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Eu comecei a ver o último episódio e quando o personagem do Kiefer Sutherland comentou que estava se sentindo como naquela brincadeira "quente ou frio", eu desisti. Cansei desse joguinho feito pelo menino autista...
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Eu tava vendo tanta coisa de "Os Vingadores" que resolvi parar, pois são tantos spots, teasers, trailers, fotos, imagens que se eu juntasse tudo daria o filme inteiro. Quero fugir o máximo das coisas que estão divulgando para que eu esqueça de tudo até o dia 27/04.
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Eu já achei uma quase-porcaria. Gostei mais do 1º que funciona mais como um "guilty pleasure". FÚRIA DE TITÃS - 4.0/10 - Nenhum tema é intocável, nem mesmo a mitologia grega, por isso a idéia dos realizadores de "Fúria de Titãs" de criar uma história própria a partir da fonte não chega a ser ultrajante, mas a realização consegue ser. O filme se mostra descartável, pois esta continuação tem uma narrativa fraca, frágil e rasa que não consegue estabelecer um mínimo de interesse quando coloca Zeus (Liam Neeson) em perigo fazendo com seu filho semi-deus Perseus (Sam Worthington) tenha que deixar a sua vida comum para retomar a sua missão na Terra. A produção é tão pouco caprichada, tão pouco criativa e tão pouco inspirada que a sensação que se tem é que o filme foi feito com as sobras da produção anterior já que as sequências soam requentadas, sem um mínimo senso de aventura revelando a mão pesadíssima do diretor Jonathan Liebesman, como se vê na sequência de abertura que acompanha um ataque no vilarejo em que Perseu vivia em que tudo se resume a coisas atiradas já que não se vê o que se ataca, mas sem um mínimo de sutileza ou tensão, ou durante as batalhas em planos abertos que soam artificiais e burocráticas. Até mesmo os personagens soam desinteressantes já que Sam Worthington parece ter deixado o seu carisma no set do filme anterior ou até mesmo em Pandora, soando um mero fantoche para um roteiro pedestre. Se as presenças de Liam Neeson e Ralph Fienes, como Hades, conferem certa serenidade, apesar de serem constantemente sabotados por diálogos reducionistas e/ou expositivos, Bill Nighy parece que ainda não se esqueceu dos trejeitos de Davy Jones de "Piratas do Caribe", soando canastrão e enfraquecendo o apelo do seu personagem Nefesto, uma espécie de deus caído. Rosamund Pike, ótima atriz, é um mero adorno feminino em cena e o diretor se encarrega de garantir os closes em Andrômeda como se estivesse encantado pelo rosto da atriz. Edgar Ramirez surge aborrecido na figura de Ariés, o grande vilão desta continuação, o que não é necessariamente um elogio e cabe a Toby Kebbell garantir os raros momentos de humor fazendo pelo menos que Agenor, filho de Poseidon (Danny Huston), sirva de alívio cômico. Contando com péssimos efeitos especiais, "Fúria de Titãs 2" consegue desperdiçar o potencial da sequência que se passa no inferno de Tártaro e o clímax se torna frouxo já que é sustentado pela revelação de um vilão que é apenas um grande efeito especial ruim que se resume a lava, carvão, fumaça e fogo. Ou seja, a possibilidade de decepção com o filme é titânica não se justificando como continuação qualquer que seja a desculpa, mas certamente não se mostra ruim por abusar da mitologia grega já que é ruim por méritos próprios mesmo.
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Eu adoro trailer, mas não tem coisa mais revoltante do que trailer que conta demais o filme. Trailer melhor que o filme eu até tolero.
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SENTIDOS DO AMOR – 6/10 – Há de se enaltecer o esforço do diretor David Mackenzie em legitimar o frágil argumento do roteirista Kim Fupz Aakeson, às vezes com relativo sucesso com soluções econômicas e criativas, especialmente no 3º ato, mas nem sempre é possível. Há de se enaltecer os esforços de Ewan McGregor e Eva Green em construir um casal de personagens que sejam minimamente interessantes e carismáticos e, de fato, acompanhar os momentos românticos compartilhados por Michael e Susan são o ponto alto do filme, mas é uma pena que a postura e o comportamento de ambos mudem conforme a necessidade da narrativa. O título em português engana, mas “Sentidos do Amor” está mais para uma econômica ficção científica do que necessariamente um romance, é um “Ensaio Sobre a Cegueira” genérico que estabelece uma sociedade em ruínas a partir da perda dos sentidos. Inicialmente o olfato, depois o paladar, a audição e por aí afora. O contexto filosófico é explorado de maneira preguiçosa através da narração em off, a evolução da epidemia é ilustrada de maneira bastante irregular e através de algumas cenas isoladas, mas é interessante como Mackenzie consegue ilustrar este cenário apocalíptico de maneira pontual e concentrada, mas o resultado final consegue ser satisfatório. O romance acaba se estabelecendo cada vez mais como pano de fundo, mas o que se apresentou inicialmente é bom o bastante para manter o apelo do casal no decorrer da história. O grande problema fica apenas por conta de uma mudança abrupta no comportamento de Michael, como muitas outras situações que não são explicadas, que soa forçada e exagerada, mas que se justifica apenas para ter um conflito entre os dois personagens antes do clímax. É um filme fraco e com desenvolvimento bastante irregular, mas há certo esforço criativo que acaba compensando mesmo que de maneira relativa. Além do que também vale a pena dar uma conferida em Ewan McGregor e Eva Green atuando juntos já que são dois atores carismáticos e talentosos.Thiago Lucio2012-04-10 23:55:00
