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Forum Cinema em Cena

laure

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Everything posted by laure

  1. ALERTA » SAÚDE Vacina contra gripe A pode gerar teste de Aids falso positivo Londrix.com O Departamento de Doenças Sexualmente Transmitíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde liberou uma nota técnica nesta sexta-feira (21)sobre a possibilidade de resultados falso-positivos em testes imunoenzimáticos para HIV entre pessoas que receberam a vacina contra o vírus da gripe suína, o H1N1. Conforme o departamento, devido à forma acelerada de produção industrial da vacina contra o vírus H1N1, não há no momento dados disponíveis sobre todos os efeitos colaterais, porém foi observado que pessoas que tomaram a vacina, ao fazer o teste de HIV-1 apresentaram falsos positivo, ou seja, os resultados indicaram que o vírus da aids está presente, quando, na verdade, não está. De acordo com o Ministério da Saúde, isso ocorre porque, ao tomar a vacina, o corpo começa a produzir anticorpos Imunoglobina M (IgM), primeira defesa do organismo contra infecções. Nesse processo, a presença de anticorpos dirigidos a outros agentes infecciosos que podem ser similares ao HIV, produziriam resultados falso positivo nos exames. Segundo a orientação do departamento de DSTs, em caso de teste positivo, é recomendada a realização de uma verificação o resultado. O segundo exame não deve ser reagente em caso de reação cruzada com anticorpos produzidos em resposta à vacina contra o vírus da gripe suína. Ainda assim, o resultado negativo nestes testes não descarta a infecção pelo HIV, já que o paciente pode estar no estado de soro conversão, ou outra enfermidade que interfira nos resultados. O Ministério da Saúde recomendou que os profissionais responsáveis pelo diagnóstico do HIV-1 devem informar aos pacientes que receberam a vacina da gripe suína sobre a possibilidade de resultado falso positivo nos testes. Caso necessário, também devem convocar os pacientes para a realização de nova coleta após 30 dias, até que o diagnóstico seja definitivo. Fonte: http://www.londrix.com/noticias.php?id=68694 laure2010-05-24 12:20:53
  2. Os versos que te fiz Deixa dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer! São talhados em mármore de Paros Cinzelados por mim pra te oferecer. Têm dolência de veludos caros, São como sedas pálidas a arder... Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer! Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda... Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz! Amo-te tanto! E nunca te beijei... E nesse beijo, Amor, que eu te não dei Guardo os versos mais lindos que te fiz! Florbela Espanca
  3. Ator de "Lula, o Filho do Brasil" morre aos 44 anos em SP O ator Marcos Cesana, 44, morreu hoje em São Paulo, no Hospital Samaritano. Ele estava internado desde o dia 8 de maio. Segundo informações do Hospital, a morte aconteceu em decorrência de "complicações cardiorrespiratórias secundárias a uma hemorragia por ruptura de aneurisma cerebral". Há dois anos, Cesana interpretava o inspetor Tavares no seriado policial "9mm: São Paulo" (Fox), um dos principais personagens da trama. Cesana participou recentemente do filme "Lula, o Filho do Brasil", como o sindicalista Feitosa. Também participou de "Bicho de Sete Cabeças" e "Chega de Saudades", longas dirigidos por Lais Bodanzky. O corpo de Marco Cesana está sendo velado no cemitério São Pedro e será cremado às 16h30. As cinzas serão levadas a São José do Rio Preto, cidade onde nasceu o ator. Teatro Cesana estava em cartaz na peça "A Alma Boa de Setsuan", com Denise Fraga no papel principal. Entre seus trabalhos, estão as peças "Ricardo 3º", de Shakespeare, com Marco Ricca, e o personagem Tony, da peça "A Festa de Abigail", dirigida por Mauro Baptista Vedia, um exemplo de seu talento para papéis cômicos. Além da vocação para comédia, o ator era conhecido pelo bom humor e pelas brincadeiras que fazia nos bastidores. "Ele era um grande criador de tipos", define Denise Fraga, protagonista do espetáculo "A Alma Boa de Setsuan". "A lembrança que eu vou guardar dele é a de um cara muito alegre, que fazia paródias musicais engraçadíssimas na coxia. Eram pequenos shows particulares", completa. Além de intérprete, Cesana também era autor de textos para o teatro e para o cinema --foi premiado pelo roteiro do filme "Olho de Boi" no Festival de Gramado de 2007. Ele assinava ainda a adaptação de "A Alma Boa de Setsuan", com o diretor Marco Antônio Braz. O espetáculo havia sido cancelado nas últimas duas semanas, mas volta a ser apresentado na próxima sexta, no Tuca (SP), quando o elenco prestará uma homenagem a Cesana. Laerte Melo o substituirá. O ator Marcos Cesana, que morreu aos 44 anos fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u736933.shtml laure2010-05-19 10:50:54
  4. Olá, quero comprar um conversor para capitar sinais digitais. Alguém tem alguma dica? laure2010-05-16 00:32:18
  5. com apenas 40 anos ele já precisava de remédio?! Se soubesse que ficaria impotente deveria ter aproveitado as últimas 34 horas!
