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Mas o imposto do cigarro tem que ser alto para que a população não fumante não tenha que pagar pelos tratamentos médicos dos fumantes.
De noite respondo o scofa.
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Rafal, talvez eu já tenha te perguntado isso mas não me lembro a resposta: os TJs são uns 6 milhões mas apenas 144 mil serão salvos. O que te leva a crer que estará entre os 2,5% de TJs salvos?
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O exemplo da lei do silêncio nós já discutimos e você até concordou comigo que fumaça de cigarro e som são diferentes. O som se propaga em um volume muito maior do que aquele pelo qual um gás consegue se difundir. A lei do silêncio não é uma medida que atenta contra a propriedade privada, muito pelo contrário, ela coibe indivíduos de incomodarem outros indivíduos em seus lares.
A analogia com a maconha também não procede já que plantar maconha é crime em qualquer lugar do território brasileiro. Ao contrário do cigarro, cujo uso não é proibido. Não estou dizendo que não reconheço o direito do Estado de legislar sobre a propriedade alheia. Por convenção social ou outros motivos que não cabem discutir há um consenso de que certos atos devem ser restringidos em qualquer lugar. Estou dizendo apenas que, neste caso em específico, considero a lei abusiva e autoritária.
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Porque a pizzaria oferece comida com ingredientes encontrados no próprio planeta' date='não foram ingredientes criados pelo homem.
Ou
seja,mesmo que não exista pizzaria,existirá comida com glúten,porque
glúten faz parte do alimento existente na Terra.Então,se for para tirar
de circulação toda e qualquer comida com glúten,pessoas morreriam de
fome...aí novamente entra aquela questão da maioria.....
Seria como se existisse um peixe alérgico à plancton.[/Quote']
Rafal, na nossa analogia pizza=fumaça de cigarro. Nenhum dos componentes da fumaça de cigarro foi inventado pelo homem. E o seu segundo parágrafo tambem é falso. Para que existam alimentos sem gluten basta que não se coloque derivados do trigo e de alguns outros cereiais que tem gluten nas receitas.
Estamos aqui discutindo as nossas opiniões.Não a doEstado' date='certo?Logo,na minha opinião,numa casa onde mora alguém que não
fuma,deveria ser proíbido fumar.[/Quote']
E se o dono não fumante quiser outorgar a qualquer um o direito de fumar em sua casa?
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Acho que a grande questão aqui é determinar até que ponto o estado tem direito de cuidar da saúde das pessoas em lugares que não lhe dizem respeito (propriedades particulares). Fato é que nenhuma pessoa é obrigada a frequentar determinado estabelecimento. E se houver tanta gente assim insastifeita com o cigarro em lugares fechados certamente aparecerão bares e boates menos tolerantes à fumaça cancerígena.
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Nada
a ver. O cigarro contém substâncias tóxicas a TODAS as pessoas. E não
se trata de escolha individual (a presença de um fumante prejudica
OUTRAS pessoas, sai do âmbito individual), já que o fumante não
prejudica só a si mesmo, mas a outras pessoas que estejam próximas a
ele.
É extremamente absurdo você comparar o fato de ser celíaco (que
é uma doença de espectro altamente limitado e não prejudica outras
pessoas que não sofram dela por seus atos com algo socialmente
problemático).
Vale dizer que há um estardalhaço danado aqui como se
fosse uma medida proibitiva de TODOS os cantos existentes na Terra, o
que é uma generalização estúpida.
Quanto ao fato de proibir em
lugares mais propícios ou não, é mais estúpido ainda. Basta mudar os
hábitos e criar outros lugares propícios.
E para mim não faz nenhum
sentido falar que o Estado não pode intervir para garantir o bem estar
social, inclusive é um de seus principais papéis. As comparações que vi
foram estapafúrdias (se o governo proibisse sexo, se o governo mandasse
você fazer isso ou aquilo, você faria? Como se as medidas fossem
arbitrárias e o Estado ficasse brincando com a população de "seu mestre
mandou")
E,
sim, após a análise de tudo que foi falado por aqui sou a favor da
criação de estabelecimentos só para fumantes. Na verdade, o projeto que
tramita em BH é bem razoável, pensando bem.
