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Nacka
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Sim, Veras. Ainda estou recebendo os textos.

 

Colegas, o Deadman teve alguns contratempos e só enviará sua crítica hoje à noite ou amanhã pela manhã. A resenha de Touro Indomável será publicada nesta terça-feira próxima, dia 15 de maio, portanto.
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Touro Indomável (Ranging Bull, <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?:NAMESPACE PREFIX = ST1 />1980), by The Deadman 

 

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a Martin Scorsese film<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

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O que eu acho: Assim como iniciei meus comentários sobre o filme de Peckinpah “Sob o Domínio do Medo” falando que era sintomático o filme iniciar com uma imagem desfocada que gradativamente vai melhorando, mostrando crianças brincando num playground, conferindo o tom “psicológico” (recorrente, diga-se de passagem... Vide “Meu Ódio Será Tua Herança”) da visão das personagens da história (infantilizada = vilões e distorcida = dos protagonistas) sobre a realidade que os cercava; também aqui em “Touro Indomável” começarei minha resenha tecendo observações em relação à primeira imagem que aparece nesse longa de Scorsese.

 

 Sob os acordes belos e melancólicos de Mascagni (intermezzo Cavelleria Rusticana) vemos num ringue um solitário pugilista de roupão com capuz realizando aqueles movimentos típicos que antecedem um confronto a título de aquecimento. Relativamente simples, enquanto vista pelo enfoque de composição de elementos cênicos, há que se observar o inconteste fato de que essa cena dos créditos iniciais é filmada de modo especial e propositalmente repleta de significados intrínsecos à história que está para ser contada. Registrada magnificamente por Michael Chapman em preto e branco (bem como todo o filme), a fotografia (mérito de uma dica quase casual do cineasta Michael Powell quando se referiu a cor “errada” da luva de boxe e do fato das lembranças visuais de Scorsese sobre o esporte no cinema e na TV serem todos de filmes em preto e branco) realça, num tom quase expressionista, os únicos elementos distinguíveis em cena: o lutador e o ringue. Mas, enquanto esse último é banhado por luz (justamente por isso) não conseguimos ver as feições do atleta e muito menos do público em volta. Está tudo banhado em sombras e névoa. Mais: a cena é toda em câmera lenta, fixa e numa tomada única.

 

 Não entendo de Cinema, mas na minha admitida ignorância, posso falar do que me enleva, me arrebata em termos visuais:  a “estética subjetiva” daquilo almejado no íntimo pelo diretor encontrando eco num simples e incrédulo observador. Os créditos introdutórios de “Ranging Bull” são um dos mais lindos e significativos já feitos em todos os tempos. Simples assim. E o mais foda nisso é que só teremos subsídios para perceber essa beleza APÓS o filme visto.

 

 Filmado com um apuro técnico impressionante (fotografia, edição e efeitos sonoros únicos) e tendo por base o roteiro adaptado (além dos creditados Paul Schrader e Mardik Martin, nos extras ficamos sabendo o quanto Scorsese e De Niro imprimiram da visão deles no roteiro do filme, principalmente De Niro que chegou a “cortar” toda uma cena, interpretando-a segundo sua ótica do personagem, improvisando-a completamente) do livro homônimo do próprio Jake La Motta e seu empresário Joseph Carter; “Touro Indomável” teve a história de seu desenvolvimento e filmagens tão conturbadas quanto a história do personagem retratado.

 

 Scorsese não andava bem. Tinha acabado de se separar, as críticas a “New Yok, New York “ não foram boas e depois de quase 6 anos de desenvolvimento (sem muito interesse) pelo projeto, se internou numa clínica de reabilitação para viciados em cocaína. Foi graças à insistência e quase obsessão de De Niro pelo livro e persona de Jake que fizeram com que Scorsese se recuperasse e se animasse a colocar sua energia criativa novamente na realização de um filme no qual insistia seria “O Filme” da vida deles. De Niro provou que não estava errado: apesar das várias dificuldades encontradas por Scorsese ao longo do filme (ele não tinha nenhuma intimidade com esportes, muito menos boxe e quando viu o que e como teria que filmar, ficou desesperado...) ele conseguiu fazer um filme que foi posteriormente alçado pela Associação de Críticos Americanos como o melhor da década de 80 além de constar da lista entre os 100 melhores de todos os tempos!

 

RagingBull2.jpg

 

 Contando a trajetória do mítico boxeador americano Jake La Motta dos idos de 1941 (quando já era famoso pela resistência física e agressividade nos ringues), passando pelo auge na sua carreira quando sagra-se Campeão dos Meio Médios até sua derrocada na qual chega ao fundo do poço sendo preso em 1964 (anos depois de ter perdido o cinturão de Campeão para seu maior rival nos ringues: Sugar Ray Robinson) “Touro Indomável” trata-se de um filme pesado, triste, violento e que termina quase sem redenção. Como o próprio Scorsese teria dito: “Touro Indomável é uma viagem sem parada rumo à autodestruição”. E à despeito de ser um filme que mostra de forma brutal e detalhada a dinâmica da “esgrima dos punhos” (nunca um filme foi tão detalhista, brutal e sangrento em retratar a violência do boxe, chegando às raias de poder ser classificado como uma obra “hiper-realista” graças aos takes minuciosos e aos closes em câmera lenta desconcertantes. Salve, Peckimpah!) não trata-se de um filme sobre boxe, mas sim de um drama que mostra as consequências dos excessos e faltas de um homem completamente dominado por seus medos, inseguranças e paranóias.