  6. Músico sofre dois dias por "overdose" de Viagra Londrix.com O guitarrista Tom Kaulitz, de 20 anos, membro do grupo alemão Tokio Hotel, sofreu durante dois dias as consequências da ingestão de uma overdose de viagra durante sua estadia em Taiwan, durante turnê do conjunto pela Ásia. O próprio Kaulitz contou ao jornal Bild que tomou as pastilhas que elevam a potência sexual antes de uma festa com várias fãs em um hotel da capital taiuanesa. "Um vendedor me convenceu em um mercadinho noturno a comprar as pílulas azuis", confessa o músico, que, segundo conta, tomou uma imediatamente. "Voltando ao hotel, acompanhado de mulheres, tomei outras duas", disse. "Certamente (foram) muitas. No dia seguinte minha cabeça parecia um tambor, e minha visão estava turva", disse Kaulitz, que se sentiu durante dois dias os efeitos das pílulas. Seu irmão, o vocalista da banda, Bill Kaulitz, disse ao mesmo jornal que "ele não precisa tomar essas porcarias. Passa o dia de permanentemente excitado". fonte: http://www.londrix.com/noticias.php?id=68521 laure2010-05-14 15:32:27
  7. por isso eu nem pergunto!!!!
  8. É assim que começa a briga...‏ Minha esposa sentou-se no sofá junto a mim enquanto eu passava pelos canais. Ela perguntou: "- O que tem na TV? " Eu disse: "- Poeira. " Aí a briga começou... =============================== Minha esposa estava dando dicas sobre o que ela queria para seu aniversário que estava próximo. Ela disse: - Quero algo que vá de 0 a 100 em cerca de 3 segundos. Eu comprei uma balança para ela... Aí a briga começou.... =============================== Minha esposa e eu estávamos sentados numa mesa na minha reunião de colegial, e eu fiquei olhando para uma moça bêbada que balançava seu drinque enquanto estava sozinha numa mesa próxima. Minha esposa perguntou: - Você a conhece? - Sim, disse eu, Ela é minha antiga namorada...Eu sei que ela começou a beber logo depois que nos separamos há tantos anos, e pelo que sei ela nunca mais ficou sóbria. - Meu Deus!, disse minha esposa, quem pensaria que uma pessoa poderia ficar celebrando por tanto tempo? Aí a briga começou.... =============================== Depois de aposentar-me, fui até o INSS para poder receber meu benefício. A mulher que me atendeu solicitou minha identidade para verificar minha idade. Chequei meus bolsos e percebi que a tinha deixado em casa. Disse a mulher que lamentava, mas teria que ir até minha casa e voltar depois. A mulher disse: - Desabotoe sua camisa. Então, desabotoei minha camisa deixando exposto meus cabelos crespos prateados. Ela disse: - Este cabelo prateado no seu peito é prova suficiente para mim e processou meu benefício. Quando cheguei em casa, contei entusiasmado o que ocorrera para minha esposa. Ela disse: - Por que você não abaixou as calças? Você poderia ter conseguido auxílio-invalidez também... Aí a briga começou... =============================== A mulher está nua, olhando no espelho do quarto de dormir. Ela não está feliz com o que vê e diz para o marido: - Sinto-me horrível; pareço velha, gorda e feia. Eu realmente preciso de um elogio seu. O marido retruca: - Sua visão está perfeitíssima! Aí a briga começou.... =============================== Eu levei minha esposa ao restaurante.. O garçom, por algum motivo, anotou meu pedido primeiro. - Eu vou querer churrasco, mal-passado, por favor. Ele disse: - Você não está preocupado com a vaca louca? - Não, ela mesma pode fazer seu pedido. Aí a briga começou... =============================== O marido volta do médico após uma consulta e a esposa toda preocupada, pergunta-lhe: - E então, o que o médico lhe disse? De pronto, ele respondeu: - A partir de hoje, não faremos mais amor, estou proibido de comer qualquer coisa gorda. Aí a briga começou... =============================== Recebi esse e-mail e minha mulher me ouviu rindo e perguntou o que era. Disse que recebi uma coisa engraçada.. Ela leu... E a briga começou... laure2010-05-13 15:01:54
  9. já que as pessoas não colocam crônicas eu vou colocar contos. Pode??? O Analista de Bagé Luis Fernando Verissimo Certas cidades não conseguem se livrar da reputação injusta que, por alguma razão, possuem. Algumas das pessoas mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vem de Bagé, assim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas não adianta. Estas histórias do psicanalista de Bagé são provavelmente apócrifas (como diria o próprio analista de Bagé, história apócrifa é mentira bem educada) mas, pensando bem, ele não poderia vir de outro lugar. Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é forrado com um pelego. Ele recebe os pacientes de bombacha e pé no chão. — Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho. — O senhor quer que eu deite logo no divã? — Bom, se o amigo quiser dançar uma marca, antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vivente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro. — Certo, certo. Eu... — Aceita um mate? — Um quê? Ah, não. Obrigado. — Pos desembucha. — Antes, eu queria saber. O senhor é freudiano? — Sou e sustento. Mais ortodoxo que reclame de xarope. — Certo. Bem. Acho que o meu problema é com a minha mãe — Outro. — Outro? — Complexo de Édipo. Dá mais que pereba em moleque. — E o senhor acha... — Eu acho uma pôca vergonha. — Mas... — Vai te metê na zona e deixa a velha em paz, tchê! ~//~ Contam que outra vez um casal pediu para consultar, juntos, o analista de Bagé. Ele, a princípio, não achou muito ortodoxo. — Quem gosta de aglomeramento é mosca em bicheira... Mas acabou concordando. — Se abanquem, se abanquem no más. Mas que parelha buenacha, tchê! . Qual é o causo? — Bem — disse o home — é que nós tivemos um desentendimento... — Mas tu também é um bagual. Tu não sabe que em mulher e cavalo novo não se mete a espora? — Eu não meti a espora. Não é, meu bem? — Não fala comigo! — Mas essa aí tá mais nervosa que gato em dia de faxina. — Ela tem um problema de carência afetiva... — Eu não sou de muita frescura. Lá de onde eu venho, carência afetiva é falta de homem. — Nós estamos justamente atravessando uma crise de relacionamento porque ela tem procurado experiências extraconjugais e... — Epa. Opa. Quer dizer que a negra velha é que nem luva de maquinista? Tão folgada que qualquer um bota a mão? — Nós somos pessoas modernas. Ela está tentando encontrar o verdadeiro eu, entende? — Ela tá procurando o verdadeiro tu nos outros? — O verdadeiro eu, não. O verdadeiro eu dela. — Mas isto tá ficando mais enrolado que lingüiça de venda. Te deita no pelego. — Eu? — Ela. Tu espera na salinha. Texto extraído do livro "O gigolô das palavras", L&PM Editores – Porto Alegre, 1982, pág. 78.
  10. Ora, junte-se aos bons... E só pra não deixar passar, sobre o filme, eu não disse? Só esqueci de acrescentar que o Robin Hood está gordo... [/quote'] Eu não gosto de homens muito magros, mas o Russel Crowe está muito gordo! O produtor Brian Grazer (à esquerda) e os atores Cate Blanchett e Russell Crowe chegam para a coletiva sobre o filme Robin Hood
  11. Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor (Hilda Hilst) I Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca Austera. Toma-me AGORA, ANTES Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes Da morte, amor, da minha morte, toma-me Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute Em cadência minha escura agonia. Tempo do corpo este tempo, da fome Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento, Um sol de diamante alimentando o ventre, O leite da tua carne, a minha Fugidia. E sobre nós este tempo futuro urdindo Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo. Te descobres vivo sob um jogo novo. Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor, Antes do muro, antes da terra, devo Devo gritar a minha palavra, uma encantada Ilharga Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza. II Tateio. A fronte. O braço. O ombro. O fundo sortilégio da omoplata. Matéria-menina a tua fronte e eu Madurez, ausência nos teus claros Guardados. Ai, ai de mim. Enquanto caminhas Em lúcida altivez, eu já sou o passado. Esta fronte que é minha, prodigiosa De núpcias e caminho É tão diversa da tua fronte descuidada. Tateio. E a um só tempo vivo E vou morrendo. Entre terra e água Meu existir anfíbio. Passeia Sobre mim, amor, e colhe o que me resta: Noturno girassol. Rama secreta. (...)
  12. 10/05/2010 - 19h42 Toneladas de cabelo serão usadas para conter óleo no Golfo do México da Reportagem Local Uma empresa de São Francisco, nos EUA, deve enviar centenas de toneladas de cabelo ao Golfo do México para conter o vazamento de óleo. Em seu canal no YouTube, a Matter of Trust divulgou um vídeo que mostra como os fios são altamente eficazes em termos de absorção --veja abaixo. As mechas são colocadas em sacos de nylon reciclado para formar as barreiras. Elas também são preenchidas com pelos de animais. A fabricante recebe doações de lixo de salões de beleza e pet shops que fazem tosa. O acidente, que ocorreu no local no dia 20 de abril, causou a morte de 11 trabalhadores na plataforma petrolífera Deepwater Horizone e provocou o derramamento de até 3,5 milhões de galões de petróleo bruto. Video: Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u733008.shtml
  13. laure2010-05-11 15:35:51
  14. Velório do Serra Ao lado do caixão do Serra haviam vários soldados. Nisso aparece uma velhinha com uma sacola e começa a por dentro do caixão umas cenouras, tomates, alfaces enquanto os soldados olham para ela surpresos. Enquanto a velha continua a colocar alimentos no caixão, um dos soldados pergunta pra ela: - Senhora, por favor, o que está fazendo? A velha, enquanto continua a colocar a comida, responde: - O que você quer, meu filho, que os coitados dos vermes comam somente essa merda? laure2010-05-11 14:27:29
