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Você se considera um cinéfilo?  

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  1. 1. Você se considera um cinéfilo?

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1º texto (finalmente) enviado:

 

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Angelo Voorhees:

 

 

ENCURRALADO

(Duel' date=' 1971, Steven Spielberg)

 

duel16.jpg

Mantenha um olho no retrovisor

 

Steven Spielberg tinha apenas 24 anos quando recebeu de sua secretária uma história retirada de uma Playboy. Interessado pela premissa, Spielberg negocia com um produtor e em menos de 15 dias o filme está pronto para ser exibido na TV.

 

Baseado na história de Richard Matheson, o filme mostra um comerciante, David Mann, que sai de casa logo cedo para uma viagem de negócios. Guiando por estradas desertas da Califórnia, David Mann encontra a certa altura da viagem um enorme caminhão-tanque à sua frente e decide ultrapassá-lo, o que parecia ser apenas uma manobra normal passa a ser um jogo de vida ou morte, sem maiores motivos o caminhão-tanque passa a perseguir David Mann, com apenas uma intenção: matá-lo.

 

Sem contar com um grande orçamento, com um roteiro simples, sem efeitos especiais e o mais importante, sem experiência alguma em longas, parecia que Spielberg faria apenas mais um daqueles filmes chatos feitos para a TV. Mas ele nos prova o contrário. Mostrando que tinha talento desde o início de sua carreira, ele consegue nos prender à poltrona com perseguições infindáveis, narrações em off, personagens secundários que mais parecem ter saído de um filme B de terror e closes no rosto de David Mann, que mostram com precisão toda a tensão pela qual ele passa e usa o silêncio do viajante para ser preenchido pela buzina e pelo ronco do motor do caminhão-tanque, fazendo com que o medo e a tensão aumentem a cada aproximação da “fera”.

 

Mas como um filme com uma história tão simples que parece não ter maiores atrativos poderia nos prender à poltrona?  É aí que o roteirista Richard Matheson age e não deixa o filme ficar entediante, ele sempre nos presenteia com algo inesperado e explora muito bem a imagem do caminhão-tanque que não parece ter um piloto, piloto esse que nunca é mostrado, fazendo com que David Mann passe pelo maior temor do ser humano: o medo do desconhecido.

 

Muitos podem dizer “é só isso mesmo?”, mas nas mãos de Spielberg o filme vira “tudo isso”, quem começa a assistir não consegue parar até saber o que vai acontecer em seu final. Um filme que alavancou a carreira de um dos maiores diretores de todos os tempos não pode ser considerado apenas mais um filme feito para a TV, é, sem dúvidas, uma das obras-primas de Spielberg.

 

 

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O prazo para postagem dos textos encerra-se no dia 24/06. Apartir daí iniciam-se as avaliações dos jurados. Participe!

[/quote']

 

    Angelo traveca falando de EnCUrralado?? Sugestivo 06...é isso aí, traveco-man, atingiu o objetivo, achei o texto muito bom, conta fatos históricos relacionados ao filme, faz quem lê o texto querer assistir ao filme, e o principal, não conta nenhum spoiler.

 

    Por isso, digo SIM e a nota é: 10/10

    Começamos bem....ou será q estou muito bondoso hoje? 1706

 

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Angelo - Encurralado: 6,5.
Ficou bom, e tudo mais, mas parece ter saído de algum especial sobre a carreira do Spielba como bônus sobre um filminho obscuro de estréia (que eu também acho um dos melhores). Conhecendo o filme, a resenha fica só como um ponto de partida pra lembrar do resto. Ainda assim é competente (corretinho, sabe onde quer chegar e chega), mesmo que pareça mais do mesmo.

Enxak - O Massacre da Serra Elétrica: 7,0.
Me parece bem mais disposto a mergulhar de vez no filme, querer entrar no fundo mesmo. Mas acho que acabou se perdendo usando demais a comparação com os filmes de terror de hoje, que são só a carnificina, que não tem muita a alma asquerosa que este filme tem; e aí a tal da alma acabou com um espaço menor que a encomenda.

THX - Esfera: 6,0.
É... até que dá pra entender o que ela acha do filme, coerente e tudo o mais, mas tá tudo tão afetado que sei lá o quê. Essa afetação não é bem um problema... o que você põe pra ser coeso com ela é.

Renato - Fonte da Vida: 8,0.
Dá pra ver bastante qual é a do Renato com o filme, quais são as impressões e consegue escrever isso com clareza (além de conseguir resumir bem). Entra na brisa do filme (que pra mim é bem indigesto), e sabe o que quer tirar disso. Texto meio wtf, como o filme, mas bem montado.

Vicking - Cerimônia de Casamento: 7,5.
Também deixa bem claro quais são as impressões que o filme deixou nele, mas me deixou com a sensação de que poderia ter escrito mais (tanto pra deixar as idéias fluirem mais no texto, quanto pra algo a se complementar).

Albergoni - Os Imperdoáveis: 8,0.
Acho que está com um pouco de gordura (é só opinião, mas pra mim, reconstituição de época impecável já é suficiente pra falar que talheres, figurinos e lugares são perfeitos. se quiser, melhor ainda, escreve só 'cenários fodas' haha), e mesmo que eu evite ficar falando de frescuras de português, acho que poderia estar um pouco melhor. Fora isso, gostei bastante do jeito que você relaciona a maneira como o filme é contado e os personagens desenvolvidos com a questão de ser um filme de gênero. Umas horas parecem delírios fanzoidísticos, mas eu dou um desconto pq eu sou um também. hehe

Faéu - Longe do Paraíso: 7,5.
Também é outro que conseguiu mostrar as impressões muito bem, deixou bem claro o que sente no filme. Só parece querer peidar cheiroso as vezes.

Jail - A Casa do Espanto II: 7,0.
Segue a linha do texto do Angelo e também fez muito bem, puxando mais pra um lado de conversa e pé no chão do que a maioria. Parece querer justificar a nota as vezes, mas tá bem feito.

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Angelo traveca falando de EnCUrralado?? Sugestivo 06

 

Curtiu' date=' né? 06

Só a sua nota já atingiu a minha meta. 16

 

Angelo - Encurralado: 6,5.
Ficou bom, e tudo mais, mas parece ter saído de algum especial sobre a carreira do Spielba como bônus sobre um filminho obscuro de estréia (que eu também acho um dos melhores). Conhecendo o filme, a resenha fica só como um ponto de partida pra lembrar do resto. Ainda assim é competente (corretinho, sabe onde quer chegar e chega), mesmo que pareça mais do mesmo.

 

É, eu não quis mergulhar muito no filme com "medo" dos spoilers, mas valeu. 05
Angelo Voorhees2008-06-28 22:47:41
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Encurralado por

Angelo – 7,5/10

Ta bem boa, bem sucinta. Acho que falha um pouco em ser

impessoal demais, tem quem goste, eu não sou desses. Agora, inegavelmente é

elucidativa.

