Jump to content
Forum Cinema em Cena

Deus Existe?


Deus Existe?  

  1. 1. Deus Existe?

    • Sim
      535
    • Sim, mas não como todos pensam
      57
    • Deus eu não sei, mas uma "força maior"
      40
    • Não
      327


Recommended Posts

  • Members

"É uma das coisas mais estúpidas que existe na face dessa Terra podre. Religião causa guerra. Religião bitola as pessoas. A Religião é preconceituosa. Religião causa miséria. Religião propaga a ignorância dos humanos limitados à suas ambições. A Igreja concentra terras, rouba e transforma o povo em gado. Impõe idéias arcaicas e priva as pessoas de pensarem. O Vaticano concentra bilhões de dolares em ouro, terras, propriedades em geral. A Igreja pratica a política suja. A Igreja e homofóbica, e condena quem lhes opõe a um fantasioso mundo de torturas. E quem lhes enriquecem, podem descansar em paz quando morrerem. Não estou falando só da Universal. Nem só da Católica, ou qualquer outra dessas idiotices por aí. TODA religião é igual. Países vivem em guerra por causa dela.


   Religião é uma praga que só atrai desgraça aos homens, e deixa-os desacreditados de suas vontades."

Link to comment
Share on other sites

  • Replies 6.2k
  • Created
  • Last Reply

Top Posters In This Topic

  • Members

Reflexão

Algumas perguntas devem ser feitas antes de se considerar a existência de Deus cientificamente. A mais intrigante delas é a de que é feito Deus? Pois ele tem de ser alguma coisa, não pode ser somente vácuo. E se ele é feito de alguma coisa (o que é uma condição indispensável para se existir) quando foi criado? Ou ele poderia criar-se a si mesmo? E se Ele o fez, o que havia antes disso e como a partir do nada surgiu alguma coisa?

O mais provável é que os homens tenham criado Deus, em função de seus medos e perguntas. Os primeiros homens, e mesmo os que viveram até bem pouco tempo atrás encontravam mais dúvidas que respostas aos problemas e coisas que viam. Porque chove? De onde vem a chuva? O que acontecerá após a morte?... Essas e centenas de outras perguntas assombravam a mente dos homens, que um dia, ao refletir sobre a vida chegaram provavelmente à conclusão de que tudo vive, somente que os raios, a terra, as estrelas e a lua não deveriam ser quaisquer espécie de seres vivos, mas uma extraordinária e assim como o homem podia fazer muita coisa, estes seres deveriam fazer coisas por demais estupendas e mereciam respeito e admiração.

Não tardaram a surgir os sacerdotes (os intermediários no culto aos deuses, como hoje ainda) que convenciam as pessoas de que os deuses existiam e que mereciam homenagens e louvores. afinal eram raios e nuvens, céus e estrelas existiam desde o tempo do mais antigo ancestral e existiriam após a morte do último descendente.

Seres assim eram muito práticos para os sacerdote, não apenas porque podiam tudo como porque possibilitavam a eles que pouco sabiam, fingir que conheciam tudo; era só por os deuses no meio, falando que eram eles que tinham criado ou destruído, que quiseram isto ou aquilo. Com o tempo, para ganhar mais adeptos, criaram-se deuses bons e deuses maus: os bons faziam tudo que era agradável, justo e desejável, desde que se não os irritasse, ao passo que tudo de ruim cabia aos deuses maus ou demônios.

É provável que tenha sido desta maneira que as criaturas se tenham convertido em criadoras.

Outra questão intrigante e que abona o que se escreveu acima é o fato de existirem um grande número de deuses, cada impondo suas verdades e suas leis a este ou aquele povo. Não seriam, afinal os deuses, um instrumento do conservadorismo, do "as coisas são assim porque tem de ser", uma maneira de os fracos, os débeis e os velhos se defenderem da força, da argúcia e da inteligência? De evitar que seres vigorosos se libertassem e escravizassem os fracos, que por não terem força ou saúde para guerrear ou caçar, se indignavam a rezar? Sim, as coisas talvez tenham sido assim por muito tempo e quando o homem, pelo conhecimento, ganhou poderes para se libertar, não teve, a princípio, forças para fazê-lo, pois já era medroso (ai mamãe, vou morrer e aí, o que vai ser de mim?), fraco, covarde e incapaz de agir por si mesmo, de repensar seus próprios costumes, sua própria moral.

Por falar em moral, muita gente fala que Deus é necessário para que o homem não se tornem animais, argumentando que seria o respeito por Deus que tornariam os homens virtuosos. Ora, que moral é essa que não suporta sequer a força da verdade? E seriam os dinamarqueses, uruguaios e ingleses, seres amorais por causa do grande número de ateus entre eles? Bobagem, uma coisa não tem nada a ver com a outra.

É direito do homem pensar por si mesmo e não acreditar nas coisas somente porque muita gente acha que elas existem. É tempo do Homem tornar-se senhor de si.

Link to comment
Share on other sites

  • Members

Tradução Moderna dos Dez Mandamentos

1) – “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento.”

1) – Eu sou o chefão; você é meu escravo.

2) – “Não farás para ti imagem de escultura.”

2) – Não gosto de competição. Quero mandar sozinho.

3) – “Não pronunciarás em vão o nome do Senhor, teu Deus.”

3) – Não gosto de críticas e não vou levar na esportiva.

4) – “Guardarás o dia do sábado e o santificarás.”

4) – Em um dia da semana eu sou preguiçoso, por isso você também deve ser; passe esse dia puxando meu saco.

5) – “Honra teu pai e tua mãe.”

5) – Mas não se esqueça de que vou matá-los quando estiverem velhos.

6) – “Não matarás.”

6) – A não ser que eu mande.

7) – “Não cometerás adultério.”

7) – A não ser que você tenha dinheiro para pagar o padre pela sua absolvição.

8) – “Não furtarás.”

8) – Mas seu eu tiver mandado você matá-lo, então pode pegar o que quiser.

9) – “Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.”

9) – Foi por isso que criei os advogados, assim você pode processá-lo.

10) – “Não cobiçarás a mulher de teu próximo.”

10) – Você pode ter quantas esposas quiser, menos a do próximo.

[/quote']

Já tinha visto esse quadro, que é engraçado, mas no site onde você achou (se não viu lá, viu de alguém que copiou) há uma mensagem que diz que:

O material contido nesta seção pode ser considerado injurioso àqueles que partilham de crenças religiosas. Se você considera ofensivas brincadeiras envolvendo as religiões e as crenças religiosas, encarando-as como um desrespeito, clique em retornar para ser reconduzido à página principal.

          Ao prosseguir, tenha em mente que esta é uma página de humor feita por ateus e para ateus. Aquilo que satirizamos aqui é o que consideramos engraçado no âmbito da religiosidade e das crenças religiosas, e não os indivíduos religiosos.

Link to comment
Share on other sites

  • Members

se uma pessoa se veste de anjo ou Jesus e sai na rua ela está provocando quem não acredita? vc já viu alguém dar porrada numa criatura infeliz dessa? NÃO!!!! porque nós' date=' ateus, aprendemos a lidar com quem é diferente e pensa diferente e vocês não podem sequer pensar que uma pessoa tem a liberdade de não pensar como vocês...

[/quote']

 

eu simplesmente nunca vi ninguém sair de anjo provocando ateus. Você está afirmando que se isso acontecesse, não existiria a possibilidade de algum ateu descer a porrada? Todos os ateus são pacíficos por natureza?? BWAHAHAHAHAHAH....

a parte mais cômica ainda está por vir:

porque nós, ateus, aprendemos a lidar com quem é diferente e pensa diferente

Os comunistas eram ateus e perseguiram e assassinaram subversivos durante décadas, apenas por pensarem diferente. Se eu fosse distorcer os fatos como VOCÊ FAZ, diria q os ateus são o tipo de gente mais violente que existe, baseado na truculência dos comunistas. Novamente: BWAHAHAHAHAHAHA!!!!

Para as suas provocações de "cut" and "paste", fique à vontade, eu não sou afiliado a nenhuma instituição religiosa. Eu até riria junto se estas piadas tivessem o mínimo de graça.

Seu nível de cultura e educação está obviamente abaixo da média do CeC, o que é realmente patético, ainda mais para uma pessoa de 33 anos. EU sou a favor de que deveriam exigir teste psicotécnico para que as pessoas fossem autorizadas a usar computador e postar na internet. Você já estaria eliminada na peneira.

PS: Vc é o tipo de pessoa que se beneficiaria e muito se afiliando a igreja católica. Vc deveria apostar todas as suas fichas na fé, porque lógica e intelecto definitivamente não são sua praia....

Folco Gamgee38418.7248958333
Link to comment
Share on other sites

  • Members

se uma pessoa se veste de anjo ou Jesus e sai na rua ela está provocando quem não acredita? vc já viu alguém dar porrada numa criatura infeliz dessa? NÃO!!!! porque nós' date=' ateus, aprendemos a lidar com quem é diferente e pensa diferente e vocês não podem sequer pensar que uma pessoa tem a liberdade de não pensar como vocês...

[/quote']

 

eu simplesmente nunca vi ninguém sair de anjo provocando ateus. Vc acha que se isso acontecesse, não existiria a possibilidade de algum ateu descer a porrada? Todos os ateus são pacíficos por natureza?? BWAHAHAHAHAHAH....

a parte mais cômica ainda está por vir:

porque nós, ateus, aprendemos a lidar com quem é diferente e pensa diferente

Os comunistas eram ateus e perseguiram e assassinaram subversivos durante décadas, apenas por pensarem diferente. Se eu fosse distorcer os fatos como VOCÊ FAZ, diria q os ateus são o tipo de gente mais violente que existe, baseado na truculência dos comunistas. Novamente: BWAHAHAHAHAHAHA!!!!

Para as suas provocações de "cut" and "paste", fique à vontade, eu não sou afiliado a nenhuma instituição religiosa. Eu até riria junto se estas piadas tivessem o mínimo de graça.

Seu nível de cultura e educação está obviamente abaixo da média do CeC, o que é realmente patético, ainda mais para uma pessoa de 33 anos. EU sou a favor de que deveriam exigir teste psicotécnico para que as pessoas fossem autorizadas a usar computador e postar na internet. Você já estaria eliminada na peneira.

PS: Vc é o tipo de pessoa que se beneficiaria e muito se afiliando a igreja católica. Vc deveria apostar todas as suas fichas na fé, porque lógica e intelecto definitivamente não são sua praia....

work0002.gif nem terminei de ler...

mais uma vez vocês demonstram que não tem argumentos e partem para o pessoal... típico...

 

Link to comment
Share on other sites

  • Members

work0002.gif nem terminei de ler...

mais uma vez vocês demonstram que não tem argumentos e partem para o pessoal... típico...

 

Eu aposto que vc leu até o fim, já que ataques "pessoais" estão nas últimas linhassmiley2.gif

Além disso, tudo o que vc tem feito até agora foi atacar pessoalmente, com frases do tipo "vocês não sabem respeitar opiniões diferentes", "vcs são intolerantes", etc. Caso você não saiba: VOCÊS = Segunda PESSOA no plural. Seus ataques são pessoais, e acima de tudo, infundamentados.

Folco Gamgee38418.9453703704
Link to comment
Share on other sites

Já tinha visto esse quadro' date=' que é engraçado, mas no site onde você achou (se não viu lá, viu de alguém que copiou) há uma mensagem que diz que:

O material contido nesta seção pode ser considerado injurioso àqueles que partilham de crenças religiosas. Se você considera ofensivas brincadeiras envolvendo as religiões e as crenças religiosas, encarando-as como um desrespeito, clique em retornar para ser reconduzido à página principal.

          Ao prosseguir, tenha em mente que esta é uma página de humor feita por ateus e para ateus. Aquilo que satirizamos aqui é o que consideramos engraçado no âmbito da religiosidade e das crenças religiosas, e não os indivíduos religiosos.

[/quote']

Isso ela faz questão de não responder Flavio. Ah! e por favor criança de 33 anos, você tem algum problema de vista? Diminui o tamanho da letra que você usa tá? A menos que seja também para sua irmãzinha lê viu?

PS: Que eu me lembre você disse que não entraria mais neste tópico, porque mudou de opinião? Saudades?

Nacka38419.4612615741
Link to comment
Share on other sites

  • Members

" E se ele é feito de alguma coisa (o que é uma condição indispensável para se existir) quando foi criado? Ou ele poderia criar-se a si mesmo? E se Ele o fez, o que havia antes disso e como a partir do nada surgiu alguma coisa?"

Sou ateu, mas quando vc diz isso, vc tem que se perguntar de onde viemos e como nascemos ? e o que nos criou, quem o criou ? e para ter nos criado, logo deve ter existido, e sempre existiu, cai no mesmo marasmo com relação a Deus. Nã oacredito em nenhuma religião nem mesmo em Deus, mas acho q nesse ponto vc não pode questionar os crentes.

Outra coisa, acho que a religião, quando sadia, e é essencial ao mundo. Claro, tem umas religiões q se aproveitam e tals, mas também não é pra sair por ai engolindo os que acreditam. A fé é um mal necessário tão importante quanto a mentira em nossa sociedade. E LEMBRANDO : NÃO HÁ PROVAS QUE DEUS EXISTA, MAS NÃO EXISTEM PROVAS EM CONTRÁRIO. E se vc é um ateu e cético que só acredita mediantes provas, como eu, tem que levar em consideração a possibilidade de Deus existir, mesmo vc não querendo ou não aceitando. Isso pq o ateu é um cara que percebe as coisas, e mesmo q não acredite, tem mente aberta para as possibilidades.

