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Cineclube em Cena


Nacka
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Obrigado a todos aos manifestos de apoio à minha resenha. Foram 2 Alexei e Ana! Valeu vocês dois!051006

 

Sei que me limitei a "contar o filme", ou como o Alexei disse educadamente, um "texto descritivo". Eu considero Huckabees, apesar de ser um filme descompromissado como o sabiamente Alexei disse, um filme complexo. Por dar uma gama de possibilidades de análises, que eu infelizmente, mesmo tentando muito não consegui alcançar. Então fui mesmo em cima da história que considero o melhor do filme (junto com o elenco). Indo passo a passo e destacando pontos que eu considero relevantes pra o (ótimo) funcionamento dela.

 

Gosto muito do filme (top, top, top), mas enfim, essa resenha foi o melhor que pude fazer. E foi sim, muito trabalhoso fazê-la.  

 

De qualquer jeito, parabéns para o Cineclube! E Parabéns para o Alexei por continuar mantendo ele vivo.

 

Anjo da Semana no BBBCeC

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Vi metade de O Homem Que Não Estava Lá e já gastei uma folha de caderneta inteira com anotações que sobem, disputando espaço, com setas, astericos.... Espero não me perder nem fazer um texto cansativo. E ainda tem a outra metade... Medo. Enquanto isto, hora de ajudar o dinamismo do tópico [parado, após a discussão de Se7en]:

SUMÁRIO DE CRÍTICAS DO CINECLUBE

 

Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler)

 

Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala)

 

Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo)

 

Página 28 = Silva (Amnésia)

 

Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

Página 39 = Engraxador (Peixe Grande)

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial)

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)

Página 51 = Rubysun (Pulp Fiction – Tempo de Violência)

Página 53 = Forasteiro (Dogville)

Página 54 = Dook (Cidadão Kane)

Página 55 = Vicking (A Lula e a Baleia)

Página 57 = Juliocf (Se7en – Os Sete Crimes Capitais)

Página 59 = Enxak (Embriagado de Amor)

Página 59 = Jailcante (Huckabee's – A Vida é uma Comédia)

ltrhpsm2007-03-08 03:24:44
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Bela lista,me sinto um mero figurante na calçada da fama do CeC...06 De todas,gosto muito da análise do Forasteiro,sempre muito parcial e passional,o que para muitos é visto com olhos turvos,mas que para mim é uma qualidade e tanto.E aquela sua análise fantástica para Taxi Driver,vencedora do Pablito? Deveriam colocar aqui,como "Bonus Track".05

 

Não vi Huckabee's.Não costumo ler análises de filmes que não vi.Dessa nova temporada li a de Dogville (quase um tratado),e só.Qualquer hora dessas leio as análises para Pulp Fiction e Se7en,os únicos que vi,e que ainda não li,dessa nova temporada do Cineclube.
Enxak2007-03-08 08:11:13
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Nas próximas semanas:

O Homem Que Não Estava Lá, 12 de março, by ltrhpsm.

Crepúsculo dos Deuses, 19 de março, by silva;

Submersos, 26 de março, by Mr. Scofield;

Touro Indomável, 02 de abril, by The Deadman.

 

Já preparei a minha. Segue, novamente, o sumário das críticas, que ficou escondido na página anterior:

 

Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler)

 

Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala)

 

Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo)

 

Página 28 = Silva (Amnésia)

 

Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

Página 39 = Engraxador (Peixe Grande)

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial)

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)

Página 51 = Rubysun (Pulp Fiction – Tempo de Violência)

Página 53 = Forasteiro (Dogville)

Página 54 = Dook (Cidadão Kane)

Página 55 = Vicking (A Lula e a Baleia)

Página 57 = Juliocf (Se7en – Os Sete Crimes Capitais)

Página 59 = Enxak (Embriagado de Amor)

Página 59 = Jailcante (Huckabee's – A Vida é uma Comédia)

ltrhpsm2007-03-08 17:22:16
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Parabéns ao Jailcante por sua ótima crítica. Agora vamos ver se o convencemos a resenhar mais filmes por aqui ! Aliás, eu adoro Huckabee's, sem dúvidas uma das melhores comédias da década.

 

Aproveitando o post, gostaria de dizer que a 2a. Temporada do Cineclube está ótima ! Por enqüanto, todas as críticas que li (Pulp Fiction, Dogville, Se7en e Huckabee's) estavam muito boas.

