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M. Night Shyamalan


Na sua opinião, qual é o melhor filme de M. Night Shyamalan?  

76 members have voted

  1. 1. Na sua opinião, qual é o melhor filme de M. Night Shyamalan?

    • O Sexto Sentido
      73
    • Corpo Fechado
      40
    • Sinais
      21
    • A Vila
      59
    • Outro. Qual?
      2


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Mas sério... smiley36.gif

 

Explicando...

 

O que me faz gostar de um filme em geral é uma conjunção de fatores. Todos os filmes de Shyamalan têm ótimas premissas, mas do mesmo jeito que Woody Allen (um pouco menos), mas principalmente Almodóvar pra mim, existe algo que me incomoda...apesar dessa conjunção de fatores que eu disse, um fator nos filmes é absolutamente fundamental pra mim: Os personagens...minha interação com eles deve ser muito profunda pra eu me envolver com a estória.

 

 

 

E daí é pessoal, mesmo. Não importa se a estória é a melhor ou a pior do mundo, esse fator é fundamental.

 

O problema de todos esses filmes para mim não está na estória, está na minha conexão com o processo de desenvolvimento psicológico dos personagens, eu simplesmente não gosto de como são concebidos..percebo que isso ocorre com alguns diretores, logo deve haver uma série de fatores comuns ou que se interligam de alguma forma (exemplos: os diretores supracitados) mas eu não consigo identificar quais são os que impedem essa interação.

 

 

 

O Sexto Sentido e A Vila foram os únicos em que isso não ocorreu.

 

 

 

Por esse motivo, A Vila apresenta uma série de fatores que acho realmente interessantíssimos (a que eu acho mais interessante é a forma de filmagem do filme, sempre dos cantos, das portas,das janelas, de trás dos personagens, etc..dificilmente o filme mostra algo na perspectiva comum, é como se estivéssemos fuçando a vida dos personagens, desvendando seus segredos), mas existem outros que fazem o filme cair vertiginosamente na pontuação que talvez merecesse...como são de origem "de momento", creio que algum dia possa apreciá-lo.

 

 

 

Alguns: o marketing do filme, que por uma má compreensão de minha parte (aquela frase de não contar o final pra ninguém da propaganda), deteriorou minha visão do restante, a partir do meio. Hoje reconheço esse slogan como um dos melhores de todos os tempos...depois explico por quê.

 

 

 

Segundo: Eu tinha assistido A Praia no dia anterior e a estória de A Vila, por algumas similaridades, solapou totalmente meu interesse pelo filme. Era como se eu estivesse vendo o mesmo filme de novo, só que com suspense ao invés de aventura, não importando se a trama de Shyamalan era melhor estruturada..naquele dia, era simplesmente parecido com o filme anterior. Isso cria um sentimento inconsciente e exagerado de "ah, nem vou prestar atenção, é igualzinho ao outro".

 

 

 

Terceiro motivo: estava vendo com um bocado de gente que não estava gostando do filme (após a revelação do meio da estória) e acabei entrando na onda. Como estava no cinema, mesmo pessoas que eu não conhecia fazem a gente agravar o clima de descontentamento

 

 

 

Com estes fatores negativos eu perdi completamente a atmosfera do filme e acabei por não gostar do resto até o final...na verdade, não via a hora de acabar.

 

 

 

 

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Definitivamente o Sexto Sentido.
Não gosto de Sinais' date=' não gosto de A Vila (talvez se rever daqui há muito tempo passe a gostar porque acho que tem alguns elementos muito interessantes), não gosto de Corpo Fechado...Peraí...putz, sou um chato de galocha... smiley36.gif [/quote']

 Desde meu trauma com "Sinais" ainda não tive coragem de conferir "A Vila"... Mas, acho "Sexto Sentido" e "Corpo Fechado" (em especial este último) do caralho, Mr. Scofield!!!

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  • Members

Alguns: o marketing do filme, que por uma má compreensão de minha parte (aquela frase de não contar o final pra ninguém da propaganda), deteriorou minha visão do restante, a partir do meio. Hoje reconheço esse slogan como um dos melhores de todos os tempos...depois explico por quê.

Esta é a segunda regra que sigo quando avalio qq filme que assisto: NUNCA leve em consideração o marketing... Geralmente o filme é vendido errado, fazem mundos e fundos e nunca a sua expectativa é saciada se vc se liga no marketing...

Terceiro motivo: estava vendo com um bocado de gente que não estava gostando do filme (após a revelação do meio da estória) e acabei entrando na onda. Como estava no cinema, mesmo pessoas que eu não conhecia fazem a gente agravar o clima de descontentamento

Ainda bem que não sofro desse mal... No cinema, pessoas chiavam aqui e ali e no final, enquanto eu olhava os créditos, maravilhado com o que tinha acabado de assistir, só ouvia os xingos... Dane-se...

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Alguns: o marketing do filme' date=' que por uma má compreensão de minha parte (aquela frase de não contar o final pra ninguém da propaganda), deteriorou minha visão do restante, a partir do meio. Hoje reconheço esse slogan como um dos melhores de todos os tempos...depois explico por quê. [/quote']

 

Esta é a segunda regra que sigo quando avalio qq filme que assisto: NUNCA leve em consideração o marketing... Geralmente o filme é vendido errado' date=' fazem mundos e fundos e nunca a sua expectativa é saciada se vc se liga no marketing...

[/Quote'][/Quote]

 

Sim, eu já aprendi isso..é por isso que preciso "descontaminar" a minha visão, mas vai demorar um tempo.

 

Mas eu adoro o slogan...na verdade, interpreto ele de uma forma um pouco diferente. A Beatrix parece ter caído na mesma armadilha do duplo sentido.