Quanto ao cara do Jack Ass, foi muito engraçado essa cena. Um carinha meteu a porrada nele... Mas ai é tipico dos americanos, um povo mais esquentado, e qualquer coisa partir pra porrada. Por exemplo, eu tenho um camisa do Black Sabbath com um capetão de cima a baixo, gigantesco, troço horroroso, mas eu passo ali de frente ao Templo Universal da Fé, em Del Castilho, RJ (Aliás, quanta grana gasta ali hein ? e quanta gente precisando... pra q um negocio tão monumental quanto akele ?) e nucna fui agredido. Aliás, em lugar nenhum com essa camisa. Acontece q, da própria história e costume do povo dos USA, e não só deles, como vários outros, o negócio rola meio que assim mesmo.

Não querendo gerar polémica Alexssandra, mas vc usa um banner de um anjo sendo ateu ???

Repetindo novamente : eu sou ateu, não acredito em Deus até que se prove o contrário'. mas esse fórum virou palhaçada e não estamos abertos ainda para esclarecimentos, quando ainda brigamos por coisas tão banais. Ninguém ouve mais ninguém, todo mund ose desrespeita... Os ateus que não acreditam, por não quererem se rebaixar aos que acreditam, não poderiam ficar dizendo em quem deve ou não acreditar ou ridicularizar a opnião e religião dos outros. E os religiosos devem aprender a respeitar a filosofia de outros grupos, pois acho q nenhum deus aceitaria as coisas que andam acontecendo no mundo por causa da religião.

Alguém tem que começar a mudança. Se não mudarmos nossas próprias mentes, que mundo vamos deixar pros nossos filhos ? Um mundo onde eu não te dou o direito de acreditar n oque vc quiser ? num mundo onde ninguém acredita em nada ? num mundo sem liberdade, sem amor, sem respeito, igual vemos nesse forum ?

Sou ateu com muito orgulho sem ferir, ofender, coibir, calar ou prejudicar ninguém. Você que é ateu ou crente, aprenda também. Senão o mundo vai ficar nessa e atendência é só piorar....

Por falar nisso, por onde anda a Abelha  ? Ela desistiu ? hahahah,,

Abraço a todos

Link to comment
Share on other sites

  • Members

vc pegou um fragmento de conversa! não

estávamos falando de cristão! estávamos falando exatamente de

testemunha de Jeová!

 

 

 

Sorry,mas vc não deixou  claro,em nenhum momento,que vc estava se referindo aos Testemunhas de Jeová.

 

 

 

Vc falava generalizando,e se foi a sua intenção ou não,isso não vem ao

caso,mas sim o fato de vc ter emitido uma afirmação inverídica,dizendo

que a religião cristã prega a alienação e limitação.

 

 

 

Da próxima vez,especifique,tome cuidado para não cometer injustiças.É

muito perigoso vc tecer comentários sem o mínimo de cuidado,isso pode

provocar desentendimentos desnecessários,partindo até para ofensas

bobas entre ateus e crentes(dependendo da cabeça da pessoa...),o que

não contribui em nada.

 

 

Link to comment
Share on other sites

  • Members

 

   smiley36.gifque
vc acha?!?!? tudo que consegui refletir lendo seu "livro sagrado" foi o
quanto aquilo tudo é patriarcal e primitivo... e principalmente tedioso
vomit-smiley-007.gif





Nada pessoal,mas isso já é meio que um desrespeito...os emoticons que
vc colocou...vc pode não gostar e não concordar com o "livro
sagrado",mas dizer que é primitivo,patriarcal e tedioso,mostra uma
falta de respeito para com a crença alheia.Se vc usasse a
cabeça,saberia diferenciar o significado de primitivo de uma crença que
atravessa a barreira dos séculos,mantendo-se firme e inabalável ainda
nos tempos atuais..O cristianismo é uma crença primitiva para
vc?Ótimo...


Outros tb até podem pensar como vc....


Mas,não coloque de maneira arrogante
uma crença como inferior ao que vc acredita.Saber colocar as palavras
de maneira respeitosa é melhor,vc não acha?E eu não estaria aqui
reclamando.Sua liberdade termina onde começa a do próximo....se vc quer
vomitar em cima de um "livro sagrado'(como o fez usando o
emoticon),então,disponha....vc acha que,fazendo isso,estará
contribuindo com seu ego,então..


Parabéns...seu comportamento é um
ótimo exemplo para colocarmos em prática,enfim,é isso que é ser
culto,como vc chegou a dizer dos Ateus,não é?Vc disse:"Não existe ateu
que não seja culto e não tenha conhecimento"..realmente,e vc é um
grande exemplo....



Link to comment
Share on other sites

  • Members

 

já disse anteriormente: já estive do outro lado! e se

hoje prego contra' date=' é porque conheço! como você, eu também já preguei a

favor de um deus que não existe... só agora que vejo como fui idiota...[/quote']Eu já estive do lado dos Ateus,e aí?

 

 

 

Vc,com toda a sapiência diz:"E se hoje prego contra,é porque conheço"...tsc

 

 

 

Isso valeria para quem era Ateu e virou Cristão tb!

 

 

 

Então,vc não conhece nada,saiba disso.Vc conhece a limitação daquilo

que vc aprende..mas o conhecimento realmente ninguém possui...todos

aprendemos com todos,não importa no que a pessoa acredita.

 

 

eu afirmava que deus existia pq aquilo me dava

conforto! pensar que um ser superior que me protege! e aquelas longas

conversas que eu tinha com deus... smiley36.gif... era meu consciente cara!!! só isso! nada mais!

Mas aí vc está falando da sua experiência.Isso é irrelevante dentro do que estamos discutindo.smiley2.gif

 

 

Olórin,o Ainur38419.8610300926

Link to comment
Share on other sites

  • Members

 

PS: Que eu me lembre você disse que não entraria mais neste tópico' date=' porque mudou de opinião? Saudades?

[/quote']

Falta de palavra ?

 

Sei que vc perguntou isso para o Nacka,mas eu quero ter o prazer de responder:

 

 

 

Se não foi falta de palavra,foi a vontade dela em querer estar acima

dos demais,bom,na verdade,colocar aquilo que ela acredita como verdade

universal.Mesmo que ela venha a perder ,lutando no gel com a abelha,ela

não desistirá.....smiley36.gif

 

 

Link to comment
Share on other sites

  • Members

Convite à Filosofia

Unidade 3:

A Verdade

Autora: Marilena Chaui

Fonte: Pausa para a Filosofia

Capítulo 1

Ignorância e verdade

 

A verdade como um valor

"Não se aprende Filosofia, mas a filosofar", já disse Kant. A Filosofia não é um conjunto de idéias e de sistemas que possamos apreender automaticamente, não é um passeio turístico pelas paisagens intelectuais, mas uma decisão ou deliberação orientada por um valor: a verdade. É o desejo do verdadeiro que move a Filosofia e suscita filosofias.

Afirmar que a verdade é um valor significa: o verdadeiro confere às coisas, aos seres humanos, ao mundo um sentido que não teriam se fossem considerados indiferentes à verdade e à falsidade.

Ignorância, incerteza e insegurança

Ignorar é não saber alguma coisa. A ignorância pode ser tão profunda que sequer a percebemos ou a sentimos, isto é, não sabemos que não sabemos, não sabemos que ignoramos. Em geral, o estado de ignorância se mantém em nós enquanto as crenças e opiniões que possuímos para viver e agir no mundo se conservam como eficazes e úteis, de modo que não temos nenhum motivo para duvidar delas, nenhum motivo para desconfiar delas e, conseqüentemente, achamos que sabemos tudo o que há para saber.

A incerteza é diferente da ignorância porque, na incerteza, descobrimos que somos ignorantes, que nossas crenças e opiniões parecem não dar conta da realidade, que há falhas naquilo em que acreditamos e que, durante muito tempo, nos serviu como referência para pensar e agir. Na incerteza não sabemos o que pensar, o que dizer ou o que fazer em certas situações ou diante de certas coisas, pessoas, fatos, etc. Temos dúvidas, ficamos cheios de perplexidade e somos tomados pela insegurança.

Outras vezes, estamos confiantes e seguros e, de repente, vemos ou ouvimos alguma coisa que nos enche de espanto e de admiração, não sabemos o que pensar ou o que fazer com a novidade do que vimos ou ouvimos porque as crenças, opiniões e idéias que possuímos não dão conta do novo. O espanto e a admiração, assim como antes a dúvida e a perplexidade, nos fazem querer saber o que não sabemos, nos fazem querer sair do estado de insegurança ou de encantamento, nos fazem perceber nossa ignorância e criam o desejo de superar a incerteza.

Quando isso acontece, estamos na disposição de espírito chamada busca da verdade.

O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos como desejo de confiar nas coisas e nas pessoas, isto é, de acreditar que as coisas são exatamente tais como as percebemos e o que as pessoas nos dizem é digno de confiança e crédito. Ao mesmo tempo, nossa vida cotidiana é feita de pequenas e grandes decepções e, por isso, desde cedo, vemos as crianças perguntarem aos adultos se tal ou qual coisa "é de verdade ou é de mentira".

Quando uma criança ouve uma história, inventa uma brincadeira ou um brinquedo, quando joga, vê um filme ou uma peça teatral, está sempre atenta para saber se "é de verdade ou de mentira", está sempre atenta para a diferença entre o "de mentira" e a mentira propriamente dita, isto é, para a diferença entre brincar, jogar, fingir e faltar à confiança.

Quando uma criança brinca, joga e finge, está criando um outro mundo, mais rico e mais belo, mais cheio de possibilidades e invenções do que o mundo onde, de fato, vive. Mas sabe, mesmo que não formule explicitamente tal saber, que há uma diferença entre imaginação e percepção, ainda que, no caso infantil, essa diferença seja muito tênue, muito leve, quase imperceptível – tanto assim, que a criança acredita em mundos e seres maravilhosos como parte do mundo real de sua vida.

Por isso mesmo, a criança é muito sensível à mentira dos adultos, pois a mentira é diferente do "de mentira", isto é, a mentira é diferente da imaginação e a criança se sente ferida, magoada, angustiada quando o adulto lhe diz uma mentira, porque, ao fazê-lo, quebra a relação de confiança e a segurança infantis.

Quando crianças, estamos sujeitos a duas decepções: a de que os seres, as coisas, os mundos maravilhosos não existem "de verdade" e a de que os adultos podem dizer-nos falsidades e nos enganar. Essa dupla decepção pode acarretar dois resultados opostos: ou a criança se recusa a sair do mundo imaginário e sofre com a realidade como alguma coisa ruim e hostil a ela; ou, dolorosamente, aceita a distinção, mas também se torna muito atenta e desconfiada diante da palavra dos adultos. Nesse segundo caso, a criança também se coloca na disposição da busca da verdade.

Nessa busca, a criança pode desejar um mundo melhor e mais belo que aquele em que vive e encontrar a verdade nas obras de arte, desejando ser artista também. Ou pode desejar saber como e por que o mundo em que vive é tal como é e se ele poderia ser diferente ou melhor do que é. Nesse caso, é despertado nela o desejo de conhecimento intelectual e o da ação transformadora.

A criança não se decepciona nem se desilude com o "faz-de-conta" porque sabe que é um "faz-de-conta". Ela se decepciona ou se desilude quando descobre que querem que acredite como sendo "de verdade" alguma coisa que ela sabe ou que ela supunha que fosse "de faz-de-conta", isto é, decepciona-se e desilude-se quando descobre a mentira. Os jovens se decepcionam e se desiludem quando descobrem que o que lhes foi ensinado e lhes foi exigido oculta a realidade, reprime sua liberdade, diminui sua capacidade de compreensão e de ação. Os adultos se desiludem ou se decepcionam quando enfrentam situações para as quais o saber adquirido, as opiniões estabelecidas e as crenças enraizadas em suas consciências não são suficientes para que compreendam o que se passa nem para que possam agir ou fazer alguma coisa.

Assim, seja na criança, seja nos jovens ou nos adultos, a busca da verdade está sempre ligada a uma decepção, a uma desilusão, a uma dúvida, a uma perplexidade, a uma insegurança ou, então, a um espanto e uma admiração diante de algo novo e insólito.

Dificuldades para a busca da verdade

Em nossa sociedade, é muito difícil despertar nas pessoas o desejo de buscar a verdade. Pode parecer paradoxal que assim seja, pois parecemos viver numa sociedade que acredita nas ciências, que luta por escolas, que recebe durante 24 horas diárias informações vindas de jornais, rádios e televisões, que possui editoras, livrarias, bibliotecas, museus, salas de cinema e de teatro, vídeos, fotografias e computadores.

Ora, é justamente essa enorme quantidade de veículos e formas de informação que acaba tornando tão difícil a busca da verdade, pois todo mundo acredita que está recebendo, de modos variados e diferentes, informações científicas, filosóficas, políticas, artísticas e que tais informações são verdadeiras, sobretudo porque tal quantidade informativa ultrapassa a experiência vivida pelas pessoas, que, por isso, não têm meios para avaliar o que recebem.

Bastaria, no entanto, que uma mesma pessoa, durante uma semana, lesse de manhã quatro jornais diferentes e ouvisse três noticiários de rádio diferentes; à tarde, freqüentasse duas escolas diferentes, onde os mesmos cursos estariam sendo ministrados; e, à noite, visse os noticiários de quatro canais diferentes de televisão, para que, comparando todas as informações recebidas, descobrisse que elas "não batem" umas com as outras, que há vários "mundos" e várias "sociedades" diferentes, dependendo da fonte de informação.