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SHAME – 8.5/10 – É um filme triste, melancólico e que beira o constrangimento ao abordar a vida de Brandon (Michael Fassbender), um sujeito introspectivo que tem compulsão por sexo, quase um vício que ele sustenta através de prostitutas, pornografia e/ou masturbação. A beleza deste filme do diretor e co-roteirista Steve McQueen, no entanto, é realizar a partir deste personagem um pequeno tratado sobre a solidão neste mundo contemporâneo onde as relações e os relacionamentos podem ser fugazes e/ou descartáveis, afinal Brandon é um sujeito bem-sucedido, que possui um belo apartamento (aliás, um ótimo trabalho de direção de arte que reforça a personalidade fria e impessoal do personagem e, conseqüentemente, do filme), mas que não consegue estabelecer nenhuma interação autêntica, humana e real, seja com a sua irmã Sissy (Carey Mulligan), seja com seu chefe e/ou com sua colega de trabalho (Nicole Beharie) que resolve corresponder ao seu flerte casual (interação que rende no mínimo três ótimas sequências). O personagem é inserido dentro deste contexto onde o que você tem te define (ele chega a ostentar a posse do seu apartamento como um sinal de responsabilidade), mesmo que a vida social esteja em frangalhos e a busca pelo prazer é efêmera, vazia e inconseqüente. É um filme que invade a privacidade do seu personagem e o despe para mostrar o que há de mais triste e sombrio na sua personalidade, aquilo que ele faz quando ninguém está te vendo e como isso pode ser triste. Sua irmã é outro lado da mesma moeda, mas provavelmente é uma figura até mais trágica do que ele já que não possui mais nenhuma outra ligação com o mundo, exceto o próprio Brandon que não faz a mínima intenção de estreitar os laços familiares e deixá-la invadir o seu mundo particular. E a relação dos dois é de uma beleza trágica angustiante mesmo que o filme peque na dispensável necessidade em tentar explicar o passado dos personagens. Fassbender entrega outra atuação consistente que faz a gente pensar de onde ele surgiu, como é que ninguém sabia antes da existência de um ator tão talentoso, onde ele estava se escondendo, como é que pode ter ficado tanto tempo despercebido. É um ator muito interessante, merece estar em todas mesmo e por muito tempo. Carey Mulligan é uma jovem atriz extremamente versátil e talentosa também, que não tem receio de se entregar aos seus personagens, aqui não tem pudores e ainda demonstra uma qualidade vocal deliciosa. Sai-se muitíssimo bem, como de costume, e provavelmente é uma questão de tempo para que ela encontre aquele papel que a fará estourar, ela merece um grande papel, completo, daqueles que funcionam como divisor na carreira. Eles, definitivamente, não tem do que se envergonhar.Thiago Lucio2012-04-10 21:49:28
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8° Premio de Forum CeC - Indicados
Thiago Lucio replied to Big One's topic in Premiações e Festivais de Cinema
Em que pé estamos?Thiago Lucio2012-04-09 22:21:40 -
FÚRIA DE TITÃS - 4.0/10 - Nenhum tema é intocável, nem mesmo a mitologia grega, por isso a idéia dos realizadores de "Fúria de Titãs" de criar uma história própria a partir da fonte não chega a ser ultrajante, mas a realização consegue ser. O filme se mostra descartável, pois esta continuação tem uma narrativa fraca, frágil e rasa que não consegue estabelecer um mínimo de interesse quando coloca Zeus (Liam Neeson) em perigo fazendo com seu filho semi-deus Perseus (Sam Worthington) tenha que deixar a sua vida comum para retomar a sua missão na Terra. A produção é tão pouco caprichada, tão pouco criativa e tão pouco inspirada que a sensação que se tem é que o filme foi feito com as sobras da produção anterior já que as sequências soam requentadas, sem um mínimo senso de aventura revelando a mão pesadíssima do diretor Jonathan Liebesman, como se vê na sequência de abertura que acompanha um ataque no vilarejo em que Perseu vivia em que tudo se resume a coisas atiradas já que não se vê o que se ataca, mas sem um mínimo de sutileza ou tensão, ou durante as batalhas em planos abertos que soam artificiais e burocráticas. Até mesmo os personagens soam desinteressantes já que Sam Worthington parece ter deixado o seu carisma no set do filme anterior ou até mesmo em Pandora, soando um mero fantoche para um roteiro pedestre. Se as presenças de Liam Neeson e Ralph Fienes, como Hades, conferem certa serenidade, apesar de serem constantemente sabotados por diálogos reducionistas e/ou expositivos, Bill Nighy parece que ainda não se esqueceu dos trejeitos de Davy Jones de "Piratas do Caribe", soando canastrão e enfraquecendo o apelo do seu personagem Nefesto, uma espécie de deus caído. Rosamund Pike, ótima atriz, é um mero adorno feminino em cena e o diretor se encarrega de garantir os closes em Andrômeda como se estivesse encantado pelo rosto da atriz. Edgar Ramirez surge aborrecido na figura de Ariés, o grande vilão desta continuação, o que não é necessariamente um elogio e cabe a Toby Kebbell garantir os raros momentos de humor fazendo pelo menos que Agenor, filho de Poseidon (Danny Huston), sirva de alívio cômico. Contando com péssimos efeitos especiais, "Fúria de Titãs 2" consegue desperdiçar o potencial da sequência que se passa no inferno de Tártaro e o clímax se torna frouxo já que é sustentado pela revelação de um vilão que é apenas um grande efeito especial ruim que se resume a lava, carvão, fumaça e fogo. Ou seja, a possibilidade de decepção com o filme é titânica não se justificando como continuação qualquer que seja a desculpa, mas certamente não se mostra ruim por abusar da mitologia grega já que é ruim por méritos próprios mesmo.<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Thiago Lucio2012-04-06 14:40:13
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Gostei dos 3 episódios, acho que tem uma premissa com clara inclinação dramática, mas que não soa melodramática e/ou piegas e colocar situações em diversos lugares do mundo dá uma abrangência global importante para legitimar a premissa. Ainda assim não me fisgou por completo, acho que o ator mirim é bem limitado e não sei se vou ter saco se ele realmente permanecer calado a série toda. Estou acompanhando... Thiago Lucio2012-04-02 20:43:23
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Eu gostei do 5º episódio, provavelmente o melhor depois do piloto, mas infelizmente a série até aqui está andando em círculos na abordagem da premissa, da narrativa principal. Estão esgotando a idéia sem sair do lugar.