  15. É um pouco longo, mas é lindo! Aqueles dois (História de aparente mediocridade e repressão) Caio Fernando Abreu A verdade é que não havia mais ninguém em volta. Meses depois, não no começo, um deles diria que a repartição era como "um deserto de almas". O outro concordou sorrindo, orgulhoso, sabendo-se excluído. E longamente, entre cervejas, trocaram então ácidos comentários sobre as mulheres mal-amadas e vorazes, os papos de futebol, amigo secreto, lista de presente, bookmaker, bicho, endereço de cartomante, clips no relógio de ponto, vezenquando salgadinhos no fim do expediente, champanha nacional em copo de plástico. Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra — talvez por isso, quem sabe? Mas nenhum se perguntou. Não chegaram a usar palavras como "especial", "diferente" ou qualquer coisa assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto. Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para tentar entendê-las. Não que fossem muito jovens, incultos demais ou mesmo um pouco burros. Raul tinha um ano mais que trinta; Saul, um menos. Mas as diferenças entre eles não se limitavam a esse tempo, a essas letras. Raul vinha de um casamento fracassado, três anos e nenhum filho. Saul, de um noivado tão interminável que terminara um dia, e um curso frustrado de Arquitetura. Talvez por isso, desenhava. Só rostos, com enormes olhos sem íris nem pupilas. Raul ouvia música e, às vezes, de porre, pegava o violão e cantava, principalmente velhos boleros em espanhol. E cinema, os dois gostavam. Passaram no mesmo concurso para a mesma firma, mas não se encontraram durante os testes. Foram apresentados no primeiro dia de trabalho de cada um. Disseram prazer, Raul, prazer, Saul, depois como é mesmo o seu nome? sorrindo divertidos da coincidência. Mas discretos, porque eram novos na firma e a gente, afinal, nunca sabe onde está pisando. Tentaram afastar-se quase imediatamente, deliberando limitarem-se a um cotidiano oi, tudo bem ou, no máximo, às sextas, um cordial bom fim de semana, então. Mas desde o princípio alguma coisa — fados, astros, sinas, quem saberá? conspirava contra (ou a favor, por que não?) aqueles dois. Suas mesas ficavam lado a lado. Nove horas diárias, com intervalo de uma para o almoço. E perdidos no meio daquilo que Raul (ou teria sido Saul?) chamaria, meses depois, exatamente de "um deserto de almas", para não sentirem tanto frio, tanta sede, ou simplesmente por serem humanos, sem querer justificá-los — ou, ao contrário, justificando-os plena e profundamente, enfim: que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem? Pois foi o que aconteceu. Tão lentamente que mal perceberam. II Eram dois moços sozinhos. Raul tinha vindo do norte, Saul tinha vindo do sul. Naquela cidade, todos vinham do norte, do sul, do centro, do leste — e com isso quero dizer que esse detalhe não os tornaria especialmente diferentes. Mas no deserto em volta, todos os outros tinham referenciais, uma mulher, um tio, uma mãe, um amante. Eles não tinham ninguém naquela cidade — de certa forma, também em nenhuma outra —, a não ser a si próprios. Diria também que não tinham nada, mas não seria inteiramente verdadeiro. Além do violão, Raul tinha um telefone alugado, um toca-discos com rádio e um sabiá na gaiola, chamado Carlos Gardel. Saul, uma televisão colorida com imagem fantasma, cadernos de desenho, vidros de tinta nanquim e um livro com reproduções de Van Gogh. Na parede do quarto de pensão, uma outra reprodução de Van Gogh: aquele quarto com a cadeira de palhinha parecendo torta, a cama estreita, as tábuas do assoalho, colocado na parede em frente à cama. Deitado, Saul tinha às vezes a impressão de que o quadro era um espelho refletindo, quase fotograficamente, o próprio quarto, ausente apenas ele mesmo. Quase sempre, era nessas ocasiões que desenhava. Eram dois moços bonitos também, todos achavam. As mulheres da repartição, casadas, solteiras, ficaram nervosas quando eles surgiram, tão altos e altivos, comentou, olhos arregalados, uma das secretárias. Ao contrário dos outros homens, alguns até mais jovens, nenhum tinha barriga ou aquela postura desalentada de quem carimba ou datilografa papéis oito horas por dia. Moreno de barba forte azulando o rosto, Raul era um pouco mais definido, com sua voz de baixo profundo, tão adequada aos boleros amargos que gostava de cantar. Tinham a mesma altura, o mesmo porte, mas Saul parecia um pouco menor, mais frágil, talvez pelos cabelos claros, cheios de caracóis miúdos, olhos assustadiços, azul desmaiado. Eram bonitos juntos, diziam as moças. Um doce de olhar. Sem terem exatamente consciência disso, quando juntos os dois aprumavam ainda mais o porte e, por assim dizer, quase cintilavam, o bonito de dentro de um estimulando o bonito de fora do outro, e vice-versa. Como se houvesse entre aqueles dois, uma estranha e secreta harmonia. III Cruzavam-se, silenciosos mas cordiais, junto à garrafa térmica do cafezinho, comentando o tempo ou a chatice do trabalho, depois voltavam às suas mesas. Muito de vez em quando, um pedia um cigarro ao outro, e quase sempre trocavam frases como tanta vontade de parar, mas nunca tentei, ou já tentei tanto, agora desisti. Durou tempo, aquilo. E teria durado muito mais, porque serem assim fechados, quase remotos, era um jeito que traziam de longe. Do norte, do sul. Até um dia em que Saul chegou atrasado e, respondendo a um vago que que houve, contou que tinha ficado até tarde assistindo a um velho filme