Members Conan o bárbaro Posted November 13, 2006 Members Report Share Posted November 13, 2006 Uma poesia do Vinícius de Moraes que eu gosto bastante. Apesar da simplicidade ela tem um ritmo muito bom, e talvez seja a própria simplicidade e o pieguismo da poesia que dão a graça, principalmente na terceira e quarta estrofes. Se você quer ser minha namoradaAh, que linda namoradaVocê poderia serSe quiser ser somente minhaExatamente essa coisinhaEssa coisa toda minhaQue nínguem mais pode ser Você tem que me fazer um juramentoDe só ter um pensamentoSer só minha até morrerE também de não perder esse jeitinhoDe falar devagarinhoEssas historias de vocêE de repente me fazer muito carinhoE chorar bem de mansinhoSem níguem saber por quê Porém, se mais do que minha namoradaVocê quer ser minha amadaMinha amada, mas amada pra valerAquela amada pelo amor predestinadaSem a quela a vida e nadaSem a qual se quer morrer Você tem que vir comigo em meu caminhoE talvez o meu caminho seja triste para vocêO seus olhos tem que ser só dos meus olhosOs seu braços o meu ninhoNo silêncio de depoise você tem que ser a estrela derradeiraMinha amiga e companheiraNo infinito de nos dois Conan o bárbaro2006-11-13 17:50:37 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted November 13, 2006 Members Report Share Posted November 13, 2006 Codinome Beija-Flor<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Cazuza Pra que mentirFingir que perdoouTentar ficar amigos sem rancorA emoção acabouQue coincidência é o amorA nossa música nunca mais tocou...Pra que usar de tanta educaçãoPra destilar terceiras intençõesDesperdiçando o meu melDevagarzinho, flor em florEntre os meus inimigos, beija-florEu protegi o teu nome por amorEm um codinome, Beija-florNão responda nunca, meu amorPra qualquer um na rua, Beija-florQue só eu que podiaDentro da tua orelha friaDizer segredos de liquidificadorVocê sonhava acordadaUm jeito de não sentir dorPrendia o choro e aguava o bom do amorPrendia o choro e aguava o bom do amor Afff! Bom saber que os bárbaros tb amam Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 13, 2006 Members Report Share Posted November 13, 2006 Soneto da perdida esperança Perdi o bonde e a esperança. Volto pálido para casa. A rua é inútil e nenhum auto passaria sobre meu corpo. Vou subir a ladeira lenta em que os caminhos se fundem. Todos eles conduzem ao princípio do drama e da flora. Não sei se estou sofrendo ou se é alguém que se diverte por que não? na noite escassa com um insolúvel flautim. Entretanto há muito tempo nós gritamos: sim! ao eterno. Carlos Drummond de Andrade Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 13, 2006 Members Report Share Posted November 13, 2006 Amar Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. Carlos Drummond de Andrade Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Moviolavídeo Posted November 14, 2006 Members Report Share Posted November 14, 2006 Um sorriso Quando com minhas mãos de labareda te acendo e em rosa embaixo te espetalas quando com o meu aceso archote e cego penetro a noite de tua flor que exala urina e mel que busco eu com toda essa assassina fúria de macho? que busco eu em fogo aqui embaixo? senão colher com a repentina mão do delírio uma outra flor: a do sorriso que no alto o teu rosto ilumina? Ferreira Gular Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members **N@!r@** Posted November 14, 2006 Members Report Share Posted November 14, 2006 Uma poesia do Vinícius de Moraes que eu gosto bastante. Apesar da simplicidade ela tem um ritmo muito bom' date=' e talvez seja a própria simplicidade e o pieguismo da poesia que dão a graça, principalmente na terceira e quarta estrofes. Se você quer ser minha namoradaAh, que linda namoradaVocê poderia serSe quiser ser somente minhaExatamente essa coisinhaEssa coisa toda minhaQue nínguem mais pode ser Você tem que me fazer um juramentoDe só ter um pensamentoSer só minha até morrerE também de não perder esse jeitinhoDe falar devagarinhoEssas historias de vocêE de repente me fazer muito carinhoE chorar bem de mansinhoSem níguem saber por quê Porém, se mais do que minha namoradaVocê quer ser minha amadaMinha amada, mas amada pra valerAquela amada pelo amor predestinadaSem a quela a vida e nadaSem a qual se quer morrer Você tem que vir comigo em meu caminhoE talvez o meu caminho seja triste para vocêO seus olhos tem que ser só dos meus olhosOs seu braços o meu ninhoNo silêncio de depoise você tem que ser a estrela derradeiraMinha amiga e companheiraNo infinito de nos dois [/quote'] essa eh a coisa mais linda que eu já vi na minha vida!!!!!!!!!!! dah vontade de escrever na parede do quarto, fazer tatuagem dela, decorar...sei lah mais o que.....amo Vinicius de Moraes e nunka tinha visto essa poesia dle...valeu mesmo Conan..... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Lucia Posted November 14, 2006 Members Report Share Posted November 14, 2006 Por toda a minha vida Minha bem-amada Quero fazer de um juramento uma canção Eu prometo, por toda a minha vida Ser somente teu e amar-te como nunca Ninguém jamais amou, ninguém Minha bem-amada Estrela pura, aparecida Eu te amo e te proclamo O meu amor, o meu amor Maior que tudo quanto existe Oh, meu amor ( Vinicius de Moraes ) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 14, 2006 Members Report Share Posted November 14, 2006 PROCURA-SE UM AMIGO Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer. Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive. Vinicius de Morais Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 14, 2006 Members Report Share Posted November 14, 2006 PARA VIVER UM GRANDE AMOR Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor. Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor. Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro- seja lá como for. Há que fazer de corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor. Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado para chatear o grande amor. Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor. Para viver um grande amor, il faut, além de ser fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor. Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor. É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor... Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões , sopinhas, molhos, estrogonofes - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor? Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - para não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor. É preciso saber tomar uísque ( com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor. Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor. Vinicius de Morais Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 14, 2006 Members Report Share Posted November 14, 2006 Estrela perigosa Estrela perigosa Rosto ao vento Marulho e silêncio leve porcelana templo submerso trigo e vinho tristeza de coisa vivida árvores já floresceram o sal trazido pelo vento conhecimento por encantação esqueleto de idéias ora pro nobis Decompor a luz mistério de estrelas paixão pela exatidão caça aos vagalumes. Vagalume é como orvalho Diálogos que disfarçam conflitos por explodir Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é. No obscuro erotismo de vida cheia nodosas raízes. Missa negra, feiticeiros. Na proximidade de fontes, lagos e cachoeiras braços e pernas e olhos, todos mortos se misturam e clamam por vida. Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante. Que medo alegre, o de te esperar. Clarice Linspector Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members **N@!r@** Posted November 15, 2006 Members Report Share Posted November 15, 2006 "O Corvo"(por Edgar Allan Poe - Tradução de Fernando Pessoa) Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,E já quase adormecia, ouvi o que pareciaO som de algúem que batia levemente a meus umbrais."Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.É só isto, e nada mais."Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dadaP'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,Mas sem nome aqui jamais! Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxoMe incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.É só isto, e nada mais". E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais. Noite, noite e nada mais. A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.Isso só e nada mais. Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais."Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."Meu coração se distraía pesquisando estes sinais. "É o vento, e nada mais." Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais, Foi, pousou, e nada mais. E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amarguraCom o solene decoro de seus ares rituais."Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."Disse o corvo, "Nunca mais". Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.Mas deve ser concedido que ninguém terá havidoQue uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais, Com o nome "Nunca mais". Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamentoPerdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortaisTodos - todos já se foram. Amanhão também te vais".Disse o corvo, "Nunca mais". A alma súbito movida por frase tão bem cabida,"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandonoSeguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de aisEra este "Nunca mais". Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneiraQue qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,Com aquele "Nunca mais". Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendoÀ ave que na minha alma cravava os olhos fatais,Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinandoNo veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,Nauqele veludo one ela, entre as sobras desiguais,Reclinar-se-á nunca mais! Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incensoQue anjos dessem, cujos leves passos soam musicais."Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-teO esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"Disse o corvo, "Nunca mais". "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atraisSe há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!Disse o corvo, "Nunca mais". "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.Dize a esta alma entristecida se no Édem de outra vidaVerá essa hoje perdida entre hostes celestiais,Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"Disse o corvo, "Nunca mais". "Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"Disse o corvo, "Nunca mais". E o corvo, na noite infinda, está ainda, está aindaNo alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,Libertar-se-á... nunca mais! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Lucia Posted November 16, 2006 Members Report Share Posted November 16, 2006 PARA VIVER UM GRANDE AMOR Para viver um grande amor' date=' preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor. Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor. Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro- seja lá como for. Há que fazer de corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor. Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado para chatear o grande amor. Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor. Para viver um grande amor, il faut, além de ser fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor. Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor. É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor... Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões , sopinhas, molhos, estrogonofes - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor? Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - para não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor. É preciso saber tomar uísque ( com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor. Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor. Vinicius de Morais [/quote'] Uau !!!! Lindo! lindo!!! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 16, 2006 Members Report Share Posted November 16, 2006 Gente Humilde Tem certos dias em que eu penso em minha gente E sinto assim todo o meu peito se apertar Porque parece que acontece de repente Como um desejo de eu viver sem me notar Igual a como quando eu passo num subúrbio Eu muito bem vindo de trem de algum lugar E aí me dá como uma inveja dessa gente Que vai em frente sem nem ter com quem contar São casas simples com cadeiras na calçada E na fachada escrito em cima que é um lar Pela varanda flores tristes e baldias Como a alegria que não tem onde encostar E aí me dá uma tristeza no meu peito Feito um despeito de eu não ter como lutar E eu que não creio, peço a Deus por minha gente É gente humilde, que vontade de chorar __________________________________________________ Futuros Amantes Não se afobe, não Que nada é pra já O amor não tem pressa Ele pode esperar em silêncio Num fundo de armário Na posta-restante Milênios, milênios No ar E quem sabe, então O Rio será Alguma cidade submersa Os escafandristas virão Explorar sua casa Seu quarto, suas coisas Sua alma, desvãos Sábios em vão Tentarão decifrar O eco de antigas palavras Fragmentos de cartas, poemas Mentiras, retratos Vestígios de estranha civilização Não se afobe, não Que nada é pra já Amores serão sempre amáveis Futuros amantes, quiçá Se amarão sem saber Com o amor que eu um dia Deixei pra você ________________________________________________________ Preciso não dormir Até se consumar O tempo da gente Preciso conduzir Um tempo de te amar Te amando devagar e urgentemente Pretendo descobrir No último momento Um tempo que refaz o que desfez Que recolhe todo sentimento E bota no corpo uma outra vez Prometo te querer Até o amor cair Doente, doente Prefiro então partir A tempo de poder A gente se desvencilhar da gente Depois de te perder Te encontro com certeza Talvez num tempo da delicadeza Onde não diremos nada Nada aconteceu Apenas seguirei Como encantado ao lado teu. Chico Buarque Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Lucia Posted November 17, 2006 Members Report Share Posted November 17, 2006 Vazio A noite é como um olhar longo e claro de mulher.Sinto-me só.Em todas as coisas que me rodeiamHá um desconhecimento completo da minha infelicidade.A noite alta me espia pela janelaE eu, desamparado de tudo, desamparado de mim próprioOlho as coisas em tornoCom um desconhecimento completo das coisas que me rodeiam.Vago em mim mesmo, sozinho, perdidoTudo é deserto, minha alma é vaziaE tem