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CASA COMIGO? - 7.5/10 - Trata-se de uma simpática comédia romântica que funciona melhor do que a encomenda graças à competência da Amy Adams em sustentar uma personagem com doçura e bom humor, mesmo quando tinha tudo para ela se tornar chata e aborrecida, além é claro da sua química com Matthew Goode que funciona perfeitamente e é essencial para nos simpatizarmos com o simpático casal. Anna (Adams) é uma decoradora de interiores que resolve fazer uma surpresa para o seu namorado durante uma viagem de trabalho dele à Irlanda, pedindo-o em casamento no dia 29 de fevereiro, como é permitido em uma lendária superstição do país. Encontrando uma série de contratempos pelo caminho, um deles se chamará Declan (Goode) que se encarrega de levá-la até o seu destino, mas sabemos muito bem o que irá acontecer. Os roteiristas Deborah Kaplan e Harry Elfont forçam a mão cada vez mais para impedir que o inapropriado casal chegue ao seu destino, logo a narrativa fica presa inicialmente a situações ocasionais para na medida do impossível se amarrar quase que desesperadamente a qualquer desculpa que surgir no caminho, inclusive trens sem hora pra passar ou moradores que só aceitam hóspedes casados. Ainda assim, o diretor Anand Tucker consegue extrair boas soluções cômicas e explorar o timming da comédia do jovem casal de atores, o que torna tudo mais carismático para uma receita pra lá de conhecida, mas que graças a estes 2 ingredientes em especial ainda consegue se tornar agradável. E a Amy Adams é linda demais, que maravilha !!!!
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Nem com muita boa vontade consigo gostar de "O Terminal", medíocre para os padrões do Spielberg junto com "Hook" e "O Mundo Perdido".Thiago Lucio2012-04-01 21:02:31
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A INQUILINA - 2.5/10 - Este filme dirigido por Antti Jokien e co-roteirizado pelo mesmo ao lado de Robert Orr possui a sutileza de um mamute. Jovem médica (Hilary Swank) decide alugar um novo apartamento para morar em Nova Iorque após o fim de seu relacionamento com o amor da sua vida (Lee Pace) e acaba se envolvendo com o proprietário do seu novo lar (Jeffrey Dean Morgan). A sutileza é tamanhã que bastam uns 2, 3 minutos de filme para que você já entenda quais são as verdadeiras intenções do senhorio já que a aproximação e o flerte que são estabelecidos entre ele e a inquilina são tão artificiais que nem mesmo em um romance clichê e piegas se mostrariam tão inconvenientes. E se não bastasse isso, os 2 roteiristas acharam-se os seres mais espertos do universos ao simplesmente a partir de um determinado evento recontar o mesmo filme que estávamos vendo até então sob uma perspectiva diferente que nada mais é do que escancarar tudo aquilo que não souberam sugerir até então. A partir daí o filme que já se mostrava fraco vai se tornando cada vez pior, pois se Swank ainda tentava inutilmente conferir certa sensibilidade emocional à personagem (e ela só consegue em uma cena que o choque é compartilhado apenas pela carga emocional demonstrada pela atriz em uma determinada passagem), ela acaba se tornando tão estúpida diante da sua ingenuidade que as ações acabam se equiparando ao seu nível de inteligência em uma sucessão de sequências genéricas e burocráticas com direito até ao desperdício de Christopher Lee em cena. Jeffrey Dean Morgan que já havia chamado a atenção em "Watchmen" e curiosamente havia sido um novo interesse romântica da personagem de Swank em "PS Eu Te Amo" é a representação do fracasso de "A Inquilina" como filme já que de uma escolha apropriada para um personagem que não consegue se estabelecer como ambíguo e/ou dúbio, resta a ele soar terrivelmente canastrão para soar como um sujeito repulsivo. E a tal sutileza de mamute coloca tudo a perder. Thiago Lucio2012-04-01 15:42:25
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PÂNICO NA NEVE - 5/10 - O que mais se aproveita de um típico suspense de situação é justamente o que se permite explorar de uma narrativa limitada, mesmo quando os personagens são desinteressantes. No caso, um trio de amigos decide esquiar, mas por uma destas fatalidades do destino (e/ou desculpas esfarrapadas de um roteiro mal resolvido) acabam sendo esquecidos enquanto realizavam um passeio no teleférico. Sofrendo com o frio infernal e sem a expectativa de alguma ajuda a curto prazo, eles lutam pela sobrevivência. Por mais clichê que se possa parecer, o diretor e roteirista Adam Green acaba se saindo muito mais feliz nos momentos que permite que os jovens troquem suas frustrações, medos e anseios, alavancados ainda mais diante da inóspita situação do que propriamente pelas soluções encontradas para criar eventos dentro do filme. O terror psicológico, mesmo sem oferecer nada em especial, funciona melhor do que a apelação para o "gore" que praticamente se resume a ossos quebrados e ataques de lobos famintos. A resolução fraca só confirma a falta de maiores pretensões do filme que até funciona mesmo diante de suas próprias limitações.