na televisão. Por educação, ou cumprindo um ritual, ou apenas para que o outro não se sentisse mal chegando quase às onze, apressado, barba por fazer, Raul deteve os dedos sobre o teclado da máquina e perguntoü: que filme? Infâmia, Saul contou baixo, Audrey Hepburn, Shirley MacLayne, um filme muito antigo, ninguém conhece. Raul olhou-o devagar, e mais atento, como ninguém conhece? eu conheço e gosto muito. Abalado, convidou Saul para um café e, no que restava daquela manhã muito fria de junho, o prédio feio mais que nunca parecendo uma prisão ou uma clínica psiquiátrica, falaram sem parar sobre o filme. Outros filmes viriam, nos dias seguintes, e tão naturalmente como se de alguma forma fosse inevitável, também vieram histórias pessoais, passados, alguns sonhos, pequenas esperança e sobretudo queixas. Daquela firma, daquela vida, daquele nó, confessaram uma tarde cinza de sexta, apertado no fundo do peito. Durante aquele fim de semana obscuramente desejaram, pela primeira vez, um em sua quitinete, outro na pensão, que o sábado e o domingo caminhassem depressa para dobrar a curva da meia-noite e novamente desaguar na manhã de segunda-feira quando, outra vez, se encontrariam para: um café. Assim foi, e contaram um que tinha bebido além da conta, outro que dormira quase o tempo todo. De muitas coisas falaram aqueles dois nessa manhã, menos da falta que sequer sabiam claramente ter sentido. Atentas, as moças em volta providenciavam esticadas aos bares depois do expediente, gafieiras, discotecas, festinhas na casa de uma, na casa de outra. A princípio esquivos, acabaram cedendo, mas quase sempre enfiavam-se pelos cantos e sacadas para contar suas histórias intermináveis. Uma noite, Raul pegou o violão e cantou Tú Me Acostumbraste. Nessa mesma festa, Saul bebeu demais e vomitou no banheiro. No caminho até os táxis separados, Raul falou pela primeira vez no casamento desfeito. Passo incerto, Saul contou do noivado antigo. E concordaram, bêbados, que estavam ambos cansados de todas as mulheres do mundo, suas tramas complicadas, suas exigências mesquinhas. Que gostavam de estar assim, agora, sós, donos de suas próprias vidas. Embora, isso não disseram, não soubessem o que fazer com elas. Dia seguinte, de ressaca, Saul não foi trabalhar nem telefonou. Inquieto, Raul vagou o dia inteiro pelos corredores subitamente desertos, gelados, cantando baixinho Tú Me Acostumbraste, entre inúmeros cafés e meio maço de cigarros a mais que o habitual. IV Os fins de semana tornaram-se tão longos que um dia, no meio de um papo qualquer, Raul deu a Saul o número de seu telefone, alguma coisa que você precisar, se ficar doente, a gente nunca sabe. Domingo depois do almoço, Saul telefonou só para saber o que o outro estava fazendo, e visitou-o, e jantaram juntos a comidinha mineira que a empregada deixara pronta sábado. Foi dessa vez que, ácidos e unidos, falaram no tal deserto, nas tais almas. Há quase seis meses se conheciam. Saul deu-se bem com Carlos Gardel, que ensaiou um canto tímido ao cair da noite. Mas quem cantou foi Raul: Perfídia, La Barca e, a pedido de Saul, outra vez, duas vezes, Tú Me Acostumbraste. Saul gostava principalmente daquele pedacinho assim sutil llegaste a mí como una tentación llenando de inquietud mi corazón. Jogaram algumas partidas de buraco e, por volta das nove, Saul se foi. Na segunda, não trocaram uma palavra sobre o dia anterior. Mas falaram mais que nunca, e muitas vezes foram ao café. As moças em volta espiavam, às vezes cochichando sem que eles percebessem. Nessa semana, pela primeira vez almoçaram juntos na pensão de Saul, que quis subir ao quarto para mostrar os desenhos, visitas proibidas à noite, mas faltavam cinco para as duas e o relógio de ponto era implacável. Saíam e voltavam juntos, desde então, geralmente muito alegres. Pouco tempo depois, com pretexto de assistir a Vagas Estrelas da Ursa na televisão de Saul, Raul entrou escondido na pensão, uma garrafa de conhaque no bolso interno do paletó. Sentados no chão, costas apoiadas na cama estreita, quase não prestaram atenção no filme. Não paravam de falar. Cantarolando Io Che Non Vivo, Raul viu os desenhos, olhando longamente a reprodução de Van Gogh, depois perguntou como Saul conseguia viver naquele quartinho tão pequeno. Parecia sinceramente preocupado. Não é triste? perguntou. Saul sorriu forte: a gente acostuma. Aos domingos, agora, Saul sempre telefonava. E vinha. Almoçavam ou jantavam, bebiam, fumavam, falavam o tempo todo. Enquanto Raul cantava — vezenquando El Día Que Me Quieras, vezenquando Noche de Ronda —, Saul fazia carinhos lentos na cabecinha de Carlos Gardel, pousado no seu dedo indicador. Às vezes olhavam-se. E sempre sorriam. Uma noite, porque chovia, Saul acabou dormindo no sofá. Dia seguinte, chegaram juntos à repartição, cabelos molhados do chuveiro. As moças não falaram com eles. Os funcionários barrigudos e desalentados trocaram alguns olhares que os dois não saberiam compreender, se percebessem. Mas nada perceberam, nem os olhares nem duas ou três piadas. Quando faltavam dez minutos para as seis, saíram