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Forum Cinema em Cena

Noonan

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Posts posted by Noonan

  1. Covardia mesmo... Saiu hoje na Folha de SP uma entrevista em que ele fala praticamente a mesma coisa: "Foi emocionante [o Live 8]. Faria de novo. Ouvir aquelas canções, com todos juntos novamente... Pessoalmente, acho que seria um boa se a gente fizesse de novo. [...] Não acho que o David Gilmour se entusiasmaria com a idéia... [...] Ele ainda parece querer se segurar ao poder."

     

    O ego dele também é incrível... o cara acha que fez o Pink Floyd sozinho e que a banda perdeu sua característica revolucionária quando ele saiu (e tentou impedir os outros de continuarem, fato que obviamente ele não ressalta). Ele fala como se fosse o único autor do Dark Side.

     

    E agora quem for na do Waters (muita gente) vai culpar Gilmour se o Floyd não se reunir - e eu duvido muito que ele queira essa reunião.

     

    Realmente, Big, disse tudo: o Waters é um gênio... e um cuzão também.

     

    Águas passadas' date=' Big... ambos perderam com a separação o que prova que o Floyd era um grupo excepcional com os 4 juntos, sem uma 'cabeça pensante' por trás de tudo... E hoje, o Mason e o Wright são indiferentes em relação à re-união da banda, o que vier eles tascam (Mason inclusive já conversa com Waters há anos). O problema tem sido o Gilmour...  [/quote']

     

    Já eu acho que ambos (Gilmour e Waters) são o problema... Gilmour até hoje fica com essa de "odeio o Waters porque ele quase acabou com a banda"... e Waters não perde uma oportunidade de sugerir que era quem fazia a maior parte do trabalho, para dois minutos depois dizer que adoraria uma reunião e que tudo depende de Gilmour (como na entrevista acima).

     

    O dia em que Gilmour parar de agir como uma criancinha ofendida e Waters como um cuzão, quem sabe as coisas se acertam...

     

    (E Mason e Wright realmente parecem já estar acima de toda essa cagada... o Nick, se não me engano, já até tocou em alguns shows do Waters.)
    Noonan2007-03-02 14:48:36
  2. O Waters foi bem esperto nessa, jogou praticamente tudo nas costas do Gilmour... Se a reunião não se concretizar, ele vai poder dizer "Eu estava disposto, mas Gilmour e os outros não quiseram"... 06Noonan2007-03-02 11:41:54

  3. Julio, sua crítica ficou ótima sim. Como disse o Silva, foi bem clara e, além disso, deu margem às discussões que vimos por aqui: do seu texto puxou-se o assunto dos cenários/visual acima do desenvolvimento dos personagens, e disso veio o tema das motivações reais de John Doe e as improvisações pelas quais o plano teve que passar.

  4.  

    Note que a idéia do Noonan é muito boa' date=' mas a idéia da inveja causaria teoricamente uma mudança no plano muito maior que a proposta pelo Deadman. Se Doe invejava os que pecavam sem remorso, enquanto ele não conseguia e as vítimas se esbaldavam no pecado capital correspondente, aí sim temos um motivo ainda mais forte para que a idéia da morte de Tracy se encaixe menos ainda na trama. Ela seria parte de um improviso que subverte a obra e deixa muitas dúvidas do que de fato estamos vendo. Chega a fazer a idéia perder significado. Acho que nada que fosse acessório (mesmo que improvisado) poderia subverter o resultado final "visível" da obra principal (pois ele é o instrumento que promove reflexão em quem vê). O cara quer passar uma mensagem pro mundo...ela deve ser explícita ou ele não conseguirá passar adequadamente. Um fator muito importante: não creio que a idéia de Doe seja deixar interpretações a cargo de quem vê, a mensagem dele deve ser mostrada de forma explícita, óbvia. Está claro aqui que não é. E pra mim não é culpa dele.
    Repito mais uma última vez: o problema não é improvisar...o problema é improvisar e manter de forma contundente a idéia inicial. Se o filme permite duvidar da inveja de Doe ou faz inferir um sentimento diferente em relação a David (inveja só ele ou todos os indivíduos simples? Indivíduos simples ou todo mundo que peca sem remorso?), é sinal que há problemas na execução do plano OU no desenvolvimento do personagem (daí a culpa não é dele, mas de quem deixou de por partes que o aprofundassem no filme).

