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Cineclube em Cena


Nacka
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Será bem interessante o fechamento do ciclo. O Nacka finalmente escreverá e não vai desconversar? 19

Não tenho postado por aqui porque normalmente não vi o filme a ser discutido (somado ao stress e falta de tempo, simplesmente não venho tendo paciência ou inspiração para escrever algo produtivo 12). Entretanto, essa pausa nos dará tempo para discutir e deliciar os pratos já servidos. O Cineclube não pára. 05

 

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Ok. Já tinha pedido ao Plutão Orco que elaborasse uma crítica para este filme, fecharíamos este primeiro ciclo do Cineclube em Cena com ela e inclusive ele a fez, mas pedi que alterasse algumas coisas e como não houve retorno, não me senti à vontade para publicar do jeito que estava. Peço desculpas por me atrever substitui-lo, ainda que alguns achem que há muito eu deveria ter escrito algo aqui, não tinha sentido vontade até agora... alguns têm livros de cabeceira que consultam com frequência, eu tenho filmes. Este aqui é um deles e confesso que nunca antes uma "consulta" a ele me deu tanto prazer como desta vez.

 

 

ALÉM DA LINHA VERMELHA - Dir. Terence Malick

 

alem-da-linha-vermelha01.jpg

 

 

"Você viu coisas que jamais verei..."

 

O filme de Terence Malick abre majestoso com as imagens de uma natureza feroz, quase opressiva (Quem és tu que assume tantas formas?) um crocodilo avança lentamente para as águas lodosas de um rio. Corta para crianças brincando em uma praia, o lugar é uma das ilhas do pacífico e lentamente somos apresentados àquele que será o fio condutor do filme: Witt (Jim Caviezel) soldado que está ali como parte de um grupo cuja missão é impedir o avanço das linhas japonesas, mas ele está escondido e alheio a tudo, em atitude meramente contemplativa parece pertencer àquele lugar, não está com os demais do grupo, fez da ilha o seu bunker, ali o desespero da guerra não o atinge. Brinca com os nativos mergulha nas águas límpidas do pacífico e reflete sobre si, o que o cerca e claro, o medo da morte. Trava sua própria guerra. <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

A silhueta de um barco no horizonte arranca Witt do seu paraíso particular, ele olha para o mar com o semblante triste, sabe que a trégua que impôs a si mesmo acabou. Vieram buscá-lo. Não pode mais se esconder. Seu algoz, sargento Welsh (Sean Penn) é a própria imagem da guerra, truculento, intimidador; encurrala Witt e o diálogo é curto, ele está ali para buscá-lo, chamá-lo ao dever; ao contrário do subordinado não se deu o luxo de encontrar sua “ilha” particular, não imagina nada diferente daquilo que vê, para ele o amanhã e o agora se confundem (“Propriedade. Essa bagunça toda é por propriedade”) Welsh lembra que ele (Witt) é uma vergonha para o exército e terá que pagar por sua deserção, o outro apenas o olha, há uma tensão mal disfarçada entre os dois é como se Welsh quisesse estar no lugar de Witt, mas seu orgulho e posição não permitissem, então ele o agride. “Neste mundo um homem por si só não é nada. E só há esse mundo” diz ele evocando o espírito de equipe – Ao que Witt responde, “Você está errado sargento. Já vi um outro mundo. Às vezes penso que é só minha imaginação” Welsh seco: “Você viu coisas que jamais verei”. Outro corte, em um barco de guerra, John Travolta (Almirante Quintard) explica com condescendência mal disfarçada a um amargo Nick Nolte (Cel. Gordon Tall) sua missão, ele terá que vencer em Guadalcanal (“Só você quer aquele lugar”). No interior do barco a rotina dos soldados é mostrada, Malick em um rápido passear de câmera nos apresenta os miseráveis que farão parte do seu circo de horrores, cada rosto reflete medo, angústia; eles não sabem nada, crianças abandonadas à própria sorte. Ao fundo, o som de uma sirene. É o sinal. O inferno vai começar. Aqui, o paradoxo, a rapidez aparente com que são mostradas as cenas do interior do barco, contrastam com a lentidão exasperante do olhar que a câmera debruça sobre o resto. Primeira constatação, ninguém é tão importante assim, não há aquela equação fácil de que determinado grupo escapará porque faz parte da linha narrativa do filme. Se há o enfoque aparentemente exagerado na natureza é porque ela chegou primeiro e pode acompanhar placidamente o homem, sem se mover ou interferir. A estas alturas você já percebeu que não está assistindo um filme de guerra comum. E não está mesmo.  