 

 Jake La Motta (Robert De Niro embasbacante.) em sua busca pela fama e sucesso nos ringues junto com seu irmão e empresário Joey (vivido pelo carismático e competente Joe Pesci.  No filme ele vive um personagem “mixado” de duas pessoas reais na vida de Jake: o irmão e seu empresário, Joseph Carter) nos é apresentado como um lutador impiedoso e já na primeira cena de luta podemos antever o que Scorsese nos oferecerá em termos de embates... Logo em seguida, somos conduzidos para um ambiente totalmente diferente. Um ambiente familiar, típico do Bronx com seus prédios colados, sons vindos da rua, música e aquilo que parece ser um almoço corriqueiro com a esposa (1ª esposa) encerra em si um clima de hostilidade e insatisfação visível que culmina num acesso de fúria memorável onde temos um vislumbre da personalidade conturbada, machista e agressiva de Jake que, também dono de um comportamento obsessivo absurdo (a cena do bife é excelente!), parece não ter freios morais que o impeçam de fazer o que quer e como quer. Aliás, essa cena também é indicativa de que, entre vários fantasmas, Jake também sofria de um terrível complexo de inferioridade (sua conversa com o irmão sobre o “problema” de ter mãos pequenas é reveladora) e esse complexo, aliado à obsessão que começa a nutrir pela bela Vickie (Cathy Moriarty) são ingredientes mais que suficientes para desencadear a série de desencontros e tragédias intímas que passam a fazer parte de sua vida levando o, bem como todos à sua volta ao declínio.

 

 Interpretada na medida exata por Cathy Moriarty, Vickie é retratada por Scorsese quase como uma femme fatale, mas com um quê de ingenuidade (escolha correta, considerando que na ocasião em que Jake a conhece ela tinha apenas 15 anos). Aqui vale comentar que o caráter femme fatale de Vickie entra nem tanto no sentido conhecido do tipo “sabendo-se-poderosa-fode-com-a-vida-do-cara”, mas no sentido de ser uma garota que “sabendo-se-desejada-por-vários-homens” usa seu magnetismo, seu charme como moeda de barganha para acabar com aquele que mais tenha a oferecer em termos de status já que sendo uma “garota do bairro” desfilar com um “partidão”, famoso e dentro de um carrão é o máximo! O problema é que Vickie tem o azar de se envolver justamente com um homem possessivo e ciumento e seja por imaturidade, seja por inabilidade, não consegue ajudar esse homem a trabalhar suas paranóias e reações exageradas. Jake (por natureza) inábil socialmente, não confia em ninguém exceto em si mesmo e vê o todos à sua volta como possíveis adversários (incluindo aí a nova esposa e o próprio irmão). Sua visão deturpada, principalmente de Vickie e das situações que a cercam, é magistralmente filmada por Scorsese em cenas em câmera lenta, retratando tanto o êxtase (quando a vê pela 1ª vez na piscina do clube do bairro) quanto à angústia que seu ciúme doentio o fazia sentir.

 

 Corroído por suas inseguranças (em relação à Vickie), seus medos (de ser traído) e frustrações (ainda não tinha conseguido o tão almejado título de Campeão Mundial da Catégoria, nunca poderia enfrentar o Campeão dos Peso Pesados devido seu biotipo, além de ter que se submeter à “máfia” das apostas – a cena em que faz uma luta “armada” é a única que parece falsa e mal feita. Obviamente proposital, foi uma sacada de mestre de Scorsese entre tantas nesse filme. Isso sem falar na reação devastadora que a luta tem sobre Jake após a mesma...), Jake só encontrava uma forma de exorcizá-los: na base da porrada! E aí temos as fantásticas lutas protagonizadas por esse homem em que bater e apanhar não fazia muita diferença, apenas dependia do seu estado de espírito (a edição das lutas e a filmagem das mesmas são todas diferentes entre si. Fantástico!). Partindo pra cima dos adversários como um “touro” (o apelido não era à toa) os usava como saco de pancada, descarregando neles tudo que sentia. Nesse aspecto podemos perceber que à despeito de ser um atleta, na verdade Jake era um ator que usava o ringue como cenário onde interpretava (descarregava) seus sentimentos e angústias através de movimentos ora rítmicos, ora desencontrados; ora esquivando-se, ora partindo para o ataque; mas todos com a única intenção de vencer, de massacrar o adversário encontrando assim algum alívio.

 

 Aliás, pode-se dizer que não era só nos ringues que ele atuava, mas na vida privada também. Ele fingia ser pai, fingia ser marido, fingia ser irmão. Jake não tinha vida, ele simplesmente “atuava”. Uma encenação marcada por atos e comportamentos violentos onde se aproveitava de sua presença e imponência física para submeter todos à sua volta dentro dos seus parâmetros de conduta. Jake só se compreendia e se entendia como alguém quando usava a força, os punhos. Há uma cena indicativa nesse sentido quando questionado pelo “dono” do bairro (Tommy): “Are you felling good?” - um pouco antes de acontecer uma luta - ao que responde: “I gotta get in there and fight, then I’ll know how I’m gonna fell.!”).