 

Infelizmente não vi nenhum dos próximos 4 filmes a serem resenhados, por isso talvez eu alugue um deles na próxima quarta (não esta, a outra).
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Bela lista' date='me sinto um mero figurante na calçada da fama do CeC...06 De todas,gosto muito da análise do Forasteiro,sempre muito parcial e passional,o que para muitos é visto com olhos turvos,mas que para mim é uma qualidade e tanto.E aquela sua análise fantástica para Taxi Driver,vencedora do Pablito? Deveriam colocar aqui,como "Bonus Track".05

 

Não vi Huckabee's.Não costumo ler análises de filmes que não vi.Dessa nova temporada li a de Dogville (quase um tratado),e só.Qualquer hora dessas leio as análises para Pulp Fiction e Se7en,os únicos que vi,e que ainda não li,dessa nova temporada do Cineclube.
[/quote']

 

Puxa, obrigado.08
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Tô meio ausente desse tópico por que estou tendo tantas atribuições ese Mês que não tá dando tempo para ver nada (e ainda tenho que elaborar a resenha de Dr. Fantástico para o Sopa)...Prometo que comentarei ainda esse ano sobre os filmes resenhados nessa segunda fase do Cineclube.

 

Mas a minha resenha eu já enviei para o Alexei...05
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Parabéns ao Jailcante por sua ótima crítica. Agora vamos ver se o convencemos a resenhar mais filmes por aqui ! Aliás' date=' eu adoro Huckabee's, sem dúvidas uma das melhores comédias da década.

 

[/quote']

 

Valeu, Pato! Obrigadão.05

 

 

Eu posso ler a crítica do Jail mesmo não tendo visto o filme? Porque li a crítica de Dogville antes de assisti-lo e me arrependi um pouco 06

 

 

A minha resenha tem "alguns" spoilers então seria bom mesmo assistir antes o filme. Alías, independente da minha resenha, assista o filme que é ótimo! (isso vale para todos!)05

 

Líder da Semana no BBBCeC
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Anúncio Oficial:

Na próxima segunda-feira, dia 12/03/07, não percam a resenha de:

 

man-who-wasnt-there-poster05.jpg

 

O Homem que não estava lá

(The man who wasn't there, Dir.: Joel Cohen, 2001)

 

By ltrhpsm.

 

Agenda do Cineclube:

 

PRÓXIMOS FILMES

O Homem que não estava lá (by ltrhpsm) – 12 de março<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

Crepúsculo dos Deuses (by Silva) – 19 de março

Beleza Americana (by Troy Atwood) – 26 de março

Touro Indomável (by The Deadman) – 2 de abril

Blow Up: Depois Daquele Beijo (by Alexei) – 9 de abril

Paradise Now (by Penny Lane) – 16 de abril

Moulin Rouge (by Fernando) – 23 de abril

Casa de Areia e Névoa (by Th@th@ Patty) – 30 de abril

A Criança (by Garami) – 7 de maio

 Herói (by Noonan) – 14 de maio

O Novo Mundo (by J. de Silentio) – 21 de maio

Os Bons Companheiros (by Veras) – 28 de maio

 SUMÁRIO DAS DEMAIS CRÍTICAS DO CINECLUBE

 

Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler)

 

Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala)

 

Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo)

 

Página 28 = Silva (Amnésia)

 

Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

Página 39 = Engraxador (Peixe Grande)

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial)

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)

Página 51 = Rubysun (Pulp Fiction – Tempo de Violência)

Página 53 = Forasteiro (Dogville)

Página 54 = Dook (Cidadão Kane)

Página 55 = Vicking (A Lula e a Baleia)

Página 57 = Juliocf (Se7en – Os Sete Crimes Capitais)

Página 59 = Enxak (Embriagado de Amor)

Página 59 = Jailcante (Huckabee's – A Vida é uma Comédia)

Líder da Semana BBBCeC
Jailcante2007-03-12 17:19:48
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Parabéns ao Jailcante por sua ótima crítica. Agora vamos ver se o convencemos a resenhar mais filmes por aqui ! Aliás' date=' eu adoro Huckabee's, sem dúvidas uma das melhores comédias da década.

 

Aproveitando o post, gostaria de dizer que a 2a. Temporada do Cineclube está ótima ! Por enqüanto, todas as críticas que li (Pulp Fiction, Dogville, Se7en e Huckabee's) estavam muito boas.