 

alem-da-linha-vermelha08.jpg

 

"Você está aqui? Não me deixe traí-lo... "

 

Além da Linha Vermelha é o primeiro filme do diretor Terence Malick desde de Cinzas no Paraíso que é de 1978, caminhando na contramão estética de diretores que são seus contemporâneos (Martin Scorsese, Michael Cimino, Brian DePalma, Francis Coppola) e mais de 20 anos depois, Malick constrói uma sinfonia brilhante onde a estupidez da guerra é vista pelos olhos de homens comuns, arrastados para um vértice crescente de medo e dor. Dezenas de personagens se sucedem em uma cadência calculada, alguns não duram mais que o tempo de morrer, você piscou e pimba, Jared Leto morreu, hã? Ele estava no filme? Estava. Assim como George Clooney, John C. Reilly, Nick Stahl, Woody Harrelson… o elenco é tão quilométrico quanto estelar e muitos ficaram de fora, a versão original tinha 6 horas e as cenas gravadas de Bill Pullman, Viggo Mortensen, Lukas Haas e Mickey Rourke ficaram no chão da sala de montagem. Malick usa todos os recursos para traçar um painel soberbo de solidão, horror e medo. A câmera pode ser frenética aqui e mais adiante apenas parar languidamente só para mostrar um filhote, ainda sem penas, agonizando no chão queimado. Não viverá, assim como alguns ali, mais do que breves minutos.

 

"Preso em uma tumba, sem conseguir levantar a tampa... "

 

No início do filme temos uma amostra de como o diretor utiliza cenas que na mão de outros seriam exploradas de formas digamos assim, mais explícitas. A tropa desembarca e em fila indiana eles começam a avançar por uma trilha, com capim altura do peito, a trilha sonora cessa só se ouve o farfalhar do capim e de repente do nada surge um nativo, o primeiro da fila pára e tenso espera um possível confronto, que não acontece. O nativo passa por eles como se só ele existisse na trilha, sequer olha. Os soldados surpresos com aquela demonstração de desinteresse seguem em frente. Na cena seguinte eles encontram um soldado morto, aparentemente morreu sentado... A câmera desce lentamente e aí vemos que logo abaixo do tórax há apenas o que sobrou das pernas, a cena é chocante, mas a câmera avança um pouco mais, apenas o suficiente para você gravar o horror e sobe lentamente até se fixar no rosto de um atônito Adrien Brody (Cabo Fife), pronto, eles sabem agora que não intimidam todo mundo e tiveram o seu primeiro encontro com a morte. O efeito é devastador. 

 

Abro um parêntese para falar do elenco, ainda que alguns pensem que Malick queira apenas mostrar que ele é o cara, escalando gente famosa apenas pelo prazer de matá-los na cena seguinte é bom saber que você não vai encontrar no meio de tanta estrela uma única que seja, brilhando mais que as outras. Na guerra não há estrelas, há os que morrem e os que voltam, todos são homens comuns. Nick Nolte, como vê-lo em outro filme sem lembrar daqui? A cena de dele ordenando quase cianótico, ao cap. Staros (Elias Koteas) que suba o flanco da montanha de QUALQUER jeito é antológica e Witt cai como uma luva para Jim Caviezel, assim como o Welsh para Sean Penn, sentimos a força de cada um dos personagens ao ver os atores em cena, o propósito é alcançado, não é só porque estamos sentados confortavelmente do lado de cá que a força daquelas imagens não nos atingem.

