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Forum Cinema em Cena

SergioB.

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Everything posted by SergioB.

  1. "O Castelo Animado" é um desafio. Lógica para quê, né?! Mas artisticamente continua sendo bastante bonito e representativo do mundo de Miyazaki: sua obsessão por instrumentos de voo, transformações mágicas, a experiência da guerra, bandeirolas, navios... É impressionante como ele trata da resignação e perdão. A menina é enfeitiçada por uma bruxa, mas, depois, sem qualquer rancor, a ajuda, vira amiga dela. Isso nunca é falado, mas talvez por que a personagem vê a sua transformação como uma vantagem para se aproximar de Howl? Nada é muito explicado, pois parece que a "explicação" do enredo é, para o mestre Miyazaki, um parente próximo do maniqueísmo das emoções. Aceita-se a magia - a vida como ela é - e pronto. Quanto ao Oscar de Animação, em 2006, para o qual esse filme foi indicado, eu também teria votado em "Wallace & Gromit" (embora ame "A Noiva Cadáver").
  2. Há muitos anos não via "A Canção de Bernadette", de 1943, que rendeu o Oscar de Melhor Atriz a Jennifer Jones no ano seguinte. Uma atuação doce e pura; num ótimo trabalho. É um filme muito amado entre os católicos, por contar a história da Virgem de Lourdes. O melhor de tudo é que os cinéfilos ateus e de demais religiões podem igualmente se beneficiar do filme, pois em suas quase 3 horas de duração, acompanha-se não só a questão da fé, mas a questão política que passa a dominar a cidade, a questão médica, bem como vemos como a aparição mariana mudou a vida de muitos habitantes do lugarejo francês. Para sempre. Gosto bem dessa forma "painel" de se registrar um evento histórico. Dá inclusive chance de outros atores, Coajuvantes, brilharem. Tanto que o filme teve 3 indicações ao Oscar para seus deuteragonistas: Charles Bickford; a sempre ótima Anne Revere; e Gladys Cooper, que dá um show nos últimos minutos do filme, quando confronta Bernadette, e se rende ao final. Ademais, uma bela Direção de Arte e uma bela Trilha (de Alfred Newman, pai de Thomas Newman), ambas também premiadas com a estatueta, vale dizer, em ano de "Casablanca". O grande senão do filme, infelizmente, é mostrar a aparição da Virgem. Que lástima essa decisão! Se ficasse só na invocação, só a cargo do belo semblante iluminado de Jennifer Jones, teria sido um filme realmente de fé, e não um filme de cunho dogmático religioso - como pode ser enquadrado. Seria, enfim, muito melhor do que é. Meu ranking Henry King é assim: 1) Suplício de uma Saudade; 2) A Canção de Bernadette; 3) Estigma da Crueldade; 4) Suave é a Noite; 5) O Favorito dos Borgia
  3. Pronto agora para o segundo livro, a Independência do país, em "1822".
  4. Comédia de absurdos holandesa, "Little Tony", de 1998, da lavra de Alex van Warmerdam, de novo, à frente do roteiro, da direção e como protagonista. A esposa de um fazendeiro analfabeto contrata uma jovem professora para ministrar-lhe aulas, porém há um objetivo oculto: tornar os dois amantes e estender a família. Como todo filme do Warmerdam, tudo é muito rápido, conciso, e absurdo. O resultado é que ficamos vidrados na esquisitice toda, o que equivale dizer que o filme nunca perde o espectador. As atrizes, outro acerto, são ótimas. Gostei.
