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Forum Cinema em Cena

Deadman

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Posts posted by Deadman

  1. 1º-

     

    nosferatu.jpg

     

     

    Nosferatu – Um Sinfonia de Horror (revisto)

    “Nosferatu: palavra moderna derivada de antigo termo eslavo Nosufur-atu que por sua vez vem de Nosophoros ou “o portador de pragas”...  <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

    Por que encabeça meu Top 3? Motivos não faltam... Aliás, sobram aos montes. Acredito não precisar ficar aqui alardeando a importância desse filme que, junto com “O Gabinete do Dr. Caligari”, são as mais reverenciadas e famosas obras do Cinema Expressionista Alemão e pelo fato de terem se estabelecido como verdadeiros cânones fílmicos para posteriores gerações de diretores de todos os gêneros.

    O que o faz tão especial para mim é o impacto que me causou ainda que visto tanto tempo depois de eu ter assistido a tudo que puderem imaginar de filmes de terror e, em especial, de vampiros (e olha que eu já tinha conferido de “Fome de Viver” à “Horror de Drácula”, de “A Hora do Espanto” à “Drácula de Brom Stoker”).

    Quando fiquei sabendo de Caligari e de Nosferatu, pensei: “Ahh, nem... Filmes mudos, alemães e de quase do início do século (passado)?? Acho que não vai rolar, não...” Comecei com Galigari. O filme me deixou boquiaberto pela competência técnica, estética e dramática (um filme com quase 100 anos!!). Isso sem falar na trilha sonora empregada (sendo sincero: até esse dia, não dava à mínima para a trilha sonora de um filme. Depois...).

    O que dizer de Nosferatu? O Scofield teceu comentários precisos sobre o que ele é e representa não só como obra cinematográfica, mas como ideia de “...fazer concreto o não dito...”. Cá entre nós, ter a oportunidade de apreciar isso é raro porque Murnau é genial pelas opções estéticas utilizadas no filme que vão desde a opção de filmar em cenários reais e ao ar livre (contrariando uma “regra” do Expressionismo), mas o fazendo com enquadramentos que imprimem um opressivo clima de estranhamento e pesadelo. O uso de técnicas impensáveis (“vestir” com cores invertidas – branco/preto – elementos da cena onde a carruagem de Orlok conduz Hutter ao castelo, incluindo os troncos das árvores que margeavam a estrada) de modo a conseguir um efeito de “fantasmagoria”; prova que a falta de recursos às vezes é uma benção e que a criatividade humana é infinita...

    Além disso, a opção (de Murnau ou de quem quer que tenha sido) de caracterizar o Conde-vampiro Orlok  como uma figura assustadora ainda que aparentemente frágil, de aspecto doentio, meio corcunda, careca, orelhas pontiagudas, esquálido, olhos esbugalhados e com caninos anormalmente próximos, mais parecendo um rato já é, por si só, credencial para citar Nosferatu como o filme definitivo de vampiro porque o posiciona como transgressor na sua gênese (Murnau filmou uma variação de “Drácula” de Stoker sem a devida autorização) e além, na sua realização. Estas transgressões, mais que respeitam o mito, elevam-o à um ponto tal que passa o retrato mais fiel possível daquilo que essencialmente é: a história de um morto-vivo ambulante, um ser arrepiante e deprimente, a personificação do Mal, da Morte e da Peste que carrega por onde passa (ilustrada na cena antológica quando Orlok desembarca em Bremen abordo de um navio repleto de cadáveres e ratos...).

    É uma delícia ver um filme desses DEPOIS de tantos outros mais contemporâneos e ver as “referências” todas ali, em estado puro, da magistral e lendária interpretação de Max Schreck à “levantada do caixão” dentro do navio, do uso da música com sons diegéticos na elaboração de climas e emoções, do uso perfeito de luz e sombras para compor quadros tétricos e de desolação.

    Mas, o que mais me agradou, foi o fato de Murnau alterar a composição da persona vampiro passando-o de um perigoso sedutor/predador para um ser que, à despeito de possuir poderes e influências malévolas sobre tudo o que o cerca, é basicamente melancólico e trágico na sua inexorável natureza. A "humanização" do vampiro Orlok na sua quase ingênua aproximação/contemplação de Ellen (como bem observou E.R. Corrêa em artigo do “Boca do Inferno”) e sua destruição ao se entregar à sedução passiva da amada na também antológica cena da desintegração, é uma alusão poética às avessas do mito de Ícaro. Um ser sobre-humano, poderoso, quase inatingível, encontra sua ruína ao se entregar ao desejo humano mais poderoso: o de amar e ser amado.