 

RagingBull1.jpg

 

 Fingindo, não percebeu que a vida de verdade e tudo aquilo que importava, escorria por entre seus dedos. Mas, apesar de tudo isso, Jake sabia que em cima do ringue atuava bem. Era imbatível. Mesmo quando perde o título, já derrotado, destruído fisicamente (a surra que toma é filmada sem concessões) dá a entender que aquilo só aconteceu porque ELE quis e não por mérito do outro (já havia derrotado Sugar Ray outras 2 vezes e perdido por pontos em outra, mas em todas as lutas levou o cara ao chão várias vezes) tanto que ao final da luta comenta em tom quase inaudível à um atônito Sugar Ray: “Eu não caí Ray. Você não conseguiu me derrubar! Vê? Ainda estou de pé! Eu queria continuar... Você não me derrubou, Ray!!”                                      

 

 Em resumo, o máximo de vida que Jake “viveu” entre 1941 e 1964 foram os momentos que passou nos ringues, dando e levando quantidades colossais de porrada. A expressão máxima do que era em essência (incontrolável, obsessivo e violento) só se expressava sem julgamentos, sem cobranças e culpa entre as cordas de um ringue e nesse ritmo descontrolado conseguiu levar a vida até o momento em que transtornado por suas obsessões em relação à Vickie e seu imaginado comportamento lascivo, perde o apoio do irmão (numa assustadora cena em que Jake espanca o irmão. Tão realista que dá a impressão de que pessoas saíram machucadas...). Se na ocasião em que isso ocorre já era visível sua decadência e dificuldade de manter-se no mundo do boxe, a falta do apoio do irmão mostra-se crucial para sua queda definitiva, pois apesar de ser indestrutível no ringue, só o era porque psicologicamente era amparado pelo irmão, seu esteio emocional fora das cordas, alguém que mesmo tendo alguns traços parecidos com os dele (a cena em que um Joe Pesci irascível surra um cara com quase o dobro de seu tamanho é incrível e me lembrou muito seu desempenho anos depois em uma cena parecida em “Os Bons Companheiros” - de novo com De Niro e Scorcese) era mais sociável e procurava ter uma vida comum.

 

 A partir daí o filme já mostra um Jake La Motta fisicamente decadente (Robert De Niro quase irreconhecível e...sem comentários!), mais velho, dono de uma boate “meia boca” em que faz as honras da casa contando piadas sem graça e que, de uma hora pra outra, se vê surpreendido com a decisão de sua já nem tanto idolatrada esposa (que com o tempo passou de centro de sua atenção e carinho, apenas para ser a mãe de seus filhos, um bibelô, um objeto de sua paranóia) de se separar dele. Para piorar, acaba sendo preso por corrupção de menores pouco tempo depois. Sem dinheiro, sem amigos, sem esposa, sem filhos, sem irmão (ele até tenta uma reaproximação, mas fracassa de forma patética e melancólica) só resta à ele se prestar a fazer pequenas apresentações como “showman” em boates de strip tease de quinta categoria.

 

 O final do filme é de uma pungência atroz, pois ao mesmo tempo em que confere uma certa “melhora” na sua condição de apresentador (a cena indica ser um hotel de certa classe e ouvimos um homem avisando-o que a casa está cheia), mostra a decadência de Jake La Motta enquanto Homem, face ao que poderia ter sido e não foi. Garrafas de bebidas espalhadas. O desleixo de um camarim. Uma lâmpada incandescente pende nua do teto e ao fundo, o som da sua voz ensaindo textos de clássicos da literatura inglesa numa interpretação comovente e triste.

 

 Só aí me veio uma sensação estranha: parece que no fim das contas, Scorsese busca retratar Jake com mais carinho e não taão seco e duro como o fez até ali. Talvez num arroubo de sensibilidade extra por perceber que mesmo naquela situação quase patética e cômica havia uma certa redenção. Se não uma redenção, pelo menos a busca por uma, pois apesar de estar recitando textos, interpretando-os, há um quê de arrependimento e de sentimento real em sua voz e ele parece entender tudo o que pôs a perder (mesmo que o texto do monólogo ao final do filme jogue a “culpa” de seu fracasso no irmão, há que se perceber o tom amargo e de auto-referência).

 

 E aqui voltamos à cena dos créditos iniciais. Ela condensa em poucos minutos todo o filme, mostrando que à despeito da fama, dos holofotes, do sucesso e de ser imbatível nos ringues, Jake vivia nas sombras de seus medos, na névoa das suas inseguranças e paranóias. Não vendo nada, nem ninguém pagou um preço alto pelas escolhas que fez e aquelas que deixou de fazer ficando, ao final, só perante seu maior adversário; aquele que o derrotou implacavelmente e de modo definitivo: ele mesmo.

