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Forum Cinema em Cena

Mr. Scofield

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Posts posted by Mr. Scofield

  1. Afora isso tem algumas coisas que determinam e balizam todos os meus comentários de opinião pessoal (e não de minha impressão com relação à sociedade):

     

    1) Existe um problema que exige uma resolução de CURTO prazo? A meu ver, sim.

     

    Que problema é esse?

     

    Número elevado de abortos  - não me produz efeito

    Mulheres que abortam em clínicas clandestinas, independente da sociedade considerá-las certas ou não e clínicas que exploram esse tipo de conduta - sim, eu me importo

     

    2) O questionamento teórico/filosófico/ético resolve a questão sobre a descriminalização/criminalização do aborto? Não, porque, nesse caso, o campo teórico não reflete a realidade e cria ilusões de comportamentos ideais, independente das respostas. A situação já ocorre, a prática vai em sentido independente da teoria.

     

    3) Em quaisquer das instâncias, a EDUCAÇÃO é fundamental, mas é medida de longo prazo e não excludente. Não há sentido em discutir, é de senso comum.

     

    4)  A criminalização é a situação atual. Se o problema existe, algo precisa mudar. Ou descriminalizar ou criminalizar em outros termos, diferentes dos atuais.

     

    5) Descriminalizar - junto com a educação PODE ser uma excelente alternativa para resolver o fator lá em cima enunciado. Exige intervenção do governo, entretanto, que considero razoavelmente possível, apesar dos problemas brilhantemente levantados pelo Sunder, Dook e amigos - é minha escolha pessoal, apesar de admitir a necessidade de outros mecanismos de intervenção.

     

    6) Criminalizar em outros termos - exige atitude governamental porque a tutela do bebê tem que ser transferida para alguém.

     

    Adoção - desburocratizar (fundamental) mas não tem caráter impessoal - está relacionado a padrões de quem adota, que é pessoa física comum. Altamente ineficiente quando considerado de forma isolada. Além do que, demanda infinitamente maior que a oferta.

     

    Governo - caráter impessoal ideal (excelente) e praticamente determinante, mas gastos MUITO elevados, infactível

     

    7) Opinião da sociedade (que é a que importa) - NÃO legalizar, acharia uma aberração minha opinião prevalecer. Preceitos religiosos e éticos determinantes que a maior parte da população acredita, são coerentes e claros, gritam contra a legalização.

     

    8) Como resolver então, tendo em conta item 7?

     

    Medidas emergenciais - sou incapaz de sugerir algo : (

    Medidas de longo prazo - Educação massiva para reduzir o horizonte de resposta real.

  2. Então a mãe comete um assassinato do próprio filho pq ela é uma boa mãe e não quer ver a criança "jogada nas ruas ou com um futuro completamente negro e tenebroso"? Sinceramente, isso não entra na minha cabeça...

     

    Sério, não consigo aceitar a utilização do aborto como mais um método contraceptivo, sendo que muitos outros que não são violentos como ele existem e a imensa maioria da sociedade brasileira sabe disso e sabe como utilizá-los... O que temos de fazer são mais campanhas de conscientização da importância dos cuidados para que não se venha a ter filhos e para o planejamento familiar... É isso que deve ser feito... Partir para uma legalização do aborto é assumir que o mesmo é um método contraceptivo válido e aceitável, o que é uma incongruência com tudo que existe em nossa sociedade...

     

    Quanto a essa ideia de que a legalização do aborto diminuiria a procura por clínicas clandestinas, não sei ao certo se realmente isso é fato! Já pararam para pensar na hipótese das pessoas continuarem a procurar clínicas clandestinas por questões de preço? Mas alguns poderiam pensar que com a legalização, poderia-se fazer aborto pelo SUS, mas será que há uma estrutura aceitável, cabível para que o método seja aplicada com a prestreza que o mesmo necessita? Mais outra coisa, e os planos de saúde, aceitariam fazer o aborto e cobrir o mesmo em seus planos, uma vez que a pessoa engravida por um descuido dela, fazendo com total consciência do risco?

     

    Realmente, acredito que a questão não é tão simples como muitos estão pensando que é... Existem questionamentos práticos, éticos, morais, religiosos, jurídicos, constitucionais e etc... Tudo isso tem de estar em pauta... É um caso de tamanha complexidade que o ideal seria até a convocação de um plebiscito, ao meu ver... 

     

    Ótimos questionamentos, Sunder. E não pretendo respondê-los com opiniões não. Acho muito plausíveis suas colocações como contraponto.