    Assim, só posso aplaudir de pé essa obra e colocá-la no topo pelo que enxergo de celebração completa e atemporal da essência do Cinema (a conjunção perfeita de imagens capturadas e tecidas em tenebrosa história de horror) em alegoria tão poderosa daquilo que nos faz humanos e daquilo que nos cerca: vida e morte, beleza e desolação, amor e solidão.  

    2º- A Hora do Espanto (revisto) 

      

     fright-night-chris-sarandon12.jpg

     

     Por que? Por que é divertido, direto, criativo, respeita a mitologia, é muito bem filmado (possui efeitos e maquiagem excelentes) e faz várias homenagens aos clássicos do gênero, bem como à Vincent Price e Peter Cushing, ícones do horror.

     

    3º- O Horror de Drácula

     

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     Antes mesmo de "Nosferatu" e "Drácula de Bram Stoker" vi esse aqui (escondido é claro...) ainda menino na saudosa "Sessão Coruja" da Globo. Clássico absoluto da Hammer foi o responsável pela minha "iniciação" e gosto por essas criaturas da noite.

     Trata-se da história do Drácula clássico (com consideráveis alterações na trama, mas ainda assim, usando os nomes dos personagens da obra literaria), com o diferencial de ser interpretado (e imortalizado) por Christopher Lee numa atuação soberba e insana (não me esqueço do olhar injetado de sangue e ódio do seu Drácula. De dar caláfrios até hoje...) e tendo, como contraponto, o também excelente Peter Cushing (Dr. Van Helsing).

     Só vendo pra crer... 16    
    Deadman2010-06-24 08:14:58
  2.  Demorou, mas alguém teve coragem de colocar um filme do naipe de um "Drink no Inferno" entre os Top 3...

     

     Gosto muito, muito desse filme. Um dos filmes mais divertidos e moralmente incorretos do mundo (os mocinhos são bandidos e assassinos escrotos, o "homem de Deus" não tem fé, a água benta é armazenada em camisinhas e o interesse romântico do "mocinho" é uma menor de idade etc). Além de tudo é um show de carnificina e nojeira, tem um Tarantino surtado e... Salma Haiek!!!! (pena que dure pouco em cena).

     

     PS: Aquela cena do Taranta (podófilo assumido como eu) bebendo/lambendo Tequila nos pés da Salma é uma coisa...   den

             
  3.  Acho "Psicose" um filme tão genial que, sinceramente, nunca me atraiu em NADA ver o "resultado do estudo" do Van Sant, principalmente se considerarmos o casting que, muito bem pontuado pelo Dook, mostra-se completamente equivocado...

     

    PS: esse argumento/premissa do Shon (ou do Van Sant, sei lá...) de que se trata de um "estudo" sobre o filme e blá-blá-blá fica perfeita para ser usada como escudo à críticas, principalmente se vinda da boca de diretores e produtores de inúmeros remakes porcos e pretenciosos de ícones do Cinema que insistem em pipocar ano após ano.

     

     Guardem essa!

     

     Sendo ousado pra cacete ou não, parece que o resultado não agradou a maioria (de críticos à público)...
  4.  A Literatura e, em especial, a Língua Portuguesa perderam um de seus maiores expoentes de todos os tempos...

     Só um cara "fodido" (no bom sentido, é óbvio) como o Saramago para mandar às favas regras de sintaxe e de gramática e ainda lograr sucesso, mais que merecido, por suas obras desconcertantes e provocativas.

     Ele é o exemplo mor de que a língua é algo vivo, dinâmico e que nem sempre seguir regras e convenções seculares da chamada "boa escrita" é sinônimo de se escrever bem.

     Sentirei imensa falta dos seus escritos... 04

          
  5.  JISUSMARIAJOSÉ!!!! Eis que quem é vivo (no caso, viva) sempre aparece!!

     

     Dani, Dani... Cê tá sumida, heim, fia?!!

     

     Conte com minha presença, Conan! Só peço pra não ser numa quarta ou quinta-feira (meus dias de babysitter...05).

     

     Lugar pra enxugar umas e falarmos sobre Cinema e sobre a fauna dessa bagaça aqui, temos aos montes em BH!!

     

     Mantenham contato!   
  6.  Sei não, mas tô achando que "A Hora do Espanto" vai despontar como o preferido da galera...