 

RagingBull3.jpg

 

O que não perder: TUDO!! Mas, com algumas considerações em especial, a saber:

 

- A interpretação de Robert De Niro, figurando fácil, fácil como uma das mais elegantes, inteiras e competentes que um ator jamais foi capaz de realizar. Há tempos obcecado pelo papel, treinou com o próprio La Motta e se entregou tanto ao papel (chegando a engordar inacreditáveis 27 kg para a fazer a fase decadente de Jake) que ao fim do período de treinamento ouviu do próprio La Motta que estava completamente apto a lutar profissionalmente se assim o quisesse.     

 

- Preste atenção aos sons que rolam durante as lutas. É possível ouvir gritos, sons de animais e outras coisas estranhas que nem mesmo Scorsese sabe como e o que foi usado.

 

- Repare como a ambientação dos ringues muda conforme o estado de espírito de Jake e de como a luta se desenvolve. Scorsese filmou cada luta, cada golpe com uma única câmera, take por take. Coube a Thelma Schoonmaker (com a supervisão de Scorsese, obviamente) a edição de cada uma delas. Aliás, Thelma chega a dizer com notável sinceridade que metade do Oscar que ganhou por seu trabalho nesse filme é de Scorsese, visto que o realizou seguindo precisamente os “story boards” que Scorsese havia feito antes para cada cena.

 

- Há um quê de homenagem a Marlon Brando no monólogo final tanto por seu papel em “Sindicato de Ladrões” (fala de Terry ao irmão Charley no mencionado filme) quanto à composição interpretando do próprio para Don Vitor Corleone em  “O Poderoso Chefão” (note a postura e a expressão corporal de De Niro frente ao espelho). Além é claro de uma auto-referência iconográfica à outro personagem marcante de De Niro: Travis Bickle.

 

- Os extras do DVD duplo Edição de Colecionador são imperdíveis!!

 

Demorou, mas valeu a pena. Touro Indomável é um filme muito rico em significados e executado de maneira irrepreensível pelo Martin Scorsese, aspectos que o Deadman captou com muita felicidade. Esse é um daqueles filmes tão bonitos que só nos resta ler o belo texto e reviver as imagens, sensacionais. Se alguém discorda, não se sinta tolhido: venha e comente!

 
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Que honra, serei o primeiro a comentar!!!16

 

Sobre "Touro Indomável": Eu considero esse filme o melhor do Scorsese. Acho que, como o Deadman disse no início da sua - maravilhosa - resenha, isso se deve ao fato de que, assim como Jake La Motta, Scorsese buscava uma forma de redenção ao fazer esse filme, haja vista os problemas enfrentados por ele antes de fazê-lo. Por isso, até credito um pouco de auto-biografia do próprio Scorsese no filme, pois, até certo ponto, ele (Scorsese) se via no Jake La Motta. Havia um pouco de Scorsese no Jake La Motta e um pouco de Jake La Motta no Scorsese. Essa identificação mútua foi essencial para que o filme fosse o que é: visceral até a última gota de sangue expelida dentro - e fora - do ringue; um retrato sem concessões da vida de alguém tão destrutivo - tanto para os seus adversários no ringuem, quanto para os seus entes mais queridos, e inclusive para ele mesmo. E as cenas de luta estão entre as melhores e mais viscerais no cinema!!!!!16

 

 

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Hombre Muerto , parabéns : excelente texto sobre um clássico supremo do Scorsa - que deveria ter vencido o Oscar por esse filme , mas os velhinhos bobões preferiram Robert Redford e seu Gente Como A Gente ...

 

Touro Indomável é absolutamente monstruoso de tão bem realizado . Uma das melhores equações de direção , roteiro , edição , fotografia e interpretação que eu conheço . E a Thelma Schoonmaker é uma das melhores profissionais na edição de um filme , se não for a melhor . DeNiro dispensa maiores comentários no seu trabalho genial como Jake LaMotta .

 

O nível do Cineclube Em Cena está tão alto que chega a me deprimir ,hehehe . Essa empreitada foi a melhor coisa já realizada no fórum e todos os participantes têm se superado a cada novo texto .

 

Parabéns , Deadman !

 

 

 

 
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 Obrigado pelos comentários elogiosos à minha resenha. Particularmente, acho que escrevi mal (ela não chega nem aos pés da que o Thico escreveu), mas fiz de bom grado e da melhor maneira que pude, dada a situação em que foi elaborada (tô numa correria feia...06).

 Anyway, uma observação que acabei por tirar do texto, mas faço questão de deixar registrada aqui: revendo esse filme tive a certeza categórica e completa que Scorsese NÃO merecia ter ganho o Oscar de direção e filme por "Os Infiltrados", mas sim por "Ranging Bull". Period. 05

 E o motivo é simples: "Touro Indomável" é tão mais Scorsese que "Infiltrados", é tão mais Cinema, é tão mais roteiro e interpretação que chega a ser constrangedor comparar essas duas obras de um "quase" irreconhecível mesmo diretor.

 Mas, fazer o quê né? A Acadêmia tem dessas incoerências...      
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Ainda vou ver Sonata de Outono e A Criança...

