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A Fita Branca, de Michael Haneke.


Beckin
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Não acho que seja mais do mesmo, em se tratando de Haneke; nunca. O que me choca é esse filme ganhar prêmios como Globo de Ouro e até um possível Oscar, não entendi. Não achei menos provocador e excelente do que seus trabalhos anteriores, e como um dos meus diretores favoritos não me decepcionou. Como muitos aqui também acho o melhor dele "Caché", seguido do sensacional - muito pela atuação da Isabelle Huppert, responsável pelo prêmio dele em Cannes, praticamente - "Professora de Piano", "Violência Gratuita" - revi esse final de semana o remake, que mesmo sendo idêntico ao original perde e muito, justamente pelos atores famosos - "Código Desconhecido" não idolatro, mas tem uma ou outra cena espetacular - a do metrô, por exemplo, onde a Binoche é "agredida". Vi um dele que poderia ser traduzido como "Tempos do Lobo", algo do tipo, e achei o mais fraco, apesar de sempre ser bom ver um filme dele simplesmente pela estética, ele filma muito bem. Em "A Fita Branca" - vi no cinema e descobri que meu amigo já havia gravado em DVD, vou rever então, amanhã acho - achei muita coisa diferente do que eu esperava, eu realmente me surpreendi com o filme no sentido de achá-lo diferente dos outros trabalhos dele; o enredo pode ser familiar aos outros, mas achei o ritmo bem diferente, talvez a cor também; tudo muito bem filmado. Concordo com a Boscov sobre o filme ser um bom terror, e não drama; as crianças são bem diabólicas. Nenhuma decepção, até aqui, ele segue fazendo um ótimo cinema. Temo pela idade, já tem quase 70 anos, espero que filme muito ainda e sem grandes intervalos. pantalaimon2010-02-20 03:57:57

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Acho que Caché não tem cenas isoladas que valeriam o filme como as que se vê em A Fita Branca.

 

Eu não disse que a reflexão em Caché é menos aceitável' date=' só acredito que ele abra uma menor possibilidade de interpretações do que A Fita Branca. Em outras palavras, consigo ver Caché sendo "terminado". A Fita Branca jamais. Seria a destruição do cerne do filme, já que a cidade, como o Te falou, era aquilo que de fato Haneke queria que conhecêssemos. Ela é, intimamente, muito mais monstruosa e hedionda do que aquela sucessão de atos simbólicos.

 

O Tê falou um negócio perfeito que acho que resume a grande sacada do filme:

 

 

 

É uma cidade morta de emoções, e a forma que ele usa pra te atacar com ela é passeando, fazendo com que tu conheça pouquinho mais a rotina do local, do intimo daquelas pessoas, e isso não é menos doentio do que os crimes que tão as cercando. Aliás, tudo é justificável por isso. Não interessa se são as crianças ou qualquer outra pessoa, o que interessa é que um lugar com aqueles costumes só poderia criar monstruosidades, não tem como se esperar nada diferente. E só o fato das suspeitas sobre as crianças parecer coerente já evidencia o terror que ele criou ali.

 

[/quote']

 

 

 

Acho que interessa sim o fato de possivelmente as crianças terem sido responsáveis pelos acontecimentos, pois o filme, eu acho, simboliza o início de uma tragédia anunciada: o nazismo. Ele cita sutilmente as notícias da guerra, mas ali, o vilarejo, me veio como um prenúncio e uma justificativa pelo que viria a acontecer. O excesso de controle, os adultos reproduzindo e formando crianças dentro de um modelo rígido demais. As crianças, aqui, respondem como podem aos atentados; existe um tipo de líder, a Klara, excelente atuação, o olhar da menina assusta. E elas andam em bandos. Se me permitem faço um paralelo bem superficial, mas me veio a memória "Colheita Maldita", do Stephen King; uma cidade muito pequena "dominada" pelas crianças. Tem também "A Cidade dos Amaldiçoados", dominada por crianças; lembrei desses filmes durante a sessão, apenas pelas crianças, nada além disso.

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Eu, honestamente, vejo a filmografia do Haneke como algo bastante peculiar, seja na estética, na abordagem... não é o meu diretor preferido... até acho que o Lars Von Trier consegue ser mais completo ao cutucar (pressionar, arrancar sangue) a ferida, mas gosto da sua ousadia, embora não goste de tudo o que ele fez.