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    Mas a obra de Doe foi realmente subvertida, afinal, como dito, ele precisou improvisar porque o cenário repentinamente mudou e saiu do previsto.

     

    No entanto, deve-se parar um pouco para pensar sobre a violência. Ela precisa necessariamente ser física para se caracterizar como tal? Claro que não, e aí entra a morte de Tracy. Ela, ao que tudo indica, era um dos poucos fatores que tornavam a vida do personagem de Pitt melhor - além dela, o que ele tinha? Um emprego estressante, morava num lugar péssimo, e assim por diante. Assassinar Tracy (e daquela maneira, ainda por cima) seria a maior violência que Doe poderia cometer contra Mills - muito maior que qualquer tortura física.

     

    No entanto, fica claro que o plano original não incluía a morte de Tracy, e aí está a subversão e a improvisação: Doe troca a violência física pela psicológica, por não ter outra saída. E, no fim das contas, é o pior de tudo: Doe foi vencido, por ter sido obrigado a alterar o plano a ponto de quase perder o significado (mas discordo que um observador externo teria dúvidas sobre a mensagem), mas ao mesmo tempo venceu, conseguindo punir todos os pecadores - Mills, que foi o único a permanecer vivo (ao menos até o encerramento do filme), teve a vida destruída e sabe-se lá o estado mental em que pode ter ficado.
    Noonan2007-02-21 22:39:55
  5. Nossa' date=' parece que a discussão se transformou num "diálogo" entre o Deadman e o Scofa!!!06

     

    Bom, entrando na discussão (não sei se vou falar coisas que o Deadman e o Scofa já falaram, pois ainda não li todos os comentários deles): acho o final primoroso, exatamente por que mostra, mesmo sendo uma coisa "fora do planejado" pelo assassino, a capacidade de improvisação do mesmo. O que demonstra que, mesmo ele improvisando, que a "função" dele foi cumprida, e que, com tudo isso, ele será lembrado (o que, em tese, todo serial killer deseja).

     

    [/quote']

     

    Exato. Na verdade, para mim esse aspecto só ressalta mais a inteligência do personagem do Spacey, que conseguiu se adaptar à nova situação e levar o plano a cabo, mesmo tendo se desviado de seus métodos quando assassinou Tracy. Afinal, em minha visão há tanto mérito (se é que se deve usar essa palavra no caso em questão) em criar um plano perfeito (como, em teoria, o de Jogos Mortais, já que o citaram) quanto em conseguir improvisar frente a uma ocorrência inesperada.

     

    E creio que Doe não sentia inveja somente das "pessoas comuns" e sua vida ordinária, feliz ou infeliz; ia muito além disso. Doe invejava aqueles que pecavam sem nenhum remorso, enquanto ele não o conseguia, pelo motivo que o Deadman já expôs, seu moralismo falso e hipócrita. E, dessa maneira, acho muito coerente que as vítimas escolhidas fossem as que mais se "esbaldassem", por assim dizer, no pecado capital correspondente.

     

    Assim, o ato de matar seria uma espécie de "libertação" dele do próprio moralismo; afinal, se suas vítimas eram pessoas que pecavam até limites extremos (gula, por exemplo), também ele o fazia, chegando ao ponto de cometer assassinatos tão violentos e sádicos por pura inveja (o que justificaria a sua própria morte, ao final). Aliás, não é significativo que um moralista como John Doe, em sua cruzada contra os "pecados capitais", use tamanha violência? Acho que há um comentário social bem interessante aí... mas talvez seja imaginação minha.
  6. Sobre o ponto levantado pelo Alexei, a estética acima do desenvolvimento dos personagens, eu acho válido, dependendo da proposta do filme em questão. Em Se7en, considero que Fincher não se equivocou nesse sentido.

