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Forum Cinema em Cena

Alexei

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Everything posted by Alexei

  1. Contatos Imediatos de Terceiro Grau em primeiro, depois 2001 - Uma Odisséia no Espaço, depois Stalker. Aí vêm os demais. Há um tópico no Cineclube em Cena sobre isso.
  2. Para quem não leu os livros, pode ter spoilers. Curti muito não, mas vai ser meio difícil explicar o porquê. Li todos os livros e, embora não ache a oitava maravilha do mundo, eu gosto bastante de Harry Potter. Não exatamente pelo universo criado, que é bastante rico, ou pelo fato de Rowling ser bastante espirituosa no seu escrever. Aprecio tudo isso, mas o mais bacana desses livros é o grande momento de transição que eles retratam: são várias crianças que, no decorrer de sete anos, se tornarão adultos. Harry Potter é um bildungsroman, uma saga de crescimento pessoal e transformação. Nada disso se vê presente nos filmes que foram feitos até agora. Todo mundo estava mais preocupado com efeitos visuais mirabolantes e com o desafio de enfiar, em duas horas de filme, tudo o que os fãs dos livros queriam ver do que com a educação emocional e moral de Harry e cia. O único filme que, ao meu ver, consegue passar realmente a idéia de mudança é O Prisioneiro de Azkaban, do também único diretor verdadeiramente inteligente que já orquestrou um filme da série, o Alfonso Cuarón. Lembro que, quando o sexto livro termina, o Harry do final é uma pessoa completamente diferente daquela que se viu nos primeiros livros. O Peter Yates não me passou essa idéia nem de longe: Harry me pareceu tão perdido quanto no início. Mas a foto tem uns momentos bons. O Bruno Delbonnel sabe um truque ou outro, embora fique meio over às vezes.
  3. Sim, sim. Esse processo é natural mesmo. Você viu, gostou, quer buscar mais na esperança de o processo continuar gratificante. Aconteceu comigo numa época que eu só queria ver os filmes do Eric Rohmer. Fiz isso para tentar entender melhor a liguagem daquele cineasta, e não para dizer "vejo Rohmer, sou foda". Esse bom tópico, que rendeu bons posts, me lembrou outra coisa: a arte ajuda no processo de individualização. Quando a gente vê filmes que gostamos, com valores estéticos ou ideológicos que pregamos ou seguimos, tendemos a buscar mais e mais, reforçando a identidade. Por isso é que, noutros tempos, o Engraxador - que era, de fato, um estrupício, mas produzia muita coisa interessante quando queria - criou um tópico que considerei uma das melhores idéias da história do Fórum CeC: "7 Filmes que me definem". Nesse tópico o Graxa convidou as pessoas para postar filmes que revelavam traços de suas próprias personalidades. Pena que ninguém deu muita importância.
  4. Passei a dar notas para filmes (meio a contragosto) quando comecei a escrever para o Multiplot!. Hoje mantenho as notas mais para criar um mapa mental do que eu achei bom, ruim ou mais ou menos em termos de cinema. Em outras palavras: uso as notas para dar um toque de padronização para uma avaliação de qualidade que, de outro modo, não teria parâmetros minimamente específicos. E o faço para mim mesmo, já que notas me parecem inúteis para outras pessoas que, decerto, terão escalas distintas de pontos. Sobre os tops, já achei esse negócio uma tremena bobagem. Hoje eu convivo bem com eles, mas continuo não dando muita bola não. Salvo o dos filmes lançados nos cinemas, que me dá um panorama da evolução ou involução do negócio. Conhecer a história do cinema, pra mim, é tão gostoso quando ver filmes.
  5. Se há algum diretor cuja filmografia eu tenha visto inteira, eu nem sei, até por não dar a menor bola pra isso. Tem realmente relevância? Não seria melhor pensar "que bacana esse filme de fulano de tal, me acrescentou muito" ao invés de "o que eu ainda não vi desse sujeito"? Não que sejam coisas excludentes, mas principalizar o segundo movimento em detrimento do primeiro me parece uma subversão de prioridades. Não estou dizendo que você faz isso, viu Thiago? Só pensando alto mesmo.
