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Forum Cinema em Cena

Fernando

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Posts posted by Fernando

  1. 18/05/2007 - 13h37

     
    Filme trágico sobre Joy Division é exibido em Cannes

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    Por Mike Collett-White e Mirja Spernal

    CANNES (Reuters) - A vida tragicamente curta de Ian Curtis, vocalista da banda britânica Joy Division, é o tema de um filme que reabriu feridas antigas dos membros sobreviventes do grupo. O trabalho foi exibido na noite de quinta-feira no Festival de Cinema de Cannes.

    A banda dos anos 1970 criou trabalhos que ficaram famosos, como "Love Will Tear Us Apart" e "Transmission", mas seu sucesso foi interrompido pelo suicídio de Ian Curtis, aos 23 anos de idade, exatamente 27 anos atrás nesta sexta, no momento em que a banda estava prestes a partir em turnê pelos EUA.

    Anton Corbijn, que fotografou o Joy Division em 1979, dirigiu "Control", um filme de duas horas em preto e branco sobre o problemático vocalista. O filme provocou emoções fortes em Cannes, apesar de estar sendo exibido fora da competição.

    O papel de Curtis é representado pelo ator desconhecido Sam Riley, que guarda uma semelhança estranha com o cantor, dentro e fora do palco. Samantha Morton faz a mulher de Curtis, Debbie, em cujo livro o roteiro se baseou.

    "Tive a sorte de ter a mesma altura que ele e uma semelhança passageira com ele, além de ser cantor, então acho que tudo isso tornou a decisão mais fácil para Anton, embora ainda fosse arriscada", disse Riley à Reuters em entrevista na sexta-feira.

    "Tive uma agente para meus trabalhos de ator quando era adolescente, mas perdi contato com ela. Eu estava trabalhando num emprego muito humilde em Leeds e estava cansado disso", disse, explicando como conseguiu o papel.

    "Então liguei para ela, depois de cinco anos, e falei: 'Lembra de mim?', e esse foi o primeiro teste para o qual me mandaram."

    Indagado se já foi comparado a Ian Curtis no passado, respondeu: "As pessoas costumavam dizer que eu era parecido com (o cantor) Pete Doherty, o que não é exatamente um elogio, certo? Um viciado em heroína? Mas tudo bem."

    CHOQUE E RAIVA

    Em seus últimos anos de vida, Ian Curtis sofria de epilepsia e era incapaz de conjugar sua vida doméstica, como marido e pai, com sua carreira de roqueiro.

    Para o baterista Stephen Morris, assistir à história da banda foi uma experiência perturbadora.

    "Assistir ao filme ontem pela segunda vez, mas entre um monte de pessoas, foi como ver minha juventude despida diante de um público, como ser dissecado", disse ele.

    Indagado sobre como reagiu ao fato da sessão da noite de quinta-feira acontecer na véspera do aniversário da morte de Curtis, Morris disse: "Isso me dá arrepios".

    Morris, que acabou tocando com o New Order, banda sucessora do Joy Divison, contou como se sentiu quando soube que Curtis se enforcara. "Acho que foi um choque, mas o que eu percebi foi muita raiva -- raiva por ele ter sido tão estúpido".

    "Quando uma pessoa comete suicídio, o problema é que isso deixa um monte de perguntas sem resposta para as pessoas que sobram -- e as fere muito mais."

  2. A Via Láctea

     

    Duas%20estrelas%20e%20meia
     

    Por Kleber Mendonça Filho

    Um dos dois longas brasileiros em Cannes esse ano (o outro é Mutum, de Sandra Kogut, na Quinzena dos Realizadores) estreou na quinta-feira como parte da seleção da Semana Internacional da Crítica. A Via Láctea, filme de Lina Chamie, teve sessão prestigiada pela diretora e atores Marco Ricca e Fernando Alves Pinto. O filme revela-se autoral, de pequeno porte e feito na guerrilha em formatos diferentes de imagem, de 16mm e 35mm, mas principalmente em digital com a câmera preferida (operada pela fotógrafa paulista Kátia Coelho) de quem faz cinema independente hoje, a Panasonic 24 quadros DVX100.

    Vendo o filme de Chamie na sala do Miramar veio a certeza de que Cannes ignorou filmes bem maiores, e que certamente terão lançamentos abertos que A Via Láctea certamente não terá nos cinemas do Brasil. Chamie, que fez há cinco anos o longa Tônica Dominante, nos informou, inclusive, que o filme ainda está sem distribuidor definido no Brasil. "O filme está nascendo agora, Cannes veio primeiro, vamos ainda ver o que vai acontecer".

