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Acabei de ver No Rastro da Bala. A crítica do Scofa está sensacional' date=' parabéns cara! Meu modesto pitaco05:

 

No Rastro da Bala (a propósito, finalmente um bom título em português, ainda melhor que o original)

 

O maior mérito deste filme é sua bilateralidade. Como muito bem disse o Scofa na sua (ótima, excelente, do caralho!) crítica, é um filme-pipoca que, se você espremer bem, consegue extrair muita metáfora e simbologia. Gostei bastante do Paul Walker, que definitivamente não lembra em nada a ele mesmo em qualquer outra merda que já tenha feito. Algumas sacadas do diretor (Kramer) me chamaram a atenção. (SPOILER!) no começo do filme vemos Oleg com sangue na camiseta, e lá pela metade do filme, alguém pega uma arma e parece que vai atirar na barriga do Oleg, mas não atira. A mesma coisa acontece no final do filme, quando vem a primeira surpresa. Ficamos o tempo todo esperando a hora em que Oleg vai levar o tiro. Outra coisa foi a morte do Juke (é assim?) narrada pelo russo. Ele diz que na hora em que ele leva o tiro, o filme (Os Cowboys, acho) corta. E que depois, quando ele o assiste inteiro vê o Juke morrer. Com Galleze é ao contrário,pois o vemos morrer e ressuscitar depois. Na verdade, eu esperei realmente a morte dele, pois achava que aquela fala era uma espécie de dica. Aliás, o final feliz é mais que oportuno, não acham? Não mostra vaidade do diretor, e o torna um filme agradável para todos os tipos de espectadores, o que o torna bilateral. (FIM DO SPOILER!) A violência é coadjuvante de luxo, e os planos trêmulos rápidos quase te afogam na atmosfera de tensão. Cara, depois de duas notas máximas posso dizer que, apesar das eleições, o fim de semana valeu a pena.<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

[/quote']

 

Sim, o filme é ótimo e análise do Scofield ficou teh best!

 

Mas tem uma coisa que não gostei foui que TODA HORA alguém falava fuck. Fuck isso, fuck aquilo. Por um momento pensei em ver o filme dublado.

 

Alguém pode me explicar a função de tantos fuck no filme. Não me lembro se o Scofield comentou algo a respeito.08
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Estão de sacanagem comigo' date=' só pode ser! Me convidam para fazer críticas de filmes de terror (que eu odeio) e me deixam de fora para falar de Almodóvar (Que eu amo) ??? Porque, Nacka? O que eu te fiz para merecer isso040404

 

Ainda mais para falar sobre esta obra prima que é fale-com-ela-poster01.jpg

 

Mas estarei aqui para ler e comentar sobre este filme. O cineclube acaba de conseguir mais um assíduo frequentador e grande fã10

 

Almodóvar é tudo de bom!
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Já que você vai ser mais um frequentador do nosso "Cineclube em Cena" Movi, acompanha também o nosso "Especial de Terror" em Outubro!!! Quem sabe você não mude de idéia em relação a esse gênero cinematográfico tão legal...05

 

Só deixa eu fazer uma pequena correção já que seu Avatar é o genial Hitchock. Eu adoro a filmografia do grande mestre e também de um bom filme de suspense psicológico, intrigras internacionais e espionagens. Nesta linha eu gosto muito. Assim como um bom filme policial com uma trama bastante instigante.

 

O que eu odeio mesmo são aqueles filmes de monstros, ou sanguinolentos sem pé nem cabeça, tipo Terra dos Mortos... ou aqueles filmes na linha "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado". Acho tudo uma bobagem e uma enorme perda de tempo em assistí-los. Não me cativam em nada e me assustam tanto, que morro de rir! Como filmes de terror são ótimas comédias06.

 

Por dever de ofício até assisto a muitos filmes nesta linha do que seria conveniente e recomendável para um ser humano no poder de suas faculdades mentais 06.

 

Acho que agora você entendeu meu ponto de vista. Assim espero.

 

 

Moviola,

 

Acho que você está confundindo as coisas aqui, então deixa eu explicar:

 

O Cineclube em Cena funciona assim: O Nacka anuncia qual filme vai ser analisado e qual usuário vai analisá-lo. Assim todos se preparam (vendo ou revendo o filme) para depois argumentar ou contra-agumentar a análise do filme. Não existe "convite". Como você faz com o Pinga-Fogo, o que tem tem é só o anúncio que o Nacka faz aqui mesmo no tópico (por isso tem que vir aqui sempre, pra se manter atualizado).

 

Agora, sobre o Festival de Horror: Quem está organizando sou eu, e o festival consiste em 19 usuários que daram sua visão do gênero através de lista e críticas de filmes de terror e suspense (sublinhei suspense pra saber que não é só filme "nojento" que faz parte do festival). Ainda estou convidando usuários e o critério que usei inicialmente era de pôr fãs do gênero, com cinéfilos em geral. Quis fazer um festival mais eclético possível.

 

Eu convidei você, unicamente como cinéfilo. que assiste ou assistiu vários filmes do gênero (independente de gostar ou não) e que poderia através da lista e críticas dar alguma opinião sobre o assunto. Mas se você não gosta mesmo do gênero (e foi o que me respondeu via MP e eu aceitei), tudo bem.

 

Eu respeito sua opinião e foi por isso que mandei o convite. Mas então desculpe, se errei em te convidar. Isso não se repitirá...