 

 

 

 

 

O Massacre da Serra

Elétrica por Enxak – 8,0/10

Opa, eu prefiro o remake haha. Lembro te ter visto esse há

tempos e não ter gostado (é, nem lembro bem o porque). Mas, o texto me deixou

até com ânimo de revê-lo, tamanha a babação do xaka em cima do filme.

 

 

 

 

 

 

 

Esfera por THX – 6,0/10

“(...) é que a trama em alguns momentos talvez não

faça sentido. Mas isso é normal, afinal estamos diante de um uma Obra Prima”. Eu não entendi essa frase, sinceramente. Gostaria

que a THX me explicasse. Agora se algo não parece ser sentido é pq estamos

diante de uma OP? Ou, pra ser OP tem que ser complexo? E na boa, você perdeu

mais tempo comparando o filme ao 2001 que propriamente falando o(s) porque(s)

de ele ser melhor que 2001, o que é, na minha opinião, absurdo. Todo caso,

aparando essas arestas, tem coisa boa ali no meio. Antes a THS tinha feito uma

sinopse, agora ela tomou partido e foi muito corajosa (demais eu diria, haha),

isso é bom.

 

 

 

 

 

Fonte da Vida por

Renato – 6,5/10

Ta aí um filme que eu gosto muito da premissa, mas o

Aronofsky consegue estragar tudo com seu egotrip.

Lidar com surrealismo exige talento, e não demência, e o Richard Kelly também

aprendeu isso com seu Southland Tales.

Fora essas comparações, o texto do Renato ta “ok”, acho que perde um pouco de

tempo adjetivando o filme e lançando alguns “requisitos” a quem irá assisti-lo.

Mas ta legal, etc.

 

 

 

 

 

 

Os Imperdoáveis por

Albergoni – 8,0/10

Muita gente torce o nariz pra esse filme, eu adoro. Não chego

a considerar a obra máxima do Clint como diretor (tem um certo As Pontes de Madison no caminho), mas de

forma alguma o desmereço, acho formidável, não só como homenagem, mas também

como genuíno. Quanto ao texto... cara, nem costumo falar disso, mas dessa vez

me incomodou e atrapalhou, tem muitos erros de português, nem falo em pontuação,

mas de palavras mesmo, atrapalhou a fluidez da leitura. Fora isso, ta bem situado

o porque do Albergoni curtir o filme.

 

PS: Pô, perdeu a chance de usar uma das maiores frases do gênero: "quem é o dono dessa espelunca?" hah! 16

Longe do Paraíso

por Faéu –  6,0/10

O Ruby foi preciso. O Faéu enfeitou demais o texto, passa 4

parágrafos sem dizer nada, só enrolando com citações poéticas e bla bla. Quando

finalmente fala do filme em si, ganha alguma relevância, mas aí já era meio

tarde. Ainda assim, deixa uma boa impressão e aumenta a nota que iria ser

desastrosa. Todd Haynes é com um “s”.

 

 

 

A Casa do Espanto II por Jailcante - 7,5/10

Demora a engrenar, Jail explica por demais o enredo, e deixa pra falar o que acha depois, à tempo. Perde em ficar explicando o que disse, abusando de parentêses que poluem o texto e travam a leitura, em contraponto, explica muito bem porque o filme é inferior ao antecessor e porque ele não curte tanto esse.

 

Cerimônia de Casamento por Vicking - 6,5/10

O Vicking teve um dos melhores textos da primeira fase, um dos mais carregados de paixão pelo filme que avaliava. Desta vez, no entanto, rendeu-se ao lugar comum, fazendo uma espécie de sinopse comentada. Joga um lance do filme e comenta... e assim por diante. o resultado só não é tão ruim, porque as poucas impressões que ele expressa são um tanto satisfatórias. mas o Vicking já demonstrou que pode mais, e isso, baixa a nota.

 

 

 

 

 

batgody2008-06-29 15:40:12

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batgody, a respeito do texto estar deveras enfeitado, ok. Mas dizer nada em 4 parágrafos? Não fiquei ofendido, mas fala-se sim. Explicito no 2º e 3º, como exemplo, é a respeito das interpretações de Moore e Quaid, ponto.

 

A respeito do 1º, é o que  acredito como síntese do longa. O 3º posso até ter mal me expressado com "papel de caligrafia".

 

Enfeitado demais? Ok, talvez. Mas ininteligível ou vazio?

 

 

PS.: hayneS, anotado 06
Faéu2008-06-29 18:58:57
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não quero tornar-me repetitivo ou redundante. eu não disse que isso era um fato, mas pra mim, em quatro parágrafos, você não disse praticamente nada. eu obviamente usei de hipérbole, não ia ficar dizendo: "no segundo parágrafo tem uma citação interessante ao meio do nada e bla bla". fui exagerado de propósito. não leve as coisas tão ao pé da letra. hehe.

 

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Eis algumas avaliações:

 

Angelo Voorhees:

 

 

ENCURRALADO

(Duel' date=' 1971, Steven Spielberg)

 

duel16.jpg

Mantenha um olho no retrovisor

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Steven Spielberg tinha apenas 24 anos quando recebeu de sua secretária uma história retirada de uma Playboy. Interessado pela premissa, Spielberg negocia com um produtor e em menos de 15 dias o filme está pronto para ser exibido na TV.

 

Baseado na história de Richard Matheson, o filme mostra um comerciante, David Mann, que sai de casa logo cedo para uma viagem de negócios. Guiando por estradas desertas da Califórnia, David Mann encontra a certa altura da viagem um enorme caminhão-tanque à sua frente e decide ultrapassá-lo, o que parecia ser apenas uma manobra normal passa a ser um jogo de vida ou morte, sem maiores motivos o caminhão-tanque passa a perseguir David Mann, com apenas uma intenção: matá-lo.

 

Sem contar com um grande orçamento, com um roteiro simples, sem efeitos especiais e o mais importante, sem experiência alguma em longas, parecia que Spielberg faria apenas mais um daqueles filmes chatos feitos para a TV. Mas ele nos prova o contrário. Mostrando que tinha talento desde o início de sua carreira, ele consegue nos prender à poltrona com perseguições infindáveis, narrações em off, personagens secundários que mais parecem ter saído de um filme B de terror e closes no rosto de David Mann, que mostram com precisão toda a tensão pela qual ele passa e usa o silêncio do viajante para ser preenchido pela buzina e pelo ronco do motor do caminhão-tanque, fazendo com que o medo e a tensão aumentem a cada aproximação da “fera”.

 

Mas como um filme com uma história tão simples que parece não ter maiores atrativos poderia nos prender à poltrona?  É aí que o roteirista Richard Matheson age e não deixa o filme ficar entediante, ele sempre nos presenteia com algo inesperado e explora muito bem a imagem do caminhão-tanque que não parece ter um piloto, piloto esse que nunca é mostrado, fazendo com que David Mann passe pelo maior temor do ser humano: o medo do desconhecido.