    Ricca, que produziu e convidou Beto Brant para fazer seu filme anterior, Um Crime Delicado, também de certa forma apadrinha A Via Láctea. Seu nome abre o filme ao lado de patrocinadores, mas ele explica que, desta vez, o acordo foi diferente. "No Crime Delicado, eu comprei os direitos do livro e convidei Beto para trabalhar, aqui eu me associei a Lina para fazer este, que é um projeto dela".

    A Via Láctea vem numa sequência de dois outros filmes exibidos no Cine PE, mês passado, que têm a cidade de São Paulo como personagem importante, Os 12 Trabalhos, de Ricardo Elias, e Não Por Acaso, de Philippe Barcinski. No filme de Chamie, uma obra aberta e não linear na sua narrativa, acompanhamos um casal que chegou a impasse afetivo (Ricca e Alice Braga, de Cidade Baixa), e, num achado deste filme, esse casal irá encontrar na cidade e na sua paisagem um reflexo dos estados emocionais deles mesmos.

    Chamie utiliza a cidade e seu caos, mas também ângulos que trazem algum tipo de harmonia para os dois, e acrescenta inúmeras interferêcias poético-artísticas (teatro, literature e, especialmente, música) para montar uma embalagem apaixonada, mas que, frequentemente, ameaça transformar o filme num protótipo de "filme de arte" infernal, ensandecido com suas idéias românticas e que flertam claramente com a tragédia. O feito negativo não perdura pela força de um romantismo frequentemente inspirado pelas letras de Drummond. Também ajuda o fato de Chamie ter feito um filme que cheira a honestidade.

    "Na minha opinião, esse é um filme incomum e impressionista, feito com uma matemática narrativa própria de Lina, isso num mundo cinematográfico que vem sempre pronto com receitas muito claras". Sobre o aspecto guerrilha de A Via Láctea, Ricca disse que muita coisa foi feita à noite em São Paulo, e muitas vezes sem luz para filmar. Foi uma filmagem sem apoios logísticos, eu mesmo dirigia nas cenas e, atuando, me preocupava para não bater em ninguém. No mais; é ator brasileiro trabalhando, na mesma época, fazia uma peça, novel e esse filme".

    Para Chamie, a cidade de São Paulo está num corpo a corpo com os personagens, e a cidade cria um impasse entre os personagens. Vejo minha relação com São Paulo como um avesso de tudo. Isso foi registrado de maneira documental pelo filme, os engarrafamentos eram os engarrafamentos da cidade, e nós roubamos cenas da cidade".

    Chamie vê seu filme como uma tentativa de contar uma história de amor vertiginosa, e define sua participação em Cannes como importante. "O filme está muito bem na Semana da Crítica, estou muito feliz de tê-lo aqui, é uma seleção que olha para o filme com carinho, embora eu talvez seja a última pessoa capaz de falar sobre a sessão. Acho que o filme é desconcertante, isso até foi definido no catálogo da Semana da Crítica, "um filme diferente de qualquer outro que desconcerta e entusiasma". Afinal, creio que é um filme de extremos.


    Links:

    Tônica Dominante
    Um Crime Delicado
    Os 12 Trabalhos
    Nao por Acaso
  3. Tirado do site Cinemascópio :

     

    Zodiac

    Três%20estrelas%20e%20meia


    Por Kleber Mendonça Filho

    Passou ontem também na competição Zodiac, do Americano David Fincher, diretor que ganhou enorme projeção com Clube da Luta. Zodiac talvez configure-se seu melhor filme, pelo menos é o mais maduro de um cineasta que sempre foi hábil, mas que parecia mais interessado em malabarismos da sua imagem. Extremamente Americano no corte e na identidade cultural, o filme parece uma variação do gênero serial killer, mas, na verdade revela-se uma análise sobre informação e obsessão tendo como base assassinatos reais que chocaram o norte da Califórnia no final dos anos 60 e inicio dos 70.

    Os crimes nunca foram solucionados, o que desestabilizou alguns dos envolvidos com o caso, tanto na imprensa como na polícia. Dois deles são os jornalistas interpretados por Jake Gyllenhaal e Robert Downey Jr. Com fantástico trabalho técnico, que viabiliza reconstituição de época como pouca coisa vista no já tão profissional cinema dos EUA (Fincher cresceu na região, na época retratada, para terem uma idéia).


