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Forum Cinema em Cena

Moonsorrow

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  1. Rafal, talvez eu já tenha te perguntado isso mas não me lembro a resposta: os TJs são uns 6 milhões mas apenas 144 mil serão salvos. O que te leva a crer que estará entre os 2,5% de TJs salvos? 

     

  2. O exemplo da lei do silêncio nós já discutimos e você até concordou comigo que fumaça de cigarro e som são diferentes. O som se propaga em um volume muito maior do que aquele pelo qual um gás consegue se difundir. A lei do silêncio não é uma medida que atenta contra a propriedade privada, muito pelo contrário, ela coibe indivíduos de incomodarem outros indivíduos em seus lares.

     

    A analogia com a maconha também não procede já que plantar maconha é crime em qualquer lugar do território brasileiro. Ao contrário do cigarro, cujo uso não é proibido. Não estou dizendo que não reconheço o direito do Estado de legislar sobre a propriedade alheia. Por convenção social ou outros motivos que não cabem discutir há um consenso de que certos atos devem ser restringidos em qualquer lugar. Estou dizendo apenas que, neste caso em específico, considero a lei abusiva e autoritária. 

     

  3. Porque a pizzaria oferece comida com ingredientes encontrados no próprio planeta' date='não foram ingredientes criados pelo homem.

    Ou

    seja,mesmo que não exista pizzaria,existirá comida com glúten,porque

    glúten faz parte do alimento existente na Terra.Então,se for para tirar

    de circulação toda e qualquer comida com glúten,pessoas morreriam de

    fome...aí novamente entra aquela questão da maioria.....

    Seria como se existisse um peixe alérgico à plancton.[/Quote']

     

    Rafal, na nossa analogia pizza=fumaça de cigarro. Nenhum dos componentes da fumaça de cigarro foi inventado pelo homem. E o seu segundo parágrafo tambem é falso. Para que existam alimentos sem gluten basta que não se coloque derivados do trigo e de alguns outros cereiais que tem gluten nas receitas.

     

    Estamos aqui discutindo as nossas opiniões.Não a do

    Estado' date='certo?Logo,na minha opinião,numa casa onde mora alguém que não

    fuma,deveria ser proíbido fumar.[/Quote']

     

    E se o dono não fumante quiser outorgar a qualquer um o direito de fumar em sua casa?

     

     

     

     

  4. Acho que a grande questão aqui é determinar até que ponto o estado tem direito de cuidar da saúde das pessoas em lugares que não lhe dizem respeito (propriedades particulares). Fato é que nenhuma pessoa é obrigada a frequentar determinado estabelecimento. E se houver tanta gente assim insastifeita com o cigarro em lugares fechados certamente aparecerão bares e boates menos tolerantes à fumaça cancerígena.

     

  5. Nada

    a ver. O cigarro contém substâncias tóxicas a TODAS as pessoas. E não

    se trata de escolha individual (a presença de um fumante prejudica

    OUTRAS pessoas, sai do âmbito individual), já que o fumante não

    prejudica só a si mesmo, mas a outras pessoas que estejam próximas a

    ele.

    É extremamente absurdo você comparar o fato de ser celíaco (que

    é uma doença de espectro altamente limitado e não prejudica outras

    pessoas que não sofram dela por seus atos com algo socialmente

    problemático).

    Vale dizer que há um estardalhaço danado aqui como se

    fosse uma medida proibitiva de TODOS os cantos existentes na Terra, o

    que é uma generalização estúpida.

    Quanto ao fato de proibir em

    lugares mais propícios ou não, é mais estúpido ainda. Basta mudar os

    hábitos e criar outros lugares propícios.

