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Forum Cinema em Cena

SergioB.

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    SergioB. reacted to Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    O último filme que havia comentado aqui foi do Denis Villeneuve. Agora, é um filme que o canadense chupinhou para o seu "Suspeitos" e, obviamente, sem as mesmas camadas. (sim, sou um tanto antipático ao seu cinema).
    "Spoorlos", ou "Silêncio do Lago" na versão br, é um suspense/terror holandês, dirigido por George Sluizer, baseado em um romance de certo sucesso na época (o escritor é o roteirista).
    Essencialmente, um casal de holandeses está viajando pela França, pára em um posto para reabastecer e, de maneira repentina e misteriosa, a jovem some. Seu namorado entra numa espiral de desespero para entender o que se passa e....
    ...eis que o filme não segue de forma alguma a expectativa normal do gênero. Passamos a ter dois focos: o namorado, em sua obstinação ao melhor estilo capitão Ahab para encontrar o que passou e a montagem nos ajuda a entender exatamente isso, porque se passam 03 anos e parece que ele está exatamente no mesmo ponto; e o mais fascinante, temos o foco também no agente causador do sumiço. Sluizer não faz a mínima questão de esconder quem é esta pessoa; pelo contrário, o intuito é mostrá-lo e o mais extraordinário é que ele não é um típico serial-killer, incel e misógino, mas um pai de família e professor respeitado. Ele é essencialmente um personagem nietzchiniano, se perguntando sobre os limites humano "além do Bem e do Mal". 
    Como falei, o mais importante não é entender exatamente o que de fato aconteceu, isto fica até certo ponto dedutível no momento que nos aproximamos do clímax, mas sim o que levou a isso: do encontro entre quem busca uma verdade e quem tem sua resposta. 

  2. Haha
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    Pois é. Eu o posterguei até conseguir encontrar e ver o original. Agora perdi a vontade. Risos.
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    (273)
    Decepção enorme para mim! Sempre quis ver "Longe Deste Insensato Mundo", de 1967, feito pelo genial John Schlesinger, diretor de filmes extraordinários, como os posteriores "Perdidos na Noite", "Domingo Maldito", e "Maratona da Morte". É uma adaptação de um romance de época, do inglês Thomas Hardy, e conta com um elenco formidável: Julie Christie, Alan Bates, Peter Finch, e Terence Stamp.
    Ou seja, tinha tudo para ser bom, mas é maçante e "estranho". Segundo a conhecida sinopse, trata-se de uma bela jovem, que herda uma fazenda de um tio, e passa a comandá-la sozinha, com sua luminosa personalidade e carisma. Tais predicados conquistam a todos, e ela passa a ser cortejada por 3 homens: Um nobre detentor de muitas terras; um soldado cafajeste; e um agricultor de alma nobre. Tal como na Inglaterra do Século XIX, ou no Brasil do século XXI, é claro que ela faz a escolha errada.
    É um romance de época mesmo, não dos dias de hoje. A protagonista vira uma boba, uma otária ao longo do filme. Não dá pra acreditar. É justamente o caminho oposto do que se faria hoje: da dependência à independência. Seria até curioso testemunhar uma jornada inversa, fora do nosso habitual de "lacração", mas são quase 3 horas de decisões tolas, para, no final, haver algum regozijo. Tudo é muito estranho, e repentino. As coisas mais importantes acontecem em 2 segundos, e acabou. Dá-se um corte para a etapa seguinte.
    O filme tem algumas movimentos de câmera ousados, como trocar as lentes, para grande angulares, no momento em que os personagens se embriagam e ficam tontos. Mas nada demais.
    Um épico de fazenda, cujas decisões românticas são difícieis de aceitar, no qual foi eliminado qualquer teor de avanço social, depois dos primeiros 20 minutos.
    A liderança feminina esvazia-se em nome de um amor, que nunca, jamais, é necessário, para uma mulher.