  6. Nunca vi um filme ruim do Almodóvar. Taí um sujeito extremamente talentoso, que sabe manejar uma câmera, faz um uso excepcional das cores e dirige seu elenco com maestria, além de ter uma grande cultura cinematográfica. Homenageia os diretores certos (como Max Ophüs, Douglas Sirk) nos momentos certos, sem tornar seus próprios filmes uma coleção de referências. E é muito inteligente também: não leva seus temas à boca do espectador de colherinha, fazendo aviãozinho. Ele deixa que a sensibilidade do público se expanda e encontre a dele, e todas as vezes que isso ocorreu comigo, foi um momento mágico. Em síntese: é dos melhores diretores de cinema em atividade. Está entre os cinco ou três melhores, provavelmente.
  7. Eu voto na opção (implícita) "nenhum, pois nada que esse sujeito faz me agrada".
  8. Até agora, disputa com Simplesmente Feliz, cabeça a cabeça, o título de melhor filme do ano nos cinemas. O que me pareceu é que o Jonathan Demme percebeu que tinha um roteiro um pouco chavão, amparado por muletas, e transcendeu seus significados. O filme vem em ondas sucessivas de alegria e de tristeza, alternadamente, e me lembrou o tempo todo como as relações humanas - familiares, principalmente - podem ser amorosas e cruéis ao mesmo tempo. Aliás, as pessoas amam e odeiam simultaneamente, como visto na relação entre Kym e Rachel. Tem um elenco de primeira e uma multiculturalidade linda, que vai muito além da mera interracialidade. Filmão.
  9. Absurdamente bonito. E eu queria muito escrever algo sobre ele, o filme merece.
  10. Quais as qualidades? Macacos me mordam! O Jailcante, certa vez, foi o mestre de cerimônias de um tópico chamado "19 dias de terror", um dos melhores em toda a história desse fórum. Nele escrevi umas coisas sobre o porquê de achar Alien um filme tão bom. Segue a transcrição, para os que tiverem a paciência necessária: "(com spoilers) Vi Alien pela primeira vez no cinema. Tinha uns 12 anos de idade, mais ou menos, e não fazia a menor idéia do que estava por vir. Nenhum filme me deu tanto medo quanto esse e duvido que algum outro o supere no futuro. Vê-lo na telona é uma experiência inesquecível. Considero Alien o filme de terror definitivo. Ele lida com o medo em vários patamares - o medo do desconhecido, o medo da impotência, o medo do redimensionamento (pois aqui o todo-poderoso e tecnologicamente avançado ser humano vira uma incubadora, e descartável!) e, é claro, o medo da morte também. Tudo nele funciona bem - a fotografia, com o amarelo doentio se mesclando com o cinza frio; a cenografia, com o bicho se camuflando no meio daqueles tubos nojentos; a edição de imagens e o elenco. No meio de tantos pontos fortes duas coisas devem ser destacadas, a edição de som (que não precisa aumentar o volume para causar sustos) e o melhor de tudo, o roteiro. Uma das coisas que mais apavora em Alien é o sentimento de inevitabilidade. A gente sabe que tudo aquilo vai acabar mal, que os tripulantes vão se ferrar, que não têm nenhuma chance contra o intruso. E isso contrasta com a relativa lentidão com que a estória se desenvolve. Nesse sentido, Alien parece um atropelamento filmado em câmera lenta e sem som. Não há muito o que fazer, apenas esperar pelo pior. O instinto de competição e de predação é inerente a quase todos os seres vivos conhecidos. Em Alien vemos o que seria o topo da atividade predatória, representada por duas espécies distintas. A primeira delas é real, o homem. O ser humano é retratado em Alien nas suas piores facetas - ganância, covardia, egoismo, crueldade. A coisa é tão podre que uma das virtudes mais nobres que nós temos, a compaixão, é utilizada para fins escusos sem nenhum escrúpulo, duas vezes - quando os tripulantes descem no planeta acreditando em uma mentira, pensando que o sinal é de socorro quando se trata de um alerta, e quando Dallas insiste em desrespeitar a regra básica da quarentena na esperança de salvar Kane. E se houver uma Ripley, uma pessoa que, em situações críticas, acertadamente pensa na coletividade em detrimento da individualidade, um andróide dá conta do problema. Programado pelo homem para agir assim, é claro. E do outro lado do ringue o que temos? Uma espécie ficcional, o próprio alien. Uma criatura que, para nascer, tem que necessariamente matar (o que parece coerente, sob a perspectiva biológica; porque não eliminar a concorrência já a partir do seu nascimento?), e que não pensa em outra coisa a não ser a sua própria sobrevivência e a continuidade da espécie. Seus impulsos não sofrem desvios em momento algum e seus objetivos - dilemas morais à parte - são totalmente justificáveis. O alien não escolhe quem mata nem tem propósitos prejudiciais aos seus semelhantes. Sua agressividade existe para garantir o sucesso no cumprimento de sua tarefa. Quem é o monstro aqui?" Bons tempos aqueles. Quem viveu, sabe.