    E para mim não faz nenhum

    sentido falar que o Estado não pode intervir para garantir o bem estar

    social, inclusive é um de seus principais papéis. As comparações que vi

    foram estapafúrdias (se o governo proibisse sexo, se o governo mandasse

    você fazer isso ou aquilo, você faria? Como se as medidas fossem

    arbitrárias e o Estado ficasse brincando com a população de "seu mestre

    mandou") 06

    E,

    sim, após a análise de tudo que foi falado por aqui sou a favor da

    criação de estabelecimentos só para fumantes. Na verdade, o projeto que

    tramita em BH é bem razoável, pensando bem.

    [/Quote']

     

    Acho que você perdeu o contexto no qual eu disse isso. Eu não disse que o fato de pizzarias só poderem ser frequentadas por pessoas não celíacas é algo socialmente problemático. Pelo contrário, eu usei um exemplo que considero absurdo para contra aregumentar o que o Rafal tinha dito. Vou quotar os posts mais importantes:

     

    Sério que eu vou ter que te explicar isso?

    Uma pessoa que fuma pode tranquilamente ir num bar dentro desta lei.Basta não fumar.

    Agora' date='uma pessoa que não fuma vai ter problemas ao ir no tipo de bar proposto por você.

     

    O que ocorre com a sociedade é uma segmentação natural,por questão de gosto mesmo,não por forças além da pessoa ou terceiros.

    Pessoas que frequentam forró dificilmente vão à ópera.

     [/QUote']

     

    O Rafal aponta a tal segmentação causada pelo cigarro como um problema social relevante. Ao que eu respondi com o exemplo da doença celíaca.

     

     

    Eu tenho doença celíaca' date=' não posso comer nada que tenha

    glúten. Pelo seu raciocínio pizzarias, padarias e casas de masas em

    geral deveriam ser proibidas já que causam uma segmentação da

    sociedade., uma vez que celíacos como eu não podem frequentar esses

    lugares.[/Quote']

     

    Repare que nesse caso a discussão é sobre a existência de bares exclusivos para fumantes.

     

     

  6. Só que não existe opressão por parte do governo nestes casos.Como

    falei' date='essa é um condição nativa de nosso planeta.A única forma destas

    pessoas se verem livres de glúten e/ou pólen,seria se mudando para a

    Lua.[/QUote']

     

    Aqui na Terra também é impossível escapar da fumaça.

     

    Vou recapitular a discussão:

     

    O seu argumento foi o seguinte:

     

    Algumas pessoas tem alergia a fumaça ou problemas respiratórios. Como em boates o cigarro é comum as boates gerariam uma segmentação social. 

     

    Eu propus que a seguinte situação seria análoga ao seu argumento:

     

    Um celíaco não pode comer gluten, alguns não precisam sequer ingerir gluten para terem cries alérgicas. Pizzarias só servem comida com gluten. Portanto pizzarias geram uma segmentação social.

     

    Então se proibirmos o cigarro numa boate porque gera segmentação socia devemos proibir também as pizzarias pelo mesmo motivo.

     

    Agora demonstre que o fato da fumaça ser produzida pelo homem e o gluten não invalida o raciocínio.

     

    Como você mesmo falou com o Calvin' date='o Estado não pode ditar como as pessoas devem agir.[/Quote']

     

    Aqui você matou a questão sem saber. O Estado não tem dreito de decidir se voê pode ou não fumar dentro da sua casa. Como estabelecimentos comerciais não são públicos o dono desses estabelecimentos também podem decidir se as pessoas podem fumar dentro dele ou não.

     

    Afinal' date='não é comercialmente viável o uso desta massa num rodízio.[/Quote']

     

    Isso não importa. O que importa é que ela existe e poderia acabr com a segmentação social dos celíacos.

     

    E é dever do estado prezar pela saúde das pessoas.[/Quote]

     

    Por esse raciocínio você tem que concordar comigo que o estado deveria coibir o gluten. Afinal muitos celíacos poderiam passar mal se comesse uma pizza feita de fariha de trigo.

     

    lém do que' date='não existe segmentação da sociedade.Você pode frequentar um rodízio de pizza,basta não comer.[/QUote']

     

    Você também pode frequentar uma balada. Basta levar uma máscara e um cilindro de oxigênio.