 

Muito, muito bom o texto sobre Raging Bull. Tem o jeito direto do Deadman, e reitera vários dos pontos do filme que eu acho importantes e tal, especialmente em um filme que é mais fácil de se reviver com imagens. A questão da cena inicial (que eu não canso de rever:
) foi falada da maneira como eu senti exatamente. Algo do início que vc só percebe depois, de ter tomado uma puta porrada, que é o que é o filme. Um filme que eu adoro, que poderia dizer que tem a melhor interpretação de um ator que eu já vi na minha vida. Acho uma pena as pessoas só lembrarem que ele engordou 27 quilos (não estou falando do texto, pq ele colocou como deve, uma cereja no bolo). Um filme que é um primor de tudo, câmera, montagem, fotografia, roteiro, elenco, praticamente uma aula fazendo um filme emocionalmente fortíssimo. Cada cena é cuidadosa. Cada porrada já vale um impacto visual, aquele sangue preto vem direto na nossa cara. O pior é vc ver que cada coisa simboliza os momentos da vida dele e a incapacidade de viver com as pessoas, seja que ele goste ou não, de alguém que vivia de uma maneira animalesca com medo de perder tudo - o que acaba acontecendo talvez, e é aí que o paralelo com Sindicato de Ladrões faz sentido; a cena do táxi é a minha favorita, pra variar assim como a de todo mundo. Do Terry Malloy se sentir culpado pq teve uma oportunidade e socou ela toda para fora... assim como a vida do LaMotta, aqueles amargos momentos finais (como a cena dele resolvendo falar com o irmão mais uma vez, deprimente). Enfim, obra-prima.
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Fazendo um adendo rápido: Dook' date=' você viu o filme pela primeira vez recentemente, certo? O que achou? 01

Gostaria de ver as suas impressões sobre o filme (um pouco das minhas eu já deixei aqui nesse tópico).
[/quote']

 

Cara, eu ainda preciso processá-lo adequadamente. A resenha do Deadman ajudou bastante, mas só revendo o filme é que poderei dissertar com propriedade sobre o assunto.

 

Assisti Tax Driver ontem pela primeira vez e, uma coisa adianto: Taxi é o esboço para Touro Indomável.

 

No mais, Touro Indomável faz os filmes do Rocky parecerem coisa de maricas...
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Que honra' date=' serei o primeiro a comentar!!!16

Sobre "Touro Indomável": Eu considero esse filme o melhor do Scorsese. Acho que, como o Deadman disse no início da sua - maravilhosa - resenha, isso se deve ao fato de que, assim como Jake La Motta, Scorsese buscava uma forma de redenção ao fazer esse filme, haja vista os problemas enfrentados por ele antes de fazê-lo. Por isso, até credito um pouco de auto-biografia do próprio Scorsese no filme, pois, até certo ponto, ele (Scorsese) se via no Jake La Motta. Havia um pouco de Scorsese no Jake La Motta e um pouco de Jake La Motta no Scorsese. Essa identificação mútua foi essencial para que o filme fosse o que é: visceral até a última gota de sangue expelida dentro - e fora - do ringue; um retrato sem concessões da vida de alguém tão destrutivo - tanto para os seus adversários no ringuem, quanto para os seus entes mais queridos, e inclusive para ele mesmo. E as cenas de luta estão entre as melhores e mais viscerais no cinema!!!!!16

[/quote']

 

 Exato!! Há, inclusive, um trecho muito bacana na resenha do crítico Rodrigo Carreiro (Cinereporter) sobre o filme em que diz:

 

"É impressionante, portanto, que o cineasta tenha emergido de sua crise pessoal com tanta sinceridade na alma, a ponto de fazer “Touro Indomável” não como um catalisador de emoções, mas como uma profunda tentativa de redenção, quase um pedido de desculpas por negar o homem furioso que poderia ter sido. Scorsese foi salvo por “Touro Indomável”. E essa salvação ainda carimbou o nome dele entre os grandes inovadores da Sétima Arte em todos os tempos."

 

 O próprio Scorsese chega a dizer nos extras que ele só entrou de corpo e alma no projeto "Ranging Bull" quando percebeu que o ringue era muito mais que um "lugar". Era, antes de tudo, uma metáfora da própria vida e suas dificuldades...

 

PS: Putz!! Faz 3 dias que vi o filme e a cena dos créditos iniciais não saem da minha cabeça!!  13 
 
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 Como o pessoal anda meio desanimado de comentar (ou sem tempo mesmo) vai aí uma resenha interessante que usei como fonte de inspiração para escrever...

 

 Texto de autoria de:

 

Apresentação: Eduardo Valente e Ruy Gardnier. Convidado: Cezar Migliorin (montador e cineasta). 

 

 Retirado do site Contracampo:

 

"Martin Scorsese e Touro Indomável"

Ainda que a maioria de seus filmes apresente assuntos não necessariamente palatáveis (não só pela escolha do tema, mas também pelo tipo de abordagem), há sempre alguém interessado em investir nos projetos de Martin Scorsese – o que ele atribui ao contato com atores de peso, a exemplo do companheiro de longa data Robert De Niro. O fato é que lá se vão mais de quarenta anos de uma carreira incontestavelmente rica, que abarca desde uma produção modesta como Depois de Horas (1985) até a atual superprodução Gangues de Nova York, cujo making of daria uma novela. Basta evocar filmes como Caminhos Perigosos, Taxi Driver ou Os Bons Companheiros, ou o próprio Touro Indomável, para que crítica e público concordem com relação às qualidades de cineasta de Scorsese, cineasta não por fazer filmes, simplesmente, mas por viver cinema, respirar cinema, pensar a partir e através do cinema.

