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Saíram as indicação ao Gotham Awards 2016, a cerimônia de entrega dos prêmios acontece dia 28/11/2016.


Best Feature

Certain Women
Kelly Reichardt, director; Neil Kopp, Vincent Savino, Anish Savjani, producers (IFC Films)

Everybody Wants Some!!
Richard Linklater, director; Megan Ellison, Ginger Sledge, Richard Linklater, producers (Paramount Pictures)

Manchester by the Sea
Kenneth Lonergan, director; Kimberly Steward, Matt Damon, Chris Moore, Lauren Beck, Kevin J. Walsh, producers (Amazon Studios)

Moonlight
Barry Jenkins, director; Adele Romanski, Dede Gardner, Jeremy Kleiner, producers (A24)

Paterson
Jim Jarmusch, director; Joshua Astrachan, Carter Logan, producers (Amazon Studios)


Best Documentary

Cameraperson
Kirsten Johnson, director; Marilyn Ness, producer (Janus Films)

I Am Not Your Negro
Raoul Peck, director; Rémi Grellety, Raoul Peck, Hébert Peck, producers (Magnolia Pictures)

O.J.: Made in America
Ezra Edelman, director; Caroline Waterlow, Ezra Edelman, Tamara Rosenberg, Nina Krstic, Deirdre Fenton, Erin Leyden, producers (ESPN Films)

Tower
Keith Maitland, director; Keith Maitland, Megan Gilbride, Susan Thomson, producers (Kino Lorber, Independent Lens)

Weiner
Josh Kriegman, Elyse Steinberg, directors and producers (Sundance Selects and Showtime Documentary Films)



Bingham Ray Breakthrough Director Award

Robert Eggers for The Witch (A24)

Anna Rose Holmer for The Fits (Oscilloscope Laboratories)

Daniel Kwan & Daniel Scheinert for Swiss Army Man (A24)

Trey Edward Shults for Krisha (A24)

Richard Tanne for Southside with You (Roadside Attractions and Miramax)



Best Screenplay

Hell or High Water, Taylor Sheridan (CBS Films)

Love & Friendship, Whit Stillman (Amazon Studios)

Manchester by the Sea, Kenneth Lonergan (Amazon Studios)

Moonlight, Story by Tarell Alvin McCraney; Screenplay by Barry Jenkins (A24)

Paterson, Jim Jarmusch (Amazon Studios)



Best Actor

Casey Affleck in Manchester by the Sea (Amazon Studios)

Jeff Bridges in Hell or High Water (CBS Films)

Adam Driver in Paterson (Amazon Studios)

Joel Edgerton in Loving (Focus Features)

Craig Robinson in Morris from America (A24)



Best Actress

Kate Beckinsale in Love & Friendship (Amazon Studios)

Annette Bening in 20th Century Women (A24)

Isabelle Huppert in Elle (Sony Pictures Classics)

Ruth Negga in Loving (Focus Features)

Natalie Portman in Jackie (Fox Searchlight Pictures)



Breakthrough Actor

Lily Gladstone in Certain Women (IFC Films)

Lucas Hedges in Manchester by the Sea (Amazon Studios)

Royalty Hightower in The Fits (Oscilloscope Laboratories)

Sasha Lane in American Honey (A24)

Anya Taylor-Joy in The Witch (A24)

Então fica combinado que cinema e idealismo não se misturam, e vamos fechar os olhos pra um puta filme que ta sendo premiado internacionalmente pq ele "mereceu" essa represália? Independente de filiação político-partidária Cinema tem que ser impessoal, isento,alheio, refratário ....?
 
Enfim. Eu prefiro achar que quando os artistas precisam se manifestar sobre política é pq a porra desandou. E uma coisa não justifica a outra, tudo não é preto no branco, não existe essa história de "eles bem que acharam que iam sair impunes" "agora eles vão aguentar a consequências", etc... não há argumento que se sustente pra justificar/legitimar essa preterição ridícula.
 
 
Esse "pequenos segredos" é o que mesmo? mais uma contribuição pra deixar o Brasil parado em 1998 quando central do Brasil conseguiu figurar como indicado durante um longo jejum; em deixar tudo convenientemente como está; outro 7x1.

Hoje (ou fim de semana, sei lá) é dia de de Aquarius e acho que nada mais importa

La La Land promete, hein!! Gostei muito do trailer.
 
