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O Massacre da Serra Eletrica 3D (2012)


Jailcante
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O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua (2013)

 

Numa análise mais atenta, a continuação oficial do clássico é apenas um filme de horror comum, repleto de clichês e soluções fáceis!

 
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Leatherface está de volta!!

 
Ed Gein era hábil em construir móveis a partir de partes humanas. Entre as bizarrices que produziu está um puxador de janela feito com lábios, alguns retirados de corpos do cemitério local e outros da sua própria manufatura de assassinatos. Talvez ele não imaginasse que a sua obra um dia poderia servir de inspiração para o gênero fantástico, de Psicose (1960), passando por O Massacre da Serra Elétrica (1974) e O Silêncio dos Inocentes (1991); muito menos seria capaz de imaginar que algumas delas renderiam continuações ruins ou muito inferiores como Psicose IV (1990), O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986) e Dragão Vermelho (2002), além de refilmagens desnecessárias como Psicose (1998) e O Massacre da Serra Elétrica (2003). Ainda assim, o pior ainda estaria por vir, numa certa sequência oficial, aprovada até mesmo pelo diretor Tobe Hooper, assinando a produção executiva.

Parecia que alguma boa ideia poderia vir desse projeto, inicialmente apontado como uma continuação do remake. Reunir alguns nomes do elenco original numa trama que iniciaria no dia seguinte aos acontecimentos do longa de 74 fez com que os fãs suspirassem. A proposta era ignorar todas as continuações do primeiro filme, até mesmo aquela palhaçada dirigida por Hooper em 1986, tentando resgatar o espírito original, dando vida a um novo clássico. Seria difícil, é verdade. No entanto, ninguém conseguiria imaginar que desses conceitos sairia uma afronta ao clássico, um filme teen repleto de clichês, com mais buracos do que a máscara de Leatherface. O Massacre da Serra Elétrica – A Lenda continua pode até entreter os que se contentam com o básico, mas, com certeza, irá irritar os saudosistas e aqueles que veneram o trabalho original.

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O ponto de partida para o filme surgiu depois que a Platinum Dunes abandonou a franquia em 2007, logo após o lançamento de O Massacre da Serra Elétrica: O Início. Os direitos dos personagens foram negociados com a Twisted Pictures e os produtores Bob Kuhn e Kim Henkel, responsáveis por alguns filmes da série como O Massacre da Serra Elétrica – O Retorno (1994). A princípio, as intenções iniciais eram ambiciosas: realizar uma nova trilogia! O primeiro longa se passaria num hospital; o segundo seria um prelúdio, contando como os personagens foram parar no hospital; culminando numa última parte, após os eventos do primeiro filme. Essa ideia acabou sendo abandonada pelos custos altos e baixa probabilidade de retorno.

Antes mesmo de John Luessenhop (Ladrões, 2010) assumir a direção, o roteiro passou por diversas mãos, adquirindo versões e rascunhos até oficialmente ter os nomes anunciados: Adam Marcus (de Jason Vai Para O Inferno – A Última Sexta-Feira, 1993), Debra Sullivan (de Conspiracy, 2008) e Kirsten Elms (do terrível Banshee, 2008) desenvolveram a história criada por eles e Stephen Susco (O Grito, 2004). Tantos nomes, sem um currículo sequer que justificasse seus papéis, dão o tom que o público poderia esperar desse novo filme, algo muito mais ruim do que a imaginação seria capaz de conceber. Ainda assim, o ator que interpretou o Leatherface original, Gunnar Hansen, rasgou elogios ao roteiro, dizendo: “(…) Esse filme, diferente de todos os outros, é uma sequência de verdade dos filmes originais…Ele capta a atmosfera do filme original. Há um momento neste filme em que eu falei: ‘O que vocês fizeram?’ E aí eu pensei: ‘Por que nós não pensamos nisso antes?‘”

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Se o comentário dele, que interpreta um membro da família numa rápida aparição no começo, já foi exagerado, o que dizer das palavras de Marilyn Burns, que foi a sobrevivente do clássico? “Simplesmente devorei o roteiro. Fiquei genuinamente surpresa de como ele tinha sido redigido de uma maneira tão inteligente, eu estava encantada…” Como assim? Há até boas ideias ali, mas elas estão escondidas entre os clichês do gênero e a necessidade de transformá-lo em 3D! Não há atmosfera parecida com o original, pelo contrário: há elementos da geração atual, com rostos bonitos, estereótipos e quase a ausência do tom depressivo do clássico.

O Massacre da Serra Elétrica – A Lenda Continua começa com um flashback do filme original, apresentando a morte de todos os personagens até a fuga de Sally (Marilyn Burns) das garras da família Sawyer. Após os relatos da sobrevivente, o xerife Hooper (Thom Barry, de Velozes e Furiosos, 2001), homenagem ao diretor do original, chega ao local e pede que Leatherface se entregue à polícia. Nesse ponto já surge um estranhamento do público com a quantidade de membros novos da família dentro da fazenda, algo não mostrado no original. Entre os rostos, talvez você reconheça Gunnar Hansen, Bill Moseley (que fez o Chop Top na continuação e aqui atua como Drayton) e até o vovô zumbi, interpretado novamente por John Dugan. Há, inclusive, uma bebê entre os caipiras canibais, já deixando evidente o que irá acontecer.