 

Muitos podem dizer “é só isso mesmo?”, mas nas mãos de Spielberg o filme vira “tudo isso”, quem começa a assistir não consegue parar até saber o que vai acontecer em seu final. Um filme que alavancou a carreira de um dos maiores diretores de todos os tempos não pode ser considerado apenas mais um filme feito para a TV, é, sem dúvidas, uma das obras-primas de Spielberg.[/quote']

O texto começa muito bem, embora siga os lugares comuns de 99% das críticas. Seria uma nota 8, já que o guri que adora aparecer semi-nu nas publicações do fórum escreve muito bem e tem um style, porém, não cometesse a heresia escancarada no negrito.

 

Ritmo quem determina é o diretor na edição do filme. Roteirista é, data venia a essa importante profissão, o cara que escreve a historinha. Passá-la para a tela grande requer um talento singular que pode realçar a qualidade do material escrito (e até melhorá-lo se o material for ruim) ou jogá-lo na lama. Um diretor bom tem condições de transformar um roteiro ruim num filme bom; um diretor ruim tem grandes chances de jogar na privada a premissa de um excelente roteiro.

 

Portanto, se Duel é um filme excepcional (e é, considero-o o melhor filme do Spielberg), se deve ao Spielberg e não a Matheson. Sua história criativa e bem bolada seria um desastre fílmico nas mãos de um Michael Bay, por exemplo. Dar crédito ao Matheson pelo ritmo cadenciado e o resultado final do filme é ultrajante, embora este seja um bom roteirista e escritor.

 

Nota: 6,5

 

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA' date=' DE TOBE HOOPER

 

img73/4636/massacre1wz5.jpg

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Para o público de filmes de horror de hoje em dia, já acostumado a muito sangue, vísceras à mostra e todo o tipo de atrocidade sendo escancarada em closes de mesas de cirurgia, “O Massacre da Serra Elétrica”, de 1974, produzido com um orçamento baixíssimo e um elenco desconhecido e inexpressivo, pode até ser taxado como um filme de horror “light”, sem grande apelo. Mas essa impressão só seria sentida por aqueles que buscam nesse tipo de filme uma sensação barata de pavor, aquele pavor provocado por sustos gratuitos e gosto pelo repúdio da exposição desnecessária de carnificina. Já os que preferem embarcar em uma experiência sádica para uma ambientalização intimidadora marcada por uma sucessão de cenas de teor absolutamente grotescos, fazendo-nos ranger os dentes de apreensão, esse filme dirigido por Tobe Hooper pode ser facilmente considerado um dos mais perturbadores já realizados, sendo um dos responsáveis pela criação de um sub-gênero, o slasher, altamente difundido na década seguinte, em diversos filmes, entre eles o mais célebre, “Sexta Feira <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?:NAMESPACE PREFIX = ST1 />13”.

 

 

Assim como muitos outros filmes o fizeram (“Psicose”, “O Silêncio dos Inocentes”, entre outros), “O Massacre...” tem como inspiração principal a figura do psicopata Ed Gein, que aterrorizou uma cidade chamada Plainfield, nos EUA, durante os anos 50. O enredo do filme trata da história de um grupo de jovens, entre eles os irmãos Sally e Franklin (esse paraplégico) que viajam até a casa onde viveram na infância, agora abandonada, numa pequena cidade do interior do Texas, impulsionados pelos rumores envolvendo violação dos túmulos no cemitério local, onde foram verificar se não haviam mexido nos ossos de seus ancestrais. Acabam, porém, como todo bom grupo de adolescentes xeretas de filmes do gênero, invadindo uma outra casa, aparentemente também abandonada, e apartir daí se deparam com um nível de terror que jamais imaginariam poder passar um dia, nem nós, que embarcamos junto a eles, nessa inserção sem volta àquela atmosfera macabra. O filme te envolve de tal maneira que mesmo que o natural asco ao presenciar cenas de morte grotesca como a de um garoto levando uma marretada na cabeça e caindo, mexendo as pernas em espasmos nervosos, ou a contemplação da imagem de uma mulher sendo dependurada em um gancho pelas costas, como um animal prestes a ser abatido num matadouro te faça rejeitar o que vê, algo de podre dentro da gente parece nos impelir a assistir a tudo, até o fim, confortáveis pela sensação de proteção, de estar apenas espiando a desgraça alheia.

 

 

A última meia hora, onde a tensão chega a níveis insuportáveis, com a família de necrófilos (incluindo aí um avô meio zumbi) torturando a mocinha física e psicologicamente, é o ponto alto do filme. É nessa reta final que fica claro o poder hipnótico que ele consegue, nos deixando fisicamente fadigados, afoitos por um desfecho, seja ele qual for, para que possamos enfim sair de dentro daquele universo de sangue, corpos sendo esquartejados por um maluco portando uma moto serra, e ossos de animais ornamentando a decoração de uma casa que de acolhedora não tem nada. “O Massacre da Serra Elétrica” (que ganhou até um remake em 2003, muito mais parecido com os filmes que se derivaram dele do que com o original) é um registro cru e cruel de até onde pode ir a insanidade humana, e merece ser visto não somente a título de curiosidade, pela aura “cult” que o filme carrega, mas como contemplação de um dos melhores registros de filme de horror, no sentido mais literal possível da palavra, em todos os tempos.[/quote']

Vou fazer uma campanha: apresentadores desses games não podem contribuir com o jogo. 06

 

O texto está muito bom mesmo e o Xaka demonstra um talento nato para escrever sobre filmes, talento esse sufocado pelo seu detentor sabe-se lá por qual razão estapafúrdia. Tirando um pseudo-spoiler no terço final do texto, o Xaka fez uma obra digna de atenção, se considerarmos que ele não discute cinema pois, segundo as palavras do próprio "não se discute subjetividade".

 

Nota: 8,5

 

 

THX:

 

Esfera

(Sphere/Barry Levinson/1998)

 

Após o estrondoso sucesso de '2001 - Uma Odisséia no Espaço'' date=' seria natural uma nova safra de filmes sobre o espaço e teorias sobre a vida na terra cada vez mais elaborados. Filmes mais sofisticados sobre o espaço com recursos de efeitos especiais também passariam a ganhar um tom mais sério, dentro de toda a gama que constitui os filmes de ficção-científica. Porém, após o divisor de águas que foi '2001 - Uma Odisséia no Espaço', foi apenas em 1998 que conseguimos alcançar o auge da qualidade cinematográfica de uma obra impecável do gênero com 'Esfera'.

 

Assim como aconteceu com '2001' ao atrair os holofotes da crítica no mundo todo, 'Esfera' resolveu seguir os passos da narrativa original concebida por Kubrick 30 anos antes e levantar hipóteses em torno de uma premissa de origem desconhecida. No entanto, agora temos uma narrativa mais inovadora e melhor elaborada que a obra de Kubrick. É difícil não fazer uma analogia da esfera alienígena com o monolito de '2001'. Que embora emanem forças distintas, em 'Esfera' temos uma caracterização mais perturbadora, explorando o lado psicológico dos personagens, em especial de seus maiores temores. Temores esses despertados por uma força desconhecida.