 

Não falo mais sobre este filme porque gosto tanto dele que poderia escrever páginas e mais páginas (meu rascunho tem 7) sobre cada situação. Depois de assisti-lo ontem, varando a madrugada (fui dormir às 02:30) e certamente xingado pelos vizinhos (o som deste filme é mais um capítulo que não escreverei) não cansava de pensar como ele é subestimado. Não sei o que exatamente as pessoas esperam de um filme de guerra, mas posso afirmar que este aqui tem o que você quiser e vai além. Não é filme para se ver apressado, olhando o relógio ou conversando. Ele pede um compromisso da sua parte ou então você vai odiá-lo. Ao terminar minha sessão ontem com um sorriso, agradeci a Deus pela capacidade do homem de produzir obras assim.   

 

alem-da-linha-vermelha06.jpg

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Parece que a crítica de Além da Linha Vermelha vai sobrar para mim... o Plutão não deu as caras... (medo) [/quote']

 

Eu me confundi, mesmo assim não justifica minha omissão. Peço desculpas e podem me culpar.  Eu pensei que você iria postar do jeito que estava, por isto deixei de lado.

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A verdade é que até eu fiquei com dúvida em algumas coisas ao corrigir, ai eu pensei ou vai ou racha. Se não der tempo para postar naquele dia, o Nacka encarregaria de postar mesmo assim. Só que entendi errado e eu te deixei na mão. E como nos feriados e fins de semana o ‘Tártaro’ ou meu trabalho não funciona, fiquei incomunicável desde então. Eu dou as caras aqui somente de segunda a sexta. Neste caso, entro raramente no Fórum em casa nos finais de semana. Meus finais de semana são sagrados. Eu fico morto durante a semana aqui no trabalho e faculdade. Por isto me reservo nestes dias para o descanso do corpo morto. Não tenho nenhum contato com o mundo dos vivos, fico só na minha casa e não gasto meu tempo com nada cansativo nem com banho. Tá certo que fica um forte cheiro de enxofre na casa. Mas economiza muita água, afinal sou eu que pago a conta. 06

 

Sua crítica ficou boa, veja pelo lado bom da coisa. Você pela primeira vez publicou aqui sua crítica. Heheheh!05

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Que conclusão das críticas aqui no Cineclube! Ninguém melhor que o Nacka, emocionado cristalinamente, para resenhar seu filme favorito - Além da Linha Vermelha. Assim como o Dook em A Última Tentação de Cristo, ele coloca um comentário inaugural, sem spoilers abusivos que obrigam o leitor a reinterpretar um filme; constrói um panorama e destaca as cenas marcantes, não mais que outras, para ele e diz com vontade os sentimentos ao se assistir à obra de Malick.

Adoro o filme, gostaria de revê-lo para uma interpretação mais profunda; vou tentar encontrar nas Americanas - comprar direto. Lembro-me de que o achara enfadonho, porém tanto insistirem no tópico Meus Filmes Favoritos de Todos os Tempos (Nacka, Viking, etc), reloquei e fiquei fascinado. Quem não viu, vá atrás. E que, após o refresco das férias, voltemos com novas e críticas do mesmo (ou maior) nível.
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O índice:

 

Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler)
Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala)
Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo)
Página 28 = Silva (Amnésia)

Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

Página 39 = Engraxador (Peixe Grande)

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial)

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)
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Muito bem, Rafal. Não esqueça de fazer seus próprios comentários sobre os filmes. Eu já disse que o Cineclube é o mais importante tópico do CeC na atualidade? Já, né? Não custa repetir...

 

Sobre Além da Linha Vermelha, o que dizer de um cara que fez apenas quatro filmes em trinta anos, cada um mais importante para a cinematografia mundial que o outro? Linha é, provavelmente, meu filme de guerra preferido, justamente por ser aquele que equilibra o horror da belicosidade humana, a filosofia por trás desse comportamento (natural? Provocado? O impulso auto-destrutivo do homem é um reflexo da natureza em constante embate ou uma aberração exclusiva do homo dito sapiens?) e, o mais importante, a dimensão humana dentro do conflito armado, de maneira tão harmoniosa. Esses três elementos, somados a uma edição de imagens e de som primorosa e uma direção e elenco impecáveis, tornam o filme um evento grandioso.