     Realmente é um filme delicioso, um Bezão realizado com competência e muita qualidade. Perdi a conta de quantas vezes vi esse filme. Só no cinema, umas 3 vezes... bigteeth        
  7.  "Deixe Ela Entrar" é arrebatador. Um filme inquietante e filmado com uma sensibilidade rara (trata a mitolgia com respeito e propicia leituras diferentes ).

     Confira o quanto antes, Nacka. Aposto que vai gostar. 03  
    Deadman2010-06-16 14:18:14
  8.  Infelizmente, ainda não consegui conferir "Near Dark"... 04 Sou fã de filmes de terror e também do ator Lance Henrikssen (me parece que ele é o lider dos vampiros, certo?), mas esse realmente ainda não assisti.

     

     Dessa lista do Nacka é muito provável que "Nosferatu" (de Murnau) ou "Fome de Viver" também entre no meu Top 3... Com tendência muito grande pro último. Como mencionou o Nacka essa cena do beijo lésbico entre Sarandon e Deneuve é simplesmente antológica!!

     

     Pra mim, o beijo mais erótico do cinema ever!!        
  9.  Lembrei de outro aqui que, apesar de ainda estar registrado no fórum, anda sumido (graças à Deus!) e que sempre achei mala: Bruno Carvalho.

     

     Eita!! Esse era foda...

     

     Fiquei sabendo "à boca miúda" - gente que o conheceu pessoalmente, na época em que ele trabalhou na Coca Cola como estagiário - que ele era intragável... 14

      
  10. Martyrs' date=' de Pascal Laugier (3/4)

    a comparação com A Invasora, procede, pela secura e não concessão quanto ao gore, além da qualidade do "como" o gore é explicitado. mas ao contrário do filme do Bustillo, que mais parece um pesadelo (literalmente), Martyrs tem outras "intenções", que ficam mais evidentes nos últimos 15-20 minutos e que, ao contrário da maioria, me fizeram gostar mais ainda do que eu táva presenciando. muito bom.

    ps: o diretor disse que esse filme é um anti funny games, gostei mais ainda. 1606

    ps2: as protagonistas... que delícia.


    [/quote']

     

     Sabe aquele filme que fica "martelando" na cabeça por dias à fio? Taí. Num primeiro momento, depois daquele final, me senti enganado, traído mesmo mas, não posso negar, já havia sido fisgado...

     Cheguei a desconcertante conclusão que o filme SÓ podia ter aquele final e ele, à despeito das minhas expectativas de algo mais palatável e mainstream, é o melhor possível.

              


    o que te incomodou exatamente no final, num primeiro momento? não acho que não poderia ter outro final, até acho que seria bem tranquilo outro final, já que aquele é totalmente diferente do que tô acostumado a ver num filme desses, e acho que por ter sido tão surpreendido, que me agradou tanto.

     

     SPOILLER!!!!

     

     É que o final é tão WTF, frustra tanto QUALQUER expectativa (no sentido de finalmente sabermos que diabos a mulher viu do "outro lado", fosse lá o que fosse...) que, num primeiro momento, depois de todo aquele sofrimento (que quase dá pra sentir na pele...) me vi traído...

     Entretanto, o conselho derradeiro e hermético de Mademoiselle à Étienne dito pouco antes de estourar os miolos conclui a obra de maneira perfeita: sem concessões, sem nada mastigado, sem didatismo e sem levantar qualquer bandeira (de conceitos ou dogmas de qualquer tipo), deixa ao espectador, à sua imaginação e às suas crenças, o trabalho de preenchimento (ou não) do que há do outro lado.    
    Deadman2010-06-09 13:35:31
  11. Martyrs' date=' de Pascal Laugier (3/4)

    a comparação com A Invasora, procede, pela secura e não concessão quanto ao gore, além da qualidade do "como" o gore é explicitado. mas ao contrário do filme do Bustillo, que mais parece um pesadelo (literalmente), Martyrs tem outras "intenções", que ficam mais evidentes nos últimos 15-20 minutos e que, ao contrário da maioria, me fizeram gostar mais ainda do que eu táva presenciando. muito bom.

    ps: o diretor disse que esse filme é um anti funny games, gostei mais ainda. 1606

    ps2: as protagonistas... que delícia.


    [/quote']

     

     Sabe aquele filme que fica "martelando" na cabeça por dias à fio? Taí. Num primeiro momento, depois daquele final, me senti enganado, traído mesmo mas, não posso negar, já havia sido fisgado...