     
  4. Like
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    Também achei fraco. Meu comentário sobre o filme, @Muviola.
  5. Like
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    Filme que fez Denis Villeneuve ficar conhecido para a cinefilia mundial, "Polytechnique" reencena o massacre que houve nesta faculdade em Montreal, em 1989.
    Como qualquer filme com esta temática, é difícil não fazer comparações com "Elefante". Apesar de achar que a obra de Gus Van Sant está muito acima, a abordagem é distinta. 
    O assassino tinha intenção de matar mulheres por causa do "feminismo" e Villeneuve foca em três pontos: o assassino em sua preparação e na própria matança; duas amigas, em especial uma delas (muito parecida com Marjorie Adriano, por sinal) que se prepara para uma entrevista num ambiente machista; e outro estudante, próximo às duas amigas anteriores. 
    Confesso que por alguns momentos estranhei a montagem, porque o filme claramente tem a mensagem apontando a doença do antifeminismo, mas durante boa parte do tempo o foco vai para a caçada do assassino e a reação do terceiro estudante, usando as mulheres como vitimas sem nome.
    Por fim, ele volta as atenções para a personagem feminina principal, ainda que usando um discurso meio superficial, para não dizer problemático: uma "conversa entre mães". 

  6. Thanks
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    Falando em Olimpíadas, o Kelvin é de Santos (ou Guarujá, não me lembro) e ele falou que não ouvia nada no seu fone que leva ao ouvido, mas que se ouvisse seria Charlie Brown. 
  7. Like
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    (272)
    Vi nesta manhã de domingo "Chorão: Marginal Alado", do diretor Felipe Novaes, disponível na Netflix. Como arte de documentário, um trabalho normal, baseado em vídeos e depoimentos. É um trabalho sem linguagem, arroz com feijão. Mas como a figura fala alto ao meu coração, acabei gostando e dando like.
    Curiosamente, eu estava justamente em Santos, quando o Chorão morreu. Além da tristeza enorme que senti, foi muito comovente testemunhar  a reação da cidade. A orla ficou diferente, as zonas de skate encheram-se, as pessoas só falavam disso, os carros passavam com o som dos caras no máximo, circulou às presas uma edição especial - de Veja? , de Isto é? - agora não me lembro - para o balneário. Dava para perceber a cidade sofrendo. A temporada na cidade me deu uma nova compreensão das letras dele. Por exemplo, vou ficar só nisso, "Meu escritório é na Praia". É claro, na leitura mais óbvia, aquela linda orla é um paraíso para os skatistas e para os jovens. Mas por lá entendi também que Santos não tem propriamente um centro financeiro. A vida mesmo se orienta inteira para o mar.
    No doc são tocadas as principais faixas, com exceção de "Céu Azul", que eu amo, e marcou um tempo difícil da minha vida em 2011. Não se mergulha muito nas músicas individualmente. É mostrado sim o processo criativo, caótico, e impressionantemente rápido. A gastança exagerada também é só citada, mas poderia ter sido exemplificada. A questão das drogas é tratada só ao final, até com discrição.
    Entre os testemunhos, Serginho Groisman faz as melhores observações. João gordo conta as histórias mais engraçadas.
    A energia intensíssima do Chorão me chamava a atenção, mas gostava mesmo era da voz dele: Meio rouca, "cansada", suja, e masculina.
    Linkando com a recente Olimpíada, Pedro Barros homenageou o músico com sua medalha de Prata. Sua música e o Skate estarão juntos para sempre.

