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Forum Cinema em Cena

Gago

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Posts posted by Gago

  1. Não importa. Com muitas ou poucas pessoas na sessão, é praticamente certo que me sentirei incomodado. Digo isso baseado em muitas experiências anteriores, independentemente do naipe, gênero ou assinatura do filme. Não sei se é um problema em todo o território nacional ou se é uma infeliz falta de sorte minha, mas o fato é que não dá mais para aguentar as constantes inconveniências.

     

    Infelizmente, minha sala e a dos meus amigos não são boas o suficiente para que eu me sinta verdadeiramente tranquilo quanto ao fato de estar evitando as grandes salas. Mas o que eu tenho à disposição é, na minha opinião, bom o bastante para que eu tenha claro comigo que a relação de perdas e ganhos é favorável para mim.

     

     

  2.  

     

     

     

     

     

    Não lembro dos Coen num estado de espírito tão inquieto quanto aqui. Eles parecem muito insatisfeitos e incomodados com seu passado, no sentido de que o filme é uma enorme bolha particular que engloba todo o conflito deles com sua fé, sua criação judaica e, claro, deus.

     

    É certo que alguns (talvez muitos) criticarão o olhar azedo que os irmãos lançam sobre os judeus, mas me interessei bastante por esse teor pessoal do filme.

     

    Enfim, gostei bastante. Isso sim é 3D. O resto é mera tecnologia.

     

    PS: assistido em alta definição, graças à internet. Falta de educação do povo brasileiro eu dispenso. É triste, mas prefiro assistir na poltrona da minha casa que numa tela de cinema e ter minha experiência comprometida por conversinhas paralelas, celulares inconvenientes, etc.

    Gago2010-02-18 14:18:24

  3. E sobre Up' date=' ele é como aquele filme do Howard Hawks, Paraíso Infernal (Only Angels Have Wings): mistura drama, comédia, aventura e tudo mais num filme sobre a amizade entre os seres. É lindíssimo![/quote']

     

    Mas uau, hein! Eu não cheguei a citar/lembrar especificamente desse filme, mas na época de lançamento de Up eu comentei com amigos-da-vida-real que esse filme da Pixar é a encarnação purinha do espírito hawksiano! Bom demais.
  4.  

    É curioso, mas não tenho absolutamente nenhum porém com relação a Up. Nenhum mesmo. O começo, como disseram os colegas, é brilhante, arrebatador. O laço que os personagens criam entre si me envolveu diretamente com o filme, de modo que fiquei emocionado até mesmo quando o filme passou a enveredar por caminhos quase que inteiramente aventurescos.

     

    Gosto muito, também, da maneira singela mas bastante bonita como aborda o fato de que pessoas passam por essa vida deixando, entre outas coisas, marcas nas pessoas que amaram e sonhos. É um filme com valores humanos tão puros e verdadeiros, ao passo que tão raros hoje em dia, que não vejo como não qualificá-lo como grandioso.

     

    Fiquei em dúvida por um tempo, mas já desconfio seriamente que se trata do meu filme favorito da Pixar, ainda que Ratatouille seja maravilhoso, inteligente como poucos, um dos melhores filmes da década passada.

    Gago2010-02-06 13:24:22

  5.  

    Quanto ao teor do seu último post' date=' sobre o que disse Hector Babenco, posso dizer que, da lista de indicados a Melhor Filme eu vi Avatar, Up e Inglourious Basterds. Qual deles eu considero o de melhor qualidade? Up, sem dúvida. Mas uma vitória dele é praticamente impossível. Pete Docter disse que as pessoas não costumam considerar a animação como um gênero (ou seja, como um filme como qualquer outro), e sim como uma outra forma de mídia cinematográfica. Essa virada de perspectiva é uma coisa fantástica, mas poucas pessoas têm a mesma percepção que ele. Enquanto isso não mudar, as grandes animações (como, em outros anos, Ratatouille e As Bicicletas de Beleville, e nesse ano, Up e Coraline - e eu ainda nem vi The Fantastic Mr. Fox) vão continuar condenadas ao gueto que é o prêmio de Melhor Animação. Uma pena mesmo.[/quote']

     

    Eu também considero essa situação muito triste, mas às vezes penso que as próprias engrenagens do Oscar colaboram para essa segregação, especialmente pelos fatores que circundam a premiação. Se na visão deles uma simples indicação é sinônimo de celebração, o que dirá um prêmio propriamente dito, mesmo que numa categoria menos importante.