 

Nada aqui é gratuito nem utilizado de maneira despropositada. Cada flashback, cada pensamento dos integrantes da Charlie Company reflete com singeleza as elucubrações de homens comuns, como o Nacka apontou, sem grande erudição - porém sábios à sua maneira -, para tentar dar um sentido ao horror que eles são obrigados a enfrentar. Em nenhum momento Linha soa piegas ou forçado, e a filosofia que impregna cada minuto de projeção é tão densa que suas palavras ecoam na cabeça por dias.

 

A narração final, quando Train se pergunta quem seriam aquelas pessoas (eram seres humanos, afinal de contas, lutando contra sua desumanização no meio de tanto sofrimento) que dividiram com ele aqueles momentos e convida sua própria alma para ver, por seus olhos, o que havia sido forçado a fazer e testemunhar, é poesia em seu estado mais puro. Isso é Terrence Malick, gente!

 

O Cineclube fecha sua primeira temporada com chave de ouro. Esse filme é um dos mais belos e importantes da década de 90 para mim, absolutamente indispensável.
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Vai aqui minha critica. Afinal, eu errei em não informar nada ao Nacka e deixar tudo na dúvida. Agora não vou ficar mais adiando.

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Além da Linha Vermelha

 

Pouco conhecido pelo cinema de forma geral, Terrence Malick é um diretor recluso. Dentre sua filmografia podemos contar nos dedos os filmes que ele fez. Sendo “Badlands” 1973 seu primeiro filme, e na mesma década ele fez “Days Of Heaven” 1978, só para depois de quase duas décadas fazer o aclamado “Além da Linha Vermelha”. E recentemente em 2005 ele retorna a atividade, aparentemente, com o seu épico de amor “O Novo Mundo”.

 

Embora, deva dizer que ainda não tive a sorte de ver os seus primeiros trabalhos durante a década de 70, e tive contato com apenas seus filmes mais recentes. No entanto, devo dizer que em ambos “O Novo Mundo” e “Além da Linha Vermelha” são mais do que apenas filmes, e aqueles que taxam de pseudo-filosófico, talvez não saibam que o diretor estudou filosofia e jornalismo antes de entrar no cinema. Por isto a sua insistência em criar algo que mexe com a psique de seus personagens, o conflito na mente são suas características em seus filmes. Então sua pseudofilosofia não é um recurso de um “completo amador”, e mesmo que fosse seus personagens não são como os personagens bidimensionais de filmes B ou pastelões. Onde existe um protagonista principal e tudo gira em torno dele. Não! Não senhores! Com Terrence Malick, e me refiro aqui em “Além da Linha Vermelha”, cada personagem desempenha um protagonista principal. E devo dizer que este protagonista esta em cada um, e se liga entre um mero soldado até um general, ele é o centro de tudo isto que chamo de protagonista.  Tudo isto não passa da mente ou da consciência humana, que atua no filme como protagonista e narrador. Em contra partida, alguns acham maçante a narração em off, devo dizer que ela é único modo de mostrar como se encontra o pensamento de cada indivíduo. Não é um recurso de esconder a narrativa é uma outra forma de narrar o filme.

 

E devo dizer que aqui as atuações foram breves em muitos casos, mas foram dignas e memoráveis. Destaco aqui as participações de Sean Penn, James Caviezel, Nick Nolte, Ben Chaplin e Elias Koteas. Foram as melhores na minha mera opinião, e destaco aqui a frieza do Coronel Gordon Tall, personagem de Nick Nolte. Este personagem como é narrado por ele mesmo, esta disposto a fazer tudo pelos seus objetivos, embora sejam mesquinhos. A esperança do Soldado Jack Bell em enfrentar o inferno, só para ficar com sua esposa, Miranda Otto. Observamos que nos filmes de Malick, as estruturas da sociedade são mais inconsistentes como imaginamos, pois estão sujeitas as influências do tempo, da natureza e da própria natureza humana. Logo, um mundo de idéias seja primoroso ou não, será imprevisível e não se firmara por muito tempo. Assim não há paz que dure para sempre, amor e a própria guerra é um fator temporário.