  8. Like
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    (271)
    "N`um vou nem falar nada"!!
    Segundo longa-metragem de Pasolini, "Mamma Roma", de 1962, talvez seja seu trabalho mais acessível. Muito difícil não gostar da história de uma mãe que tenta dar o melhor para o filho, principalmente quando a figura da mãe é interpretada de um jeito tão escadaloso, emocional, e grandioso, como Anna Magnani aqui o faz. Uma interpretação maravilhosa, por certo, mas num papel que ela estava acostumada a fazer, em sua bela carreira. Particularmente, adoro ela em "Vidas em Fuga", de 1960, do Sidney Lumet.
    Voltando ao clássico neorrealista, a paisagem principal é um amplo bairro na periferia de Roma, que, é dito em certo momento, foi construído para os trabalhadores na época de Mussolini. Campinho de futebol, muitos terrenos baldios, matagais, um ar de cidade pequena...Me identifico com isso, por também ter sido criado em um bairro muito afastado. E também havia em meu bairro a menina com quem os carinhas começaram cedo suas iniciações sexuais, sendo que ela era desprezada também pelas outras meninas, e, da mesma forma que no filme, era considerada um perigo por todas as mães (com medo de uma gravidez, um desvio de rota para os seus filhos). O filme acaba que é sobre isso: São as histórias de vida se repetindo, o perigo da repetição dos destinos. Amei relembrar a ambiguidade sobre quem é o pai do garoto, cujo personagem recebeu o mesmo nome do ator, Ettore Garafolo, em seu primeiro papel, resgatado de uma cantina onde trabalhava como garçom, cantina que Pasolini frequentava. Que legal então fazer a cena com o personagem trabalhando como tal em seu primeiro emprego.
    O final do filme talvez se desvie um pouco do tom da narrativa. Mesmo assim, um filme que verdadeiramente marca as pessoas, e que é uma bela entrada para o cinema do diretor.
    Os sustos virão mais à frente.

  9. Like
    SergioB. reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    The Green Knight é uma curiosa adaptação de um conto arturiano tão estranho quanto envolvente por causa dessa mesma estranheza. É uma fábula sombria com fotografia linda onde a atmosfera e o climão gerado falam mais alto que os diálogos e a ação. As interpretações do elenco estelar estão ok, com destaque pro Dev Patel, e a pegada é meio de filme independente, porque o filme tem umas quedas de ritmo nervosas. Resumindo, é um filme medieval diferente, um Senhor dos Aneis mais alternativo e pode que não seja do agrado geral. É 8 ou 80 e por isso dou apenas 8.kkkkkk 8-10


     
    The Boy Behind the Door é um bom thriller indie de horror sobre sequestro que parece ser uma versão sinistra de Esqueceram de Mim, onde o ponto positivo é judiar e judiar mesmo dos dois moleques sequestrados, algo que Hollywood geralmente edulcora ou prefere não mostrar. Tem outra pegada interessante ao esconder o rosto do vilão (ótimo!) por movimentos de câmera, apenas pra revelá-lo em tom de surpresa em relação a outra minoria mimizenta hollywoodiana. O filme é bem filmado e te prende desde o primeiro momento. Só achei o moleque negrinho fraco em relacão ao outro, infinitamente superior. 8-10

  10. Like
    SergioB. got a reaction from Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    (266)
    Leão de Ouro em Veneza, em 1994, "Vive l`Amour" era apenas o segundo longa-metragem do malaio Tsai Ming-liang. Ganhou o prêmio pelos últimos vinte minutos. Não que o filme antes disso fosse ruim, mas os vinte minutos finais desse filme são um es-cu-la-cho! Caramba! Os deuses do cinema, em silêncio, agradecem!
    Três jovens; uma abdicada mulher corretora de imóveis; um tímido e solitário vendedor de jazigos; e um sedutor camelô que não quer nada com a vida; vão partilhar um mesmo apartamento em Taiwan, sem que isso signifique que estão juntos, que estão vivendo juntos, que são os proprietários, que se amam, que são amigos. Ou que se falem! Aliás, a primeira fala do filme aparece no minuto 23. E mesmo assim serão poucas. O filme é silencioso, solitário, introspectivo, doente da cabeça, doente da alma, como seus personagens.
    A metrópole contemporânea exige do jovem: Consumo, amor, sucesso profissional. Tsai está sempre mostrando o fracasso humano diante dessas metas urbanas. Aqui, era o princípio de sua carreira. Não tem chuva. Mas já há uma cena de torneira vazando, escadas, uma banheira, uma geladeira pobrinha. E há uma melancia suculenta, também, ora veja, vocês podem imaginar...(O singular "O Sabor da Melancia" é de 2005, anoto). O prédio onde há o apartamento em questão não está deteriorado como nas obras seguintes do diretor ("Eu Não Quero Dormir Sozinho", "O Buraco", etc) pelo contrário, é um apartamento que os três não podem ter. Então, se não podem tê-lo, eles o usam como abrigo. Para uma tentativa de suicídio. Para sexo casual. Para vazias masturbações. 
    Ou para uma masturbação e um sexo casual, juntos. E separados. 
    Brilhante é pouco!
    Meu ranking Tsai Ming-liang se atualiza:
    1) "Adeus, Dragon Inn";
    2) "Rebeldes do Deus Néon";
    3) "O Sabor da Melancia";
    4) "Cães Errantes";
    5) "Vive L`Amour";
    6) "O Rio"
    7) "Eu não Quero Dormir Sozinho"
    8 ) "O Buraco"
    9) "Que Horas são aí?"
    10) "Madame Butterfly"