     

     

     

     

  7. Eu adoro batata frita' date=' mas ela faz mal, fato notório. Mas se

    sancionassem uma lei proibindo a batata frita dizendo que, ao deixar de

    consumí-la eu ganharia 10 anos na minha vida, eu pararia AGORA de comer

    batata frita.

     

    Em primeiro lugar, minha qualidade de vida... Em segundo, o prazer efêmero...

     [/Quote']

     

    Tudo bem se você pensa assim, mas ninguém tem qualquer direito de impor essa lógica aos outros.

     

  8. Não estou falando que a maioria esta sempre certa' date='muito pelo

    contrário(Nossos políticos estão aí para provar isso).Mas estou falando

    que o princípio de sociedade funciona assim.Ou seja,deve-se prezar pelo

    bem estar da maioria,já que não dá para prezar de forma plena pelo bem

    estar de todos.

     

    [/Quote']

     

    Rafal, democracia é diferente de majoritarismo. Se o bem estar damaioria vier às custas da opressão de uma minoria então o desejo da maioria não deve ser atendido. O que você defende é uam ditadura da maioria.

     

    Não' date='meu argumento se mantém.A fumaça do cigarro é produzida pelo

    homem e o homem têm meios de controla-la ou até terminar com

    ela.Porém,gluten e pólen,são coisas nativas do planeta que

    vivemos,tornando inviável o controle ou término do mesmo pelo homem.[/Quote']

     

    Ok Rafal, vamos reformular. Existem massas sem glúten. Elas são mais caras e não possuem o mesmo sabor da massa tradicional, mas ainda asism, com elas é possível fazer massas sem gluten. Deveríamos obrigar todas as pizzarias a usar essa massa especial para que os celíacos pudessem se sentir acolhidos pela sociedade frequentando um rodízio de pizza?

     

     

     

  9.  

    Primeiro que' date=' no meu entender, a pessoa que faz esta escolha

    conscientemente, desprovida de implicações emocionais sérias, é

    tremendamente idiota... Como este caso é raro, tem-se que estas

    "preferências" podem ser mudadas.

     

    Às vezes as pessoas precisam ser condicionadas por um fator

    externo (leis, remédios, terapias, outras pessoas) para melhorarem sua

    qualidade de vida. Largá-las à sua própria escolha só para respeitar

    sua "decisão" de se matar em doses homeopáticas é o mesmo que ser

    omisso em relação a elas...

     

    Em uma sociedade ideal, não deveria haver espaço para preferências

    por hábitos não saudáveis. Este é um tipo de escolha que eu adoraria

    ser tolhido...[/QUote']

     

    Eu conheço pessoas que trocariam tranquilamente alguns anos de vida para poderem manter o hábito de tomar uma cachaça todas as manhãs de sábado. Aliás aqui em BH isso é muito comum. Se você for ao mercado central aos sábados pela manhã vai encontrar um monte de gente que não tem a menor vontade de trocar a cachaça matinal por uma caminhada saudável. Mesmo que isso lhes custe alguns anos de vida. É muita ingenuidade achar que um conjunto de burocratas vai saber o que é melhor para cada um dos brasileiros. O texto que eu postei fala disso muito bem.

     

    Eu não me consideraria uma pessoa não saudável, mas não tenho a menor vontade de viver sem carne vermelha, batata frita, refrigerante e doces em geral. Quem quiser me achar idiota que ache. Apenas não queiram me tirar o direito de ser idiota.

     

    Pq haveria uma mobilização em favor da execução sumária de judeus? Eles fazem tanto mal ao mundo como o cigarro?[/Quote]

     

    Foi um exemplo hipotético que serviu para ilustrar como argumentos de maioria são falsos.