     

    Muito bom seu questionamento sobre clínicas clandestinas também. Bom, nos casos do plano de saúde, o governo tem um trunfo, que é o controle governamental dos procedimentos mínimos a serem oferecidos. Ele pode determinar que os planos têm que dar assistência aos abortos realizados. No SUS a coisa encrespa bem, todos conhecemos sua ineficiência.

     

    Vou ser polêmico com uma coisa que você citou. Eu entendo PERFEITAMENTE as mães que acham que as crianças no seu ventre não devem nascer porque acreditam que o futuro da criança será negro, uma vez que a gravidez já está consolidada (e aí já não cabem questionamentos de "o que ela deveria ter feito"). Aliás, mais do que isso, eu concordo com grande parte delas.

     

    Isso ocorre porque compreendo a situação de forma diferente da que você colocou na primeira frase, contrapondo sem querer as expressões "cometer um assassinato" e "boa mãe", que são absolutamente incompatíveis no campo ético. Quem lê, obviamente, tende a se revoltar mesmo.

    Mas, ao analisar a situação como ela me parece no locus social (que é o que realmente importa pra mim) considero ABSURDAMENTE plausível não colocar uma criança em um mundo onde a mãe não VAI cuidar (é FATO que a criança depende de alguém durante muitos estágios de vida) ou não tem condições financeiras para tal, uma vez que as alternativas para o caso, efetivamente não funcionam ou não vale a pena correr o risco pelo alto índice de possibilidade de dar errado e suas graves consequências. Mas se considerarmos o campo religioso (que influencia de forma determinante na opinião da sociedade) a coisa muda COMPLETAMENTE de figura, como disse antes.

  3. Decida-se.

     

    Embora não veja como, em um nível alto de discussão como comentários como esses contribuam para quaisquer coisas, eu explico.

     

    1) As frases se referem a questões diferentes,

     

    2) A primeira frase se refere à MINHA opinião pessoal sobre a questão em um contexto de MUDANÇA. SE vamos mudar porque a condição nos incomoda, então o que devemos fazer para reduzir os danos atuais e a insatisfação é simples...para mim, claro. Ainda mais que não tenho preceitos religiosos, não lido com dilemas a respeito e não considero no comentário a opinião da sociedade em geral. O que é simples é traçar um diagnóstico da situação desconsiderando os elementos que citei (que desconsidero de forma PESSOAL) e ainda observando que a realidade não obedece a princípios morais teóricos, mesmo que a maioria ache justo que obedeça. Algo como: E aí, isso aí acontece, o que vamos fazer?

     

    3) A segunda frase leva a um comentário seu, que considera uma questão diferente e que não é simples: "quem trepa sabe do resultado. E como prevenir"

    Esta sua questão não é simples porque estamos discutindo a possibilidade de um contexto de mudança emergencial, CONSIDERANDO, claro, que QUEREMOS uma mudança para lidar com o problema. Não adianta criar medidas únicas de longo prazo SOZINHAS, é necessário algo que "infarte" o problema para tratarmos. Efetivamente as mães têm os filhos independente de ética. O que você vai fazer com elas? Criminalizá-las? Quem vai cuidar do bebê? Método de adoção eficiente como se a sociedade em si é preconceituosa e dela depende a adoção das crianças? Estimular a adoção e mudar a cultura da "beleza" ou da desconfiança no Brasil é medida emergencial? Talvez a única coisa factível aqui seja diminuir a burocratização da adoção (aliás, fundamental), mas de resto...

  4. Enfim, para fechar MINHA opinião, considero que, se julgam existir um problema para resolvê-lo é necessário que alguém se responsabilize por ele. Não adianta pegar o problema e instituir um monte de teorias para as quais ele deveria ter sido ou ele deveria agir quando efetivamente ele não faz e não há como obrigar ele a fazer.

     

    Se você criminaliza o aborto, você está punindo o agente responsável pela resolução do problema (a mãe) e, ao mesmo tempo o filho. A única forma é criar outro agente, de boa vontade, para resolvê-lo (cuidar do filho). Nesse caso, seria indiscutivelmente o Estado, que não tem artifícios/recursos para fazê-lo. Esta incapacidade mostra que independente de me importar ou não da fase da gestação que consideramos ser humano, não faz diferença.

     

    A verdade é que com a descriminalização, o agente resolve a questão uma vez que se o indivíduo não nasce, não há problema real e sim ético (que para muitos, é suficiente para evitá-lo).