[/Quote']
Acho que você perdeu o contexto no qual eu disse isso. Eu não disse que o fato de pizzarias só poderem ser frequentadas por pessoas não celíacas é algo socialmente problemático. Pelo contrário, eu usei um exemplo que considero absurdo para contra aregumentar o que o Rafal tinha dito. Vou quotar os posts mais importantes:
Sério que eu vou ter que te explicar isso?Uma pessoa que fuma pode tranquilamente ir num bar dentro desta lei.Basta não fumar.Agora' date='uma pessoa que não fuma vai ter problemas ao ir no tipo de bar proposto por você.O que ocorre com a sociedade é uma segmentação natural,por questão de gosto mesmo,não por forças além da pessoa ou terceiros.Pessoas que frequentam forró dificilmente vão à ópera.[/QUote']O Rafal aponta a tal segmentação causada pelo cigarro como um problema social relevante. Ao que eu respondi com o exemplo da doença celíaca.
Eu tenho doença celíaca' date=' não posso comer nada que tenha
glúten. Pelo seu raciocínio pizzarias, padarias e casas de masas em
geral deveriam ser proibidas já que causam uma segmentação da
sociedade., uma vez que celíacos como eu não podem frequentar esses
lugares.[/Quote']
Repare que nesse caso a discussão é sobre a existência de bares exclusivos para fumantes.
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Só que não existe opressão por parte do governo nestes casos.Como
falei' date='essa é um condição nativa de nosso planeta.A única forma destas
pessoas se verem livres de glúten e/ou pólen,seria se mudando para a
Lua.[/QUote']
Aqui na Terra também é impossível escapar da fumaça.
Vou recapitular a discussão:O seu argumento foi o seguinte:
Algumas pessoas tem alergia a fumaça ou problemas respiratórios. Como em boates o cigarro é comum as boates gerariam uma segmentação social.
Eu propus que a seguinte situação seria análoga ao seu argumento:
Um celíaco não pode comer gluten, alguns não precisam sequer ingerir gluten para terem cries alérgicas. Pizzarias só servem comida com gluten. Portanto pizzarias geram uma segmentação social.
Então se proibirmos o cigarro numa boate porque gera segmentação socia devemos proibir também as pizzarias pelo mesmo motivo.
Agora demonstre que o fato da fumaça ser produzida pelo homem e o gluten não invalida o raciocínio.
Como você mesmo falou com o Calvin' date='o Estado não pode ditar como as pessoas devem agir.[/Quote']Aqui você matou a questão sem saber. O Estado não tem dreito de decidir se voê pode ou não fumar dentro da sua casa. Como estabelecimentos comerciais não são públicos o dono desses estabelecimentos também podem decidir se as pessoas podem fumar dentro dele ou não.
Afinal' date='não é comercialmente viável o uso desta massa num rodízio.[/Quote']Isso não importa. O que importa é que ela existe e poderia acabr com a segmentação social dos celíacos.
E é dever do estado prezar pela saúde das pessoas.[/Quote]Por esse raciocínio você tem que concordar comigo que o estado deveria coibir o gluten. Afinal muitos celíacos poderiam passar mal se comesse uma pizza feita de fariha de trigo.
lém do que' date='não existe segmentação da sociedade.Você pode frequentar um rodízio de pizza,basta não comer.[/QUote']Você também pode frequentar uma balada. Basta levar uma máscara e um cilindro de oxigênio.
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Eu adoro batata frita' date=' mas ela faz mal, fato notório. Mas se
sancionassem uma lei proibindo a batata frita dizendo que, ao deixar de
consumí-la eu ganharia 10 anos na minha vida, eu pararia AGORA de comer
batata frita.
Em primeiro lugar, minha qualidade de vida... Em segundo, o prazer efêmero...[/Quote']Tudo bem se você pensa assim, mas ninguém tem qualquer direito de impor essa lógica aos outros.
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Não estou falando que a maioria esta sempre certa' date='muito pelo
contrário(Nossos políticos estão aí para provar isso).Mas estou falando
que o princípio de sociedade funciona assim.Ou seja,deve-se prezar pelo
bem estar da maioria,já que não dá para prezar de forma plena pelo bem
estar de todos.
[/Quote']Rafal, democracia é diferente de majoritarismo. Se o bem estar damaioria vier às custas da opressão de uma minoria então o desejo da maioria não deve ser atendido. O que você defende é uam ditadura da maioria.