 

Aliás, não é o tópico, mas eu assisti "A Professora de Piano" e detestei do fundo da minha alma. Gostaria de ver a defesa de algum apreciador desse filme, pois sinceramente considero-o um filme repulsivo e ofensivo. Ah tá, essa era a intenção... sei.... mas enfim.... até acho uma puta atuação lá da francesa, da Hupert, mas de resto... consigo aproveitar pouco e desprezo boa parte dele. E por favor, não estou sendo púdico...
[/quote']

 

 

pq vc odiou exatamente? a fita branca tb é repulsivo e ofensivo.

 

Odiei, pois achei um filme apelativo. Entendo quando você diz que ambos são repulsivos e ofensivos, pois ambos realmente são, mas em "A Fita Branca", Haneke faz a roda girar.
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É' date=' mas eu realmente fiquei com vontade de saber em Caché.

Em A Fita Branca, não. Aliás, torci para que ele não entregasse nada, embora já imaginasse que ele não faria isso.[/quote']

 

Gosto de "Caché", mas o considero um filme superestimado. Não sei se essa é a linha de raciocínio da Paola, mas ele é um filme muito WTF. E por ser WTF lhe permite uma série de questionamentos e interrogações, porém alguns são impossíveis de se responder e/ou resolver justamente por ser WTF. É aquele tipo de filme que seu autor ultrapassa a barreira do lógico para flertar com o ilógico. É aquele filme que vale mais o que está subentendido. Popularmente, seria uma "pegadinha do Malandro" feita por alguém que tem doutorado e mestrado em Harvard. O que pode se tornar um porre, às vezes. Aqui, se Haneke fosse um pintor eu diria que ele foi um impressionista.

 

Agora, "A Fita Branca" permite isso da mesma forma com mesmo grau de complexidade, porém ele permite de uma forma muito mais compartilhada. Através da sua estrutura rígida e clássica, ele faz esse inusitado filme de terror com forte carga dramática. Aqui, se Haneke fosse um pintor eu diria que ele foi um expressionista. No final das contas é tudo arte, mas gosto mais deste segundo, pois é tudo preto no branco, se satisfaz, é completo, mas mesmo ele permite que você vá infinitamente "além-filme".
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Eu também não acho que todo diretor tem que sair do que faz bem em todo filme. Dito isso, não creio que o Haneke tenha outro filme como esse.  Esse, tal qual Funny games, é uma brincadeira de expectativa e sensações. Aqui o Haneke me enfiou em um estado de tensão absoluta por duas horas. E ele usou seu próprio histórico para provocar isso. Pensamos: É Haneke, alguma hora uma merda gigante vai acontecer. E como fdp que ele é, ele coloca aquele final magistral na igreja, não termina nada, não nos dá o que queremos e faz com que, terminado o filme, a tensão permaneça pulsante em nós. 

 

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Só pra constar que a questão do nazismo é muito mais complexa do que isso e não acredito que seja o forte do filme evidenciar uma possível "gênese" de um sentimento de superioridade ariana. O nazismo tem relação com vários aspectos da cultura germânica que se formaram durante séculos, desde os fundadores daquela civilização.

 

O filme mostra uma bomba prestes a explodir, mas essa bomba não é necessariamente o nazismo eu temo crer que ela ainda não explodiu completamente. Só para citar um caso recente que poderia inserir nessa crítica: quem lembra do maníaco austríaco que mantinha a própria filha presa em um porão fortemente protegido dentro de casa? Estuprando-a durante vários anos, dando origem a vários "filhos-netos" em um círculo de horror a que a pobre enclausurada já havia se habituado?

 

Histórias como essa fazem as perversidades mostradas por Haneke parecerem mesmo brincadeira de criança.

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acho que o haneke é abusado demais pra limitar o discurso apenas ao nazismo, a aldeia é mais um microcosmo. mas que existe a intensão de fazer a ligação, isso existe. as citações ao rumo histórico que as coisas vão tomando e a época em que a história se passa (na juventude da geração que vaiter ter 25-35 anos quando o nazismo explodir) não devem ser coincidências.

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Eu também não acho que todo diretor tem que sair do que faz bem em todo filme. Dito isso' date=' não creio que o Haneke tenha outro filme como esse.  Esse, tal qual Funny games, é uma brincadeira de expectativa e sensações. Aqui o Haneke me enfiou em um estado de tensão absoluta por duas horas. E ele usou seu próprio histórico para provocar isso. Pensamos: É Haneke, alguma hora uma merda gigante vai acontecer. E como fdp que ele é, ele coloca aquele final magistral na igreja, não termina nada, não nos dá o que queremos e faz com que, terminado o filme, a tensão permaneça pulsante em nós.  [/quote']

 

 

mas ele tb não joga esse mesmo balde de água fria em vários outros filmes? pra mim a estrutura se equivale a outras que ele já usou, incluindo as merdas gigantes - que existem em a fita branca, não?