 

Para com isso, Jailcante!!! Deixa de ser chato, guri! EU QUERO MEU CONVITE, QUERO SIM! Se você não me convidar mais, vou deixar de ser ouvinte da Rádio CMJ FM e ainda por cima vou tirar um pontinho de você todo santo dia até você ficar com reputação negativa 06060606.

 

Mas falando sério agora. Acredito, sinceramente, que você entendeu minha colocação na MP que te mandei e na argumentação que publiquei neste tópico.  Mas não custa repetir... não consigo expressar-me corretamente ao fazer uma crítica sobre um filme que não costei ou de um gênero de filme que eu não aprecio. Fico bloqueado e as frases não saem.

 

Mas tudo bem, você tem o direito de convidar quem você quer e eu também respeito sua opinião.  De qualquer forma, vou continuar por estas bandas, ainda mais que vamos falar de Almodóvar e, a não ser que eu seja expulso do fórum, vou dar meu pitaco sobre este grande diretor.
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Acabei de ver No Rastro da Bala. A crítica do Scofa está sensacional' date=' parabéns cara! Meu modesto pitaco05:

 

No Rastro da Bala (a propósito, finalmente um bom título em português, ainda melhor que o original)

 

O maior mérito deste filme é sua bilateralidade. Como muito bem disse o Scofa na sua (ótima, excelente, do caralho!) crítica, é um filme-pipoca que, se você espremer bem, consegue extrair muita metáfora e simbologia. Gostei bastante do Paul Walker, que definitivamente não lembra em nada a ele mesmo em qualquer outra merda que já tenha feito. Algumas sacadas do diretor (Kramer) me chamaram a atenção. (SPOILER!) no começo do filme vemos Oleg com sangue na camiseta, e lá pela metade do filme, alguém pega uma arma e parece que vai atirar na barriga do Oleg, mas não atira. A mesma coisa acontece no final do filme, quando vem a primeira surpresa. Ficamos o tempo todo esperando a hora em que Oleg vai levar o tiro. Outra coisa foi a morte do Juke (é assim?) narrada pelo russo. Ele diz que na hora em que ele leva o tiro, o filme (Os Cowboys, acho) corta. E que depois, quando ele o assiste inteiro vê o Juke morrer. Com Galleze é ao contrário,pois o vemos morrer e ressuscitar depois. Na verdade, eu esperei realmente a morte dele, pois achava que aquela fala era uma espécie de dica. Aliás, o final feliz é mais que oportuno, não acham? Não mostra vaidade do diretor, e o torna um filme agradável para todos os tipos de espectadores, o que o torna bilateral. (FIM DO SPOILER!) A violência é coadjuvante de luxo, e os planos trêmulos rápidos quase te afogam na atmosfera de tensão. Cara, depois de duas notas máximas posso dizer que, apesar das eleições, o fim de semana valeu a pena.

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Sim, o filme é ótimo e análise do Scofield ficou teh best!

 

Mas tem uma coisa que não gostei foui que TODA HORA alguém falava fuck. Fuck isso, fuck aquilo. Por um momento pensei em ver o filme dublado.

 

Alguém pode me explicar a função de tantos fuck no filme. Não me lembro se o Scofield comentou algo a respeito.08

Gente, brigado de novo. 08 Ótimos detalhes ressaltados pelo Foras que eu não tinha reparado! 01

Jail, eu só falei na crítica que a palavra fuck e suas variações é citada de forma assustadoramente elevada, mais de 200 vezes segundo eu li nas curiosidades. Acredito que a função principal é reforçar a imagem "testosterônica" que o filme busca..o homem pelo homem..o "macho" na nossa sociedade é aquele que fala palavrão o tempo todo, atira em todo mundo, faz a mulher de objeto sexual e a manipula (mostra quem manda) 07 e coisas desse tipo.

Esse universo masculino é "exagerado" (por isso o número elevado de vezes que a tal palavra é citada e, por exemplo, a atitude "estática" das mulheres perante os homens em muitos momentos do filme)  e construído dessa forma com o objetivo de "ser notado" e avaliado como ridículo, que nem o que ocorre em American Pie em relação ao adolescente. Na minha opinião é uma forma de mostrar escancaradamente aquilo que parece oculto na sociedade...essa superexposição com tudo extremado alerta as pessoas do quanto algumas coisas são patéticas e proliferam sem a gente perceber, às vezes... com a reflexão que sugerem, mostram que nosso comportamento (da sociedade como um todo a começar por nós) deve ser "reavaliado" de certa forma.Mr. Scofield2006-10-02 18:26:17

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Cá estou eu, atrasado com a crítica... ainda que não seja culpa minha... o Alexei fez três revisões no texto... mexeu aqui e ali, só conseguiu melhorar o que já era bom... a demora valeu a pena, ficou uma beleza, Alexei, tomei a liberdade de espalhar fotos do filme pelo meio da crítica... curiosamente (não sei se vai acontecer com alguém) ao lê-la vendo as imagens me senti dentro do filme, de novo. Não duvido que Almodóvar nos surpreenda no futuro, mas isso aqui vale ouro... corram para a locadora mais próxima:

Fale Com Ela - Dir. Pedro Almodóvar

 

 

fale-com-ela-poster01.jpg

Filme: Fale com Ela (Hable con Ella, 2002), de Pedro Almodóvar. Com Javier Cámara, Darío Grandinetti, Leonor Watling, Rosario Flores, Mariola Fuentes, Geraldine Chaplin.