Uma experiência como essa criaria perplexidade, dúvida e incerteza. Mas as pessoas não fazem ou não podem fazer tal experiência e por isso não percebem que, em lugar de receber informações, estão sendo desinformadas. E, sobretudo, como há outras pessoas (o jornalista, o radialista, o professor, o médico, o policial, o repórter) dizendo a elas o que devem saber, o que podem saber, o que podem e devem fazer ou sentir, confiando na palavra desses "emissores de mensagens", as pessoas se sentem seguras e confiantes, e não há incerteza porque há ignorância.

Uma outra dificuldade para fazer surgir o desejo da busca da verdade, em nossa sociedade, vem da propaganda.

A propaganda trata todas as pessoas – crianças, jovens, adultos, idosos – como crianças extremamente ingênuas e crédulas. O mundo é sempre um mundo "de faz-de-conta": nele a margarina fresca faz a família bonita, alegre, unida e feliz; o automóvel faz o homem confiante, inteligente, belo, sedutor, bem-sucedido nos negócios, cheio de namoradas lindas; o desodorante faz a moça bonita, atraente, bem empregada, bem vestida, com um belo apartamento e lindos namorados; o cigarro leva as pessoas para belíssimas paisagens exóticas, cheias de aventura e de negócios coroados de sucesso que terminam com lindos jantares à luz de velas.

A propaganda nunca vende um produto dizendo o que ele é e para que serve. Ela vende o produto rodeando-o de magias, belezas, dando-lhe qualidades que são de outras coisas (a criança saudável, o jovem bonito, o adulto inteligente, o idoso feliz, a casa agradável, etc.), produzindo um eterno "faz-de-conta".

Uma outra dificuldade para o desejo da busca da verdade vem da atitude dos políticos nos quais as pessoas confiam, ouvindo seus programas, suas propostas, seus projetos enfim, dando-lhes o voto e vendo-se, depois, ludibriadas, não só porque não são cumpridas as promessas, mas também porque há corrupção, mau uso do dinheiro público, crescimento das desigualdades e das injustiças, da miséria e da violência.

Em vista disso, a tendência das pessoas é julgar que é impossível a verdade na política, passando a desconfiar do valor e da necessidade da democracia e aceitando "vender" seu voto por alguma vantagem imediata e pessoal, ou caem na descrença e no ceticismo.

No entanto, essas dificuldades podem ter o efeito oposto, isto é, suscitar em muitas pessoas dúvidas, incertezas, desconfianças e desilusões que as façam desejar conhecer a realidade, a sociedade, a ciência, as artes, a política. Muitos começam a não aceitar o que lhes é dito. Muitos começam a não acreditar no que lhes é mostrado. E, como Sócrates em Atenas, começam a fazer perguntas, a indagar sobre fatos e pessoas, coisas e situações, a exigir explicações, a exigir liberdade de pensamento e de conhecimento.

Para essas pessoas, surge o desejo e a necessidade da busca da verdade. Essa busca nasce não só da dúvida e da incerteza, nasce também da ação deliberada contra os preconceitos, contra as idéias e as opiniões estabelecidas, contra crenças que paralisam a capacidade de pensar e de agir livremente.

Podemos, dessa maneira, distinguir dois tipos de busca da verdade. O primeiro é o que nasce da decepção, da incerteza e da insegurança e, por si mesmo, exige que saiamos de tal situação readquirindo certezas. O segundo é o que nasce da deliberação ou decisão de não aceitar as certezas e crenças estabelecidas, de ir além delas e de encontrar explicações, interpretações e significados para a realidade que nos cerca. Esse segundo tipo é a busca da verdade na atitude filosófica.

Podemos oferecer dois exemplos célebres dessa busca filosófica. Já falamos do primeiro: Sócrates andando pelas ruas e praças de Atenas indagando aos atenienses o que eram as coisas e idéias em que acreditavam. O segundo exemplo é o do filósofo Descartes.

Descartes começa sua obra filosófica fazendo um balanço de tudo o que sabia: o que lhe fora ensinado pelos preceptores e professores, pelos livros, pelas viagens, pelo convívio com outras pessoas. Ao final, conclui que tudo quanto aprendera, tudo quanto sabia e tudo quanto conhecera pela experiência era duvidoso e incerto. Decide, então, não aceitar nenhum desses conhecimentos, a menos que pudesse provar racionalmente que eram certos e dignos de confiança. Para isso, submete todos os conhecimentos existentes em suas época e os seus próprios a um exame crítico conhecido como dúvida metódica, declarando que só aceitará um conhecimento, uma idéia, um fato ou uma opinião se, passados pelo crivo da dúvida, revelarem-se indubitáveis para o pensamento puro. Ele os submete à análise, à dedução, à indução, ao raciocínio e conclui que, até o momento, há uma única verdade indubitável que poderá ser aceita e que deverá ser o ponto de partida para a reconstrução do edifício do saber.

Essa única verdade é: "Penso, logo existo", pois, se eu duvidar de que estou pensando, ainda estou pensando, visto que duvidar é uma maneira de pensar. A consciência do pensamento aparece, assim, como a primeira verdade indubitável que será o alicerce para todos os conhecimentos futuros.

Capítulo 2

Buscando a verdade

Dogmatismo e busca da verdade

Quando prestamos atenção em Sócrates ou Descartes, notamos que ambos, por motivos diferentes e usando procedimentos diferentes, fazem uma mesma coisa, isto é, desconfiam das opiniões e crenças estabelecidas em suas sociedades, mas também desconfiam das suas próprias idéias e opiniões. Do que desconfiam eles, afinal? Desconfiam do dogmatismo.

O que é dogmatismo?

Dogmatismo é uma atitude muito natural e muito espontânea que temos, desde muito crianças. É nossa crença de que o mundo existe e que é exatamente tal como o percebemos. Temos essa crença porque somos seres práticos, isto é, nos relacionamos com a realidade como um conjunto de coisas, fatos e pessoas que são úteis ou inúteis para nossa sobrevivência.

Os seres humanos, porque são seres culturais, trabalham. O trabalho é uma ação pela qual modificamos as coisas e a realidade de modo a conseguir nossa preservação na existência. Constroem casas, fabricam vestuário e utensílios, produzem objetos técnicos e de consumo, inventam meios de transporte, de comunicação e de informação. Através da prática ou do trabalho e da técnica, os seres humanos organizam-se social e politicamente, criam instituições sociais (família, escola, agricultura, comércio, indústria, relações entre grupos e classes, etc.) e instituições políticas (o Estado, o poder executivo, legislativo e judiciário, as forças militares profissionais, os tribunais e as leis).

Essas práticas só são possíveis porque acreditamos que o mundo existe, que é tal como o percebemos e tal como nos ensinaram que ele é, que pode ser modificado ou conservado por nós, que é explicado pelas religiões e pelas ciências, que é representado pelas artes. Acreditamos que os outros seres humanos também são racionais, pois, graças à linguagem, trocamos idéias e opiniões, pensamos de modo muito parecido e a escola e os meios de comunicação garantem a manutenção dessas semelhanças.

Na atitude dogmática, tomamos o mundo como já dado, já feito, já pensado, já transformado. A realidade natural, social, política e cultural forma uma espécie de moldura de um quadro em cujo interior nos instalamos e onde existimos. Mesmo quando acontece algo excepcional ou extraordinário (uma catástrofe, o aparecimento de um objeto inteiramente novo e desconhecido), nossa tendência natural e dogmática é a de reduzir o excepcional e o extraordinário aos padrões do que já conhecemos e já sabemos. Mesmo quando descobrimos que alguma coisa é diferente do que havíamos suposto, essa descoberta não abala nossa crença e nossa confiança na realidade, nem nossa familiaridade com ela.

O mundo é como a novela de televisão: muita coisa acontece, mas, afinal, nada acontece, pois quando a novela termina, os bons foram recompensados, os maus foram punidos, os pobres bons ficaram ricos, os ricos maus ficaram pobres, a mocinha casou com o mocinho certo, a família boa se refez e a família má se desfez. Em outras palavras, os acontecimentos da novela servem apenas para confirmar e reforçar o que já sabíamos e o que já esperávamos. Tudo se mantém numa atmosfera ou num clima de familiaridade, de segurança e sossego.

Na atitude dogmática ou natural, aceitamos sem nenhum problema que há uma realidade exterior a nós e que, embora externa e diferente de nós, pode ser conhecida e tecnicamente transformada por nós. Achamos que o espaço existe, que nele as coisas estão como num receptáculo; achamos que o tempo também existe e que nele as coisas e nós próprios estamos submetidos à sucessão dos instantes.

Dogmatismo e estranhamento

Escutemos, porém, por um momento, a indagação de santo Agostinho, em suas Confissões:

O que é o tempo? Tentemos fornecer uma explicação fácil e breve. O que há de mais familiar e mais conhecido do que o tempo? Mas, o que é o tempo? Quando quero explicá-lo, não encontro explicação. Se eu disser que o tempo é a passagem do passado para o presente e do presente para o futuro, terei que perguntar: Como pode o tempo passar? Como sei que ele passa? O que é um tempo passado? Onde ele está? O que é um tempo futuro? Onde ele está? Se o passado é o que eu, do presente, recordo, e o futuro é o que eu, do presente, espero, então não seria mais correto dizer que o tempo é apenas o presente? Mas, quanto dura um presente? Quando acabo de colocar o ‘r' no verbo ‘colocar', este ‘r' é ainda presente ou já é passado? A palavra que estou pensando em escrever a seguir, é presente ou é futuro? O que é o tempo, afinal? E a eternidade?

As coisas são mesmo tais como me aparecem? Estão no espaço? Mas, o que é o espaço? Se eu disser que o espaço é feito de comprimento, altura e largura, onde poderei colocar a profundidade, sem a qual não podemos ver, não podemos enxergar nada? Mas a profundidade, que me permite ver as coisas espaciais, é justamente aquilo que não vejo e que não posso ver, se eu quiser olhar as coisas. A profundidade é ou não espacial? Se for espacial, por que não a vejo no espaço? Se não for espacial, como pode ser a condição para que eu veja as coisas no espaço?

Acompanhemos agora os versos do poeta Mário de Andrade, escritos no poema "Lira Paulistana":

Garoa do meu São Paulo

Um negro vem vindo, é branco!

Só bem perto fica negro,

Passa e torna a ficar branco.

Meu São Paulo da garoa,

- Londres das neblinas frias -

Um pobre vem vindo, é rico!

Só bem perto fica pobre,

Passa e torna a ficar rico.

Esses versos, nos quais a garoa de São Paulo se parece com a neblina de Londres, isto é, com um véu denso de ar úmido, dizem que não conseguimos ver a realidade: o negro, de longe, é branco, o pobre, de longe, é rico; só muito de perto, sem o véu da garoa, o negro é negro e o pobre é pobre. Mas, apesar de vê-los de perto tais como são, de longe voltam a ser o que não são.

O poeta exprime um dos problemas que mais fascinam a Filosofia: Como a ilusão é possível? Como podemos ver o que não é? Mas, conseqüentemente, como a verdade é possível? Como podemos ver o que é, tal como é? Qual é a "garoa" que se interpõe entre o nosso pensamento e a realidade? Qual é a "garoa" que se interpõe entre nosso olhar e as coisas?

A atitude dogmática ou natural se rompe quando somos capazes de uma atitude de estranhamento diante das coisas que nos pareciam familiares. Dois exemplos podem ilustrar essa capacidade de estranhamento, ambos da escritora Clarice Lispector em seu livro A descoberta do mundo. O primeiro tem como título "Mais do que um inseto".

Custei um pouco a compreender o que estava vendo, de tão inesperado e sutil que era: estava vendo um inseto pousado, verde-claro, de pernas altas. Era uma ‘esperança', o que sempre me disseram que é de bom augúrio. Depois a esperança começou a andar bem de leve sobre o colchão. Era verde transparente, com pernas que mantinham seu corpo plano alto e por assim dizer solto, um plano tão frágil quanto as próprias pernas que eram feitas apenas da cor da casca. Dentro do fiapo das pernas não havia nada dentro: o lado de dentro de uma superfície tão rasa já é a própria superfície. Parecia um raso desenho que tivesse saído do papel, verde e andasse… E andava com uma determinação de quem copiasse um traço que era invisível para mim… Mas onde estariam nele as glândulas de seu destino e as adrenalinas de seu seco verde interior? Pois era um ser oco, um enxerto de gravetos, simples atração eletiva de linhas verdes.

O outro se intitula "Atualidade do ovo e da galinha" e nele podemos ler o seguinte trecho:

Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo apenas: ver o ovo é sempre hoje; mal vejo o ovo e já se torna ter visto um ovo, o mesmo, há três milênios. No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. Só vê o ovo quem já o tiver visto… Ver realmente o ovo é impossível: o ovo é supervisível como há sons supersônicos que o ouvido já não ouve. Ninguém é capaz de ver o ovo… O ovo é uma coisa suspensa. Nunca pousou. Quando pousa, não foi ele quem pousou, foi uma superfície que veio ficar embaixo do ovo… O ovo é uma exteriorização: ter uma casca é dar-se… O ovo expõe tudo.

À primeira vista, que há de mais banal ou familiar do que um inseto ou um ovo? No entanto, Clarice Lispector nos faz sentir admiração e estranhamento, como se jamais tivéssemos visto um inseto ou um ovo. Nas duas descrições maravilhadas, um ponto é comum: o inseto e o ovo têm a peculiaridade de serem superfícies nas quais não conseguimos distinguir ou separar o fora e o dentro, o exterior e o interior; a ‘esperança' verde é como um traçado – letra, desenho – sobre a superfície do papel; o ovo é uma casca que expõe tudo.