Tb saiu o traleir de Loving, que recebeu boas críticas em Cannes:
 

Meu grau de excitação só aumenta:
 

 
 
 
As minhas indicações a Canção, Figurino e Fotografia terão de ser repensadas.

No meu último post, chamo o hoje falecido Abbas Kiarostami de gênio.  Pensando com tristeza, mas com lucidez, acho que ele era o meu segundo diretor favorito, atrás apenas do Bergman. "Gosto de Cereja" será citado em todos os obituários como um exemplo de brilhantismo - aliás, um filme levemente gay, mas que pouca gente, nem os aiatolás, se deram conta- , mas  o que dizer da libertação feminina de "Dez"? Ou do roteiro social, sem ser ideológico, de "Ouro Carmim"? Filme de tribunal, pra mim, é "Close-Up"! Filme infantil pra mim é "Onde Fica a casa do meu amigo?"! "Cópia Fiel" é um nó na nossa cabeça, aula de fingimentos e duplos. Lembro-me de sair tonto da sessão de "Através das oliveiras", pensando em como eu queria ver um filme assim todos os dias da minha vida. E não, só veria um filme assim, poucas vezes na vida, quando um senhor do Irã resolvesse fazer.
 
Segundo Jean-Luc Godard: "Film begins with D.W.Griffith and ends with Abbas Kiarostami".
 
A registrar, nunca(!) indicado ao Oscar.

Aquarius tem data de estreia nos cinemas brasileiros prevista para o dia 01/09.
 
E é em setembro que o filme para representar o Brasil no Oscar é escolhido, não?
 
Vocês viram que Aquarius ganhou o prêmio principal do Festival de Sydney, nesse final de semana que passou?

VAMOS PRO JOGO DOS 6, por enquanto!!!
 
Favorito grifado.
 
Best Picture:     Billy Lynn`s Long Halftime Walk - La La Land - Loving - Manchester by the Sea - Silence - The Birth of a Nation  (6 filmes, acreditando em superconcentração de votos) Alt. Fences (se ficar pronto)
Best Director:   Damien Chazelle - Ang Lee - Jeff Nichols -  Martin Scorsese - Nate Parker.   Alt. Denzel Washington (Se Fences ficar pronto)
Best Actor:      Joe Alwyn - Andrew Garfield - Casey Aflleck - Michael Fassbender - Nate Parker.   Alt. Ryan Gosling
Best Actress:  Ruth Negga - Meryl Streep - Emma Stone - Alicia Vikander - Emily Blunt    Alt. Viola Davis (se Fences ficar pronto, senão é a Meryl)
Best Supporting Actor: Steve Martin - Liam Neeson - Tadonobu Asano - J.K. Simmons - Michael Shannon   Alt. Hugh Grant
Best Supporting Actress: Rachel Weisz - Michelle Williams - Annette Benning - Dakota Fanning (se o filme de fato vingar)  - Kristen Stewart   Alt. Margot Robbie
 
 
 
Comentário do Pete Hammond sobre Sonia Braga:
 
"Sonia Braga, Aquarius: This deliciously sexy veteran Brazilian national treasure has a full-bodied, dominating role in the entertaining Brazilian entry. Way overdue and very deserving."
 
Eu vou completar a lista de todas as categorias em breve.

Põe reconhecimento nisso, Sérgio!     
 
Lindo demais!!! Emocionante!!! Fico muito feliz em ver um filme brasileiro emocinando a plateia.
 
E o que dizer de Sônia?? Sem palavras.... Na torcida para que ela leve o prêmio de melhor atriz!!!!
 
Obs: Que emocionante ouvir uma das músicas mais lindas e pungentes do Gil sendo tocada enquanto a equipe do filme caminha pelo tapete vermelho.

Só me esquecei de comentar que quem mais arrasou na cerimônia ontem foi a Jenny Beavan. Mandou para as cucuias a regra de vestido de fadas na cerimônia. Seja quem você é, vista-se como você é! Quero aquela jaqueta Mad Max pra mim!

Tava torcendo pra Mad Max, pena que só levou prêmios técnicos como já era esperado. Mas, no fundo, tinha uma leve esperança que Miller vencesse em direção e Mad Max levasse melhor filme!!
 
