Corte de Ricardinho abala seleção
Jogadores se mostram surpresos. Bernardinho pede reflexão ao levantador
Carol Oliveira Do GLOBOESPORTE.COM, no Rio de Janeiro
O clima não é dos melhores na seleção brasileira masculina de vôlei que vai disputar os Jogos Pan-Americanos. Um dia após o anúncio da dispensa de Ricardinho, os jogadores não conseguiam esconder a perplexidade e a tristeza. No treino deste domingo, no Maracanãzinho, alguns estavam nitidamente cabisbaixos. Giba, que herdou o posto de capitão de Ricardinho, preferiu não falar com a imprensa. Depois de bater bolas com os companheiros no ginásio, o atacante, um dos grandes amigos do levantador, foi para o vestiário e não voltou (assista, no vídeo ao lado, Ricardinho falando sobre seu corte). Ainda perplexos com a notícia, os atletas evitaram, sem sucesso, tocar no assunto. Alguns tentaram desconversar, mas foi em vão. Os jornalistas insistiam, numa tentativa de entender qual o real motivo do corte de Ricardinho. Diante do assédio da imprensa, Bernardinho entrou mais uma vez no assunto. Segundo ele, pela última vez. E novamente defendeu a convocação de seu filho, Bruno, para o lugar do jogador dispensado. - Minha consciência está tranqüila, apesar de ser um momento de intranqüilidade. (O corte) Gerou um desconforto no grupo, que está sentido. Mas a decisão não tem nada a ver com o meu filho. Precisava dar um basta em algumas coisas. Foi um acúmulo. Não foi um fato isolado ou uma reivindicação dele que me fez tomar essa atitude. O que quero agora é que o Ricardo reflita e volte mais amadurecido - diz o técnico, para depois acrescentar que, quando se ama uma pessoa, só se quer o bem dela. Apesar das respostas, pouca coisa ficou clara até o momento. O treinador apenas diz que foi um "acúmulo". Que era necessário dar um "basta". Mas, exatamente, quais foram as atitudes do jogador que o levaram a tomar a decisão, nenhuma palavra. Que Ricardinho tem um temperamento difícil, todos sabem. Nem o jogador nega o rótulo de '"gênio indomável". Ele já teve problemas públicos com o treinador, assim como com Gustavo e Serginho, companheiros de seleção. Porém, o que poucos conseguem entender, é como abrir mão do melhor levantador do mundo? Como dispensar alguém que acaba de ser eleito o melhor jogador da última Liga Mundial?
Gustavo e Serginho dão força ao jogador
Ricardinho chegou no último sábado ao Rio de Janeiro. Pouco tempo depois que se instalou no hotel da seleção, na Zona Sul da cidade, Bernardinho convocou o grupo para uma reunião. Lá, o técnico conversou com os jogadores por 30 minutos e anunciou o corte. Para surpresa dos atletas, o capitão se levantou e foi embora da sala. Segundo um dos integrantes da equipe, Ricardinho sequer se defendeu (Assista ao vídeo em que Bernardinho explica o corte de Ricarinho). Somente mais tarde, Ricardinho tentou encontrar uma resposta. Ao Sportv, disse ter certeza que a decisão cabia somente a Bernardinho e à comissão técnica. Com isso, isentou os companheiros de saberem previamente do corte. Uma das hipóteses que surgiram, após o anúncio da dispensa, era a de que a decisão teria sido tomada por todo o grupo. Para o levantador, sua saída foi decidida em Paris, numa das escalas da Liga Mundial. Uma prova, para ele, é o fato de seu uniforme para o Pan sequer ter sido encomendado. Após o treino, Gustavo e Serginho foram um dos poucos a falar sobre o caso. Eles foram ao quarto do capitão, para prestar solidariedade. - É o mínimo que podia fazer. Ele foi pego de surpresa, assim como nós - diz o meio-de-rede Gustavo. O líbero explica que o grupo não tomou partido devido ao baque da notícia, totalmente inesperada. De acordo com Serginho, se os jogadores tivessem conhecimento da situação com antecedência teriam tentado argumentar com o treinador. - Com ele ou com qualquer outro jogador, nós teríamos tentado falar com o Bernardinho, se tivéssemos sabido antes. Quem não quer ter o Ricardo no time? Ele é o melhor do mundo. Mas a decisão nos pegou de surpresa e veio do técnico. Temos que acatar - completa Serginho.
Divulgação
Bruno é vice-campeão da Superliga, pelo Florianópolis. Atleta foi campeão em 2006
Bruninho e Marcelinho se defendem
Outro problema para a seleção foi a convocação do substituto. Não que Bruninho não mereça a vaga, tanto que foi eleito o melhor levantador da última Superliga. Mas o fato de ser filho de Bernardinho trouxe constrangimento. Tanto para o jogador quanto para o pai, que já demonstra irritação ao tocar no assunto. O atleta assume seu desconforto com a situação. - Não estou nem feliz. Não queria que fosse dessa forma. Mas é natural que eu seja chamado. Sou o terceiro levantador e nada tem a ver com eu ser filho do técnico - explica. Marcelinho, por outro lado, será titular e não esconde a ansiedade. Um dos mais antigos na seleção brasileira, o levantador entra em quadra nesta segunda-feira, na partida de estréia do Brasil no Pan, contra o Canadá. E quer provar que tem condições de assumir a difícil missão de mostrar aos companheiros o caminho da vitória, como fazia Ricardinho. - Estou no grupo há bastante tempo. Se estou aqui esse tempo todo é porque algo de bom eu tenho - declara ele.
Fonte: Redeglobo.com.br/esportes 23/07/2007.
Olha isso vai criar um desgaste emocional desnecessário, acredito que o motivo da dispensa deve ser forte, senão o Bernadinho não se exporia assim dessa forma. Vamos torcer para que em quadra nada mude e a garra permaneça a mesma. Em busca do ouro, por quê com as meninas não deu!