 

Como parece que estamos compartilhando do segredo dos habitantes de A Vila e desvendando aos poucos o verdadeiro significado da sociedade lá fundamentada, vide a forma de filmagem (o que é uma das mais interessantes tentativas de transportar o espectador pra "dentro" da estória que eu já vi), o slogan parece uma referência interessante a esse processo. Uma vez que você viu o filme inteiro, e sabe de tudo, é como você se tornasse "cúmplice" da estória...é levado a uma interação com a fantasia do filme. Se você "revela o final do filme para alguém" coloca a sociedade deles em risco (uma vez que você faz conhece todos os seus segredos!) e pode levá-la a extinção também. Essa interação do mundo fantástico com o mundo real criando esse diálogo entre espectador - filme é qualquer coisa de extraordinário. Acho que só compreendi diferente na época e acabei por não gostando. Muitas vezes a gente tende a subestimar as pessoas e achar que elas não podem ser brilhantes assim...

 

Terceiro motivo: estava vendo com um bocado de gente que não estava gostando do filme (após a revelação do meio da estória) e acabei entrando na onda. Como estava no cinema, mesmo pessoas que eu não conhecia fazem a gente agravar o clima de descontentamento

 

Ainda bem que não sofro desse mal... No cinema' date=' pessoas chiavam aqui e ali e no final, enquanto eu olhava os créditos, maravilhado com o que tinha acabado de assistir, só ouvia os xingos... Dane-se...

[/quote']

 

Pois é...me ensine como não sofrer dele, agradeceria muito...ainda mais com os outros fatores citados...    smiley19.gif

 

Se bem que acho que estou melhorando: adorei assistir ao Terceiro Olho, O Exorcismo de Emily Rose e V de Vingança e em todos três as pessoas saíram vaiando. Nos três casos ouvi comentários inacreditáveis de pessoas que obviamente não entenderam patavina de nenhum dos filmes.

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Perdí o desfecho do ultimo debate sobre A Vila' date='mas ficou definido que foi enviada a cega por conveniência?pq pela forma como foi falado nos ultimos posts aqui parece que a ida da cega ter sido por conveniência é um fato e não uma opinião. 

[/quote']

O pai dela fala expressamente que, chegando ao fim da estrada, ela deveria abandonar os outros e ir a cidade sozinha. Ou seja foi por conviniência já que não há outra razão cabível pra crueldade de abandonar uma cega em uma cidade que ela desconhece.

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Sim' date=' eu já aprendi isso..é por isso que preciso "descontaminar" a minha visão, mas vai demorar um tempo.
Mas eu adoro o slogan...na verdade, interpreto ele de uma forma um pouco diferente. A Beatrix parece ter caído na mesma armadilha do duplo sentido.
Como parece que estamos compartilhando do segredo dos habitantes de A Vila e desvendando aos poucos o verdadeiro significado da sociedade lá fundamentada, vide a forma de filmagem (o que é uma das mais interessantes tentativas de transportar o espectador pra "dentro" da estória que eu já vi), o slogan parece uma referência interessante a esse processo. Uma vez que você viu o filme inteiro, e sabe de tudo, é como você se tornasse "cúmplice" da estória...é levado a uma interação com a fantasia do filme. Se você "revela o final do filme para alguém" coloca a sociedade deles em risco (uma vez que você faz conhece todos os seus segredos!) e pode levá-la a extinção também. Essa interação do mundo fantástico com o mundo real criando esse diálogo entre espectador - filme é qualquer coisa de extraordinário. Acho que só compreendi diferente na época e acabei por não gostando. Muitas vezes a gente tende a subestimar as pessoas e achar que elas não podem ser brilhantes assim...
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Brilhante interpretação. Mas entendo que a campanha foi porque realmente o filme perde toda a graça e sentido se vc o vê pela primeira vez já sabendo o que é =P

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Pois é, mas uma das questões brilhantemente levantadas no tópico do filme é exatamente esta: como um pai manda sua filha CEGA para um lugar que ele considera inadequado? Será que ele se atreveu a colocar a vida da filha em risco somente para perpetrar a farsa - que não é referente aos monstros, viu detratores?

 

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Hmm...realmente não me lembro direito e acho que não pensei nisso na hora...mas com certeza há um propósito na escolha de Shyamalan para a personagem ser cega e ser mandada...isso cheira a algo a mais, parece uma coincidência grande demais smiley2.gif

 

 

 

Olha uma tentativa de explicação aqui (não é minha, transcrevi e interpretei um pouco), veja se concorda:

 

 

 

Spoilers

 

 

 

Ivy era cega há muitos anos, então ela se tornou enormemente habilidosa com outras coisas, como por exemplo, lembrar-se de caminhos e guiar-se com a ajuda daquele instrumento (aquela espécie de cajado). Talvez fosse a escolha mais sensata, por incrível que pareça, a que representava menos risco...Eles a mandaram porque ela não veria efetivamente os carros e a estrada pavimentada e sim uma realidade psicologicamente criada por eles (e portanto, interpretada do jeito que eles a condicionaram). Uma vez que ela entrasse em contato com o desconhecido, sua mente condicionada só conseguiria conceber alguma "distorção" ou situação distinta do normal com os elementos que conhece..logo, dificilmente descobriria a farsa.

 

A maioria do pessoal acredita que Ivy não sabe que matou o rapaz e que ela acredita que matou de fato uma criatura da floresta. Uma vez que ela crê nisso, poderá transmitir a "cultura do medo das criaturas", dando seu testemunho para novas gerações, já que é uma das representantes mais jovens do local.Mr. Scofield2006-5-10 7:34:6

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Querido Dook, admito que realmente me foi vendido o filme...Aquelas tres garrinhas...não conte a ninguem o final e coisa e tal...infelizmente so vi uma vez esse filme e não me aprofundei ou adentrei o filme...Me interessei somente pelo tal "mistério", por ter sido revelado essa questão bem antes do final me decepcionei e não questionei o resto...Vou procurar rever o filme e realmente verificar se tem algo mais lá para se ver , senão os "monstros" e não a comunidade em si...Eh que me decepcionei tanto... 