     

    Mas não é de se espantar, já que ainda hoje há um número substancial de pessoas fora de Hollywood que enxergam as animações como expressões artísticas de menor porte. Deve haver um motivo muito forte pra isso, mas eu sinceramente não sei qual é.

     

    Eu assisti a seis dos dez indicados ao prêmio principal, todos eles numa sala de cinema, e, assim como você e o próprio Babenco, não escolheria outro filme que não Up. A sensibilidade, o humanismo e, é claro, as qualidades cinematográficas do filme do Pete Docter são inacreditáveis, das melhores coisas que pude assistir no ano passado. E já não é de hoje que esse tipo de coisa acontece: pra mim, Ratatouille e A viagem de chihiro eram melhores que todos os filmes do Oscar de seus respectivos anos.

     

  6.  

    Será que a feira de 10 filmes vai continuar ano que vem? Não sei se foi muito válida este ano... Tipo' date=' é meio óbvio que 5 (Up, Distrito 9, Blind Side, Educação e Um Homem Sério) só estão lá de enfeite, com chances nulas de vitória.[/quote']

     

    Esse foi justamente o principal ponto de vista que defendi quando saiu a notícia das dez vagas na categoria principal, em vez das cinco habituais. A modificação promovida por esse acréscimo não aprimora em nada premiação, pelo menos do ponto de vista competitivo. E ainda banaliza as vagas restantes, o que, na minha opinião, é bastante ruim.

     

  7. Eu fui surpreendido tanto pela Maggie quanto pela Cruz. Claro que muito mais pela primeira, mas não achava mais que a essa altura a Penelope estivesse com mais fôlego que qualquer uma das coadjuvantes de Bastardos, Morton e Moore.

     

    Bem, algo me dizia para não apostar em (500) dias com ela. Paciência. Não sou fã do filme do Webber, que achei legal e nada mais. Mas antes ele que uma refeição sem sal como An education. Ou aquelas porcarias que a AMPAS tem costume de celebrar.

     

    E, assim como muitos, achei imprevisível o filme do Clint ter ficado de fora, principalmente depois que vi o nome do Damon na lista.

     

     

  8.  

    E acho possível que no lugar de Lee Daniels' date=' tenhamos a diretora de An Education.[/quote']

     

    Não ponho muita fé no Daniels, por isso apostei no Blomkamp. É pura questão de feeling, mas eu apostaria até mesmo no Haneke em vez desse diretor de Precious.

     

  9.  

     

    FILME

    Avatar

    The Hurt Locker

    Up in the Air

    Inglorious Basterds

    Precious

    Invictus

    District 9

    (500) Days of Summer

    An Education

    Up

    DIRETOR

    James Cameron

    Kathryn Bigelow

    Quentin Tarantino

    Jason Reitman

    Neil Blomkamp

    ATOR

    George Clooney

    Jeff Bridges

    Morgan Freeman

    Jeremy Renner

    Colin Firth

    ATRIZ

    Carey Mullingan

    Meryl Streep

    Gabourey Sidibe

    Sandra Bullock

    Helen Mirren

    ATOR COADJUVANTE

    Woody Harrelson

    Christoph Waltz

    Stanley Tucci

    Christopher Plummer

    Christian Mckay

     

    ATRIZ COADJUVANTE

    Anna Kendrick

    Vera Farmiga

    Mo'Nique

    Dianne Krugger

    Samantha Morton

     

    Uau, minhas apostas são rigorosamente iguais as suas.

     

  10.  

    Eu também gosto do time de San Diego, apesar de não torcer pra ele. O time é bom mesmo, bem melhor do que aquele que iniciou a temporada, meses atrás. Curiosamente, o ataque terrestre é que foi definhando com o passar do tempo, a sorte foi o Rivers. Triste, mas o LT não parece mais o mesmo correndo, a não ser na red zone. Contra os jets, a coisa foi pau-a-pau, mas senti um clima de já-ganhou por parte dos Chargers, tanto que foi publicado por aí que parte da equipe saiu para comemorar na noite anterior ao jogo.

     

    Carioca' date=' tem visto os jogos?