     Cheguei a desconcertante conclusão que o filme SÓ podia ter aquele final e ele, à despeito das minhas expectativas de algo mais palatável e mainstream, é o melhor possível.

              
  12. mas Zodiaco nao deixa de ser  uma copia mais burocratica de O Verao de Sam' date=' do Spike Lee..bem, eu curti mais este ultimo..[/quote']

     

    Taí, Soto: ainda ñ conferi esse. Já ouvi e li comentários muito elogiosos a esse do Lee. Vale à pena? Pergunto isso porque gostei de Zodíaco, mas o achei um filme "complicado" (o ritmo lento quase me venceu por W.O).     
  13. A Invasora' date=' de Alexandre Bustillo / Julien Maury (3/4)

    gorezão sem enxerto, adoro. essa safra de horror francês tem feito um barulho, o próximo é Martyrs. Dentões%20Normal [/quote']
    Você vai gostar. Eu acho bem melhor que A Invasora. Na verdade, o único motivo para alarde no filme de Bustillo para mim é o final, que é maravilhoso. E, curiosamente, é justamente o final que é o fraco de Martyrs.

     

     

     A Invasora – 2,0/5,0<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

     O filme começa prometendo, com um início abrupto (acidente de carro) e pela cadência lenta, mas de clima sombrio, onde somos apresentados à protagonista: Sarah, uma fotógrafa grávida (e uma das pessoas envolvidas no citado acidente) com cesárea marcada para o dia seguinte, sozinha e quase isolada em casa numa noite fria, véspera de Natal.

     Então, eis que “do nada” (nem tão do nada assim, ficaremos sabendo mais tarde) uma mulher bate à porta querendo entrar e, pelo tom de voz, da pra sacar que as intenções não são nada boas...        

     A partir daí, começa o terror. Após essa cena, os primeiros 20 minutos se revelam muito bons e eficientes, mas depois disso o filme começa a mostrar seus problemas. Infelizmente, eles não são poucos...

     Vale pelo gore extremo (muito bem realizado), mas o desenrolar dos eventos se tornam mais e mais “mentirosos” e exagerados, fechando a situação com uma cena completamente over e desnecessária SPOILER onde um policial “ressuscita” do nada, toma uma iniciativa insana (religar as luzes da casa!!?? Hã!?? Huahuahuahua!!!) e para piorar, ataca Sarah que é defendida pela invasora (hãã??!).

     O final é a cereja do bolo de todo o gore mostrado até então e sim, é tétrico, macabro mesmo. Entretanto, o resultado final da obra se mostra equivocado, indicação de que a dupla de diretores pesou a mão demais, apostando em demasia na sanguinolência, se esqueceram de manterem a coerência, uma razoabilidade mínima que fosse nas (re)ações dos personagens apresentados.

     PS 1: Martyrs é beeem melhor.

     PS 2: Hoje, vou conferir "A Fronteira" fechando a trilogia do sangue à francesa...

     a+invasora.jpg

           

     

    Deadman2010-06-07 09:44:54
  14. Essa lista do Deadman é uma coisa...  Não seja rancoroso... 06

    [/quote']

     

     08 08 06 06

     

     Ninguém é perfeito, Nacka.

     

     Um dos meus piores defeitos...  

     

     Mas, espia só, tenho melhorado: não mencionei o bat, nem a Veras, nem o Thico... 06

     

     Isso sem falar que o Kakoserrano foi colocado em outra listinha. 13    
    Deadman2010-06-04 15:10:04
  15.  Eis os "odiados":

     

     Mr. Scofield

     Forasteiro

     Scarlet Rose

     Dook

     Abelha

     Gago

     Fe Camargo

     

     Ahh, me esqueci de mencionar um "inesquecível": Lordshake. 14 
    Deadman2010-06-04 14:56:43
  16.  Gosto desses aí embaixo:

      

     TOMATE (SUMIDAÇA!!)

     NACKA

     ALEXEI

     MOVIOLA

     J.DE SILENTIO

     SOTO

     JAILCANTE

     

     Além desses, tenho curtido muito os posts de um usuário que há uns tempos atrás figuraria fácil, fácil na listinha dos odiados (sic), mas que hoje figura aqui:

     

     KAKOSERRANO  
    Deadman2010-06-04 14:37:03
  17.  Meio que off topic, mas lá vai...