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Imagino mesmo... por isso que nem perco meu tempo vendo propagandinhas na TV... a última vez que fiz isso foi com Matrix Revolutions e até hoje tento olhar para o filme ignorando o marketing excessivo que foi feito...

De qq forma, acredite, monstros em A Vila são a cereja do bolo... o recheio é muito mais saboroso e fascinante.

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Spoilers

Ivy era cega há muitos anos' date=' então ela se tornou enormemente habilidosa com outras coisas, como por exemplo, lembrar-se de caminhos e guiar-se com a ajuda daquele instrumento (aquela espécie de cajado). Talvez fosse a escolha mais sensata, por incrível que pareça, a que representava menos risco...Eles a mandaram porque ela não veria efetivamente os carros e a estrada pavimentada e sim uma realidade psicologicamente criada por eles (e portanto, interpretada do jeito que eles a condicionaram). Uma vez que ela entrasse em contato com o desconhecido, sua mente condicionada só conseguiria conceber alguma "distorção" ou situação distinta do normal com os elementos que conhece..logo, dificilmente descobriria a farsa.
A maioria do pessoal acredita que Ivy não sabe que matou o rapaz e que ela acredita que matou de fato uma criatura da floresta. Uma vez que ela crê nisso, poderá transmitir a "cultura do medo das criaturas", dando seu testemunho para novas gerações, já que é uma das representantes mais jovens do local.[/quote']

Exato, exato, exato... Raciocínio perfeito...

Mas porém, fica a questão: o pai dela é um tremendo f.d.p. Usar a própria filha, CEGA, justamente para que a farsa permanecesse é o cúmulo da paranóia... A sorte dele é que o Noah resolveu dar seus 'pulinhos' e aí, por um infeliz acaso, a farsa poderá ser mantida e, agora, com o aval de um dos jovens (a Ivy) que diz ter enfrentado e matado uma criatura...

Com um final desses, como Sexto Sentido pode ser melhor? Olha as tantas questões que podem ser discutidas só disso aí...  

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Spoilers Ivy era cega há muitos anos' date=' então ela se tornou enormemente habilidosa com outras coisas, como por exemplo, lembrar-se de caminhos e guiar-se com a ajuda daquele instrumento (aquela espécie de cajado). Talvez fosse a escolha mais sensata, por incrível que pareça, a que representava menos risco...Eles a mandaram porque ela não veria efetivamente os carros e a estrada pavimentada e sim uma realidade psicologicamente criada por eles (e portanto, interpretada do jeito que eles a condicionaram). Uma vez que ela entrasse em contato com o desconhecido, sua mente condicionada só conseguiria conceber alguma "distorção" ou situação distinta do normal com os elementos que conhece..logo, dificilmente descobriria a farsa. A maioria do pessoal acredita que Ivy não sabe que matou o rapaz e que ela acredita que matou de fato uma criatura da floresta. Uma vez que ela crê nisso, poderá transmitir a "cultura do medo das criaturas", dando seu testemunho para novas gerações, já que é uma das representantes mais jovens do local.[/quote']

 

Exato, exato, exato... Raciocínio perfeito...

 

Mas porém, fica a questão: o pai dela é um tremendo f.d.p. Usar a própria filha, CEGA, justamente para que a farsa permanecesse é o cúmulo da paranóia... A sorte dele é que o Noah resolveu dar seus 'pulinhos' e aí, por um infeliz acaso, a farsa poderá ser mantida e, agora, com o aval de um dos jovens (a Ivy) que diz ter enfrentado e matado uma criatura...

 

Com um final desses, como Sexto Sentido pode ser melhor? Olha as tantas questões que podem ser discutidas só disso aí...

 

Bom, ter explicações complexas ou muitas questões a serem discutidas não fazem um grande filme pra mim (embora ajude um bocado). Vi o Sexto Sentido há muito tempo atrás, mas não é por não discutir grandes questões "sociais" que não é um excepcional filme. Pra mim nem se compara porque meu elemento fundamental (os personagens) funcionam de forma infinitamente mais envolvente que os de A Vila. O roteiro é sutil e o filme possui uma belíssima ambientação, sem contar que sou fã desse tipo de suspense psicológico...Ele me incluiu totalmente na espiral de tensão...Não vou me lembrar agora de detalhes do filme (como eu disse eu transcrevi um pedaço do comentário de A Vila de um usuário do imdb e interpretei da forma que eu entendi a idéia geral...acho que no final ficou até melhor que o dele smiley36.gif), mas tenho certeza que poderíamos discutir questões muito interessantes ligadas ao universo dos personagens de O Sexto Sentido também. Só seriam um pouco diferentes porque o filme tem um objetivo diferente. smiley1.gifMr. Scofield2006-5-10 15:42:2

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Eu já penso diferente... Me envolvi com os personagens de A Vila tanto quanto os personagens de Sexto Sentido... Estruturalmente a coisa muda de figura... Sexto Sentido é estruturalmente semelhante a Psicose... aliás, Psicose acrescenta diversas camadas numa revisitada enquanto Sexto Sentido apenas te faz pensar 'putz, tava na minha cara o tempo todo...'

A Vila já possui uma estrutura diferente de Sexto Sentido e, ao mesmo tempo se aproxima de Psicose. Como se não bastasse, levanta diversas questões. Isso pra mim é mais importante. Do contrário, se me ater somente ao envolvimento com os personagens, nada me impedirá de achar Sexta-Feira 13, por exemplo, uma obra prima, já que 'me envolvi com os personagens' ou então de chutar os filmes do Kubrick já que ele era frio o suficiente pra fazer vc sentir indiferença pelos seus personagens. É uma soma de fatores... Não ignoro que o envolvimento é um fator importante. Mas pra mim, nem de longe, deve ser o voto de minerva.