De tudo, o que eu menos gostei foi a vitória de Iñarritu e a de Mark Rylance, não pela atuação dele, mas pelo fato de Stallone ter perdido.
 
Dois fatos curiosos:
 
A última vez que o vencedor de melhor filme levou duas estatuetas foi em 1953, quando The Greatest Show On Earth também ganhou melhor roteiro!!
 
Alejandro Iñarritu se junta a John Ford (1940/1941) e a Joseph L. Mankiewicz (1949/1950) sendo os únicos diretores a ganharem dois oscars consecutivos.

"O Menino e o Mundo" é lindo. Comentário social em forma de animação. Uma animação que retoma suas bases de desenho mesmo, de arte pictória, desprovida da necessidade, que foi sendo construída ao longos desses anos Pixar, de haver uma "história genial" por trás. Por ventura essa necessidade de roteiro ixxxperto acaba se transformando em uma muleta. A animação do Alê Abreu vem nos alertar para esses caminhos e mostrar que existem outras forma de fazer. Inteligentemente desprovido de sotaque ou cor local, é realmente a história de um menino e o mundo que o cerca. Sensível a ponto de começar na forma de um ponto, e se agigantar como uma mandala (Os mais místicos entendem e compartilham o recado). No maravilhoso final, o desenho se abre para se converter em um outro tipo de "imagem" - levando esta animação a outro patamar. Não deixem de ouvir a canção do Emicida ao término dos créditos.
 
 
Rola um bobo complexo de vira-latas entre nós de que o Brasil se dá mal no Oscar, já que nunca ganhamos e tudo. Mas é bom notar que esta inédita indicação em Animação vem a se somar a outras indicações brasileiras em Fotografia, Roteiro Adaptado, Direção, Montagem, Canção, Atriz, Documentário, e, claro, Filme Estrangeiro. Não é pouco, não. Quem acompanha com atenção a história do Oscar sabe que essa plêiade é muito difícil de alcançar. Nós temos um cinema para nos orgulhar.

Tom O`Neil relata que todos os votantes do SAG a quem ele perguntou votaram, sem exceção, na Kate Winslet. 
 
Não sei vocês, mas eu vivo muito bem em um mundo com Kate Winslet ( 7 indicações, 2 Oscars). Faz sentido.
 
 
Amarra bem amarrado em nome do Senhor:
 

Não achei misógino. Se ele se divertisse com isso, aí sim. O que ele fez foi para incomodar mesmo.
 
[spoilers]
 
Eu vi no filme justamente o contrário, mostrando como homens são escrotos (apesar dela não ter nada de inocente) e vulneráveis. A violência esconde uma fragilidade masculina que o Taranta joga na nossa cara.
Sim, o filme tem nu masculino sem esconder nada numa tomada longa e clara.
Sim, o filme tem um homem que é violado, abusado e humilhado (numa cena genial, aliás)
Sim, o filme tem um homem que é castrado.
 
A cena final, com a leitura daquela carta otimista totalmente deslocada daquela situação absurda e brutal é a cereja do bolo.
 
Eu também esperava que ela iria à desforra no final das contas. Mas depois percebi que isso era wishful thinking. Não é bonito, mas é a realidade das coisas. Nua, crua e brutal

Não é só na Venezuela, em Cuba, na Coreia do Norte,e nas universidades pública brasileiras, que o comunismo é levado a sério...Em 1947, Hollywood também tinha suas células...Mas "Trumbo" não se trata de um filme do passado, hoje em dia ainda existe perseguição à ideias alheias - mesmo àquelas que são realmente estapafúrdias, que nunca deram certo em lugar nenhum do mundo, nem nunca darão. Intolerância, essa palavra. Ou como escreveu Tolstói a respeito da tensão política da Rússia em "Guerra e Paz": "Metade quer assassinar a outra metade". Conhecem algum lugar assim?
 
Estou até surpreso pele filme não ter repetido no Oscar o sucesso que teve no SAG. Como não podia deixar de ser, é pura referência à Academia, às suas sombras e à alguns luminares. Nunca soube que, outro comunista, Jean-Paul Sartre ("Existe uma liberdade total de crítica na U.R.S.S") fora indicado a um Oscar. Então aguentei duas horas de mediocridade cinematográfica, clichê atrás de clichê, piadinha que emenda outra piadinha até quiçá ao final dos tempos, para sair enriquecido dessa informação. E de quebra vi vídeos antigos de Deborah Kerr, Jean Simmons, Kirk Douglas...A memorabilia Oscarmaníaca agradece!  É verdade: Bryan Cranston é o runner-up de Ator. Imita perfeitamente os trejeitos de Trumbo e presta um bom desempenho, realmente.
 