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O PRAZER DA SUA COMPANHIA - 4/10 - Os atores Jason Biggs e Isla Fisher são tão carismáticos que acabam sendo desperdiçados nesta comédia romântica burocrática e sem graça, embora tenha a presença dos dois. Anderson (Biggs) vê a sua namorada ter um ataque cardíaco logo após pedí-la em casamento enquanto que Katie (Fisher) recusa o pedido do então namorado por se dar conta de que ele não é o amor da sua vida. Por uma destas razões que só o roteiro de "O Prazer da Sua Companhia" poderia explicar e/ou acreditar e com uma diferença de 1 ano entre os 2 eventos, Anderson e Katie decidem morar juntos mesmo que não saibam nada um sobre o outro como uma forma de aliviar a frustração. As situações são rasas e artificiais e o humor funciona apenas ocasionalmente quando se explora a comédia besteirol, como quando Anderson ronca ou Katie finge um ataque de risos. Os amigos acabam sendo figuras genéricas e sem muita inspiração assim como os pais dos personagens centrais que se mostram mais divertidos no papel já que as atuações estão no piloto automático, desperdiçando os veteranos atores. Lá no seu 3º ato, o filme tenta se converter em uma espécie de comédia de humor negro, inclusive com a participação um pouco mais inspirada de Joe Pantoliano, o que não é suficiente para conferir sobrevida a esta comédia fadada ao esquecimento. Mais sorte da próxima vez para Biggs e Fisher.
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MARGIN CALL - O DIA ANTES DO FIM - 9/10 - Trata-se de um drama centrado na agitação de uma poderosa empresa do ramo imobiliário que acaba tendo que tomar uma difícil decisão que irá repercutir nos empregos de seus funcionários, em todos os níveis, mas especialmente no mercado, iniciando uma crise e um efeito dominó de proporções escandalosas. Partindo do recente episódio da economia norte-americana, o diretor e roteirista J. C. Chandor realiza um thriller intrigante voltado ao capital humano do negócio, as pessoas que direta ou indiretamente são responsáveis por tomar as piores decisões possíveis, mesmo quando elas se mostram as únicas opções para se tentar remediar o caos e o roteiro é brilhante ao inserir os personagens de maneira tão autêntica neste universo corporativo tão delicado quanto hierarquizado (curioso que a linguagem técnica embora de difícil visualização e entendimento não atrapalha a compreensão do caos). Os personagens, do início ao fim, parecem estar caminhando em uma corda bamba, no fio da navalha e tentam a todo custo manter a integridade, embora não seja algo necessariamente possível. O elenco é bastante homogêneo e estabelece uma intensa e perfeita sincronia, o único que talvez destoe seja justamente o canastrão Paul Bettany, mas vale destacar a eficiente participação de Zachary Quinto (também produtor do filme) e a ótima presença de Jeremy Irons que rouba a cena sempre que está nela, inclusive ambos são responsáveis por um dos melhores momentos do longa justamente quando o analista interpretado por Quinto precisa reportar a situação para o presidente da empresa, visto na pele de Irons. Um dos grandes baratos do cinema é justamente permitir que de tempos em tempos, os filmes retratem episódios marcantes da sua história recente e nos EUA isso é possível graças a indústria cinematográfica que possui já que o contexto em que a narrativa de "Margin Call" está inserida ainda custa muito caro ao país e as consequências repercutem até hoje. Um filme obrigatório que merece ser visto em uma sessão dupla com o também ótimo "A Grande Virada".