Dook2006-5-10 15:48:28
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Eu já penso diferente... Me envolvi com os personagens de A Vila tanto quanto os personagens de Sexto Sentido... Estruturalmente a coisa muda de figura... Sexto Sentido é estruturalmente semelhante a Psicose... aliás' date=' Psicose acrescenta diversas camadas numa revisitada enquanto Sexto Sentido apenas te faz pensar 'putz, tava na minha cara o tempo todo...'

 

A Vila já possui uma estrutura diferente de Sexto Sentido e, ao mesmo tempo se aproxima de Psicose. Como se não bastasse, levanta diversas questões. Isso pra mim é mais importante. Do contrário, se me ater somente ao envolvimento com os personagens, nada me impedirá de achar Sexta-Feira 13, por exemplo, uma obra prima, já que 'me envolvi com os personagens' ou então de chutar os filmes do Kubrick já que ele era frio o suficiente pra fazer vc sentir indiferença pelos seus personagens. É uma soma de fatores... Não ignoro que o envolvimento é um fator importante. Mas pra mim, nem de longe, deve ser o voto de minerva.

[/quote']

 

Bom, eu não escolhi...é o fator mais importante pra mim...mas eu explico por que isso acontece, Dook. Porque desde criança/adolescente eu gostava muito de escrever estórias inspirado pelo meu ídolo na época Agatha Christie e movido pela paixão por filmes de terror. Eu parava muito pela metade por causa justamente dos personagens "sem essência" que criava. Comecei a reparar muito neles por formação (eles são essenciais para as tramas de Agatha cujos mistérios se encontram nos detalhes menores) e comecei a trabalhar as personalidades deles nos meus próprios textos. Acabei gostando e me aprofundando tanto que minhas narrativas se tornaram muito reflexivas e quase não havia ação..daí parei de escrever (pensei: deve ser um saco ler algo assim), mas continuo adorando todo o processo de concepção e desenvolvimento (principalmente o fluxo psicológico) dos personagens.

 

 

 

Sem dúvida é incomum encontrar alguém assim, mas esse é de longe o fator mais importante pra mim. No entanto é claro que não significa que seja o único. A Vila de Shyamalan nem de longe me envolve tanto quanto o Sexto Sentido, mas não sou babaca de achar que existe somente esse fator e radicalizar todos os outros fatores negativamente só porque não gostei do filme. Detalhe: dá pra fazer uma discussão parecida analisando A Praia. A diferença entre os dois é justamente alguns detalhes como os próprios personagens (nesse caso os de Shyamalan são muito mais interessantes).

 

 

 

Pergunta imbecil: o que é tão parecido estruturalmente com Psicose em O Sexto Sentido e A Vila? Não captei... smiley17.gif

 

 

 

Quanto a achar Sexta Feira 13 uma obra prima..primeiro, pra mim, não tem problema nenhum, mesmo porque sou fã de terror. Acho que qualquer filme pode ser considerado uma "obra prima" por alguém. Quem disse que os críticos estão certos? Segundo, o filme apresenta alguns ótimos detalhes para ser discutidos...por exemplo, já ouviu comentários que Jason é a mão punidora do moralismo na sociedade? Não é difícil imaginar porque ele não morre nunca... Também rende uma boa discussão. O filme não é tão despretensioso quanto parece e eu sinceramente acho essa idéia bem legal. Você realmente acha que a maioria das pessoas percebe esse detalhe?

 

 

 

Por exemplo, acho A Noite dos Mortos Vivos enormemente superior a qualquer dos filmes citados, inclusive infinitamente superior ao Sexto Sentido...Poderia discutir horas com você a respeito, a discussão do filme provavelmente seria até mais interessante que essa do filme de Shyamalan e o filme tem um detalhe muito semelhante ao de Psicose (e é trabalhado com enorme brilho) e a força dele não está em seus personagens. Pra mim é o melhor filme de horror de todos os tempos, ao lado de Evil Dead.

 

 

 

Realmente tem alguns filmes de Kubrick que não gosto de jeito nenhum, alguns pelos personagens, outros por outros fatores. Exemplo: O Iluminado...adoro a interpretação de Jack Nicholson, uma das melhores da estória. No entanto, acho a estória de Stephen King muito fraca (os elementos que ele usa não me provocam nenhuma sensação, ao contrário da tensão do livro Cemitério por exemplo).

 

Nascido me incomoda pelo humor sarcástico da primeira parte (intolerável pro meu gosto pessoal em filmes com temáticas sérias), que para mim só funciona em comédias com raríssimas exceções..quanto a segunda parte acho enormemente comum.

 

E meu filme preferido dele é sem dúvida Glória feita de Sangue, embora ame Laranja Mecânica. Não sou um expectador comum, tenho gostos peculiares. E gosto dessa certa individualidade que a maioria dos usuários do fórum têm (e você é um deles),portanto não me importo que desaprove meu voto de minerva para os personagens, desde que o respeite como elemento fundamental de minha argumentação. smiley1.gifMr. Scofield2006-5-10 18:55:23

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Bom' date=' eu não escolhi...é o fator mais importante pra mim...mas eu explico por que isso acontece, Dook. Porque desde criança/adolescente eu gostava muito de escrever estórias inspirado pelo meu ídolo na época Agatha Christie e movido pela paixão por filmes de terror. Eu parava muito pela metade por causa justamente dos personagens "sem essência" que criava. Comecei a reparar muito neles por formação (eles são essenciais para as tramas de Agatha cujos mistérios se encontram nos detalhes menores) e comecei a trabalhar as personalidades deles nos meus próprios textos. Acabei gostando e me aprofundando tanto que minhas narrativas se tornaram muito reflexivas e quase não havia ação..daí parei de escrever (pensei: deve ser um saco ler algo assim), mas continuo adorando todo o processo de concepção e desenvolvimento (principalmente o fluxo psicológico) dos personagens. [/quote']

Nada contra, mas vc corre o grande risco de odiar uma das maiores obras primas de Kubrick: Barry Lyndon... Ali Kubrick se esforça ao máximo para fazer com que vc nem se lixe para o protagonista...