  11. Like
    SergioB. reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Tempo é uma fantasia de horror bacana que te prende mesmo desde o início, se torna agoniante até seus 2/3 onde ta tudo indo muito bem. Mas daí vêm logo aquele final ou desfecho estilo Scooby-Doo e joga pá de cal onde nem deveria jogar... parece que ali ele quebrou toda tensão e intriga que construiu até então, ao tentar explicar tin-tin por tin-tin o que se viu. Não precisava disso. Bem ambientado, com planos sequências bem bolados, gore comedido e muito boa maquiagem de envelhecimento. As atuações estão ok, com destaque pro elenco mirim. Creio que o tempo de duração também prejudicou, tentando extrair até o sabugo da unha da boa premissa que não dava muito mais o que tirar, tipo um episodio estendido de Além da Imaginação. Creio que num curta de uma hora funcionaria bem melhor, mas o filme deixa-se ver de boa apesar desses poréns. Ainda assim, é um filme do Shy superior aos seus últimos trampos, principalmente ao ruinzinho Vidro. 8-10

     
    Al Morir la Matinée é uma deliciosa homenagem ao horror gialo oitentista que tem sua procedência o Uruguay e não a Gringolândia! Este indie latino foi a grata surpresa porque é uma ode ao cinema e aos grandes mestres do suspense, onde não faltam referencias visuais a Hitchcock, De Palma, Fulci, Carpenter, etc.. percebe-se o amor do diretor ao gênero. A premissa se passa toda num cinema tipo o gostoso Matinê, do Joe Dante, mas aqui é uma versão slasher desse filme. As atuações estao corretas, mas não precisa mais. E as mortes são todas criativas, atente pro cara que morre degolado fumando com fumaça saindo pelo corte!? Genial! O tempo enxuto e a direção de arte avermelhada não poupa homenagens a Argento. Acho que só faltou um pouco mais de putaria porque as uruguaias do filme são uma belezura só mas aí seria pedir demais. Grata boa surpresa da semana, um filme que não dava nada que ja valeu a bizoiada. Atente pro filme dentro do filme e as boas sacadas visuais entre ambos. 9-10

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    SergioB. got a reaction from Big One in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    (263)
    "A Faca na Água" é a estreia de Roman Polanski em longas-metragens, e já chamou a atenção mundial com o Prêmio da Crítica em Veneza, e uma posterior indicação da Polônia ao Oscar de Filme Estrangeiro, dois anos depois, em 1964 (perdendo para "8 1/2"). 
    O ambiente de uma embarcação a vela, três personagens, e uma constante tensão. Fora esse título misterioso que faz muito pelo filme.
    Gosto particularmente do final, principalmente da fala da mulher. Fica evidenciado que a disputa entre os dois homens é uma disputa maior: entre a juventude e a maturidade, entre aquele que ainda está construindo e aquele que já construiu, entre a força e o declínio, entre o saber e a vontade. Uma disputa egoíca masculina, mas que ela como mulher aproveita. Não quer de novo a realidade de um quarto cheio de estudantes, "um quer dormir, outro quer estudar", quer distância dessa época, quer o luxo, a aventura, contudo o corpo quer o seu igual, a sua semelhante época.
    Sempre esteve no meu top 5 do diretor. Vamos ver até quando, dada a sua prolífica carreira.