     

    Concordo com o Julio no aspecto do clima sombrio e, principalmente, angustiante de todo o longa; e os ambientes onde acontecem os assassinatos são um fator importantíssimo, a meu ver, na hora de causar essa sensação no espectador. Se7en consegue ser mais tétrico que muitos filmes por aí, e isso sem apelar para a violência explícita - Fincher usa apenas a sugestão das descrições (o crime correspondente à luxúria é o ápice nesse quesito) e a pesada carga visual dos cenários (são lugares onde pessoas sofreram muito antes de morrer, algo que se capta com um único olhar, mesmo que inconscientemente).

     

    Diante disso, eu diria que Fincher não estava errado em colocar o visual em primeiro plano em relação aos personagens. E, apesar de estes terem um desenvolvimento bem longe do espetacular, não chegam a prejudicar o resultado final. Aliás, grande mérito aos atores aqui, especialmente Freeman e, claro, Kevin Spacey, como o Nacka apontou.

     

    (E a cena "entrega", no final, é uma das coisas mais tensas que já vi. Caramba.)
    Noonan2007-02-19 23:36:46
  7. Irei rever o filme hoje à tarde, mas, forçando um pouco a memória, lembro que, na época em que o vi, os "truques" de Welles para fazer o espectador pensar estar vendo uma coisa e depois mostrar que na realidade é outra me pareceram não só exercícios de estilo; foram a forma que o diretor encontrou para fazer um paralelo visual com a imprensa mostrada no longa, que também manipula a realidade conforme seus interesses.

  8. Creio que a idéia foi manter intacta a expressão "UM ANEL para dominar a todos' date=' etc, etc...", seja em que língua for...

    [/quote']

     

    Na verdade é isso mesmo que o Lucas disse... Não é "The One Ring" no original para mostrar como o Anel é fodão, e sim por causa do poema... "One Ring to rule them all", e por aí vai.

     

    Mas estamos desviando o assunto, acho...
  9. Indy, acho que a crítica que você citou é essa:

     

     

    Kubrick: A arte da Violência


    Contrapondo-se à violência individual' date=' o Estado impõe com violência seus parâmetros de normalidade. Suas instituições distinguem o aceitável do inaceitável e descem impunemente o cacete nos cidadãos que resistem ao enquadramento. Esta é a grande lição política de "A Clockwork Orange", (Laranja Mecânica), o filme de Stanley Kubrick que os europeus assistiram em 1972 porque nenhuma censura procurou na época infantilizá-los sob o pretexto de que a história seria um mau exemplo para os que sublimam uma carga de agressividade.

    Anthony Burgess, que publicou há 16 anos o romance do qual se extraiu o filme, é um inglês intuitivo que beirou a genialidade a partir de uma premissa banal. Linguista, poliglota e entusiasta de James Joyce - é o autor de dois ensaios e de uma edição abreviada de "Finnegans Wake" - ele procurou forjar para seus personagens uma linguagem bem particular, recheada de neologismo. Mas o que não passaria de um bom recurso literário acabou fornecendo à "Laranja Mecânica" um dos eixos básicos para sua leitura política. E isso porque os personagens - situados um pouco antes do ano 2000 - exprimem-se num inglês misturado a sons e a palavras russas. Sintetiza-se uma aproximação entre a violência estatal das superpotências. Pouco importa se apenas uma delas, a União Soviética, possui seus dissidentes oficiais e seus asilos psiquiátricos. Esse tipo de repressão, denunciado publicamente bem depois da publicação do livro de Burgess, é comum a todo Estado que atua segundo o dogma dos detentores de um saber: o que é bom e o que é mau.

