Members Moviolavídeo Posted June 8, 2010 Members Report Share Posted June 8, 2010 Coincidentemente (ou não) estou lendo atualmente histórias de pessoas que passaram por grandes sofrimentos, tanto psicológicos como físicos, e conseguiram superar e dar a volta por cima. Acabei de ler Infielde Ayaan Hirsi Ali e ainda estou sob o impacto desta narrativa contundente, reveladora e, sob todos os aspectos, uma grande lição de vida e superação. Dizer que Ayaan sofreu maus tratos na infância e adolescência é simplificar demais a trajetória desta mulher. Claro que ela sofreu e muito. Foi espancada e humilhada inúmeras vezes pela mãe, foi subjugada pelo irmão, explorada pela irmã, abandonada pelo pai e teve o crânio fraturado pelo seu professor de Alcorão. Em nome da sua religião, sofreu clitorectomia aos cinco anos de idade. Nasceu na Somália e viveu na miséria e na mais pura ignorância durante toda sua precoce infância e juventude. Em razão da guerra civil em seu país sua família mudou-se e para Etiópia, Quênia e Arábia Saudita onde também viveu horrores sob o regime Islâmico que coloca a mulher em último plano da existência humana. Como mulher islâmica sofreu toda ordem de violência física, moral e psicológica, além de ter seus direitos como pessoa subjugada a uma vivência insignificante, humilhante e perversa. Criada pelos costumes tribais da Somália e educada pela rígida religião de Maomé comeu o pão que o diabo amassou pelo simples fato de ser mulher e mulçumana. Apesar dos maus tratos familiares e da sociedade tinha uma fé inabalável e, por todos os motivos do mundo, um temor por Alá a quem procurava entender e devotar uma vida de orações e preces. Chegou inclusive a aderir ao islamismo mais radical. Procurou viver de acordo com suas crenças religiosas e, à medida que os anos passavam, foi percebendo que alguma coisa estava errada nesta vivência absurda de surras, submissão e abandono. Como acontece com todas as mulheres de seu país o casamento é apenas um arranjo familiar entre clãs e sua noite de núpcias foi só dor e indiferença. Para tentar sair deste inferno pede asilo na Holanda (fugida da Alemanha onde seu novo marido a levaria para viver na Dinamarca). Na Holanda viveu durante treze anos e tomou conhecimento de outra cultura, outras religiões e, acima de tudo, aprendeu sobre democracia e direitos individuais do ser humano. Começou a entender que seu sofrimento era apenas uma questão dogmática e que a mulher não nasceu para ser submissa e que a fé em Alá não precisa, de modo algum, ser uma jornada de espancamentos, submissão feminina e dor. Eleita Deputada trabalhou pelos direitos dos imigrantes e, por sua ousadia e luta contra as desigualdades e a crueldade do islamismo foi perseguida e sofreu inúmeras ameaças de morte. Com o cineasta Theo Van Gogh Realizou um vídeo chamado “Submissão” sobre a opressão da mulher no islamismo. Por este curta-metragem seu amigo Theo foi assassinato e ela teve que viver durante setenta e cinco dias escondida e escoltada por órgãos de segurança do estado sem acesso a celular, internet e contatos com a família e amigos numa peregrinação por vários estados Americanos. Por sua luta foi eleita pela revista Time como uma das cem pessoas mais influentes do mundo e hoje vive nos Estados Unidos. Na página 496 Ayaan diz, textualmente: “Quando procurei Theo para que me ajudasse a fazer “Submissão”, eu queria transmitir três mensagens: primeiro, os homens e até as mulheres podem erguer os olhos e falar com Alá; os crentes têm a possibilidade de dialogar com Deus e de olhar para Ele de perto. Segundo, no Islã de hoje, a interpretação rígida do Alcorão condena as mulheres a uma miséria intolerável. Mediante a globalização, cada vez mais homens com tais idéias se instalam na Europa com mulheres que eles possuem e brutalizam, os europeus e demais ocidentais já não podem continuar fingindo que as graves violações dos direitos humanos só ocorrem em lugares remotos, muito remotos. A terceira mensagem é a frase final do filme: Nunca mais me submeterei. É possível libertar-se – adaptar a fé, examiná-la criticamente e verificar até que ponto ela está na raiz da opressão”. No último parágrafo do livro ela acrescenta: “Já me disseram que Submissão” é um filme por demais agressivo. Aparentemente, a sua crítica ao islã é muito dolorosa para que um mulçumano a suporte. Diga, não é muito mais doloroso ser uma mulher presa naquela gaiola?” Infiel é uma obra dolorosa e contundente e, como diz na capa: a história de uma mulher de desafiou o Islã. Com certeza um livro que deve ser lido para que possamos conhecer esta mulher que resolveu sair da sua gaiola opressora e contar ao mundo seu sofrimento, seus temores e, muito mais que isso, dizer que é possível, através do conhecimento e da consciência da sua própria condição de mulher, lutar por melhores condições de vida e respeito a todas as mulheres. Não é possível que em pleno século vinte e um ainda existam países que cometem tanta brutalidade em nome de uma religião ou de uma cultura opressora. Que surjam outras Ayaan Hirsi Ali no mundo para porem fim a esta prática. Quote Link to comment
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