Querem saber? Não doeu.

Aí pra quem gosta de ouvir os artistas, as vezes falando bobagem e puxando saco, recomendo o canal do YT do The Hollywood Reporter, as mesa redondas de diretores, atores, atrizes, escritores e etc.

Aperitivo: Ridley Scott, que parece até o "Yoda" da turma.

Gilson, o texto foi tirado do link que aparece acima. O "pornhub" é uma referência há uma passagem do texto!!
 
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O assunto q o texto aborda, em forma de humor, é meio polêmico, né? Não sei até q ponto podemos dizer que Carol ficou de fora de melhor filme e direção por causa do "preconceito" dos votantes!! Mas é estranho o fato de o filme ter sido indicado em seis outras categorias e, ainda por cima, ser considerado, por muitos críticos, como um dos melhores filmes do ano!! Vai entender...
 

Falando em Carol... O texto abaixo é muito bom:

"Lauren Ireland
A Letter From The Oscar Board On Why ‘Carol’ Was Totally Snubbed
http://elitedaily.com/humor/letter-oscar-board-why-carol-snubbed/1350940/

To the American public,

We wanted to take the time today to address the uproar over the rejection of Todd Haynes’ “Carol” from the Best Picture Category by the Academy of Motion Picture Arts and Sciences.

After much consideration and debate, we came to the conclusion that though “Carol” is a flawlessly directed film with impeccable acting (structurally a perfect film with not a single frame of fault), we cannot conceivably place it in the Best Picture category.

Why? Because we are not fully sure what is “lesbian.”

A major point of contention of the film’s eligibility was the nuanced perspective of both filmmaking and of script. It was our general consensus that though there are adults out there capable of great emotional maturation in their relations, it did not seem feasible for the women (“lesbians”) of the film to have dialogue that did not involve men. What do women talk about if not men? On this count, we rejected the film.

A second point of contention among many in the Academy was the notion of how the “lesbians” were portrayed. As a group of older white males, our experience of lesbianism has been limited to the select online fun-films we have researched.* What we have unearthed in our lifetime does not correlate with the depiction on screen. For example, where was the straight man in the sex act? Even the director was gay. It does not ring true.

Thirdly, are “lesbians” real? Many members were confused, as research* has proven many lesbians were simply “trying it out,” “going through a phase” or more commonly “having a sleepover with Tiffany and then it got a little out of hand because we were watching ‘The Bachelor’ late at night and killed a bottle of Cabernet and went for a hug.”

The fourth and final point of contention the Academy found was: Not a one of us is a lesbian. Not a one. Not even Tom’s wife Susan.

On these counts, the board must formally reject Mr. Haynes’ film.

We would like to formally acknowledge, however, Mr. Haynes’ use of color is absolutely stunning. How did he get the titles to match the opening shots so perfectly? We loved that part.

Sincerely,

The Academy of Motion Picture Arts and Sciences

*Pornhub, 2016"
 
 
Um dos melhores filmes do ano, uma pena não ter sido indicado em filme e direção, merecia muito essas indicações.
 

A montagem é a melhor coisa do filme, bem como as atuações. Agora, achei meio cansativo por causa dos termos técnicos, muitos conceitos e palavras da área financeiro-imobiliária qiue acabam deixando espectadores como eu sem compreender algumas coisas. Sinceramente, apesar de ter gostado da edição e das atuações, espero que o filme não ganhe oscar nessas categorias e, muito menos, em roteiro adaptado. Também acho q este deveria ir para Carol, pelo menos é a minha torcida.

"Brooklyn":
 
O livro é uma coisa, é lindo demais, vale muito a pena lê-lo...E este é mais um caso clássico de que o livro é melhor do que o filme. Embora o filme seja bom.  Eu fico imaginando o que seria essa história nas mãos de um diretor mais experimentado, como um Ang Lee, por exemplo. Seria ainda mais tocante, mais delicado, mais romântico.
 