O que prontamente chama a atenção na filmografia de Scorsese é o seu ecletismo: a violência da máfia, ou a de um sociopata como Travis Bickle (Taxi Driver), não obstrui o caminho de reflexões sobre a espiritualidade e a religiosidade (Kundun, A Última Tentação de Cristo), tampouco a incursão no humor negro (Depois de Horas, O Rei da Comédia) e no romance de época (A Época da Inocência). Ecletismo, contudo, que não significa a ausência de temas recorrentes. Muito pelo contrário, há traços inconfundíveis norteando sua obra: personagens fracassados, ou em situações limite; temas bíblicos (pecado, culpa, punição, redenção); estetização da violência; diálogos despojados, naturais, fundamentados muitas vezes num realismo cru, donos de falas antológicas. E é congregando alguns desses elementos que Touro Indomável, premiado pela crítica americana como melhor filme da década de 80, narra a trajetória decadente de Jake LaMotta, campeão de peso médio do boxe que após abandonar o esporte se torna contador de piadas em casas noturnas.

Filmado num período conflitante para Martin Scorsese (a desaprovação mais ou menos unânime de New York, New York, de 1977, havia ofuscado a ótima repercussão de Mean Streets e Taxi Driver), Touro Indomável (1980) traz a dupla Robert De Niro/Joe Pesci – que mais tarde seria repetida em Os Bons Companheiros e Cassino – excepcionalmente afiada, protagonizando cenas violentas e discussões inflamadas. O sentido de fraternidade, aqui, ultrapassa os códigos de lealdade e companheirismo que nos outros filmes cabiam ao universo da máfia, pois em Touro Indomável os personagens de Joe Pesci (Joey La Motta) e De Niro (Jake La Motta) são irmãos de sangue. Como o título original já indica, Jake é movido por ódio, suas melhores lutas nascem da raiva, o que se esclarece na cena em que praticamente deforma o nariz de um adversário cujo rosto bonito sua esposa Vickie ousou elogiar.

A decupagem das cenas de luta é irretocável, e embora disponha de recursos semelhantes (a câmera lenta, a teleobjetiva, as panorâmicas velozes, a abundância de sangue e inchaços no rosto) há algo que torna o seu resultado muito mais pungente e realista que o de Rocky (cujos produtores são os mesmos). O merecido Oscar de montagem sublinha o trabalho de Thelma Shoonmaker, que desde então não parou de trabalhar com Scorsese. Os êxitos formais do filme dificilmente passam desapercebidos: há um "preenchimento" do espaço-fora-da-tela pelo som em off diegético (barulhos vindos da vizinhança, ruídos distantes que corroboram a tensão das personagens, músicas que acompanham as tomadas internas e ajudam na ambientação anos 40 e 50); há elipses temporais em que a imagem se antecipa ao som (continuamos ouvindo o diálogo ou a música anteriores, no entanto a imagem já avançou e um letreiro nos informa a passagem de tempo); há a fotografia em preto e branco de Michael Chapman, que não aposta no alto contraste para obter a atmosfera desejada, reservando uma forte oposição claro-escuro somente para momentos cruciais (como na cena na prisão). Mas se em Brian De Palma, por exemplo, só para citar outro renomado cineasta da geração de Scorsese que também trabalha cada plano com extremo apreço técnico e preocupação estética, as próprias imagens são as personagens (no sentido de que a embriaguez visual é o grande mote das cenas), num filme como Touro Indomável há o aprofundamento psicológico do protagonista. A evolução do filme revela pouco a pouco um Jake La Motta auto-destrutivo, um lutador de boxe derrotado pelo próprio orgulho, pelo ciúme doentio que cultiva após o casamento com a jovem Vickie, pela má alimentação, pela teimosia.