    Filme visto na Debussy, Cannes, 16 maio 2007
  4. Zodiac

    Três%20estrelas%20e%20meia

    Por Kleber Mendonça Filho

    Passou ontem também na competição Zodiac, do Americano David Fincher, diretor que ganhou enorme projeção com Clube da Luta. Zodiac talvez configure-se seu melhor filme, pelo menos é o mais maduro de um cineasta que sempre foi hábil, mas que parecia mais interessado em malabarismos da sua imagem. Extremamente Americano no corte e na identidade cultural, o filme parece uma variação do gênero serial killer, mas, na verdade revela-se uma análise sobre informação e obsessão tendo como base assassinatos reais que chocaram o norte da Califórnia no final dos anos 60 e inicio dos 70.

    Os crimes nunca foram solucionados, o que desestabilizou alguns dos envolvidos com o caso, tanto na imprensa como na polícia. Dois deles são os jornalistas interpretados por Jake Gyllenhaal e Robert Downey Jr. Com fantástico trabalho técnico, que viabiliza reconstituição de época como pouca coisa vista no já tão profissional cinema dos EUA (Fincher cresceu na região, na época retratada, para terem uma idéia).


    Filme visto na Debussy, Cannes, 16 maio 2007
  5. Elijah Wood to Play Iggy Pop

    Source: Variety

    May 16' date=' 2007

     
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    Que escolha esquisita para viver o Iggy Pop . As únicas coisas que o Elijah tem a ver com ele é o branco do olho e o ar andrógino ,hehehe .
    Fernando2007-05-17 18:24:42
  6. 4 Months, 3 Weeks & 2 Days

     

    Quatro%20estrelas%20e%20meia

     

    NO HOTEL

    Por Kleber Mendonça Filho

    A seleção de Cannes está revelando-se uma apaixonada descobridora e divulgadora do novo cinema que vem da Romênia. Há dois anos, vimos na mostra Un Certain Regard (mesmo ano que selecionou Cinema Aspirinas e Urubus) um filme maravilhoso chamado A Morte do Senhor Lazarescu (Moartea Domnului Lazarescu), de Cristi Puiu, desde então para mim um dos filmes mais importantes desta década. Ano passado, a Un Certain Regard trouxe o bom Cum mi-am Petrecut Sfarsitul Lumii (Como Celebrei o Fim do Mundo), de Catalin Mitulescu, e a Quinzena dos Realizadores lançou o excelente Leste de Bucareste (A Fost Sau n-a Fost?), que está circulando já no Brasil em uma única cópia). Esse ano, os romenos foram promovidos para a mostra competitva com mais uma crônica impressionante sobre gente, e também, outra vez, sobre a Romênia e sua realidade social, num momento histórico (o fim do comunismo) que foi tema de três dos quarto filmes acima citados. O filme chama-se Quatro Meses, Três Semanas e Dois Dias, de Cristian Piu.

    Os quatro filmes citados também parecem ter vindo de uma mesma raiz narrativa, com uma visão de mundo ao mesmo tempo respeitosa e generosa com o rosto humano e brutalmente honesta com os temas escolhidos. No caso de Quatro Meses, Três Semanas e Dois Dias, o resultado torna-se especialmente desconfortável por lidar com o tema aborto.

    Na Romênia do final dos anos 80, somos apresentados a duas amigas Otilia (Anamaria Maninca) e Gabita (Laura Vasiliu), e, aos poucos, entendemos que a última irá fazer um aborto. Atividade ilegal e cercada dos tabús humanos e sociais, a necessidade de Gabita ir em frente a levará a uma série de pequenas tensões que Piu vai construindo sabiamente com o ritmo da verdade. E

    le também revela aos poucos a importância da amiga, que, de fato, torna-se o eixo moral e humano do filme, e ica aqui o nosso voto e esperança que o júri de Stephen Frears considere Maninca para uma Palma de Melhor Atriz. Ela é incrível, cada cena suplantando a anterior, em especial num dos longos planos sequência onde ela redefine a idéia de "minha cabeça está em outro lugar", durante um jantar.