 

Toda a trama em torno dessa narrativa inicial, começa quando o governo norte americano descobre uma espaçonave de origem alienígena a 300 metros de profundidade no Oceano Pacífico. Logo, um grupo formado por quatro especialistas em diversas áreas como matemática, bioquímica, psicologia e astrofísica, são designados para explorar e fazer contanto com possíveis seres alienígenas que ainda pudessem estar na espaçonave.

 

Se em '2001' toda a trama se passava no espaço, em 'Esfera' se desenvolve numa estação no fundo do mar. Construída próxima à espaçonave. A forma como a narrativa se desenvolve, explorando o lado psicológico dos personagens é um dos pontos mais fortes do filme. O que nos levará a conhecer em especial, os maiores temores de cada um, manifestados após o primeiro contato com uma esfera misteriosa. E para piorar as coisas, torná-los realidade.

 

O que de fato poderemos constatar ao assistir 'Esfera', num primeiro momento, é que a trama em alguns momentos talvez não faça sentido. Mas isso é normal, afinal estamos diante de um uma Obra Prima, onde o que o diretor realmente quer é nos convidar a refletir e nos colocar "dentro" da esfera misteriosa. Perceba na cena em que Norman descobre que o livro que Harry lê, não tem conteúdo algum após um certo número de páginas. Isso sem dúvida foi um dos grandes fatores que contribuíram para adicionar mais complexidade à cena, e nos desafiar a refletir diversas hipóteses. Que porém acaba sofrendo uma grande reviravolta para explicar esse evento, de forma brilhante. Em se tratando do ritmo empregado durante o filme, pode parecer lento em alguns momentos, mas isso é proposital para nos fazer refletir e questionar cada evento e momento das manifestações que ocorrem.

 

'Esfera' pode perder um pouco na parte de direção em relação a "2001 - Uma Odisséia no Espaço' no sentido de desenvolver melhor os personagens e suas manifestações. Mas mesmo assim 'Esfera' consegue ser brilhante, emocionante e genial. Por isso merece ser chamado de Obra Prima e figurar no top dos melhores filmes de todos os tempos.
[/quote']

 

O texto mais WTF que eu já li até aqui. Das duas uma: ou a nossa colega possui sérios distúrbios neurológicos ou então é apenas uma mente surtada que faz piada com a inteligência alheia. Já sabia que ela gostava desta pequena bomba de neutrons chamada Esfera; fiquei curioso (de uma maneira mórbida) quando li "narrativa mais elaborada e inovadora que a obra de Kubrick", mas a partir do momento que se lê isto:

 

"O que de fato poderemos constatar ao assistir 'Esfera', num primeiro momento, é que a trama em alguns momentos talvez não faça sentido. Mas isso é normal, afinal estamos diante de um uma Obra Prima"

 

...não dá mais. A própria proposição é absurda por excelência e demandar por desenvolvimento de argumentos ou qualquer lógica que preste é bobagem.

 

Nem terminei de ler o texto (parei aí mesmo, no sublinhado), qualquer fagulha de expectativa minha em torno de entender pq a THX acha que Esfera é um bom filme foi DESTRUÍDA pelo raciocínio acima exposto. Nem a volta de Cristo seria suficiente para me convencer de que estou diante de um bom texto (a escrita é apenas um dos elementos de avaliação, a IDÉIA, o RACIOCÍNIO, por trás dela é o verdadeiro "point"), que dirá de um bom filme.

 

Chance desperdiçada, aliás, o texto me fez reviver as sensações que tive ao assistir Esfera há 9 anos. Ouso dizer que as sensações foram as mesmas.

 

Nota: ZERO

 

 

Renato:

 

Fonte da Vida

Direção: Darren Aronofsky' date=' 2006.



Uma jornada sobre a luta de um homem para salvar a mulher amada. A história se passa em trê momentos distintos: Na espanha do século XVI o conquistador Tomas inicia uma perigosa busca pela Árvore da Juventude. Nos dias atuais, o cientista Tommy busca desesperadamente uma cura para o câncer que está matando sua esposa. No século XXVI, o astronauta Tom faz uma longa viagem em direção a uma estrela.

Definitivamente, "Fonte da Vida" não é um filme fácil e muito menos do agrado do grande público. Ao contrário, a grande maioria acabará de ver o filme e desejará atirar pedras contra os realizadores desse projeto. No entanto, um olhar mais sensível constatará facilmente que está vendo um verdadeira jóia cinematográfica, lapidada de forma maestral por
Darren Aronofsky.

Com uma estrutura não linear que enriquece a narrativa, o filme chega a confundir a cabeça do expectador, mas aos poucos tudo vai fazendo sentido e as pontas soltas deixadas pelo roteiro vão se juntando, uma a uma, de forma quase poética, graças ao olhar talentoso de Aronofsky e à excelente montagem, delicada, fluida e inspirada.

Hugh Jackman mostra de vez a que veio e se solidifica como um grande ator de sua geração (e não apenas o intérprete do Wolverine) ao dar vida
a três personagens inicialmente distintos na forma, mas que se mostram intimamente ligados pela busca desesperada pela vida. E é essa busca
pela vida que os levará à compreensão, em três etapas diferentes, que a morte nada mais é que o cumprimento de um ciclo.
Rachel Weiz, igualmente magnífica nas suas caracterizações, representa a figura que inspira Hugh Jackman na sua incessante busca.

"A morte é o caminho para o sublime".
Essa talvez seja a frase mais importante do filme. Ao mesmo tempo em que Aronofsky nos brinda com belíssimos planos, propõe questões altamente relevantes sobre o ciclo da vida e aceitação da morte. Vale mais a pena lutar contra a morte ou simplesmente aceitá-la como parte natural
da existência humana e passar o resto de seus dias ao lado da pessoa amada? É esse o dilema vivido por Jackman e ao fim do filme, sobrarão diferentes interpretações sobre o que de fato ocrreu, mas restará a única certeza que apenas o desprendimento pode levá-lo ao sublime, mesmo que se leve séculos para isso.
[/quote']  

 

Sem spoilers, caminhou rapidamente sobre o quê o filme versa (o que gera uma análise meio superficial), mas que é extremamente eficiente e desperta a atenção de quem lê. 

 

Foi difícil? 06

 

Nota: 8,5 

 

===========================================

 

O restante entrego amanhã. Chega de descer a lenha no povo, né?