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UMA VIDA MELHOR - 8/10 - A força de sustentação deste genérico filme sobre imigração é a moral defendida pelo jardineiro e imigrante mexicano ilegal Carlos Galindo (Demián Bichir) que poderia facilmente ser levado por uma onda piegas e clichê, mas que recebe um tratamento legítimo por parte do roteiro de Eric Eason, além de um trabalho de atuação limpo, autêntico e íntegro por parte de Bichir que dignifica e alavanca o filme. A narrativa em si é uma mera desculpa para que acompanhemos os dilemas morais que são enfrentados por Carlos, inclusive na maneira que ele busca mostrar para o seu filho (José Julián, uma fraca versão latina e adolescente do Jake Gyllenhaal) que mesmo diante de uma situação ilegal, eles não podem perder a noção do que é certo e errado, mesmo que isto venha a custar a promessa de uma vida melhor. O diretor Chris Weitz demonstra maturidade para conduzir o arco dramático de pai e filho de maneira naturalista, sem grandes intervencionismos, o que se mostra uma atitude acertada, especialmente quando o filme não procura julgar seus personagens e suas atitudes. Thiago Lucio2012-03-29 20:30:35
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ME EXCITA, DROGA! - 5/10 - Este filme norueguês pode ser visto como uma comédia a partir da história de uma adolescente de 15 anos que não consegue controlar seus desejos sexuais, gasta horas e horas no tele-sexo e decide espalhar para a escola inteira de que foi cutucada pelo órgão genital do garoto que tanto gosta. Pode ser visto também como um drama que mostra as terríveis perspectivas de jovens norueguesas que vivem em uma cidade pequena e tem que se conformar com uma existência medíocre caso resolvam viver como a maioria. Essa indefinição de tom e/ou a intenção de mesclar os dois gêneros acaba prejudicando "Me Excita, Droga!", pois a roteirista e diretora Jannicke Systad Jacobsen consegue extrair poucos momentos de inspirada criatividade, intensidade e/ou bom humor, destacando-se as sequências que Alma (Helene Bergsholm) fantasia situações favoráveis a ela, ora românticas, ora cômicas, como quando seu chefe dança para ela em meio ao expediente. Helene é um colírio aos olhos, mas é uma jovem atriz bastante limitada, sendo que sua companheira de cena Jon Bleiklie que intepreta sua melhor amiga melancólica acaba tornando sua personagem bem mais intrigante. Os conflitos dramáticos são resolvidos de maneira simplista, inclusive aqueles que envolvem mãe e filha (não tem como não achar engraçado que a mãe tenha se apaixonado por um plantador de nabo... rs) e o filme acaba sendo mais uma opção curiosa de uma cinematografia de nacionalidade pouco conhecida do que necessariamente um filme bom e/ou digno de nota.
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JOGOS VORAZES - 6.5/10 - É um filme com altos e baixos, virtudes e defeitos, algumas boas idéias sendo bem exploradas, outras nem tanto, algumas idéias não tão boas assim, enfim, o filme quando é bom nunca consegue ser bom o bastante, mas quando fica ruim não chega a ser um desperdício de tempo. Em um futuro não muito distante, a Capital convoca um jovem casal de cada um dos 12 Distritos que formam a Nação para a disputa dos tais jogos vorazes que consiste na batalha entre eles e na vitória de apenas um como forma de simbolizar que a sociedade nunca deve esquecer os motivos pelos quais no passado esse mesmo país entrou em ruínas e teve que ser reerguido. Os representantes do Distrito 12 são: a voluntária Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), que decide se oferecer no lugar da irmã e personagem central do filme, e o jovem Peeta Mellark (Josh Hutcherson, discreto e eficiente), futuro interesse romântico da mesma. A narrativa, a princípio, é construída através de uma estrutura que realça o aspecto "reality show" dos jogos, o que não deixa de ser decepcionante já que as apresentações dos outros participantes assim como os treinamentos são bem desinteressantes. Ainda assim, torna-se capaz de simpatizarmos com o casal central, além de conhecermos algumas figuras que chamam a atenção, como Haymitch Abernathy (Woody Harrelson), um ex-vencedor da competição, e até mesmo o figurinista Cinna (o cantor Lenny Kravitz, carismático e com boa presença de cena). A partir do momento que a competição se inicia, o diretor Gary Ross encontra saídas inteligentes para criar interesse do espectador no que se vê, especialmente valorizando o senso de urgência quando opta pela câmera na mão, e aqui o envolvimento e os duelos entre os competidores, ironicamente, ganha contornos muito mais pessoais do que particularmente que visam o espetáculo e sem escorregar demais no dramalhão (em contrapartida as regras da competição mudam a esmo, o que enfraquece a disputa e torna tudo possível apenas por mero pretexto). O pano de fundo principal que é voltado à questão do Estado dominante e da rebelião popular diante de um poder ditatorial acaba sobrevivendo de alguns enfoques e momentos isolados, especialmente na participação do Presidente (Donald Sutherland) até porque a figura do Organizador dos Jogos perde muita força com mais uma atuação canastrona do Wes Bentley e sua barba desenhada. Contando com efeitos especiais que conseguem ser piores do que os que foram vistos em "Nosso Lar", o clímax até consegue manter uma certa dose de adrenalina, mas ainda assim apenas em doses homeopáticas. Como trata-se possivelmente do primeiro filme de uma série, "Jogos Vorazes" se contenta com pouco e aqui tenta se equilibrar na linha que separa um filme de potencial desperdiçado e aquele que realmente tem algo a dizer, mas se depender dos esforços da talentosa Jennifer Lawrence que carrega o filme nas costas, mesmo quando ele anda mal das pernas, o filme se justifica por si só. Thiago Lucio2012-03-28 00:07:20