No entanto, nesses dois seres sem profundidade, há um abismo misterioso: todo ovo é igual a todo ovo e por isso não temos como ver "um" ovo, embora ele esteja diante de nossos olhos; e o inseto ‘esperança' é um oco, um vazio colorido (como um vazio pode ter cor?) ou uma cor sem corpo (como uma cor pode existir sem um corpo colorido?).

O sentido das palavras

A mesma estranheza pode ser encontrada num poema de Carlos Drummond, mas agora relativa à linguagem. Usamos todos os dias as palavras como instrumentos dóceis e disponíveis, como se sempre estivessem estado prontas para nós, com seu sentido claro e útil. O poeta, porém, aconselha:

Penetra surdamente no reino das palavras.

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave?

Se as palavras tivessem sempre um sentido óbvio e único, não haveria literatura, não haveria mal-entendido e controvérsia. Se as palavras tivessem sempre o mesmo sentido e se indicassem diretamente as coisas nomeadas, como seria possível a mentira? É por isso que o poeta Fernando Pessoa, em versos famosos, escreveu:

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor,

A dor que deveras sente.

O poeta é um "finge-dor" e seu fingimento – isto é, sua criação artística – é tão profundo e tão constitutivo de seu ser de poeta, que ele finge – isto é, transforma em poema, em obra de arte – a dor que deveras ou de verdade sente. A palavra tem esse poder misterioso de transformar o que não existe em realidade (o poeta finge) e de dar a aparência de irrealidade ao que realmente existe (o poeta finge a dor que realmente sente).

Na tragédia Otelo, de Shakespeare, o mouro Otelo, apaixonado perdidamente por sua jovem esposa, Desdêmona, acaba por assassiná-la porque foi convencido por Iago de que ela o traía. Iago, invejoso dos cargos que Otelo daria a um outro membro de sua corte, inventou a traição de Desdêmona, mentiu para Otelo e este, tomando a mentira pela verdade, destruiu a pessoa amada, que morreu afirmando sua inocência. Para construir a mentira, Iago despertou em Otelo o ciúme, caluniando Desdêmona. Usou vários estratagemas, mas sobretudo usou a linguagem, isto é, palavras falsas que envenenaram o espírito de Otelo.

Como é possível que as palavras ou que a linguagem tenham o poder para tornar o verdadeiro, falso, e fazer do falso, verdadeiro? Como seria uma sociedade na qual a mentira fosse a regra e, portanto, na qual não conseguíssemos nenhuma informação, por menor que fosse, que tivesse alguma veracidade? Como faríamos para sobreviver, se tudo o que nos fosse dito fosse mentira? Perguntas e respostas seriam inúteis, a desconfiança e a decepção seriam as únicas formas de relação entre as pessoas e tal sociedade seria a imagem do Inferno.

Essa sociedade infernal é criada pelo escritor George Orwell, no romance 1984. Orwell descreve uma sociedade totalitária que controla todos os gestos, atos, pensamentos e palavras de seus membros. Estes, todos os dias, entram num cubículo onde uma teletela exibe o rosto do grande chefe, o Grande Irmão, que, pela mentira e pelo medo, domina o espírito da população, falando diariamente com cada um.

Nessa sociedade, é instituído o Ministério da Verdade, no qual, todos os dias, os fatos reais são modificados em narrativas ou relatos falsos, são omitidos, são apagados da História e da memória, como se nunca tivessem existido. O Ministério da Verdade cria a mentira como instituição social. O poder cria a Novi-Língua, isto é, inventa palavras e destrói outras; as inventadas são as que estão a serviço da mentira institucionalizada e as destruídas são as que poderiam fazer aparecer a mentira. A negação da verdade é, assim, usada para manter uma sociedade inteira enganada e submissa.

Quando vemos o modo como os meios de comunicação funcionam, podemos perguntar se 1984 é uma simples ficção ou se realmente existe, sem que o saibamos.

Como é possível que a linguagem tenha tamanho poder mistificador? E, ao mesmo tempo, como é possível que, em todas as culturas, na relação entre os homens e a divindade, entre o profano e o sagrado, o papel fundamental de revelação da verdade seja sempre dado à linguagem, à palavra sagrada e verdadeira que os deuses dizem aos homens? Como uma mesma coisa – a palavra, o discurso – pode ser origem, ao mesmo tempo, da verdade e da falsidade? Como a linguagem pode mostrar e esconder?

Como essa duplicidade misteriosa da linguagem pode servir para manter o dogmatismo? Mas também, como pode despertar o desejo de verdade?

Verdades reveladas e verdades alcançadas

A atitude dogmática é conservadora, isto é, sente receio das novidades, do inesperado, do desconhecido e de tudo o que possa desequilibrar as crenças e opiniões já constituídas. Esse conservadorismo se transforma em preconceito, isto é, em idéias preconcebidas que impedem até mesmo o contato com tudo quanto possa pôr em perigo o já sabido, o já dito e o já feito.

O conservadorismo pode aumentar ainda mais quando o dogmatismo estiver convencido de que várias de suas opiniões e crenças vieram de uma fonte sagrada, de uma revelação divina incontestável e incontestada, de tal modo que situações que tornem problemáticas tais crenças são afastadas como inaceitáveis e perigosas; aqueles que ousam enfrentar essas crenças e opiniões são tidos como criminosos, blasfemadores e heréticos.

No romance de Umberto Eco, O nome da rosa, uma série de assassinatos misteriosos acontecem e todos os mortos trazem um mesmo sinal, a língua enegrecida e dois dedos da mão direita – o polegar e o indicador – também enegrecidos. O monge Guilherme de Baskerville descobre que todos os assassinados eram frades encarregados de copiar e ilustrar manuscritos de uma biblioteca; todos eles haviam manuseado um mesmo livro no qual havia algo que funcionava como veneno (ao molhar os dedos com saliva para virar as páginas do livro, os copistas eram envenenados).

Guilherme descobre que o livro era uma obra perdida de Aristóteles sobre a comédia e a importância do riso para a vida humana. Descobre também que um dos monges, Jorge de Burgos, guardião da biblioteca, julgara que o riso é contrário à vontade de Deus, um pecado que merece a morte, pois viemos ao mundo para sofrer a culpa original de Adão. Por isso, assassinou por envenenamento os copistas que ousaram ler o livro e, ao final, queima a biblioteca para que o livro seja destruído.

Nesse romance, duas idéias acerca da verdade se enfrentam: a verdade humana, que estaria contida no livro do filósofo Aristóteles, e a verdade divina, que o bibliotecário julga estar na proibição do riso e da alegria para os humanos pecadores, que vieram à Terra para o sofrimento. Em nome dessa segunda verdade, Jorge de Burgos matou outros seres humanos e queimou livros escritos por seres humanos, pois, para ele, uma verdade revelada por Deus é a única verdade e tudo quanto querem e pensam os humanos, se for contrário à verdade divina, é erro e falsidade, crime e blasfêmia.

Esse conflito entre verdades reveladas e verdades alcançadas pelos humanos através do exercício da inteligência e da razão tem sido também uma questão que preocupa a Filosofia, desde o surgimento do Cristianismo. Podemos conhecer as verdades divinas? Se não pudermos conhecê-las, seremos culpados? Mas, como seríamos culpados por não conhecer aquilo que nosso intelecto, por ser pequeno e menor do que o de Deus, não teria forças para alcançar?

As três concepções da verdade

Os vários exemplos que mencionamos neste capítulo indicam concepções diferentes da verdade.

No caso de Mário de Andrade e Clarice Lispector, o problema da verdade está ligado ao ver, ao perceber. No caso de Fernando Pessoa, Carlos Drummond, Shakespeare e Orwell, a verdade está ligada ao dizer, ao falar, às palavras. No caso de Umberto Eco, a verdade está ligada ao crer, ao acreditar.

Para a atitude natural ou dogmática, o verdadeiro é o que funciona e não surpreende. É – como vimos – o já sabido, o já dito e o já feito. Verdade e realidade parecem ser idênticas e quando essa identidade se desfaz ou se quebra, surge a incerteza que busca readquirir certezas.

Para a atitude crítica ou filosófica, a verdade nasce da decisão e da deliberação de encontrá-la, da consciência da ignorância, do espanto, da admiração e do desejo de saber. Nessa busca, a Filosofia é herdeira de três grandes concepções da verdade: a do ver-perceber, a do falar-dizer e a do crer-confiar.

Capítulo 3

As concepções da verdade

Grego, latim e hebraico

Nossa idéia da verdade foi construída ao longo dos séculos, a partir de três concepções diferentes, vindas da língua grega, da latina e da hebraica.

Em grego, verdade se diz aletheia, significando: não-oculto, não-escondido, não-dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito; a verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal como é. O verdadeiro se opõe ao falso, pseudos, que é o encoberto, o escondido, o dissimulado, o que parece ser e não é como parece. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão.

Assim, a verdade é uma qualidade das próprias coisas e o verdadeiro está nas próprias coisas. Conhecer é ver e dizer a verdade que está na própria realidade e, portanto, a verdade depende de que a realidade se manifeste, enquanto a falsidade depende de que ela se esconda ou se dissimule em aparências.

Em latim, verdade se diz veritas e se refere à precisão, ao rigor e à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes, pormenores e fidelidade o que aconteceu. Verdadeiro se refere, portanto, à linguagem enquanto narrativa de fatos acontecidos, refere-se a enunciados que dizem fielmente as coisas tais como foram ou aconteceram. Um relato é veraz ou dotado de veracidade quando a linguagem enuncia os fatos reais.

A verdade depende, de um lado, da veracidade, da memória e da acuidade mental de quem fala e, de outro, de que o enunciado corresponda aos fatos acontecidos. A verdade não se refere às próprias coisas e aos próprios fatos (como acontece com a aletheia), mas ao relato e ao enunciado, à linguagem. Seu oposto, portanto, é a mentira ou a falsificação. As coisas e os fatos não são reais ou imaginários; os relatos e enunciados sobre eles é que são verdadeiros ou falsos.

Em hebraico verdade se diz emunah e significa confiança. Agora são as pessoas e é Deus quem são verdadeiros. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são aqueles que cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada ou a um pacto feito; enfim, não traem a confiança.

A verdade se relaciona com a presença, com a espera de que aquilo que foi prometido ou pactuado irá cumprir-se ou acontecer. Emunah é uma palavra de mesma origem que amém, que significa: assim seja. A verdade é uma crença fundada na esperança e na confiança, referidas ao futuro, ao que será ou virá. Sua forma mais elevada é a revelação divina e sua expressão mais perfeita é a profecia.

Aletheia se refere ao que as coisas são; veritas se refere aos fatos que foram; emunah se refere às ações e as coisas que serão. A nossa concepção da verdade é uma síntese dessas três fontes e por isso se refere às coisas presentes (como na aletheia), aos fatos passados (como na veritas) e às coisas futuras (como na emunah). Também se refere à própria realidade (como na aletheia), à linguagem (como na veritas) e à confiança-esperança (como na emunah).

Palavras como "averiguar" e "verificar" indicam buscar a verdade; "veredicto" é pronunciar um julgamento verdadeiro, dizer um juízo veraz; "verossímil" e "verossimilhante" significam: ser parecido com a verdade, ter traços semelhantes aos de algo verdadeiro.

Diferentes teorias sobre a verdade

Existem diferentes concepções filosóficas sobre a natureza do conhecimento verdadeiro, dependendo de qual das três idéias originais da verdade predomine no pensamento de um ou de alguns filósofos.

Assim, quando predomina a aletheia, considera-se que a verdade está nas próprias coisas ou na própria realidade e o conhecimento verdadeiro é a percepção intelectual e racional dessa verdade. A marca do conhecimento verdadeiro é a evidência, isto é, a visão intelectual e racional da realidade tal como é em si mesma e alcançada pelas operações de nossa razão ou de nosso intelecto. Uma idéia é verdadeira quando corresponde à coisa que é seu conteúdo e que existe fora de nosso espírito ou de nosso pensamento. A teoria da evidência e da correspondência afirma que o critério da verdade é a adequação do nosso intelecto à coisa, ou da coisa ao nosso intelecto.

Quando predomina a veritas, considera-se que a verdade depende do rigor e da precisão na criação e no uso de regras de linguagem, que devem exprimir, ao mesmo tempo, nosso pensamento ou nossas idéias e os acontecimentos ou fatos exteriores a nós e que nossas idéias relatam ou narram em nossa mente.

Agora, não se diz que uma coisa é verdadeira porque corresponde a uma realidade externa, mas se diz que ela corresponde à realidade externa porque é verdadeira. O critério da verdade é dado pela coerência interna ou pela coerência lógica das idéias e das cadeias de idéias que formam um raciocínio, coerência que depende da obediência às regras e leis dos enunciados corretos. A marca do verdadeiro é a validade lógica de seus argumentos.

Finalmente, quando predomina a emunah, considera-se que a verdade depende de um acordo ou de um pacto de confiança entre os pesquisadores, que definem um conjunto de convenções universais sobre o conhecimento verdadeiro e que devem sempre ser respeitadas por todos. A verdade se funda, portanto, no consenso e na confiança recíproca entre os membros de uma comunidade de pesquisadores e estudiosos.

