Members kika Posted April 24, 2010 Members Report Share Posted April 24, 2010 Rasuras ...eu tenho um coração ilegível (Beatriz Provasi) A maioria de nós sofre desse mal [/quote'] eu não sofro não Postada por J.McClaneEita, essa eu achei triste e mórbida, laure achei um desabafo lindo! Algo que espero passar, pois ver os pais sofrendo pela perda de um filho é algo inimaginável! essa história me fez lembrar da época que eu contava história em hospital...uma vez vi uma mocinha, 15 anos, muito bonita, ela estava com um tumor, a mãe dela acabava de chegar da Bahia, a mãe chorava tanto Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted April 24, 2010 Members Report Share Posted April 24, 2010 Te quero (Mário Benedetti) Tuas mãos são minha caríciaMeus acordes cotidianosTe quero porque tuas mãosTrabalham pela justiça Se te quero é porque tu ésMeu amor, meu cúmplice e tudoE na rua lado a ladoSomos muito mais que dois Teus olhos são meu conjuroContra a má jornadaTe quero por teu olharQue olha e semeia futuro Tua boca que é tua e minhaTua boca não se equivocaTe quero porque tua bocaSabe gritar rebeldia Se te quero é porque tu ésMeu amor, meu cúmplice e tudoE na rua lado a ladoSomos muito mais que dois E por teu rosto sinceroE teu passo vagabundoE teu pranto pelo mundoPorque és povo te quero E porque o amor não é auréolaNem cândida moralE porque somos casalQue sabe que não está só Te quero em meu paraísoE dizer que em meu paísAs pessoas vivem felizesEmbora não tenham permissão Se te quero é porque tu ésMeu amor, meu cúmplice e tudoE na rua lado a ladoSomos muito mais que dois. (Tradução de Maria Teresa Almeida Pina) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted April 25, 2010 Members Report Share Posted April 25, 2010 A Noite na Ilha Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha. Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono, entre o fogo e a água. Talvez bem tarde nossos sonos se uniram na altura e no fundo,em cima como ramos que um mesmo vento move,embaixo como raízes vermelhas que se tocam. Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escurome procurava como antes, quando nem existias,quando sem te enxergar naveguei a teu lado e teus olhos buscavam o que agora - pão, vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos, porque tu és a taça que só esperava os dons da minha vida.Dormi junto contigo a noite inteira, enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos, de repente desperto e no meio da sombra meu braçorodeava tua cintura. Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca saída de teu sono me deu o sabor da terra,de água-marinha, de algas, de tua íntima vida, e recebi teu beijo molhado pela aurora como se me chegasse do mar que nos rodeia. Pablo Neruda Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted April 25, 2010 Members Report Share Posted April 25, 2010 Pablo Neruda "O Meu Amor" O meu amor Tem um jeito manso que é só seu E que me deixa louca Quando me beija a boca A minha pele fica toda arrepiada E me beija com calma e fundo Até minh'alma se sentir beijada O meu amor Tem um jeito manso que é só seu Que rouba os meus sentidos Viola os meus ouvidos Com tantos segredos Lindos e indecentes Depois brinca comigo Ri do meu umbigo E me crava os dentes Eu sou sua menina, viu? E ele é meu rapaz Meu corpo é testemunha Do bem que ele me faz O meu amor Tem um jeito manso que é só seu De me deixar maluca Quando me roça a nuca E quase me machuca Com a barba mal feita E de posar as coxas Entre as minhas coxas Quando ele se deita O meu amor Tem um jeito manso que é só seu De me fazer rodeios De me beijar os seios Me beijar o ventre e Me deixar em brasa Desfruta do meu corpo Como se meu corpo Fosse a sua casa Eu sou sua menina, viu? E ele é meu rapaz Meu corpo é testemunha Do bem que ele me faz... Chico Buarque Eta, Chico! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted May 6, 2010 Members Report Share Posted May 6, 2010 BILHETE Se tu me amas, ama-me baixinhoNão o grites de cima dos telhadosDeixa em paz os passarinhosDeixa em paz a mim!Se me queres,enfim,tem de ser bem devagarinho, Amada,que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... Mário Quintana Kikas2010-05-06 21:17:55 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Moviolavídeo Posted May 7, 2010 Members Report Share Posted May 7, 2010 ANTES QUE ELES CRESÇAM Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente. Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal? Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração. Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros. Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela. Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas. Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto. No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes. O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted May 9, 2010 Members Report Share Posted May 9, 2010 TABACARIA (15-1-1928 ) Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens. Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa. Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Gênio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu , E a história não marcará, quem sabe?, nem um, Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Não, não creio em mim. Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim... Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo. Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando. Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas - Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -, E quem sabe se realizáveis, Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente? 0 mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; Serei sempre só o que tinha qualidades; Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, E ouviu a voz de Deus num paço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente 0 seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo, E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível. Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, Nobre ao menos no gesto largo com que atiro A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas, E fico em casa sem camisa. (Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas, Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -, Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! Meu coração é um balde despejado. Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco A mim mesmo e não encontro nada. Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, Vejo os cães que também existem, E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei, e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente. Fiz de mim o que não soube, E o que podia fazer de mim não o fiz. 0 dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime. Essência musical dos meus versos inúteis, Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, Calcando aos pés a consciência de estar existindo, Como um tapete em que um bêbado tropeça Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta. Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada E com o desconforto da alma mal-entendendo. Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos. A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também. Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, E a língua em que foram escritos os versos. Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra , Sempre o impossível tão estúpido como o real, Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?) E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. Semiergo-me enérgico, convencido, humano, E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. Sigo o fumo como uma rota própria, E gozo, num momento sensitivo e competente, A libertação de todas as especulações E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto. Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou á janela. 0 homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica. (0 Dono da Tabacaria chegou á porta.) Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da tabacaria sorriu. In Pessoa, F. (1981): Obra Poética, Rio de Janeiro: Ed. Aguilar. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted May 12, 2010 Members Report Share Posted May 12, 2010 Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor (Hilda Hilst) I Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca Austera. Toma-me AGORA, ANTES Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes Da morte, amor, da minha morte, toma-me Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute Em cadência minha escura agonia. Tempo do corpo este tempo, da fome Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento, Um sol de diamante alimentando o ventre, O leite da tua carne, a minha Fugidia. E sobre nós este tempo futuro urdindo Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo. Te descobres vivo sob um jogo novo. Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor, Antes do muro, antes da terra, devo Devo gritar a minha palavra, uma encantadaIlharga Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.IITateio. A fronte. O braço. O ombro. O fundo sortilégio da omoplata.Matéria-menina a tua fronte e eu Madurez, ausência nos teus claros Guardados. Ai, ai de mim. Enquanto caminhas Em lúcida altivez, eu já sou o passado. Esta fronte que é minha, prodigiosa De núpcias e caminho É tão diversa da tua fronte descuidada. Tateio. E a um só tempo vivo E vou morrendo. Entre terra e água Meu existir anfíbio. Passeia Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:Noturno girassol. Rama secreta. (...) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted May 20, 2010 Members Report Share Posted May 20, 2010 Os versos que te fiz Deixa dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer! São talhados em mármore de Paros Cinzelados por mim pra te oferecer. Têm dolência de veludos caros, São como sedas pálidas a arder... Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer! Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda... Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz! Amo-te tanto! E nunca te beijei... E nesse beijo, Amor, que eu te não dei Guardo os versos mais lindos que te fiz! Florbela Espanca Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted May 27, 2010 Members Report Share Posted May 27, 2010 "Não me ame pela beleza, pois um dia ela se acaba. Não me ame por admiração, pois um dia você pode se decepcionar. Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar um Amor sem explicação."Kikas2010-05-27 22:59:33 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted May 30, 2010 Members Report Share Posted May 30, 2010 QUANDO O HOMEM ENTRA NA MULHER Anne SextonQuando o homementra na mulher,como a onda batendo contra a costa,de novo e de novo,e a mulher abre a boca com prazere os seus dentes brilhamcomo o alfabeto,Logos aparece ordenhando uma estrela,e o homemdentro da mulherata um nóde modo que nuncapossam voltar a separar-see a mulhersobe a uma flore engole o seu caulee Logos aparecee solta seus rios.Este homem,esta mulher,com a sua dupla fome,tentaram atravessara cortina de Deus,e por um instante conseguiram,ainda que Deusna Sua perversidadedesate o nó. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted June 2, 2010 Members Report Share Posted June 2, 2010 SenhorJamil Snege Hoje amanheci insatisfeito.O pão estava amargoe até o jornal que leiotodos os dias me pareceu deuma insipidez atroz.De repente, Senhor, lembrei-medos que não lêem jornais -mas os usam para embrulharrestos de pão que os paladaresamargos deixam no pratoapós uma noite insatisfeita.Como deve ser deliciosoesse pão, Senhor,depois que tu o adoças comtua própria boca! Às vezes lamento minhamá sorte - e o que me esperaem seguida é um dia luminoso.Às vezes bendigo minhafortuna - e logo após umfuracão desaba sobre minha cabeça.Brincas comigo, Senhor?Ou será que devo lamentara minha fortuna e bendizera má sorte como se o avesso e o direito fossem iguaispara ti? Quando eu era pequeno,topava contigo a cada instante.Adolescente, passeia encontrar-te cada vez menos.Adulto, duvidei quealgum dia tivesse visto obrilho de tua face ete busquei incessantementepor todos os caminhos.Não te encontrei,Senhor, nem poderia.O piolho que segue na jubado leão jamais teráconsciência de que possui umleão inteiro. Tenho procurado portodos os meios me destacardos demais.