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O DESPERTAR - 7/10 - Após a 1ª Guerra Mundial, Florence Cathcart (Rebecca Hall) é uma escritora cética e atéia, especializada em desvendar fenômenos paranormais criados e/ou fabricados por impostores, que é convencida pelo ex-combatente Robert Mallory (Dominic West) a investigar a morte de uma criança supostamente provocada por um fantasma em um colégio interno, o que tem gerado uma grande preocupação, especialmente para a supervisora do local (Imelda Staunton). Durante os 40 minutos iniciais, o diretor Nick Murphy segue à risca a cartilha do gênero ao menos valendo-se de sustos econômicos e do belíssimo trabalho de fotografia que ajuda a construir o clima de mistério e suspense tão necessários, mas a base de sustentação do filme é mesmo a personalidade determinada de Florence em solucionar o mistério, sendo apresentada desde o início como uma mulher esclarecida, inteligente e destemida. A atriz Rebecca Hall vem se mostrando uma das atrizes britânicas mais talentosas da nova geração, sendo que já havia chamado a atenção em produções como "O Grande Truque", "Vicky Cristina Barcelona" e "Atração Perigosa" e aqui defende sua personagem com firmeza, personalidade e sensibilidade. Sensibilidade esta que acaba sendo mais explorada a partir de um evento específico que faz com que a narrativa assuma contornos mais sobrenaturais. A princípio, roteiro e direção perdem um pouco a mão na abordagem já que o ocorrido faz recair uma mudança abrupta de postura e personalidade de Florence onde uma série de pistas passam a ser lançadas aleatoriamente apenas para que possam fazer algum sentido no clímax (que, por sinal, lembra um pouco o de "O Orfanato"). Antes de terminar, "O Despertar" ainda sente a necessidade de promover mais um pequeno "twist end" descartável, mas mesmo assim esta produção britânica merece destaque pelo conjunto da obra se comparada aos demais filmes do gênero, especialmente os americanos. Thiago Lucio2012-03-26 22:22:06
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TOP 2011<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> CINCO ESTRELAS CISNE NEGRO – 10 SUPER 8 – 9.5 RANGO – 9.5 CÓPIA FIEL – 9.5 A PELE QUE HABITO – 9.5 QUATRO ESTRELAS O PALHAÇO – 9.0 TUDO PELO PODER – 9.0 <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />EM UM MUNDO MELHOR – 8.5 O HOMEM DO FUTURO – 8.5 X-MEN: PRIMEIRA CLASSE – 8.5 AMIZADE COLORIDA – 8.0 CONFIAR – 8.0 O VENCEDOR – 8.0 TRÊS ESTRELAS OS AGENTES DO DESTINO – 7.5 CONTRA O TEMPO – 7.5 MISSÃO: IMPOSSÍVEL – PROTOCOLO FANTASMA – 7.5 THOR – 7.5 PÂNICO 4 – 7.5 SEM LIMITES – 7.5 NAMORADOS PARA SEMPRE – 7.5 FÚRIA SOBRE RODAS – 7.5 HANNA – 7.5 PASSE LIVRE – 7.5 127 HORAS – 7.5 A MINHA VERSÃO DO AMOR – 7.5 O PODER E A LEI – 7.5 A CONDENAÇÃO – 7.5 O DISCURSO DO REI – 7.5 ANIMAL KINGDOM – 7.5 A GRANDE VIRADA – 7.5 MEIA-NOITE EM PARIS – 7.0 ÁRVORE DA VIDA – 7.0 MELANCOLIA – 7.0 UM DIA – 7.0 AS AVENTURAS DE TINTIN – 7.0 AS COISAS IMPOSSÍVEIS DO AMOR – 7.0 SE BEBER, NÃO CASE – PARTE II – 7.0 REENCONTRANDO A FELICIDADE – 7.0 SOBRENATURAL – 7.0 CAPITÃO AMÉRICA – 7.0 PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM – 7.0 PAUL – 7.0 DESENROLA – 7.0 BRÓDER – 7.0 RIO – 7.0 ATERRORIZADA – 7.0 CAMINHO DA LIBERDADE – 7.0 BRAVURA INDÔMITA – 7.0 HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE – PARTE II – 7.0 ARMADILHA DO DESTINO – 6.5/10 BIUTIFUL – 6.5 GENTE DE SORTE – 6.5 SUA ALTEZA – 6.5 MISSÃO MADRINHA DE CASAMENTO – 6.5 UM CONTO CHINÊS – 6.5 TODA FORMA DE AMOR – 6.0 GIGANTES DE AÇO – 6.0 VIPS – 6.0 COMO VOCÊ SABE – 6.0 O CASAMENTO DO MEU EX – 6.0 UM NOVO DESPERTAR – 6.0 TAKE ME HOME TONIGHT – 6.0 DO PRADA AO NADA – 6.0 DUAS ESTRELAS ALÉM DA VIDA – 5.5 O PREÇO DO AMANHÃ – 5.5 NÃO ME ABANDONE JAMAIS – 5.5 ATAQUE AO PRÉDIO – 5.5 O BESOURO VERDE – 5.5 SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL – 5.5 ONDE O AMOR ESTÁ – 5.5 CORAÇÕES PERDIDOS – 5.5 LANTERNA VERDE – 5.5 UMA MANHÃ GLORIOSA – 5.0 COMPRAMOS UM ZOOLÓGICO – 5.0 TRANSFORMERS: O LADO OCULTO DA LUA – 5.0 PIRATAS DO CARIBE – NAVEGANDO EM ÁGUAS MISTERIOSAS – 5.0 BRUNA SURFISTINHA – 5.0 UM LUGAR QUALQUER – 5.0 O NOIVO DA MINHA MELHOR AMIGA – 5.0 QUERO MATAR MEU CHEFE – 5.0 OS ESPECIALISTAS – 5.0 COMO LOUCOS – 5.0 AMOR A TODA PROVA – 4.5 DESCONHECIDO – 4.5 COWBOYS & ALIENS – 4.5 AMOR E OUTRAS DROGAS – 4.5 REFÉNS – 4.5 ARTHUR – O MILIONÁRIO IRRESÍSTIVEL – 4.5 A ARTE DA CONQUISTA – 4.5/10 O TURISTA – 4.0 A CASA DOS SONHOS – 4.0 SEM SAÍDA – 4.0 O DILEMA – 4.0 CONTÁGIO – 4.0 UMA ESTRELA INVASÃO DO MUNDO: BATALHA EM LOS ANGELES – 3.5 SEXO SEM COMPROMISSO – 3.5 30 MINUTOS OU MENOS – 3.5 A GAROTA DA CAPA VERMELHA – 3.5 WAITING FOR FOREVER – 3.5 EU QUERIA TER SUA VIDA – 3.5 CILADA.COM – 3.5 AMANHECER – 3.5 ESPOSA DE MENTIRINHA – 3.0 DOCE VINGANÇA – 3.0 DYLAN DOG E AS CRIATURAS DA NOITE – 3.0 NÃO TENHA MEDO DO ESCURO – 2.5 LÁGRIMAS DE FELICIDADE – 2.5 EU SOU O NÚMERO 4 – 2.5 COMO GANHAR SEU CORAÇÃO – 2.0 CONAN, O BÁRBARO – 1.5 O SUSPEITO MORA AO LADO – 1.0