O consenso se estabelece baseado em três princípios que serão respeitados por todos:

1. que somos seres racionais e nosso pensamento obedece aos quatro princípios da razão (identidade, não-contradição, terceiro-excluído e razão suficiente ou causalidade);

2. que somos seres dotados de linguagem e que ela funciona segundo regras lógicas convencionadas e aceitas por uma comunidade;

3. que os resultados de uma investigação devem ser submetidos à discussão e avaliação pelos membros da comunidade de investigadores que lhe atribuirão ou não o valor de verdade.

Existe ainda uma quarta teoria da verdade que se distingue das anteriores porque define o conhecimento verdadeiro por um critério que não é teórico e sim prático. Trata-se da teoria pragmática, para a qual um conhecimento é verdadeiro por seus resultados e suas aplicações práticas, sendo verificado pela experimentação e pela experiência. A marca do verdadeiro é a verificabilidade dos resultados.

Essa concepção da verdade está muito próxima da teoria da correspondência entre coisa e idéia (aletheia), entre realidade e pensamento, que julga que o resultado prático, na maioria das vezes, é conseguido porque o conhecimento alcançou as próprias coisas e pode agir sobre elas.

Em contrapartida, a teoria da convenção ou do consenso (emunah) está mais próxima da teoria da coerência interna (veritas), pois as convenções ou consensos verdadeiros costumam ser baseados em princípios e argumentos lingüísticos e lógicos, princípios e argumentos da linguagem, do discurso e da comunicação.

Na primeira teoria (aletheia/correspondência), as coisas e as idéias são consideradas verdadeiras ou falsas; na segunda (veritas/coerência) e na terceira (emunah/consenso), os enunciados, os argumentos e as idéias é que são julgados verdadeiros ou falsos; na quarta (pragmática), são os resultados que recebem a denominação de verdadeiros ou falsos.

Na primeira e na quarta teoria, a verdade é o acordo entre o pensamento e a realidade. Na segunda e na terceira teoria, a verdade é o acordo do pensamento e da linguagem consigo mesmos, a partir de regras e princípios que o pensamento e a linguagem deram a si mesmos, em conformidade com sua natureza própria, que é a mesma para todos os seres humanos (ou definida como a mesma para todos por um consenso).

A verdade como evidência e correspondência

Se observarmos a concepção grega da verdade (aletheia), notaremos que nela as coisas ou o Ser é o verdadeiro ou a verdade. Isto é, o que existe e manifesta sua existência para nossa percepção e para nosso pensamento é verdade ou verdadeiro. Por esse motivo, os filósofos gregos perguntam: Como o erro, o falso e a mentira são possíveis? Em outras palavras, como podemos pensar naquilo que não é, não existe, não tem realidade, pois o erro, o falso e a mentira só podem referir-se ao não-Ser? O Ser é o manifesto, o visível para os olhos do corpo e do espírito, o evidente. Errar, falsear ou mentir, portanto, é não ver os seres tais como são, é não falar deles tais como são. Como é isso possível?

A resposta dos gregos é dupla:

1. o erro, o falso e a mentira se referem à aparência superficial e ilusória das coisas ou dos seres e surgem quando não conseguimos alcançar a essência das realidades (como no poema de Mário de Andrade, em que a garoa-neblina cria um véu que encobre, oculta e dissimula as coisas e as torna confusas, indistintas); são um defeito ou uma falha de nossa percepção sensorial ou intelectual;

2. o erro, o falso e a mentira surgem quando dizemos de algum ser aquilo que ele não é, quando lhe atribuímos qualidades ou propriedades que ele não possui ou quando lhe negamos qualidades ou propriedades que ele possui. Nesse caso, o erro, o falso e a mentira se alojam na linguagem e acontecem no momento em que fazemos afirmações ou negações que não correspondem à essência de alguma coisa. O erro, o falso e a mentira são um acontecimento do juízo ou do enunciado. [Juízo é uma proposição afirmativa ("S é P") ou negativa ("S não é P") pela qual atribuo ou nego a um sujeito S um predicado P. O predicado é um atributo afirmado ou negado do sujeito e faz parte (ou não) de sua essência.]

Se eu formular o seguinte juízo: "Sócrates é imortal", o erro se encontra na atribuição do predicado "imortal" a um sujeito "Sócrates", que não possui a qualidade ou a propriedade da imortalidade. O erro é um engano do juízo quando desconhecemos a essência de um ser. O falso e a mentira, porém, são juízos deliberadamente errados, isto é, conhecemos a essência de alguma coisa, mas deliberadamente emitimos um juízo errado sobre ela.

O que é a verdade? É a conformidade entre nosso pensamento e nosso juízo e as coisas pensadas ou formuladas. Qual a condição para o conhecimento verdadeiro? A evidência, isto é, a visão intelectual da essência de um ser. Para formular um juízo verdadeiro precisamos, portanto, primeiro conhecer a essência, e a conhecemos ou por intuição, ou por dedução, ou por indução.

A verdade exige que nos libertemos das aparências das coisas; exige, portanto, que nos libertemos das opiniões estabelecidas e das ilusões de nossos órgãos dos sentidos. Em outras palavras, a verdade sendo o conhecimento da essência real e profunda dos seres é sempre universal e necessária, enquanto as opiniões variam de lugar para lugar, de época para época, de sociedade para sociedade, de pessoa para pessoa. Essa variabilidade e inconstância das opiniões provam que a essência dos seres não está conhecida e, por isso, se nos mantivermos no plano das opiniões, nunca alcançaremos a verdade.

O mesmo deve ser dito sobre nossas impressões sensoriais, que variam conforme o estado do nosso corpo, as disposições de nosso espírito e as condições em que as coisas nos aparecem. Pelo mesmo motivo, devemos ou abandonar as idéias formadas a partir de nossa percepção, ou encontrar os aspectos universais e necessários da experiência sensorial que alcancem parte da essência real das coisas. No primeiro caso, somente o intelecto (espírito) vê o Ser verdadeiro. No segundo caso, o intelecto purifica o testemunho sensorial.

Por exemplo, posso perceber que uma flor é branca, mas se eu estiver doente, a verei amarela; percebo o Sol muito menor do que a Terra, embora ele seja maior do que ela. Apesar desses enganos perceptivos, observo que toda percepção percebe qualidades nas coisas (cor, tamanho, por exemplo) e, portanto, as qualidades pertencem à essência das próprias coisas e fazem parte da verdade delas.

Quando, porém, examinamos a idéia latina da verdade como veracidade de um relato, observamos que, agora, o problema da verdade e do erro, do falso e da mentira deslocou-se diretamente para o campo da linguagem. O verdadeiro e o falso estão menos no ato de ver (com os olhos do corpo ou com os olhos do espírito) e mais no ato de dizer. Por isso, a pergunta dos filósofos, agora, é exatamente contrária à anterior, ou seja, pergunta-se: Como a verdade é possível?

De fato, se a verdade está no discurso ou na linguagem, não depende apenas do pensamento e das próprias coisas, mas também de nossa vontade para dizê-la, silenciá-la ou deformá-la. O verdadeiro continua sendo tomado como conformidade entre a idéia e as coisas – no caso, entre o discurso ou relato e os fatos acontecidos que estão sendo relatados -, mas depende também de nosso querer.

Esse aspecto voluntário da verdade torna-se de grande importância com o surgimento da Filosofia cristã porque, com ela, é introduzida a idéia de vontade livre ou de livre-arbítrio, de modo que a verdade está na dependência não só da conformidade entre relato e fato, mas também da boa-vontade ou da vontade que deseja o verdadeiro.

Ora, o cristianismo afirma que a vontade livre foi responsável pelo pecado original e que a vontade foi pervertida e tornou-se má-vontade. Assim sendo, a mentira, o erro e o falso tenderiam a prevalecer contra a verdade. Nosso intelecto ou nosso pensamento é mais fraco do que nossa vontade e esta pode forçá-lo ao erro e ao falso.

Essas questões foram posteriormente examinadas pelos filósofos modernos, os filósofos do Grande Racionalismo Clássico, que introduzirão a exigência de começar a Filosofia pelo exame de nossa consciência – vontade, intelecto, imaginação, memória -, para saber o que podemos conhecer realmente e quais os auxílios que devem ser oferecidos ao nosso intelecto para que controle e domine nossa vontade e a submeta ao verdadeiro.

É preciso começar liberando nossa consciência dos preconceitos, dos dogmatismos da opinião e da experiência cotidiana. Essa consciência purificada, que é o sujeito do conhecimento, poderá, então, alcançar as evidências (por intuição, dedução ou indução) e formular juízos verdadeiros aos quais a vontade deverá submeter-se.

Tanto os antigos quanto os modernos afirmam que:

1. a verdade é conhecida por evidência (a evidência pode ser obtida por intuição, dedução ou indução);

2. a verdade se exprime no juízo, onde a idéia está em conformidade com o ser das coisas ou com os fatos;

3. o erro, o falso e a mentira se alojam no juízo (quando afirmamos de uma coisa algo que não pertence à sua essência ou natureza, ou quando lhe negamos algo que pertence necessariamente à sua essência ou natureza);

4. as causas do erro e do falso são as opiniões preconcebidas, os hábitos, os enganos da percepção e da memória;

5. a causa do falso e da mentira, para os modernos, também se encontra na vontade, que é mais poderosa do que o intelecto ou o pensamento, e precisa ser controlada por ele;

6. uma verdade, por referir-se à essência das coisas ou dos seres, é sempre universal e necessária e distingue-se da aparência, pois esta é sempre particular, individual, instável e mutável;

7. o pensamento se submete a uma única autoridade: a dele própria com capacidade para o verdadeiro.

Quando os filósofos antigos e modernos afirmam que a verdade é conformidade ou correspondência entre a idéia e a coisa e entre a coisa e a idéia (ou entre a idéia e o ideado), não estão dizendo que uma idéia verdadeira é uma cópia, um papel carbono, um "xerox" da coisa verdadeira. Idéia e coisa, conceito e ser, juízo e fato não são entidades de mesma natureza e não há entre eles uma relação de cópia. O que os filósofos afirmam é que a idéia conhece a estrutura da coisa, conhece as relações internas necessárias que constituem a essência da coisa e as relações e nexos necessários que ela mantém com outras. Como disse um filósofo, a idéia de cão não late e a de açúcar não é doce. A idéia é um ato intelectual; o ideado, uma realidade externa conhecida pelo intelecto.

A idéia verdadeira é o conhecimento das causas, qualidades, propriedades e relações da coisa conhecida, e da essência dela ou de seu ser íntimo e necessário. Quando o pensamento conhece, por exemplo, o fenômeno da queda livre dos corpos (formulado pela física de Galileu), isto não significa que o pensamento se torne um corpo caindo no vácuo, mas sim que conhece as causas desse movimento e as formula em conceitos verdadeiros, isto é, formula as leis do movimento.

Uma outra teoria da verdade

Quando estudamos a razão, vimos os problemas criados pelo inatismo e pelo empirismo. Vimos também a "revolução copernicana" de Kant, distinguindo as estruturas ou formas e categorias da razão e os conteúdos trazidos a ela pela experiência, isto é, a distinção entre os elementos a priori e a posteriori no conhecimento.

Com a revolução copernicana kantiana, uma distinção muito importante passou a ser feita na Filosofia: a distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos.

Um juízo é analítico quando o predicado ou os predicados do enunciado nada mais são do que a explicitação do conteúdo do sujeito do enunciado. Por exemplo: quando digo que o triângulo é uma figura de três lados, o predicado "três lados" nada mais é do que a análise ou a explicitação do sujeito "triângulo".

Quando, porém, entre o sujeito e o predicado se estabelece uma relação na qual o predicado me dá informações novas sobre o sujeito, o juízo é sintético, isto é, formula uma síntese entre um predicado e um sujeito. Assim, por exemplo, quando digo que o calor é a causa da dilatação dos corpos, o predicado "causa da dilatação" não está analiticamente contido no sujeito "calor". Se eu dissesse que o calor é uma medida de temperatura dos corpos, o juízo seria analítico, mas quando estabeleço uma relação causal entre o sujeito e o predicado, como no caso da relação entre "calor" e "dilatação dos corpos", tenho uma síntese, algo novo me é dito sobre o sujeito através do predicado.

Para Kant, os juízos analíticos são as verdades de razão de Leibniz, mas os juízos sintéticos teriam que ser considerados verdades de fato. No entanto, vimos que os fatos estão sob a suspeita de Hume, isto é, fatos seriam hábitos associativos e repetitivos de nossa mente, baseados na experiência sensível e, portanto, um juízo sintético jamais poderia pretender ser verdadeiro de modo universal e necessário.

Que faz Kant? Introduz a idéia de juízos sintéticos a priori, isto é, de juízos sintéticos cuja síntese depende da estrutura universal e necessária de nossa razão e não da variabilidade individual de nossas experiências. Os juízos sintéticos a priori exprimem o modo como necessariamente nosso pensamento relaciona e conhece a realidade. A causalidade, por exemplo, é uma síntese a priori que nosso entendimento formula para as ligações universais e necessárias entre causas e efeitos, independentemente de hábitos psíquicos associativos.

Todavia, vimos também que Kant afirma que a realidade que conhecemos filosoficamente e cientificamente não é a realidade em si das coisas, mas a realidade tal como é estruturada por nossa razão, tal como é organizada, explicada e interpretada pelas estruturas a priori do sujeito do conhecimento. A realidade são nossas idéias verdadeiras e o kantismo é um idealismo.