 

O filme é cheio de elementos exóticos, que refletem na narrativa e no ambiente. Especialmente nas músicas Melanésias, que lançaram até um CD, devido à qualidade harmônica da música. Achei que ela foi um complemento da natividade da região do pacifico, das ilhas da Oceania. Ainda destaco a excelente trilha sonora de Hans Zimmer.

Outro elemento que é primordial e que começa na estória do filme é o esplendor da natureza em seu estado selvagem. É como se o diretor usa-se este recurso para justificar as ações agressivas do homem e guerra do próprio filme. Tanto que o personagem de Nick Nolte, Coronel Gordon, diz a um de seus capitães que é para observar as trepadeiras nas árvores engolindo tudo a sua volta. Justificando sua ação falando que “a natureza é cruel”. E o que seria a representação da natureza em seu estado ‘primitivo’ sem uma boa fotografia. Uma fotografia cheia de méritos e é reconhecida em varias premiações que recebeu no mundo. Ganhou o Urso de Ouro, no Festival de Berlim, e ainda um prêmio honorário a John Toll, por seu trabalho na fotografia do filme. E ainda uma indicação ao Oscar, que geralmente é uma premiação tendenciosa e preconceituosa.
 

Malick mostra a natureza, em todos seus aspectos agindo como uma teia que prende o homem de forma inevitável. Sua dependência biológica, como a água, como é inserida no filme mostra a fragilidade do sistema de que falo. Ele não põe duvidas resolvidas no filme, não saímos após ver o filme com duvidas respondidas, muito pelo contrário. Deixamos após o filme com mais duvidas, questionamentos que às vezes nunca nos fizemos. E este é seu maior mérito no filme todo. E isto não é um erro do filme, é um erro nosso.

 

Afinal quem disse que um filme precisa de um final? Quem estabeleceu que um filme serve para sanar dúvidas? Quem disse que dúvidas são péssimas? Eu acho que depende de como a duvida é despertada, e sendo seus filmes uma analise da mente humana em seus diferentes estados emocionais. Não venha querer uma solução ou uma solução simples. Pois o conflito com a nossa alma é eterno. Este talvez seja o motivo da nossa eterna insatisfação aqui na terra e de nossas guerras inter pessoais e pessoais. Além da linha Vermelha, não é um filme que se trata da guerra pessoal, a Segunda Guerra no Pacifico em si, mas primeiramente da guerra que enfrentamos todos os dias com nos mesmos.

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Era Uma Vez No Oeste – Dir.: Sergio Leone

É difícil construir um texto novo sobre a obra-prima do diretor italiano Sergio Leone, o western imortalizado Era Uma Vez No Oeste; com seu ritmo poético e cadenciado, constrói-se na base de argumentos fundamentados através de uma partida engenhosa: Jill é uma mulher do Leste que casa-se às escondidas com um fazendeiro do Oeste e dirige-se à sua casa para comprovar a boda e entrar na família. Não sabe que seu marido, Brett McBain, é dono de uma terra próxima à uma futura parte da ferrovia; e o dinheiro que a região pode gerar atrai a atenção Morton – o dono burocrático da ferrovia, que, vindo da América, sonha com o poder. Para executar suas perfídias, ele conta com Frank; um assassino acostumado e ganancioso.

A beleza de Era Uma Vez No Oeste é imensa: da sua edição fluindo perfeitamente e transformando os cento e sessenta minutos numa obra de arte que deixa a boca aberta devido às cenas paisagísticas e de imagens ao suspensa intrincando as saídas visíveis com discursos afiados e profundos (pegue Cheyenne falando a Jill para servir aos trabalhadores um pouco d’água); do elenco expert transformado (Henry Fonda, o bonzinho de Hollywood é um assassino a sangue frio; Charles Bronson é a via para a condenação da chegada da sociedade ao local, sem piscar debaixo do Sol, e Claudia Cardinale...) À trilha sonora (lá vou eu de novo) mais dramática de Enio Morricone – a perfeição do filme pode ser comparada ao seu trabalho (inclusive a gaita transforma-se numa “personagem” coadjuvante, mas revelador para o enredo); da direção tocante de Leone transpondo as emoções de sua película à direção de arte e aos figurinos do Velho Oeste; da edição (a bala de Frank no garoto McBain cortando para o trem de Jill) à fotografia (a poeira, a poeira...)