o silêncio grave dos templos abandonados.Eu espio a noite pela janelaEla tem a quietação maravilhosa do êxtase.Mas os gatos embaixo me acordam gritando luxúriasE eu penso que amanhã...Mas a gata vê na rua um gato preto e grandeE foge do gato cinzento.Eu espio a noite maravilhosaEstranha como um olhar de carne.Vejo na grade o gato cinzento olhando os amores da gata e do gato pretoPerco-me por momentos em antigas aventurasE volto à alma vazia e silenciosa que não acorda maisNem à noite clara e longa como um olhar de mulherNem aos gritos luxuriosos dos gatos se amando na rua. Rio de Janeiro, 1933 Vinícius de MoraesLucia2006-11-18 06:27:24 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Conan o bárbaro Posted November 17, 2006 Members Report Share Posted November 17, 2006 Uma poesia do Vinícius de Moraes que eu gosto bastante. Apesar da simplicidade ela tem um ritmo muito bom' date=' e talvez seja a própria simplicidade e o pieguismo da poesia que dão a graça, principalmente na terceira e quarta estrofes. Se você quer ser minha namoradaAh, que linda namoradaVocê poderia serSe quiser ser somente minhaExatamente essa coisinhaEssa coisa toda minhaQue nínguem mais pode ser Você tem que me fazer um juramentoDe só ter um pensamentoSer só minha até morrerE também de não perder esse jeitinhoDe falar devagarinhoEssas historias de vocêE de repente me fazer muito carinhoE chorar bem de mansinhoSem níguem saber por quê Porém, se mais do que minha namoradaVocê quer ser minha amadaMinha amada, mas amada pra valerAquela amada pelo amor predestinadaSem a quela a vida e nadaSem a qual se quer morrer Você tem que vir comigo em meu caminhoE talvez o meu caminho seja triste para vocêO seus olhos tem que ser só dos meus olhosOs seu braços o meu ninhoNo silêncio de depoise você tem que ser a estrela derradeiraMinha amiga e companheiraNo infinito de nos dois [/quote'] essa eh a coisa mais linda que eu já vi na minha vida!!!!!!!!!!! dah vontade de escrever na parede do quarto, fazer tatuagem dela, decorar...sei lah mais o que.....amo Vinicius de Moraes e nunka tinha visto essa poesia dle...valeu mesmo Conan..... Opa, que bom que você gostou! Eu acho bastante interessante. Vinícius tinha a manha. Sou contra este preconceito com a simplicidade e só alogiar poesias "complexas" e de conteúdo depressivo. hehe. Foi-se a época em que eu gostava de poesias depressivas, agora acho tudo um saco. Falta de criatividade, é tudo repetição da mesma fórmula... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Lucia Posted November 18, 2006 Members Report Share Posted November 18, 2006 Poesia sem título (1979) Quero que venhas depressaO tempo é poucoCareço de partilhar meus delírios com vocêConheço lugares jamais penetradosMisto de poeta e pirataSó os loucos são capazes de voarNão tenhas receio de mimQuero Te levar aonde estouComo poderei mentir-lheSe eu sou somente o que sou? Raul Seixas Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members **N@!r@** Posted November 18, 2006 Members Report Share Posted November 18, 2006 Uma poesia do Vinícius de Moraes que eu gosto bastante. Apesar da simplicidade ela tem um ritmo muito bom' date=' e talvez seja a própria simplicidade e o pieguismo da poesia que dão a graça, principalmente na terceira e quarta estrofes. Se você quer ser minha namoradaAh, que linda namoradaVocê poderia serSe quiser ser somente minhaExatamente essa coisinhaEssa coisa toda minhaQue nínguem mais pode ser ... [/quote'] essa eh a coisa mais linda que eu já vi na minha vida!!!!!!!!!!! dah vontade de escrever na parede do quarto, fazer tatuagem dela, decorar...sei lah mais o que.....amo Vinicius de Moraes e nunka tinha visto essa poesia dle...valeu mesmo Conan..... Opa, que bom que você gostou! Eu acho bastante interessante. Vinícius tinha a manha. Sou contra este preconceito com a simplicidade e só alogiar poesias "complexas" e de conteúdo depressivo. hehe. Foi-se a época em que eu gostava de poesias depressivas, agora acho tudo um saco. Falta de criatividade, é tudo repetição da mesma fórmula... ...concordo totalmente...vc sabia que o próprio Vinicius admitiu que essa fase em que ele escrevia poemas de amor desse tipo e seus tão famosos sonetos foi sua fase de decadência... pelo menos perante os parâmetros da literatura... ...pra vc ver como ele era gênio....na sua fase dita *decadência* ele conseguiu escrever muitos dos poemas mais lindos do mundo.... Soneto de Devoção Essa mulher que se arremessa, fria E lúbrica aos meus braços, e nos seiosMe arrebata e me beija e balbuciaVersos, votos de amor e nomes feios.Essa mulher, flor de melancoliaQue se ri dos meus pálidos receiosA única entre todas a quem dei osCarinhos que nunca a outra daria.Essa mulher que a cada amor proclamaA miséria e a grandeza de quem amaE guarda a marca dos meus dentes nela.Essa mulher e um mundo! - uma cadelaTalvez... - mas