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Forum Cinema em Cena

Rui Resende

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  1. “Blood Diamond” (2006) Realizador: Edward Zwick Escritores: Charles Leavitt, C. Gaby Mitchell Género: Aventura/Drama/Thriller Link IMDB Abrir a janela Penso que vale a pena ver este film porque algo de novo aconteceu aqui. Não relacionado com a criação de filmes, estruturas narrativas ou outra vertente intrinsecamente cinemática, mas devido à forma como a luz de África foi captada, algo que os manuais chamam fotografia Cinematografia:. Estou a tentar chegar ao máximo de trabalho possível de Eduardo Serra. Acredito que estamos aqui na presença de um dos mais competentes e surpreendetnes directores de fotografia da actualidade. E aqui ele excedeu as minhas expectativas, para um filme filmado em África: o continente sempre representou um desafio para artistas, acima de tudo pelas questões da luz, cor(es) e paisagem, únicos aí. No que diz respeito ao cinema, “Out of Africa” foi uma aproximação arrojada, mas no final demasiado “lavada” e vazia de emoção. Riefenstahl, ela própria um mestre do cinema debateu-se com este fascínio em parte do seu trabálho como fotógrafa. Nenhuma destas abordagem foi, a meu ver, suficientemente interessante, comparada com o que África pode oferecer. Recentemente, “The constant Gardener” aumentou o nível e chegou perto, mas tornou-se excessivamente garrida, pouco pacífica, muito exagerada (o director de fotografia era sul americano, misturou os dois continentes, suponho). No final, soa demasiado artificial. Toda a fotografia para cinema (e não só) é, por definição, falsa, mas deverá atingir-nos como genuína. Serra é português. Portugal esteve um pouco por toda a África (e América do Sul) em determinada altura da história, e no caso do primeiro até muito recentemente (1975). Talvez isso possa dar a um fotógrafo português o balanço e algum distanciamento necessários. Recentemente, numa entrevista, perguntaram-lhe, em relação a “Girl with a Pearl Earring”, como é que ele tinha conseguido aquela luz, tão natural, tão genuína. Ele respondeu simplesmente: “abri a janela”. Foi o que ele fez aqui. Ele entendeu a luz em África, e colocou todos os meios artificiais de que dispõe para trazer essa luz, tão intocada quanto possível, para o cinema. Por isso, o mérito deste filme, neste sentido, está em ter aberto a janela para África. Não é perfeito, mas é o melhor que temos, neste momento. Até algo melhor aparecer, isto é África. A minha avaliação: 4/5 - apenas pela fotografia (e Conelly, grande presença, enche as cenas e como não bastasse, é linda), para tudo o resto esta é uma experiência comum, mesmo vulgar, em cinema de massas, não valendo mais do que 2 na minha escala. Se se procura algo mais inteligente, por alguém que se preocupa com as questões de realização, trabalho de câmara e estrutura narrativa, veja-se “O fiel jardineiro”. P.S. Este filme está também inserido na recente tendência de produção de filmes comerciais que tocam assuntos humanitários, usando o entretenimento como canal para coisas “sérias”. Penso que isso merece aplauso apenas até ao ponto em que se torna mais um produto global do capitalismo. Esta “bono voxização” das questões humanitárias pode matar todo o princípio da coisa. Diamante de Sangue - 7olhares
  2. “Babel” (2006) Realizador: Alejandro González Iñarritu Argumento: Guillermo Arriaga; Alejandro Iñarritu Género: Drama/Thriller Link IMDB Aqui, uma vez mais, como no resto da triologia, a narrativa não linear é utilizada, pela sobreposição de histórias que se ligam em determinado(s) momento(s). Funciona como 4 pequenas estórias, que são editadas e vistas em excertos, com uma ordem específica. Cada estória é clara e fácil de seguir, se analisada sem a ligação às outras. A ordem dos excertos é sempre: 1- as crianças marroquinas 2 - a ama mexicana e as crianças americanas 3 - os americanos em Marrocos 4 - a história japonesa Esta ordem repete-se constantemente mas a sucessão cronológica dentro de cada uma não está sincronizada com as outras. Assim, a estória 1 começa no final cronológico da estória 2, que se desenvolve em paralelo com a história 3. A estória 4 está mais liberta em termos de ligação cronológica, mas alguns elementos mostram que acontece aproximadamente em paralelo com as duas anteriores (2 e 3). Toda a construção, que é extremamente inteligente, reflecte a extrema complexidade do mundo que pretende mostrar, transportando a ideia de uma nova ordem de valores que substitui a já existente, a ordem da humanidade que substitui a ordem primitiva da natureza (o acto de “contar uma estória” a ser substituído pela complexidade narrativa, o espontâneo vs cerebral). Por isso, o filme fala da ideia do indivíduo dominado pelo sistema complexo que, contudo, todos ajudamos a criar. E o título do filme justifica-se aqui: a metáfora bíblica da criação das línguas falava de castigo pela vaidade crescente. Aqui, mostra a inabilidade para comunicar como motivação para a violência e a luta entre pessoas. Praticamente todos os acontecimentos (maus) que tomam lugar acontecem como consequência de falhas de comunicação. A inabilidade para passar ideias vai além da ignorância relativamente às línguas , causa o isolamento do indivíduo num contexto global. E o que Iñarritu faz é tratar o assunto cinematicamente. A rapariga japonesa é surda-muda (não por acaso) e isso permite nas suas cenas colocar a câmara dentro e fora do seu ponto de vista, como surda e muda, quer na ausência de comunicação/recepção ou no que não é comunicado. A cena da discoteca é absolutamente notável neste ponto. O trabalho da câmara é, já agora, completamente assinalável em cada cena relativa à rapariga japonesa. Quando ela espera pelo elevador, de costas para o polícia, e o espectador sabe mais que ela e recebe todo o quadro. Isto é verdadeiramente cinemático. A minha avaliação: 4/5 experiência fascinante. Este comentário no IMDB http://7olhares.wordpress.com/2007/06/10/incomunicacao-babel/
  3. Pois, eu concordo com você. A maior parte da obra do Ford passa-me um pouco ao lado, é demasiado bruta para eu gostar mesmo. Mas eu muitas vezes penso que o próprio Leone usou os seus filmes quase como anti-faroeste, tal maneira são diferentes do faroeste comum dos filmes com o John Wayne
  4. Para mim o melhor realizador espanhol do momento e um dos melhores do mundo é o Julio Medem. E estou em crer que o seu próximo Caótica Ana vai ser um dos filmes do ano 2007. já pa n falar dos fantásticos "os amantes do círculo polar" e "Lucía e o sexo" . de Portugal recomendo recentes o Alice (dirigido por Marco Martins, de 2005) e Coisa Ruim (dirigido por Tiago Guedes de Carvalho, de 2006). Isto em termos de filmes recentes.
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