     

    Moonsorrow2009-08-28 15:50:23

  10. Tanto gluten quanto flores independem da ação do homem para existir.

    Mesmo que não existam pizzaria' date='floriculturas etc.Ainda assim existirá gluten e polén por aí.

    Logo,infelizmente não há muito o que se fazer quanto à

    isso.Entrando aí a questão da maioria.Talves,se a maioria das pessoas

    fossem alérgicas à pólen,talvez os humanos já teria exterminados todas

    as flores da fase da Terra.[/Quote']

     

    Remeto à mesma questão que propus ao Renato alguamas páginas atrás: se a maioria das pessoas for a favor da execução sumária de judeus o estado deve atender a esse desejo? Maioria não é argumento para absolutamente nada.

     

    E fora isso, o seu argumento é completamente non sense. Primeiro porque a fumaça não depende do homem para existir e segundo porque, mesmo que dependesse, isso não alteraria em nada a analogia que eu fiz.

     

  11. Se o objetivo for zelar pela qualidade de vida da sociedade e

    contribuir para formação de seres humanos mais saudáveis' date=' que trabalhem

    melhor, que vivam melhor, não vejo porquê não obrigar... [/Quote']

     

    E se uma pessoa preferir adotar hábitos não saudáveis ao custo de perder uns 10 ou 15 anos de vida? Deveria ser impedida ?

     

     

  12. Mas você não é impedido por nenhum fator de ir no lugar.

    Minha namorada não bebe nem muito menos gosta de bolinho de bacalhau.

    Mas mesmo assim vai comigo num lugar que só vende bolinho de bacalhau.

    O que ela faz?Bebe coca-cola e só.

     [/Quote]

     

    Exitem celíacos que não precisam sequer ingerir gluten para terem crises alérgicas. A situação é completamente análoga ao cigarro.

     

    De modo equivalente, existem ainda pessoas que tem alergia a pólen, portanto floriculturas nada mais são do que estabelecimentos que promovem a segmentação da sociedade. Posso citar ainda inúmeros outros exemplos parecidos com esse.

     

  13. Eu acharia ótimo... Estou precisando entrar em forma e' date=' por mim

    mesmo, não consigo ter vontade nem saco de praticar exercícios...

     

    Uma sociedade erigida sobre essa obrigação melhoraria muito a sua qualidade de vida.[/Quote']

     

    Quem não tem interesse em fazer exercíios físicos de manhã deveria ser obrigado pelo estado?

     

  14. Quem disse que você não pode ir neste lugares?Basta não comer o que tenha gluten.[/Quote]

     

    Não existe massa sem gluten. Sugerir que um celíaco vá a pizzaria e coma coisas sem gluten é como sugerir que um alérgico a cigarro vá numa balada com máscaras anti-fumaça.

     

     

  15. Sério que eu vou ter que te explicar isso?

    Uma pessoa que fuma pode tranquilamente ir num bar dentro desta lei.Basta não fumar.

    Agora' date='uma pessoa que não fuma vai ter problemas ao ir no tipo de bar proposto por você.

     

    O que ocorre com a sociedade é uma segmentação natural,por questão de gosto mesmo,não por forças além da pessoa ou terceiros.

    Pessoas que frequentam forró dificilmente vão à ópera.

     [/Quote']

     

    Ninguém é obrigado a ir em bares ou boates. Eu sou alérgico a cigarro e por isso costumo selecionar os lugares que frequento para evitar problemas.

     

    Eu tenho doença celíaca, não posso comer nada que tenha glúten. Pelo seu raciocínio pizzarias, padarias e casas de masas em geral deveriam ser proibidas já que causam uma segmentação da sociedade., uma vez que celíacos como eu não podem frequentar esses lugares.