    Trancadas num quarto de hotel e a mercê de um médico, as duas amigas terão que lidar com uma escalada perturbadora de eventos que mexem com toda um a gama de temas difíceis, aqui enfrentados pelo filme, diretor e atores com talento enervante.

    Quatro Meses, Três Semanas e Dois Dias pertence a uma série de filmes - "Histórias da era de ouro" - que aborda a era comunista na Romênia sem abordar diretamente (ou comentar nominalmente) o período. Notável que na abertura acompanhamos o acesso a bens de consumo do Mercado capitalista internacional (Nescafé, TicTac, Marlboro, Kent, Aspirina), todos disponíveis via mercado negro, e uma ironia considerando que o aborto, ao redor do qual o filme passará a existir, também é ilegal e obtido secretamente.

    Olhando o filme, mesmo durante a projeção, ficou a sensação de que esse cinema do leste europeu tem essa certa facilidade recorrente de se debruçar sobre eventos mundanos de repercussões profundas no ser humano, e cada um destes eventos são abordados com uma fidelidade que une não apenas crueza, mas especialmente tempo de vida. Tem-se a sensação de que tudo o que o grande cinema considera supérfluo, entra aqui com enorme interesse, curiosidade e pesar. Minha primeira descoberta do festival.

    Filme visto na Debussy, Cannes, 16 maio 2007

    Fernando2007-05-17 10:56:06
  7. Já saiu um texto do Kléber Mendonça Filho , no site Cinemascópio :

     

    Wong Kar Wai abre festival com um versão levemente alterada dele mesmo. Filme estava ainda mixando na segunda-feira.

     

    My Blueberry Nights (Cannes 2007)

     

    Três%20estrelas%20e%20meia

     

    BEIJO NA BOCA

    Por
    Kleber Mendonça Filho

    A 60a edição do Festival de Cannes foi aberta com a première mundial de My Blueberry Nights (França/China/EUA, 2007), primeiro filme do autor chinês Wong Kar Wai falado em inglês, e também ambientado na paisagem americana. O filme de Kar Wai, mais uma vez podre de romântico, apresenta também amplas possibilidades de sugestão amorosa na nova temporada cinematográfica para quem come torta e fica com um restinho sujo no canto da boca. Esperem e vejam. Não foi espetacularmente bem recebido, mas sera provável sucesso. Mudando um pouco de assunto, a abertura do festival deu-se também, e isso é impossível de ignorar, no dia da posse do novo presidente francês, Nicolas Sarkozy, fato que parece simbolizar para a França o início de uma nova era política no país politicamente dividido.

    A escolha de My Blueberry Nights para abrir o festival trouxe curiosidade e prestígio a Cannes. Assim como parcela importante dos seus colegas de competição, Kar Wai é nome querido na Croisette, seu Felizes Juntos (Happy Together, 1997) foi premiado no festival, assim como Amor à Flor da Pele (In The Mood For Love), em 2000. Cinco anos depois, 2046 esteve na competição e, ano passado, Kar Wai foi presidente do júri.

    Na verdade, toda essa relação com Cannes ajuda também a enxergar melhor o seu novo filme, feito com uma rapidez incomum para os padrões Kar Wai. Bancado pelos franceses do Le Studio Canal, My Blueberry Nights, ano passado, era fartamente divulgado em Cannes durante a estadia do seu diretor no festival como presidente do júri. Há um ano, cartazes preliminaries do filme embrionário foram espalhados por Cannes e anúncios comprados nas principais revistas diárias. Kar Wai começou a filmar em julho e as filmagens terminaram em dezembro último.

    Na coletiva de imprensa realizada logo após a projeção do filme à imprensa, Kar Wai revelou que ainda na segunda-feira estava em Los Angeles ajustando a mixagem. "Um dos motivos que me fez aceitar o convite para passar este ano em Cannes foi tirar a sensação de que meus filmes chegam de última hora", disse Kar Wai, provocando uma explosão de risos entre jornalistas. Ele se referiu à sua passagem por Cannes com 2046, que além de perder a primeira sessão programada para a competição, sofreu mudanças substanciais até chegar aos cinemas do mundo, meses depois. "Acho que foi por isso que quando a cópia chegou ontem (terça) ao festival, todos ficaram surpresos", completou Kar Wai, rindo.