  11. Sim, tudo. Qual história não é distorcida? Quer dizer que todas as histórias são distorcidas, é isso? Com base em que você faz tal afirmação? Diga-me, por gentileza, o que você andou lendo ou assistindo, para que eu possa conhecer seus parâmetros. O que eu acho interessante? As entrevistas me despertam algum interesse, ainda que não sejam, como já disse, algo relevante na história das dinâmicas de poder nos EUA. Não merecem nem uma nota de rodapé num compêndio, por mais fajuto que este seja. O que ficou idiota? Vamos deixar o realizador - ou melhor, o culpado pelo filme, responder: "Acho que (o desafio maior foi) traduzir todas as formas dessa história, não só as entrevistas, para que elas também pudessem entreter e atrair a atenção. Coisas como os bastidores, o que aconteceu no hotel, em Hollywood, nos escritórios, na casa de Nixon, e entender a história como um todo, tratando-a como uma espécie de thriller." Tem até contagem regressiva. Uau! É um parvo mesmo esse Ron Howard.
  12. Foi pelo que o Sunderhus falou, Foras, não você.
  13. Gosto muito de ser empregado do Estado e não sinto que vivo "às custas dele", muito pelo contrário. Economicamente falando, o ganho que eu trouxe ao Estado ele nunca vai me pagar em remuneração, nem de longe, mesmo que eu trabalhasse até os 100 anos. Essa é uma conta que eu já fiz, inclusive. Não é mera especulação não.
  14. Não sei se fui eu o responsável, ainda que involuntariamente. Minha intenção era tratar de duas coisas: da minha discordância do Foras quando ele diz que minha falta de intimidade com o resto do pessoal do cCc pode ter influenciado decisivamente no meu afastamento e, principalmente, da beleza do post do Scofa, que poderia ser reduzido a uma única frase: "o Foras de hoje não é o Foras de outrora e eu sinto falta do amigo que perdi". Foi bonito porque, embora até tenha uma ou outra teoria, o cerne desse post é sobre sentimento. Teorias, julgamentos, qualquer um pode refutar, contra-argumentar, o escambau, mas sentimento não. Por isso é que o meu maior motivo para sair do cCc foi o mais legítimo possível: eu não me sentia mais bem lá. E saí quietinho, desejando boa sorte a todos e tal. Quaisquer outras acusações de que eu teria sido imaturo, precipitado ou sei lá o que mais, com a minha conduta de encerramento da conta enfraquecem diante do fato de que ninguém é obrigado a se manter vinculado a algo que lhe dá desprazer. Manter uma conta num lugar onde eu não tinha mais o desejo de ler ou de ser lido seria uma tolice, um rompimento com um pé atrás, e eu não funciono bem desse jeito. Achei ótimo quando li em algum lugar aqui, não sei se foi do bátima ou do thiago, que o cCc está bombando, cheio de discussões sobre cinema. Isso é ótimo mesmo. Eu também fiquei feliz em voltar aqui, tanto que na primeira semana, devo ter postado umas oito ou dez vezes. Felizes ficamos todos nós, portanto. Mesmo assim, como ainda detectei muito mal-estar com o assunto, com afirmações sem destinatários especificados, como não sei se eram pra mim ou não, convido todos os que se sentiram lesados, traídos, decepcionados etc. comigo a me esculhambar ou apenas desabafar, via MP ou outra forma que acharem conveniente, se ainda houver interesse no assunto. Se não for esse o caso, então vamos todos gastar nossas energias no Filmes em Geral e no Em Cartaz nos Cinemas, que estão cheios de tópicos ávidos por novas postagens.