  13. Like
    SergioB. reacted to Gust84 in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Não vi nenhuma das  versões cinematográficas, mas é um dos melhores livros que li. 
  14. Like
    SergioB. reacted to Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Não havia me atentado que Volonte foi o ator principal dos dois ganhadores da Palma. Isto porque, para mim, sua interpretação máxima é em "Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita"
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    SergioB. got a reaction from Big One in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    (256)
    Retomo o cinema. Cinema mesmo. Alain Resnais. Seu terceiro longa, "Muriel", de 1963, que, em verdade, completa a sua série sobre rememoração amorosa iniciada com "Hiroshima, Meu Amor", e seguida por "O Ano Passado em Marienbad". 
    "Muriel" é um filme muito difícil, assentado em uma ideia muito simples: Um reencontro amoroso. Uma mulher viúva (com problemas com o jogo, endividada), que faz de sua casa um antiquário, convida um antigo amor de juventude a ir visitá-la. A ela, que mora com seu afilhado, um cara muito fechado em si, preso às sombras de seu passado militar na Argélia, onde, vamos depois descobrir, participou da tortura de uma jovem chamada Muriel. Muriel é então uma ausência, que está sempre presente. O rapaz, a certa altura, se bem entendi (pois vi em francês), diz que sua atual namorada se chama Muriel. Muriel é um símbolo do passado de guerra, de um passado que não reconhece seu lugar. Por sua vez, o antigo amor da protagonista, hoje é um velho de cabelos brancos, que afirma ter participado inconvincentemente do conflito na Argélia também. Chega para reencontrar o ex-amor com sua "sobrinha", uma linda jovem, que tenta seduzir o afilhado. Está formado o quiprocó.
    O que poderia ser um filme de reencontro amoroso, ou de formação de novos pares, facilmente palatável, romântico, novelístico, é completamente subvertido pelo neoformalismo do diretor. Recusa-se o fácil. A montagem é extrema, uma microcena atrás de outra microcena. A câmera pousa sobre os objetos, meio sem razão. Quando imaginamos que o filme passará em alguns dias, a ação trespassa em meses! 
    Lembrando a reconstrução pós-guerra de "Hiroshima, Meu Amor", em vários momentos do filme os personagens comentam sobre a destruição da sua cidade porturária da Normandia, locus do filme. Lembram como a cidade ficou destruída, arruinada, inclusive o apartamento. Bem como em certo momento do filme, o afilhado, de pretensão cineasta, passará um filmete com imagens de destruição em outra guerra, a que lhe tocou, na Argélia. Os amantes originários, de outro lado, discutem várias vezes por que razão ficaram separados durante a Segunda Guerra Mundial, por que não tentaram se ver, a carta que não chegou, como o passado lhes foi cruel, etc...
    É um filme com várias ideias poderosas, em que sua escolha estética, neoformal, tem a tarefa de controlar o romantismo, a pieguice, a emoção. 
    Um filme que foi destroçado pela crítica da época, e que foi muito mal de bilheteria. Mas que envelheceu muito bem. Faz-se moderno até hoje.