Sem dúvida é incomum encontrar alguém assim, mas esse é de longe o fator mais importante pra mim. No entanto é claro que não significa que seja o único. A Vila de Shyamalan nem de longe me envolve tanto quanto o Sexto Sentido, mas não sou babaca de achar que existe somente esse fator e radicalizar todos os outros fatores negativamente só porque não gostei do filme. Detalhe: dá pra fazer uma discussão parecida analisando A Praia. A diferença entre os dois é justamente alguns detalhes como os próprios personagens (nesse caso os de Shyamalan são muito mais interessantes).

Bom, não vi A Praia, embora algo me diz que não perdi nada...

Pergunta imbecil: o que é tão parecido estruturalmente com Psicose em O Sexto Sentido e A Vila? Não captei... smiley17.gif

A estrutura narrativa, basicamente... Há o preparar da tensão, o ponto de virada e o final surpresa... Sexto Sentido copia isso de cabo a rabo e mais: joga pistas ululantes para o expectador, coisa que o clássico de Hitch não faz. Ao terminar o filme, vc tem a nítida impressão de que o filme te jogou na cara que vc não prestou atenção nele. Maravilhoso recurso, mas é só. Bruce é um psiquiatra querendo se redimir; Cole é um garoto tentando entender o complexo mundo físico (e espiritual) em que vive... Mas é só isso.

Em Psicose vc tem diversas sub-camadas interessantes como por exemplo, adivinhar em que momentos a personalidade da mãe de Norman toma o controle (acredite, não é só nas cenas de assassinatos). Não há essa divisão extensa de sub-camadas embora conforme vc revisita o filme, percebe detalhes interessantes como o frio súbito que a esposa de Bruce sente ao descer na adega... Aquilo é um sinal de que pessoas mortas estavam por ali e estavam junto do paciente de Bruce que se mata logo em seguida... Sem mencionar a referência óbvia que é o final surpresa, em que Shyamalan resgata tudo o que foi estabelecido anteriormente para que fique claro, coisa que o filme de Hitch não faz, te obrigando a voltar o filme para perceber todas as pistas que, são MUITO mais sutis que as pistas de O Sexto Sentido...

Agora, A Vila se distancia da estrutura narrativa de Psicose a partir do momento em que NÃO HÁ PISTAS!!! Mas se assemelha ao clássico de Hitch no que tange à extensa lista de sub-camadas que o filme te fornece a cada revisitada, sem mencionar o final surpresa que é surpresa mesmo, sem pistas, sem dicas, sem pegadinhas; é a última coisa que vc poderia imaginar, é aquele final de A Vila.

Acho que deu pra sacar agora...

 Quanto a achar Sexta Feira 13 uma obra prima..primeiro, pra mim, não tem problema nenhum, mesmo porque sou fã de terror. Acho que qualquer filme pode ser considerado uma "obra prima" por alguém. Quem disse que os críticos estão certos? Segundo, o filme apresenta alguns ótimos detalhes para ser discutidos...por exemplo, já ouviu comentários que Jason é a mão punidora do moralismo na sociedade? Não é difícil imaginar porque ele não morre nunca... Também rende uma boa discussão. O filme não é tão despretensioso quanto parece e eu sinceramente acho essa idéia bem legal. Você realmente acha que a maioria das pessoas percebe esse detalhe?

Sim, sim, já ouvi essa do Jason e concordo em partes, embora ache que essa característica caia como uma luva e de forma muito mais cruel sobre a mãe dele... Vc sai da 'sociedade moralista' e entra no âmbito da 'mãe moralista e conservadora que corrige a sua cria, da forma mais cruel possível: a morte'.

Acho essa leitura fascinante dos filmes Sexta-Feira 13 e acredito que seja por isso que a série sobreviva até hoje: nós somos estimulados em um nível inconsciente sobre essa questão moralista de punir o jovem lascivo; nós somos de uma cultura que pune a lascívia do jovem, logo, sentimos um certo prazer mórbido ao ver Jason (ou a sua mãe) fazendo sushi de adolescentes depravados, principalmente depois que fizeram sexo...

E, não, a maior parte das pessoas não percebe, CONSCIENTEMENTE, esse detalhe... Mas acredito que este detalhe as atinja de alguma forma...

Enfim, o que quis demonstrar é que envolvimento com personagem é diferente de desenvolvimento de personagem. As duas coisas costumam andar juntas, mas nem sempre estão diretamente vinculadas... E é aí que mora o perigo, ao meu ver: se vc somente leva em consideração o envolvimento com os personagens, vc corre o risco de ovacionar um filme vazio de tudo que, por alguma razão, te fez se envolver com os personagens... acho isso meio perigoso.

Por exemplo, acho A Noite dos Mortos Vivos enormemente superior a qualquer dos filmes citados, inclusive infinitamente superior ao Sexto Sentido...Poderia discutir horas com você a respeito, a discussão do filme provavelmente seria até mais interessante que essa do filme de Shyamalan e o filme tem um detalhe muito semelhante ao de Psicose (e é trabalhado com enorme brilho) e a força dele não está em seus personagens. Pra mim é o melhor filme de horror de todos os tempos, ao lado de Evil Dead.