  5. Quem me conhece sabe, eu amo a noite. Além de notívago desde a adolescência, eu sou bem baladeiro, adoro sair de bar em bar, de festa em festa, sou muito parceiro da noite (Então vocês podem imaginar meu sofrimento nesses tempos...). Penso que o dia é muito regrado, muito disciplinado; enquanto a noite é um fio desencapado, tudo pode acontecer. Que filme poderia traduzir melhor essa minha saudade do que "Depois de Horas"? Esse filme esquecido de Martin Scorsese, embora cultuado pelos cinéfilos, vai na mesma linha do que eu falei. Acompanha um personagem sufocado pela rotina que cai em uma madrugada cheia de eventos inacreditáveis. O engraçado é que o personagem se vê em uma sucessão de frustrações econômicas, como a perda do dinheiro; e sexuais, pois as mulheres o "castram" em sua vontade, de nada adiantando aparecer no começo do filme lendo "Trópico de Câncer" de Henry Miller, um livro de aventuras sexuais. A ficção é diferente da realidade. Notem que, no meio de tanta confusão, as pessoas ao redor dele, sim, se divertem (como na boite de Punks, com um Martin Scorsese em pessoa fazendo a iluminação do lugar! Pagava para estar nesse rolê!), sim namoram; sendo o caso mais emblemático o longo beijo gay entre dois caras no balcão do bar - talvez seja o único caso de homossexualidade no cinema de Martin? O que quero dizer: a mente neurótica, da pessoa normal, como a do protagonista, não goza! Sofre! Só os loucos se divertem. Um filme que sobe a cada dia mais no meu conceito. É divertido, original, além de apresentar Nova York de um jeito bastante diferente. Boa noite!
  6. Agora à noite, "O Homem do Braço de Ouro", de 1955. Adaptação de um livro de Nelson Algren (que teve um namoro com Simone de Beauvoir - naquela ideia de "amores contingentes", à parte de Sartre, seu "amor necessário"), com Frank Sinatra em excelente interpretação. Penso que ele só não ganhou o Oscar de Ator, em 1956, pois já havia ganhado 2 anos antes. Mas quem eu adoro no filme é a sempre excelente Eleanor Parker. Aliás, vendo agora seu personagem, da esposa entrevada, como não pensar em "A Próxima Vítima" , do tempo em que eu ainda via novelas? E os dramaturgos brasileiros sempre a copiar Hollywood.... Otto Preminger era um dos maiores adversários do Código Hays, e esse filme é um dos mais destacados exemplos disso, pela sua adiantada temática: o baterista ex-viciado em heroína e em jogo. Tornando o título ainda mais significativo: o braço de ouro é o braço da batera, o braço da aplicação da seringa, o braço do apostador. Minha única crítica é que, às vezes acho que ele filma os atores "de perto demais" da câmera. Gostaria de mais profundidade nos enquadramentos. Por último, o design de Saul Bass entrou pra história, com os recortes retos, formando, ao final, em distorção, um braço desesperado. Magnífica composição.
  7. Só deixando claro que eu, pessoalmente, estou de quarentena rígida, desde o dia 14 de março, e ainda não saí de casa para nada. Mas estou odiando odiando odiando essa situação. Mal de quem tem a Lua em Libra, ensina a Astrologia. Tranquilizamo-nos em contato com as artes, ou na vida social. Sofremos mentalmente mais, só ficando em casa.
  8. Suei pra achar esse filme do Akira Kurosawa. É "Dersu Uzala", vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1976, representando a União Soviética. É estranho, mas o diretor japonês, após sua tentativa de suicídio, acabou indo para lá se recolher, convidado também pelo governo soviético para adaptar esse romance autobiográfico. Ficou muitos anos filmando a história, sofrendo um enorme perrengue na Sibéria, mas o resultado é incontestável. Há duas cenas monstruosas de lindas, um sol e uma lua quase lado a lado; e a cena da ventania congelante. Mas é o conjunto que mais me atraiu. Se passamos mais de duas horas vendo as paisagens estonteantes da natureza russa, os últimos 20 minutos são passados, confinados em casa ( como estamos todos agora!), entre quatro paredes, matando a alma do personagem do caçador. Esse contraste entre vida natural x vida urbana; fotografia ampla x fotografia limitada, explica bem parcela do filme.A outra parcela é a amizade entre o capitão e o caçador. Um filme de "Brotheragem", mas muito sofisticado, com ambos entendendo, e admirando, as capacidades um do outro. Esse acordo entre as almas, também é, em grande sentido, o acordo entre as duas metades do gigantesco país. Entre a Rússia mais europeizada, e a Rússia Oriental. É um projeto nacionalista, sim. Mas Kurosawa pôs para o avesso essa visão política-ufanista da história, e se centrou mais no aspecto humano. Com grande resultado. O final é emocionante. Meu Ranking Kurosawa, no entanto, permanece inalterado: 1) Ran; 2) Viver; 3) Rashomon; 4) Yojimbo; 4) Os Sete Samurais