 

pra arredondar, não faço essa crítica ao filme exatamente (mesmo achando menos poderoso que outros dele, por motivos que vão além da sensação de reprise), mas é mais um comentário sobre a experiência em si que pra mim foi diminuída pelo déjà vu.
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Sim, ele é um fdp. Não espere nunca alguma coisa redentora vinda do Haneke. Ele é pessimista por natureza. Mas não creio que ele tenha trabalhado tanto a tensão como aqui antes. Ele frustrava, mas por outros motivos (vide Funny Games, novamente). E não sei se as merdas apresentadas aqui são tão gigantes. Eu as considero menores do que a tensão criada, daí outra diferença para seus outros trabalhos.

 

Além disso, acho o filme tão estruturalmente e narrativamente diferente de sues outros que acho meio injusto se focar apenas no que ele quer dizer. Acho que o meio aqui é poderoso demais pra focarmos no fim. Porra, deve ser a melhor narração em off que já vi (destacando as diferenças de narrativa que falei).

 

Sério, esse lance de prenúncio de nazismo ou não pra mim é café pequeno perto do resto que o filme me proporcionou.

 

 

 

 

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já eu achei o filme menos tenso, encardido que outros dele. funny games, em especial, pra mim é uma experiencia bem mais incomoda. mas tirando alguns detalhes como a narração não vi nada de tão diferente assim. em especial o jogo do vcs querem A, eu dou B, ele já explorou até de mais extensamente em trabalhos anteriores.

no fim das contas, é um filme que eu gostei mas que, creio eu, teria mexido mais comigo se eu não tivesse os outros dele que considero parecidos e mais fortes (tanto no conteúdo quanto como cinema).
Jonny Greenwood2010-02-20 16:20:22
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Revisto; gostei menos na revisão, mas ainda é bom. Ele fala explicitament,e o narrador, sobre a aldeia e seus acontecimentos como "coisas que podem explicar esse país". Mais explícito que isso impossível. O meu favorito dele continua sendo "Caché", seguido por "Professora de Piano", "Código Desconhecido", "Violência Gratuita (original)", "Fita Branca" e "Tempos do Logo".

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não acho a professora apelativo, acho-o forte, é diferente. é quase como um filme filmado pelo Bertolucci acrescido da contundência Hanekiana. dá pra traçar paralelos entre Professora, Último Tango em Paris e Crash do Creonenberg, enquanto que nos últimos dois o sexo é utilizado como válvula de escape, no do Haneke ele é extremamente reprimido, e quando sai, sai como uma explosão, é bem bom.

 

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Só pra constar que a questão do nazismo é muito mais complexa do que isso e não acredito que seja o forte do filme evidenciar uma possível "gênese" de um sentimento de superioridade ariana. O nazismo tem relação com vários aspectos da cultura germânica que se formaram durante séculos' date=' desde os fundadores daquela civilização.
O filme mostra uma bomba prestes a explodir, mas essa bomba não é necessariamente o nazismo eu temo crer que ela ainda não explodiu completamente. Só para citar um caso recente que poderia inserir nessa crítica: quem lembra do maníaco austríaco que mantinha a própria filha presa em um porão fortemente protegido dentro de casa? Estuprando-a durante vários anos, dando origem a vários "filhos-netos" em um círculo de horror a que a pobre enclausurada já havia se habituado?
Histórias como essa fazem as perversidades mostradas por Haneke parecerem mesmo brincadeira de criança. [/quote']

 

 Só lembrando: o próprio Haneke disse que o filme NÃO É sobre a gênese do Nazismo... 03 
Deadman2010-02-23 18:40:35
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  • 2 weeks later...
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Essa é uma explicação. A outra é a que dei.

Conhecemos o Haneke de outros filmes e imaginamos que ele tenha

encarado esse filme dessa maneira' date=' mas o fato é que me incomoda, pois

Caché não é nem narrativa nem esteticamente tão interessante quanto A

Fita Branca. Neste último o convite à reflexão é muito mais aceitável.

 

 

Quem quer que tenha sido responsável pelos acontecimentos

mostrados no filme foi ardiloso o suficiente para não deixar mais do

que desconfianças no ar. Nenhum embasamento seria suficiente para

condená-los e gosto do fato de que o professor não segue nenhum indício

que não tenha passado pelo espectador.[/quote']

 

 

 

Engraçado como as pessoas estão acostumadas a receber tudo mastigado. A

recepção de certas artes deixou de ser uma mensagem que deixa o público

atónito para ser

um discurso mastigado e explicativo...