Bom, não vi a OP de Romero, mas vc chegou no ponto que eu queria: o que faz do filme o clássico que ele é hoje é justamente as sub-camadas e as questões metafóricas que Romero levanta e não seus personagens... Ou seja, em determinados filmes, vc acaba se atendo a coisas muito mais interessantes do que os personagens (ao meu ver, claro).

Realmente tem alguns filmes de Kubrick que não gosto de jeito nenhum, alguns pelos personagens, outros por outros fatores. Exemplo: O Iluminado...adoro a interpretação de Jack Nicholson, uma das melhores da estória. No entanto, acho a estória de Stephen King muito fraca (os elementos que ele usa não me provocam nenhuma sensação, ao contrário da tensão do livro Cemitério por exemplo).
Nascido me incomoda pelo humor sarcástico da primeira parte (intolerável pro meu gosto pessoal em filmes com temáticas sérias), que para mim só funciona em comédias com raríssimas exceções..quanto a segunda parte acho enormemente comum.
E meu filme preferido dele é sem dúvida Glória feita de Sangue, embora ame Laranja Mecânica. Não sou um expectador comum, tenho gostos peculiares. E gosto dessa certa individualidade que a maioria dos usuários do fórum têm (e você é um deles),portanto não me importo que desaprove meu voto de minerva para os personagens, desde que o respeite como elemento fundamental de minha argumentação. smiley1.gif

Bom, sou fãzóide de Kubrick então sou suspeito, embora concorde que dos filmes que vi dele O Iluminado e Lolita são os menos geniais, mas nem por isso menos excepcionais... Nascido acho um primor... a opção pelo sarcasmo é bem vinda e o objetivo de sua utilização é semelhante ao de Laranja: mexer com o seu juízo para que vc faça uma auto crítica da forma como vc encara determinadas coisas... Não é à toa o filme sobrevive aí, firme e forte, chegando ao seu vigésimo ano de vida e considerado por muitos estudiosos superior aos queridinhos do gênero (como Platoon).

E não é nem desaprovamento, só acho que se vc se fecha em cima desse foco, pode perder a possibilidade de apreciar obras que são manifestamente frias e com personagens tampão: Barry Lyndon, do Kubrick, por exemplo...

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Bom' date=' eu não escolhi...é o fator mais importante pra mim...mas eu explico por que isso acontece, Dook. Porque desde criança/adolescente eu gostava muito de escrever estórias inspirado pelo meu ídolo na época Agatha Christie e movido pela paixão por filmes de terror. Eu parava muito pela metade por causa justamente dos personagens "sem essência" que criava. Comecei a reparar muito neles por formação (eles são essenciais para as tramas de Agatha cujos mistérios se encontram nos detalhes menores) e comecei a trabalhar as personalidades deles nos meus próprios textos. Acabei gostando e me aprofundando tanto que minhas narrativas se tornaram muito reflexivas e quase não havia ação..daí parei de escrever (pensei: deve ser um saco ler algo assim), mas continuo adorando todo o processo de concepção e desenvolvimento (principalmente o fluxo psicológico) dos personagens. [/quote']

 

Nada contra, mas vc corre o grande risco de odiar uma das maiores obras primas de Kubrick: Barry Lyndon... Ali Kubrick se esforça ao máximo para fazer com que vc nem se lixe para o protagonista...

 

 

 

Não me importo, pra mim não há problema nenhum em não gostar de uma dita obra prima...mas tenho que experimentar. Em tempo: eu disse que os personagens são fatores primordiais pra mim, os mais importantes, mas em nenhum momento que é o único fator importante.

 

 

 

Sem dúvida é incomum encontrar alguém assim' date=' mas esse é de longe o fator mais importante pra mim. No entanto é claro que não significa que seja o único. A Vila de Shyamalan nem de longe me envolve tanto quanto o Sexto Sentido, mas não sou babaca de achar que existe somente esse fator e radicalizar todos os outros fatores negativamente só porque não gostei do filme. Detalhe: dá pra fazer uma discussão parecida analisando A Praia. A diferença entre os dois é justamente alguns detalhes como os próprios personagens (nesse caso os de Shyamalan são muito mais interessantes). [/quote']

 

Bom, não vi A Praia, embora algo me diz que não perdi nada...

 

 

 

Não perdeu mesmo e se eu não tivesse visto ainda me impediria de ter uma boa parte dessa reação em relação A Vila!! smiley36.gif

 

 

 

Pergunta imbecil: o que é tão parecido estruturalmente com Psicose em O Sexto Sentido e A Vila? Não captei... smiley17.gif

 

A estrutura narrativa' date=' basicamente... Há o preparar da tensão, o ponto de virada e o final surpresa... Sexto Sentido copia isso de cabo a rabo e mais: joga pistas ululantes para o expectador, coisa que o clássico de Hitch não faz.

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Inúmeros filmes fazem isso e com certeza Psicose não foi o primeiro. Há algo muito parecido com essa estrutura por exemplo em O Gabinete do Dr. Caligari que é muito mais antigo. Não é aí que está a genialidade de Hitch na minha opinião..é na utilização dos recursos para criação do suspense. Desde a iluminação magnificamente utilizada, até a revelação "exclusiva" para o espectador de situações de perigo enquanto deixa o personagem desamparado, dentre inúmeras coisas que você já conhece. Me lembro em Os Pássaros de uma cena em que uma personagem atende ao telefone e, ao contrário da câmera convencional, o filme mostra a atitude de todos os presentes na sala ao fundo durante o telefonema...isso faz a gente prestar muito mais atenção nos detalhes...um ótimo recurso pra te envolver mais com o filme de suspense, mesmo que não aconteça nada. E mais: há ótimos filmes em que essa estrutura que citou é a base da construção..acredito que sejam até um subgênero. Passe longe de Jogos Mortais e Garotas Selvagens, por exemplo. Eu adoro.