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Sinopse: Quando sua namorada Lydia (Rosario Flores) entra em coma após ser ferida em uma tourada, Marco (Darío Grandinetti) conhece Benigno (Javier Cámara), enfermeiro do hospital onde Lydia é internada. Benigno cuida há quatro anos de uma paciente na mesma situação, a bailarina Alicia (Leonor Watling), e o aconselha a falar com Lydia, como forma de se reaproximar dela. A amizade que nasce a partir de então faz Marco ajudar Benigno quando o amor deste por Alicia escapa ao controle, levando a conseqüências dramáticas.

fale-com-ela06.jpg
 

O que eu acho: Desde o início de sua carreira, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar sempre teve o poder de não deixar o espectador indiferente a seus trabalhos, para o bem ou para o mal. Suas observações mordazes sobre a luta entre indivíduo e sociedade e seu prazer pela transgressão, apontando os paradoxos da condição humana por meio da construção de personagens tão complexos quanto fascinantes, muitas vezes se faziam acompanhar de uma linguagem estética crua, agressiva e quase aberrante. Este gosto pelo bizarro (que havia se revelado no inteligente e divertido Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, de 1988, e atingiu seu ápice no muito inferior Kika, de 1993) começou a ser depurado pelo próprio cineasta a partir do excelente Carne Trêmula, de 1997, sem que a ousadia narrativa ou o humor cáustico e inteligente tenham sofrido qualquer prejuízo.

 

Esse notável amadurecimento do diretor se revelou de forma ainda mais intensa nos dois filmes que se seguiram, Tudo Sobre Minha Mãe, de 1999, e este Fale com Ela, que consolidou o status de Almodóvar no cenário internacional como um exímio contador de estórias.

 

Ao contrário do que ocorre na maioria das suas obras anteriores, a perspectiva sobre a qual se desenvolve o filme é predominantemente masculina. Na busca pelo entendimento com suas amadas, que não interagem com eles em razão de sua condição de saúde, Marco (Darío Grandinetti, num trabalho seguro e modulado, transmitindo firmeza e fragilidade alternadamente) e Benigno (o excepcional Javier Cámara, de Lúcia e o Sexo, em uma interpretação de verossimilhança impossível de ser expressa em palavras) ingressam numa jornada de espiritualidade e revisão de seus próprios conceitos, com conseqüências diferentes para ambos. Marco, saturado pela melancolia e por seus fracassos amorosos, emerge ferido desse período de convulsões internas e questionamentos, porém muito mais maduro; Benigno, vítima de uma vida não-vivida e completamente imerso em um mundo de ilusão que, paradoxalmente, releva-se salutar para aqueles que o rodeiam e, ao mesmo tempo, leva à sua própria destruição, sucumbe.

 

fale-com-ela05.jpg

 

Apesar da complexidade do tema e da gravidade dos elementos morais de que trata, é fácil perceber que Fale com Ela, com sua linearidade narrativa e seus personagens que em momento algum apelam para o sentimentalismo ou a vulgaridade, é um dos filmes mais acessíveis de Almodóvar. Não obstante isso, os traços mais marcantes da obra do diretor se fazem presentes: os sentimentos contraditórios e as dificuldades de se lidar com o verdadeiro eu (Marco revela sensibilidade a ponto de chorar copiosamente ao ver o espetáculo de Pina Bausch, mas se mostra incapaz de dar vazão aos seus sentimentos frente a uma Lydia em coma), o inconformismo para com os padrões impostos pela sociedade (Lydia, naquela que poderia ser compreensivelmente qualificada como uma das mais masculinas entre as profissões, sente vergonha por revelar medo, uma fraqueza que ela própria não se permite para não dar margem a mais preconceitos) e, principalmente, a necessidade de se colocar no lugar dos outros antes de fazer quaisquer julgamentos (o que afeta profundamente Benigno, que perde a luta contra a punição pelo seu crime mesmo antes de ela começar).

 

O personagem de Javier Cámara é, inquestionavelmente, o centro afetivo do filme e é sobre esse gelo fino, da pureza de caráter confrontada com os atos vis que dele podem aflorar, que Almodóvar caminha com uma coragem admirável. Muito do sucesso do filme se deve ao trabalho do ator, que veste Benigno como se fosse uma segunda pele. Grandinetti, Watling, Flores e Chaplin (que participa de uma cena, no terraço do hospital, fundamental para a compreensão do calvário e da redenção de Marco e Benigno) também dominam seus personagens com maestria, o que só depõe em favor de Almodóvar como excepcional diretor de atores.

 

fale-com-ela09.jpg

 

Há, em Fale com Ela, um sentido de urgência e de proatividade que se revela já a partir de seu título (que é um verdadeiro comando mental, dotado de uma imperatividade que dispensa justificativas). Na concepção apresentada aqui as pessoas devem agir, sob pena de se esvair a oportunidade e o fracasso se tornar inevitável. A inação voluntária, como forma de ação, é especialmente amarga para Marco, cuja incapacidade de quebrar seus próprios paradigmas só é vencida ao final (“perguntaram se você era meu namorado”, diz Benigno, “mas eu não tive segurança para dizer que sim”; “eu não me importo”, responde um Marco completamente diferente daquele visto no início do filme). Numa excepcional demonstração de respeito pelos personagens que ele mesmo criou, Almodóvar não questiona suas atitudes, embora tenha o bom-senso de não minimizar suas conseqüências. Por tais razões é que o gosto amargo do final, concebido sem quaisquer concessões, fica tão forte na boca.