 

Infelizmente não vi nenhum dos próximos 4 filmes a serem resenhados, por isso talvez eu alugue um deles na próxima quarta (não esta, a outra).
[/quote']

 

Porque não leu a minha,pato? 1106
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O Homem Que Não Estava Lá – Dir.: Joel Coen - by ltrhpsm

 

man-who-wasnt-there-poster03.jpg

 

O Que Eu Acho: Barbeiro. Como definir um barbeiro? Uma pessoal comum, sim, desleixada e tranqüila. Informada e trabalhadora. Por incrível que pareça, a figura deste profissional ganhou contornos básicos e alguns toques preconceituosos nos Estados Unidos e no Brasil, como fica comprovado ao se assistir a O Homem Que Não Estava Lá, obra-prima felicíssima dos Irmãos Coen. Talvez a linguagem não atinja todo o planeta nem as intenções retidas nesta crítica interpretativa fossem propositais do roteiro; talvez eu tenha julgado até pouco da multidimensionalidade que este constrói. Quando terminei de ver O Homem Que Não Estava Lá, pela primeira vez, precisava urgentemente revê-lo com caneta e papel ao lado. Fortuito, pude fazê-lo dois meses após a identificação da necessidade, anotando o máximo possível das múltiplas interpretações e lições cá desenhadas – com oito minutos de projeção, três tópicos eu destacara e parei-o pela metade com duas páginas de caderneta inundas de setas e referências. Desde o ponto de partida há recursos escaváveis por longo tempo: além de ser visto como uma figura prolixa na sociedade, “barbeiro” é sinônimo de descuidado na habilidade maleável. Na vida suburbana americana, onde os acontecimentos lá fora são inúteis para a complexidade e entendimento das personagens, os Coen fixaram-se e por lá estouraram com Fargo. Enquanto em certos filmes, o roteiro é equivocadamente tomado para eles e seus compatriotas, noutros, como o injustiçado E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, ocorre familiaridade e beneficência pelo dissecamento das suas peças – e O Homem Que Não Estava Lá encaixa-se no segundo patamar: Ed Crane é um barbeiro quieto e infeliz, que vive os anos 40 com sua esposa, Doris. Há uma série de questões a serem esmiuçadas num panorama grande e complexo que compõe o filme e a busca pelo arranjo completo num texto foi um fator fundamental para a vontade em ter religada, na TV e no DVD, esta obra de expressão máxima na subjetividade e valorização de um meio para o transcorrer da passagem na centralização de uma pessoa.

As idéias são pregadas ao redor do filme e unem-se pelo seu andamento, portanto variantes serão os moldes e pontos destacados durante o texto. São os anos 40 e a Segunda Guerra Mundial tem seu ápice e final; mas quem disse que o roteiro procura insinuar menções sobre o conflito? Há quietude e o clima anestésico interiorano, captados para analisar de maneira introspectiva um homem: Ed Crane, um barbeiro, uma pessoa comum, um zé-ninguém para os acontecimentos ditos importantes. Billy Bob Thornton interpreta-o com louvores, de maneira a permitir diversificadas considerações a respeito de sua personagem: Ed é silencioso e reflete a indiferença que os outros têm a ele na sua própria indiferença quanto ao seu trabalho, suas ambições, motivações e satisfações pessoais. Infeliz, mas sem reclamar, sem abrir a boca para criticar alguém; um “santo” com pensamentos elípticos que, ao decidir falar, é inseguro e enrustido. A sociedade em que ele vive pode ser definida rapidamente: há os cortes de cabelo tradicionais, os infantis que se afobam na esperança de aparentar maturidade, as filhas magricelas que acompanham os pais executivos e uma visão incômoda de soberania dos influentes advogados e banqueiros. Nesta sociedade ele consegue ver mais uma coisa: sua mulher, Doris (Frances McDormand, numa outra aula de interpretação). Sim, porque o relacionamento discursivo entre eles é nulo; Doris tem a tendência consumista, com o lema de que nossa recompensa está na Terra. Também há uma outra rotulação quanto à figura do barbeiro, aqui: ele é traído, porque o vêem como um desinteressado, estúpido até. Para Doris, o refúgio num macho, como seu chefe de trabalho – Big Dave – é natural, uma vez que ela ajuda no sustento da casa e Ed pouco se faz notar à disposição dela; enquanto o barbeiro disfarça estar às maravilhas. Oras, por que ressaltei isto no começo da crítica? Pois esta é a força que move O Homem Que Não Estava Lá, os detalhes coloquiais e, geralmente, fechados que são transcritos pela carta aberta de Ed; porque os contornos que cada pessoa toma no decorrer de sua vida são únicos; porque o barbeiro é classificado como o barbeiro (assim como o motorista de ônibus é o motorista de ônibus e, assim, corre). Nada melhor que colocar o espectador contra a parede por meio da narrativa em off em primeira pessoa, adicionando sentimentos internos.