    Alex, o personagem central encontra-se com outros marginais de seu bando numa cafeteria futurista chamada "Korovo Milkbar", onde se toma um leite vitaminado chamado Moloko, que jorra pelos seios de uma enorme e sensual boneca. Para qualificar as coisas que lhe aprazem, ele usa a palavra "Horroshow", em inglês quer dizer espetáculo de horror. Mas em russo apalavra "Horosh" significa excelente, perfeito. São pequenas ambiguidades semânticas que determinam um enfoque moral meio ambiguo do banditismo praticado.

    Malcon Macdowell, interpretando o papel de Alex, é uma espécie de trombadinha da "science-fiction". Rouba, é capaz de linchar suas vitimas pelo prazer de vê-las sofrer, e não tem nada de um marginal que apela para a violência a fim de obter dinheiro. A sociedade em que vive se define pela opulência. Ele próprio dispõe de um fantástico equipamento de som para se deliciar com a Nona Sinfonia de seu compositor predileto, Ludwig Van. É de Beethoven que se trata, embora a partitura tenha sofrido uma adaptação meio cafona, em que vozes e instrumentos da orquestra foram substituídos pelos sons de um sintetizador eletrônico.

    Pois bem, Alex é traído por seus companheiros de noitada e cai em mãos da polícia. Transforma-se no detento 6655321 de uma prisão estatal chamada Prita 84-F. Um belo dia, um psicólogo chamado dr. Branom propõe que, em troca de uma libertação antecipada, ele se submeta ao "Método Ludovico", destinado a curá-lo da violência.

    O método seria um recurso narrativo cômico se não caricaturasse com tanta perfeição teorias cientificas consagradas. Trata-se do mais puro behaviorismo, que consiste em "condicionar" o paciente a rejeitar todo comportamento "anormal". Alex é colocado num palco onde se obrigam a assistir filminhos com cenas de violência inegável. Mas antes dessas sessões cinematográficas, injetam-lhe um medicamento que lhe provoca insuportável náusea. Associando as cenas ao mal-estar físico, ele neutraliza sua agressividade natural e se transforma num "cidadão modelo".

    Ora, o "Método Ludovico" representa no filme de Kubrick toda uma teoria pela qual se define a ciência oficial. Ou seja, a verdade. O ideal do Estado é ter sob seu comando cidadãos que não contestem uma paz estabelecida.

     

    Ao aceitar o conceito de normalidade que lhe impõem durante o tratamento, ele não tem apenas aniquilado seu potencial de marginalismo. E sobretudo, um conformismo social que se manifesta.

    A coisa é extremamente sutil. Se o público não concorda moralmente com a violência gratuita de Alex, o desenrolar do filme leva o mesmo público a descobrir que o cidadão pacífico torna-se sinônimo de indivíduo destruído.

    É por isso que a dupla Burgess-Kubrick não construiu, com a Laranja
    Mecânica, uma simples apologia às violências, conforme a interpretação dos simplistas e reacionários. Há nessa postura uma enorme hipocrisia. Do faroeste ao "chefão", e do policial inglês da década de 40, aos seriados produzidos para a TV, a violência física já se incorporou aos ingredientes cinematográficos para que possa constituir um mau exemplo que o espectador se disporia imediatamente a imitar.

    Não é nada disso. O que Kubrick demonstra é que os marginais e as instituições do Estado (sobretudo quando elas empunham o bastão da "ciência") praticam uma violência idêntica.


    Bem após o sucesso comercial de "Laranja Mecânica", um outro filme levantou genialmente o problema, e chegou inclusive a ganhar um Oscar. Foi "The Flight Over The Cou-Cou Nest" ("Um Estranho no Ninho", no Brasil), de Milos Forman. É claro que, desta vez, o paciente de um asilo psiquiátrico mostrava-se com menor ambiguidade e o público ficava a seu lado a partir das primeiras cenas. Ele era vítima do sistema, como se diz, do começo ao fim. Mas entre Forman e Kubrick há a proposta semelhante de não permitir que os qualificativos retrógrados e de simplismo moralista sejam aplicados apenas aos indivíduos que se considera "anormais". É preciso igualmente, interrogar a ideologia que se esconde por detrás da definição desses parâmetros de normalidade.

     

    9/03/1978

     

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