 

06
Dr. Calvin2008-06-29 23:28:38
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não quero tornar-me repetitivo ou redundante. eu não disse que isso era um fato' date=' mas pra mim, em quatro parágrafos, você não disse praticamente nada. eu obviamente usei de hipérbole, não ia ficar dizendo: "no segundo parágrafo tem uma citação interessante ao meio do nada e bla bla". fui exagerado de propósito. não leve as coisas tão ao pé da letra. hehe. [/quote']

ah, ok então 06

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Continuando a avaliação...

 

 

 

Wedding-01804.jpg

 

Cerimônia de Casamento

Dir. Robert Altman' date=' 1978

 

Uma das muitas facetas de Robert Altman era sua fascinação pela improvisação. Em Nashville e O Jogador, isto foi um diferencial que praticamente elevou tais filmes ao status de obras-primas, pois além da sinceridade expressa pelas cenas, o trabalho do diretor tornou-se muito mais natural, leve, fluído. E apesar desse perfil neo-dadaísta, ainda é impressionante constatar que Cerimônia de Casamento nasceu de uma piada. Quando perguntado por uma repórter qual seria seu próximo projeto, em tom irônico ele respondeu que filmaria um casamento, e refletindo na idéia, decidiu levá-la adiante.
Impressionante aliás é um adjetivo perfeito para o filme. O elenco conta com 48 atores (um recorde), a esmagadora maioria desconhecidos, e Altman magistralmente situa o expectador quanto a cada um deles, sempre através de suas relações e de forma não isolada.
As famílias Corelli e Brenner celebram sua união planejando um glorioso casamento, e como todo evento do tipo, nada sai exatamente como planejado. Depois da cerimônia, uma grande festa aguarda a todos os convidados na mansão dos Corelli, onde a matriarca os aguarda em seu leito - e não demora muito a constatar - de morte. Está armado o palco para uma verdadeira maratona de absurdos e humor ácido, amarrados de forma deliciosa em duas horas de filme.
Já na primeira cena, Altman dá o tom de sua comédia. É o casório, no qual o senil bispo mal lembra do protocolo para a ocasião. A noiva, Muffin (um nome original, sem dúvidas), é apresentada na triunfal entrada pro altar, mas o instante é arruinado com o sorriso metálico exibido pela moça. É um daqueles momentos em que surge o som de um disco riscado nas nossas cabeças. Os tipos presentes também chamam a atenção, sem sequer abrirem a boca: o afoito primo nerd, o entediado irmão da noiva e seus pais pomposos, a irmã incomodada com a falta de atenção (Mia Farrow, umas das únicas estrelas no cast), entre muitos outros integrantes de uma coleção curiosa de personagens.   
Mas é na mansão onde a história realmente se desenvolve. O diretor, de forma muito despretensiosa, perambula com sua câmera por entre todas as conversas, falsidades e rituais burgueses, pouco a pouco derrubando a máscara de cada pessoa, e o casamento em si revela-se o menos importante ali (aliás, os noivos têm pouquíssimo tempo em cena). Enquanto vemos as trocas de casais, escaladas sociais, flertes e narizes empinados, o cadáver da matriarca jaz em seu quarto, e o segredo não vaza para a festa não ser arruinada. E dando um show a parte, a ultra-zelosa equipe responsável pela segurança, a qual começa a desconfiar até mesmo dos convidados. "Senhor, não me faça ter que te neutralizar" diz a agente mais arrecatada a um estranho. 
O filme foi lançado em 1978, mas nada está datado, a história funciona perfeitamente para os dias de hoje (o que comprova o talento e criatividade de Altman também como roteirista). A invasão da contra-cultura é notada na periferia dos acontecimentos, e é perfeitamente compreensível que em um ambiente tão artificial, vários convidados fogem para a roda de maconha. Durante toda a projeção, percebe-se como o próprio diretor está se divertindo com tantos absurdos, criando um círculo vicioso de inspiração. Cerimônia de Casamento é irreverente, provocante, ácido e uma bela adição na genial filomografia de Altman.
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O Vick escreve bem que é uma beleza. Só que eu vi um texto como que escrito pelo Pablo aí. Vejam, não é que está mau escrito, pelo contrário, mas o Vick ameaça se aprofundar em várias questões e fica só no superficial, dizendo apenas um pouco de cada coisa. Em se tratando de Altman, acredito que há um terreno vasto a ser explorado aí, embora eu não tenha visto o filme.

 

Nota: 7,5

 

Os Imperdoáveis

(The Unforgiven' date=' 1992, Clint Eastwood)

 

PS:Não saberia analisar este filme sem destacar alguns diálogos e cenas, que podem caracterizar Spoilers.

 

Para os fãs dos westerns,particularmente os protagonizados por Clint Eastwood, os Imperdoáveis já tráz logo na primeira cena um tremendo choque: Uma minibriografia do personagem principal é apresentada, e seu nome, William Munny, é citado. Mas como, num filme Western com Clint Eastwood, sabermos o nome dele e alguma coisa de seu passado? Ora, Clint Eastwood foi sempre protagonistas de grandes faroestes, sempre interpretando um personagem enigmático e canastrão e sobretudo, rápido no gatilho. Mas nunca sabíamos seu nome, a não ser os apelidos como "Joe", "Blondie", "Manco" ou "Preacher" (uma execessão é o excelente Josey Wales, sua segunda incursão como diretor no gênero que o revelou).

Logo em seguida, outro choque bombástico: William Munny não bebe, não sabe atirar direito com uma pistola e mal consegue montar à cavalo. A pergunta que fica é: Onde está o habilidoso Blondie de "Três homens em conflito" ou o lendário e hábil pistoleiro Manco de "Por uns dólares a mais"?

Não há nenhuma sombra de que um dia o velho William Munny tenha sido assim, a não ser quando o jovem pistoleiro Schofield Kid, atraído pela fama do aposentado pistoleiro (fama essa que é conflitante com o que nos é apresentado sobre Munny), chega no rancho afim de chamá-lo para uma missão "como nos velhos tempos": Matar dois pistoleiros que esfaquearam uma prostituta na cidade de Big Whiskey, cidade essa comandada pelo implacável delegado Little Bill, interpretado por Gene Hackman.

 

Para tal missão, Munny não hesita em chamar seu amigo Ned Logan (Morgan Freeman) que na hora aceita o convite, mesmo com os olhares de reprovação de sua companheira (uma índia de meia idade).

 

Durante o caminho dos três pistoleiros pelo velho oeste americanos (quando vão até a cidade ou mesmo quando se deslocam na caçada aos pistoleiros) o filme ganha a riqueza que lhe fez a fama: Lindas paisagens (o lindo por do sol, a cavalgada de Munny e Ned, enquanto conversam), num excelente trabalho de fotografia. A trilha sonora excepcional (o violão discreto com piano do tema principal, que é enriquecido por um quarteto de cordas na cena dos créditos) a tensão da cena do bar e outros momentos onde esta se encaixa perfeitamente com o filme lhe rendem imenso destaque, positivo por sinal.