 

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A história faz o homem ou o homem faz a história? Perguntas sem respostas ou respostas sem perguntas? O filme, de fato, entra em vigor quando da tentativa de Ed de ter uma perspectiva diferente de futuro: como sócio de um criador de lojas com lavagem a seco. Uma estra sem figura forma-se e o mosaico de acontecimentos remete a outros passados e futuros – ou, ainda, fictícios – a partir desta tomada. O diretor de fotografia, Roger Deakins, começa a brilhar pela ausência de cores, puxando o preto para sombrear a personagem em dúvida, ou realçar a luz nos olhares atentos entre os dois futuros sócios junto a um novo “ah, você é o barbeiro”. Seu projeto é fácil: sabendo da traição provável da esposa, envia um bilhete anônimo secreto a Big Dave dizendo que sabe com quem ele anda e que contará a todos caso não deixe os US$ 10.000,00 precisos para a entrada no plano de lojas. Acontece que Dave descobre o pano de mentira levantado por Ed e, numa cena de muito rigor, o segundo mata o primeiro num ato de defesa própria. Esperando a cadeia, o barbeiro vê Doris ser condenada pelo crime capital e por questões de desvio nas contas da firma onde era associada a Dave. Dizem que, antes de ir para o Exército, Napoleão Bonaparte teria se inscrito num concurso, onde os vencedores ganhariam uma viagem marítima para um país europeu: o barco naufragou e Napoleão, obviamente, não passara. Sem querer entrar em divergência sobre a questão de os fatos serem verdadeiros ou não, a questão é a mesma com a qual comecei o paragráfo. Os Coen desafiam alguém levantar a mão primeiro para responder: porque, se não fosse um inútil barbeiro que é traído pela mulher sem se queixar, Ed não teria feito o que fez, assim o homem faz a história, certo? Mas e se Tolliver, o sócio, não tivesse aparecido naquele exato momento (ao fechar da barbearia) ou se Doris não tivesse ido a uma festa à qual não queria, exatamente na noite ensangüentada – a história teria feito o homem?

Se acreditam que os Coen pararam as bizarrices por aí, estão enganados. Um detalhe que, na dita festa onde Doris embriaga-se, o roteiro também detona aquele perfil hollywoodiano mafioso de que as famílias italianas são respeitáveis e íntegras, como O Poderoso Chefão e afins, por meio de seu lado no humor negro: Frank (o cunhado de Ed) e outros são caracterizados como porcos que se enchem de comida e até andam sobre um porco (o Garibaldi), tipicamente mostrando a cara que o filme tem. Voltando à corrente principal, quando a prisão de Doris é efetuada, Frank fala que a família tem que se unir neste momento de dor para que se ajudem mutuamente com o velho e bacaninha atentado sobre o valor da família. Bacana, de verdade, é a reação de Ed e a proposta: há uma família ali? Doris odiava os italianos que, distantes, também não contribuíam; Frank e Ed viravam-se como podiam, sem nunca entrar em contanto sentimental? Que família? Será que fui só eu que perdi alguma coisa? Parece que não e o isolamento da personagem, perifericamente rebaixado, com a crescente fotografia P&B, é perfeitamente lido por Thornton e os coadjuvantes (perceptível a novinha Scarlett Johansson), ficando exposto claramente à platéia pelo seu segredo o qual não tem a quem contar. Após o desfalecimento de seu plano, Ed vê-se numa enrascada sem saída (mesmo lutando por um fiapo de esperanças que conduzam sua vida) e a decadência transborda com rapidez, pois é a visão de quem sofreu aquilo e que se tem num patamar de constantes descidas. A mágoa e a culpa pela sua tentativa infame de ausentar-se do status com o qual fora cuidado, chegam instantaneamente pela esposa e moram nos seus pensamentos expirados a cada noite, a cada passagem de carro, a cada onda de coisas ruins que vêm neste maremoto. O roteiro suaviza por uns instantes, na aparição impagável de Tony Shalub – com muito humor e personificação, além de voltar a mencionar a figura do barbeiro (“você não sabe de nada nem fala nada”).

 

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Chegando ao final das desventuras em série de um período menos tórrido e mais vívido e vivido, digamos assim, sabe-se que a última reta da estrada de Ed será trágica. O próprio barbeiro classifica-se como um estúpido e, na busca por um reconforto, é animado em levantar a carreira musical de Birdy Abundas (Johansson, que não esconde a vontade por papéis mais sensuais) ou falar mais, agora que não tem com quem conversar. E naquela mesma curva, pela qual ele voltou a casa com Doris embriagada, Birdy ataca-o e a parte cult do filme começa a rodar para encerrar a sessão. Um acidente, uma forma discóide gira e uma sentença de prisão; tudo avolumado em poucos minutos constituindo um clímax interessantíssimo para cada um julgar e analisar: no seu último sonho antes de partir para o céu, Ed encontra com um disco voador ou algo semelhante. Retornando um pouco a fita, porém, a viúva de Dave, Ann, encontra Crane em sua casa (após a prisão de Doris, logicamente) alertando que haviam visto um disco voador há pouco tempo e foram obrigados, como segue a cartilha, a esconder o fato. Mais: Dave fora “abduzido” pelos aliens e jamais contou o que sofrera dentro da espaçonave. É revelado que todo este conto foi feito pela personagem para uma revista que gostaria de saber qual a sensação de saber a data e o horário de sua morte. E temos o título: O Homem Que Não Estava Lá – como decifrar? Seria Ed uma figura comum e daí sua presença é fútil, desconsiderada? Ou o título coloca a questão de as ocorrências de seu plano: ele não estava lá, na hora da morte pela qual foi culpado, nem é julgado por ter estado lá, onde Dave foi morto? Ou Ed nunca participou de nada e teriam sido fatos fictícios por ele narrados? O encaixe dos OVNIs na história é outro julgamento a qual é injusto querer definir com X ou Y; tanto poderiam ser eles figuras de linguagem para o roteiro (como se a presença de um alguém a determinado ponto fosse capaz de alterar coisas a seu redor) ou personagens cerebrais ou ainda terem função específica de finalizar inquietamente a quietude do filme.

