Só uma pequena observação para os desavisados: É preciso ter estômago forte para sua escatologia e uma certa dose de erotismo para entendê-lo plenamente. Uma literatura visceral e perturbadora, com certeza!
Revolução dos Bichos é uma fábula genial. E pensar que os tais "carneirinhos" somos nós mesmos e a nossa capacidade de não nos indignarmos suficientemente para mudarmos governos corruptos e políticos trambiqueiros. Enquanto isso, os porcos nos governam e nos exploram.
“A liberdade é a liberdade de dizer
que dois mais dois são quatro. Admitindo-se isso, tudo o mais decorre” Esta
frase dá bem a idéia da narrativa de George Orwel para esta obra que se
mantém atual até os nossos dias. Não é à toa que se usa a expressão
“grande irmão” ainda hoje. Aliás, termo muito comum em terras
brasileiras neste momento de BBB global.
Um poder totalitário que submete seus
cidadãos às meras marionetes de submissão e apatia. Winston tem a
consciência dos fatos e dos acontecimentos históricos vivenciados por
seu povo, e por si próprio, mas submete-se ao Grande Irmão no trabalho
de alterar fatos históricos em nome de uma “verdade” ditada pelo poder
político. Nada pode fazer para impedir de fazer parte desta engrenagem
totalitária e cruel. Procura, entretanto, uma forma de escapar aos
grilhões do poder apaixonando-se por uma correligionária do partido (e
por ela correspondido) com a consciência de que seu ato é perigoso e
fatal. Mas a morte é o menor perigo a ser enfrentado por este herói
submisso. A perda de sua capacidade de entendimento e de raciocínio é
ainda mais aterrorizante. Enfrentá-lo em nome do amor é uma forma de
luta para manter um pouco do ser humano que ainda lhe resta. Quando
admite, sinceramente, que dois mais dois são cinco percebe que seu fim
está próximo e que toda a lógica racional agora é um mero artifício
estatal para dominar o povo.
O poder triunfa sobre o indivíduo
Winston e sua amada. Mas George Orwel não é de todo pessimista e nos
deixa uma pista para vencermos estes grilhões: A união do povo na luta
pela liberdade individual consciente da sua condição de escravo e
submisso. Porque, só se luta pela liberdade quando sabemos da nossa
condição de marionetes.