 

Há também que se destacar a impecável reconstituição de época; cenários, roupas, armas e utensílios da época estão impecáveis. Ainda é destaque as cenas com tiros e sangue. A técnica usada à época era relativamente nova e acabou por conferir mais realidade ao filme, ao contrário dos westerns antigos que por vezes o camarada que levava o tiro sequer sangrava.

 

Além disso, Clint Eastwood em nenhum momento se impõe demais como diretor, e deixa que o filme siga limpo, sem grandes exageros. Não há aqui uma cena sequer exageradamente longa, ou uma atuação por demais distoante das demais. Esse jeito "sintético" de dirigir de Eastwood (ao contrário de alguns exageros como o Estranho sem nome) é o que fez de Clint um dos melhores diretores das últmas 2 décadas (vide Menina de Ouro e Cartas de Iwo Jima).

 

Mas é na atuação do "trio-de-ferro" Eastwood-Freeman-Hackman que o filme ganha a alcunha de obra de arte:

 

Morgan Freeman brilha durante todo o filme, em particular na cena do penhasco quando ele vacila e resolve não atirar em um dos bandidos. Onde está o velho cowboy? Confuso, coração mole e muito bem representado por Freeman.

 

Gene Hackman, por sua vez, da vida ao personagem mais complexo da trama, Little Bill: no começo do filme, Little Bill não é nada mais do que um conservador buscando cumprir a lei. Chega a usar de interessante bom senso quando resolve deixar incólumes os dois vaqueiros, conferindo a eles a punição de indenisar a prostituta ferida com alguns cavalos. Porém, no decorrer do filme, percebemos a real natureza de seu caráter: A violência como modo de impor a lei e impor respeito, o que é claramente mostrado quando ele esmurra e humilha publicamente o pistoleiro English Bob (Richard Harris) - um inglês que quer fazer de si mesmo uma lenda e é acompanhado por um escritor, Mr. Beauchamp, para que faça dessa lenda um livro. Beauchamp (Saul Rubinek, discreto) deixa Bob de lado e passa a registrar e seguir os passos de Little Bill que rouba de Bob o status de lenda. A grande violência arraigada no caráter de Bill continua, quando este mata Ned Logan a chicotadas, no intuito que este confessasse quem era seu companheiro. Sim, antes de impor a lei, o que Little Bill queria mesmo era ser a "lei" em pessoa, custe o que custasse.

 

Já Clint Eastwood protagoniza a cena mais tocante do filme, quando em um momento de pura reflexão, durante uma conversa com Schofield Kid, fala da crua natureza do que é matar um homem e tirar dele "tudo o que tem e tudo o que poderia ter um dia". Schofield então confessa, aos prantos, que nunca havia matado e deixa claro, na prática, o preço psicológico que é tirar uma vida.

 

E é justamente após essa conversa, que Eastwood resgata toda a lenda do faroeste que o fez brilhar: Ao ser informado que Ned Logan fora morto por Little Bill, e pior, que enfeitava o bar da cidade, Munny passa a mão na garrafa de Whisky e bebe do líquido marrom, como fazia Manco em Por uns dólares a mais. Ao testar a mira com a pistola Schofield, esta está implacável, como quando ele cortava cordas com um tiro em três homens em conflito. Além disso, é bastante contundente o susto que a conversa causa em Kid. Sim, William Muny dinamitou a ferrovia em 69 (referência à cena onde ele e Tuco dinamitam a ponte?) e que em 70 matou um delegado (referência ao delegado morto em Cavaleiro solitário?) 

 

Ao resolver entrar no bar lotado, repleto de pistoleiros que tinham a intenção de caça-lo, sim, o velho e bom western está de volta. Os diálogos dignos dos velhos filmes de faroeste ("ele deveria ter se armado ao decidir enfrentar o bar com meu amigo") arrancam sorrisos do escritor Beauchamp. Sim, ele estava diante de uma lenda!

 

O olhar profundo de Eastwood, perfeito para o gênero, os tiros certeiros, o caminhar lento e a voz roucamente sussurrada fazem da útlima cena um espetáculo à parte e uma excelente homenagem ao imortal gênero de faroeste.

 

Nada há o que desabone este que é a obra definitiva de Eastwood, no gênero que o consagrou.
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Há vários acertos aqui e vários erros. Não sei se sou chato, mas percebo que o pessoal sabota-se a si mesmo começando a desenvolver um raciocínio analítico e parando no 1/10 desse raciocínio, sabe-se lá por qual razão. Esbocei um sorriso quando o Berg fez a distinção, logo no começo, entre o personagem que Clint sempre representou nos seus westerns e o personagem que ele representa aqui em Unforgiven... Pensei "opa, o cara vai falar que Imperdoáveis é um western às avessas pois desconstrói o próprio gênero subvertendo todas as suas regras (ou pelo menos a maioria delas) e yada, yada, yada" (seguido do emoticon dos dentões).

 

Mas que nada... Antes que terminasse o primeiro terço do texto, a crítica é levada para o caminho descritivo que, embora interessante num texto assim, toma um espaço preciosíssimo aqui, sufocando as imensas possibilidades do início. O texto é muito bem escrito, não é confuso e é objetivo, embora acabe se tornando excessivamente descritivo. Vejo capacidade aqui, mas uma certa timidez, como se a ousadia fosse punível aqui. Não por mim... talvez pelo Pablo e seus asseclas que infestam este fórum. Para mim a única regra é: no rules, exceto uma: PAREM COM OS SPOILERS.

 

Nota: 7,0
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Vou fazer uma campanha: apresentadores desses games não podem contribuir com o jogo. 06

 

O texto está muito bom mesmo e o Xaka demonstra um talento nato para escrever sobre filmes' date=' talento esse sufocado pelo seu detentor sabe-se lá por qual razão estapafúrdia. Tirando um pseudo-spoiler no terço final do texto, o Xaka fez uma obra digna de atenção, se considerarmos que ele não discute cinema pois, segundo as palavras do próprio "não se discute subjetividade". [/quote']

 

Poucas pessoas estavam participando, quis "encorpar" a competição. 06

 

Obrigado pelos elogios, mas continuo achando que não se discute cinema, eu pelo menos não discuto mais, cansei, estou nesse fórum pelos eventos e mais nada, hehe.
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Bauer e Calvin' date=' só faltam vocês para as avaliações se encerrarem. O prazo é até as 23:00 hrs de hoje, espero que consigam.[/quote']

 

Problemas técnicos me impediram de cumprir o prazo. Estou enviando as duas restantes nesse momento...
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Uma nota: gosto muito da postura ousada do Renato. Nas duas edições ele se propôs a escrever sobre filmes bem difíceis sem medo e o fez muito bem, parabéns. 03

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Valeu... 08

Já nem sei mais qual escolher para o próximo06

 

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Queria ter escrito um texto especialmente para aqui' date=' mas não deu. Vai meu texto sobre a beleza de FAR FROM HEAVEN:

FAR FROM HEAVEN, EUA, TODD HAYNESS

 

Há muita beleza em “Far From Heaven”; de sobra. Visualmente é mágico, cores vivas alcançam algo novo em cada utilização: um campo de flores e árvores que inexistem em sua beleza; roupas muito bem desenhadas, mas que só ganham destaque, vida e importância sobre Julianne Moore; as sombras que vezes furam a beleza estética daquela sociedade perfeita, para se sair do melodrama e adentrar um noir pessimista e, quando nenhum dos dois, é fantasia, com brilho e contraste de um sonho.

