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Forum Cinema em Cena

Rachid

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  1. Pouco depois de o mundo ter ciência das atrocidades cometidas pelo regime nazista (em especial aos judeus), a teórica política alemã Hannah Arendt, defendeu a tese de que a barbárie nazista era decorrência da banalizão do mal. Pois bem, nunca em nosso país essa expressão encontrou-se tão corrente nas diferentes camadas sociais. <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Atualmente nossa nação vive atormentada pelo medo, pela insegurança e pela desesperança. Sem nos dar conta, travamos uma luta diária contra a violência e a marginalidade. Mudamos nossas rotinas diárias de modo a nos prevenirmos dessa ameaça fantasma que parece nos rondar a toda hora, só esperando o momento oportuno para atacar-nos. E o pior, nos acostumamos com essa nova rotina preventiva: já achamos normal ter que buscar o filho no colégio q fica ao lado de casa, desviar caminhos para evitar bandidos, regular o horário para não ficarmos até o escurecer na rua, andarmos com pouco dinheiro, etc... A partir do momento q toleramos atitudes q não deveriam existir, passamos a viver em uma condição de submissão e de incerteza, que mostra a fragilidade do Estado Brasileiro. Ora, o normal é ter uma vida livre e despreocupada!! A exceção é que deveria ser o estado de alarde já implantado na cultura brasileira. Quem já esteve em países de primeiro mundo, provavelmente deve ter ficado maravilhado com a sensação de liberdade e segurança. Veja-se o absurdo da situação: ficamos surpresos com uma forma de sentimento que pode soar tão banal aos habitantes do mundo ‘civilizado’. E aí retornamos ao conceito de banalização do mal exposto no início do texto, porém, analisado por outra ótica, pela ótica da vítima, pela ótica de nós, cidadãos trabalhadores, pais de família, enfim, pessoas descentes. Infelizmente nos acostumamos ao mal q atormenta a sociedade brasileira, já passamos despercebidos diante do noticiário criminal, diante da corrupção de políticos que ronda os fétidos antros de representação do povo. Em alguns casos, acontecimentos aterrorizantes até causam certa comoção popular (como o triste caso do garoto João Hélio), só q o tempo e a omissão do Estado para coibir tais crimes, faz o povo perder a crença na Justiça. Vivemos em um país combalido, desacreditado, inerme. O Brasil clama por profundas mudanças, por transformações radicais de repressão a todos esses maus que destroem famílias e definham a moral do povo brasileiro. E é justamente a figura do capitão Nascimento que representa a mudança que o povo brasileiro tanto clama. Precisamos de uma figura que nos volte a dar esperança, que levante nossa moral, que haja quando se deva agir. O grande mérito de Tropa de Elite é reacender a chama da esperança que se encontrava enfraquecida no coração dos brasileiros. O sucesso do filme é a imagem da discordância com a violência e impunidade que assola nosso país. Portanto, fico me perguntando com que olhos os habitantes de primeiro mundo (alheios a nossos problemas) assistirão Tropa de Elite? Será que verão o filme como um espetáculo de violência e sadismo, ou se darão conta de que o filme é reflexo de uma sociedade atormentada pela violência e impunidade??
  2. Cinco anos, esse foi o tempo necessário para Sam Raimi eternizar na história do cinema não só as aventuras de um super-herói, mas também o drama da vida de um garoto, uma pessoa comum, que poderia muito bem ser o próprio leitor desse texto. É nesse contexto que se encontra o segredo de sucesso dos filmes do Homem –Aranha, não se tratando de mais um filme de super-herói, recheado de diversas explosões, tiros, mortes, violência e desejo de vingança, trata-se, pois, de uma profunda análise dos medos, anseios, desejos e segredos de um jovem que luta para conquistar o respeito das pessoas e o amor de sua vida. <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><?:NAMESPACE PREFIX = O /> Ao longo desses cinco anos, Peter Parker foi amadurecendo, controlando seus poderes, superando seus medos e se entregando a seu verdadeiro amor. Porém não foi só o jovem aracnídeo que ao passar do tempo teve mudanças em sua história. Os próprios espectadores de suas aventuras também passaram por transformações. Em um tolo exemplo, a minha própria vida sofreu radicais reformas desde a primeira vez que entrei no cinema assistir “Homem – Aranha – O Filme”, se antes era um calouro do curso de direito, despreocupado com o rumo de minhas atitudes, hoje sou um advogado, tentando me destacar profissionalmente a fim de construir os alicerces de meu futuro. É inegável. Amadureci. Hoje sei lidar com circunstâncias que até pouco tempo atrás pareciam absurdas, porém, como nosso herói supracitado, ainda suporto situações difíceis. Assim como eu, milhões de jovens em todo o mundo passaram e passam por essas profundas mudanças. Homem-Aranha é o herói mundano, falível, indeciso, enfim, igual a qualquer indivíduo. Em comparação a uma frase dita por um personagem no segundo filme: “Ele é apenas um garoto, da idade do meu filho”. Sam Raimi conseguiu explorar essa premissa com maestria, em momento algum da trilogia, o diretor peca ao empreender alguma forma de sentimentalismo exarcebado. Tudo que se passa com o herói tem reflexo em suas atitudes futuras, ajudando a construir Peter Parker como uma figura verossímil. Pois bem, deixemos de lado as considerações gerais da trilogia e nos foquemos no terceiro filme da trilogia. Homem –Aranha 3, é sem dúvida o melhor