 

Esteticamente, o filme mantém diversos conceitos que marcaram a carreira de seu diretor, ao mesmo tempo em que outros são revistos e aprimorados. As famosas cores de Almodóvar não poderiam deixar de se fazer presentes, mas nunca brigam com os personagens ou retiram o foco do espectador sobre a dramaticidade da estória que é contada. Da belíssima abertura com a dança-teatro da coreógrafa alemã Pina Bausch, passando pela trilha-sonora inspirada de Alberto Iglesias (que colaborou com Fernando Meirelles <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?XML:NAMESPACE PREFIX = ST1 />em O Jardineiro Fiel) e pelos enquadramentos que alternam suavidade e invasão, ao sabor da estória, Fale com Ela é um espetáculo elegante, aberto a múltiplas interpretações e, sobretudo, contado com firmeza mas sem esforço.

 

Ao final, em uma era onde a cultura do eu se mostra mais forte do que nunca e parece ser tão difícil para as pessoas abandonarem seus próprios pressupostos em benefício da compreensão de terceiros, a exortação à vida e à comunicação que é Fale com Ela se revela não só um grande exercício cinematográfico, mas também um bálsamo para nossas consciências.

fale-com-ela04.jpg
 

 

Preste atenção: No filme dentro do filme Amante Menguante, que conta a estória de um sujeito que, ao tomar uma solução para emagrecer, criada por sua namorada cientista (a ótima Paz Vega, de Espanglês), acaba encolhendo até atingir o tamanho suficiente... para entrar em uma vagina. Além de ser uma cena-chave para o despertar da sexualidade de Benigno, por meio dela Almodóvar lembra aos homens, com muito humor e espirituosidade, que no sexo ou em qualquer outra relação, a entrega deve ser por inteiro e não apenas com esta ou aquela parte do corpo.

 

O que já se disse: Fale com Ela solidificou a posição de prestígio de Almodóvar no cenário cinematográfico atual. Curiosamente, ao receber o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Melhor Roteiro Original, o diretor fez um apelo, tão sutil e elegante quanto seu próprio filme, à defesa da legalidade internacional, violada a partir da invasão do Iraque feita por tropas americanas, inglesas e também espanholas.

 

Prêmios: Inúmeros, dentre os quais se pode destacar o Oscar, o BAFTA (inglês), o César (francês) e o Goya (espanhol).

 

Porque não perder: Por ser um exemplo de exímia construção e desenvolvimento de personagens; pela poesia, pelo lirismo ofuscante que brota do filme a todo o tempo; pela fotografia e trilha sonora inspiradas; por ser uma ótima oportunidade para se emocionar e (por que não?) chorar com uma estória que não parece ter sido em nenhum momento concebida ou distorcida apenas para produzir este efeito.

 

Dados do DVD: em uma embalagem sofisticada, a apresentação do filme é tão bonita quanto ele próprio. Lamentavelmente os saborosos extras, que contêm backstages, uma bela introdução ao filme e entrevistas com o diretor e com vários integrantes do elenco, não foram legendados. Som apenas mediano, mas as cores estão tão vibrantes quanto no cinema. Há ainda uma indispensável menção ao Amante Menguante, além de entrevista com Paz Vega.

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Vejam só como são as coisas:

 

Como dever cívico nas últimas semanas, assisti o nosso "prato da semana" no domingo. Em posts anteriores, tinha deixado claro que a minha primeira incursão ao mundo de Almodovar foi satisfatório, mas não necessáriamente espetacular (muito provávelmente por não simpatizar com os personagnes).

 

Pois bem, com esse, aconteceu mais ou menos a mesma coisa: Reconheco publicamente todas as qualidades do filme, tanto estéticas, quanto em relação às interpretações, e mais ainda em relação aos assutnos tratados com sensibilidade e profundidade (tudo isso muito bem sintetizado pela crítica do Alexei). O que me impede de transformar esse filme de bom para OP foi o mesmo motivo de "Má Educação": Não consegui me emocionar com a trajetória dos personagens, não consegui imergir nesse mundo deles. Talvez essa uma falha minha, não sei, ou apenas a constatação do lema bastente proferido pelo Serge (ao qual concordo em gênero, número e grau): "Filme são o que são + mais o que somos". O fato é que achei o filme bom, mas não consegui achá - lo uma OP.

 

Nota - 8/10

 
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Parabéns ao Alexei pelo excelente texto. Aliás, este tópico está nos revelando bons escritores e futuros críticos de cinema. O Pablo que se cuide 06

Fiz uma análise sobre este filme no meu blog dia 9 de maio de 2005 e, se me permitem, gostaria de publicar neste espaço,  até para mostrar-lhes minha admiração pela obra de Almodóvar e por este filme em particular.

 

fale-com-ela-poster01.jpg  

No filme Fale com Ela de Pedro Almodóvar, não existem explosões, tiroteios ou perseguições alucinadas nas ruas de uma grande cidade. Efeito especial de última geração também não tem. Não é uma comédia ou um filme de ação. Terror também não é. Sangue somente o suficiente para dramatizar uma pequena cena. Não vale a pena ver este filme se tudo que foi dito até aqui é o que você procura num filme para assistir com a família comendo pipoca e tomando aquele copo gigante de Coca-Cola e depois dar uma volta para olhar as vitrines do shopping Center.

Mas se você já está cansado de assistir sempre os mesmos  filmes de bandidos e mocinhos ou aqueles arrassa-quarteirões-holywoodianos-de-milhões-de-dólares,  então corra a vídeo locadora mais próxima (de preferência a minha, claro) e alugue este filme. Prepare-se para a emoção e as lágrimas que certamente virão. E a trilha sonora? Bem, isto é uma agradável surpresa e prepare-se para a mais pura emoção. Deixe rolar os créditos até o final e depois durma se for capaz!.