     

  16. Não. O mais correto seria que a fumaça deve ser controlada para não atingir quem não quer ser fumante passivo.

    Dessa forma' date=' meu pensamento se coaduna com o de vocês quanto ao establecimento próprio para fumantes. Vai lá quem quer.[/Quote']

     

    Não é a exposição á fumaça de cigaro por uma ou duas horas uma vez na semana que vai tornar uma pessoa um fumante passivo. O ponto aqui é que não fumantes acham a fumaça incômoda ( e eu também acho) e querem que ela seja banida de lugares fechados. O problema é que isso vai contra o direito de qualquer proprietário de decidir se em seu estabelecimento o cigarro é permitido ou não.

     

  17.  

    Você acha que o cigarro deveria ser banido?

     

    Não. Cada um faz o que quer.

     

    Mas' date=' a fumaça tem que ser controlada para não atingir quem não fuma.

    Eu não conheço nenhum meio eficaz para isso. A não ser que fumantes andem com exaustores na cabeça.

    O método mais prático (?) é restringir os locais para se fumar. Não tem jeito.
    [/quote']

     

    O erro está em assumir que a fumaça tem que ser controlada para não atingir quem não fuma. Cabe a cada pessoa decidir se tolera ou não fumaça de cigarro e então decidir que estabelecimento vai frequentar.

     

  18.  

    qual o problema em "purificar" o povo?

     

    Como você se sentiria se um agente do estado fosse a sua casa todos os dias às 5 da manhã para te obrigar a fazer uma corrida matinal? Estado não é pai de ninguém. Não cabe a burocratas decidir se eu devo ou não ingerir substâncias que farão mal apenas a mim.

     

  19. 09/07/2009

    Pastor das almas

     

    Convidado - Demétrio Magnoli

     

    Logo

    mais, em São Paulo, será proibido fumar em qualquer local fechado de

    uso coletivo, público ou privado. A lei paulista, patrocinada por José

    Serra, bane fumódromos em restaurantes, bares, edifícios públicos e

    empresas privadas. Ela também confere compulsoriamente aos

    proprietários de estabelecimentos comerciais um poder de polícia,

    obrigando-os a fiscalizar a proibição. Entre os deveres dos empresários

    se inclui a oferta aos clientes de formulários de denúncia de episódios

    de violação da lei.

     

    Nas democracias, o poder público administra

    as coisas. Mas a lei de Serra ambiciona administrar as almas, impondo a

    virtude e punindo o vício. Na sua intrusividade extremada, representa a

    culminância provisória de uma tendência perigosa. Há dois anos o

    governo federal tentou moldar os conteúdos da programação de TV por

    meio da chamada classificação indicativa, que daria ao Ministério da

    Justiça um poder de censura. Em maio, também em São Paulo, entrou em

    vigor uma lei proibindo o consumo de bebidas alcoólicas nas faculdades

    técnicas e escolas públicas e privadas do Estado, até mesmo por maiores

    de idade e em eventos alheios ao ano letivo, o que baniu o quentão e o

    vinho quente das festas juninas.

     

    Serra ocupa um posto de

    vanguarda, mas não está só. Claudia Costin, a secretária municipal de

    Educação do Rio de Janeiro, determinou em junho o recolhimento de um

    livro didático de História que contém uma gravura quinhentista de

    Theodor de Bry. Costin julgou “inadequada” para alunos do quarto ano a

    figuração do empalamento ritual executado por índios tupis contra

    inimigos. O seu diagnóstico pessoal cancelou tanto a avaliação formal

    do MEC, que havia aprovado o livro, quanto a escolha dos professores

    que o selecionaram. A gravura condenada está exposta em museus

    visitados por crianças em atividades extracurriculares promovidas pelas

    escolas.

     

    Leis e atos do poder público têm a função de proteger

    direitos. Mas Serra e Costin parecem enxergar o Estado como um pastor

    de almas: o pedagogo dos espíritos devotado a esculpir comportamentos

    culturais. Sob essa perspectiva, os cidadãos ocupam o lugar de pupilos

    ainda irresponsáveis, expostos à sedução do vício e carentes de uma

    autoridade virtuosa capaz de protegê-los de si mesmos.