  15. Como acabei sendo citado na entrevista, achei melhor passar aqui só pra comentar algumas coisas. O fato de eu ter achado esse post do Scofield muito bem estruturado, bonito de se ver, aponta que as razões do encerramento da minha participação no cCc não têm muito a ver com um possível distanciamento meu em relação aos demais integrantes, por isso é que eu discordo da conclusão do Foras acerca desse episódio. Posso contar nos dedos quando falei com o Scofa pelo MSN (e foi há muito tempo), o que não me impede de apreciar e me identificar com o que ele escreveu aqui, tanto em forma quanto em conteúdo. Assim como também não me impede de refutá-lo no futuro, caso eu venha a discordar dele. Entrando agora no conteúdo do post, as conclusões contidas nele batem bastante com as minhas próprias, embora as razões da minha saída do cCc não tenham relação com o comportamento do Foras lá ou em qualquer outro lugar. Quando o que mais importa é quem escreve, e não o que se escreve, o ambiente de troca de idéias está morto, objetivamente falando. Pode ter uma outra serventia, até de acordo com a concepção de cada um acerca do propósito de um fórum de internet, mas para o intercâmbio de idéias e sentimentos, não presta mais. Minha amizade com a maior parte do pessoal do cCc, se é que ainda há reciprocidade, independe dessa avaliação e convive harmoniosamente com ela, inclusive.
  16. A estória propriamente dita, que envolve a tal entidade maligna lá, é bem tola e mal resolvida no final. Mas o filme tem uma idéia tremendamente interessante, a de que a humanidade se cerca de confortos materiais, de afazeres cotidianos etc., pra não perceber o que é imaterial, que está além da nossa compreensão e do nosso controle. Isso eu achei fascinante, embora esteja meio nas entrelinhas. Tem uma frase, no entanto, que explicita melhor esse conteúdo. É quando a protagonista (aliás, a atriz é linda mesmo) diz algo do tipo "o mundo nunca foi seguro; nós é que queremos que ele seja assim".
  17. Eu nem precisava escrever esse trambolho todo, pois vocês já tinham chegado a uma conclusão similar, e com muito menos palavras! Hahaha Alexei2009-03-17 18:07:00
  18. Como o gago, acho que há uma certa concordância quanto à afirmativa de que a direção tende a importar mais que o roteiro no resultado final do filme. Mas são tantos os fatores que interferem no processo de feitura de um filme que tenho minhas dúvidas se essa afirmação pode ser tida como regra geral. Aliás, vejo com reservas essas regras reducionistas. Só não concordo quando dizem que a qualidade do roteiro não importa. Aí já é um pouco demais, não é não?
  19. Valeu, Gago. Filmes bons a gente gosta mais à medida que o tempo passa, como acontece com Coraline.
  20. Tinha tanta coisa a dizer sobre esse filme, mais do que no meu primeiro post, que resolvi colar aqui uma resenha mais elaborada que fiz originalmente para o Multiplot!. Não tem spoilers. Coraline e o Mundo Secreto (Henry Selick, 2009)<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><?:NAMESPACE PREFIX = O /><?:NAMESPACE PREFIX = O /> Quando Coraline – e não Caroline, como ela faz questão de frisar – se muda com seus pais para um apartamento novo numa antiga casa vitoriana, ela parece ter todos os problemas do mundo. Seus amigos ficaram na antiga cidade onde morava e, aparentemente, ela não tem mais ninguém com quem brincar; seus pais escrevem livros sobre jardinagem, mas não suportam a idéia de pôr a mão na massa e a proíbem de fazer qualquer coisa que envolva sujar ou desarrumar algo; seus novos vizinhos são completamente malucos – um acrobata excêntrico e duas irmãs, artistas aposentadas que guardam caramelos por décadas e empalham seus terriers escoceses após sua morte, expondo-os na parede; até o apartamento é velho e feio, sem falar na cor das paredes externas da casa, que são de um rosa um tanto esquisito. Mas nem tudo está perdido. Coraline conhece um garoto estranho mas simpático, chamado Wybie, que é neto da proprietária do apartamento e tem um gato de rua sem nome. Mais tarde, ao explorar uma portinhola escondida com papel de parede na sala de estar, ela descobre