É minha a intervenção maisinteligente, o lanceintelectual mais audaz.Procuro as luzes do palcocom o mesmo fervorcom que o peregrino procuraa tua face.Que tolice, Senhor.Dentro de alguns anos, numatumba escura, queartifícios usarei parachamar a atenção sobre o meupobre crânio descarnado? Para onde vai o canto,depois que os lábios se fecham?Para onde vai a prece,depois que o coração silencia?E os rostos que amamospara onde vão, senhor,depois que nossaspupilas se transformamem gotas de lama?Ontem vi uma andorinhaque devia ter uns cinco milhões de anos.Será que eu tambémsobrevivereiao que restar de mim? Quando menino, nascidoserra acima, o quemais eu desejava era o mar.Eu queria apenas o mar a mais nada - para neledesfraldar meus sonhos marinheiros.Fui crescendo e ampliandomeus desejos.Uma casa junto ao mar,um barco a motor, festas,empregados, piscina.Obtive tudo isso, Senhor.Mas aí então o mar dentro demim já havia secado Não sou melhor queuma pedra, uma folha,a madeira de uma ponte,o pó das estradas.Sou apenas mais frágil,Senhor, pisa-me com carinho. Na minha infância, haviaum jogo que consistiaem se colocar um porquinho-da-índiano interior de um círculoformado porcasinholas numeradas.Vencia aquele cujaaposta correspondesse aonúmero do esconderijoescolhido pelo animalzinho.Nunca mais vi esse jogo,Senhor, mas eu sei quealguns religiosos continuama praticá-lo contigo.Cercam-te com suas igrejas almiscaradas -e correm a vendar apostas aos seus fiéis. A última tentativade me entrevistar contigofoi um grande fracasso.Acendi incensos, decorei com flores- e nada de ti, Senhor.Amanheci frustrado efatigado como se dançassea noite inteira nos infernos.Resolvi então fazertudo ao contrário: dancei,me embriaguei, liberteifantasmas, invoqueidemônios.Tive um sono embaladopor anjos em doces paragenscelestiais.És sempre assim, Senhor?Imprevisível? Desconcertante? O velho índio foi encontradovagando pela floresta,aparentemente perdido.Perguntaram-lhe. Respondeucheio de brios: "Perdifoi minha casa; não consigoencontrá-la".Quanta lição, Senhor.O homem pode perder sua casa,sua rua, os rostos queama - sem jamais se perderde si mesmo. Um dia tu sras demonstradocientificamente,como o eletromagnetismo ea gravitação universal.Professores te reproduzirãoem laboratório,crianças enfeitarão com tua fórmula suas mochilase os grafiteiros rabiscarãoteu princípio pelos murosda cidade.Nesse dia, Senhor, alguémestará restabelecendoteu mistério... à luzde uma vela, numa galáxiabem distante. Ontem não fui solicitado como gostaria de ser.Ninguém me pediu conselhos,ninguém fez casode minhas opiniões - até pareceu que o mundoe as pessoas poderiam viverbem melhor sem mim.Sensação terrível, Senhor.E pensar que já passeidias e meses da minha vidainfligindo idênticotratamento a ti... Não ouças qualquerjuízo que eu faça sobremeu semelhante.Amordaça-me.Corta minha língua.A pessoa que acuseide furtar minhas luvasnão tinha mãos. Ontem vi um jovem presoa uma cadeira de rodas.Mãos, pernas, tronco - imobilizados numa rigidezde pedra.De vivo apenas seu olhar -atento, vigilante,como se contemplasse tudodas alturas.Que expressão, Senhor,que força poderosa...Tua puseste todos os seusmúsculos ali. Tenho pensado ultimamenteem comprar um carro novo.Trabalho com afinco,faço tudo o que devo fazer,mas nunca me sobra dinheiro.Outro dia, fazendominhas contas, cheguei abotar a culpa em ti: "Deusnão tem me ajudado".Que vergonha, Senhor.Tantos homens trabalharamcom afinco a vida toda,fizeram tudoo que podiam fazer,e jamais te pediram sequera passagem do ônibus... Dois meninos, magrinhos,irmãos, aproximam-sedo balcão de pães.Escolhem um bem pequeno - o que pode comprar a moedaque um deles guarda nocôncavo da mão.Saem os dois com seupãozinho - uma fome tãoantiga, entre acrílicose colesteróis. Eu gostaria de ajudartodas as crianças pobres,carentes, desnutridas.Gostaria, Senhor...mas tenho a alma fatigadade proteínas.Ontem, por uma fraquezade caráter, resolviseparar as pessoas de meuconvívio em dois blocos distintos- os bons e os maus.Que terrível, Senhor.Depois de muito ajuizar,os bons me fitavam comexpressões demoníacasenquanto os maus, todos,me exibiam a tua face. Um homem mata outro etu o consentes.O perverso agride o inocentee tu não o fulminas.O poderoso humilha o fracoe tu aumentas-lhe o poder.Que Deus és tu,Senhor, que tudo podese tudo permites?Que deus extermina órfãose ilumina a face dostiranos com os carminsda longevidade?Não respondas, Senhor,não digas nada.É esse mistério que me atraiirremediavelmente a ti. Toma a máquina do meucorpo e nelatransporta socorro paraos teus aflitos.