juntos, altos e altivos, para assistir ao último filme de Jane Fonda. V Quando começava a primavera, Saul fez aniversário. Porque achava seu amigo muito solitário, ou por outra razão assim, Raul deu a ele a gaiola com Carlos Gardel. No começo do verão, foi a vez de Raul fazer aniversário. E porque estava sem dinheiro, porque seu amigo não tinha nada nas paredes da quitinete, Saul deu a ele a reprodução de Van Gogh. Mas entre esses dois aniversários, aconteceu alguma coisa. No norte, quando começava dezembro, a mãe de Raul morreu e ele precisou passar uma semana fora. Desorientado, Saul vagava pelos corredores da firma esperando um telefonema que não vinha, tentando em vão concentrar-se nos despachos, processos, protocolos. Á noite, em seu quarto, ligava a televisão gastando tempo em novelas vadias ou desenhando olhos cada vez mais enormes, enquanto acariciava Carlos Gardel. Bebeu bastante, nessa semana. E teve um sonho: caminhava entre as pessoas da repartição, todas de preto, acusadoras. À exceção de Raul, todo de branco, abrindo os braços para ele. Abraçados fortemente, e tão próximos que um podia sentir o cheiro do outro. Acordou pensando mas ele é que devia estar de luto. Raul voltou sem luto. Numa sexta de tardezinha, telefonou para a repartição pedindo a Saul que fosse vê-lo. A voz de baixo profundo parecia ainda mais baixa, mais profunda. Saul foi. Raul tinha deixado a barba crescer. Estranhamente, ao invés de parecer mais velho ou mais duro, tinha um rosto quase de menino. Beberam muito nessa noite. Raul falou longamente da mãe — eu podia ter sido mais legal com ela, disse, e não cantou. Quando Saul estava indo embora, começou a chorar. Sem saber ao certo o que fazia, Saul estendeu a mão e, quando percebeu, seus dedos tinham tocado a barba crescida de Raul. Sem tempo para compreenderem, abraçaram-se fortemente. E tão próximos que um podia sentir o cheiro do outro: o de Raul, flor murcha, gaveta fechada; o de Saul, colônia de barba, talco. Durou muito tempo. A mão de Saul tocava a barba de Raul, que passava os dedos pelos caracóis miúdos do cabelo do outro. Não diziam nada. No silêncio era possível ouvir uma torneira pingando longe. Tanto tempo durou que, quando Saul levou a mão ao cinzeiro, o cigarro era apenas uma longa cinza que ele esmagou sem compreender. Afastaram-se, então. Raul disse qualquer coisa como eu não tenho mais ninguém no mundo, e Saul outra coisa qualquer como você tem a mim agora, e para sempre. Usavam palavras grandes — ninguém, mundo, sempre — e apertavam-se as duas mãos ao mesmo tempo, olhando-se nos olhos injetados de fumo e álcool. Embora fosse sexta e não precisassem ir à repartição na manhã seguinte, Saul despediu-se. Caminhou durante horas pelas ruas desertas, cheias apenas de gatos e putas. Em casa; acariciou Carlos Gardel até que os dois dormissem. Mas um pouco antes, sem saber por quê, começou a chorar sentindo-se só e pobre e feio e infeliz e confuso e abandonado e bêbado e triste, triste, triste. Pensou em ligar para Raul, mas não tinha fichas e era muito tarde. Depois, chegou o Natal, o Ano-Novo que passaram juntos, recusando convites dos colegas de repartição. Raul deu a Saul uma reprodução do Nascimento de Vênus, que ele colocou na parede exatamente onde estivera o quarto de Van Gogh. Saul deu a Raul um disco chamado Os Grandes Sucessos de Dalva de Oliveira. O que mais ouviram foi Nossas Vidas, prestando atenção no pedacinho que dizia até nossos beijos parecem beijos de quem nunca amou. Foi na noite de trinta e um, aberta a champanhe na quitinete de Raul, que Saul ergueu a taça e brindou à nossa amizade que nunca nunca vai terminar. Beberam até quase cair. Na hora de deitar, trocando a roupa no banheiro, muito bêbado, Saul falou que ia dormir nu. Raul olhou para ele e disse você tem um corpo bonito. Você também, disse Saul, e baixou os olhos. Deitaram ambos nus, um na cama atrás do guarda-roupa, outro no sofá. Quase a noite inteira, um conseguia ver a brasa acesa do cigarro do outro, furando o escuro feito um demônio de olhos incendiados. Pela manhã, Saul foi embora sem se despedir para que Raul não percebesse suas fundas olheiras. Quando janeiro começou, quase na época de tirarem férias — e tinham planejado, juntos, quem sabe Parati, Ouro Preto, Porto Seguro — ficaram surpresos naquela manhã em que o chefe de seção os chamou, perto do meio-dia. Fazia muito calor. Suarento, o chefe foi direto ao assunto. Tinha recebido algumas cartas anônimas. Recusou-se a mostrá-las. Pálidos, ouviram expressões como "relação anormal e ostensiva", "desavergonhada aberração", "comportamento doentio", "psicologia deformada", sempre assinadas por Um Atento Guardião da Moral. Saul baixou os olhos desmaiados, mas Raul colocou-se em pé. Parecia muito alto quando, com uma das mãos apoiadas no ombro do amigo e a outra erguendo-se atrevida no ar, conseguiu ainda dizer a palavra nunca, antes que o chefe, entre coisas como a-reputação-de-nossa-firma, declarasse frio: os senhores estão despedidos. Esvaziaram lentamente cada um a sua gaveta, a sala deserta na hora do almoço, sem se