Há sem dúvidas Julianne Moore. Há em todos os lugares e em lugar nenhum. Se espanta ver que a atriz é Cathy Whitaker até as vísceras, espanta igualmente a capacidade de fazer com que sua performance se neutralize meio ao filme.

O “Sr. Magnatech”, Dennis Quaid, surpreende, mesmo que seu personagem seja construído mais por fragmentações. Frank é um telefonema, uma citação em um bate-papo ou em matéria de revista. Essa não-presença deixa o personagem de Quaid sempre como algo há ser revelado. Quando surge em cena o ator surpreende alcançando com exatidão a polarização de características de seu personagem. Hora expressa nada, um vulto em meio ao glamour “50’s”, hora é poço de emoções contidas. Melhor: não decepciona em nenhum dos dois.

Os movimentos de câmera são líricos, a decupagem feita sobre papel de caligrafia. No momento em que vemos Cathy como anfitriã de uma festa (abordada desde o princípio no roteiro), a câmera se movimenta de forma que parece estarmos entrando em um baile de contos-de-fada, embalada por um azul aveludado. Melhor que isso é a edição que segue o plano, do quintal para a sala. Montagens como essa ocorrem diversas vezes e são alívios visuais sempre bem-vindos no longa de Todd Hayness.

Outras memorabilidades cênicas vem de momentos peculiares onde visivelmente vemos a família perfeita ruir. A cena da descoberta de Cathy sobre um outro lado de seu marido e outra onde tenta-se contorná-la, são filmadas completamente distorcidas em relação ao resto do longa. A última citada se torna ainda mais bela se depois de visto o longa dermos uma olhada na referência de melodrama que Hayness se inspirou.

Como última coisa a falar sobre, “Far From Heaven” toca leve na ferida do preconceito racial (leve demais; às vezes conseqüências são apenas justificações do roteiro que, em um melodrama, é coisa bastante dispensável). Mas uma cena é simplesmente genial em sua técnica, e uma das melhores dessa década. Em um cenário praticamente aberto, onde não existem portas que escondam segredos e as paredes nada mais são que ouvidos, constrói-se toda uma cena por olhares impiedosos ao vilão daquela sociedade. Os cortes secos não só afligem ao personagem como a nós, é como se realmente estivéssemos presenciando um crime e ficássemos estáticos e em silêncio. Melhor fica a cena com sobreposições feitas com um diálogo sobre divindade dois personagens que parecem participar de outro plano.

“Far From Heaven” é sonho-pesadelo de Cathy, sempre alterna a personagem entre prisão e liberdade. Mas ao fim, temos mesmo não sonho ou pesadelo, mas realidade. Realidade cinza, que depois é contraposta por uma pintura novamente colorida, seria a única saída do real: esperança.

 

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Eu realmente fiquei confuso com este texto. Há uma alegria contagiante aqui porque é exatamente este tipo de texto que eu, particularmente, espero de uma crítica. Por outro lado, a impressão que passa é que ele foi escrito por outra pessoa e não pelo cara que diz que Juno é ruim pq a família da Jennifer Garner é "toda embasada no modelo da mascarada perfeita  família norte-americana" (nada pessoal, estou apenas escancarando o simplismo do raciocínio exposto sobre o filme do Jason Reitman).

 

Nota: 7,0 
Dr. Calvin2008-07-02 00:16:39
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Quase uma hora para acabar o prazo' date=' vai aqui a minha resenha (não sei se era pra por nota, então, na dúvida, coloquei):

 

A Casa do Espanto II (Dir.: Ethan Wiley, 1987) 2/4 

 

Depois do sucesso de Sexta-feira 13, a dupla responsável pelos primeiros filmes dessa série, Sean S. Cunningham, diretor da Parte 1, e Steve Miner, diretor das Partes 2 e 3, se reuniram para um novo filme de terror. Surge aí: A Casa do Espanto (House, 1986), com Sean produzindo e Steve dirigindo. Até Harry Manfredini responsável pela trilha sonora de Sexta-feira 13 também compareceu (por isso não estranhe as semelhanças nas trilhas). Se antes tentaram reproduzir os slashers movies italianos, em House realizam um tradicional filme de casa mal-assombrada, gênero em alta na época por causa de sucessos como Poltergeist - O Fenômeno e Terror em Amityville. Só que para House não quiseram investir num filme de “terror sério” então criaram um filme que não tem medo de usar o humor na sua história e personagens. Assim, o filme se tornou um dos mais famosos “terrir” da década de 80, e com o sucesso, veio a inevitável continuação. A equipe responsável pelo primeiro filme volta, com exceção do diretor Steve Miner, que pulou fora e foi substituído por Ethan Wiley, roteirista do filme anterior, que aqui acumula as funções de diretor e roteirista.

História: Um casal é morto misteriosamente numa casa, mas antes disso acontecer, eles dão o filho deles, ainda bebê, para adoção. 25 anos se passam e o filho, Jesse, já adulto, volta para casa junto de uma namorada. Logo depois, aparece Charlie, um amigo dele que também traz uma namorada a tiracolo, para passar um tempo com o amigo. Jesse é obcecado pela história da família que não conheceu, e ao ler os livros abandonados pela casa, descobre que seu tataravô no velho Oeste teria descoberto uma caveira de cristal com poderes especiais. Ele, com a ajuda de Charlie, resolve ir desenterrar o tal tataravô para descobrir pistas de como achar a tal caveira. Daí tudo começa. Esse é o resumo da história e por esse resumo já vemos que House II comete uma das piores coisas que uma continuação pode cometer que é simplesmente não ser continuação, já que renega tudo do primeiro filme. Não só na história, mas o filme se tornou uma “Sessão da Tarde” quando abandonou o lado terror, para ser mais um filme de aventura. Isso ocorre porque quiseram dar uma ênfase aos “universos paralelos” que existem dentro da casa, coisa que o primeiro filme lidou relativamente pouco. E assim, em vários momentos, os personagens são transportados de dentro da casa para outros mundos, como um tempo pré-histórico; um templo onde uma tribo faz sacrifícios de virgens; e, claro, o velho oeste (afinal, o tataravô de Jessé viveu lá). Tudo isso num clima de aventura mesmo, nada de tentarem dar um ar mais pesado ao filme. A Casa do Espanto II deixa de ser “casa do espanto” para se tornar uma espécie de “Indiana Jones dentro de uma casa”. Isso o público, na época, não perdoou. Mas esquecendo que o filme em si não se põe com necessidade de ser algo que o primeiro foi, indo numa direção oposta, ele até funciona bem dentro desse contexto de filme de aventura descompromissado.