     

    Acho que a questão aqui muito bem colocada pelo Dook é: será que o agente deve ser salvo? Para mim, sim, porque o ato não me causa indignação. Para muitos, não.

  5. A adoção é a alternativa para aquelas mães que não querem ou não podem cuidar. 

     

    Alternativa que não funciona claramente, tanto que estamos discutindo a questão. Se fosse assim, todas as crianças abandonadas seriam adotadas ou grande parte delas. Tanto não são que a escolha da mãe é, em muitos casos, de simplesmente não deixar a criança nascer ao vê-la jogada nas ruas ou com um futuro completamente negro e tenebroso.

     

    A maior parte dos que querem adotar é criteriosa, quer uma criança de um padrão estético x e as crianças que não são adotadas e passam de uma idade y não são mais adotadas, sem contar a burocracia do processo e número de crianças abandonadas >>>>>>>>>>>>>> pais que querem adotar.

  6. A questão simples é a seguinte: quem trepa, sabe do resultado. E sabe como previnir. Mas e depois, se não usou método contraceptivo? A questão não é matar outro vida (ainda que em potencial), mas desenvolver mecanismos certos (e não fáceis), como um sistema de adoção realmente eficiente, ou mesmo de laqueaduras ou vasectomias sem as frescuras exigidas atualmente.

     

    A questão não é simples porque você está confrontando uma questão de lógica racional com a realidade (que não segue tais padrões).

     

    Seu raciocínio faz completo sentido, só que não tem aplicabilidade no mundo real porque efetivamente a mulher ABORTA. E ela não se importa se sabia se prevenir ou não, se poderia usar método contraceptivo ou não.

    Se você a criminaliza por isso, está criminalizando a pessoa da qual o bebê depende porque o Estado não vai assumir a tutela dele em todos os casos. A questão é muito mais difícil porque ela NÃO SE ENCERRA no nascimento do bebê. Ou seja, não adianta você espernear por questões éticas quando o comportamento da moça é que determina o destino do rn.

    Ou você (Estado) se responsabiliza pela criança ao nascer por uma mãe que não a quer ou não adianta criar um mundo teórico idealizado quando a realidade simplesmente não o reproduz.

  7. Se fosse simples não haveria uma grande discussão a respeito.

     

    Bom, de qualquer jeito, de um ponto de vista mais abrangente, eliminando minhas crenças pessoais, eu não tenho nenhuma dúvida de que do ponto de vista da sociedade brasileira, o aborto não deve ser legalizado.

     

    Isso porque acredito que a religião cristã, que é crença de maior parte da população, considera a vida como um dom de Deus. Assim, todo ser humano corresponde a uma semente plantada por Ele, que vai germinar e gerar um filho que Ele ama, indefinidamente. Nesse contexto, a identidade do feto/bebê seja em que etapa for é princípio. Seja em qualquer estágio da gestação, o indivíduo tem não só um motivo de existência muito mais complexificado porque a vida foi gerada por um ser atemporal e perfeito que ama todos, quanto o homem perde completamente o direito de violá-lo pois não lhe cabe a trajetória pessoal, individual de cada um. Mais ainda: os princípios éticos começam a tomar um cunho mais referencial, em uma convergência absoluta. Fica muito mais fácil perceber que não tem sentido aprovar o aborto em quaisquer circunstâncias. Isso reflete não só na postura ética do brasileiro, como muito vem falado aqui, quanto na conduta e conceito de certo/errado. É uma postura coerente e clara, determinada, distante dos questionamentos mundanos.

  8. Caráter acredito que seja uma questão difícil. Muitas mães abortam porque são convictas de que não tem grana para sustentar ou não vão cuidar. Outras são fdp mesmo.

     

    Em todos os casos ela seria responsável por uma criança cuja criação depende dela querer cuidar.

  9. Porque não é emergencial, Sunder. A questão envolve uma resposta imediata e outra duradoura. A duradoura (e não excludente, é a educação). Tapar os olhos e ficar discutindo ética em campo teórico não muda a realidade. Temos um senso de justiça intrínseco à nossa natureza (ela correu o risco porque quis agora cuida). Só que a realidade é bem mais dura que a teoria. A mãe não vai cuidar e vai abortar porque não agimos por discursos mas por um complexo conjunto de valores. Um contraponto é o que o Dook já explicou: tornar crime. Não funciona. Tanto que estamos discutindo isso.