olharem nos olhos. O sol de verão escaldava o tampo de metal das mesas. Raul guardou no grande envelope pardo um par de olhos enormes, sem íris nem pupilas, presente de Saul, que guardou no seu grande envelope pardo, com algumas manchas de café, a letra de Tú Me Acostumbraste, escrita à mão por Raul numa tarde qualquer de agosto. Desceram juntos pelo elevador, em silêncio. Mas quando saíram pela porta daquele prédio grande e antigo, parecido com uma clínica ou uma penitenciária, vistos de cima pelos colegas todos postos na janela, a camisa branca de um, a azul do outro, estavam ainda mais altos e mais altivos. Demoraram alguns minutos na frente do edifício. Depois apanharam o mesmo táxi, Raul abrindo a porta para que Saul entrasse. Ai-ai, alguém gritou da janela. Mas eles não ouviram. O táxi já tinha dobrado a esquina. Pelas tardes poeirentas daquele resto de janeiro, quando o sol parecia a gema de um enorme ovo frito no azul sem nuvens no céu, ninguém mais conseguiu trabalhar em paz na repartição. Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E foram.
  16. eis a convocação oficial: Goleiros<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Julio César, Gomes e Doni Laterais Maicon, Daniel Alves, Gilberto e Michel Bastos Zagueiros Juan, Lúcio, Luisão e Thiago Silva Meias Gilberto Silva, Felipe Melo, Josué, Kléberson, Elano, Ramires, Kaká e Júlio Baptista. Atacantes Robinho, Nilmar, Luís Fabiano e Grafite
  17. Estou bem desanimada para essa copa. Espero que esse meu desânimo seja prenúncio do título para o Brasil. No dia da abertura da copa estarei viajando... com certeza não vou assistir. Na estréia do Brasil já estarei em casa. A estréia é no dia do meu aniversário!!!
  18. livro "A história das crenças e das idéias religiosas I: da idade da Pedra aos mistérios de Elêusis" de Mircea Eliade.
  19. TABACARIA (15-1-1928 ) Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens. Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa. Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Gênio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu , E a história não marcará, quem sabe?, nem um, Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Não, não creio em mim. Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim... Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo. Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando. Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas - Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -, E quem sabe se realizáveis, Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente? 0 mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; Serei sempre só o que tinha qualidades; Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, E ouviu a voz de Deus num paço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente 0 seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo, E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível. Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, Nobre ao menos no gesto largo com que atiro A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas, E fico em casa sem camisa. (Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas, Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -, Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! Meu coração é um balde despejado. Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco A mim mesmo e não encontro nada. Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, Vejo os cães que também existem, E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei, e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente. Fiz de mim o que não soube, E o que podia fazer de mim não o fiz. 0 dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime. Essência musical dos meus versos inúteis, Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, Calcando aos pés a consciência de estar existindo, Como um tapete em que um bêbado tropeça Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta. Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada E com o desconforto da alma mal-entendendo. Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos. A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também. Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, E a língua em que foram escritos os versos. Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra , Sempre o impossível tão estúpido como o real, Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?) E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. Semiergo-me enérgico, convencido, humano, E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. Sigo o fumo como uma rota própria, E gozo, num momento sensitivo e competente, A libertação de todas as especulações E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto. Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou á janela. 0 homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica. (0 Dono da Tabacaria chegou á porta.) Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da tabacaria sorriu. In Pessoa, F. (1981): Obra Poética, Rio de Janeiro: Ed. Aguilar.
