Members Moviolavídeo Posted April 27, 2010 Members Report Share Posted April 27, 2010 A narrativa do livro é feita a partir das memórias da própria heroína do romance, que no momento presente, está com sessenta anos de idade e sente que a morte esta a espreita para lavá-la para junto dos seus. Através das memórias que vai escrevendo (ou ditando para a filha) vamos conhecendo Inés Soaréz (1507-1580) que foi assim descrita nos livros de história: “Espanhola, nascida em Plasencia, que viajou para o Novo Mundo em 1537 e participou da conquista do Chile e da fundação de Santiago. Teve grande influência política e poder econômico”. Por algum tempo Inés Soaréz carregou nas costas a fama de ser “Viúva das Índias” uma vez que seu marido Juan de Málaga a abandonou e seguiu viagem para novas terras em busca de ouro e riqueza. Mas esta mulher não poderia ficar em casa costurando e assando empadas a vida inteira esperando por seu amante aventureiro. Resolveu então mudar seu destino e juntou suas traças e uma sobrinha de quinze anos e, após meses de espera, conseguiu autorização do governo e da igreja para ir atrás de Juan. Claro que isso era só uma desculpa para conseguir a tal autorização porque o que ela buscava mesmo era sua liberdade e, acima de tudo, ser dona de seu nariz e construir seu futuro. Em uma viagem conturbada de três meses em um navio onde só havia homens, Inés conseguiu chegar ao seu destino mantendo-se íntegra e forte. Desembarca na Venezuela com a sobrinha e já em terra firme tem que mostrar sua coragem porque não era fácil ser mulher na Espanha, muito mais difícil ainda seria em terras estrangeiras repleta de conquistadores a procura do novo “Eldorado”. Assim, enfrenta seu primeiro desafio para defender sua honra na luta com um marinheiro muito atrevido que encontra a morte na ponta da sua faca ao tentar estuprá-la na sua cabana improvisada de casa. Precisa então fugir para outras terras e embarca para o Peru deixando para trás a sobrinha que se apaixonara por outro viajante. Para sobreviver no Novo Mundo faz o que sempre fez na Espanha: Costurar e cozinhar empadas. Não encontra Juan em parte alguma, mas encontra alguém que mudaria sua vida para sempre: o guerreiro Pedro de Valdívia. Para provar sua coragem e ousadia já na segunda noite de amor com este herói diz: “De agora em diante você tem as costas cobertas por mim, Pedro, de modo que pode se concentrar em suas batalhas de frente”. Promessa cumprida com a determinação que só as mulheres fortes sabem cumprir. Mas não pense que ela foi sombra deste fundador de cidades, porque ela lutou lado a lado com ele na caravana que seguiu do Peru para o Chile e teve importância vital na travessia do decerto do Atacama já que foi a responsável por encontrar água no deserto. Não fosse isso e não teríamos esta história para ler e o Chile não seria o que é hoje. Após instalarem-se no vale fundaram a cidade de Nova Extremadura (que posteriormente ficou conhecida como Santiago). A vida no início do povoado não foi nada fácil porque a fome era grande, a miséria maior ainda e a guerra com os índios, principalmente com a tribo dos Mapuches, decepava muitas vidas e a força de trabalho só diminuía aumentando ainda mais o sofrimento. Foram lutas árduas e sangrentas e muita gente morreu de ambos os lados. Enquanto Pedro de Valdívia explorava e fundava outras cidades pelo Chile era Inés quem ficava no povoado para ajudar a construir as casas para aquela gente toda; erguer o hospital para cuidar dos enfermos; costurar e cozinhar para todos. Era também a responsável pela plantação e a colheita nos campos; de criar e alimentar os animais além é claro de administrar a todos com afeto e mão de ferro. Como se vê, esta mulher não só acompanhou Pedro de Valdívia, mas construiu, com as próprias mãos, os destinos daquela gente. O título que ostentava de “governadora” não era mera retórica e tinha o respeito e admiração de todos. Em uma das muitas batalhas sangrentas que participou, decepou a cabeça de sete caciques que estavam presos sob sua responsabilidade e as jogou para cima de seus agressores para evitar que milhares de índios da tribo Mapuches exterminassem o povoado. Ao vislumbrar tamanha valentia os índios puseram-se a correr com medo daquela “bruxa” sanguinária e louca e assim, mais uma vez, salvou sua cidade e seu povo do extermínio completo. Espanhola de sangue quente aprendeu e viveu intensamente os três amores que conheceu na vida: Com Juan de Málaga (seu primeiro marido) conheceu os prazeres do sexo e da sedução, com o amante Pedro de Valdívia sentiu aflorar uma paixão avassaladora e aprendeu o valor do companheirismo na luta pela sobrevivência e com Rodrigo de Córdoba (segundo marido) experimentou um amor mais sereno e definitivo num relacionamento que durou mais de trinta anos. Ler Inés de Minha Alma foi gratificante por duas razões: A primeira foi conhecer a história da colonização do Chile e da fundação de Santiago. Em segundo lugar por ter aprendido a respeitar e a valorizar o trabalho fantástico de uma grande mulher que viveu por seus ideais e pela valorização da força criadora feminina. Quote Link to comment
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