     

    A única forma de diminuir o aborto (que parece ser o que querem) é a mulher não querer fazer. E isso só com educação, medida de longo prazo que não atende às demandas atuais.

  10. Eu acho deus fator central na equação porque muito de nossa ética provém de conceitos religiosos (muitos altamente positivos)

     

    O problema é que se a falta é do estado ele é quem teria a responsabilidade de assumir. E não tem. E discursos teóricos de justiça não conseguem mudar isso.

  11. Eu entendo perfeitamente sua posição e considero seus argumentos muito coerentes.

     

    Mas não sei se a inibição do aborto por ser crime é tão significativa assim (porque é muito fácil conseguir quem faz, porque dificilmente alguém disposto a fazer algo vai ficar sabendo para punir e dificilmente o estado vai punir). Mesmo que fosse criaremos outro problema. ..embora existam exceções a mãe continua sendo responsável e ela não quer ser. Que tipo de mãe será? Que tipo de filho vai criar?

     

    A única forma para mim de resolver essa questão é, de fato, dar uma opção real. O estado bancar em todos os casos a vida e a educação da criança ou alguém que queira assumir a responsabilidade por ela. Ambas as opções são improváveis ou impossíveis em vários casos. Isso é uma saída real.

     

    Mas eu pessoalmente não sou mesmo contra o aborto, talvez por pensar a nível social sem adentrar a esfera religiosa. Então o aumento do número de casos não me causa impacto imediato. Se causasse, eu trabalharia simultaneamente para sua diminuição através da educação a um prazo maior.

  12. A questão para mim é extremamente simples:

     

    Situação 1: o aborto é criminalizado. Mães morrem em clínicas clandestinas, o aborto acontece do mesmo jeito, crianças são abandonadas, pessoas discutem sobre feto ser ser humano e ter direitos ou não E a situação não muda em nada, pois é assim hoje. O estado não assumirá a criança e nem os anti-aborto, caso em que  pessoal defende direito de vida de alguém que precisa da tutela de quem não vai dar simplesmente porque não quer. Discursos lindos de defesa à vida aparecem mas ninguém vai assumir o problema, que continua sendo de quem NÃO VAI/NÃO QUER assumir.

     

    Situação 2: uma mudança é EFETIVADA. Se o aborto, que efetivamente OCORRE, é descriminalizado, as mães podem deixar de morrer em clínicas clandestinas, MENOS crianças podem ser abandonadas. Se se deseja que o aborto não seja feito, podem se instituir medidas educativas para diminuir os índices. Mas isso a longo prazo.

     

    Em QUALQUER das situações as mães devem ser mais orientadas e programas devem ser instituídos.

    Para mim não há a MENOR dúvida que optaria pela situação 2 porque não sou religioso.

  13. O corpo é dela mas a decisão não é só sobre o corpo dela, mas também sobre outro ser vivo que é gerado lá dentro. É uma decisão tomada que afetará DUAS pessoas, sendo que uma delas perderá a vida. Bebês são abandonados em lixeiras por que suas mães não tem caráter - e desculpem-me os politicamente corretos de plantão, mas essa é a verdade. Matá-los enquanto estão sendo gerados não é nem de longe a melhor solução.

     

    Em tempo: não vejo diferença entre abortar e abandonar o recém-nascido numa lixeira.  

     

    Não estamos decidindo sobre morte, mas sobre uma situação que efetivamente ocorre, independente do verbo ou palavras que se usem para causar impacto. É DE FATO uma questão de saúde pública. As mulheres que abortam vão continuar abortando porque a situação de criminalização existe HOJE. Vamos resolver a questão ou decidir sobre o estágio de vida ou se é ser humano ou não?

  14.  

    Em tempo: considero o aborto uma atitude abominável, excluído o caso de estupro ou perigo REAL à gestante, mas considero válida a discussão quanto à legalização da prática, tendo em vista que o estado animalesco do ser humano ainda não permitiu que evoluíssemos para algo eticamente superior. E falar que "é o corpo da mulher e ela decide" não é argumento, já que não temos nenhuma patologia que consista no surgimento de um feto no útero da mulher. Se forem discutir aborto, é melhor ir pela via ético-religiosa ou de controle social/populacional (gera futuros criminosos e tal).

     

     

    Acho que a questão não é essa...na verdade o corpo É da mulher e ela DECIDE, independente de condição ética. É por isso que pessoas abortam, morrem em clínicas clandestinas e bebês são abandonados em lixeiras. A REAL dúvida é...vamos fazer algo a respeito ou pregar teorias lindas de embriões e direitos que efetivamente não existem na prática?