um mundo novo ao final do túnel que existe lá, e nele seus Outros Pais a encorajam a brincar e sabem, de fato, cuidar do jardim, além de cozinhar tudo o que ela gosta de comer. Neste mundo a casa é bonita, o acrobata tem um circo de ratos que é uma verdadeira maravilha e as velhas senhoras excêntricas continuam atléticas e se apresentam em um número sensacional de acrobacia. Em resumo, tudo parece perfeito. Só que nesse mundo as pessoas têm botões ao invés de olhos e, para que Coraline possa usufruir dele pra sempre, sua Outra Mãe a pede que coloque botões no lugar de seus olhos também. As coisas, realmente, nem sempre são como parecem e quando Coraline recusa a oferta, ela começa a enfrentar problemas bem sérios. Em seu socorro vêm o Outro Wybie – que tem a boca fechada com um zíper – e o gato vira-lata, o único sem botões nos olhos. Coraline e o Mundo Secreto é fruto da colaboração entre o talentoso Henry Selick, de O Estranho Mundo de Jack, e Neil Gaiman, o criador da revista em quadrinhos mais premiada da história, Sandman. De um esmero artístico impressionante, a animação em stop motion se equilibra entre a doçura e o pesadelo e, não raro, mistura as duas coisas, abusando de simbolismos e linguagens cifradas. Tudo é distorcido, quase grotesco mesmo, e de uma beleza notável, exatamente como eram os contos de fadas – não aquelas versões suavizadas que líamos em livros infantis, e sim os contos originais: violentos, macabros e sem sempre felizes. Embora o diretor tenha contado com uma equipe de primeira linha para executar seu projeto – reparem na linda trilha sonora e no cuidado com a concepção visual da protagonista –, seu maior trunfo é, sem dúvida, a qualidade do material original. Neil Gaiman sabe que a fronteira entre realidade e fantasia é algo muito discutível e explora isso ao máximo, tingindo o real de surreal e vice-versa; o próprio sonho de Coraline, que periga virar um pesadelo, pode ocorrer com qualquer um de nós. Mas esta não é uma estória sobre a fantasia como válvula de escape, assim como também não é sobre velhas máximas morais ou padrões desejáveis de conduta. É sobre a coragem de uma criança e sobre o peso que pode incidir sobre suas decisões quando, finalmente, o universo ao seu redor exige que ela saia do egocentrismo que a dominou em seus primeiros anos de vida, como sempre ocorre com todas as crianças. As coisas não são belas porque são ao gosto de Coraline – como é o Outro Mundo no início do filme –, elas são belas por seus próprios atributos. Aí estão os verdadeiros botões que Coraline deve decidir se vai continuar usando ou não e é nessa singela descoberta, nesse pequeno despertar, que reside a verdadeira força do filme. 4/4
  21. Embora o filme seja um pouco melhor em concepção do que em execução, gosto muito dele. Tem seus problemas (Cate Blanchett), mas também tem grandes virtudes (Tilda Swinton). E aquela história toda da impossibilidade de se comparar vidas, assim como a justificativa para serem as pessoas criaturas mortais (o Benjamin Button chega ao final do filme daquele jeito porque seu espírito envelheceu, independentemente da idade cronológica do corpo), é a coisa mais bonita e mais inteligente que o David Fincher já colocou em seus trabalhos. Considero Benjamin Button o filme da maturidade desse diretor, aliás.
  22. Eu vi e achei muito bom. Bem editado, bem fotografado, muito bem dirigido, subversivo de maneira quase sub-reptícia. O grande barato do filme é desvincular o debate sobre os direitos dos gays de qualquer dimensão de aprovação ou encorajamento de orientação sexual nesse ou naquele sentido. É tudo uma questão de democracia, e nesse caso ou ela existe ou não existe, não há outra situação possível. Essa opção política do filme, que é brilhante, não tem nada de convencional. O Emile Hirsch detonou, mas o filme é do Sean Penn. Aliás, essa é a interpretação da vida dele, estudada mas também instintiva, o que ajudou a não se tornar mecânica. Como às vezes acontece nessas cinebiografias.
  23. Coraline e Milk. Acho até que eu tenho uma leve preferência pelo primeiro.
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