Não' date='meu argumento se mantém.A fumaça do cigarro é produzida pelohomem e o homem têm meios de controla-la ou até terminar com
ela.Porém,gluten e pólen,são coisas nativas do planeta que
vivemos,tornando inviável o controle ou término do mesmo pelo homem.[/Quote']
Ok Rafal, vamos reformular. Existem massas sem glúten. Elas são mais caras e não possuem o mesmo sabor da massa tradicional, mas ainda asism, com elas é possível fazer massas sem gluten. Deveríamos obrigar todas as pizzarias a usar essa massa especial para que os celíacos pudessem se sentir acolhidos pela sociedade frequentando um rodízio de pizza?
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Primeiro que' date=' no meu entender, a pessoa que faz esta escolha
conscientemente, desprovida de implicações emocionais sérias, é
tremendamente idiota... Como este caso é raro, tem-se que estas
"preferências" podem ser mudadas.
Às vezes as pessoas precisam ser condicionadas por um fatorexterno (leis, remédios, terapias, outras pessoas) para melhorarem sua
qualidade de vida. Largá-las à sua própria escolha só para respeitar
sua "decisão" de se matar em doses homeopáticas é o mesmo que ser
omisso em relação a elas...
Em uma sociedade ideal, não deveria haver espaço para preferências
por hábitos não saudáveis. Este é um tipo de escolha que eu adoraria
ser tolhido...[/QUote']
Eu conheço pessoas que trocariam tranquilamente alguns anos de vida para poderem manter o hábito de tomar uma cachaça todas as manhãs de sábado. Aliás aqui em BH isso é muito comum. Se você for ao mercado central aos sábados pela manhã vai encontrar um monte de gente que não tem a menor vontade de trocar a cachaça matinal por uma caminhada saudável. Mesmo que isso lhes custe alguns anos de vida. É muita ingenuidade achar que um conjunto de burocratas vai saber o que é melhor para cada um dos brasileiros. O texto que eu postei fala disso muito bem.
Eu não me consideraria uma pessoa não saudável, mas não tenho a menor vontade de viver sem carne vermelha, batata frita, refrigerante e doces em geral. Quem quiser me achar idiota que ache. Apenas não queiram me tirar o direito de ser idiota.
Pq haveria uma mobilização em favor da execução sumária de judeus? Eles fazem tanto mal ao mundo como o cigarro?[/Quote]Foi um exemplo hipotético que serviu para ilustrar como argumentos de maioria são falsos.
Moonsorrow2009-08-28 15:50:23
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Tanto gluten quanto flores independem da ação do homem para existir.Mesmo que não existam pizzaria' date='floriculturas etc.Ainda assim existirá gluten e polén por aí.Logo,infelizmente não há muito o que se fazer quanto à
isso.Entrando aí a questão da maioria.Talves,se a maioria das pessoas
fossem alérgicas à pólen,talvez os humanos já teria exterminados todas
as flores da fase da Terra.[/Quote']
Remeto à mesma questão que propus ao Renato alguamas páginas atrás: se a maioria das pessoas for a favor da execução sumária de judeus o estado deve atender a esse desejo? Maioria não é argumento para absolutamente nada.
E fora isso, o seu argumento é completamente non sense. Primeiro porque a fumaça não depende do homem para existir e segundo porque, mesmo que dependesse, isso não alteraria em nada a analogia que eu fiz.
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Se o objetivo for zelar pela qualidade de vida da sociedade e
contribuir para formação de seres humanos mais saudáveis' date=' que trabalhem
melhor, que vivam melhor, não vejo porquê não obrigar... [/Quote']
E se uma pessoa preferir adotar hábitos não saudáveis ao custo de perder uns 10 ou 15 anos de vida? Deveria ser impedida ?
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Mas você não é impedido por nenhum fator de ir no lugar.Minha namorada não bebe nem muito menos gosta de bolinho de bacalhau.Mas mesmo assim vai comigo num lugar que só vende bolinho de bacalhau.O que ela faz?Bebe coca-cola e só.[/Quote]
Exitem celíacos que não precisam sequer ingerir gluten para terem crises alérgicas. A situação é completamente análoga ao cigarro.
De modo equivalente, existem ainda pessoas que tem alergia a pólen, portanto floriculturas nada mais são do que estabelecimentos que promovem a segmentação da sociedade. Posso citar ainda inúmeros outros exemplos parecidos com esse.