  9. Impossível repetir. Embora veja a talentosa Ariana deBose indicada. O papel é bom demais.
  10. "Jusqu´au Déclin"/ O Declínio é um filme canadense, com selo Netflix, que cai como uma luva nesses tempos que estamos vivendo. Tanto é que virou hit no Brasil. A preocupação quanto ao riscos da vida, ou possíveis ameaças do futuro, enche de paranoia a mente dos personagens. E não só deles. Tenho um amigo que aparelhou a casa com inúmeros dispositivos de segurança, mas mesmo assim, ele e a esposa nunca saem à noite. Não frequentam restaurantes, ou shows, nada. A casa virou uma fortaleza, há câmeras em todos os cômodos. É uma loucura. Agora com a pandemia, nem imagino como tudo possa estar. Acho que só os verei daqui a 20 anos. O roteiro se aproveita desse tipo de megapreocupação urbanoide e o exagera. O início do filme é até bem legal, mas depois o filme descamba para um filme de ação "B". Faltou um pouco de "controle", não, nem é isso. É a têmpera do filme. Se mantivesse o tom da primeira parte, teria sido mais relevante, e evitaria o ridículo de algumas situações. Algumas mortes foram muito apressadas e não nos fazem sentir a perda dos personagens. Não curti.
  11. Sou péssimo nisso, mas obrigado pela menção, @Jorge Soto. Vou tentar. A tampa do bueiro já abriu minha cabeça.
  12. Gente...Fiquei muito bem impressionado com esse primeiro longa da diretora Melina Matsoukas (diretora de clipes da Beyoncé, Rihanna, Ne-Yo...)! Que filme classudo, sofisticado, e sedutor! É um "Bonnie and Clyde" atual, negro, denso, político, e romântico. E sem tantos gritos! A trilha sonora, alow @Gust84, é cheia de músicas muito bem escolhidas, do repertório negro-romântico americano. Vai tocar direto aqui em casa. Design de Produção excelente também, de Karen Murph (braço direito da mestra, vencedora de 4 Oscars, Catherine Martin, esposa de Baz Luhrmann.) Daniel Kaluuya está muito bem, de novo, mas é Jodie Turner-Smith o grande destaque. Uma beleza incrível, uma voz, uma sedução... Palmas a todos os envolvidos! Na minha cabeça era só uma história de racismo policial, racism profiling, o que em essência o é, mas se revelou muito mais cinematograficamente interessante do que eu esperava. Se os brancos aqui não têm nuance, alguns personagens negros em contraste são mostrados atuando com covardia, ou servilismo. Sobrou pra todo mundo. Mas principalmente para os que mais sofrem. OBS: Este cartaz é cheio de significados. Vocês nem imaginam. Amei!
  13. Revi "The Hero" , com meu pai, ontem. O filme não tem nada de mais em termos artísticos, mas é muito tocante e puro. Penso que o cinema precisa contar todas as histórias, então é muito bom vermos um protagonista setentão, com o peito ainda desejante. Existe uma audiência significativa, no entanto negligenciada, para esse tipo de filme. Sam Elliott, GZUZ, que atuação! Um monstro! A cena em que o personagem, ator, pega um roteiro chinfrim, e humaniza cada palavra vazia é de arrebatar. Por muito menos, foi indicado ao Oscar em "A Star is Born". Veio no pacote da Netflix, que, como brinco, gosta de formar pares. Dessa vez por causa de ser obra do mesmo diretor de "Por Lugares Incríveis"
  14. Boa comparação com esses personagens. Há a questão da onipotência juvenil, que crê que nada de mal acontecerá com eles, mas existe também uma questão de asfixia.Tenho amigos que estão enclausurados em apartamentinhos, e não aguentam mais. Você viu o maravilhoso "Conquistar, Amar, e Viver Intensamente"? Os personagens em estágio avançadíssimo de Aids querem dançar na boite até amanhecer, beijar na boca, transar... Eu escreveria um texto nesse mesmo diapasão: não sobre "irresponsabilidade", mas sobre um jeito radical de amar a vida. Aliás, vou escrever. Não aguento mais olhar a vida apenas pelo prisma da saúde.