Outra coisa que sumiu aqui nessa pseudo-continuação foi a sensação de isolamento do personagem principal. Roger Cobb, do filme anterior, tinha que lidar sozinho com as maluquices da casa, já o Jesse daqui, além do amigo Charlie, ainda conta com o recém ressuscitado tataravô, e outros personagens que ele vai “coletando” a cada nova aventura nesses mundos paralelos. Surge então um estranho cão-lesma (?), um filhote peludo de pterodátilo (?), e uma virgem que ele resgata de um ritual. Mesmo que muito desses personagens sejam fracos, sem muitos atrativos, é através deles que o filme monta uma estrutura boa para o personagem principal. Jesse que foi para casa tentar descobrir algo sobre a antiga família, aos poucos vai “adotando” os demais personagens que vai encontrando pelo caminho, e assim formando uma bizarra nova família. Duas cenas legais em relação a isso são a do jantar onde todos estão sentados à mesa e Jesse olha orgulhoso para todos e afirma que aquela é família dele; e a cena final quando ele abandona tudo para viver com essa família que ele formou no decorrer do filme. Talvez isso não seja algo tão bem trabalhado, mas é bem interessante.

Claro que o filme original é bem melhor, mas perdoando A Casa do Espanto II pelo tom totalmente diferente (não justificando o II no título) e os personagens fracos, não chega a ser desagradável. De alguma forma bizarra, o filme funciona. E na prova do tempo, o segundo resistiu mais, já que o primeiro ficou datado, com cara de anos 80 mesmo, e esse aqui, por algum motivo desconhecido, não demonstra tanto a idade avançada. Um aviso final: Passem longe das continuações que vieram depois. Tanto A Casa do Espanto III, como (principalmente) A Casa do Espanto IV são, de todas as formas, intragáveis.

(Resenha postada no site: http://multiplot.wordpress.com/)
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Interessante, mas me pareceu um texto a lá Boscov. Justamente por ser um conhecedor nato do gênero, a expectativa para um texto do Jail sobre um filme de terror sempre é alta. E ele quase ensaiou uma guinada quando falou que, se em Sexta-Feira 13, Cunningham e cia. flertavam com os slashers italianos, aqui em House eles tão somente aproveitam o filão do plot "casa mal assombrada". Uma análise mais profunda dessa intenção deles poderia jogar luzes na razão pela qual quiseram fazer da sequência um filminho de aventura.

 

Nota: 7,0
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Apresentador também participa do "Cinéfilos"... 06

 

Minha singela contribuição:

 

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O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA' date=' DE TOBE HOOPER

 

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Para o público de filmes de horror de hoje em dia, já acostumado a muito sangue, vísceras à mostra e todo o tipo de atrocidade sendo escancarada em closes de mesas de cirurgia, “O Massacre da Serra Elétrica”, de 1974, produzido com um orçamento baixíssimo e um elenco desconhecido e inexpressivo, pode até ser taxado como um filme de horror “light”, sem grande apelo. Mas essa impressão só seria sentida por aqueles que buscam nesse tipo de filme uma sensação barata de pavor, aquele pavor provocado por sustos gratuitos e gosto pelo repúdio da exposição desnecessária de carnificina. Já os que preferem embarcar em uma experiência sádica para uma ambientalização intimidadora marcada por uma sucessão de cenas de teor absolutamente grotescos, fazendo-nos ranger os dentes de apreensão, esse filme dirigido por Tobe Hooper pode ser facilmente considerado um dos mais perturbadores já realizados, sendo um dos responsáveis pela criação de um sub-gênero, o slasher, altamente difundido na década seguinte, em diversos filmes, entre eles o mais célebre, “Sexta Feira 13”.

 

 

Assim como muitos outros filmes o fizeram (“Psicose”, “O Silêncio dos Inocentes”, entre outros), “O Massacre...” tem como inspiração principal a figura do psicopata Ed Gein, que aterrorizou uma cidade chamada Plainfield, nos EUA, durante os anos 50. O enredo do filme trata da história de um grupo de jovens, entre eles os irmãos Sally e Franklin (esse paraplégico) que viajam até a casa onde viveram na infância, agora abandonada, numa pequena cidade do interior do Texas, impulsionados pelos rumores envolvendo violação dos túmulos no cemitério local, onde foram verificar se não haviam mexido nos ossos de seus ancestrais. Acabam, porém, como todo bom grupo de adolescentes xeretas de filmes do gênero, invadindo uma outra casa, aparentemente também abandonada, e apartir daí se deparam com um nível de terror que jamais imaginariam poder passar um dia, nem nós, que embarcamos junto a eles, nessa inserção sem volta àquela atmosfera macabra. O filme te envolve de tal maneira que mesmo que o natural asco ao presenciar cenas de morte grotesca como a de um garoto levando uma marretada na cabeça e caindo, mexendo as pernas em espasmos nervosos, ou a contemplação da imagem de uma mulher sendo dependurada em um gancho pelas costas, como um animal prestes a ser abatido num matadouro te faça rejeitar o que vê, algo de podre dentro da gente parece nos impelir a assistir a tudo, até o fim, confortáveis pela sensação de proteção, de estar apenas espiando a desgraça alheia.

 

 

A última meia hora, onde a tensão chega a níveis insuportáveis, com a família de necrófilos (incluindo aí um avô meio zumbi) torturando a mocinha física e psicologicamente, é o ponto alto do filme. É nessa reta final que fica claro o poder hipnótico que ele consegue, nos deixando fisicamente fadigados, afoitos por um desfecho, seja ele qual for, para que possamos enfim sair de dentro daquele universo de sangue, corpos sendo esquartejados por um maluco portando uma moto serra, e ossos de animais ornamentando a decoração de uma casa que de acolhedora não tem nada. “O Massacre da Serra Elétrica” (que ganhou até um remake em 2003, muito mais parecido com os filmes que se derivaram dele do que com o original) é um registro cru e cruel de até onde pode ir a insanidade humana, e merece ser visto não somente a título de curiosidade, pela aura “cult” que o filme carrega, mas como contemplação de um dos melhores registros de filme de horror, no sentido mais literal possível da palavra, em todos os tempos.

 

 

 
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    Pô, avaliar o chefinho não pode 0606...mas aqui a gente não perdoa 19....falou bonito, chefe, mas acho q falou demais, tentou explicar demais o filme, florear um pouco demais, tanto q de uma parte em diante o texto fica um pouco cansativo....mas no total foi bem escrito, não contou o fim, deixa curioso quem ainda não assistiu o filme...enfim, foi bem, chefinho 0606

 

    Por isso digo SIM e minha nota é: 8/10

 

 

Jack_Bauer2008-07-02 01:08:46

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