     

    Não há

    direito legítimo protegido pelas leis de Serra ou pelo ato de Costin.

    Numa sociedade que preza a liberdade, o direito dos não-fumantes

    ficaria preservado pela simples informação de que determinado bar ou

    restaurante se destina a fumantes. Uma solução mais restritiva é exigir

    a implantação de fumódromos confinados nos estabelecimentos que

    desejarem atrair o público fumante. Mas a proibição absoluta de Serra

    tem uma finalidade distinta: usar o poder de repressão para dissuadir

    os fumantes de fumar.

     

    Já existem leis que proíbem a venda de

    bebidas alcoólicas para menores. O veto absoluto imposto por Serra

    atinge especificamente os direitos dos adultos nas festas juninas. Como

    Serra, Costin invoca o pretexto de proteger as crianças para ocultar a

    sua vontade de educar os educadores. O governador e a secretária

    imaginam-se missionários da virtude. Deviam abrir igrejas e disputar a

    conquista de almas num mercado competitivo, mas preferem fazer sua

    pregação com a persuasiva ajuda da polícia.

     

    Há um impulso

    higienizador atrás dos atos normativos das duas autoridades. Segundo

    Serra, adultos que fumam e bebem socialmente não podem reivindicar seus

    próprios direitos, pois são mensageiros do mal. Se o governador

    pretende despoluir os corpos, a secretária almeja limpar as mentes,

    despojando-as de imagens impuras. A natureza territorial das normas que

    patrocinam tem um significado: eles traçam um círculo de giz em torno

    de espaços geográficos libertados do vício.

     

    A busca do “homem

    novo”, o indivíduo virtuoso que encarna as qualidades de uma nação

    renascida, é um traço crucial dos totalitarismos do século 20. O “homem

    novo” de Benito Mussolini, um guerreiro infatigável sempre em uniforme

    militar, tinha como inimigo primordial não o judeu ou o estrangeiro,

    mas o espectro envolvente da degeneração física e mental. Mens sana in

    corpore sano - o princípio fundador da educação física e também do

    eugenismo foi invocado pelos mais diversos regimes totalitários em

    campanhas de reforma dos hábitos e comportamentos individuais. Serra

    não impôs exercícios físicos compulsórios antes do trabalho e Costin

    não mandou imprimir um livro oficial com imagens “adequadas”. Os

    atropelos às liberdades que promovem são insignificantes diante dos

    crimes monstruosos já cometidos em nome da virtude. Mas estão

    impregnados pelo mesmo conceito fulcral, que subordina a liberdade das

    pessoas a um projeto de eugenia coletiva.

     

    O debate sobre a lei

    antitabagista é esclarecedor. Inicialmente, os defensores da interdição

    absoluta alegaram a proteção dos direitos dos não-fumantes, mas para

    sustentar a proibição de fumódromos confinados convocaram os argumentos

    que desvendam seu verdadeiro programa. O cigarro deve ser proibido por

    oferecer um mau exemplo. Os fumantes devem ser socialmente

    estigmatizados. O tabagismo deve ser coibido legalmente, pois as

    doenças que provoca geram custos para o sistema público de saúde.

    Friedrich Schallmayer, o fundador do movimento de higiene racial

    alemão, explicou em 1903 que “os insanos constituem uma enorme carga

    para o Estado”. Ele queria dizer que a “eficiência” da nação era

    reduzida pela existência daqueles doentes. O arcabouço ideológica da

    lei de Serra pode ser expresso como uma paráfrase do dístico de

    Schallmayer.

     

    Serra e Costin talvez não ambicionem de fato criar

    o “homem novo” exemplar. Imagino que sejam movidos apenas por um

    cálculo político oportunista, amparado em sondagens de opinião pública.

    Mas isso não altera a mensagem contida nos seus atos. Distraídos, estão

    formulando uma tese sobre o Estado e o indivíduo.