  15. Passadas as primeiras semanas, estou esperando o primeiro filme/livro sobre jovens burlando a quarentena e procurando bares clandestinos na periferia. Se ninguém escrever um texto assim, eu escrevo. Estou começando a perceber uma insubmissão assim nos meus amigos. O desejo não vai ficar dentro de casa.
  16. "Bronson" é um filme de 2008 do dinamarquês ( na real, novaiorquino) Nicolas Winding Refn. Uma biografia anticonvencional, estilística e, surpreedentemente, bem humorada, de um cara cuja peculiar ambição era se tornar o preso mais violento e dispendioso do sistema prisional inglês. Ele está preso até hoje! E já passou mais de 30 anos na solitária! O estilismo do Refn fica muitas vezes à frente do seu objeto temático, mas a crítica social não merece ser esquecida. Nenhum ser humano merece ficar 30 anos na solitária! Muito menos quando há um desvio paranoide evidente, muitos menos quando tudo advém de pequenos furtos. O filme é muito bom, mas é tanto "estilo", que às vezes desvia o foco do principal. Tom Hardy está incrível! Talvez a melhor atuação de sua carreira. A entrega física é requerida o tempo todo, incluindo passar uns 10% do filme em nudez total. É dizer: até as roupas aprisionam a alma insana, incontrolável, deste incorrigível detento. O cartaz anuncia "Laranja Mecânica" do século XXI, e noto a ponte cinematográfica, quando, por exemplo, Bronson sai da prisão pro alguns dias, desfilando certa empáfia e normalidade, depois de muita medicação. Tratamento Ludovico da vida real.
  17. Amei o filme, intelectualmente falando, mas aquela cena do cavalo é muito difícil pra mim. Não consigo ver de novo.
  18. Sim, estou apostando nela contra os medalhões.
  19. Como assim? Na lista de premiações? Apareceu com maior brilho em "Em Chamas" (2018), e fez "Okja" em 2017.
  20. "Gladiador" é o filme-celeuma do Fórum. Em conversa com @Big One, me dei conta que precisava revê-lo, e que o Pablo Villaça tinha malhado bastante o filme, gerando contróversias acalouradas na época. Eu vi no cinema, muito jovenzinho, e lembro de ter, como os outros, num movimento de manada, aprovado. Mas logo aquele sentimento de aprovação fora transferido para outros filmes daquele ano, como "Quase Famosos", "You Can Count on Me", "Billy Elliot", "Quills", e principalmente "O Tigre e o Dragão". Com a distância devida do tempo, achei o filme quase "datado". Aquelas tomadas em câmera lenta se transformaram em cafonices estéticas ( com certeza, uma herança de "Matrix", - mas é que as irmãs Wachowski são as que melhor dominam o recurso; sempre com grande beleza e competência). Achei terríveis. Li a crítica do Pablo, e ele foca muito na deturpação histórica trazida pelo roteiro. Eu não sou especialista em História romana, mas não me atenho tanto a esse aspecto. O que eu não curti no roteiro é a dinâmica clichê das relações! Falta verdade e bom senso o tempo todo todo, como por exemplo, ninguém se lembrar da figura do General. Isso não faz sentido. E é um texto ancorado em frases canhestras: "O que fazemos em vida ecoa na eternidade", por exemplo. As pessoas realmente pensam que escrever uma coisa dessa - que nem é verdade! - é uma "poesia" foda, um verso de Camões. Demonstra falta de leitura. No quesito atuação...Desde que vi pela primeira vez todos os indicados, meu voto para Melhor Ator no Oscar, sem dúvida, teria ido para Geoffrey Rush em "Quills", simplesmente arrasador. Agora, se é pra ser polêmico, como manda a antiga tradição do Fórum, todos os outros indicados (Ed Harris em "Pollock", Tom Hanks em "Cast Away", Javier Bardem por "Before Night Falls"), também estão, a meu ver, melhores do que o Russell Crowe. O Pablo diz que a atuação se centrou na virilidade. E senti a mesma coisa. Mas isso é fruto do Roteiro e sua construção cansativa, superexplorada, da figura do herói. Porém, continuo achando o Figurino de Janty Yates muito bom, não por aquelas túnicias do período, mas pelas belíssimas máscaras dos gladiadores, e seus corpetes, que sem dúvida entraram para a memória, de modo indissociável ao filme, no decorrer dos anos. Sinceramente, "Gladiador" decaiu muito para mim.