O ponto alto é mesmo a Saoirse Ronan, talento puro e com esse rosto de época que Deus lhe deu. Ela ganhou Nova York, ganhou outros prêmios menores, mas mesmo sem ter visto o filme sei que ela não é páreo para a personagem da Brie Larson em "Room". De qualquer maneira, ela ficará como a runner-up da temporada. E não faltarão indicações para ela no futuro. Ela eleva o roteiro deste filme.
 
Quem se sai muito bem também é a Julie Walters, que num mundo justo estaria com mais chances de ser indicada pela terceira vez. Julie que comanda divertidas cenas de mesa com outras boas atrizes do elenco, coisa que só um Manoel Carlos dos bons tempos conseguia fazer igual. Emory Cohen também se sai muito bem, muito cativante, muito luminoso em cena. 
 
 Eu entendi agora porque o filme não está se saindo tão bem quanto o esperado nas premiações, embora tenha conquistado o coração do público, esteja com boa bilheteria, etc. É uma história linda, movida por ótimas atuações, mas falando em produção...é uma produção pequena, modesta, que claramente faltou dinheiro ( para as cenas de travessia, por exemplo) com uma direção apenas regular. Outro senão é a duração do filme, algo como 110 minutos. Ficou muito corrido. No livro, podemos acompanhar a luta dos imigrantes em NY, a ajuda mútua entre eles, como as pessoas tentam ser boas umas para as outras, e isso vai enternecendo o leitor, cativando-o, fazendo você torcer pelo romance dos protagonistas vingar. A personagem da Julie Walters e a personagem do Jim Broadbent são ainda mais especiais, mais engraçados, mais decisivos...Aqui, ficou tudo muito acelerado, entregue para presente.
 
É meio difícil não gostar desse filme. Como gênero, reaviva o romance. Que é muito complicado de fazer em tempos de amores líquidos. 
Mas poderia ter sido melhor. Faltou um Ang Lee.

"Carol":
 
Nunca me esqueci de uma inscrição em uma Igreja da Bahia: "O começo é a metade de tudo". Começar pelo começo aqui é falar da brilhante, incrível, soberba, adaptação do livro para as telas. Sério, eu não sei como as pessoas podem premiar um filme na categoria de roteiro adaptado se não conhecerem a obra original. Quem ler o livro de Patricia Highsmith saberá entender o quanto esta adaptação é primorosa. Não é cronológica, colocou o personagem da Blanchett como o centro emocional da história (no livro, ela é muito mais coadjuvante), fez escolhas inteligentes que pouparam tempo (no livro a personagem da Rooney Mara é uma cenógrafa teatral e não uma fotógrafa e no livro há toda a luta para ela se estabelecer em uma profissão "original" - notem que essa palavra será muito dita ao longo do filme - porque falar que uma mulher é uma "original" é um forma sofisticada de dizer que uma mulher é lésbica; bem como no livro a ida para o oeste tem outro desfecho), e ainda assim, esta adaptação é extremamente fiel, não só aos fatos, mas aos espírito das personagens. Começar pelo começo é falar do início do filme, que de forma nenhuma abre o livro, mas que foi de uma felicidade tremenda. Foi a metade de tudo. Phyllis Nagy deveria ser indicada ao Oscar sem pestanejar, o que, pelo visto, não vai acontecer.
 
Cate Blanchett e Rooney Mara estão incríveis, bem como Kyle Chandler e Sarah Paulson no pouco que têm a fazer. Que atuações! É um banho! Mas vou dizer que a Rooney Mara me emocionou mais com certos detalhes de olhar...Coisas pequenas mesmo, como quando você é jovem e anda no carro da pessoa que você ama pela primeira vez e tudo parece mágico e especial. É como um renascimento estar apaixonada, saber quem você de fato é, do que você gosta. Mas também dá medo e há a parte da negação, e ao mesmo tempo, não se consegue evitar...Ela capturou isso tudo de maneira perfeita. Palma de Ouro em Cannes e , quem sabe, um Oscar? Poderiam ambas concorrer em Atriz? Sim. Mas aos irmãos Weinstein não é uma boa estratégia ter duas indicadas na mesma categoria. 
 
A parte visual é simplesmente perfeita. Judy Becker, Oscar! Não tem competição. Acabou. É fora de série. É o apogeu da mimese, da reprodução daquela realidade.
 