Para mim, que vi apenas quatro filmes dos Irmãos Coen, O Homem Que Não Estava Lá pode ser considerado como uma obra-prima por ter estas mutações e mudanças, serem descobertas novas frases substanciais a cada vez que se revê o filme. Vai além, pois permite colocar em xeque detalhes pessoais típicos e analisar como a sociedade se vê e vê os outros, como as voltas são dadas, como um acontecimento pode influenciar o outro. E pela múltipla interpretação do barbeiro (vale ressaltar um ponto que deixei batido: após matar Crane, Ed olha para as mãos – mãos que cortam, mãos de barbeiro – e também por suas mãos, ocorre um acidente no carro – culpa nenhuma dele, mas era o responsável por guiar o automóvel). Sinto que falhei em colocações qui e acolá, especialmente no final – que ainda me é dúbio ao extremo – e que o texto esteja muito abaixo da qualidade narrativa do filme, mas espero ter despertado a devida atenção para esta obra escondida.

 

man-who-wasnt-there04.jpg

 

Preste Atenção: Na conversa, à varanda, de Ann e Ed; no acidente de carro; nas citações da palavra ''barbeiro''; na fotografia em preto-e-branco; no sonho pré-execução de Ed; em todos os detalhes implícitos pelas representações das personagens e pelos explicítos nas frases.

 

O Que Já Se Disse: "O Homem Que Não Estava Lá é provavelmente o filme mais sério dos irmãos Coen nos últimos dez anos, pelo menos. Sem o humor mordaz de Fargo ou O Grande Lebowsky, o filme é razoavelmente frio, mas fantástico - provando mais uma vez que os dois irmãos são mesmo imprevisíveis (afinal, o filme anterior da dupla havia sido a deliciosa comédia musical E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?)." --- www.cornflakespromieses.hpg.ig.com.br -- Adriano Ferreira

 

"Stylish, but emontionally distant, The Man Who Wasn't There is a clever tribute to the noir genre." --- www.rottentomatoes.com --- Critical Consensus.

 

Porque Ver: Porque é um filme que, mesmo distante da acidez dos Coen, ressalta o clima de interior americano com perfeição e porque permite tantas análises que a cada revisitada será uma novidade; porque a fotografia noir é perfeita e o Billy Bob Thornton arrasa, literalmente.

 

Dados do DVD: Idiomas: Inglês 5.1 - Português // Legendas: Inglês - Português - Espanhol // Formato de Tela: 1.85:1 - Widescreen // Bônus Especial: Nos Bastidores - Entrevista; Cmercial de TV; Entrevista com Roger Dearkins; Trailer de Cinema; Cenas Excluídas.

 

Até então trilhando um caminho razoavelmente linear, o Cineclube em Cena acaba de fazer uma curva fechada, colegas, a partir desta resenha feita pelo ltrhpsm para o exercício estético - um tanto seco, porém interessante e intelectualmente estimulante - dos irmãos Cohen.

 

Ainda que muitos elementos descritivos estejam presentes, a circularidade do texto, obtida a partir de uma estruturação pouco ortodoxa, deixa entrever alguns atributos do intelecto de seu autor: vivaz, errático, intermitente e, por vezes, dominado pela intuição. Este é um belo exemplo de uma outra forma de ver filmes, de captar aquilo que o artista quis dizer ao conceber e executar sua obra. Saboreiem o máximo possível.

 

Post semanal autorizado.
Alexei2007-03-12 14:16:20
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Excelente a resenha do Sopa, me deixou cheio de vontade de rever o filme.