Vimos também, ao estudar a Filosofia contemporânea, que o filósofo Husserl criou uma filosofia chamada fenomenologia. Essa palavra vem diretamente da filosofia kantiana. Com efeito, Kant usa duas palavras gregas para referir-se à realidade: a palavra noumenon, que significa a realidade em si, racional em si, inteligível em si; e a palavra phainomenon (fenômeno), que significa a realidade tal como se mostra ou se manifesta para nossa razão ou para nossa consciência. Kant afirma que só podemos conhecer o fenômeno (o que se apresenta para a consciência, de acordo com a estrutura a priori da própria consciência) e que não podemos conhecer o noumenon (a coisa em si). Fenomenologia significa: conhecimento daquilo que se manifesta para nossa consciência, daquilo que está presente para a consciência ou para a razão, daquilo que é organizado e explicado a partir da própria estrutura da consciência. A verdade se refere aos fenômenos e os fenômenos são o que a consciência conhece.

Ora, pergunta Husserl, o que é o fenômeno? O que é que se manifesta para a consciência? A própria consciência. Conhecer os fenômenos e conhecer a estrutura e o funcionamento necessário da consciência são uma só e mesma coisa, pois é a própria consciência que constitui os fenômenos.

Como ela os constitui? Dando sentido às coisas. Conhecer é conhecer o sentido ou a significação das coisas tal como esse sentido foi produzido ou essa significação foi produzida pela consciência. O sentido, ou significação, quando universal e necessário, é a essência das coisas. A verdade é o conhecimento das essências universais e necessárias ou o conhecimento das significações constituídas pela consciência reflexiva ou pela razão reflexiva.

Na perspectiva idealista, seja ela kantiana ou husserliana, não podemos mais dizer que a verdade é a conformidade do pensamento com as coisas ou a correspondência entre a idéia e o objeto. A verdade será o encadeamento interno e rigoroso das idéias ou dos conceitos (Kant) ou das significações (Husserl), sua coerência lógica e sua necessidade. A verdade é um acontecimento interno ao nosso intelecto ou à nossa consciência.

Para Kant e para Husserl, o erro e a falsidade encontram-se no realismo, isto é, na suposição de que os conceitos ou as significações se refiram a uma realidade em si, independente do sujeito do conhecimento. Esse erro e essa falsidade, Kant chamou de dogmatismo e Husserl, de atitude natural ou tese natural do mundo.

Uma terceira concepção da verdade

Quando falamos sobre Filosofia contemporânea, fizemos referência a um tipo de filosofia conhecida como filosofia analítica.

A filosofia analítica dedicou-se prioritariamente aos estudos da linguagem e da lógica e por isso situou a verdade como um fato ou um acontecimento lingüístico e lógico, isto é, como um fato da linguagem. A teoria da verdade, nessa filosofia, passou por duas grandes etapas.

Na primeira, os filósofos consideravam que a linguagem produz enunciados sobre as coisas – há os enunciados do senso-comum ou da vida cotidiana e os enunciados lógicos formulados pelas ciências. A pretensão da linguagem, nos dois casos, seria a de produzir enunciados em conformidade com a própria realidade, de modo que a verdade seria tal conformidade ou correspondência entre os enunciados e os fatos e coisas.

Essa conformidade ou correspondência seria inadequada e imprecisa na linguagem natural ou comum (nossa linguagem cotidiana) e seria adequada, rigorosa e precisa na linguagem lógica das ciências. Por isso, a ciência foi definida como "linguagem bem feita" e concebida como descrição e "pintura" do mundo.

No entanto, inúmeros problemas tornaram essa concepção insustentável. Por exemplo, se eu disser "estrela da manhã" e "estrela da tarde", terei dois enunciados diferentes e duas pinturas diferentes do mundo. Acontece, porém, que esses dois enunciados se referem ao mesmo objeto, o planeta Vênus. Como posso ter dois enunciados diferentes para significar o mesmo objeto ou a mesma coisa?

Um outro exemplo, conhecido com o nome de "paradoxo do catálogo", também pode ilustrar as dificuldades da teoria da verdade como correspondência entre enunciado e coisa, em que a correspondência é uma "pintura" da realidade feita pelas idéias.

Se eu disser que existe o catálogo de todos os catálogos, onde devo colocar o "catálogo dos catálogos"? Isto é, o catálogo dos catálogos é um catálogo catalogado por ele mesmo junto com os outros catálogos, ou é um catálogo que não faz parte de nenhum catálogo? Se estiver catalogado, não pode ser catálogo de todos os catálogos, pois será necessário um outro catálogo que o contenha; mas se não estiver catalogado, não é o catálogo de todos os catálogos, pois em tal catálogo está faltando ele próprio.

O que se percebeu nesse paradoxo é que a estrutura e o funcionamento da linguagem não correspondem exatamente à estrutura e ao funcionamento das coisas. Essa descoberta conduziu a filosofia analítica à idéia da verdade como algo puramente lingüístico e lógico, isto é, a verdade é a coerência interna de uma linguagem que oferece axiomas, postulados e regras para os enunciados e que é verdadeira ou falsa conforme respeite ou desrespeite as normas de seu próprio funcionamento.

Cada campo do conhecimento cria sua própria linguagem, seus axiomas, seus postulados, suas regras de demonstração e de verificação de seus resultados e é a coerência interna entre os procedimentos e os resultados com os princípios que fundamentam um certo campo de conhecimento que define o verdadeiro e o falso. Verdade e falsidade não estão nas coisas nem nas idéias, mas são valores dos enunciados, segundo o critério da coerência lógica.

A concepção pragmática da verdade

Os filósofos empiristas tendem a considerar que os critérios anteriores são puramente teóricos e que, para decidir sobre a verdade de um fato ou de uma idéia, eles não são suficientes e podem gerar ceticismo, isto é, como há variados critérios e como há mudanças históricas no conceito da verdade, acaba-se julgando que a verdade não existe ou é inalcançável pelos seres humanos.

Para muitos filósofos empiristas, a verdade, além de ser sempre verdade de fato e de ser obtida por indução e por experimentação, deve ter como critério sua eficácia ou utilidade. Um conhecimento é verdadeiro não só quando explica alguma coisa ou algum fato, mas sobretudo quando permite retirar conseqüências práticas e aplicáveis. Por considerarem como critério da verdade a eficácia e a utilidade, essa concepção é chamada de pragmática e a corrente filosófica que a defende, de pragmatismo.

As concepções da verdade e a História

As várias concepções da verdade que foram expostas estão articuladas com mudanças históricas, tanto no sentido de mudanças na estrutura e organização das sociedades, como quanto no sentido de mudanças no interior da própria Filosofia.

Assim, por exemplo, nas sociedades antigas, baseadas no trabalho escravo, a idéia da verdade como utilidade e eficácia prática não poderia aparecer, pois a verdade é considerada a forma superior do espírito humano, portanto, desligada do trabalho e das técnicas, e tomada como um valor autônomo do conhecimento enquanto pura contemplação da realidade, isto é, como theoria.

Nas sociedades nascidas com o capitalismo, em que o trabalho escravo e servil é substituído pelo trabalho livre e em que é elaborada a idéia de indivíduo como um átomo social, isto é, como um ser que pode ser conhecido e pensado por si mesmo e sem os outros, a verdade tenderá a ser concebida como dependendo exclusivamente das operações do sujeito do conhecimento ou da consciência de si reflexiva autônoma.

Também nas sociedades capitalistas, regidas pelo princípio do crescimento ou acumulação do capital por meio do crescimento das forças produtivas (trabalho e técnicas) e por meio do aumento da capacidade industrial para dominar e controlar as forças da Natureza e a sociedade, a verdade tenderá a aparecer como utilidade e eficácia, ou seja, como algo que tenha uso prático e verificável. Assim como o trabalho deve produzir lucro, também o conhecimento deve produzir resultados úteis.

Numa sociedade altamente tecnológica, como a do século XX ocidental europeu e norte-americano, em que as pesquisas científicas tendem a criar nos laboratórios o próprio objeto do conhecimento, isto é, em que o objeto do conhecimento é uma construção do pensamento científico ou um constructus produzido pelas teorias e pelas experimentações, a verdade tende a ser considerada a forma lógica e coerente assumida pela própria teoria, bem como a ser considerada como o consenso teórico estabelecido entre os membros das comunidades de pesquisadores.

A verdade, portanto, como a razão, está na História e é histórica.

Também as transformações internas à própria Filosofia modificam a concepção da verdade. A teoria da verdade como correspondência entre coisa e idéia, ou fato e idéia, liga-se à concepção realista da razão e do conhecimento, isto é, à prioridade do objeto do conhecimento, ou realidade, sobre o sujeito do conhecimento. Ao contrário, a concepção da verdade como coerência interna e lógica das idéias ou dos conceitos liga-se à concepção idealista da razão e do conhecimento, isto é, à prioridade do sujeito do conhecimento ou do pensamento sobre o objeto a ser conhecido.

As concepções históricas e as transformações internas ao conhecimento mostram que as várias concepções da verdade não são arbitrárias nem casuais ou acidentais, mas possuem causas e motivos que as explicam, e que a cada formação social e a cada mudança interna do conhecimento surge a exigência de reformular a concepção da verdade para que o saber possa realizar-se.

As verdades (os conteúdos conhecidos) mudam, a idéia da verdade (a forma de conhecer) muda, mas não muda a busca do verdadeiro, isto é, permanece a exigência de vencer o senso-comum, o dogmatismo, a atitude natural e seus preconceitos. É a procura da verdade e o desejo de estar no verdadeiro que permanecem. A verdade se conserva, portanto, como o valor mais alto a que aspira o pensamento.

As exigências fundamentais da verdade

Se examinarmos as diferentes concepções da verdade, notaremos que algumas exigências fundamentais são conservadas em todas elas e constituem o campo da busca do verdadeiro:

1. compreender as causas da diferença entre o parecer e o ser das coisas ou dos erros;

2. compreender as causas da existência e das formas de existência dos seres;

3. compreender os princípios necessários e universais do conhecimento racional;

4. compreender as causas e os princípios da transformação dos próprios conhecimentos;

5. separar preconceitos e hábitos do senso comum e a atitude crítica do conhecimento;

6. explicitar com todos os detalhes os procedimentos empregados para o conhecimento e os critérios de sua realização;

7. liberdade de pensamento para investigar o sentido ou a significação da realidade que nos circunda e da qual fazemos parte;

8. comunicabilidade, isto é, os critérios, os princípios, os procedimentos, os percursos realizados, os resultados obtidos devem poder ser conhecidos e compreendidos por todos os seres racionais. Como escreve o filósofo Espinosa, o Bem Verdadeiro é aquele capaz de comunicar-se a todos e ser compartilhado por todos;

9. transmissibilidade, isto é, os critérios, princípios, procedimentos, percursos e resultados do conhecimento devem poder ser ensinados e discutidos em público. Como diz Kant, temos o direito ao uso público da razão;

10. veracidade, isto é, o conhecimento não pode ser ideologia, ou, em outras palavras, não pode ser máscara e véu para dissimular e ocultar a realidade servindo aos interesses da exploração e da dominação entre os homens. Assim como a verdade exige a liberdade de pensamento para o conhecimento, também exige que seus frutos propiciem a liberdade de todos e a emancipação de todos;

11. a verdade deve ser objetiva, isto é, deve ser compreendida e aceita universal e necessariamente, sem que isso signifique que ela seja "neutra" ou "imparcial", pois o sujeito do conhecimento está vitalmente envolvido na atividade do conhecimento e o conhecimento adquirido pode resultar em mudanças que afetem a realidade natural, social e cultural.

Como disseram os filósofos Sartre e Merleau-Ponty, somos "seres em situação" e a verdade está sempre situada nas condições objetivas em que foi alcançada e está sempre voltada para compreender e interpretar a situação na qual nasceu e à qual volta para trazer transformações. Não escolhemos o país, a data, a família e a classe social em que nascemos – isso é nossa situação -, mas podemos escolher o que fazer com isso, conhecendo nossa situação e indagando se merece ou não ser mantida.

A verdade é, ao mesmo tempo, frágil e poderosa. Frágil porque os poderes estabelecidos podem destruí-la, assim como mudanças teóricas podem substituí-la por outra. Poderosa, porque a exigência do verdadeiro é o que dá sentido à existência humana. Um texto do filósofo Pascal nos mostra essa fragilidade-força do desejo do verdadeiro:

O homem é apenas um caniço, o mais fraco da Natureza: mas é um caniço pensante. Não é preciso que o Universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água são suficientes para matá-lo. Mas, mesmo que o Universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo que o mata, porque ele sabe que morre e conhece a vantagem do Universo sobre ele; mas disso o Universo nada sabe. Toda nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que nos devemos elevar e não do espaço e do tempo, que não saberíamos ocupar.

Link to comment
Share on other sites

  • Members

PS: Que eu me lembre você disse que não entraria mais neste tópico' date=' porque mudou de opinião? Saudades?

[/quote']

Falta de palavra ?

 

Sei que vc perguntou isso para o Nacka,mas eu quero ter o prazer de responder:

Se não foi falta de palavra,foi a vontade dela em querer estar acima dos demais,bom,na verdade,colocar aquilo que ela acredita como verdade universal. Mesmo que ela venha a perder ,lutando no gel com a abelha,ela não desistirá.....smiley36.gif

smiley12.gif se vocês parassem de ficar respondem minhas mensagens... tô sacrificando coisas realmente importantes para arrumar tempo pra essa palhaçada aqui...

Link to comment
Share on other sites

  • Members

vc pegou um fragmento de conversa! não estávamos falando de cristão! estávamos falando exatamente de testemunha de Jeová!