Fotografia belíssima, que poderia tranquilamente ganhar, se não estivéssemos em um ano prodigioso nesta categoria. Uma indicação parece pouco para Lachman.
 
Sandy Powell, da escolha da cor das unhas da Blanchett até o vestido sem vida da personagem da Paulson, dá aula. É um  trabalho maravilhoso. Mas eu, mesmo assim, votaria em "Mad Max",  Jenny Beavan, pela originalidade.
 
Carter Burwell nunca foi indicado. Esta é uma piada do mundo do Oscar. O compositor da trilha de "Fargo"!! É criminoso. Pelo menos, neste ano ele terá seu justo reconhecimento. Não consigo imaginar ele perdendo. Não consigo. Basta ter ouvidos. Uma trilha lindíssima, que tem momentos, tem harmônicos, de "As Horas" ( eu tenho a trilha, já ouvi muito em minha vida, dá pra reconhecer facilmente). Muito classudo, muito anos 1950. 
 
Todd Haynes, obrigado. Obrigado por posicionar sua câmera sempre atrás de uma janela, atrás de uma vidraça, respeitando a privacidade, a intimidade, mas empenhando-se em contar. Era preciso contar essa história à la Douglas Sirk. Tem que ter muito glamour, muita beleza, muita sofisticação, para embalar os olhos da sociedade, que não gosta de ver certas coisas, de certas pessoas. Histórias de "gente assim", expressão muito bem notada pela ainda jovem escritora e preservada nos diálogos. É muito bom saber que esse tipo de história não acontece hoje em dia! Não, de forma nenhuma! É coisa de um tempão atrás...
 
Indicaria a tudo que pudesse.

"45 Years":
 
Filme de adulto é tão bom, né? Já pensaram que poderemos ter a vencedora do Festival de Berlim e a vencedora da Palma de Ouro em Cannes disputando o Oscar deste ano? Por isso que quando chega um idiota qualquer falando que "Oscar é uma besteira, sinônimo do imperialismo americano, que só premia porcarias, que os filmes não têm qualidade, etc" (geralmente dito por alguém que não vai ao cinema, vale frisar), eu nem compro mais a briga, eu deixo passar. Prova de maturidade é saber escapar dessas discussões, desse tipo de briga, dessa discussão de lana-caprina.
 
"45 Years" tem muito a ver como isso, tem a ver em como você encara os problemas, que tipo de briga você leva adiante na sua vida, sobre como o tempo transforma os problemas e as pessoas, etc. Fiquei interessado em ler a novela original. Tenho certeza de que virará peça de teatro mundo afora.
 
O ponto alto são os atores. Acredito que a Charlotte Rampling tem tudo para entrar em uma das vagas de Atriz. Los Angeles, com sua tendência aberta, de sempre premiar performances estrangeiras, foi fundamental aqui, seguidas de outros prêmios de crítica, ainda que tenha faltado-lhe indicação no Golden Globe. O que eu achei?  Ela está ótima; linda 35 anos atrás em "Memórias", linda 35 anos depois; mas não sei é "a" performance da vida dela, não. Se o papo de Oscar fosse no ano de "Swimming Pool" eu acho que estaria pulando de felicidade. Os amantes de cinema não precisam correr para premiá-la pela carreira. Sinto que ano que vem ela estará novamente no páreo, dessa vez em Coadjuvante, com mais chances de vencer inclusive, mas isso é uma outra história... requer um outro fórum....
 
Quem mais me emocionou, no entanto, foi o Tom Courtenay, por quem tenho uma admiração especial, em virtude de "Doutor Jivago", sua primeira indicação. Ator talvez seja a corrida mais difícil de todas, mas é meio incompreensível não vê-lo tanto na bolsa de apostas, por uma atuação, no mínimo, do mesmo nível da Charlotte, também ele consagrado em Berlim.
 
Não sei se a geração smartphone vai gostar do filme. Ele é " meio parado". (Vamos omitir que a lentidão é essencial para a natureza deste filme, shifff!) A inteligência pré-adolescente, por dedução do contrário, gosta de filme que "anda". Mas em todo caso é curtinho.
 
Dei um like, fácil.

Sérgio, gosto muito de ler os teus relatos sobre os filmes.
Por favor, continue postando-os.