     

     Gente, o negocio é o seguinte: nunca fui de seguir série alguma. Nunca tive saco e comprometimento (por mais que eu gostasse de determinada série e/ou personagem). Com Lost não foi diferente... Passados 6 anos, NUNCA tinha assistido a sequer um episódio de Lost (13) (pelo menos até ontem...) à despeito do frisson que acompanha essa série na mídia e entre seus adoradores (tenho um amigo que vive dizendo que eu sou OBRIGADO a ver Lost... 06).

     

     Pois é, a série acabou e só ontem conferi o 1º episodio da 1ª temporada no Terra TV. O que achei? Bom, mas nada demais. O que me chamou mesmo a atenção é como a atriz Evangeline Lilly parece (nesse episodio) com a Kate Beckinsale. Enfim... 

     

     Assim, pergunto: considerando os furos, os altos e baixos e as "maluquices" dessa série; acham, que vale a pena eu conferir as 6 temporadas de Lost? Ou acham que é perder tempo demais e vale mais à pena eu continuar vendo meus filminhos usuais?  
    Deadman2010-06-01 14:54:42
  18.  

    Martyrs – 4,0/5,0  <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

    Você achou “Hostel 2” misógino, violento demais ou despropositado? Você não viu nada! Experimente esse aqui. O filme conta a história de Lucie e Anna, duas mulheres unidas por uma estranha amizade, fruto dos desdobramentos de atrocidades sofridas no passado por uma delas e que as coloca, anos depois, como vítimas/protagonistas de uma série de eventos violentos perpetrados por uma organização de caráter bizarro.

    A história é intrigante e funciona no seu suspense sanguinário até o segundo ato (destaque pra atuação psicótica e limite da atriz Mylène Jampanoï, linda de morrer – literalmente...rs ). Mas, a partir desse ponto há uma “revelação” que deixa a história ainda mais bizarra e violenta (cenas de tortura constantes e bem filmadas), mas que leva a uma conclusão insatisfatória.

    Alguns podem alegar que a opção do diretor de não responder nada, deixando o final em aberto e com mais perguntas do que respostas, deixa um gosto (amargo) de perplexidade, niilismo e complexidade à obra que a engrandecem. Entretanto, estou mais propenso a considerar que ele ficou é com preguiça mesmo e/ou se perdeu justamente na parte mais importante e, sem saída para a história-enigma que ele mesmo criou, preferiu concluir o filme de modo abrupto e hermético para evitar polêmicas e uma tomada de posição mais autoral.

    Definitivamente, um filme difícil de digerir (em todos os sentidos) e que merece uma revisitada. Principalmente nos seus 15 minutos finais...

    Destaque para o estilo grand guignol e sádico do filme bem como para a qualidade da maquiagem.  

    (PS: minha nota original era 3,0, mas decidi aumentá-la consideravelmente depois de ficar “filosofando” sobre o grand finale e tê-lo achado, no frigir dos ovos, o único possível. Sei lá! Pode ser que daqui a alguns dias ou mesmo na revisitada minha nota despenque...)  

     

    martyrs.jpg
    Deadman2010-05-31 15:26:54
  19.  Crítica do site "Cinereporter"...

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     Parábola situada num mundo pós-apocalíptico apresenta narrativa sóbria, delicada e evocativa

     Por: Rodrigo Carreiro - NOTA: ★★★★☆

     É praticamente impossível falar sobre o introspectivo “A Estrada” (The Road, EUA, 2009) sem evocar “Ensaio Sobre a Cegueira” (2008). As semelhanças são inúmeras: as duas histórias se passam num mundo pós-apocalíptico, documentam a jornada de alguns personagens numa busca desesperada por sobrevivência, são baseados em romances muito premiados e funcionam como parábolas, caráter explicitado pelo fato de os personagens jamais se referirem um ao outro por nomes próprios. No entanto, em tom e sensibilidade, esses dois longas-metragens não poderiam ser mais distintos – e, nesse caso, a vantagem fica com o diretor australiano John Hillcoat, que fez um filme bem mais delicado, sutil e evocativo do que Fernando Meirelles.

    Na verdade, a produção de “A Estrada” foi acompanhada com interesse desde o lançamento original do romance de Cormac McCarthy, em 2006. O escritor talvez seja, neste início de século XXI, o mais destacado e talentoso romancista em ação nos Estados Unidos. Além disso, convém não esquecer que o brilhante “Onde Os Fracos Não Tem vez" (2007), dos irmãos Coen, também saiu da caneta de McCarthy. Some a tudo isso o excelente western “A Proposta” (2005), filme anterior de Hillcoat, que lidava com um universo igualmente sombrio e desolado com o mesmo realismo brutal, e você tem um longa-metragem potencialmente clássico.