Sorry' date='mas vc não deixou  claro,em nenhum momento,que vc estava se referindo aos Testemunhas de Jeová.

Vc falava generalizando,e se foi a sua intenção ou não,isso não vem ao caso,mas sim o fato de vc ter emitido uma afirmação inverídica,dizendo que a religião cristã prega a alienação e limitação.

Da próxima vez,especifique,tome cuidado para não cometer injustiças.É muito perigoso vc tecer comentários sem o mínimo de cuidado,isso pode provocar desentendimentos desnecessários,partindo até para ofensas bobas entre ateus e crentes(dependendo da cabeça da pessoa...),o que não contribui em nada.
[/quote']

smiley12.gif

ohhhhh filho!!! aprender interpretar é importante... volta lá que você verá que eu estava respondendo uma mensagem de alguém que estava falando sobre testemunha de Jeová... só você entendeu errado...

Link to comment
Share on other sites

  • Members

 

   smiley36.gifque vc acha?!?!? tudo que consegui refletir lendo seu "livro sagrado" foi o quanto aquilo tudo é patriarcal e primitivo... e principalmente tedioso vomit-smiley-007.gif


Nada pessoal' date='mas isso já é meio que um desrespeito...os emoticons que vc colocou...vc pode não gostar e não concordar com o "livro sagrado",mas dizer que é primitivo,patriarcal e tedioso,mostra uma falta de respeito para com a crença alheia.Se vc usasse a cabeça,saberia diferenciar o significado de primitivo de uma crença que atravessa a barreira dos séculos,mantendo-se firme e inabalável ainda nos tempos atuais..O cristianismo é uma crença primitiva para vc?Ótimo...

Outros tb até podem pensar como vc....

Mas,não coloque de maneira arrogante uma crença como inferior ao que vc acredita.Saber colocar as palavras de maneira respeitosa é melhor,vc não acha?E eu não estaria aqui reclamando.Sua liberdade termina onde começa a do próximo....se vc quer vomitar em cima de um "livro sagrado'(como o fez usando o emoticon),então,disponha....vc acha que,fazendo isso,estará contribuindo com seu ego,então..

Parabéns...seu comportamento é um ótimo exemplo para colocarmos em prática,enfim,é isso que é ser culto,como vc chegou a dizer dos Ateus,não é?Vc disse:"Não existe ateu que não seja culto e não tenha conhecimento"..realmente,e vc é um grande exemplo....

[/quote']

ahhh tenha dó!!! vc tá misturando muitos os assuntos... dá pra falar de seus deus sem falar da bíblia??? ela é tudo que eu disse um pouco pior...

é patriarcal sim, pois seu deus foi feito a imagem do homem e é a palavra do homem que predomina lá... é tão patriarcal que eu queria provar uma teoria minha e comecei a procurar a parte que fala do anjo que foi visitar Maria, mas nããããããão..... um anjo do senhor não pode falar com uma mulher..... ele foi visitar José!!! e disse para ele aceitar a gravidez de Maria....

é primitivo sim, pois fala de escravidão e outras relações humanas vergonhosas... narra fatos de um passado remoto que não podem servir de exemplo para nossos tempos!!! como a chantagem que deus fez com Abraão, mandando matar o próprio filho!!! que sabedoria há nisso?!?!? que podemos tirar de uma estória tão horrorosa?!?!?

é muiiiiiiiiiiiito tedioso sim!!!!! pois não dá pra ler sem abrir a boca de tédio!!!

 

agora, vou ti falar algo muito sinceramente:

um dos maiores problemas que eu vejo na literatura é a tradução!

principalmente porque muitas palavras e expressões mudam de significado durante os anos e local, imagina durante séculos...

e sempre há aqueles tradutores preguiçosos...

ou oportunistas que modificam para tirar proveito...

você está lendo, ou melhor, diz que está lendo porque se tivesse lido tudo mesmo não estaria defendendo..., um livro que é tradução de tradução de tradução...

e é bom ter em mente que muitas dessas traduções foram feitas pela igreja católica, aquela mesma igreja que queimava gente como eu só porque sabia que um determinado chá poderia curar uma doença; ou sabia ler; ou tinha uma religião durante toda a vida e não entendia porque tinha que mudar para uma nova; ou porque estava vendo que alguma coisa estava errada, como um animal doente e alertava para o dono, e quando o animal morria, diziam que tinha feito magia negra... bem... não preciso ficar relatando tudo! você é bem culto, sabe tudo né?!?! sabe bem todas as sacanagens que sua amada igreja fez em nome de seu amado deus...

vc está dando murro em ponta de faca!!! sua verdade se baseia em um livro falho...

 

 

e dá uma olhada nisso aqui, pra você refletir melhor:

 

O que Substituiria a Bíblia como um Guia Moral?

Autor: Robert G. Ingersoll [1833 1899]


          Perguntam-me o que “substitui a Bíblia como guia moral”.

          Sei que muitas pessoas têm a Bíblia como o único guia moral e acreditam que somente nesse livro se encontra o verdadeiro e perfeito padrão de moralidade.

          Existem muitos preceitos bons, muitos provérbios sábios e muitas regras e leis excelentes na Bíblia – mas estão misturados com preceitos péssimos, provérbios tolos, regras absurdas e leis cruéis.

          Porém, temos de nos lembrar que a Bíblia é uma coleção de muitos livros escritos durante séculos, e que representa e conta, em parte, o desenvolvimento e a história de um povo. Precisamos nos lembrar também que seus escritores tratam de uma ampla variedade de assuntos. Muitos desses escritores não têm nada a declarar sobre o certo e o errado, sobre o vício e a virtude.

          O livro do Gênesis não contém nada sobre moralidade. Não há nele nenhuma linha calculada para iluminar o campo de nossa conduta. Ninguém pode chamar este livro de um guia moral. Ele constitui-se de mitos e milagres, de tradição e lenda.

          No livro do Êxodo encontramos uma explicação de como Jeová libertou os judeus da escravidão dos egípcios.

          Nós atualmente sabemos que os judeus jamais foram escravizados pelos egípcios, que a história toda é uma ficção. Nós sabemos disso porque não há no hebraico qualquer palavra de origem egípcia, e não foi encontrada na língua egípcia qualquer vocábulo de origem hebraica. Assim sendo, inferimos que os hebreus e os egípcios não poderiam ter convivido durante séculos.

          Certamente o livro do Êxodo não foi escrito para ensinar moralidade. Neste livro é impossível encontrar qualquer palavra contra a escravidão humana. De fato, Jeová era conivente a esta instituição.

          A matança do gado com peste e granizo, o assassinato dos primogênitos – de modo que em todos os lares houve morte porque o rei recusou-se a deixar os hebreus partirem – certamente não foi algo moralmente correto: foi algo demoníaco. O autor deste livro considerava todo o povo do Egito – suas crianças, suas manadas e seus rebanhos – como propriedades do Faraó. Esse povo e esse gado foram mortos, não porque fizeram algo de errado, mas simplesmente com o objetivo de punir o rei. É possível extrairmos alguma lição moral desta história?

          Todas as leis encontradas no Êxodo – incluindo os Dez Mandamentos –, que estão tão longe do que é realmente bom e sensato, estavam naquele tempo sendo impostas à força a todos os povos do mundo.

          O assassinato é, e sempre foi, um crime, e sempre o será enquanto a maioria da população negar-se a ser assassinada.

          A diligência sempre foi e sempre será a inimiga do latrocínio.

          A natureza do homem é tal que ele admira aquele que diz a verdade e despreza o mentiroso. Entre todas as tribos, entre todos os povos, o “dizer a verdade” tem sido considerado uma virtude, e um juramento ou pronunciamento falsos, um vício.

          O amor dos pais pelos filhos é natural, e este amor pode ser encontrado entre todos os animais vivem. Deste modo, o amor dos pais pelos filhos é natural – não foi e não pode ser criado por lei. O amor não surge do senso de dever e tampouco floresce curvado em obediência a comandos.

          Assim, neste sentido, os homens e as mulheres não são virtuosos por causa de algum livro ou de alguma crença.

          De todos os Dez Mandamentos, os que eram bons eram antigos, eram resultado da experiência. Os mandamentos originais de Jeová eram tolos.

          A adoração “qualquer outro Deus” não poderia ter sido pior do que a adoração de Jeová, e nada poderia ser mais absurdo do que a santidade do Sabá.

          Se os mandamentos concedidos fossem contra a escravidão e a poligamia, contra guerras de invasão e extermínio, contra a perseguição religiosa sob todas as formas, de modo que o mundo pudesse ser livre, de modo que a mente pudesse ser desenvolvida e o coração civilizado, então poderíamos, com propriedade, chamar tais mandamentos de um “guia moral”.

          Antes de podermos dizer que os Dez Mandamentos constituem realmente um guia moral, devemos adicionar e subtrair alguns deles – devemos jogar alguns fora e escrever outros em seus lugares.

          Os mandamentos que possuem alguma aplicação conhecida aqui, neste mundo, que tratam de compromissos humanos, são sábios; os outros não se fundamentam em fatos ou experiências.

          Muitos dos regulamentos encontrados no Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio são bons. Entretanto, muitos são absurdos e cruéis.

          As cerimônias de adoração são completamente insanas.

          A maior parte das punições prescritas para violações de leis são irracionais e brutais. O fato é que o Pentateuco justifica praticamente todos os crimes, e chamá-lo de um guia moral é tão absurdo quanto dizer que ele é misericordioso ou verdadeiro.

          Nenhuma moral natural pode ser encontrada em Josué ou em Juízes. Estes livros estão repletos de crimes – com massacres e assassinatos. Em boa parte, são como a história real dos índios Apache.

          A estória de Rute não é particularmente moral.

          Em Samuel I e II não há uma palavra calculada para desenvolver o cérebro ou a consciência.

          Jeová matou setenta mil de judeus porque Davi fez um censo do povo. David, segundo o relato, era o único culpado, porém somente inocentes foram mortos.

          Em Reis I e II não pode ser encontrada qualquer coisa de valor ético. Todos os reis que se recusaram a obedecer aos sacerdotes foram denunciados, e todos os vilões coroados que ajudaram os sacerdotes foram declarados como os favoritos de Jeová. Nestes livros não se pode encontrar uma única palavra em favor da liberdade.

          Há alguns Salmos bons e alguns infames. A maioria dos Salmos é egoísta. Muitos deles são apelos passionais à vingança.

          A história de Jó choca o coração de qualquer homem de boa índole. Neste livro há alguma poesia, algum sentimento e alguma filosofia, mas a história deste drama chamado Jó é desalmada ao mais alto grau. As crianças de Jó foram assassinadas devido a uma pequena aposta entre Deus e o Diabo. Posteriormente, tendo Jó permanecido firme, outras crianças foram colocadas no lugar das assassinadas. Todavia, nada foi feito pelas crianças que foram assassinadas.

          O livro de Éster é completamente absurdo, e a única coisa boa nele é o fato de que o nome de Jeová não é mencionado.

          Aprecio o Cântico dos Cânticos porque fala sobre o amor humano, e isso é algo que posso compreender. A meu ver, este livro é melhor que todos aqueles que o precedem e, de longe, é um guia moral superior.

          Há alguns provérbios sábios e compassivos. Alguns são egoístas e outros são superficiais e triviais.

          Gosto do livro de Eclesiastes porque lá podemos encontrar alguma sensatez, alguma poesia e alguma filosofia. Excetuando-se as interpolações, trata-se de um bom livro.

          Obviamente, não há nada em Neemias ou Esdras para tornar o homem melhor; não há nada em Jeremias ou em Lamentações cujo objetivo é atenuar vícios, e somente poucas passagens de Isaías podem ser utilizadas em prol boas causas.

          Em Ezequiel e Daniel encontramos somente delírios de insanos.

          Em alguns dos profetas menores, aqui e acolá encontramos um bom verso, aqui e acolá um pensamento elevado.

          Podemos, através de uma seleção de trechos de diferentes livros, obter uma crença excelente. Entretanto, através de uma seleção de trechos de outros livros, podemos obter uma péssima crença.

          O problema é que o espírito do Velho Testamento – sua disposição, seu temperamento – é maldoso, egoísta e cruel. As coisas mais atrozes comandadas, recomendadas e aplaudidas.

          As estórias contadas de José, de Eliseu, de Daniel e de Gideão – e de muitos outros – são hediondas, diabólicas.

          Na sua íntegra, o Antigo Testamento não pode ser considerado um guia moral.

          Jeová não foi um Deus moral. Ele possuía todos os vícios e carecia de todas as virtudes. Ele geralmente executava suas ameaças, mas nunca cumpriu fielmente uma promessa.

          Ao mesmo tempo, devemos ter em mente que o Antigo Testamento é uma produção natural, que foi escrito por selvagens que estavam caminhando, lentamente, em direção à civilização. Devemos dar-lhes crédito pelas coisas nobres que disseram e devemos ser compreensivos o suficiente para desculpá-los por suas faltas, e mesmo pelos seus crimes.

          Sei que muitos cristãos consideram o Velho Testamento como o “alicerce” e o Novo como a “superestrutura”. Por outro lado, muitos admitem que há falhas e erros no Antigo Testamento, mas insistem que o Novo Testamento é uma flor, um fruto perfeito.