O filme inicia com uma cortina vermelha que vai subindo lentamente. O que vemos, como espectadores de um teatro, são atores a representar uma peça. Duas mulheres que “dançam” ou estão perdidas soltas no mundo -  mudas e de olhos fechados -  (como sonâmbulas) e um homem também mudo e solitário que afasta cadeiras para que elas não se machuquem. Aqui Almodóvar já diz ao que veio. De uma singela representação de mulheres perdidas e carentes de cuidados e um homem (este também perdido e carente) a protegê-las dos perigos. Seu coração já dispara prevendo o que virá e a dúvida do que nos será narrado no decorrer da história. Impossível não se emocionar e a primeira lágrima vem. O personagem,  que da platéia assiste ao espetáculo,  também deixa escorrer a sua.

Os dois homens que assistem a este espetáculo voltam a se encontrar novamente em outra situação. O primeiro é o enfermeiro Benigno (aqui o nome condiciona destino como veremos mais adiante) que cuida, de forma zelosa e carinhosa , uma mulher chamada Alicia em coma num hospital. O outro é o Jornalista e escritor Marco que também está com sua amante Lydia em coma no mesmo hospital. Quatro pessoas. Quatro destinos que se entrelaçam e se cruzam de forma irremediável e que vai fazer toda a diferença na vida destas pessoas. A primeira mulher é uma bailarina que sofreu um acidente. A amante de marco, uma toureira profissional que, abandonada pelo marido, deixa-se vencer pelo bravio touro num gravíssimo acidente.

Marco (Dario Grandinetti), diferentemente de Benigno (Javier Câmera), não consegue “tocar” ou “conversar” com sua amada ficando no hospital mais como companhia de si mesmo e ignorando esta mulher  que acredita nada saber ou sentir. Assim como a maioria dos homens que não compreendem as mulheres: Almodóvar dá aqui uma aula e responde a velha indagação Freudiana de não compreender as mulheres.  Na boca de Benigno ele responde: “a mulher precisa ser tocada, mimada, acariciada ... ouvir seus segredos....fale com ela”.

Uma história paralela ocorre: Um filme mudo em preto e branco onde um homem minúsculo percorre o corpo nu de uma mulher. Escalando seus seios...caminhando por sua barriga e, ao descer nos pelos pubianos encontra-se frente a frente com uma enorme vagina que o engole por completo. Qual a intenção de Almodóvar nesta cena antropofágica? A mulher que se alimenta do conhecimento masculino para melhor dominá-lo e escravizá-lo aos seus cuidados e afetos ou quem sabe seja a simbologia representativa do  homem que procura entender a  fundo (bem no fundo) a alma feminina para assim ter um grande poder de dominação sobre as mulheres. Almodóvar não responde. Mas fica evidente que o filme – diferente dos seus outros trabalhos, não é feminista, mas antes de tudo, um filme de homens. Seus conflitos, seus problemas, suas aflições e carências. E a falta que faz o diálogo entre homens e mulheres. Entre seres que deveriam viver em harmonia. Só o amor salvará a ambos. Homens e mulheres. Mulheres e Homens a ordem dos fatores não importa. Não é uma questão de poder, mas antes de tudo de amor,  compreensão, diálogo e aceitação das limitações de cada um. Fale com ela diz Pedro Almodóvar. Fale com ele me atreveria complementar.

Benigno toma uma atitude drástica e consegue tirar sua amada Alicia do coma (benigno – ou o mal que às vezes nos faz repensar e a ter outra atitude perante a vida). Mas apesar de ter corrido todos os riscos não  toma conhecimento do seu sucesso (a vida é dura e injusta às vezes!). Marco – não correndo risco algum, apático e indiferente, perde sua amada Lydia (Rosário Flores). Amar é correr todos os riscos mostra-nos Almodóvar.

No teatro tudo recomeça novamente. Uma nova história vai ser contada. No palco bailarinos surgem como uma onda a predizer que a vida segue seu rumo. Na Platéia Marco e Alicia (Leonor Watling) trocam olhares significativos. O destino, implacável, tecerá suas teias, tramas e armadilhas e outra história deverá ser contada. Mais Almodóvar não diz.  Mas tudo segue seu curso e na vida nada é fácil. Amar não é fácil. Compreender e aceitar o outro não é fácil. É preciso amar. Só o amor é a única salvação e o caminho a ser trilhado por homens e mulheres. Respeitando e aceitando as suas diferenças.

Ouvir Caetano Veloso cantando de forma brilhante Cucurrucucu Paloma e uma palhinha de Elis Regina interpretando Por Toda Minha Vida foi algo de emocionar e não chorar foi impossível. O personagem Marco diz no filme: “este Caetano é de arrepiar”.  Eu diria: Caetano, Elis e Almodóvar juntos são de arrepiar muito mais!.

 

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Fale com Ela é sensacional, eu considero a maior obra prima do Almodóvar. Mostra uma certa "evolução" nos trabalhos do mestre, em seus primeiros filmes (o mais antigo que vi foi Pepi, Luci y Bom), Almodóvar puxava a narrativa mais para um tom de absurda comédia exótica. Vendo seus filmes por ordem de produção nota-se que ele tendia a largar o humor nonsense, sem perder o espírito cômico.

 

A partir de Carne Tremula, o humor já está mais sutil, muitas vezes omisso, deixando apenas seu lado exótico e bizarro à mostra. Almodóvar parece querer focar seu roteiro mais no lado emocional de seus personagens, pendendo mais para o drama do que a comédia. Fale com Ela foi seu ápice nesse aspceto.