     Graças ao talento dos nomes envolvidos, à frente e atrás da tela, “A Estrada” não decepciona. Com trilha sonora esparsa, locações reais e pouquíssimos efeitos digitais, John Hillcoat desenvolve a parábola elaborada por McCarthy sem se afastar do texto original e acentuando aquilo que ele tem de melhor: a tenacidade do protagonista (chamado nos créditos de O Pai, e interpretado por Viggo Mortensen), seus esforços hercúleos para manter-se vivo e ao mesmo tempo proporcionar uma educação de base moral para o Filho (Kodi Smith-McPhee). Hillcoat faz tudo isso através de escolhas estilísticas corajosas. Ele usa os silêncios para demarcar a lenta agonia da dupla. Há poucos diálogos e quase nenhuma música.

     O enredo se passa em algum ponto determinado do futuro, em que os Estados Unidos foram devastados por algum cataclisma de origem não-identificada. O evento decretou a extinção dos seres vivos, vegetais ou animais, além de escurecer o céu. Não existe mais civilização. Os poucos agrupamentos humanos que existem se dedicam a roubar, pilhar e matar uns aos outros para comer. O canibalismo é praticado em larga escala. Nesse cenário desolador, Pai e Filho movem-se pelo país em direção ao sul, na esperança de que possam chegar a algum ponto em que a situação seja um pouco melhor. Tudo o que os move é a esperança (provavelmente, eles sabem, ilusória). Não há televisão nem rádio. Ninguém sabe exatamente o que aconteceu com o planeta, ou se aquela situação é apenas localizada.

     A trama, seca e sem enfeites, é narrada através de diálogos esparsos em que os personagens lidam com aspectos concretos de sua existência, como a busca por comida ou a importância dos sapatos para a sobrevivência, sem jamais procurar discutir tópicos metafísicos que poderiam advir da situação-limite. Nesse ponto, o filme funciona muito bem como parábola, deixando que cada espectador projete sobre a história suas próprias preocupações. Há quem diga que o tema central é a ausência de Deus. Outros preferem acreditar que seja a relação entre pai e filho. Pode ser um alerta ecológico, ou um estudo sobre a moral (pessoalmente, gosto muito da última interpretação).

     De fato, o filme funciona em todos esses níveis. Os melhores filmes, aqueles que não tentam ensinar lições, funcionam sempre dessa maneira, com diversas camadas sobrepostas.

     Em termos puramente cinematográficos, “A Estrada” tem muitas qualidades. A encenação de John Hillcoat segue na direção contrária do cinema de massa contemporâneo, com planos longos e câmera afastada dos atores. A fotografia dessaturada do espanhol Javier Aguirresarobe (incrível a diferença entre este filme e " Vicky Cristina Barcelona", que ele também fotografou, em termos de paleta de cores) dá uma boa medida da desolação daquele mundo frio e sem vida, sem que sejam necessários cenários gerados em computador. Além disso, Mortensen e o estreante Smit-McPhee atingem uma química muito boa; o primeiro demonstra, mais uma vez, ser um ator de nuances, quase minimalista, perfeito para uma história sóbria como essa.

     Todo o filme é pontuado, também, por flashbacks coloridos e luminosos do passado de Pai e Filho, em que havia também uma Mãe (Charlize Theron), cuja ausência é ainda mais dolorosa quando sabemos que ela simplesmente abandonou o lar para a morte certa, por não suportar viver sem esperança (aliás, seria a esperança outro tema do filme?_. Esses flashbacks, mostrados através de memórias ou sonhos dos protagonistas, destoam explicitamente do cenário sombrio do resto do filme, mas esta decisão não soa como estratégia comercial para tornar a história mais palatável, já que as memórias são a válvula de escape do Pai para aplacar o desespero. Assim, de episódio em episódio (todos são ótimos, com destaque para o encontro entre a família e o moribundo representado pelo veterano Robert Duvall), o filme ruma a um final alegórico em tom menor, e que pode ser interpretado como realidade ou delírio. Um final adequado para um belo filme.

    - A Estrada (The Road, EUA, 2009)
    Direção: John Hillcoat
    Elenco: Viggo Mortensen, Kodi Smit-McPhee, Charlize Theron, Robert Duvall
    Duração: 111 minutos

     
    Deadman2010-05-11 09:45:17
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