 

 

 

Ao terminar o filme' date=' vc tem a nítida impressão de que o filme te jogou na cara que vc não prestou atenção nele. Maravilhoso recurso, mas é só. Bruce é um psiquiatra querendo se redimir; Cole é um garoto tentando entender o complexo mundo físico (e espiritual) em que vive... Mas é só isso. [/quote']

 

 

 

Será que é só mesmo? Não me lembro do filme para discutí-lo, mas reduzir uma estória a esses dois argumentos é idolatrar a Vila e subestimar o Sexto Sentido, com certeza... Você já pensou em quais elementos Shyamalan usa pra "te jogar na cara" isso? Como eles são manipulados e porque funcionam?

 

Bruce é um psiquiatra tentando se redimir de quê? Como é o mundo que coloca o personagem em crise? será que as questões que o levam a essa "crise" são próprias do personagem ou podem adquirir de certa forma uma universalidade? E mesmo que sejam pessoais dele, elas podem ser desprezadas?

 

Cole é uma criança..como ele lida com esse mundo espiritual? As dúvidas dele podem ser universalizadas? Porque ele trata as questões assim? Porque Shyalaman moldou o personagem desse jeito? Porque ele não revela logo de cara para o personagem de Willis o que está acontecendo? Hmmm...parece que o garoto tem algum objetivo aqui, revelar antes da hora pode não ser adequado...por quê?

 

 

 

Em Psicose vc tem diversas sub-camadas interessantes como por exemplo' date=' adivinhar em que momentos a personalidade da mãe de Norman toma o controle (acredite, não é só nas cenas de assassinatos). Não há essa divisão extensa de sub-camadas embora conforme vc revisita o filme, percebe detalhes interessantes como o frio súbito que a esposa de Bruce sente ao descer na adega... Aquilo é um sinal de que pessoas mortas estavam por ali e estavam junto do paciente de Bruce que se mata logo em seguida... Sem mencionar a referência óbvia que é o final surpresa, em que Shyamalan resgata tudo o que foi estabelecido anteriormente para que fique claro, coisa que o filme de Hitch não faz, te obrigando a voltar o filme para perceber todas as pistas que, são MUITO mais sutis que as pistas de O Sexto Sentido...

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E é justamente o fato de não serem sutis e a maioria das pessoas caírem na armadilha de Shyamalan que fazem as coisas ficarem mais interessantes. Pois, uma vez que não há sutilezas, a trama deveria ser acessível a todo mundo logo de cara...por que não é?

 

Isso só confirma o fato de que a construção do filme é brilhante, porque engana do mesmo jeito sem ser tão sutil.

 

Aliás, a única coisa que torna o filme menos sutil que A Vila é o fato do personagem relembrar em flashback as pistas, se essa idéia fosse retirada da versão final do filme pouca gente entenderia que eram pistas.

 

Torno a dizer: a estória de A Vila possui algumas similaridades gritantes com a de A Praia. Similaridades suficientes para descobrir sim, elementos do final do filme muito precocemente, o que mostra que o filme de Shyamalan não é tão sutil assim.

 

Quer sutileza bem feita? Apesar de ter feito um personagem muito parecido em As Duas Faces de Um Crime, Edward Norton engana muito bem tornando um final que poderia ser comum (se a ligação fosse feita pelo espectador) em absolutamente surpreendente, mesmo com um personagem no final com algumas similaridades fatais com o desse filme em Clube da Luta.

 

Agora' date=' A Vila se distancia da estrutura narrativa de Psicose a partir do momento em que NÃO HÁ PISTAS!!! Mas se assemelha ao clássico de Hitch no que tange à extensa lista de sub-camadas que o filme te fornece a cada revisitada, sem mencionar o final surpresa que é surpresa mesmo, sem pistas, sem dicas, sem pegadinhas; é a última coisa que vc poderia imaginar, é aquele final de A Vila.

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Discordo com muita coisa aí..e desde quando não haver pistas é positivo? É muito mais legal pra mim quando os elementos tornam factíveis a minha inteligência descobrir por mim mesmo. Quando a trama não me é acessível, há pelo contrário, uma decepção de minha parte, que perdera tempo tentando decifrar algo que não era decifrável...é um fator que contaria de forma enormemente negativa pra mim!!! Conheço muitas pessoas (respeitáveis) que descobriram antes do revelar (provavelmente você conhece também). Segundo a opinião deles, A Vila não é tão sutil assim.

 

 

 

Quanto a achar Sexta Feira 13 uma obra prima..primeiro, pra mim, não tem problema nenhum, mesmo porque sou fã de terror. Acho que qualquer filme pode ser considerado uma "obra prima" por alguém. Quem disse que os críticos estão certos? Segundo, o filme apresenta alguns ótimos detalhes para ser discutidos...por exemplo, já ouviu comentários que Jason é a mão punidora do moralismo na sociedade? Não é difícil imaginar porque ele não morre nunca... Também rende uma boa discussão. O filme não é tão despretensioso quanto parece e eu sinceramente acho essa idéia bem legal. Você realmente acha que a maioria das pessoas percebe esse detalhe?

 

Sim' date=' sim, já ouvi essa do Jason e concordo em partes, embora ache que essa característica caia como uma luva e de forma muito mais cruel sobre a mãe dele... Vc sai da 'sociedade moralista' e entra no âmbito da 'mãe moralista e conservadora que corrige a sua cria, da forma mais cruel possível: a morte'.

 

Acho essa leitura fascinante dos filmes Sexta-Feira 13 e acredito que seja por isso que a série sobreviva até hoje: nós somos estimulados em um nível inconsciente sobre essa questão moralista de punir o jovem lascivo; nós somos de uma cultura que pune a lascívia do jovem, logo, sentimos um certo prazer mórbido ao ver Jason (ou a sua mãe) fazendo sushi de adolescentes depravados, principalmente depois que fizeram sexo...