 

Em Fale com Ela, tudo funciona, todos os elementos narrativos estão em seu lugar certo, envolvendo o espectador da forma a qual foram propostos. É impossível não se envolver com os sentimentos de Benigno e compreende-lo, por mais repulsivo que tenha sido seu ato. Já em seu trabalho seguinte (Má Educação) a narrativa é boa, mas não tão eficiente, mas também deve ser impossível escrever um roteiro perfeito a cada dois anos 06

 

Aguardo a estréia de Volver...
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Bom, não me lembro muito do filme para dizer e ainda não pude rever, infelizmente...pela crítica excelente do Alexei percebe-se claramente a importância que os personagens possuem na estória, eles devem emocionar, fazê-lo sentir, discutir posturas - um grande amigo meu falava outro dia da inversão interessantíssima do feminino e masculino - mulheres estáticas e rígidas, homens emotivos e flexíveis, revelando um universo de ponta cabeça!

 

No entanto, para isso torna-se fundamental sua interação perfeita como espectador com o universo do filme. As cores se tornariam mais belas, os personagens mais interessantes, o lirismo mais expressivo.  Junte-se a esse elemento o meu "desespero" por esse elemento em qualquer filme (valorizo isso mais que a estória ou qualquer outra coisa). Tudo para ser perfeito...

 Note esse início de bela frase que o Alexei utiliza: "Por ser um exemplo de exímia construção e desenvolvimento de personagens (...)"

 

Agora vamos mudar o ponto de vista...estamos assistindo ao mesmo filme que antes. Só que há um "cabo desconectado da rede". De repente os personagens de Almodóvar não te comovem, não te emocionam, não fazem você se tornar curioso com o rumo dos acontecimentos...porque isso acontece? Não tenho a menor idéia...discutir sobre isso seria tarefa muito difícil porque envolve as experiências pessoais e particulares de cada um, as percepções distintas das coisas fruto de nossas diferentes trajetórias de vida e o que nossa mente aprendeu a valorizar em um personagem e o que aprendeu a abolir como característica que estimule seu interesse.

 

Se considerarmos tal ponto de vista, a frase negritada de Alexei perde o significado...e aí tudo começa a desmoronar..leia o texto dele de novo com essa perspectiva..todos os argumentos parecem simplesmente intenções..o filme parece cansativo e interminável (você simplesmente não quer saber o que vai acontecer se não se importa com os personagens...em um filme cuja discussão de aspectos psicológicos é constante, em detrimento da ação/suspense - lembrando que estes últimos podem funcionar em alguns momentos mesmo em filmes que você não se envolve muito), você termina achando tudo extremamente chato...

 

Não necessariamente você não entendeu o significado da estória, mas você não sentiu a estória..e em um filme como esse a emoção é fundamental.

Devo dizer que é muito difícil não gostar desse filme, fazendo parte de um grupo que em sua maior parte não sabe bem explicar por quê e mistura alhos com bugalhos.

 

Está na cara também que uma revisitada pode mudar facilmente todo o cenário (como eu quero ver de novo depois de ler as críticas do Alexei e do Movio...e dos comentários de Jeffs, Thico e dos outros amigos 01). Naturalmente que o farei em breve. Não gosto de rever filmes (embora mude conceitos ou opiniões sem nenhum problema, resultado de nosso aprendizado constante), mas esse caso é uma exceção!! 02

Gostaria que compreendessem entretanto, essa visão inicial que tenho do filme..difícil explicar algo que não envolve, como já disse antes, falhas de roteiro, ângulos mal focalizados, interpretações ruins ou coisa parecida. O campo pessoal é praticamente indescritível em palavras... 09

 

Aqui um adendo: ouvi coisas em boas listas de discussão de cinema como: "sim, eu concordo com você... - antes de eu dizer a justificativa que nem sei se vocês acham coerente - (daí vem a bomba)...odeio filme cheio de viado, aqueles homens eram todos gays..que palhaçada..." 0707

Parece absurdo, revoltante? Vocês não tem a menor idéia do que ouvi, uma ode ao absurdo...quem dera poder reproduzir pra vocês...essas pessoas não entenderam a intenção de Almodóvar inverter as figuras homem-mulher que citei acima. E o pior: mesmo se todos fossem gays e fosse outra a intenção do filme...e daí???? 070707

O que me revoltou mais foi que eles chegaram a acreditar que eu compactuava com esse preconceito horrendo. 07 Ainda bem que tive a oportunidade de explicar.

Ninguém merece... ISSO é acefalia.. 0707

Mr. Scofield2006-10-04 19:25:00

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Pessoal, obrigado pelos comentários elogiosos.

 

Eu não queria voltar a escrever aqui tão cedo, pra dar oportunidade de todos os colegas do Cineclube se manifestarem sem que pareça que eu esteja defendendo o filme ou algo similar (algo que eu não farei, de qualquer forma). A razão desse post está em algumas coisas que achei particularmente relevantes nos posts do Silva e do Mr. Scofield, que dizem respeito à forma de ver cinema, genericamente, e não ao Fale com Ela em particular.

 

Eu acho que vocês dois podem ter sido vítimas do hype, pois seus posts chegam a parecer pedidos de desculpas. Algo como "ok ok, eu não me emocionei com o filme, mas não posso fazer nada!". Ninguém é obrigado a gostar de um filme e muito menos a se emocionar com ele. Esse sentimento de obrigação (Silva se referiu à experiência como um dever cívico, o que é tão curioso quanto revelador, o que não me impede de parabenizá-lo pela iniciativa) já pode interferir no processo de alcançar o que o diretor quer dizer com aquela obra.