na moldura de uma camaNunca mulher nenhuma foi tão bela.Vinicius de Moraes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted November 18, 2006 Members Report Share Posted November 18, 2006 Amor Meu Grande AmorAmor, meu grande amor Não chegue na hora marcada Assim como as canções como as paixões E as palavras Me veja nos seus olhos Na minha cara lavada Me venha sem saber Se sou fogo ou se sou água ...Amor, meu grande amor Só dure o tempo que mereça E quando me quiser Que seja de qualquer maneira Enquanto me tiver Que eu seja a última e a primeira E quando eu te encontrar, meu grande amor Me reconheça Amor, meu grande amor Que eu seja a última e a primeira ... Seria bom s todo mundo fosse amado assim Maria shy2006-11-18 19:13:17 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Moviolavídeo Posted November 18, 2006 Members Report Share Posted November 18, 2006 Quando um homem ama uma mulher... Depois de um dia de labuta,Quando as forças estão esgotadas,O guerreiro quer abrigo,Quer beber com um amigo,Quer voltar para sua amada...E o amor tem dessas coisas,Admiração, respeito e cumplicidade...Enquanto é cego é perfeito,Pois no outro não há defeito,Só se vê felicidade...E se amar é uma vocação,Beber é uma necessidade...Por amor um homem se aniquilaNuma garrafa de tequilaPrá fugir da realidade...Mas o homem só se destróiQuando vê que sua amadaÉ um ser humano comum,Como ele próprio é um,E que de especial não tem nada...Talvez veja nela a si mesmo,Como num espelho se vê o reflexo...Talvez veja nela a mediocridade,Com alguns lampejos de vaidade...Terá, enfim, algo complexo..."Não sei se vou ou se fico",Dirá a si mesmo o condenado...Pois tudo o que sonhara na vidaNão passou da ilusão perdidaDe um coração apaixonado...Terá crises de consciênciaQuando lembrar do passado...E todos os erros e mazelasSerão atribuídos a elaComo se ele não fosse também culpado...Pensará nas orgias vividas,Nos excessos cometidos,Nas mulheres possuídas,Nos cigarros, nas músicas e nas bebidas..."E com ela, como terá sido?""Quantos homens ela teve?""Quando, onde e como ela fodeu?""Será que ela pensa em algum amante?""Como foi que eu não vi tudo antes?""E a primeira vez, como aconteceu?"Ficará cheio de dúvidasE criará mil problemas...Tomando "uma" esquecerá a dor...Talvez sinta novamente o amor...Talvez resolva seu dilema...Pois somente um ser puroÉ digno de ser amado...E a bebida suaviza o que é duro,Torna claro o que é escuro,Mantém tudo bom e imaculado...Bêbado, ela será uma santa...Sóbrio, ela será uma cadela...Bêbado, desejará tê-la ao leito...Sóbrio, o orgulho lhe apertará o peitoE o afastará da presença dela...Ela não entenderá comoNem porquê tal transformação...O homem da sua vida não bebia,Não xingava nem lhe batiaE hoje só lhe traz humilhação...Depois de algum tempo, já cansadaDe tentar entender a mudança,Ela passará a culpar a bebidaPor ele estar "broxando" na vida...Perderá, por fim, as esperanças...E o que antes não existia de fato,Com gole de vinho seleto,Sairá do plano abstrato,Das idéias de um corno nato,E passará para o plano concreto...Um corpo feminino jovem e bonitoNão fica menos atraenteQuando é mal servido de carícias,Quando do sexo não recorda as delícias,Se os desejos se mantêm ardentes...Assim nasce um corno...Uma rotina, uma idéia e uma bebida...Um diálogo não consumado, uma palavra mal colocada,Um gesto impensado, uma ofensa lançada,Uma vida destruída pelo silêncio...Assim nasce um bêbado...Uma rotina, uma idéia e uma bebida...Uma paixão apagada, uma paisagem sem cor,Um desejo de paz, um sofrimento sem dor...Uma vida esquecida pela embriagues...Beber para esquecer a dor de não poder mais aceitarOs defeitos de quem amamos um dia...Para aliviar a angústia e o arrependimento...Para conseguir ser feliz nestes momentos,Idolatrando bêbado o que sóbrio se via...Ele não a abandona enquanto sóbrioPorque o hábito o fará novamente embriagado...Quando bêbado os defeitos dela desaparecem,Seu amor, seu carinho novamente florescem,Ele se sente sujo e envergonhado...Agora que ela passou a ter amantes...Ele é só mais um miserávelQue em nada se parece com o homem de antes...Hoje ele bebe até cair na beira da calçada...Sóbrio, diz não aceita "aquela" conduta...Bêbado, chora até ficar com a boca travada...Diz para si mesmo que é triste amar puta...Principalmente as mais procuradas Maurício de Lima Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 19, 2006 Members Report Share Posted November 19, 2006 Se todos fossem iguais a você Vai tua vida, teu caminho é de paz e amor A tua vida é uma linda canção de amor Abre os teus braços e canta a última esperança A esperança divina de amar em paz Se todos fossem iguais a você Que maravilha viver Uma canção pelo ar Uma mulher a cantar Uma cidade a cantar A sorrir,a cantar, a pedir A beleza de amar Como o sol Como a flor, como a luz Amar sem mentir, nem