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O PALHAÇO - 9/10 - "O Palhaço" é a celebração do povo e da cultura popular já que através do arco dramático envolvendo o palhaço Benjamin (Selton Mello), em crise existencial, permite-se que se lance um olhar sensível e cuidadoso não apenas à vida e aos artistas, mas também aos tipos simples e humildes que surgem ao redor da vida itinerante do circo. Se em "Feliz Natal", o diretor Selton Melo realizou um drama pesado e melancólico, belíssimo, mas com certo ar de presunção e um excessivo rigor técnico que o deixou mais frio e impessoal do que deveria, aqui o próprio realiza um filme leve, sensível e preocupado apenas e somente com a captura do humor presente nas situações simples apresentadas ao longo do filme. Um trabalho de direção muito mais naturalista, mas nem por isso deixa de ser um filme exuberante tecnicamente, especialmente pela belíssima fotografia de Adrian Teijido e pela trilha sonora de Plínio Profeta que realça a personalidade mambembe da produção. Se em seu filme anterior, Selton lança seu olhar para a escuridão de um drama humano e familiar, aqui a sua câmera é generosa e busca a luz em cima de temas similares, o que demonstra uma bem-vinda versatilidade do jovem diretor. A estória contada pelo roteiro, embora forneça elementos econômicos e suficientes para construir o arco dramático com começo, meio e fim, não consegue se equiparar a força das atuações e da simplicidade enaltecida e estabelecida pela rotina incomum dos artistas circenses. Com um elenco extremamente generoso, "O Palhaço" serve para que Paulo José exiba todo o seu talento artístico como ator, mas também permite algumas outras participações igualmente marcantes, como as de Jackson Antunes, Moacyr Franco, Tonico Pereira (o meu preferido) e até mesmo Fabiana Karla e Ferrugem. Um belíssimo filme nacional em que Selton Mello, humildemente, pede passagem para ele mesmo brincar de ser Charles Chaplin. Permissão pra lá de concedida. Thiago Lucio2012-03-26 15:04:06
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UM MÉTODO PERIGOSO - 7.5/10 - Ao terminar de ver o filme, a minha vontade era de me transportar ao passado e tentar de alguma forma me aproximar das figuras de Jung e Freud para participar das discussões que eles mantinham com relação aos mais variados temas relacionados à mente e ao comportamento humano. E essa sensação acaba sendo inevitável porque o diretor David Cronemberg ao lado do roteirista Christopher Hampton conseguem realizar um verdadeiro duelo de gigantes entre estas duas personalidades da psicologia e da psicanálise, um confronto de idéias que se torna atraente justamente por ser travado por dois seres tão inteligentes e intrigantes. E o roteiro acerta ao mostrá-los como personagens fascinantes, o que pode parecer fácil já que de fato eles eram, mas a complexidade no duelo vai muito além da mera discussão de idéias, logo são apresentados como dois homens de personalidade forte, mesmo que os acompanhemos em "fotografias", ou seja, visualizando apenas momentos específicos da relação entre os dois. E os atores ajudam muito neste processo. Michael Fassbender na pele de Jung oferece uma atuação discreta, eficiente e elegante que chega a hipnotizar, pois ele ajuda a personificar a serenidade e a integridade do personagem de maneira orgânica e natural, logo os dilemas morais de Jung se tornam mais contundentes. Já Viggo Mortensem, quem diria, é um monstro na pele de Freud. Que ator incrível, parece um veterano, daqueles que você pode confiar de olhos fechados, é como se eu estivesse vendo Marlon Brando em cena tamanha a força da sua atuação, da postura, conduta, do rigor técnico e da excelência na condução do personagem, o que ajuda a compôr um personagem severo e inflexível. Vê-los atuando juntos através de 2 personagens tão fascinantes é um privilégio proporcionado pelo filme e a eficiente participação de Vincent Cassel como Otto Gross também ajuda a gerar sequências marcantes e incrementa o duelo de personagens/atuações. Em termos narrativos, o filme é um tanto quanto prejudicado pela sua irregular evolução no tempo, sempre dando saltos, muito mais para apresentar um ou outro evento que seja realmente importante dentro da proposta, mas o calcanhar de Aquiles da produção fica mesmo por conta da figura de Sabina Spielrein. Keira Knightley, logicamente, não consegue ficar à altura dos seus parceiros de cena, não que ela esteja terrivelmente ruim, pelo contrário, nota-se por parte da atriz um grande esforço para ilustrar toda a complexidade que a sua personagem carrega e exige, mas esse