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    SergioB. reacted to Big One in Duna (⊃∪∩⪽ dir. Denis Villeneuve)   
    Fraco e sem inspiração. 
  17. Thanks
    SergioB. got a reaction from Big One in Tokyo2020: Previsões de Medalhas brasileiras   
    Quantos domingos escrevendo sobre o Time Brasil, desde fevereiro de 2019? Comecei prevendo 25 medalhas, e um 16º lugar no Quadro Geral, e terminei mais pessimista, apenas 17 conquistas, e um médio 15º lugar. Como é bom estar errado! Hoje, no encerramento dos Jogos, comemoramos o recorde total de 21 medalhas, e um histórico 12º lugar no Quadro, a pouco, a nada, do sonhado TOP 10. Fomos também o 12º com mais medalhas; o segundo país a melhorar a campanha feita em casa imediatamente após ser sede; e medalhamos em 13 esportes diferentes (Nem os Países Baixos conseguiram isso!)
    Sempre encaro com reticências opiniões um tanto utópicas, muito fáceis, muito imediatas, de que o Brasil só vai melhorar esportivamente quando tivermos "os esportes na escola". Como teríamos Hipismo Adestramento na escola pública? Canoagem Slalom na escola pública? Remo na escola pública? Não temos professor de matemática nas escolas, quanto mais uma piscina para polo aquático! Encaro esse argumento, repito, como utopia cega, um "fala-fácil" infantil, e descrente de como as pessoas não conhecem de fato a situação real do espaço físico dos nossos colégios. O fato é que o Brasil melhora seu desempenho a cada Jogos Olímpicos, com uma política cheia de defeitos, cheia de desperdício de recursos, cheia de idas e vindas, baseada em clubes de formação, e projetos sociais esporádicos, mas...Estamos progredindo!
    Fico feliz de ter acertado o Pedro Barros com a Prata? Não, não fico. Queria muito ele com o Ouro. Fico mais feliz de ter percebido e escrito sobre o Danielzinho na Maratona, que passou metade da prova de ontem na liderança! Fico contente de ter escrito sobre o Fernando Scheffer nos 200m, ou sobre o Marlon Zanotelli no hipismo (e seu percurso limpo, na final), mas fico mais feliz ainda com a incrível surpresa da dupla feminina no tênis, que me fez dar pulos de alegria de madrugada! Jamais cogitei, jamais cogitaria. Arrependo-me de ter desprezado o talento de Ana Marcela, na Maratona Aquática. Foi deliberado desprezo. Calou a minha boca! Que bom! Deveria ter olhado o time de futebol masculino com mais carinho, sem dar tanta importância ao propagado domínio europeu.
    Quase chorei com a Rebeca Andrade! Que angústia passei nesses dois anos acompanhando sua recuperação, suas notas, suas provas...O dia que o Brasil ficou sem a classificação por equipe foi o mais triste para mim. Sempre acreditei no potencial dela como medalhista no Individual Geral! Aí está! O mundo inteiro falou de nossa ginasta da periferia, irmã de 7, filha de mãe empregada doméstica. Há talento em todo canto. Basta darmos chances, mais chances, às pessoas.
    Encerro este tópico, pensando em Paris 2024. Pensando nos atletas brasileiros em Paris. Pensando em mim em Paris.

     

     
     
  18. Sad
    SergioB. reacted to Gust84 in Tokyo2020: Previsões de Medalhas brasileiras   
    Tomar no cu esse vôlei
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    SergioB. got a reaction from Big One in Tokyo2020: Previsões de Medalhas brasileiras   
    Eu virei um zumbi! Só olheiras e cansaço! Alterno momentos de tristeza e de alegria; totalmente bipolar. Tristeza pelo Hugo Calderano, alegria pelo Kelvin Hoefler (nunca o imaginei com a Prata, só com o bronze). Olimpíada é muito intenso! Acontece muita coisa! Estou assistindo a tudo que posso. Completamente pistola com o favorecimento aos japoneses em vários esportes. Uma coisa é roubar da China e dos Estados Unidos, mas do Brasil? A gente já ganha tão poucas...Essa do Medina me deixou adoecido!
    Mas hoje foi um dos dias mais felizes com a Prata histórica da Rebeca! Que medalha bonita! Dava a ela o Bronze, pois não contava com a desistência da Biles.
    Errei concretamente duas projeções, a Pâmela do Skate (machucada; como saberíamos?) e o Nory na Barra Fixa, que saiu precocemente ( o pior é que pelas notas do pessoal, ele tinha tudo para ser Bronze mesmo). Estou putíssimo com a seleção masculina de Vôlei, com esse desempenho irreconhecível. E a dupla da Vela, infelizmente, não será Ouro, embora ainda tenham chance de medalha (estão em quinto). 
    Fui ao céu com a medalha do Fernando Scheffer da natação! Passei os anos de 2019 e 2020 escrevendo que ele tinha chance de medalha! Ai está. Também elogiei o Daniel Cargnin, do Judô, falando que ele era o melhor judoca do Brasil, que ele tinha chances...Nunca foram surpresas para mim.
    Esperava mais do goleiro do seu Athlético-PR, heim??!!
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    SergioB. reacted to Gust84 in Tokyo2020: Previsões de Medalhas brasileiras   
    @SergioB.
    E aí?
    Como que estão suas projeções?
    Muito pistola com o kanoa?
  21. Like
    SergioB. reacted to Jorge Soto in Tokyo2020: Previsões de Medalhas brasileiras   
    😅
     