sofrer Existiria verdade Verdade que ninguém vê Se todos fossem no mundo Iguais a você _____________________________________________________________ A felicidade Tristeza não tem fim, felicidade, sim... A felicidade é como a pluma Que o vento vai levando pelo ar Voa tão leve, mas tem a vida breve Precisa que haja vento sem parar... A felicidade do pobre parece A grande ilusão do carnaval, A gente trabalha o ano inteiro Por um momento do sonho Pra fazer a fantasia de rei ou pirata ou jardineira Pra tudo se acabar na quarta-feira A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor Brilha tranqüila, depois de leve oscila E cai como uma lágrima de amor A minha felicidade está sonhando Nos olhos da minha namorada É como esta noite passando, passando Em busca da madrugada Falem baixo por favor Pra que ela acorde alegre como o dia Oferecendo beijos do amor Tom Jobim e Vinícius de Moraes Kikas2006-11-19 00:21:24 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Lucia Posted November 19, 2006 Members Report Share Posted November 19, 2006 Soneto XXV <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Antes de amar-te, amor, nada era meu:vacilei pelas ruas e as coisas:nada contava nem tinha nome:o mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos,túneis habitados pela lua,hangares cruéis que se despediam,perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo,caído, abandonado e decaído,tudo era inalienavelmente alheio, tudo era dos outros e de ninguém,até que tua beleza e tua pobrezade dádivas encheram o outono. Pablo Neruda Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Lucia Posted November 19, 2006 Members Report Share Posted November 19, 2006 Vida pelo avessoÀs vezes é preciso chorarRasgar a alma e limpar o serBeber o fel como se fosse melCortar a vida ao meio ejogar pedaços em todas as direçõesProcurar o rosto no escuroFazer tudo ao contrário dos sonhosViajar na cauda de um cometaPerder-se no infinitoFicar cega para o amanhãNão tecer mais fantasiasPerdi o fio da meadaIncerto é o caminhoPálida é a cor da esperançaDe mim fugiram todas as alegriasA porta do tempo fechou-seUma teia invisível enroscou-se sobreos meus diasTudo que recebi de presente do destinofoi uma simples vida pelo avesso. <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Zena Maciel Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Lucia Posted November 19, 2006 Members Report Share Posted November 19, 2006 Versos <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Que eu não veja empecilhos na sincera União de duas almas. Não amorÉ o que encontrando alterações se alteraOu diminui se o atinge o desamor.Oh, não! Amor é ponto assaz constanteQue ileso os bravos temporais defronta.É a estrela guia do baixel errante,De brilho certo, mas valor sem conta.O Amor não é jogral do tempo, emboraEm seu declínio os lábios nos entorte.O Amor não muda com o dia e a hora,Mas persevera ao limiar da morte.E, se se prova que num erro estou,Nunca fiz versos, nem jamais se amou." William Shakespeare Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 19, 2006 Members Report Share Posted November 19, 2006 POEMINHA AMOROSO Este é um poema de amor tão meigo, tão terno, tão teu... É uma oferenda aos teus momentos de luta e de brisa e de céu... E eu, quero te servir a poesia numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo. Talvez tu possas entender o meu amor. Mas se isso não acontecer, não importa. Já está declarado e estampado nas linhas e entrelinhas deste pequeno poema, o verso; o tão famoso e inesperado verso que te deixará pasmo, surpreso, perplexo... eu te amo, perdoa-me, eu te amo..." Cora Coralina Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted November 19, 2006 Members Report Share Posted November 19, 2006 É assim que te quero, amor, assim, amor, é que eu gosto de ti, tal como te vestes e como arranjas os cabelos e como a tua boca sorri, ágil como a água da fonte sobre as pedras puras, é assim que te quero, amada, Ao pão não peço que me ensine, mas antes que não me falte em cada dia que passa. Da luz nada sei, nem donde vem nem para onde vai, apenas quero que a luz alumie, e também não peço à noite explicações, espero-a e envolve-me, e assim tu pão e luz e sombra és. Chegastes à minha vida com o que trazias, feita de luz e pão e sombra, eu te esperava, e é assim que preciso de ti, assim que te amo, e os que amanhã quiserem ouvir o que não lhes direi, que o leiam aqui e retrocedam hoje porque é cedo para tais argumentos. Amanhã dar-lhes-emos apenas uma folha da árvore do nosso amor, uma folha que há-de cair sobre a terra como se a tivessem produzido os nosso lábios, como um beijo caído das nossas alturas invencíveis para mostrar o fogo e a ternura de um amor verdadeiro. Pablo Neruda Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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