 

 

 

Uma arte não tem por obrigação agradar, e sim transmitir a mensagem,

instigar, e assim até a repulsa pode ser a resposta perfeita pra

determinadas mensagens, pois com a repulsa à mensagem que lhe é mostrada,

vem a repulsa com o que está vivente na sociedade ou pessoas. Um diretor pode justamente intencionar, ao fazer uma obra, irritar os espectadores, ofender, instigar repulsa, fazendo-os revelar-se, quebrar certos muros dos espectadores.

 

Adorei

o filme Caché, porque simplesmente tira do poder do homem(espectador) o

julgamento, o controle sobre as coisas(e sobre o filme, como bem disse

o Jonny). A todo momento estamos fazendo julgamentos do que vemos, mas

o que vemos, no filme, é na verdade o que acreditamos ser lógico. O

protagonista julga lógico o espião ser o seu "irmão" adotivo, que foi

expulso graças as ações dele quando criança, e todos os fatos levam o

protagonista a crer nisto, até o suicidio. Só que fica evidênte que

qualquer julgamento sobre o caso cairá no imaginário, e será totalmente

inveridico. A conversa entre o George e o filho fora fenômenal,

colocando as nossas crenças na nossa lógica e no que julgamos veridico

em evidência, afinal, como um homem que se julga vitíma do pai do

rapaz  e nunca culpado pela vida que levou o pai(Majid) e o filho pode se sentir

culpa? a consciência dele é voltada pra uma imagem do que

ele acredita, e não do que realmente acontece. Assim é o caso também do

filho do Majid, que credita a vida que eles levaram certamente as ações

do George quando criança, é mais uma crença do imaginário. E o filme é

exatamente isto, brincando de deixar tudo no julgamento do imaginário,

não é o filme quem diz, é você quem acredita ser aquilo que ta vendo no

filme. Na verdade, o filme deixa várias pontas de interrogação e

nenhuma resposta, assim como a vida!

 

A vida nada mais é do que um filme que nossa imaginação cria para nós mesmos.

 

E a Fita Branca usa a mesma fórmula, mas para desenvolver agora o contexto cultural, para demonstrar como a imposição e transmissão desses julgamentos agem e no que podem resultar. Como cada cultura se desenvolve de acordo com o julgamento resultante das cores que as tradições, relações e crenças pintam no mundo. Ao projetar uma cena escura em que só dê pra ver um traço do braço dum garoto e emitir umas frases, está justamente fazendo um exercicio de projeção. Automaticamente já fazemos um juizo sobre a cena, e acreditamos que sabemos o que está acontecendo nela, fazemos um julgamento ampliado e englobante com base nos traços e palavras que a cena nos mostra, nas relações e focos que a cultura nos mostra, e impomos esses julgamentos nos demais, e assim faz-se o circulo de horrores. Ou seja, como o próprio filme já se declara no seu inicio, tudo não passa de boatos que já imaginamos todo um roteiro e assim educamos nossos conterrâneos de acordo com esse roteiro. E assim, cada cultura são boatos que deles criamos nossos julgamentos....  Assim uma seqüência de acontecimentos logo se torna todo um enredo explicativo sobre um acontecimento, assim uma seqüência de fenômenos logo é preenchida pelas crenças e dógmas culturais. E dai a fraqueza do autoritarismo, dai medidas autoritárias, generalizadoras, julgamentos impositores, sempre tendem a uma cultura aterrorizante e aterrorizada. É o desmascaramento da educação unilateral, intransigente, impositora e didática, mastigada como verdade absoluta, incontestável, e uma revelação do quão maléfico é a escola que crê na humanização(na salvação) de criaturas incipientes.  O que claramente parece-nos algo aterrorizante, algo estupido e repulsivo, é o valorizado e admirado, o certo e o honrado para um outro povo.

 

Mostrar um episódio, uma história, um conto,... como uma embalagem empacotada e finalizada, bastando aceitar e receber sem poder investigar e questionar, como se fosse verdade, como se fosse um fato, é de um autoritarismo e absolutismo tremendo.

 

Gustavo Adler2010-03-14 18:15:22

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  • 2 weeks later...
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Gostei do filme.

 

 

 

Só que discordo em considerar o filme como um gancho para uma alusão à raiz do nazismo. Não teve nada de nazismo ali, o autoritarismo patriarcal e a submissão da mulher era de um contexto global. Não só as crianças alemãs "sofriam" com esses hábitos. A revolta deles, ao meu ver, foi algo totalmente isolado, o Haneke quis que o lugar fosse ruim, mesmo.

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