É de pouca serventia,Sei - o coração me arde,meus músculos estãofracos - mas podesusá-la à exaustão.E quando não mais prestar,Senhor, escolhe uma tíbiae faze uma flauta. Hoje sairei à caça de lucros,exatamente como o façotodos os dias.Tentarei ser o mais astuto,o mais sagaz, e a terra tremerá sob meus pés.No entanto, Senhor, vaicomigo um menino magrinho,olhos distraídos, quenão consegue entender porque meus interessessão mais importantes queas nuvens e as borboletas. Conserva-o assim, Senhor.Mesmo que ele me atrapalhe,mesmo queme obrigue a cederno momento emque preciso ser duro e inflexível,conserva-o comigo.E se um de nós não voltar,Senhor, que seja eu - não ele.Posso viver bem melhorsem mim. Já inspecionei a proa,amarrei a carga,desatei a vela.O vento sopra forte eenfuna meu coração de alegria.Agora é contigo, Senhor.Toma o leme e riscao rumo do meu barco - não penses que irei poreste mar sozinho. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Mr. Ibanez Posted June 5, 2010 Members Report Share Posted June 5, 2010 Chão de Giz Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz Há meros devaneios tolos a me torturar ...Há tantas violetas velhas sem um colibri Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de vênus Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom ... Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar Meus vinte anos de "boy, that's over, baby" , Freud explica Não vou me sujar fumando apenas um cigarro Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval E isso explica porque o sexo é assunto popular No mais estou indo embora... Zé Ramalho [/quote'] Relembrando... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted June 7, 2010 Members Report Share Posted June 7, 2010 BILHETE Se tu me amas, ama-me baixinhoNão o grites de cima dos telhadosDeixa em paz os passarinhosDeixa em paz a mim!Se me queres,enfim,tem de ser bem devagarinho, Amada,que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... Mário Quintana [/quote'] Me desculpe aí o poeta, mas amor bão necessita de um pouco de exagero ! Árias PequenasAntes que o mundo acabe, Túlio,Deita-te e provaEsse milagre do gostoQue se fez na minha bocaEnquanto o mundo gritaBelicoso. E ao meu ladoTe fazes árabe, me faço israelitaE nos cobrimos de beijosE de floresAntes que o mundo se acabeAntes que acabe em nósNosso desejo. Lendo o post da Lau me deu vontade de ler mais da Hilst Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted June 8, 2010 Members Report Share Posted June 8, 2010 <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> BALADA (Em memória de uma poeta suicida) Não conseguiu firmar o nobre pacto Entre o cosmos sangrento e a alma pura. Porém, não se dobrou perante o fato Da vitória do caos sobre a vontade Augusta de ordenar a criatura Ao menos: luz ao sul da tempestade. Gladiador defunto mais intacto (Tanta violência, mas tanta ternura), Jogou-se contra um mar de sofrimentos Não para pôr-lhes fim, Hamlet, e sim Para afirma-se além de seus tormentos De monstros cegos contra só um delfim, Frágil porém vidente, morto ao som De vagas de verdade e de loucura. Bateu-se delicado e fino, com Tanta violência, mas tanta ternura! Cruel foi teu triunfo, torpe mar. Celebrara-te tanto, te adorava De fundo atroz à superfície, altar De seus deuses solares - tanto amava Teu dorso cavalgado de tortura! Com que fervor enfim te penetrou No mergulho fatal com que mostrou Tanta violência, mas tanta ternura! Envoi (Do livro "O Homem e Sua Hora e outros poemas", de Mário Faustino) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Conan o bárbaro Posted June 20, 2010 Members Report Share Posted June 20, 2010 Por favor, continuem senhoritas... Não deixe este tópico morrer. Os textos são mutio bons! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted June 22, 2010 Members Report Share Posted June 22, 2010 Por favor' date=' continuem senhoritas... Não deixe este tópico morrer. Os textos são mutio bons![/quote'] nos ajude a mantê-lo. Coloca alguma poesia que você gosta! Porque eu te amava porque eu te amava e porque tu me amavas nos colocamos além da posse do corpo porque o mistério nos reuniria , mesmo ansiando por aquele outro é que em nós, o amor não era só matéria da carne mas sexo feito do tecido invisível das ternuras transbordando em líquidos e planctons fogos e logos, liquens, desejos, juras porque eu te amava e porque tu me amavas como raiz íntima da terra o encanto resistia aos riscos como a estranha paz que adormece as feras (Célia Musilli) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted June 22, 2010 Members Report Share Posted June 22, 2010 Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue.Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o! Fernando Pessoa Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted June 23, 2010 Members Report Share Posted June 23, 2010 A Mulher das Palavras O silêncio dói muito mais na pele do inimigoque o grito pousa assim cálido como uma resposta sem pontuação deita suave nas concavidades do ouvido desconcerta desmancha certezas hospeda pulgas atrás da orelha arma afiada toque lancinante estratégia zen linguagem dos deuses da arte da guerra (Karen Debértolis) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Conan o bárbaro Posted June 24, 2010 Members Report Share Posted June 24, 2010 São muito bons. Aqui no tópico tem uma antologia bacana! heheh ah eu posso postar algumas. Mas acho que já colocaram todas que eu gosto. Não sou mt versado em poesias, heheh. Uma que eu gosto é o poema XX do Neruda, mas já postaram aqui, não? Mas o Fernando Pessoa é muito foda! Eu me lembro de um que marcou bastante, mas foi mais pela interpretação de quem recitou. Aliás, acho que a interpretação conta muito: Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted June 28, 2010 Members Report Share Posted June 28, 2010 O vôo Goza a euforia do vôo, do pássaro, do anjo perdido em ti. Não indagues se nossas estradas, tempo e vento desabam no abismo. Que sabes tu do fim? Se temes que teu mistério seja uma noite, enche-o de estrelas, Conserva a ilusão de que teu vôo te leva sempre para o mais alto. No deslumbramento da ascensão, se pressentires que amanhã estarás mudo, esgota, como um pássaro, as canções que tens na garganta. Canta, canta pra conservar uma ilusão de festa e de vitória, talvez as canções adormeçam as feras que querem devorar o pássaro. Desde que nascentes não és mais que um vôo no tempo rumo ao céu? Que importa a rota? Voa e canta enquanto resistirem as asas. Menotti del Picchia Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted June 28, 2010 Members Report Share Posted June 28, 2010 De minha autoria: Da ponte pulei No rio nadei Na terra caminhei E me cansei Cansei, cansei, cansei Eu sei Então os pontos entreguei E a branca bandeira ergui Água pedi E, ora pois, morri. (2/9/09) ————————————————————————————————– Santa paciência, chega de deferência Escutar tanta baboseira Sem eira nem beira Só me dá canseira E causa coceira Calem-te, bocas! Abram-te, ouvidos! Façam mesura, ajoelhem-se Perante o sábio saber do silêncio (28/6/09) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted July 5, 2010 Members Report Share Posted July 5, 2010 Hoje, minha homenagem a Roberto Piva que nos deixou no dia 03/07. Por detrás de cada pedra Por detrás de cada homem Por detrás de cada sombra O vento traz-me o teu rosto (Roberto Piva) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted July 7, 2010 Members Report Share Posted July 7, 2010 20 Anos Sem Cazuza. Poema Cazuza / Frejat Eu hoje tive um pesadeloE levantei atento, a tempoEu acordei com medoE procurei no escuroAlguém com o seu carinhoE lembrei de um tempo Porque o passado me traz uma lembrançaDo tempo que eu era ainda criançaE o medo era motivo de choroDesculpa pra um abraço ou consolo Hoje eu acordei com medoMas não chorei, nem reclamei abrigoDo escuro, eu via o infinitoSem presente, passado ou futuroSenti um abraço forte, já não era medoEra uma coisa sua que ficou em mimE que não tem fim De repente, a gente vê que perdeuOu está perdendo alguma coisaMorna e ingênua que vai ficando no caminhoQue é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminadoPela beleza do que aconteceu há minutos atrás Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted July 8, 2010 Members Report Share Posted July 8, 2010 E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar. Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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