky nos lança uma cena magnificamente e insuportavelmente perfeita, onde vemos todos atingindo seus limites, em uma cena das mais tristes, obscuras e esteticamente perfeitas, estamos testemunhando um verdadeiro colapso.  Mas ainda há um pouco de noção em cada um, e vemos todos “acordando desse pesadelo”. Harry percebe o que fez e que provavelmente não voltará a ver sua namorada, vemos Tyrone junto à imagem de sua mãe, imagem que tortura. Marion apenas se deita no sofá com uma expressão de angústia, raiva, solidão, expressão de morte. Mas já é tarde estão todos condenados, e com aplausos é selada essa missa para os mortos (Réquiem) terminando ao espetacular som de Clint Mansell, um frio que arrebata como um inverno congelante e é dando balde de água gelada em quem assiste é fazendo com que todos sintam no estômago o que essas quatro peças sentiram na pele, que Aronofsky finaliza sua Obra-Prima.

Preste Atenção: Nesse filme expressão facial é tudo, preste atenção também nos diálogos, na trilha sonora, direção, fotografia, ou seja, em tudo.

O que já se disse: "Todos os personagens caminham para o abismo em passos largos. São perdedores sem o menor vestígio de auto-estima. Com um time desses é fácil saber onde tudo vai terminar". J. Tavares do site Zero Zen

Porque Não Perder: Como muitos críticos já disseram, este é um filme que deveria ser mostrado a todos os jovens e adolescentes do mundo. Não creio que nenhum deles, depois de ver e testemunhar o tortuoso caminho percorrido pelas personagens do filme, alguma vez sentisse a vontade de se deixar seduzir pelas drogas. Claro que as coisas não são assim tão simples, mas pelo menos o filme poderia ajudar a muitos.

Curiosidades: Requiem significa algo como música de um funeral.

Ellen Burstyn foi indicada a Oscar, mas perdeu para Julia Roberts (sim isso é curioso e bizarro).

Maiorias dos filmes possuem de 600 a 700 cortes Requiem possui mais de 2000 cortes.

Diretor pediu para Jared Leto e Marlon Wayans, para ficarem sem sexo e açúcar por 30 dias, para entenderem melhor como é abstinência.

Aronofsky aparece brevemente na cena em que eles tentam comprar drogas no mercado.

Na cena em que esta tendo alucinações e seu apartamento vai sumindo e aparece um bando de câmeras e a equipe técnica, é possível ver um cara com uma placa “PI” (primeiro filme do diretor Aronofsky).

Christopher McDonald (Tappy Tibbons) improvisou quase todas suas falas, pois a cena foi filmada em apenas um dia.

Dados do DVD:

Produto_P_6810.jpg

 

Áudio: Inglês 5.1 e Português 2.0

Legendas: Inglês, Português e Espanhol

Vídeo: 1:33 Standard 07

Extras: Trailers, Spot de TV, Entrevistas, Biografias e Making Of (tudo legendado)

Menus animados

Europa Filmes

 

 
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