A atuação de De Niro, que teve de engordar absurdamente para interpretar a segunda fase da vida de Jake La Motta, está entre as melhores de sua carreira. As seqüências em que contracena com Joe Pesci são particularmente marcantes, sendo que o destaque está na longa discussão que mantém com ele a respeito de Vickie (o ciúme paranóico de Jake não poupa nem o próprio irmão), culminando no que talvez seja o ápice da agressividade de La Motta: ele invade a casa do irmão, espanca-o sem piedade e dá um soco na esposa que o havia seguido para impedir a confusão. A chegada de Jake à casa de Joey é precedida pela curiosa cena da ameaça que este último fazia, sentado à mesa do almoço, apontando a faca para o filho pequeno que não queria comer direito. A seqüência resume a natureza eruptiva trabalhada pelo filme: homens de comportamento explosivo, trajetórias destrutivas (Jake não destrói somente a si mesmo, inclui quem se situa nas imediações – fato impresso na amargura progressiva da esposa), violência que se dá em diversos níveis (gráfico, psicológico, emocional, espiritual). Violência que o meio (no caso, o Bronx) facilita, mas que também é intrínseca, está na composição biológica, pode irromper do contato entre iguais, entre irmãos, como na escalada de violência cega que culmina na morte de Abel por seu irmão Caim exposta no livro Gênese. Epicentro dos acontecimentos trágicos, esse episódio empresta sua face cruenta tanto ao que se segue como – por um efeito-refluxo – ao que havia já ocorrido; desta forma, toda a narração do Gênese parece revestir-se da violência como que sob o estado de semente maléfica cujo crescimento é irreversível. A partir daí, cada momento da história dos homens responderá por esse germe de violência que ora lhes é intrínseco. Em se tratando de Scorsese, não há como negligenciar tal contribuição – a formação católica do diretor não é escondida em nenhum momento, sendo apenas confirmada pela parábola bíblica que preenche a tela entre o último plano e os créditos finais. Uma das características que define Jake é o excesso de orgulho, e a partir dele sua violência irradia. Segundo o próprio Scorsese, "o orgulho é o maior dos pecados"; não espanta, portanto, que La Motta seja tão severamente punido pela vida, até clamar por redenção numa solitária cela de cadeia. A ferocidade que La Motta cultiva ao longo do filme desaba na pusilanimidade oriunda da constatação de sua derrota moral. Consumada a violência, Jake não sabe bem explicá-la, é tão pouco dono de sua erupção agressiva quanto das vontades imperfeitas que o fizeram atingi-la, da mesma forma que Travis Bickle havia se espantado com a matança que ele próprio acabara de promover ao final de Taxi Driver. Violência sem dono. Ou cujo dono são todos os homens: na luta mais sanguinolenta de Touro Indomável, a platéia fica em polvorosa, "foi golpe atrás de golpe e o público se incendiou!", o locutor exclama.

O modo como acaba a carreira de campeão de Jake La Motta, com a derrota para Sugar Ray, é bastante emblemático. Jake pede que o antigo adversário o soque com mais e mais força, só para permanecer de pé e provar-lhe que nunca foi derrubado por ele. Depois de derrotado sem ter ido ao chão, Jake sai do ringue. A câmera passeia por ali, dá a volta pelo juiz, mostra um pouco da platéia perplexa com o que viu, assiste à comemoração de Sugar Ray, até finalmente encontrar o que deseja: o detalhe do sangue de Jake La Motta escorrendo num pedaço da corda que cerca o ringue, primeiríssimo plano que escancara as opções estéticas do filme ao mesmo tempo em que condensa o destino abraçado pelo boxeador. "Aqui, vocês assistiram à queda de um campeão", havia dito o locutor uns segundos antes. Em seguida ao plano detalhe do sangue gotejante (escoamento do tempo como degradação), o filme pula para 1956, para apanhar Jake sentado à beira da piscina de sua casa em Miami, explicando a um repórter o porquê de ter largado o boxe. Daí em diante o sentido de queda não pára de evoluir: o divórcio, a prisão, a liberdade condicional, o retorno a Nova York, o abandono. Jake com a cara inchada, barriga estufada, voz pastosa, não deixará de proferir a ressentida frase: "Ainda que eu possa lutar, prefiro recitar", comprovando que o "pecado mor", o orgulho, não o abandonou jamais.

Para fazer jus à fama que seu diretor carrega de ser admirador/colecionador dos grandes clássicos do cinema, Touro Indomável termina com uma longa citação da fala de Marlon Brando em Sindicato dos Ladrões, de Elia Kazan, que, assim como Scorsese, era elogiado por conta de saber aliar precisão técnica, sensibilidade plástica e crítica social. Passados vinte e três anos de seu lançamento oficial, Touro Indomável sem dúvida permanece como um dos pontos máximos da carreira de Scorsese.

Luiz Carlos Oliveira Jr.

Apresentação: Eduardo Valente e Ruy Gardnier. Convidado: Cezar Migliorin (diretor e montador de cinema)

Raging Bull, EUA, 1980, 128’, p&b

Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Paul Schrader e Mardik Martin, baseado em livro de Jake LaMotta, Joseph Carter e Peter Savage
Fotografia: Michael Chapman
Montagem: Thelma Schoonmaker
Música: Robbie Robertson
Produção: Robert Chartoff e Irwin Winkler
Com Robert de Niro (Jake LaMotta), Cathy Moriarty (Vickie La Motta), Joe Pesci (Joey La Motta), Frank Vincent (Salvy), Nicholas Colasanto (Tommy Como), Theresa Saldana (Lenore La Motta), Mario Gallo (Mario), Frank Adonis (Patsy) e pontas de John Turturro e do próprio Martin Scorsese

CITAÇÕES:

CINEMA DO CINEMA
"Quando Godard em O Desprezo coloca um chapéu na cabeça de Michel Piccoli em plena banheira, como Dean Martin em Deus Sabe Quanto Amei, aquilo não era simplesmente fetichismo gratuito, Era uma forma de afirmar que o cinema era liberdade, a alternativa ao conformismo do tempo, uma autêntica paixão."