 

Isso porque eu achei esse o filme superestimado dos Coen. Não sei porque, não desceu redondo quando eu vi. Acho que uma das coisas que me irritaram foi a narração em off, achei consideravelmente chatinha. Mas eu destacaria Tony Shalhoub que interpreta com perfeição o estereótipo do advogado, hilário. Tanto ele quanto Bob Thornton estão fenomenais, é verdade, mas eu fui achando a maneira deles conduzirem a história meio calculada demais. O filme em si é o meio lento

 

Mesmo assim, acho o filme ótimo, e visto pelo prisma do personagem do Ed Crane e do Freddy Riedenschneider pode ser realmente interessante se você for juntar a tagline (the last thing on his mind is murder) com o título ; ainda mais com a questão da culpa que o Lt levantou: o Riedenschneider meio que resume um pouco o filme naquela fala do Crane ser um homem comum levado pela correnteza (ele estava fazendo o que fez, mas não estava lá de verdade) - o que de fato faz sentido, mas a aparição do OVNI é meio que um delírio que o Crane tem pra administrar a sua culpa (assim como o 'abduzido' que tbm não estava lá). MAs acho que pro padrão Coen, a graça ficou um pouco abaixo; reveria pra poder sedimentar melhor a opinião.

 

Mas a fotografia é obra-prima, uma das melhores de todos os tempos mesmo. Rouba a cena, falando a verdade. 06
rubysun2007-03-12 20:39:16
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Vamos lá:

 

Esse não vi... vou alugar e digo o que achei depois. Alexei meu amigo estás quebrando um galhão...

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Ótima resenha do lt' date=' que abre espaço para várias discussões interessantes sobre o filme.

 

Amanhã irei revê-lo, e então comento mais.
[/Quote']

 

Sim, façam isso, por favor. Obrigado, Noonan. Na verdade, pode ser mero delírio intelectual de minha parte, mas este é um dos filmes que mais permite discussões. Não bastasse as diversas que eu mencionei, há outras que o sempre atento rubysun colocou:

 

Excelente a resenha do Sopa' date=' me deixou cheio de vontade de rever o filme.

 

Isso porque eu achei esse o filme superestimado dos Coen. Não sei porque, não desceu redondo quando eu vi. Acho que uma das coisas que me irritaram foi a narração em off, achei consideravelmente chatinha. Mas eu destacaria Tony Shalhoub que interpreta com perfeição o estereótipo do advogado, hilário. Tanto ele quanto Bob Thornton estão fenomenais, é verdade, mas eu fui achando a maneira deles conduzirem a história meio calculada demais. O filme em si é o meio lento

 

Mesmo assim, acho o filme ótimo, e visto pelo prisma do personagem do Ed Crane e do Freddy Riedenschneider pode ser realmente interessante se você for juntar a tagline (the last thing on his mind is murder) com o título ; ainda mais com a questão da culpa que o Lt levantou: o Riedenschneider meio que resume um pouco o filme naquela fala do Crane ser um homem comum levado pela correnteza (ele estava fazendo o que fez, mas não estava lá de verdade) - o que de fato faz sentido, mas a aparição do OVNI é meio que um delírio que o Crane tem pra administrar a sua culpa (assim como o 'abduzido' que tbm não estava lá). MAs acho que pro padrão Coen, a graça ficou um pouco abaixo; reveria pra poder sedimentar melhor a opinião. [/Quote']

 

First of all... Agradeço novamente. Bem, minha posição foi tatlmente à sua no que se refere à graduação do filme em comparação com sua qualidade: superestimado? As médias e críticas são apenas regulares, apesar de haver um certo consenso sobre a qualidade estética do filme. Pelo contrário, achei-o subestimado; dada a própria filmografia dos Coen [não se preocupe, pois alugarei Barton Fink na seman de sua resenha - que aguardo ansiosamente - e Ajuste Final, antes disso].

 

Uma das coisas que deixei em aberto foi justamente a narração do filme, para mim, perfeita, porque a paciência do Crane em narrar os fatos, pode ser interpretada pela sua maneira de ser, contida; mas ao passar dos fatos, cada vez mais cruciais, ele se entrega ao espectador - e somente no final, descobrimos o real motivo para sua atitude narratória. A lentidão é apropriada, talvez não faça parte do modo Coen, mas encaixou-se satisfatoriamente nos propósitos que o filme pretende alcançar.

 

Realmente, nem parei para pensar na questão que você levanta sobre os OVNIs, muito pertinente, pois já me exaustara em tanto anotar e preferi colocar como uma dúvida, afim de que cada um manifesatasse-se como conviesse. O discurso do Riedenschnneider sobre o homem moderno - o barbeiro, sim, aquele que o próprio Schnneider desprezara ao trabalhar com sua esposa - também é notório e filosófico, perfeita sua colocação. Enfim, só de falar mais em outros detalhes, fiquei com a sensação de que poderia ter sido muito melhor - e pretedo rever o filme ano que vem, adaptando a crítica, depois dessa - , mas que bom que gostaram e houve alguns manifestos. Agradeço ao Nacka pela chance e aos leitores que dispensam o tempo com minha tentativa de análise.