     

    Eu estou gostando cada vez mais. Vi o jogo do Broncos na segunda,

    jogão com o Royal fazendo 2 TD de retorno e o Sproles respondendo com 1

    TD de retorno também. O bônus pra mim é que no fantasy eu tenho Orton,

    Buckhalter e Royal.

     

    Sobre o Brady, que tínhamos comentado estar meio devagar ainda, parece que o cara tá de volta:

     

     

    5 passes pra TD em um quarto, 6 ao todo. Vendo esse vídeo lembrei

    do que um amigo meu tinha me dito sobre o Patriots, que chega o inverno

    e ninguém ganha deles na neve.

    [/quote']

     

    Fiquei um tempinho sem logar no fórum, e só agora estou voltando a postar com mais frequencia, por isso só agora vi este seu comentário, Travis.

     

    Eu gostei bastante de ter acompanhado essa temporada. Os Cowboys emplacaram bonito no finzinho dela, e os Jets também surpreenderam bastante. Mas acabaram não resistindo, nos playoffs, à força dos QB adversários.

     

    O Brady vinha bem, né? Mas o foda foi aquela partida de playoff, uma das piores de toda a carreira. Errou justamente quando não podia.

     

    O lado negativo foi a campanha decepcionante dos Steelers, mas como as partida da pós estão pegando fogo, esqueci rápido. Confesso que torci para os Chargers alcançarem alguma coisa a mais, mas no fundo o que eu gostaria mesmo de ver era um Superbowl com Favre e Manning, mas como os Saints nunca haviam chegado lá, ficou de bom tamanho.

    Gago2010-01-29 09:43:19

  11. Minhas expectativas, toda vez que acomodo minha bunda magrela numa poltrona a fim de assistir a um filme, seja ele qual for, são sempre as mesmas: saborear uma experiência prazerosa, independentemente do gênero.

     

    Esse prazer pode ser de diversas ordens, desde a mais pura diversão à mais profunda melancolia. E não há qualquer tipo de hierarquização nesse nível, o importante é a intensidade com que essa sensação atinge o alvo (eu, no caso).

     

    Por isso que sempre digo que os melhores filmes, ou os realmente bons, são aqueles que permanecem conosco. Quanto mais tempo, melhor. Gasto boa parte do meu tempo livre com o cinema para me satisfazer com pouco. Eu quero, como nosso colega disse sabiamente na postagem inicial, algo que seja capaz de sacudir meu espírito e meu humor.

     

     

  12. Um dos diretores que eu acredito poder apontar, sem o menor risco de remorso, como um dos maiores. Seu A morte cansada foi, dentre outras coisas, o filme preferido de Alfred Hitchcock e o principal motivo para que Luís Buñuel optasse por iniciar sua carreira de diretor de cinema.

     

    Fincou um dos pilares mais básicos de toda a ficção científica, Metrópolis, um filme caprichado visualmente (marca de Lang e do movimento no qual estava inserido) e muito inteligente na maneira como moldura o estado das coisas.

     

    E, claro, M - o vampiro de dusseldorf, meu filme favorito de toda a década de 30 e um dos mais impressionantes a que tive a oportunidade de conferir, independentemente da época.

     

    É pouco ou quer mais?

     

  13.  

    Ótimo post. Vou tentar expor mais ou menos o que eu penso.

     

    Não acho que a diversão seja o único dos propósitos do cinema. Ou melhor' date=' talvez tudo seja diversão, mas "diversões" diferentes. Se um filme inadvertidamente ou não transforma as duas horas em algo agradável, seja rindo, se assustando, se emocionando, causando admiração, etc, ele é para mim um bom filme. Agora, existem filmes que transcendem essas duas horas, que façam pensar ou até sentir por mais tempo, o que é fantástico. Creio que seja o tipo de filme que você e o Alexei prefiram. Para mim eles tem o mesmo nível de importância dos que me proporcionam apenas as duas horas intensas, mas aí é questão pura de preferência.

     

    Existe um gap aí nesta tese, que é o tipo de filme que não te proporciona as duas horas intensas, mas que gera o efeito posterior. Pra mim seria um 2001 da vida, sei lá. Eu não consigo considerar 2001 bom, embora (e aí mora a contradição) entenda sua genialidade. Quando vejo um post ou texto falando maravilhas sobre ele, geralmente concordo, mas continuo o achando mega-chato.