O COMEÇO
"Bob (De Niro) queria fazer o filme. Eu não, eu não entendia nada de boxe. Para mim, é como um jogo de xadrez físico. É preciso ter a inteligência de um jogador de xadrez para escolher os golpes e ao mesmo tempo executá-los com o corpo. Alguém pode ter zero de educação e revelar-se um gênio na arte do boxe. Quando eu era moleque, olhava as lutas de boxe no cinema, filmadas sempre no mesmo ângulo, e nunca conseguia distinguir os boxeadores. Achava aquilo tudo muito chato e, além do mais, não entendia nada, Tinha uma idéia sobre o que motivava um boxeador e entendia por que Bob queria a todo custo interpretar o papel de Jake LaMotta. Ele vinha do mesmo meio, operário, ítalo-americano."

SCORSESE E DE NIRO
"Eu ainda não entendia porque Bob achava aquilo tudo interessante. Eu sabia que ele queria ganhar peso para o papel. Tínhamos todos os dois 35 ou 36 anos na época. Ele não parava de repetir: "Eu só tenho mais uns dois anos pra fazer isso com o meu corpo... É preciso realmente fazer esse filme". Eu não conseguia entender a graça do projeto. Depois um dia ele veio me visitar e disse: "Mas o que está acontecendo? Não tem vontade de fazer o filme? Só você pode fazê-lo!" Respondi que sim, e então compreendi. Eu podia fazer o filme, o filme falava de mim. E eu nem precisava dizer a Bob, ele já sabia."

A MONTADORA FALA:
"Não monto durante a filmagem. Começo por uma espécie de cabo-a-rabo muito elaborado com diversas opções para cada cena de forma que Martin possa escolher entre quatro ou cinco tomadas, especialmente quanto à atuação. Faço isso para que ele possa ter uma opção. Depois, na sala de montagem, tomamos juntos as decisões. A montagem começa verdadeiramente aí, o que é uma exceção e não tem nada a ver com a maneira com a qual se faz filmes hoje. Escolhemos as tomadas que nos parecem mais satisfatórias do ponto de vista da atuação, depois eu monto a cena e mostro pra ele. Ele reage, eu volto à mesa de montagem, etc. Ele toma muitas decisões sobra a atuação na montagem. Ele não faz isso na filmagem, preferindo ter uma certa margem de manobra na montagem . Ele pode controlar melhor as coisas, refletir melhor."

O ROTEIRO
"Pedi a Paul Schrader para escrever uma nova versão da história de LaMotta. Ele teve a idéia genial de começar a história pelo meio, no momento em que Jake está quase ganhando uma luta. Ele nocauteia um sujeito. Mas ele perde. Por quê? Porque ele não quer seguir as regras dos mafiosos. Não por honra, mas simplesmente porque ele não quer partilhar o dinheiro com eles. Depois ele chega em casa e bate na mulher porque ela não cozinha o bife do jeito que ele gosta. Ou seja, teremos uma cena de sexo, que a mesa vai voar e ficar em pedaços, que o irmão vai tentar separar a briga. Pronto, temos aí um filme. Schrader nos deu tudo isso, a progressão dramática do filme, o conflito que vai aumentando."

  
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Que cabeça a minha ! Li a crítica do Deadman e acabei me esquecendo de comentar aqui. Bom, esta é a primeira crítica do Dead que leio (Não vi Sob Domínio do Medo ainda) e devo dizer que me agradou bastante. Vejo que partilhamos das mesmas opiniões sobre o filme. Parabéns pelo bom trabalho, cara.

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O J. de Silentio também confirmou o envio de seu texto sobre o filme do Terrence Malick, assim como a Veras. A Resenha de O Novo Mundo será publicada amanhã e a de Os Bons Companheiros, fechando esta excelente temporada do Cineclube, na segunda-feira que vem.

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Vou falar meio rápido porque tenho que pegar o ônibus.

1 - É o primeiro texto do Dead que eu leio, já que não pude assistir Sob o Domínio do Medo.

 

2 - A melhor resenha do ano é publicada toda a semana. Este, aliás, deveria ser o slogan do Cineclube.

 

3 - Gosto muito de Touro Indomável, no entanto, não vejo como compará-lo a Taxi Driver (e nem porquê).

 

4 - E que venha o Silentio, porque já preparei meu dicionário.

 

5 - Ficou horrível esse post.
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"A melhor resenha do ano é publicada toda a semana. Este, aliás, deveria ser o slogan do Cineclube."

 

Fantástico, Forashoney. 06

 

Não assisti ao filme resenhado pelo Deadman... Então tentei, tentei não ler, mas não resisti.

Muito bem escrita. Deixou-me com muita vontade de conferir o filme. Ainda mais depois dessa:

Assisti Taxi Driver ontem pela primeira vez e' date=' uma coisa adianto: Taxi é o esboço para Touro Indomável.[/quote']

13

 

 

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Hehe, valeu.

 

E Veras, tenho a impressão de que o Dook falava no sentido de que, para Martin Scorsese, Taxi Driver deva ser um esboço de Touro Indomável, já que neste último o diretor simplesmente explode. Creio eu, não vou pôr palavras na boca do Conde. Nas minhas, Taxi Driver é a coisa. Inigualável, incomparável, sem qualquer palavra na língua portuguesa que possa definí-lo ou que mereça figurar como seu adjetivo.
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