  15. Ele acha que as pessoas que metralham outras na Síria ou em qualquer outro país em guerra não estão pecando.

    Por isso é engraçado, ele diz que uma vida é tão preciosa que até mesmo uma vida que ainda está se formando deve ser mantida pois senão seria pecado, mas uma vida que vive num país em guerra pode ser tranquilamente terminada porque não é pecado.

     

    Agora imagine duas situações.

    Uma quando a mãe está grávida e quer abortar por qualquer motivo, talvez um fruto de um estupro.Se ela fizer isso, é pecado.

    Mas se esse filho vai viver em outro país e o brasil entra em guerra com esse país e essa mãe mata o filho numa batalha, aí não é pecado, está tudo certo.

     

    O que aponto aqui é coerência, se uma vida é tão preciosa que não se deve abortar, então ela também não dever ser desperdiçada numa guerra ou numa operação policial.

     

    Onde ele disse que matar não é pecado?

  16. Acho engraçado o Dook criar tanto caso com o aborto mas não ligar a mínima com pessoas sendo metralhadas na síria, Afeganistão ou outro país.

     

    Alhos e bugalhos.

    NINGUÉM é alheio à questão de pessoas metralhadas na Síria, isso é um exagero grotesco.

  17. Ok, voltemos a falar de moral relativa então... 

     

    Nesse sentido eu só expressei minha opinião sobre a moral. Eu NÃO SEI se existe uma moral absoluta e, francamente, como não sou religioso, não me importo com a resposta porque não altera minha realidade concreta. Me importa o que está à minha volta com a qual interajo e imagino poder alterar ou propor algum tipo de reflexão (em certa instância) ativamente.

  18. É porque normalmente os esquentadinhos do facebook adoram ficar tentando rebaixar os outros para reafirmarem suas posturas. A grande verdade é que estão acostumados a pessoas que, de fato, além de não ter paciência com crenças diferentes das suas, também tentam rebaixá-los, criando um ciclo vicioso. Eu não ligo, mas não sou destes, felizmente. Tem um grupo anti-Dilma também que é um horror, são desmedidos em suas colocações e quando você fala alguma coisa você é partidário do pt.

     

    A propósito, Gust, só para não deixar você sem resposta: para mim não é uma questão biológica, é uma questão de realidade social.

  19. Olha, eu já falei de minha opinião sobre o aborto aqui, não creio ser o tópico adequado para discutir porque minha opinião não considera o escopo religioso, tema do tópico.

    Mas, sinceramente, ouvir falar que não tenho caráter por ser a favor dele me faz esvair por completo a vontade de discutir sobre o tema. Só um adendo: a questão é muito mas complexa para os categorizados como pró aborto (que é um termo inadequado e dramático pra denegrir) que isso acima exposto. E já discutimos aqui.

    Aliás, o facebook é um celeiro de bobagens inúteis com essas frases imbecis pré fabricadas. Não é o primeiro caso que vejo.

  20. Acho que realmente não é essa a questão. Aliás esse é outro assunto que pessoal que como eu, que defende o aborto, tem medo de discutir por causa das respostas "feias" que precisam dar.

  21. Explorando um pouco. Acho que a origem dessas figuras está ligada a recriações de personagens que exemplificam e instituem conceitos desejados por adultos (papai noel,por exemplo, é explorado ambiguamente como um homem bondoso e mais velho que presenteia meninos que se comportam bem e também introduz uma vertente consumista e materialista). É uma boa pergunta saber como uma criança se desenvolveria em um ambiente em que não se submetesse a tais valores.

  22. Bom, gostei enormemente do vídeo como uma exposição das ideias de David, mas quanto à discussão em si é fraca porque se resume praticamente a um questionamento das posições dele, com o rapaz de preto arremessando várias questões polêmicas de respostas DIFÍCEIS de aceitar, que criam um natural afastamento da plateia e tornam suas reações viesadas - claramente a plateia é de Frank. Infelizmente para minha percepção, os dois não estão no mesmo nível de discussão (David está anos luz a frente em argumentação, Frank é manipulador), o que faz com que, em raras oportunidades o moço de preto proponha um questionamento interessante, mas logo depois se perca com novos questionamentos fáceis de responder (embora difíceis de processar por quem está ouvindo, assim simplesmente servem para jogar a plateia contra David).