 

E, não, a maior parte das pessoas não percebe, CONSCIENTEMENTE, esse detalhe... Mas acredito que este detalhe as atinja de alguma forma...

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Eu sinceramente não acredito nisso, nem consciente, nem inconscientemente. A maioria das pessoas vê somente uma matança sem significado e um assassino sobrenatural que adquire imortalidade.

 

Enfim' date=' o que quis demonstrar é que envolvimento com personagem é diferente de desenvolvimento de personagem. As duas coisas costumam andar juntas, mas nem sempre estão diretamente vinculadas... E é aí que mora o perigo, ao meu ver: se vc somente leva em consideração o envolvimento com os personagens, vc corre o risco de ovacionar um filme vazio de tudo que, por alguma razão, te fez se envolver com os personagens... acho isso meio perigoso.

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Em nenhum momento disse que é o único elemento importante pra mim, só é o mais importante, o que mais admiro.

 

Por exemplo, acho A Noite dos Mortos Vivos enormemente superior a qualquer dos filmes citados, inclusive infinitamente superior ao Sexto Sentido...Poderia discutir horas com você a respeito, a discussão do filme provavelmente seria até mais interessante que essa do filme de Shyamalan e o filme tem um detalhe muito semelhante ao de Psicose (e é trabalhado com enorme brilho) e a força dele não está em seus personagens. Pra mim é o melhor filme de horror de todos os tempos, ao lado de Evil Dead.

 

Bom' date=' não vi a OP de Romero, mas vc chegou no ponto que eu queria: o que faz do filme o clássico que ele é hoje é justamente as sub-camadas e as questões metafóricas que Romero levanta e não seus personagens... Ou seja, em determinados filmes, vc acaba se atendo a coisas muito mais interessantes do que os personagens (ao meu ver, claro). [/quote']

 

Claro que sim!!!! Só quis ilustrar exatamente isso que você falou...se você olhar na minha lista de preferidos, vai ver que a maioria tem personagens complexos, profundos e com as quais me envolvi (ah, considero que sentir frieza pelo personagem também é um tipo de envolvimento com ele se for a intenção do diretor..o objetivo é outro em Barry Lyndon, pelo jeito) mas com certeza não é o único elemento que me importa....

 

Realmente tem alguns filmes de Kubrick que não gosto de jeito nenhum, alguns pelos personagens, outros por outros fatores. Exemplo: O Iluminado...adoro a interpretação de Jack Nicholson, uma das melhores da estória. No entanto, acho a estória de Stephen King muito fraca (os elementos que ele usa não me provocam nenhuma sensação, ao contrário da tensão do livro Cemitério por exemplo). Nascido me incomoda pelo humor sarcástico da primeira parte (intolerável pro meu gosto pessoal em filmes com temáticas sérias), que para mim só funciona em comédias com raríssimas exceções..quanto a segunda parte acho enormemente comum. E meu filme preferido dele é sem dúvida Glória feita de Sangue, embora ame Laranja Mecânica. Não sou um expectador comum, tenho gostos peculiares. E gosto dessa certa individualidade que a maioria dos usuários do fórum têm (e você é um deles),portanto não me importo que desaprove meu voto de minerva para os personagens, desde que o respeite como elemento fundamental de minha argumentação. smiley1.gif

 

Bom' date=' sou fãzóide de Kubrick então sou suspeito, embora concorde que dos filmes que vi dele O Iluminado e Lolita são os menos geniais, mas nem por isso menos excepcionais... Nascido acho um primor... a opção pelo sarcasmo é bem vinda e o objetivo de sua utilização é semelhante ao de Laranja: mexer com o seu juízo para que vc faça uma auto crítica da forma como vc encara determinadas coisas... Não é à toa o filme sobrevive aí, firme e forte, chegando ao seu vigésimo ano de vida e considerado por muitos estudiosos superior aos queridinhos do gênero (como Platoon).

 

E não é nem desaprovamento, só acho que se vc se fecha em cima desse foco, pode perder a possibilidade de apreciar obras que são manifestamente frias e com personagens tampão: Barry Lyndon, do Kubrick, por exemplo...

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Sim, eu não gosto da linguagem da primeira parte em Nascido e, portanto, não é um dos meus preferidos...isso não quer dizer que não compreenda os objetivos de Kubrick ou que o filme seja ruim. Só não é de meu gosto.

 

Não me fecho em cima desse foco, conforme o discutido acima. Com o que você disse, vou assistir a Barry Lyndon esperando um filme diferente (isso não aconteceu com Nascido..não tinha lido quase nada a respeito antes...) e só assistirei se estiver disposto a ver sob essas condições. Talvez haja outros fatores que me façam admirá-lo, como A Noite dos Mortos Vivos tem. Aliás, acho Platoon absolutamente incomparável, não só é o melhor filme de guerra que já vi, como acredito que nunca verei outro tão tocante (mais uma vez os personagens complexos movem a estória..esse vai a favor da regra). smiley1.gifMr. Scofield2006-5-10 20:41:24

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Tá saquei isso tudo...que eles viviam como se fosse no seculo 19...Que mandaram a cega por conveniência...Mas ela já sabia que não tinha monstro nenhum...sim e dai? Não viajei na do filme...Sinceramente senti vontade de ir embora do cinema naquelaparte final...

E daí? Vc ainda acha que o grande mote do filme é o fato de que os monstros eram uma farsa???

 

hahaha, dook, sinceramente eu não gosto quando as pessoas recaem naquela questão de: "você não gostou porque não entendeu", mas eu tenho que concordar com você que a maioria das pessoas que não gostaram de A Vila não entenderam toda a trama... entendem só uma parte.

 

a história é muito boa, não tem o que se criticar.

 

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