  21. Decepção monstra. Não vi "A Assassina" na época de seu lançamento e de seu prêmio de Direção para o chinês Hou Hsiao-Hsien em Cannes 2015. Mas sempre tendo a gostar desses filmes Wuxia. Porém aqui não foi o caso. A ação foi desossada, transformada em longos silêncios, pequenos movimentos precisos, roupas suntuosas, e uma quase inexistente trilha sonora (só ficando mais aparente ao final). Além disso, a história é muito etérea e confusa. Tudo que as pessoas podem dizer é que é lindo, que a fotografia é linda, que os cenários são deslumbrantes. Verdade. Mas se alguém perguntar o que aconteceu com a personagem x, ou com o personagem y, todo mundo vai titubear. O mérito é esse? Ser a desconstrução do gênero? Teria sido maravilhoso se tivesse deixado evidenciado mais claramente a proposta do amor predominando sobre a vingança.
  22. Depois de anos de relutância, pretendo ler a série de História do Brasil do jornalista paranaense Laurentino Gomes, começando pelo começo, a abertura, o porto, a chegada da Realeza ao Brasil em "1808".
  23. A onda "Parasite" rendeu muitos elogios à política cinematográfica de governo da Coreia do Sul, mas não houve tempo para se contar a sua contraface (detesto escrever junto!) histórica. "A Day Off", de 1968, talvez seja o melhor exemplo da censura às artes que impôs o ditador coreano Park Chung-hee (1961 a 1979), pois o filme só chegou ao cinema em 2005. É que em janeiro de 1962, o então Presidente promulgou uma Lei de controle do cinema, impedindo a produção e o lançamento de filmes independentes, que trouxessem prejuizo à dignidade da Coreia do Sul, bem como elogiassem o comunismo do país vizinho, ou mostrassem sexo ou violência. Por proximidade: Um atrasado Código Hays coreano! Se fosse só pela importância história, "A Day Off" já seria relevante, mas o filme, além de tudo, é ótimo. Trata de um casal de jovens, sem dinheiro, à procura de um aborto. Os homens são uns pulhas! Não só o pai da criança. Todos que aparecem. Incompetentes, machistas, violentos. Uma gregária cafajestada. Critica-se, assim, frontalmente a parcela masculina do país. Em termos de enredo, assistimos à discussões do casal, suas rajadas de ofensas mútuas, mas, no meio do filme, o tom se ajusta, para deleite do espectador: O aborto torna-se necessário! Essa jogada do roteiro me pegou direitinho! Fora ela, os diálogos são muito bem escritos, destaco um em particular, que vou tratar de decorar: "Qual o seu desejo mais urgente?" "Essa garrafa cheia novamente." Uau! Viva o cinema livre de todos os lugares, de todos os tempos!
  24. Terminei de ler a excepcional novela de Ernesto Sábato, "O Túnel", e corri para pesquisar qual seria a melhor adaptação do texto. Por larga maioria, deu-se esse filme de 1952, com o próprio Ernesto coassinando o roteiro. Essa película é tão importante, que, segundo comentários, é assistida nos colégios argentinos. Eu diria sem pestanejar que o livro é muito melhor, embora em termos de fidelidade, essa película seja altíssima, tipo 85%. O grande problema é que no livro acompanhamos apenas o ponto de vista do ciumento protagonista. No filme, em certos pontos, nos afastamos dele, e passamos a ver os acontecimentos segundo a personagem feminina, vítima do amor enlouquecido. A razão só chega no finalzinho: uma tentativa de tornar a personagem feminina completamente inocente de seus pecados, uma tentativa de santificá-la. No livro, tudo é mais ambíguo. Não obstante, ela seja a vítima assassinada. Coisa que sabemos desde a primeira frase do livro. Como filme, senti influência de "Rebecca", de 1940. Uma bem-sucedida tentativa latina de se fazer do drama romântico um thriller. A romena de nascimento, Laura Hidalgo, lindíssima, uma luz em todas as cenas, deve ter algo a ver com a santificação da personagem, mencionada acima. Impossível não cair de amores por ela. Imagino as plateias de antigamente... Se o Brasil tem Capitu, como mola propulsora do ciúme; a literatura Argentina também tem a sua própria inspiração. Lamento apenas que a parte em que o autor reflete sobre o que seria o tal "túnel" não ganhou às telas de modo completo. Li a página várias vezes de tão bonita.