     

    (O Estado de SP - 09/07/2009)

     

    http://www.imil.org.br/artigos/pastor-das-almas/

     

  20. B)

    O fato da fumaça não ter alcance suficiente para atingir outras

    propriedades é um argumento interessante e que o diferencia do som

    realmente (mesmo se considerarmos apartamentos próximos e coisas do

    tipo, ainda assim o número de situações seria infinitesimal em relação

    ao universo de situações analisadas, o que não justificaria a lei), mas

    será que o princípio do sossego público não seria o incômodo das

    pessoas e a distância de suas propriedades ou o fato de estarem nelas

    não seria um fator secundário?[/Quote']

     

    Não sei se entendi bem o que você quis dizer. Sossego é um conceito que varia de pessoa para pessoa. Não existe nenhuma medida que possa ser tomada para maximizar o sossego de cada pessoa individualmente. Eu concordo que em lugares públicos (do estado) é até desejável que haja restriçõess em relação ao uso de fumo e bebida. Porém em estabelecimentos particulares, ainda que abertos ao público, isso não faz sentido. Neste caso acho que as regras devem ser definidas conforme a conveniência do dono.

     

  21. Se preocupar a forma como o empresário lida com

    seu estabelecimento é se preocupar com direito que as pessoas têm de

    desfrutar de produtos e serviços (existem direitos dos dois lados' date=' que

    entram em conflito, tornado essencial definir quem tem "mais razão"). E

    você tem certeza que não cabe a alguém dizer como o empresário deve

    tocar seu negócio? Pense em si mesmo como consumidor e veja se isso faz

    sentido.[/Quote']

     

    O que me surpreende é você achar que tem algum direito de interferir na forma como empresários tocam os seus negócios. As estratégias de cada empresário dizem respeito exclusivamente a eles. Se um sujeito quiser abrir uma churrascaria onde só são servidas carnes de avestruz e de codorna  isso é uma decisão que cabe unicamente a ele. Eu, ou qualquer outra pessoa, não tenho direito de dar palpites sobre isso. Da mesma forma, tendo eu lido o cardápio peculiar do restaurante antes de comer, não faz sentido que eu  me sinta lesado porque não pude comer uma picanha. O próposito de um estabelecimento comercial é cobrir uma demanda da sociedade. Se houver demanda por cinemas onde o uso de celular é permitido surgirá um cinema desse tipo. O mercado funciona assim.

     

    Repare que aqui eu falo unicamente das estratégias que cada empresário adota para vender seu peixe. Se o dono de uma serraria começar a cortar árvores de uma reserva aí sim cabe à sociedade como um todo denunciar e punir o cara.

     

  22.  

    Acho que a questão mudou um pouco de rumo, Moon. Você propôs algo muito interessante que é o caráter totalitário ou não da lei.

    Uma vez que ela for lei, automaticamente esse parágrafo acima perde completamente o sentido por ser ilegal.

    E

    quanto às leis de perturbação do sossego público, por exemplo? Elas

    incorrem em situações menos graves em matéria de agressão à saúde do

    outro e estão ligadas diretamente a propriedades independentemente de

    serem privadas ou públicas. Não seria um exemplo de interferência do

    Estado na regulação de fatores não ilegais (música, sons e ruídos) em

    prol do bem estar social?

    Ou seja, se ele atua em um nível mais "baixo", porque essa medida do cigarro seria totalitária?

    [/Quote']

     

    A diferença é que a fumaça do cigarro se difunde num raio de poucos metros em torno do fumante e fica, na maioria das vezes, restrita ao próprio establecimento ou casa. No caso de bares e restaurantes a fumaça pode ser levada para a rua mas  não há nenhuma restrição para se fumar na rua. No caso de a fumaça de cigaro de uma pessoa atrapalhar um vizinho acho que ele (o vizinho) teria todo o direito de reclamar. Já o som pode se propagar por um volume muito grande sem que sua intensidade decaia de maneira significativa.

     

     

     

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