          Admito que há muitas coisas boas no Novo Testamento e, se retirarmos deste livro os dogmas da dor eterna, da vingança infinita, da expiação, do sacrifício humano, da necessidade de derramamento de sangue; se colocarmos de lado a doutrina da não-resistência – de amarmos os inimigos –, se colocarmos de lado a idéia de que a prosperidade é conseqüência da perversão, que a miséria é uma preparação para o Paraíso. Enfim, se deixarmos isso tudo para trás e selecionarmos apenas as passagens sensatas e bondosas, que são aplicáveis à nossa conduta, então poderíamos construir um guia moral razoavelmente bom – estreito e limitado, mas moral.

          Neste caso, evidentemente, muitas coisas importantes ficariam de fora. Não haveria qualquer coisa quanto aos direitos humanos, nada em favor da família, nenhuma palavra sobre a educação, nada em favor do espírito investigativo, do pensamento e da razão – mas, ainda assim, teríamos um guia moral razoável.

          Por outro lado, se selecionarmos apenas as passagens tolas – as mais extremas –, então poder-se-ia construir uma doutrina capaz satisfazer um manicômio inteiro.

          Se pegarmos as passagens cruéis, os versos que inculcam o ódio eterno, os versos que rastejam e sibilam como serpentes, então poder-se-ia construir um doutrina que chocaria até o coração de uma hiena.

          Talvez nenhum livro contenha passagens melhores que as do Novo Testamento – mas certamente nenhum livro contém piores.

          Sob o desabrochar da flor do amor encontra-se o aguilhão do ódio; nos lábios que beijam encontra-se o veneno da serpente.

          A Bíblia não é um guia moral.

          Qualquer homem que seguir fielmente todos os seus ensinamentos é um inimigo da sociedade – e provavelmente irá terminar seus dias numa prisão ou num manicômio.

          Que é moralidade?

          Neste mundo, precisamos de certas coisas. Possuímos muitos desejos. Somos expostos a muitos perigos. Precisamos de alimento, combustível, vestimentas e abrigo; além desses desejos, há o que poderíamos denominar nossa “fome mental”.

          Somos seres condicionados e, por isso, nossa felicidade depende de condições. Há coisas que reduzem e há coisas que aumentam nosso bem-estar. Há certas coisas que o destroem e outras que o preservam.

          A felicidade – também em suas formas mais elevadas – é, em última instância, a única coisa boa. Portanto, todas as coisas cujo objetivo é produzir ou assegurar a felicidade são boas, ou seja, morais. Tudo que destrói ou diminui o bem-estar é ruim, ou seja, imoral. Em suma, tudo que é bom é moral, tudo que é ruim é imoral.

          Então o que é – ou poderia ser denominado – um guia moral? A resposta mais curta possível consiste de apenas uma palavra: inteligência.

          Queremos a experiência da humanidade, a verdadeira história de nossa raça. Queremos a história do desenvolvimento intelectual, do fortalecimento da ética, da idéia de justiça, da consciência, da caridade, do altruísmo. Almejamos conhecer as estradas e os caminhos que foram percorridos pela mente humana.

          Esses fatos em geral, o esboço dessas histórias, os resultados obtidos, as conclusões alcançadas, os princípios envolvidos – tudo isso, tomado em conjunto, consistiria no melhor guia moral concebível.

          Não podemos nos apoiar nos assim chamados “livros inspirados” ou nas religiões do mundo. Estas religiões são fundamentadas no sobrenatural e, de acordo com elas, estamos obrigados a adorar e a obedecer algum ser ou seres sobrenaturais. Todas essas religiões são incompatíveis com a liberdade intelectual. São inimigas do pensamento, da investigação, da honestidade intelectual. Elas despojam do homem sua própria humanidade. Prometem recompensas eternas para a crença, para credulidade – para aquilo que denominam “fé”.

          Essas religiões ensinam virtudes que escravizam. Transformam coisas inanimadas em coisas sagradas e falsidades em dogmas sacrossantos. Criam crimes artificiais: comer carne na sexta-feira, divertir-se aos sábados, comer nos dias de jejum, ser feliz na Quaresma, debater com um sacerdote, buscar evidências, rejeitar uma crença, expressar seu pensamento honestamente – todos esses atos são pecados, são crimes contra algum deus. Emitir sua opinião sincera sobre Jeová, Maomé ou Cristo é muito pior do que caluniar maliciosamente seu próximo. Questionar ou duvidar de milagres é muito pior do que rejeitar fatos conhecidos.

          Somente os obedientes, os crédulos, os bajuladores, os ajoelhadores, os submissos, os que não questionam – os verdadeiros crentes –, são considerados morais, virtuosos. Não basta ser honesto, generoso e prestativo; não basta seguir as evidências, os fatos. Além disso, é necessário crer. Essas doutrinas são inimigas da moralidade, elas subvertem todas as concepções naturais de virtude.

          Todos os “livros inspirados”, ensinando que os mandamentos sobrenaturais são corretos – corretos porque foram ordenados –, ensinando que aquilo que o sobrenatural proíbe é errado – errado porque foi proibido –, são absurdamente antifilosóficos.

          E todos os “livros inspirados”, ensinando que somente aqueles que obedecem aos mandamentos sobrenaturais são – ou podem ser – verdadeiramente virtuosos, e que uma fé inquestionada será recompensada com a eterna bem-aventurança, são grosseiramente imorais.

          Declaro novamente: a inteligência é o único guia moral.

Link to comment
Share on other sites

  • Members

Outra coisa' date=' acho que a religião, quando sadia, e é essencial ao mundo. Claro, tem umas religiões q se aproveitam e tals, mas também não é pra sair por ai engolindo os que acreditam. A fé é um mal necessário tão importante quanto a mentira em nossa sociedade.

[/quote']

também acho que as pessoas precisam de religião! só as leis dos homens não dariam um jeito no mundo... é muito bom pra todo mundo! menos pra mim!!! e se optei por não ter, queria não ser abordada, e afrontada, por quem optou em ter... aliás, foi isso que me trouxe aqui!!! ser afrontada em outros tópicos... por que eles tem que mexer com quem está quieto?!?!?

é sempre assim:

tô em casa: dormindo, trabalhando ou estudando, toca a campainha, são esses malas...

tô na rua, sou abordada por estranhos, pra quê?!?! prá me empurrarem o deus deles!!!

faço uma boa ação, o que ganhou?!??! um "deus ti pague"

 

 

esse fórum virou palhaçada e não estamos abertos ainda para esclarecimentos' date=' quando ainda brigamos por coisas tão banais. Ninguém ouve mais ninguém, todo mund ose desrespeita...

[/quote']

esse tópico já nasceu idiota! esse é o tipo de coisa que não se discute! não leva a lugar nenhum! ninguém aqui vai mudar a cabeça de ninguém...

 

Alguém tem que começar a mudança. Se não mudarmos nossas próprias mentes' date=' que mundo vamos deixar pros nossos filhos ? Um mundo onde eu não te dou o direito de acreditar n oque vc quiser ? num mundo onde ninguém acredita em nada ? num mundo sem liberdade, sem amor, sem respeito, igual vemos nesse forum ?

[/quote']

pô cara! isso é muito legal! mas é filosofia de atéu!!! o mundo melhor para os "crentes", (ou melhor, vou mudar de "crentes" (aqueles que crêem) para "tementes" porque deus é isso... temor) é o mundo sem mudanças, é o mundo deles, é um mundo "temente" ao deus deles...

 

Sou ateu com muito orgulho sem ferir' date=' ofender, coibir, calar ou prejudicar ninguém. Você que é ateu ou crente, aprenda também. Senão o mundo vai ficar nessa e a tendência é só piorar....

[/quote']

só piorar nada! pesquisas indicam que o ateísmo está crescendo no mundo inteiro, não parece porque os ateus ficam na sua, não saem por aí aporrinhando os outros!!! a era da razão está chegando...

 

Por falar nisso' date=' por onde anda a Abelha ? Ela desistiu ? hahahah,,

[/quote']

vocês falam tanto da Abelha que até fiquei curiosa! só conversei com ela uma vez, parece que é gente boa...

pelo menos é esperta o bastante para ficar longe de toda essa bobeira...

 

Não querendo gerar polémica Alexssandra' date=' mas vc usa um banner de um anjo sendo ateu ???

[/quote']

é o arcanjo Gabriel cara!!! o testa de ferro de deus!!! aquele anjo que deus mandava fazer o serviço sujo pra ele... tipo destruir Sadoma e Gomorra... falar com os humanos... engravidar Maria... rsrsr (sorry... não resisti....)

e é do filme Constantine man!!!!!!!!!!! uuuuuuuuuuuuuuuhhhhuuuuuuuuuuu!!!! chega logo sexta-feira!!!!! nossa!!!!!! há 10 anos que espero por esse filme!!!!!!!!! uuuuuuuuuuhhhhhuuuuuuuuuuuu........

PS: alguns dos traços de minha personalidade vêm do Constantine... ele é muito foda!!!

se vocês forem ver o filme, provavelmente há uma fala: "Eu fiz do meu jeito"... é porque ele está desesperado e sai pedindo ajuda pra todo mundo e ninguém ajuda (como no mundo real... rsrsrs), então ele pára, pensa e vê o que ele tem feito de errado, então ele percebe que ele sempre esteve sozinho e sempre fez tudo sozinho, e porque teria que ser diferente agora... então faz as coisas do jeito dele... muuuuuuuuuito legal...

Link to comment
Share on other sites

  • Members

“Por que devemos simplesmente acreditar nas divindades que nos são impostas desde a infância? Por que essas divindades não podem ser questionadas? Elas são tão frágeis assim? Temos que aprender a questionar antes de acreditar. Porque Questionar é Evoluir.”

smiley32.gif

Link to comment
Share on other sites

  • Members

H. L. Mencken

"Mesmo o homem supersticioso tem direitos inalienáveis. Ele tem o direito de defender suas imbecilidades tanto quanto quiser. Mas certamente não tem direito de exigir que elas sejam tratadas como sagradas."

 

Charles Chaplin

"Por simples bom senso, não acredito em Deus. Em nenhum"

 

Friedrich Nietzsche

"O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos"

 

José Saramago

"Não sou ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente ou felizmente não o encontro"

 

Napoleão Bonaparte

"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."

 

Sigmund Freud

"A crença em Deus subsiste devido ao desejo de um pai protetor e imortalidade, ou como um ópio contra a miséria e sofrimento da existência humana."

 

Carl Sagan

"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar."

 

Benjamin Franklin

"O jeito de ver pela fé é fechar os olhos da razão."

 

Albert Einstein

"Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível."

 

Chico Buarque

"Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir. A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir. Por me deixar respirar, por me deixar existir. Deus lhe pague. Pelo prazer de chorar e pelo ‘estamos aí'. Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir. Um crime pra comentar e um samba pra distrair. Deus lhe pague."

 

Montaigne

"Nossa maneira habitual de fazer está em seguir os nossos impulsos instintivos para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo, segundo as circunstâncias. Só pensamos no que queremos no próprio instante em que o queremos, e mudamos de vontade como muda de cor o camaleão."

 

Ashley Montagu

"A ciência tem provas sem certeza. Os teólogos têm certeza sem qualquer prova."

 

Friedrich W. Nietzsche

"Retire o sistema nervoso e os sentidos, o chamado "envoltório mortal", e o resto é um erro de cálculo."

 

Peter de Vries

"A idéia de um Ente supremo que cria um mundo no qual uma criatura deve comer outra para sobreviver e, então, proclama uma lei dizendo: 'Não Matarás' é tão monstruosamente absurda que não consigo entender como a humanidade a tem aceito por tanto tempo."

 

M. Bakunin

"(...)quintessência da teologia: Credo quia absurdum [Creio porque é absurdo]"

 

Isaac Asimov

"Lida propriamente, a Bíblia é a força mais potente para o ateísmo jamais concebida."

 

George Bernard Shaw

"O fato de um crente ser mais feliz que um cético não é mais pertinente que o fato de um homem bêbado ser mais feliz que um sóbrio."

 

Mário Quintana

"Para os peixinhos do aquário, quem troca a água é deus."

 

Chefe Pontiac, Chefe Indígena Americano

"Eles vieram com uma Bíblia e sua religião – roubaram nossa terra, esmagaram nosso espírito... e agora nos dizem que devemos ser agradecidos ao ‘Senhor’ por sermos salvos."

 

Anatole France

"Se 5 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida."

 

D. Barker

"Sou ateu porque não há evidência para a existência de deus. Isso deve ser tudo que se precisa dizer sobre isso: sem evidência, sem crença."

 

Lemuel K. Washburn

"O inferno é para onde os covardes enviaram os heróis."

 

Friedrich W. Nietzsche

"Quando a fé é exaltada acima de tudo, disso segue-se necessariamente o descrédito à razão, ao conhecimento e à investigação meticulosa: o caminho que leva à verdade torna-se proibido."

 

Richard Dawkins - O Relojoeiro Cego

"O cientista bem-sucedido e o fanático delirante distinguem-se pela qualidade de suas inspirações."

 

Esquimó: "Se eu não souber sobre Deus e pecado, Eu vou para o inferno?"

Padre : "Não, não se você não souber."

Esquimó: "Então por que Você me contou?

 

Se deus não pode acabar com a injustiça, mas quer fazê-lo, ele é bom, mas não onipotente.

Se pode, mas não quer, é onipotente mas não é bom.

Se nem pode nem quer, ele é o ser mais insignificante que existe e estamos perdendo tempo rezando para ele.

 

Georg Lichemberg

"O homem pode adquirir conhecimento ou se tornar um animal, como ele quizer. Deus faz os animais, o homem faz a si próprio"

 

Link to comment
Share on other sites

 Share

Announcements


×
×
  • Create New...