Cinema
O Procurado
Filme não tem nada a ver com a HQ. Tem, sim, idéias próprias
21/08/2008
O tempo inteiro o filme O Procurado desafia as leis da física, mas, se comparado com a HQ que lhe deu origem, fica parecendo até realismo à la Batman Begins. O filme tem carros que dão saltos mortais e tiros que fazem curva, mas a minissérie em quadrinhos do roteirista Mark Millar e do desenhista J.G. Jones tem em suas realidades alternativas um nazista viajante do tempo, um africano imortal, um vilão feito de fezes e outro que literalmente pensa com a cabeça de baixo.
Tirando a premissa - cara com emprego miserável descobre ser herdeiro de um dos maiores assassinos do mundo - o filme e a HQ têm pouco em comum. O primeiro é um thriller de ação e conspiração, o segundo é uma provocação com o universo dos super-heróis e dos super-vilões. No traço de J.G. Jones os protagonistas se parecem com Eminem e Halle Berry. No filme são interpretados por James McAvoy e Angelina Jolie.
McAvoy é Wesley Gibson, sujeito cuja insignificância se resume pelo resultado zero das buscas por seu nome no Google. Jolie é Fox, uma assassina da sociedade secreta centenária Fraternidade, que aparece para avisar que o pai de Wesley, que ele sequer conhecia, foi morto. A missão de Wesley é vingá-lo - e aceitar que seu destino não é ser um loser das 9h às 18h, mas um fodão em tempo integral.
Se em Guardiões da Noite o diretor russo Timur Bekmambetov cobria de efeitos um roteiro macarrônico, agora cobre de efeitos um roteiro minimamente depurado, o que já faz toda a diferença. Dá até pra atentar às boas sacadas visuais que não têm a ver com computação: a mira infra-vermelha sobre a pinta na testa da indiana, o rosto de Wesley visto pelo galão de água, o caminhão de gatos de cabeça balançante, a fusão das luzes do túnel para a banheira revigorante...
Não dá para esperar muita profundidade de O Procurado. Dura um segundo o questionamento de Wesley, "quem sou eu?" - depois de se perguntar, corta rápido e no plano seguinte ele mesmo dá a resposta. Bekmambetov só rende-se a um plano mais demorado se for estritamente necessário, como quando o close-up se prende no rosto de Jolie - bela como nunca - antes dela soltar uma frase importante. Espera-se que um filme de ação não dê tempo para o espectador respirar, e essa regra O Procurado segue religiosamente, sem perder o fio dramático.
Religiosidade, curiosamente, é um elemento que não existia na HQ e que Bekmambetov insere de forma velada. O subtexto é forrado de cristandades: o líder da Fraternidade fala em rebanho de ovelhas, há velas por todos os lados, Wesley deve seguir o caminho do pai, o respeito à mensagem cifrada lembra a Bíblia. E quando precisa buscar as raízes do grupo o protagonista vai a uma abadia na Europa. O Procurado não é um filme profundo, "de temas", mas provoca, tem idéias e invenção. Hoje em dia isso já é uma vitória.
Só seria melhor se o filme não conversasse com o espectador - e nisso se assemelha negativamente à HQ - com tanto menosprezo, do tipo "pare o que você está fazendo e me ouça". Em dois momentos, no começo e no fim, a narração em off de James McAvoy esgarça o ar de superioridade misturado com auto-ajuda. Precisava mesmo?
4 ovos!
Fonte: omelete.com.br
Crítica: Com Angelina Jolie, ‘O procurado’ deixa a lógica de lado
Filme de ação, que estréia nesta sexta-feira (22), traz tiros que desviam e outras façanhas. James McAvoy e Morgan Freeman também estão no longa de Timur Bekmambetov.
Carla Meneghini Do G1, no Rio entre em contato
ALTERA O TAMANHO DA LETRA
A-
A+
Estrelado por Angelina Jolie, James McAvoy e Morgan Freeman, "O procurado" (Wanted), que chega aos cinemas nesta sexta-feira (22), é um filme de ação acelerado, violento e cheio de efeitos especiais. Mas é prudente avisar: ao sair para assisti-lo, deixe o cérebro e o coração em casa, pois você vai precisar tê-los bem longe para entrar no clima dessa produção inverossímil e insensível, mas que pode se tornar muito divertida.
Na trama, Angelina Jolie encarna a assassina profissional Fox, que muda a vida do protagonista (Foto: Divulgação)
Dirigido pelo russo Timur Bekmambetov, o longa-metragem traz tiros que viajam em círculo, balas que derrubam outras balas e assassinos que vencem a força da gravidade, tudo em imagens geradas por computador com apuro técnico de primeira. O cineasta constrói um mundo que se aproxima do videogame, onde as pessoas não parecem ter sentimentos e a violência é rápida e brutal, sem sofrimento ou sadismo. Baseada nos quadrinhos de Mark Millar e J.G. Jones, a trama traz McAvoy (de “As crônicas de Nárnia”, “O último rei da Escócia” e “Desejo e reparação” ) como Wesley, um funcionário da área contábil de uma empresa afogado na frustração de sua própria rotina. Como se já não bastasse, Wesley é traído por sua namorada com seu melhor amigo, um típico “loser”, que lembra o protagonista de “Clube da luta”.