esforço nem sempre acaba sendo correspondido na mesma proporção pelo seu limitado talento, o que faz com que a sua atuação oscile demais ao longo do filme, especialmente em alguns momentos mais críticos, como no começo. Contudo, isso não deve ser colocado apenas na conta da atriz, o roteiro também penaliza Sabina já que ela se mantém uma incógnita mesmo ao final do filme, sendo que a sua jornada é essencial para a compreensão de parte da narrativa já que ela é uma ex-paciente que se torna amante de Jung e, de certa forma, acaba se colocando no meio da discussão entre ele e Freud e até adquirindo certo prestígio dentro da comunidade científica em que estão inseridos, o que não deixa de ser estranho já que ela é apresentada sempre de maneira claramente instável, uma bomba relógio prestes a explodir, diante da sua incapacidade de lidar com sua própria perturbação interna. De certa forma, isso acaba prejudicando o filme como um todo, o que é uma pena, mas tenho absoluta certeza que não terei problema algum em revê-lo por diversas vezes apenas para ter a oportunidade de rever meus velhos amigos: Jung e Freud.Thiago Lucio2012-03-25 23:09:02
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π (Pi) - 7.5/10 - É um filme, uma viagem um tanto quanto experimental do diretor e co-roteirista Darren Aronofsky sobre um gênio da Matemática (Sean Gullette, ótimo) que tem uma absurda obsessão pelos números e trabalha na Bolsa de Valores e que acaba sendo envolvido numa conspiração que pode lhe causar a sua própria sanidade. Belissimamente fotogrado em preto e branco e contando com os trabalhos de montagem e da crueza da trilha sonora de Clint Mansell para construir o clima paranóico do filme (e da própria condição psicológica do personagem), Aronofsky inicialmente está muito mais interessado em confundir do que explicar, logo a estranheza chama a atenção pra si já que não existe a mínima intenção de esclarecer as motivações de um personagem que crê que os mistérios da vida e do universo estão diretamente ligados à Matemática e que através dos números, tudo se explica. Quando mais bizarro, melhor. Ainda assim é possível se sensibilizar com o arco dramático do personagem, especialmente porque o maior mérito da narrativa são os questionamentos propostos e não necessariamente a maneira como são apresentados, ou seja, quando vemos 2 personagens discutindo sobre números, muito mais do que legitimar o argumento, a virtude está em ilustrar a obsessão humana em buscar explicações racionais para algo que não é possível entender até mesmo para um gênio da Matemática. Economicamente filosófico, Aronofsky consegue fazer um filme eficiente, embora irregular e confuso, no bom e mal sentido, valendo pela experiência que proporciona. Thiago Lucio2012-03-25 08:13:03
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COMPRAMOS UM ZOOLÓGICO - 5/10 - A primeira impressão ao ver os nomes do roteirista e diretor Cameron Crowe e do ator Matt Damon em “Compramos Um Zoológico” é: o que eles estão fazendo nesse filme? Depois de assisti-lo, a pergunta é: o que eles estão fazendo nesse filme? Não que eu seja contrário à versatilidade, pelo contrário, é a situação ideal para qualquer tipo de profissional, mas esta comédia dramática acaba sendo tão insonsa e inofensiva que não justifica o desafio. Damon é Benjamin Mee, um jornalista viúvo, desempregado e pai de 2 filhos, que segue um novo rumo em sua vida quando decide comprar uma nova casa e descobre que a propriedade abriga um zoológico. Desconfortável com a situação e tendo que enfrentar a desconfiança dos empregados, ele tenta adaptar os filhos a nova realidade e se colocar como um gestor respeitável de um negócio que simplesmente desconhece. O filme tenta ser uma espécie de “Marley e Eu” em que os animais fazem parte da narrativa, mas cuja estrutura também privilegia os conflitos e dramas humanos, seja do personagem central na figura de pai e/ou empreendedor, mas as situações são fracas. E quando o roteiro estabelece algum conflito importante, como o rancor entre pai e filho que rende uma bela sequência entre Damon e o jovem Colin Ford, na sequência seguinte a resolução é a mais simples possível. E o filme acaba sobrevivendo destes poucos momentos isolados, como a dinâmica apresentação dos personagens; quando Ben lamenta a morte da esposa em uma espécie de “flashback” ao vivo, num momento bem sustentado pela atuação eficiente de Damon; ou a própria sequência final. Já o diretor Cameron Crowe parece um peixe fora d água e mesmo que colabore nestas situações citadas, no mais fica difícil crer algum tipo de envolvimento mais direto e intenso dele em um filme cujo clímax se resume a uma fechadura quebrada. A pequena Maggie Elizabeth Jones acaba tendo uma atuação bem simpática, Elle Faning é uma atriz mais interessante que a Scarlett Johansson, mas as duas tem pouco a fazer em cena (o desnecessário interesse da personagem de Johansson por Ben se resume a olhares perdidos e apaixonados para sugerir algo que, na verdade, acaba se tornando escancarado e a de Fanning parece a todo momento fora do tom da proposta). Leve, bobinho, inofensivo e esquecível.