 

Até então trilhando um caminho razoavelmente linear' date=' o Cineclube em Cena acaba de fazer uma curva fechada, colegas, a partir desta resenha feita pelo ltrhpsm para o exercício estético - um tanto seco, porém interessante e intelectualmente estimulante - dos irmãos Cohen.

 

Ainda que muitos elementos descritivos estejam presentes, a circularidade do texto, obtida a partir de uma estruturação pouco ortodoxa, deixa entrever alguns atributos do intelecto de seu autor: vivaz, errático, intermitente e, por vezes, dominado pela intuição. Este é um belo exemplo de uma outra forma de ver filmes, de captar aquilo que o artista quis dizer ao conceber e executar sua obra. Saboreiem o máximo possível. [/Quote']

 

Alexei, sabia que tu irias reclamar das minhas descrições, tentei fugir ao máximo; porém o texto empacava e eu não conseguiria sair do lugar. Não sei me auto-avaliar, contudo pelo saber de teus comentários, fico teoricamente agradado. Cofnesso que, pro outras observações, tenho a tendência a ser seco mesmo, ora funciona, ora não... Ainda preciso me adequar às novas circunstâncias. Quanto a errático, acho que, para avaliar o filme, a melhor maneira era desfrutar de suposições, qeustioanmentos, subjetividade, pois foi a impressão que o filme transmitiu a mim. Desculpem-me se decaí após Estrada Para Perdição, credito isto a um erro de obter o material em cima da hora e não ter uma cartada facilitadora inicial - como foi a comparação EUA / Sam Mendes no texto anteriormente publicado.
ltrhpsm2007-03-13 02:40:45
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Após um certo tempo desfalcado do Cineclube; retornei com Embriagado de Amor e a resenha de O Homem Que Não Estava Lá. Tendo em vista a preparação desta última, não pude pegar Huckabees - A Vida é uma Comédia na sua semana de exibição; entretanto, ainda atrasado, cheguei com o filme e li a crítica do Jailcante.

 

Um filme extremamente agradável, onde - ao invés de O HomemQue Não Estava Lá, onde "caçamos"as supostas teorias e interpretações - as suas reflexões são escrachadas desde o começo do filme. As forças opostas e a curiosidade são o principal atrativo do roteiro, que ainda dosa muito bem piadas inteligentíssimas em cenas características de filmes independentes (a campeã, ao meu ver, é quando Albert mentaliza Brad numa árvore e este corta sua professora; que deveria aspirá-lo). Em determinados momentos, o filme foge da sua intenção primordial e viaja amalucadamente pelo espaço filosófico, ocorrendo assim uma quebra de ritmo quando Albert conhece a escritora francesa. O final é bem representativo, porque alia os dois sentidos opsotos de detetives existenciais par auma integração perfeita de dois ex-rivais, um se vendo no outro, num belo panorama. David O. Russel contorna bem a maioria de suas personagens, apesar de o africano Steven ficar chutado num canto como um "objeto" para que as outras tenham seu desenvolvimento na história. O elenco é excepcional, com o 'mutável' Dustin Hoffman e o, já em 2004, surpreendente Mark Whalberg. Por fim, é um filme esquisito, de viagens alucinadas e muito bom pela divagação de detalhes e parcialidade firme no tratamento do script.

 

Coincidentemente, ou não, o Cineclube seguiu uma linha reta de filmes subjetivos, com subjetividade explícita por seus autores e que permitem interpretações particulares. São filmes que cada um sente em seu interior. O Jailcante narrou minunciosamente o filme, gostei na suma de seu trabalho, apesar de um ou outro paragráfo pudessem ter sido cortados e o excesso em quantidade de frases [tenho certeza de que foi seu envolvimento com o BBB e outras mais, porque seus resumos comentados são ótimos n'O Que Você Anda Vendo e Comentando?]. Mesmo assim, fiquei com boa impressão de seu trabalho - que também deixa propositalmente questões em aberto, acho que daí vem sua escolha por descrição.

 

Agora, comprei Crepúsculo dos Deuses e espero a crítica do silva. Também já tenho Touro Indomável e na locadora mais próxima à minha a casa, tem Submersos. Numa distante, Blow Up; desta forma, deverei fazer-me presente coo nunca.
ltrhpsm2007-03-13 12:48:39
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Revi ontem Huckabees (com o sono batendo lá pro final do filme). O que posso dizer é que muito me agrada ver abordagens, filosofias, alguns diálogos inspiradíssimos (fatores que descartam qualquer superficialidade da história) num filme ligeiramente divertido e leve. Como bem disse o Jail em sua (ótima) resenha, a direção do Russel opta em contar uma história de crise existencial, oposições filosóficas, da maneira mais descontraída possível. Isso junto com o elenco (Dustin Hoffman e Lily Tomlin 16) são as maiores qualidade de Huckabees. É o tipo de filme pra rever pois sempre algo novo será pescado pelo espectador. Recomendo.