  20. Top "Bacilos": 1 -Contigo Se Va 2- Sólo un Segundo - 3- Caraluna 4- Tabaco y Chanel 5- Béscla Ya 6- Pasos de Gigante 7- Crónica 8- De Aquí a Que Salga el 9- Feliz Conmigo 10- Lo Mismo Que Yo
  21. Idosa namora neto biológico e será mãe aos 72 anos Data: 04.05.10 A idosa Pearl Carter, de 72 anos, está enfrentando muitos olhares tortos nos Estados Unidos desde que assumiu o namoro com seu neto biológico, Phil Baile, 26 de idade. Como se não bastasse, o polêmico casal ainda terá um filho concebido com a ajuda de uma barriga de aluguel. A americana do Estado de Indiana nunca escondeu seu amor pelo neto, desde que o conheceu quando ela tinha 46 anos. O casal gastará US$ 54 mil em uma inseminação artificial e contará com a ajuda de uma barriga de aluguel. Pearl contou ainda que tem uma vida sexual bem ativa com o neto. O jovem Phil é filho de Lynette Bailey, que foi deixado para adoção quando Pearl tinha apenas 18 anos. Quando a idosa soube da morte da filha, ela foi atrás de seu neto, com quem começou uma estranha relação. "Não estou interessada no que as pessoas pensam. Estou apaixonada pelo Phil e ele por mim. Em breve, abraçaremos nosso filho e tenho certeza que Phil será um excelente pai", contou Pearl Carter à revista "New Idea". Phil confessou que ama Pearl. "Sempre fui atraído por mulheres mais velhas e a acho maravilhosa", disse ele. Fonte: http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=18441
  22. Sugestão para quem gosta de Vinicus de Moraes. A USP digitalizou toda obra dele e está disponível no site http://www.brasiliana.usp.br/node/455 No Site da USP tem outros autores http://www.brasiliana.usp.br/ laure2010-04-30 16:52:33
  23. Pesquisas apontam efeitos colaterais do consumo da soja<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> <?:namespace prefix = v ns = "urn:schemas-microsoft-com:vml" /> Alimento de uso milenar, a soja conquistou o público brasileiro e não faltam profissionais que indiquem seu uso para se obter benefícios para a saúde. Os ''milagres'' propostos são inúmeros, da superação dos efeitos da menopausa até a prevenção de uma série de tipos de câncer. Mas, nesse ambiente de tanta confiabilidade, surgem dúvidas quanto aos efeitos colaterais. Cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos publicaram na revista científica Human Reproduction estudo que revela a redução de espermatozóides durante o consumo de soja. Os pesquisadores observaram que os participantes que consumiam em média uma porção de comida à base de soja em dias alternados, apresentavam uma redução de 41 milhões no número de espermatozóides. A concentração considerada normal de espermatozóides no sêmen fica entre 80 e 120 milhões por mililitro. A explicação para esse efeito colateral em relação aos hormônios masculinos, segundo a pesquisa, está na alta quantidade de isoflavonas, substância de efeitos parecidos aos do estrogênio (hormônio feminino), encontradas em grande quantidade nas proteínas da soja. Além da infertilidade, outro efeito colateral que vem sendo discutido é a ginecomastia, o aumento do volume mamário nos homens. Segundo a nutricionista, Flavia Pagano, o exagero de consumo de produtos de soja por homens vegetarianos, confirmou o efeito. ''É como se o homem em questão tivesse se tratado com estrógenos (ou seja, hormônios da mulher). Este tipo de problema é raro, e com a suspensão temporária dos produtos de soja, a ginecomastia tende a regredir'', afirma a nutricionista. Segundo a professora e nutricionista Rejane Dias das Neves Souza, uma pesquisa como essa deve ser repetida por outras instituições para que seus resultados sejam dados como oficiais. ''No campo da ciência, para se declarar algo como comprovado é necessário que vários cientistas apontem os mesmos resultados'',afirma. Em Belfast, na Irlanda do Norte, pesquisadores do hospital Royal Victoria, têm de dedicado ao estudo desde 2004 e divulgam os mesmos resultados. A nutricionista Elaine Cristina de Melo desconsidera qualquer dano atribuído à soja. ''Até hoje as pesquisas sempre apontaram benefícios. Ela é utilizada tanto para ajudar na reposição dos hormônios femininos na menopausa como também para diminuir os sintomas da andropausa, que é o período de queda da taxa hormonal no homem durante o processo de envelhecimento. O importante é usar a soja nas devidas proporções. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aponta que seu uso deve ser de até 25g diários para se obter benefícios'',esclarece. Já o médico pediatra, Jonilson Favareto, avalia que o problema está no excesso do uso do alimento. ''O uso bem indicado da soja, nas proporções corretas da pirâmide nutricional, não constitui risco para a saúde. O perigo está no uso em excesso'', afirma. Bruno Maffi Especial para Folha Fonte: http://www.bonde.com.br/folha/folha.php?id_folha=2-1--5674-20100426
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