     

    Escrevi meio de sopetão aqui e posso ter deixado o post imcompleto ou até com erros, mas a idéia em geral que me ocorre é essa.

     

    E acho que é isso (ou algo assim) que está gerando as divergências pois, sinceramente, quando vejo os posts de quase todos aqui, não vejo margem para idiotices ou bizarrices. Acho que é só questão de balisar os discursos e encontraremos a concordância.[/quote']

     

    Não é raridade filmes nem tão cabeçudos permanecerem comigo por muito tempo. Guerra dos Mundos talvez seja o melhor exemplo possível. É claro que além de divertidíssimo, esse é um filme que considero muito inteligente e cheio de substância, mas a pegada de pesadelo que o Spielberg dá ao filme me suga para dentro daquele universo de tal modo que até hoje eu me sinto refém do seu talento.

     

    Digo isso porque eu senti que você fez uma diferenciação entre os filmes-que-permanecem-conosco-durante-dias e os filmes-de-apenas-duas-horas provavelmente baseado numa pseudo-informação que eu havia dado anteriormente. Talvez assumindo, a partir daquelas três menções que eu fiz, que os filmes que eu levo dias para absorver adequadamente seus impactos são mais cabeçudos, digamos assim. Foi só uma impressão, mas de todo modo achei melhor iluminar o meu ponto de vista.

     

    Quanto ao caso 2001, ele é interessante. Não sei se já experimentei algo exatamente igual, mas parecido com certeza. É o caso de filmes que, como já disse em outras ocasiões, são feitos com fermento, que vão crescendo com o passar do tempo. É uma sensação estranha, mas geralmente, quando rola um incômodo de minha parte por estar curtindo algo que me deixou um pouco indiferente durante a sessão, eu revejo para tirar a prova dos noves.

     

  14. Scofa, esse é justamente o objetivo dos meus posts, buscar uma aproximação dos termos que estão expressando as idéias de cada um, para que a gente não caia na lambança de ficarmos falando para o outro coisas diferentes quando na realidade estamos tentando dizer a mesma coisa.

     

    Mas o fato é que eu estava ali no quarto, assistindo ao jogo da NFL, e pensei no quanto eu já fui capaz de entender o que todo está tentando dizer. No fim das contas, é tudo uma questão de semântica mesmo.

     

    Quando vocês falam em diversão, eu, do lado de cá, sintonizo em prazer. Exemplo: quando penso em Luz de Inverno, No Silêncio da Noite e Cidadão Kane, não encontro divertimento. Penso num monte de outras coisas, igualmente prazerosas, mas um tanto diferentes para o que a minha idéia de diversão aponta.

     

    Enfim, mais uma vez: alguém me corrija caso eu esteja falando besteira. E mal aí pela chatice, haha!

     

     

  15. Eu não sei se entendi exatamente o que vc quis dizer. Vc não entendeu o que eu disse' date=' é isso?[/quote']

     

    Você captou errado o que eu quis dizer. Ou eu que me expressei mal, vai saber.

     

    O que eu quero é de algum modo entender essa idéia padronizada -- no sentido de que quase todo mundo concorda, de um jeito ou de outro -- de que a diversão é a função e o objetivo principal do cinema. É apenas um ponto de vista que eu gostaria de compreender melhor e analisar com mais calma, já que ele me parece, ao menos num primeiro momento (talvez por causa da noção que eu tenho do seu significado), um tanto divergente do que eu penso.

     

    Além de ser algo que vai me ajudar a compreender o assunto inicial do tópico.
  16.  

     

     

     

     

     

     

    Na realidade' date=' ninguém disse que precisa de dias para gostar ou desgostar de um filme. Isso é algo que eu consigo dizer no fim da sessão (como no exemplo que eu dei, quando deu certo de assistirmos a Senhores do crime na Mostra de São Paulo, em 2007). O tempo, que às vezes engloba dias, é para dizer precisamente os porquês, ou seja, para compreendê-lo melhor, absorvendo com mais calma o impacto do filme. É um processo muito gostoso, do qual não abro mão e que eu penso estar intimamente conectado com o Cinema. Claro que acontece de não se aplicar a alguns filmes, mas é raro, no geral é assim mesmo que funciona. E ainda tem obras como Amantes, Kairo e Onde os fracos não têm vez, que eu faço questão de carregar para fora da sala de cinema. Se estou próximo a amigos, digo na boa o grau da minha satisfação, mas realmente não me julgo capaz de expressar o quanto eu fui realmente atingido pelo filme. Por isso que eu dificilmente encaro maratonas. Evito assisti-los seguidamente.[/quote']