filme da franquia até então lançada. Aqui encontramos Peter Parker (Tobey Maguire) habituado e exultante com seu dever de proteger os inocentes, ao passo que Marry Jane Watson (Kirsten Dunst) mostra-se desestabilizada com sua carreira de atriz. Quando o Aranha é hospedeiro de uma forma alienígena de vida, seu comportamento agressivo passa a ser seu pior vilão. Diante desse cenário, Peter Parker descobre que o verdadeiro assassino dê seu tio, encontra-se a solta, tendo se tornado o Homem-Areia (Thomas Haden Church) e, juntamente com Venom (Thoper Grace), travarão uma batalha sem trégua com o Aranha. Piorando a situação Harry Osborn (James Franco), jura vingança a Parker, pelo que crê, ser Peter o assassino de seu pai. No início da projeção somos apresentados a um Peter Parker mais seguro e aparentemente decidido a assumir o papel de herói da cidade de Nova York. Aliás, os cidadão de Nova York acabaram por eleger o Aranha como o sujeito mais estimado da cidade. Diante da euforia criada em torno do nome do Homem-Aranha, Peter parece não se atentar as aflições de Marry Jane. É a partir dessa omissão desintencional que a relação entre a Senhorita Watson e Peter se perde, provocando uma reação em cadeia, que trará terríveis conseqüências a vida dos personagens dessa fantástica história. O uso do uniforme negro que aflora os sentimentos mais sombrios de Peter Parker é o grande catalisador de todo o drama que o herói irá enfrentar. Mais uma vez, Hollywood resolve explorar o lado sombrio de seus personagens. Se em “Star Wars – Episódio III – A Vingança dos Sith”, Anakim Skywalker sucumbe ao lado negro da força em razão do medo da perda de sua amada, o mesmo ocorre em “Homem – Aranha <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?:NAMESPACE PREFIX = ST1 />3”, onde Peter Parker, angustiado pela suposta traição de M.J, se entrega aos efeitos agressivos e de satisfação que o uniforme negro traz. Mais uma vez, as mulheres são vistas como o eterno objeto de perdição dos homens. É interessante como Sam Raimi conseguiu, mesmo nas cenas em que o Aranha se mostra agressivo, dosar humor e drama. As tomadas em que Peter, tomado pelo seu lado negro, caminha pelas ruas de Nova York são risíveis, ao passo que quando nosso herói faz uma visita surpresa a seu ex-melhor amigo Harry Osborn, somos obrigados a testemunhar um duelo com um final dramático. Porém, o curioso é observar a mudança de comportamento de Peter, uma figura altruísta e bondosa que cede lugar a uma pessoa egoísta, violenta e rancorosa. No tocante aos vilões do filme, Peter Parker conhece o verdadeiro assassino de seu tio, Flint Marko, um bandido que comete crimes motivado pela necessidade de conseguir dinheiro para tratar as enfermidades que afetam sua filha, circunstancia que Peter desconhece. Em uma fuga, ele acaba sendo contaminado por radiação, daí então se transforma no Homem-Areia. Os efeitos visuais de sua transformação em areia são espetaculares, aliás, a facilidade do vilão alterar suas formas fazem do mesmo um inimigo quase imbatível. Para alguns espectadores não acostumados a esse mundo de fantasia, tal vilão pode se mostrar muito inverossímil, porém deve-se sempre lembrar que se está diante de um filme baseado em HQS, aqui tudo que é inteligente e bem aproveitado, é valido!! Também somos apresentados a Eddie Brock, fotógrafo que concorre a uma vaga de emprego justamente contra Peter Parker. Ocorre que tal sujeito mostra-se arrogante e narcisista, não medindo esforços para obter suas vantagens pessoais. Mais tarde, Brock é dominado pelo mesmo simbionte que possuía Peter, transformando-se assim no terrível Venom, que infelizmente surge tardiamente na projeção, porém sua participação é imprescindível e fecha o ultimo ato da trama de forma espetacular. Por fim, o vilão mais interessante da trama é Harry Osborn, que em virtude de um mal entendido, jura vingança contra aquele que um dia fora seu melhor amigo. É compreensível a motivação de Osborn, pois o mesmo crê que o Homem-Aranha assassinou seu pai, e devido a simpatia que temos pelo personagem, nos vemos aflitos ao acompanhar as batalhas que se passam entre ele e o Aranha, com destaque ao confronto inicial do filme, um dos melhores da projeção. Não poderia deixar de falar na ultima batalha do filme, onde se reúnem todos os vilões e heróis(s) do filme, o clima de tensão é elevado, os efeitos visuais espetaculares e o desfecho do confronto emocionante. Quanto ao roteiro do filme, o mesmo é escrito de forma magistral por Alvin Sargent (baseado em estória de Sam Raimi e Ivan Raimi), desenvolvendo uma estória com diversas ramificações, onde cada acontecimento afetará de forma uníssona o destino de seus personagens. A mudança gradual do tom da narrativa é feita de forma natural e espontânea, há uma relação convincente de causalidade entre as atitudes e reações de seus personagens. Fazendo jus a materialização do roteiro, Sam Raimi fez um excelente trabalho como diretor da trilogia. Desenvolvendo ao máximo cada personagem, permitiu que os espectadores se importassem com o destino de cada integrante daquele fantástico universo. Não nos presenteando com espetáculos gratuitos de efeitos visuais, mas sim, nos permitindo deixar de ser meros observadores para participar “ativamente” daquilo que se está diante de nossos olhos. Por fim, “Homem-Aranha 3” é um dos melhores filmes de super-heróis já produzidos, e isso não se deve a seu orçamento milionário, mas sim porque trata-se da estória de um certo rapaz chamado Peter Parker.
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