    My Blueberry Nights pode ser descrito como uma história de amor em três atos, ou capítulos, bem distintos. Há no filme uma aura inegável e muito familiar de "cineasta estrangeiro descobindo a América", observada em obras do passado feitas por Michelangelo Antonioni ou Wim Wenders, mas aqui, de certa forma, enfraquecida por um cinema que, se permanece pessoal, talvez aponte também para o trabalho de um autor que aparece ligeiramente alterado, especialmente ao filmar o amor e dar-lhe, talvez pela primeira vez na sua carreira, um final abertamente feliz. Pode ser também patrulha autoral, mas é a primeira vez que um filme de Kar Wai adota o formato muito americano de externar num diálogo os perigos do fumo, e cigarro sempre foi um dos objetos de cena mais vistos nos seus filmes, até agora, sempre como se o futuro não existisse para os personagens.

    Levantamos a questão do tom e do final pois muitos dos que admiram um Amor à Flor da Pele, seu filme assinatura, ou seu mais comercialmente bem sucedido, parecem extrair substância emocional do fato de tratar-se de um filme tão fortemente melancólico e, finalmente, triste. My Blueberry Nights continua sendo Kar Wai, que constrói uma história marcada por momentos cheios de dor e beleza humana (personagens são generosos, todos), e, aos poucos, vemos o trabalho de um autor que talvez tenha saído para conquistar o mercado.

    Quando falamos que o próprio Festival de Cannes talvez explique parte do filme, My Blueberry Nights surge como uma remixagem de um lindo curta metragem que Kar Wai apresentou na surdina em Cannes 2001, durante a sua Leçon du Cinéma (aula de cinema, que este ano trará Martin Scorsese a Cannes). Intitulado In The Mood For Love 2001, o curta, trazido para a aula como "um presente" não anunciado para a platéia, é uma espécie de filhote interessantíssimo do longa lançado um ano antes no festival, e que Kar Wai parece agora ter fielmente reprocessado para a primeira meia-hora do seu novo filme.

    Na coletiva, eu perguntei ao Kar Wai, ou pedi para que comentasse a relação entre o curta e My Blueberry Nights, e ele confirmou. "É verdade, a história de In The Mood For Love 2001, que tem seis minutos de duração, acabou sendo utilizada em My Blueberry Nights. Por sua vez, o que vemos no curta foi originalmente pensado como parte de Amor à Flor da Pele, e que terminou não entrando. De qualquer forma, não vejo My Blueberry Nights como um remix, mas como uma extensão, uma vez que o curta seria apenas a primeira parte da história, e depois vamos para Memphis e Las Vegas".

    "Quando o filme pega a estrada, me perguntei se era um "road movie", ou um filme intimista como a sua primeira parte, e logo entendemos que os personagens começam muitos próximos, mas que lhes falta alguma coisa, e isso que falta surge de uma viagem".

    JUDE - Jude Law, presente na coletiva de imprensa, interpreta Jeremy, um barman inglês em Nova York. A suspeita de que barmans são alguns dos maiores ouvintes da alma humana ganha tratamento eloquente via Kar Wai ao apresentar Jeremy a Elizabeth (Nora Jones), uma cliente do lugar que acaba de ser abandonada pelo homem que ama. Jeremy explica com pesar que ali no seu bar existe um prato com uma dezena de chaves abandonadas, restos de uma dezena de amores perdidos.

    Elizabeth, mais tarde, sairá numa viagem de auto conhecimento pelos EUA (o mito do estrangeiro nas estradas americanas reapresentado), fotografada por Kar Wai em CinemaScope no tipo de cliché que já conhecemos (faixas amarelas, asfalto, conversíveis), mas que, de alguma forma, não depõe contra o filme. Nessa viagem, Elizabeth será a observadora de duas outras histórias de amor, agora ela mesma como ouvinte e garçonete/barwoman, fechando o círculo de ouvir os outros e usar a experiência para si mesmo.

    Especialmente forte é a segunda história, entre um policial (David Strathain, tão bom em Boa Noite, Boa Sorte, aqui dando outra excelente atuação) e a mulher que o abandonou (Rachel Weiz, também excelente em O Jardineiro Fiel, perfeita nesse). A terceira história, com Natalie Portman, sugere fraqueza, mas há ainda interesse. My Blueberry Nights terá distribuição no Brasil via Europa Filmes.