     

    Ocorre comigo o mesmo. Para os quem tem o raciocínio lento, preguiçoso e distraído, como é o meu, é necessário deixar os pensamentos não de molho, mas fermentando os fragmentos que fixamos daquela obra que nos arrebatou, até que possamos, ao menos, nos aproximar de conceber uma idéia geral e íntima. Quando se consegue chegar a tanto... Se parece com montar um quebra-cabeças que não se completa porque algumas peças simplesmente se perdem com o tempo e no empurra-empurra das idéias.

     

    Realmente é muito difícil nos expressarmos de maneira que nos

    satisfaça a respeito de filmes - ou de qualquer coisa - quando é

    importante para nós. Estou vivenciando agora com Fale Com Ela, meu primeiro Almodóvar. Entre tantas imagens em vermelho e recortes de idéias, que de dentro de mim, instante a instante, emergem e submergem, não consigo externar outra coisa senão a de que fui invadido. Invadido pelo seu mundo - e não menos pela sua empatia com os seres que pôs para viver nele - com a mesma submissão e prazer com que também foi invadida a cientista do filme-mudo nas memórias de Benigno.

     

    Uau. Gostei muito disso, especialmente das palavras sobre Fale com ela. Seja benvindo, começou bem por aqui.

     

    Eu além de precisar de tempo pra digerir adequadamente muitos filmes, também sou atingido pela falta de capacidade de expressar exatamente tudo o que eu senti. Hoje em dia eu converso de cinema muito mais na vida real, em mesas de bar com meus amigos, do que no fórum, e às vezes me faltam palavras pra descrever meus sentimentos. Um caso foi quando estávamos conversando sobre Memórias de um assassino, que eu acho simplesmente maravilhoso. Tenho plena consciência de tudo o que gosto e que me fascina nesse filme, mas a sensação de assisti-lo, que é com toda certeza o que mais me atrai, eu fiquei devendo. Até comecei a falar algumas coisas, mas acabei recorrendo a certas descrições de cenas com a esperança de que eles talvez lembrassem de algo remotamente parecido com o que me fisgou. Ele tiveram uma noção, mas essa minha tática patética foi inútil, é claro.

     

    É o que acontece de vez em quando. E não vou negar: há qualquer coisa de muito interessante nisso, de particularidades entre nós e os filmes que simplesmente não dá para compartilhar. É bacana demais.

     

  17.  

    Estou acompanhando a conversa, que está muito boa, mas às vezes tenho a impressão que a gente termina caindo nuns redemoinhos. De todo modo, na outra página os colegas começaram a enveredar por aquele que talvez seja o ponto principal do assunto desse tópico, que é a idéia de que o objetivo principal do cinema é a diversão.

     

    No caso, o Foras redimensou o termo de um jeito que na minha opinião melhorou as coisas, ao menos num plano mais abstrato, pois na prática ainda fiquei com a pulga atrás da orelha. Não é um confronto de idéias (pelo menos por enquanto), apenas quero compreender o raciocínio, porque ele ainda me parece, como o Kako diria, limitado.

     

    Ou talvez seja pura falta de sincronia com termos, de um lado falar A e o outro B, quando na verdade ambos estão querendo dizer a mesma coisa. Mas o fato é que essa definição agora padrão do CeC pode gerar umas coisas bizarras que eu ainda não assimilo adequadamente.

     

    Porque se a função principal é conduzida pelo carro-chefe que é a diversão, então qualquer filme que capaz de provocar risadas é bom, já que riso é uma das consequências mais imediatas da diversão. Logo, se um filme é ruim, mas de tão ruim chega a ser constrangedor, e de tão constrangedor te faz rir, logo ele é bom, já que te divertiu e essa é o objetivo da sétima arte.

     

    E isso, meus amigos, não faz o menor sentido pra mim. Mas, é claro, me corrijam se eu estiver errado.