 

Em tempo: Vou hoje à locadora em busca de O Homem que não estava lá.

JeFFs2007-03-14 14:55:41

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Pelo o que estou vendo a minha resenha terá muito mais pessoas para comentar do que eu imaginava.

Bom, como eu já a entreguei, só resta esperar até a segunda - feira.

E espero que todos as pessoas que compraram o filme (que está a R$ 12,90 nas Americanas, aproveitem!!!!!), o tenham assistido até segunda!!!

 

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Minha locadora não tem O Homem que não estava lá - nem achei em loja nenhuma pra comprá-lo. 12

 

O filme não estava lá. 06

[pablo mode off]

 

Não creio que postei isso... 06

 

First of all... Agradeço novamente. Bem' date=' minha posição foi tatlmente à sua no que se refere à graduação do filme em comparação com sua qualidade: superestimado? As médias e críticas são apenas regulares, apesar de haver um certo consenso sobre a qualidade estética do filme. Pelo contrário, achei-o subestimado; dada a própria filmografia dos Coen [não se preocupe, pois alugarei Barton Fink na seman de sua resenha - que aguardo ansiosamente - e Ajuste Final, antes disso'].

 

Uma das coisas que deixei em aberto foi justamente a narração do filme, para mim, perfeita, porque a paciência do Crane em narrar os fatos, pode ser interpretada pela sua maneira de ser, contida; mas ao passar dos fatos, cada vez mais cruciais, ele se entrega ao espectador - e somente no final, descobrimos o real motivo para sua atitude narratória. A lentidão é apropriada, talvez não faça parte do modo Coen, mas encaixou-se satisfatoriamente nos propósitos que o filme pretende alcançar.

 

Realmente, nem parei para pensar na questão que você levanta sobre os OVNIs, muito pertinente, pois já me exaustara em tanto anotar e preferi colocar como uma dúvida, afim de que cada um manifesatasse-se como conviesse. O discurso do Riedenschnneider sobre o homem moderno - o barbeiro, sim, aquele que o próprio Schnneider desprezara ao trabalhar com sua esposa - também é notório e filosófico, perfeita sua colocação. Enfim, só de falar mais em outros detalhes, fiquei com a sensação de que poderia ter sido muito melhor - e pretedo rever o filme ano que vem, adaptando a crítica, depois dessa - , mas que bom que gostaram e houve alguns manifestos. Agradeço ao Nacka pela chance e aos leitores que dispensam o tempo com minha tentativa de análise.

 

Mesmo o filme não tendo descido 100% (vale dizer: eu esperava OP²³²³²³²³²³²³²³²³²³²³²³²³²³²³²³²³), eu acho que é legal todo mundo ver o filme. Aliás, é um ótimo exemplar pra alguém se iniciar na filmografia dos Brothers, tem bem claro as referências e exageros (film-noirs - é interessante observar que a maioria dos post-noirs ou memorandos de filmes do gênero enfatizem os que têm narração em off), os losers, e a maneira calculada em como eles vão oscilando entre a comédia e a tragédia da maneira como os personagens lidam com os absurdos típícos dos filmes dos Coen nas suas próprias mazelas. Vale dizer que os Brothers são judeus: eu não estudei com muito afinco esse termo, mas volta e meia aparece "culpa judaica" relacionada aos filmes de Woody Allen. Não sei se caberia pôr esse termo no debate, mas a culpa que Crane enfrenta ao longo do filme é uma maneira cínica da culpa cristã, ao que parece. A talvez culpa judaica me parece mais irônica consigo mesma e com todas as coisas e neuroses do personagem (típico dos alter-egos de Woody Allen; visível também no personagem título em Barton Fink). Sir Google diz que ela pode ser um pouco egocêntrica, uma característica sutilmente visível em Ed Crane, que se deixava levar mas transparecia sentir um pouco de desprezo e cinismo com a violência que ia tomando conta da vida dele. É um personagem bem interessante, a execução do filme que foi um pouco automática pra mim em alguns momentos, mas eu pretendo rever o filme um dia...

 

Acho interessante vc mencionar o filme como subestimado; apesar de ter sido pouco notado, o filme é quase consenso entre as discussões sobre os Coen na internet como a OP deles junto com Fargo e Barton Fink..
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