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Eu acharia ótimo... Estou precisando entrar em forma e' date=' por mim
mesmo, não consigo ter vontade nem saco de praticar exercícios...
Uma sociedade erigida sobre essa obrigação melhoraria muito a sua qualidade de vida.[/Quote']Quem não tem interesse em fazer exercíios físicos de manhã deveria ser obrigado pelo estado?
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Quem disse que você não pode ir neste lugares?Basta não comer o que tenha gluten.[/Quote]
Não existe massa sem gluten. Sugerir que um celíaco vá a pizzaria e coma coisas sem gluten é como sugerir que um alérgico a cigarro vá numa balada com máscaras anti-fumaça.
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Sério que eu vou ter que te explicar isso?Uma pessoa que fuma pode tranquilamente ir num bar dentro desta lei.Basta não fumar.Agora' date='uma pessoa que não fuma vai ter problemas ao ir no tipo de bar proposto por você.O que ocorre com a sociedade é uma segmentação natural,por questão de gosto mesmo,não por forças além da pessoa ou terceiros.Pessoas que frequentam forró dificilmente vão à ópera.[/Quote']
Ninguém é obrigado a ir em bares ou boates. Eu sou alérgico a cigarro e por isso costumo selecionar os lugares que frequento para evitar problemas.
Eu tenho doença celíaca, não posso comer nada que tenha glúten. Pelo seu raciocínio pizzarias, padarias e casas de masas em geral deveriam ser proibidas já que causam uma segmentação da sociedade., uma vez que celíacos como eu não podem frequentar esses lugares.
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Não. O mais correto seria que a fumaça deve ser controlada para não atingir quem não quer ser fumante passivo.Dessa forma' date=' meu pensamento se coaduna com o de vocês quanto ao establecimento próprio para fumantes. Vai lá quem quer.[/Quote']
Não é a exposição á fumaça de cigaro por uma ou duas horas uma vez na semana que vai tornar uma pessoa um fumante passivo. O ponto aqui é que não fumantes acham a fumaça incômoda ( e eu também acho) e querem que ela seja banida de lugares fechados. O problema é que isso vai contra o direito de qualquer proprietário de decidir se em seu estabelecimento o cigarro é permitido ou não.
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Você acha que o cigarro deveria ser banido?Não. Cada um faz o que quer.Mas' date=' a fumaça tem que ser controlada para não atingir quem não fuma.Eu não conheço nenhum meio eficaz para isso. A não ser que fumantes andem com exaustores na cabeça.O método mais prático (?) é restringir os locais para se fumar. Não tem jeito.[/quote']
O erro está em assumir que a fumaça tem que ser controlada para não atingir quem não fuma. Cabe a cada pessoa decidir se tolera ou não fumaça de cigarro e então decidir que estabelecimento vai frequentar.
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Você acha que o cigarro deveria ser banido?
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qual o problema em "purificar" o povo?
Como você se sentiria se um agente do estado fosse a sua casa todos os dias às 5 da manhã para te obrigar a fazer uma corrida matinal? Estado não é pai de ninguém. Não cabe a burocratas decidir se eu devo ou não ingerir substâncias que farão mal apenas a mim.
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09/07/2009
Pastor das almas
Convidado - Demétrio Magnoli
Logo
mais, em São Paulo, será proibido fumar em qualquer local fechado de
uso coletivo, público ou privado. A lei paulista, patrocinada por José
Serra, bane fumódromos em restaurantes, bares, edifícios públicos e
empresas privadas. Ela também confere compulsoriamente aos
proprietários de estabelecimentos comerciais um poder de polícia,
obrigando-os a fiscalizar a proibição. Entre os deveres dos empresários
se inclui a oferta aos clientes de formulários de denúncia de episódios
de violação da lei.
Nas democracias, o poder público administra
as coisas. Mas a lei de Serra ambiciona administrar as almas, impondo a
virtude e punindo o vício. Na sua intrusividade extremada, representa a
culminância provisória de uma tendência perigosa. Há dois anos o
governo federal tentou moldar os conteúdos da programação de TV por
meio da chamada classificação indicativa, que daria ao Ministério da
Justiça um poder de censura. Em maio, também em São Paulo, entrou em
vigor uma lei proibindo o consumo de bebidas alcoólicas nas faculdades
técnicas e escolas públicas e privadas do Estado, até mesmo por maiores
de idade e em eventos alheios ao ano letivo, o que baniu o quentão e o
vinho quente das festas juninas.