     

    Gago2010-01-16 19:08:57

  18. Mas eu acho estranho esse lance de só gostar dos filmes ou não depois de dias. Com isso a pessoa limita um pouco a coisa. O Crank já citado' date=' um Hangover da vida. Não vejo como meditar sobre eles.[/quote']

     

    Na realidade, ninguém disse que precisa de dias para gostar ou desgostar de um filme. Isso é algo que eu consigo dizer no fim da sessão (como no exemplo que eu dei, quando deu certo de assistirmos a Senhores do crime na Mostra de São Paulo, em 2007). O tempo, que às vezes engloba dias, é para dizer precisamente os porquês, ou seja, para compreendê-lo melhor, absorvendo com mais calma o impacto do filme. É um processo muito gostoso, do qual não abro mão e que eu penso estar intimamente conectado com o Cinema. Claro que acontece de não se aplicar a alguns filmes, mas é raro, no geral é assim mesmo que funciona. E ainda tem obras como Amantes, Kairo e Onde os fracos não têm vez, que eu faço questão de carregar para fora da sala de cinema. Se estou próximo a amigos, digo na boa o grau da minha satisfação, mas realmente não me julgo capaz de expressar o quanto eu fui realmente atingido pelo filme. Por isso que eu dificilmente encaro maratonas. Evito assisti-los seguidamente.
  19. Mas esse processo meu é muito instintivo' date=' de uma forma tal que, logo após ver um filme, talvez eu até possa dizer se gostei ou não, mas o porquê, a razão do gosto ou do desgosto, eu só consigo perceber depois de alguns dias.[/quote']

     

    Eu funciono desse modo também. Lembra de quando assistimos a Senhores do crime? Na saída da sala você virou e disse: "esse filme é tudo o que Os infiltrados deveria ter sido. É sensacional!". Ao passo em que eu me limitei a um simples "é maravilhoso mesmo, o Cronenberg tá abusando de tanto talento". E pronto, né? Excetuando uma piadinha que eu fiz a respeito de um comentário que eu tinha ouvido, não tocamos mais no assunto. Só alguns dias depois, já no fórum.

     

    É quase impossível eu me alongar a respeito de um filme assim que terminam os créditos finais. Preciso de tempo para processá-lo, assimilá-lo, compreender os porquês de ter me fascinado ou me repelido. Por isso que também não consigo gostar de um filme que considero ruim, ainda que como por mágica.
  20. Mas Gago' date=' estamos falando de qualificar um filme e não de estudar sua importância para a história. O que o Rike defende é que não podemos (ou devemos) dizer que algo ruim simplesmente porque nós não gostamos. Acho que todos aqui reconhecem a importância/relevância/sei lá de um Cidadão Kane, mas isso não significa que devemos nos sentir culpados ou whatever por não gostar.[/quote']

     

    É que eu dei um foco maior para esse comentário que eu quotei, de analisarmos levando em conta vários aspectos. Só quis registrar que também gosto de fazer esse tipo de coisa.

     

    Mas eu realmente não discordo de ti, e até deixei claro no final do meu post a respeito disso. Buscar compreender a relevância, o contexto e a influência de qualquer filme que seja dentro da história do cinema é interessante. Mas tratá-lo como intocável é complicado mesmo. Por mais que eu respeite alguns clássicos, se ele me desagrada não resiste a críticas, sem dúvida alguma.
  21. Não acho que analisar filmes envolva somente o aspecto "pessoal"' date=' entende?[/quote']

     

    Pensei que de algum modo você queria dizer que ao analisarmos filmes era preciso conciliarmos os diversos aspectos, mas não atentei para o termo em negrito. Falha minha. Já recebi a resposta para o meu post anterior nesse tópico.

     

    E realmente, se considerarmos o cinema como uma forma de expressão artística (que eu, é claro, considero), então esse é um ponto de vista não apenas válido, como também um com o qual eu concordo. Não é algo que levo em consideração de imediato, que eu levo em conta justamente quando termino de assistir a um filme. Mas também não encaro o cinema somente como um ato de assistir a filmes e processá-los, me interesso muito pela história, fatos, movimentos, tendências, etc. É bacana e me diverte muito.

     

    Outras de suas afirmações eu discordo, como a qualidade nem sempre estar relacionada com o gosto pessoal. Mas elas já foram discutidas em outras oportunidades, melhor deixar pra lá.
    Gago2010-01-14 23:13:16
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