    Kar Wai mostrou-se preocupado em estabelecer respeito, da parte dele, em relação a fazer um filme numa cultura estrangeira, longe de Hong Kong, e mencionou a tal cena da boca suja de torta que todos já estão comentando. "Um beijo, por exemplo, significa coisas diferentes, em culturas diferentes. O ato pode até ser o mesmo, mas acredito que o que vem antes, e o que acontece depois, ganha contornos diferentes dependendo da cultura, dos costumes".

    Jones revelou que achava que Wong Kar Wai estava interessado nela como cantora para trabalhar no filme, e foi surpreendida com um convite para atuar (seu primeiro trabalho como atriz). "Escolher um ator pela voz é sempre importante", devolveu Kar Wai. Sobre a cena do beijo, ela disse que entre ela e Jude Law, o mais empolgado era Kar Wai, "acho que por ele saber exatamente o que ele queria, e isso nos fez filmar durante um bom tempo".

    Law mostrou-se satisfeito com a resposta aparentemente positiva à cena do beijo, pois "muitas vezes trabalhamos em filmes que dão muita importância a eventos "grandes", histórias de uma vida inteira, quando na verdade pequenos atos como esse ganham importância e representam mudanças para as pessaos. Ou seja, um beijo é apenas um beijo, mas. há beijos e beijos", completou ninguém menos do que Mr. Jude Law, de cabelo imaculadamente desgrenhado.

    Filme visto na Debussy, Cannes, 16 de Maio 2007

  8. Hombre Muerto , parabéns : excelente texto sobre um clássico supremo do Scorsa - que deveria ter vencido o Oscar por esse filme , mas os velhinhos bobões preferiram Robert Redford e seu Gente Como A Gente ...

     

    Touro Indomável é absolutamente monstruoso de tão bem realizado . Uma das melhores equações de direção , roteiro , edição , fotografia e interpretação que eu conheço . E a Thelma Schoonmaker é uma das melhores profissionais na edição de um filme , se não for a melhor . DeNiro dispensa maiores comentários no seu trabalho genial como Jake LaMotta .

     

    O nível do Cineclube Em Cena está tão alto que chega a me deprimir ,hehehe . Essa empreitada foi a melhor coisa já realizada no fórum e todos os participantes têm se superado a cada novo texto .

     

    Parabéns , Deadman !

     

     

     

     
  9. Encontros e Desencontros foi influenciado pelos filmes do Wong Kar-Wai . A própria Sofia Coppola já citou o diretor chinês como um dos seus favoritos , e o agradeceu em um discurso no Oscar 2004 . Ela agradeçou ao Kar-Wai , Jean-Luc Godard e até mesmo Bob Fosse (?) - esse aí só se for na seqüência do karaokê ,hehehe .  Fernando2007-05-15 20:53:46

  10. Imagine se ele vai perder o ânimo para falar de Maria Antonieta ,rsrsrs.

    Capriche , hein ?! O filme merece um bom texto .  

     

    Ah , em tempo : ainda não pude ver o filme A Criança , mas tenho que elogiar o bom texto do Garami . O nível do Cineclube está muito alto : isso me faz ter muita vergonha do meu texto e do filme escolhido ,hehehe .

     

       
  11. Veras , o Wong Kar-Wai ainda é pouco conhecido do público brasileiro . A maioria dos seus filmes ainda não foram lançados em DVD. 

    O único que eu lembro de ter sido lançado em DVD é Amor A Flor da Pele , que é estrelado por Tony Leung e Maggie Cheung - que fizeram o casal guerreiro de Herói .

     

     

     
  12. Adoro os filmes do Kar-Wai e já estou na expectativa quanto a esse My Blueberry Nights , que é a sua estréia no cinema americano . É o filme de abertura do Festival de Cannes de 2007 .

     

    Pena que deve demorar a ser lançado por aqui . Parece que a estréia nos EUA é só em dezembro .

     

    Ele sabe extrair o melhor dos seus elencos e por isso acredito que a Norah Jones tenham chances de se sair bem nessa sua estréia como atriz . 
    Fernando2007-05-06 10:07:46
  13. Minha atuação preferida é como Maria Antonieta , seguida de perto do trabalho como Claudia em Entrevista Com O Vampiro ( brilhante aos 12 anos) .Já o filme em que ela está mais bonita é As Virgens Suicidas .

    Pena que a Kirsten recusou o papel da cheerleader em Beleza Americana , teria sido ótimo para ela . Ela foi ser cheerleader naquela comédia adolescente bobinha , que eu esqueci o nome agora ... Fernando2007-05-02 13:02:53
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