 

Eu fui vítima do hype em relação a dois filmes em particular, O Doce Amanhã, do Egoyan, e Crash, do Cronemberg (não aquela bosta do Haggis, pelamordedeus). Todo mundo falava tão bem que, na primeira vez, eu vi esses filmes de uma forma quase paranóica, procurando os tais elementos de genialidade e tudo o mais. Consegui a proeza de bloquear meus próprios sentidos e saí do cinema decepcionado. Depois, comecei a repensar, os revi e acabei considerando os dois filmes maravilhosos, mas da minha própria maneira. Não estou afirmando que isso aconteceu com vocês (e, com isso, tirando a legitimidade de seus comentários, o que seria muito manipulativo da minha parte), apenas mencionando a possibilidade, por experiência própria.

 

Não são só os nossos conceitos que influem no significado do filme, mas também que expectativas nós trazemos na hora de assisti-lo. Achar que se tem o dever de gostar do filme é tão ruim quanto ir à sessão de cinema ou de DVD preparado para não gostar. Dispara gatilhos defensivos da mesma forma.

 

Dito isso, e para finalisar, já que me alonguei demais, vou repetir algo que já havia mencionado ao Nacka quando enviei a MP com a crítica para ele. Meu maior objetivo ao cumprir com prazer essa tarefa que me foi passada é fazer com que as pessoas vejam ou revejam o filme, despertar a curiosidade, e não necessariamente convencer alguém do seu brilhantismo. Sou de opinião de que todos os filmes merecem ser revistos. Todos. Da segunda - ou terceira, ou quarta - vez é possível captar muito mais coisas, positiva ou negativamente. Ajuda na compreensão e na valoração dos conceitos e idéias do filme.
Alexei2006-10-05 12:03:13
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Pessoal' date=' obrigado pelos comentários elogiosos.

 

Eu não queria voltar a escrever aqui tão cedo, pra dar oportunidade de todos os colegas do Cineclube se manifestarem sem que pareça que eu esteja defendendo o filme ou algo similar (algo que eu não farei, de qualquer forma). A razão desse post está em algumas coisas que achei particularmente relevantes nos posts do Silva e do Mr. Scofield, que dizem respeito à forma de ver cinema, genericamente, e não ao Fale com Ela em particular.

 

Eu acho que vocês dois podem ter sido vítimas do hype, pois seus posts chegam a parecer pedidos de desculpas. Algo como "ok ok, eu não me emocionei com o filme, mas não posso fazer nada!". Ninguém é obrigado a gostar de um filme e muito menos a se emocionar com ele. 1) Esse sentimento de obrigação (Silva se referiu à experiência como um dever cívico, o que é tão curioso quanto revelador, o que não me impede de parabenizá-lo pela iniciativa) já pode interferir no processo de alcançar o que o diretor quer dizer com aquela obra.

 

Eu fui vítima do hype em relação a dois filmes em particular, O Doce Amanhã, do Egoyan, e Crash, do Cronemberg (não aquela bosta do Haggis, pelamordedeus). Todo mundo falava tão bem que, na primeira vez, eu vi esses filmes de uma forma quase paranóica, procurando os tais elementos de genialidade e tudo o mais. Consegui a proeza de bloquear meus próprios sentidos e saí do cinema decepcionado. Depois, comecei a repensar, os revi e acabei considerando os dois filmes maravilhosos, mas da minha própria maneira. Não estou afirmando que isso aconteceu com vocês (e, com isso, tirando a legitimidade de seus comentários, o que seria muito manipulativo da minha parte), apenas mencionando a possibilidade, por experiência própria.

 

Não são só os nossos conceitos que influem no significado do filme, mas também que expectativas nós trazemos na hora de assisti-lo. Achar que se tem o dever de gostar do filme é tão ruim quanto ir à sessão de cinema ou de DVD preparado para não gostar. Dispara gatilhos defensivos da mesma forma.

 

Dito isso, e para finalisar, já que me alonguei demais, vou repetir algo que já havia mencionado ao Nacka quando enviei a MP com a crítica para ele. Meu maior objetivo ao cumprir com prazer essa tarefa que me foi passada é fazer com que as pessoas vejam ou revejam o filme, despertar a curiosidade, e não necessariamente convencer alguém do seu brilhantismo. Sou de opinião de que todos os filmes merecem ser revistos. Todos. Da segunda - ou terceira, ou quarta - vez é possível captar muito mais coisas, positiva ou negativamente. Ajuda na compreensão e na valoração dos conceitos e idéias do filme.
[/quote']

 

Considerações:

 

1) Talvez não tenha ficado claro o que eu quis dizer com "dever cívico": Na verdade, eu quis aplicá - la no sentido figurado; no sentido de dizer que, como amante de cinema, e grande incentivador desse nosso tópico, vi o filme para participar da discussão e tentar adentrar por inteiro no mundo de "Almodovar". Ao colocar essa expressão, não quis colocá - la no sentido de que assisti esse filme com "obrigação" de ter que considerá - lo como OP. Não sei se me fiz entender, mas tentei.