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Os moradores da pequena cidade decidem fazer justiça com as próprias mãos e surgem no momento em que Drayton pretendia realmente entregar Leatherface, aqui chamado de Jedidiah Sawyer (Dan Yeager, de Metal Heads, 2011). Na continuação de 86, ele recebeu o nome de Bubba, mas aqui este seria o nome do caronista, morto pelo caminhão. No primeiro rascunho do roteiro o nome escolhido era Jebadiah, porém optaram pela mudança em homenagem ao personagem da família Hewitt do remake de 2003. Acontece, então, um tiroteio, e o incêndio da fazenda, com a morte de todos os membros da família assassina, com exceção da bebê, resgatada pelo casal, Gavin e Arlene Miller (David Born e Sue Rock).

Passam-se anos. Não dá para saber quantos, embora a protagonista pareça ter pouco mais de vinte. Se considerar os acontecimentos como 1974 (numa cena aparece num velho jornal o ano 1975), pode-se dizer que os “dias atuais” seriam na década de 90, certo? Até seria justificável pela idade dos personagens, porém a presença de um celular com câmera, típico Galaxy, demonstra um ano próximo do atual. Então, eles estariam dizendo que o original se passou no final da década de 80? Pois a bebê crescida, Heather Miller (a gatíssima Alexandra Daddario, que faz uma Miller no terror Bereavement, de 2010), não parece estar na faixa dos 40, assim como o Leatherface está longe de ter uns 70 anos! Notem o quanto os realizadores se esforçam para esconder a data dos eventos do clássico, porém esqueceram que os personagens daquele filme eram típicos jovens pós-hippie.

Surgem os demais estereótipos do gênero: há o atleta Ryan (o músico Trey Songz), que teve um affair com a vagaba Nikki (Tania Raymonde, de Chillerama, 2011), mas namora a mocinha Heather. O público também é apresentado ao amigo Kenny (Keram Malicki-Sánchez, de O Justiceiro: Em Zona de Guerra), apenas um outro rosto para as lâminas da motosserra de Leatherface. Depois que recebe uma carta informando que herdou uma casa e descobre que foi adotada, Heather resolve conduzir seus amigos ao local, sem deixar de dar uma carona para o atropelado Daryl (Shaun Sipos, de Premonição 2). Se soubessem dos problemas envolvendo caronas na franquia…

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Assim que chegam ao endereço indicado, ela é informada pelo advogado (o veterano Richard Riehle), que não pode vender a mansão adquirida e deve ler a carta que sua falecida avó Verna (interpretada pela atriz Marilyn Burns) deixou. Heather ignora a correspondência e leva seus amigos para a morada, sem saber que nos porões ainda há uma outra herança: o insano Leatherface!

Logo ele irá fazer vítimas, seguindo as previsões do espectador. Perseguirá a jovem pela região, dará marteladas em alguns, machadada e agirá com a frieza de um psicopata. Não faltará fôlego para seus atos, apenas explicações para sua existência longínqua, sem informações sobre novas vítimas na cidade. O xerife Hooper entrará novamente em cena para confrontar o inimigo, incluindo o prefeito da cidade, Burt Hartman (Paul Rae, de Bravura Indômita, 2010), o responsável pelo início do incêndio que deu fim à família canibal.

Diferente de Sally, o público não se simpatizará com Heather. Além de burra (não ler a carta, não se informar a respeito do passado, confiar em qualquer pessoa, pendurar-se numa roda gigante), a nova heroína não convence nas cenas de desespero. Assim como os demais jovens estão distantes da caracterização do elenco original: a presença do inválido Franklin no clássico era o que permitia uma identificação do público com os personagens, diferente destes modelos de agência. Dan Yeager até que apresenta um Leatherface com alguma semelhança com o antigo, embora o roteiro tente estragar sua atuação numa cena em que ele costura a máscara no próprio rosto, numa atitude obviamente sensacionalista que chegou a ser criticada no remake.

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Se o público irá se satisfazer com as homenagens e até achará divertido a motosserra voando em direção à camera, aproveitando o recurso 3D, ou a cena inspirada em Pavor na Cidade dos Zumbis, com a garota presa num caixão, é até provável. Também é capaz que ria da citação a Jogos Mortais, num parque, e o destino de uma personagem com a invasão de um policial à mansão, porém, numa análise mais minuciosa perceberá que a continuação oficial do clássico de 1974 é apenas um filme de horror tradicional, repleto de clichês e soluções fáceis.

Alguns irão defender as cenas de perseguição, os desmembramentos e o sangue em profusão como suficientes para o entretenimento. No entanto, duvido que consigam digerir a humanização de um dos maiores ícones do horror de todos os tempos e o aceite como um anti-herói, justificando seus atos do passado. O Massacre da Serra Elétrica – A Lenda Continua provavelmente será a maior decepção de 2013, numa sequência que faria Ed Gein pensar em novos móveis para sua antiga fazenda com os realizadores desse filme!

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