  22. Like
    SergioB. got a reaction from Big One in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Por motivos de, JOGOS OLÍMPICOS DE TÓQUIO, vou dar um tempo no cinema, pelas próximas semanas!
     

  23. Like
    SergioB. got a reaction from Big One in Tokyo2020: Previsões de Medalhas brasileiras   
    Jornalista brasileiro tem medo da notícia, nunca vi. Não é responsabilidade, é um temor. Só seguem a oficialidade!
    Noticiam que dois atletas testaram positivo dentro da vila olímpica, mas não falam qual país ou esporte. Segundo apurei logo cedo em um fórum internacional de aficcionados por olimpismo, trata-se de dois atletas e um dirigente da seleção masculina de futebol da África do Sul. Só muito mais tarde, o país africano admitiu e os jornalistas reeescreveram suas matérias. O sigilo é protetivo à delegação. Mas jornalismo pra mim é furar os bloqueios. O resto é relações públicas.
    Também extraoficialmente, parece que já estão certos os grupos do Taekwondo. A competição, por contar com poucos atletas, é sempre difícil, mas os brasileiros, pelo que eu vi, deram sorte, quanto às primeiras lutas.
    Fiquei abismado de saber que uma canoísta da Hungria, que já estava em Tóquio, recusou-se a cumprir a ordem do comitê de seu país que determinava a vacinação de toda a deleção, e abandonou os Jogos. Socorro! 
    E o Japão que em um amistoso ganhou da França no Basquete masculino, 81-75? Japão vai brilhar em vários esportes. Ficarão em terceiro lugar, no geral, na minha opinião.
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    SergioB. got a reaction from Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Acrescento que o final de "Terra Estrangeira", do Waltinho, é ipsis litteris o final desse filme.
    Palmas para Bogart, lógico. Principalmente na fala matadora sobre a consciência.
    Mas Walter Huston chutoubundas! Um dos Oscars de Coadjuvante mais merecidos da história.
  25. Like
    SergioB. reacted to Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Baal (1970) é a releitura de Volker Schlöndorff para a obra homônima de Bertolt Brecht, sua primeira peça completa.
    Quem dá vida a Baal é Rainer Werner Fassbinder, ainda jovem e acompanhado aqui de uma série de atores que fariam parte de sua trupe. Ele é uma figura um tanto ambígua, capaz de gerar as mais diversas reações nas pessoas ao redor: devoção, ojeriza, tesão. Ele é um furacão, destruindo a si mesmo e a todos que passam por seu caminho. 
    Fassbinder o interpreta quase como se estivesse refletindo sua futura persona: anárquico, narcisista, sujo e fugindo de qualquer expectativa que tenham sobre ele.
    Assim como boa parte da produção alemã da época, é uma reflexão sobre o estado incerto de um país ainda se tateando, Baal foi detestado pela esposa de Brecht, o que fez com que sumisse de circulação durante muitos anos. 
     

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