Um belo dia, ele conhece Fox – uma Angelina Jolie armada até os dentes, cheia de tatuagens e incrivelmente sensual – que o intima para integrar uma organização secreta, a Fraternidade, que tem como objetivo matar determinadas pessoas para evitar tragédias maiores para a humanidade. Fox revela que Wesley, na verdade, é filho de um célebre membro da organização que foi morto, e que agora seus assassinos estão atrás do pobre contador. A história é difícil de acreditar, mas sabe como é Angelina Jolie, ela convence qualquer homem de qualquer coisa.
Na Fraternidade, Wesley tem a oportunidade de vingar todos seu ódio contido e de virar um assassino altamente qualificado. Mas isso é conquistado à custa de duros treinos, que envolvem bater muito e apanhar ainda mais. Morgan Freeman interpreta Sloan, que lidera a organização com a sabedoria e o poder de comando que já são típicos de seus personagens no cinema. Embora o ponto forte do filme seja o visual, a história também guarda suas surpresas, e mirabolante é pouco para o que vem à frente. É certo que um filme não precisa ser verossímil para ser bom, mas “O procurado” abusa do direito de ser inverossímil. Por isso, para curtir a sessão, só mesmo deixando a lógica do lado de fora.
Fonte: globo.com
O PROCURADO Por Angélica Bito
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Baseado na história em quadrinhos Wanted, de Mark Millar e J.G. Jones (ainda inédita no mercado editorial brasileiro), O Procurado é o primeiro filme norte-americano do cineasta russo Timur Bekmambetov, de Guardiões da Noite (2004) e Guardiões do Dia (2006) - esse último, lançado no Brasil diretamente em DVD -, trabalhos que o credenciaram a ser convidado a conduzir esta adaptação. Wesley Gibson (James McAvoy) tem um emprego entediante: é gerente de contabilidade numa empresa. Com uma chefe histérica (Lorna Scott) e um melhor amigo (Chris Pratt) que transa com sua namorada (Kristen Hager) - tão histérica quanto a chefe, diga-se de passagem -, o protagonista não tem uma vida que possa ser chamada de digna, no mínimo, ao mesmo tempo em que o cansaço e o tédio só faz com que ele não tenha nenhuma vontade que sair dessas situações degradantes. Eis que, num belo e agitado dia, ele conhece a linda e durona Fox (Angelina Jolie), que o salva de um homem que quer matá-lo. Aparentemente, Cross (Thomas Kretschmann) e matou o pai de Gibson, Pekwarsky (Terence Stamp), e está de olho também no filho. Todos estão envolvidos com uma fraternidade de exímios assassinos, fundada por um grupo de tecelões que cumprem as profecias oferecidas por um tear. Sob a liderança de Sloan (Morgan Freeman), convencem o protagonista que ele deve juntar-se à fraternidade e desenvolver as habilidades que possivelmente herdou do pai para trabalhar à fraternidade e, finalmente, sentir-se completo. Um dos principais motivos do resultado bem-sucedido de O Procurado, além da direção dinâmica e os efeitos especiais caprichados, é James McAvoy. Protagonizando uma produção de ação pela primeira vez - depois de ter seu rosto conhecido por conta de dramas como Desejo e Reparação, Penélope e O Último Rei da Escócia -, o ator escocês encontra o terreno perfeito para desenvolver seu talento como ator, já que este longa-metragem de ação também tem toques de drama e humor negro. Sua personalidade ganha uma guinada radical por meio do contato com a violência, muitas vezes lembrando o papel de Edward Norton em Clube da Luta (1999). Desta forma, Wesley Gibson é um herói de ação completamente incomum, o que ajuda a conquistar também os espectadores que não são necessariamente fãs do gênero de ação. O Procurado é um divertido longa-metragem de ação. Filmado com o estilo único de Timur Bekmambetov - o qual já foi mostrado em seus filmes de ação anteriores -, o longa carrega um frescor na direção, muito bem-vindo neste caso, principalmente por se tratar da adaptação de uma história em quadrinhos, o que sempre pede um estilo que aproxime a linguagem cinematográfica à linguagem das HQs. O filme traz situações completamente surreais que servem muito bem à trama ao não possuírem compromisso algum com a realidade. Um exemplo bem claro envolve o fato do protagonista ser capaz de atirar com um revólver em asas de moscas sem nunca ao menos ter tocado numa arma. Tudo isso antes de atirar balas que fazem curvas. Surreal e totalmente divertido, caso você esteja disposto a quebrar o compromisso com a realidade da mesma forma que os realizadores de O Procurado fizeram.
Fonte: cineclick.com.br
Deckard2008-08-21 20:16:18