  25. PREVISÕES ABRIL/2020 BEST PICTURE 1. Da 5 Bloods 2. Nomadland 3. Mank 4. West Side Story 5. Dune 6. Tenet 7. Ammonite 8. News of The World 9. The French Dispatch 10. Soul BEST DIRECTOR 1. Chloé Zhao 2. Spike Lee 3. David Fincher 4. Steven Spielberg 5. Denis Villeneuve BEST ACTOR 1. Chadwick Boseman - Da 5 Bloods 2. Anthony Hopkins - The Father 3. Tom Hanks - News of the World 4. Joaquin Phoenix - C`mon C`mon 5. Gary Oldman - Mank BEST ACTRESS 1. Saoirse Ronan - Ammonite 2. Frances McDormand- Nomadland 3. Ana de Armas - Blonde 4. Rachel Zegler - West Side Story 5. Sidney Flanigan - Never Rarely Sometimes Always BEST SUPPORTING ACTOR 1. David Strathairn - Nomadland 2. Tom Burke- Mank 3. Steven Yeun - Minari 4. Delroy Lindo - Da 5 Bloods 5. John David Washington - Tenet BEST SUPPORTING ACTRESS 1. Glenn Close - Hillbilly Elegy 2. Kate Winslet - Ammonite 3. Olivia Colman - The Father 4. Toni Collette - I`m Thinking of Ending Things 5. Ariana deBose - West Side Story BEST ORIGINAL SCREENPLAY 1. Da 5 Bloods 2. C`mon C`mon 3. Mank 4. The French Dispatch 5. Minari BEST ADAPTED SCREENPLAY 1. Nomadland 2. West Side Story 3. The Father 4. News of the World 5. Dune BEST CINEMATOGRAPHY 1. Dune - Greig Fraser 2. Nomadland - Joshua James Richards 3. West Side Story - Janusz Kaminski 4. Mank - Erik Messerschmidt 5. Tenet - Hoyte Van Hoytema BEST COSTUME DESIGN 1. West Side Story - Paul Tazewell 2. The French Dispatch - Milena Canonero 3. Mank - Trish Summerville 4. Ammonite - Michael O`Connor 5. News of the World - Mark Bridges BEST PRODUCTION DESIGN 1. West Side Story - Adam Stockhausen 2. Tenet - Nathan Crowley 3. Dune - Patrice Vermette 4. Mank - Donald Graham Burt 5. The French Dispatch - Adam Stockhausen BEST FILM EDITING 1. Da 5 Bloods - Adam Gough 2. West Side Story - Michael Kahn & Sarah Broshar 3. News of the World - William Goldenberg 4. Dune - Joe Walker 5. Tenet - Jennifer Lame BEST VISUAL EFFECTS 1. Dune 2. Tenet 3. Bios 4. Eternals 5. No time to Die BEST MAKE UP AND HAIRSTYLING 1. The French Dispatch 2. Dune 3. West Side Story 4. Eternals 5. Aves de Rapina BEST ORIGINAL SCORE 1. Dune - Hans Zimmer 2. The French Dispatch - Alexandre Desplat 3. Tenet - Ludwig Göransson 4. Soul - Trent Reznor & Atticus Ross 5. Da 5 Bloods - Terence Blanchard BEST SOUND MIXING 1. West Side Story 2. Tenet 3. Dune 4. News of the World 5. No Time to Die BEST SOUND EDITING 1. Tenet 2. Dune 3. West Side Story 4. News of the World 5. Da 5 Bloods BEST ORIGINAL SONG 1. (...) 2. (...) 3. (...) 4. (...) 5. (...) BEST ANIMATED FEATURE 1. Soul 2. Onward 3. Wolfwalkers 4. Raya and The Last Dragon 5. Where is Annie Frankie? BEST INTERNATIONAL FEATURE FILM 1. There is no Evil - Iran 2. Hidden Away - Italy 3. Undine - Germany 4. (...) 5. (...) BEST DOCUMENTARY FEATURE 1. (...) 2. (...) 3. (...) 4. (...) 5. (...)
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