    Enfim, para ser, de fato uma boa DISCUSSÃO, seria necessário alguém que estivesse disposto a refletir e compreender DENTRO DA REFLEXÃO a existência de equívocos.

     

    David comete pequenos equívocos no raciocínio, mas não os que Frank parece enunciar. Ele (Frank) parece o tempo todo querer iluminar uma saída religiosa para o questionamento, só que não compreende que religião não está na mesma esfera da lógica e, justamente por isso JAMAIS será saída lógica porque é comparar número com letra. Ela existe ou não independente de sabermos explicá-la. E a plateia acompanha. É infantil aplaudirem que o fato de tomarmos decisões erradas promoverem a necessidade de um salvador é sinônimo/evidência que ele exista. Não é.

     

    Deixando claro: a moral é para mim relativa? Se o conceito de moralidade se restringe ao mundo físico, SIM. Só consideraríamos a hipótese de absoluto se ampliarmos a discussão para as esferas pós morte, o que é inviável pelas crenças conflitantes. O que é inquestionável é que na dinâmica do mundo ela FUNCIONA como relativa. Inquestionável e INDEPENDENTE das difíceis questões que tenhamos que responder por causa disso. A partir do momento em que propomos uma discussão na REALIDADE, os conceitos comportamentais obedecem a uma lógica psicológica e racional ao mesmo tempo, não sendo explicados isoladamente nem por uma, nem por outra. Não há como você desfazer argumentos tornando-os feios de se ouvir e Frank QUASE se reduz a fazer isso.

     

    Quase porque David comete um equívoco importante quando responde que "você está sustentando sua decisão moral relativa com uma maquiagem com a bíblia" e Frank, brilhantemente diz que ele está confundindo a DECISÃO com a existência de um parâmetro moral. Mas explora mal e David novamente se sai bem e coerente.

     

    O ponto com relação à Bíblia é o seguinte. A construção da moral relativa aqui passa pelo PROCESSAMENTO das informações por um segundo (quem lê) e, o mais importante: não é a pessoa que encaixa nos padrões DELA o que leu, mas ela acredita neles porque os padrões são DEFINIDOS no livro sagrado, é o oposto. Logo, é INCORRETO dizer que as pessoas usam a bíblia para justificar seus atos (exceção de manipulações desejáveis), mas elas, de fato, agem assim por PROCESSAREM a informação contida nela DESTA maneira, que pode ou não ser considerada imoral pela sociedade. É um processo complexo e muito difícil de explicar.

     

    O caso de Hitler é simples. Não existe parâmetro moral e objetivo, mas TODA sociedade (aqui no caso mundial) crê que seu posicionamento é absurdo. É como se as diversas morais relativas coadunassem nesse ponto e todos chegássemos a essa conclusão.

     

    Todo mundo TEM sua opinião E conceitos. Ênfase no "TER". Isso é independente de moral, religião, etc. No entanto, a sociedade e o governo estabeleceram padrões morais conjuntos que promovem punição quando há infração de tais normas. Estes posicionamentos passaram a fazer parte da formação psicológica do indivíduo e, em uma complexa cadeia de "acreditar nisso ou não" chegamos ao nosso comportamento final e nossas crenças. Com isso veio a RESPONSABILIDADE pelos atos da qual David tanto fala. Obviamente, responsabilidade junto à sociedade (que pode adquirir aqui conceitos locais ou mais amplos definidos pela esfera de abrangência do questionamento). Para mim, certos comportamentos são sequer consideráveis. Não acho em nenhuma instância que um indivíduo neonazista possa defender essa posição em uma democracia ou deva ter qualquer voz. Para mim ele seria preso (ou radicalmente punido) instantaneamente. Mas não tenho controle sobre ele TER essa opinião. Só que tem que se responsabilizar por ela.

     

    Esta acaba sendo mais uma evidência de que a moral NO MUNDO FUNCIONA como relativa. E isso independe de existir algo absoluto proposto porque só terá impacto após a morte. E ninguém nunca voltou de lá para falar que é absoluta mesmo.

     

    Assim, o equívoco do David consiste na armadilha de provocar Frank e os religiosos. Mesmo que a moral absoluta externa a nosso mundo (que não cabe na discussão porque não se submete à nossa racionalidade) seja retratada em livros religiosos, a existência de um processamento das informações não importa por quem, torna o processo necessariamente individual, sendo mais uma comprovação de que a moral funciona como relativa do mesmo jeito.

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