Serra ocupa um posto de
vanguarda, mas não está só. Claudia Costin, a secretária municipal de
Educação do Rio de Janeiro, determinou em junho o recolhimento de um
livro didático de História que contém uma gravura quinhentista de
Theodor de Bry. Costin julgou “inadequada” para alunos do quarto ano a
figuração do empalamento ritual executado por índios tupis contra
inimigos. O seu diagnóstico pessoal cancelou tanto a avaliação formal
do MEC, que havia aprovado o livro, quanto a escolha dos professores
que o selecionaram. A gravura condenada está exposta em museus
visitados por crianças em atividades extracurriculares promovidas pelas
escolas.
Leis e atos do poder público têm a função de proteger
direitos. Mas Serra e Costin parecem enxergar o Estado como um pastor
de almas: o pedagogo dos espíritos devotado a esculpir comportamentos
culturais. Sob essa perspectiva, os cidadãos ocupam o lugar de pupilos
ainda irresponsáveis, expostos à sedução do vício e carentes de uma
autoridade virtuosa capaz de protegê-los de si mesmos.
Não há
direito legítimo protegido pelas leis de Serra ou pelo ato de Costin.
Numa sociedade que preza a liberdade, o direito dos não-fumantes
ficaria preservado pela simples informação de que determinado bar ou
restaurante se destina a fumantes. Uma solução mais restritiva é exigir
a implantação de fumódromos confinados nos estabelecimentos que
desejarem atrair o público fumante. Mas a proibição absoluta de Serra
tem uma finalidade distinta: usar o poder de repressão para dissuadir
os fumantes de fumar.
Já existem leis que proíbem a venda de
bebidas alcoólicas para menores. O veto absoluto imposto por Serra
atinge especificamente os direitos dos adultos nas festas juninas. Como
Serra, Costin invoca o pretexto de proteger as crianças para ocultar a
sua vontade de educar os educadores. O governador e a secretária
imaginam-se missionários da virtude. Deviam abrir igrejas e disputar a
conquista de almas num mercado competitivo, mas preferem fazer sua
pregação com a persuasiva ajuda da polícia.
Há um impulso
higienizador atrás dos atos normativos das duas autoridades. Segundo
Serra, adultos que fumam e bebem socialmente não podem reivindicar seus
próprios direitos, pois são mensageiros do mal. Se o governador
pretende despoluir os corpos, a secretária almeja limpar as mentes,
despojando-as de imagens impuras. A natureza territorial das normas que
patrocinam tem um significado: eles traçam um círculo de giz em torno
de espaços geográficos libertados do vício.
A busca do “homem
novo”, o indivíduo virtuoso que encarna as qualidades de uma nação
renascida, é um traço crucial dos totalitarismos do século 20. O “homem
novo” de Benito Mussolini, um guerreiro infatigável sempre em uniforme
militar, tinha como inimigo primordial não o judeu ou o estrangeiro,
mas o espectro envolvente da degeneração física e mental. Mens sana in
corpore sano - o princípio fundador da educação física e também do
eugenismo foi invocado pelos mais diversos regimes totalitários em
campanhas de reforma dos hábitos e comportamentos individuais. Serra
não impôs exercícios físicos compulsórios antes do trabalho e Costin
não mandou imprimir um livro oficial com imagens “adequadas”. Os
atropelos às liberdades que promovem são insignificantes diante dos
crimes monstruosos já cometidos em nome da virtude. Mas estão
impregnados pelo mesmo conceito fulcral, que subordina a liberdade das
pessoas a um projeto de eugenia coletiva.
O debate sobre a lei
antitabagista é esclarecedor. Inicialmente, os defensores da interdição
absoluta alegaram a proteção dos direitos dos não-fumantes, mas para
sustentar a proibição de fumódromos confinados convocaram os argumentos
que desvendam seu verdadeiro programa. O cigarro deve ser proibido por
oferecer um mau exemplo. Os fumantes devem ser socialmente
estigmatizados. O tabagismo deve ser coibido legalmente, pois as
doenças que provoca geram custos para o sistema público de saúde.
Friedrich Schallmayer, o fundador do movimento de higiene racial
alemão, explicou em 1903 que “os insanos constituem uma enorme carga
para o Estado”. Ele queria dizer que a “eficiência” da nação era
reduzida pela existência daqueles doentes. O arcabouço ideológica da
lei de Serra pode ser expresso como uma paráfrase do dístico de
Schallmayer.