 

2) Quanto ao fato de, provávelmente, nós (eu e o Scofield) termos sido vítimas do hype: Talvez seja isso. Ao assistir o filme, reconhecia as qualidades descritas na sua (excelente) crítica, mas, assim como o Scofield, não consegui ter uma "aproximação" com os personagens. Talvez uma segunda assitida, sem o famigerado hype, o filme melhore (e podem ter certeza que não hesitarei em comentar com vocês caso isso aconteça05).
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Revi Fale com Ela há muito pouco tempo, e apesar de não o fazer agora para o Cineclube, minha opinião sobre o filme permanece a mesma... é brilhante, uma OP.

 

Queria fazer um (longo) aparte: Acostumado com os filmes de Almodóvar (vi quase todos dele) posso dizer que o universo feminino é abordado de maneira direta ou não, em todos que eu já assisti. Neste aqui, quando comentei sobre ele, disse que o diretor fez uma inversão inédita: Os homens falam (e muito) enquanto as mulheres emudecem em um glorioso silêncio (compartilho com a opinião do seu amigo, Mr. Scofa). Eu certamente não entendo como ele, justo Almodóvar, pode ser "acusado" de fazer personagens frios e sem conteúdo. Em seus filmes, as emoções, as expressões, as cores (essas então...) explodem sem medidas.

 

Há uma cena em "Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos" (atentem para esse título, perfeito) que é absolutamente brilhante, Marisa vivida pela exuberante Rossy Palma é noiva de Carlos (Antonio Banderas) em uma das muitas confusões vividas pelas personagens do filmes ela acaba indo parar no apartamento de Candela (Maria Barranco), no terraço deitada em uma espreguiçadeira, adormece e tem um sonho que pela sua expressão devia ser muito bom e é observada pelo noivo e por Candela, nisto Carlos faz uma observação de que Marisa é virgem ao que Candela na lata observa: "É... ela tem mesmo no rosto a dureza característica das virgens..."

 

mulheresabeira_1987_img5.jpg

 

E não é que quem assiste começa a observar melhor Marisa e sim... chega a conclusão de que ela tem mesmo um rosto duro e que isto só pode ser pela sua condição de invicta.

 

Ora, eu vi "Mulheres..." há muito, mas muito tempo atrás... nunca esqueci dessa cena, seja porque a crueza que Almodóvar retrata suas mulheres é na verdade um artifício que ora esconde, ora escancara a força delas ou talvez porque nunca mais assisti um filme que dissecasse tão bem as nuances da alma feminina. Isso até esse Fale com Ela, não por coincidência, dele também. A situação: duas mulheres em coma, dois homens que tentam acreditar na recuperação da pessoa amada, isso poderia desaguar em um dramalhão daqueles de fazer corar qualquer novela mexicana. O que não acontece. Primeiro um elenco fabuloso e um roteiro idem e não menos importante, Almodóvar coloca na boca de seus personagens dialógos saborosos... é mais ou menos como se toda a exuberância de "Mulheres..." fosse apresentada aqui de forma contida, na forma de uma insuspeita fragilidade masculina.

 

Ironia, em Fale com Ela os homens falam sem parar... mas são meros coadjuvantes do universo feminino que os rodeiam.
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É exatamente o que penso, Alexei. O problema não é ter vergonha de não gostar ou ser vítima do hype..é que, reconheço algumas qualidades do filme e as características que fazem com que eu não goste nesse momento, não são para mim coisas que façam com que eu definitivamente não goste do filme, o que permite a mudança de opinião quando revisitado. Não quer dizer que eu vá gostar, não quer dizer que eu vá odiar, mas ele merece uma segunda chance, sem dúvida. A verdade é que essa flexibilidade de opiniões diz respeito mesmo a um processo de aprendizado e apreciação de características distintas na releitura e mudança de ponto de vista. Não há dúvidas de que sua intenção de fazer a gente ficar com vontade de rever o filme foi cumprida com esse excelente texto. 01

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Oba' date=' um filme que eu já vi ... Se o JeFFs quiser, pode escrever uma ótima crítica ... Aliás, eu gosto deste filme, mas não desesperadamente como muitos de vocês ... [/quote']

 

Ótimo que você já viu, porque se o JeFFs recusar VOCÊ meu fiel colaborador, fará a crítica... preciso dela pronta para postar na segunda-feira logo cedo...

 

1, 2, 3, 4... (contagem para o Graxa correr para o MSN e tentar desesperadamente encontrar o JeFFs)...
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Oba' date=' um filme que eu já vi ... Se o JeFFs quiser, pode escrever uma ótima crítica ... Aliás, eu gosto deste filme, mas não desesperadamente como muitos de vocês ... 

 

 

Ótimo que você já viu, porque se o JeFFs recusar VOCÊ meu fiel colaborador, fará a crítica... preciso dela pronta para postar na segunda-feira logo cedo...

 

1, 2, 3, 4... (contagem para o Graxa correr para o MSN e tentar desesperadamente encontrar o JeFFs)...

Vixi, desculpe pela demora, prometo que é a última vez que como sucrilhos enquanto leio uma declaração dramática, eu poderia ter morrido ...

 

Calma, que o JeFFs deve chegar hoje à noite ... duas

Engraxador!2006-10-05 17:15:38

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Por que será que estou, de certa forma, torcendo para que o Jeffs recuse??...06

Aconteceu algo parecido com o Garami: quando ele não pode fazer a crítica de "Amnésia", eu fiquei imcumbido de fazê - la, justamente pelo fato de que, pelos meus comentários, já tinha assistido o filme...Espero que aconteça o mesmo...06

Agora, falando sério, Graxinha, por quê você não se habilita??? Além de ter a oportunidade de assistir um bom filme, você testará sua habilidade argumentativa e descritiva...
silva2006-10-05 17:41:09
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