Serra e Costin talvez não ambicionem de fato criar
o “homem novo” exemplar. Imagino que sejam movidos apenas por um
cálculo político oportunista, amparado em sondagens de opinião pública.
Mas isso não altera a mensagem contida nos seus atos. Distraídos, estão
formulando uma tese sobre o Estado e o indivíduo.
(O Estado de SP - 09/07/2009)
http://www.imil.org.br/artigos/pastor-das-almas/
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O fato da fumaça não ter alcance suficiente para atingir outras
propriedades é um argumento interessante e que o diferencia do som
realmente (mesmo se considerarmos apartamentos próximos e coisas do
tipo, ainda assim o número de situações seria infinitesimal em relação
ao universo de situações analisadas, o que não justificaria a lei), mas
será que o princípio do sossego público não seria o incômodo das
pessoas e a distância de suas propriedades ou o fato de estarem nelas
não seria um fator secundário?[/Quote']
Não sei se entendi bem o que você quis dizer. Sossego é um conceito que varia de pessoa para pessoa. Não existe nenhuma medida que possa ser tomada para maximizar o sossego de cada pessoa individualmente. Eu concordo que em lugares públicos (do estado) é até desejável que haja restriçõess em relação ao uso de fumo e bebida. Porém em estabelecimentos particulares, ainda que abertos ao público, isso não faz sentido. Neste caso acho que as regras devem ser definidas conforme a conveniência do dono.
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Se preocupar a forma como o empresário lida com
seu estabelecimento é se preocupar com direito que as pessoas têm de
desfrutar de produtos e serviços (existem direitos dos dois lados' date=' que
entram em conflito, tornado essencial definir quem tem "mais razão"). E
você tem certeza que não cabe a alguém dizer como o empresário deve
tocar seu negócio? Pense em si mesmo como consumidor e veja se isso faz
sentido.[/Quote']
O que me surpreende é você achar que tem algum direito de interferir na forma como empresários tocam os seus negócios. As estratégias de cada empresário dizem respeito exclusivamente a eles. Se um sujeito quiser abrir uma churrascaria onde só são servidas carnes de avestruz e de codorna isso é uma decisão que cabe unicamente a ele. Eu, ou qualquer outra pessoa, não tenho direito de dar palpites sobre isso. Da mesma forma, tendo eu lido o cardápio peculiar do restaurante antes de comer, não faz sentido que eu me sinta lesado porque não pude comer uma picanha. O próposito de um estabelecimento comercial é cobrir uma demanda da sociedade. Se houver demanda por cinemas onde o uso de celular é permitido surgirá um cinema desse tipo. O mercado funciona assim.
Repare que aqui eu falo unicamente das estratégias que cada empresário adota para vender seu peixe. Se o dono de uma serraria começar a cortar árvores de uma reserva aí sim cabe à sociedade como um todo denunciar e punir o cara.
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Acho que a questão mudou um pouco de rumo, Moon. Você propôs algo muito interessante que é o caráter totalitário ou não da lei.
Uma vez que ela for lei, automaticamente esse parágrafo acima perde completamente o sentido por ser ilegal.
E
quanto às leis de perturbação do sossego público, por exemplo? Elas
incorrem em situações menos graves em matéria de agressão à saúde do
outro e estão ligadas diretamente a propriedades independentemente de
serem privadas ou públicas. Não seria um exemplo de interferência do
Estado na regulação de fatores não ilegais (música, sons e ruídos) em
prol do bem estar social?
Ou seja, se ele atua em um nível mais "baixo", porque essa medida do cigarro seria totalitária?
[/Quote']
A diferença é que a fumaça do cigarro se difunde num raio de poucos metros em torno do fumante e fica, na maioria das vezes, restrita ao próprio establecimento ou casa. No caso de bares e restaurantes a fumaça pode ser levada para a rua mas não há nenhuma restrição para se fumar na rua. No caso de a fumaça de cigaro de uma pessoa atrapalhar um vizinho acho que ele (o vizinho) teria todo o direito de reclamar. Já o som pode se propagar por um volume muito grande sem que sua intensidade decaia de maneira significativa.
Religião (#3)
in Geral
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As reuniões da torre de vigia não são guiadas diretamente por Jesus?