Não bastasse a perfeição dos detalhes, os tiroteios crescentes; Era Uma Vez No Oeste aborda tantas idéias que seria impossível dizer que o filme é vazio. Sua complexidade é tanta quanto a de um Laranja Mecânica: logo nos primeiros minutos, nós vemos a destruição da tradição do Velho Oeste (Era Uma Vez.... uma família destruída) e o sufocante capitalismo burguês imposto pela gangue de Fran (os pássaros, por exemplo, sinal de liberdade, ficam quietos perante a presença deles); a impiedade e o choro retido do filho caçula. Daí, tem-se a vinda de uma mulher independente (Jill) e, decepcionada com a sua recepção, busca salvar-se sem esquecer o marido . Todas as personagens, desde as três de dez minutos: Woody Strode (foda – parte 1), Jack Ellan (foda – parte 2) e Keenan Wynn até o velhinho do bar. Todos estão em conjunto;estruturais fazem com que o tempo esteja de acordo totalmente com a necessidade (ao contrário de Era Uma Vez Na América, onde apenas três amigos não suportam as quase quatro horas de longa-metragem) . E o desfech é tão natural, poderia passar batido nas mãos e corpos de outro time envolvido, não fosse o esplendor de Era Uma Vez No Oeste.

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O índice:

 

Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler)
Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala)
Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo)
Página 28 = Silva (Amnésia)

Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

Página 39 = Engraxador (Peixe Grande)

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial)

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)

 

Aproveitem este ótimo serviço prestado pelo Forasteiro e sigam o exemplo do Sopa, (re) vendo os filmes que já passaram pelo Cineclube e postando aqui suas impressões sobre eles, muita gente reclamou que não pôde assistir alguns, então, durante o breve intervalo do Cineclube, corram até a locadora mais próxima...

 
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Li o texto do Scofa. Muito bom mesmo. Mas o filme continua uma bomba. 0606

 

 

Ranking dos filmes do primeiro ciclo do Cineclube:

 

01. A Lista de Schindler

02. Era Uma Vez no Oeste

03. A Última...

04. Além da Linha Vermelha

05. Fale Com Ela

06. Cantando na Chuva

07. Peixe Grande

08. A.I.

09. Fogo Contra Fogo

 

(...)

 

10. No Rastro da Bala

 

 

 

Ver: Sob o Domínio do Medo

 

Rever: Estrada Para Perdição, Amnésia.

 

 

 

 

 

 

 

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  • 2 weeks later...

Esses foram os do ano passado desde da estréia do Cineclube em Cena:

 

Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler)
Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala)
Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo)
Página 28 = Silva (Amnésia)

Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

Página 39 = Engraxador (Peixe Grande)

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial)

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)

 

 

Agora alguns que veremos este ano aqui na telinha do Cineclube:

 

pulp-fiction-poster01t.jpg (5057 bytes)

cidade-de-deus-poster01t.jpgtouro-indomavel-poster02t.jpg (6059 bytes)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

seven-poster02t.jpg (6087 bytes)cidadao-kane-poster02t.jpg (5169 bytes)pianista-poster05t.jpg

 

submerso-poster01t.jpgvila-poster02t.jpgvinhas-da-ira-poster01t.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

bons-companheiros-poster02t.jpg (5965 bytes)beleza-americana-poster01t.jpg (2717 bytes)kill-bill-poster09t.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

kill-bill-2-poster07t.jpgcasa-de-areia-e-nevoa-poster02t.jpglawrence-da-arabia-poster05t.jpg (4375 bytes)

 

abismo-do-medo-poster01t.jpgencontros-e-desencontros-poster02t.jpgmagnolia-poster02t.jpg (5446 bytes)

 

imperdoaveis-poster03t.jpg (4771 bytes)hero-poster06t.jpgman-who-wasnt-there-poster05t.jpg

 

 

 
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Quem dera... mas você pode ir se preparando algum desses aí vai sobrar pra ti... eu fiz uma enquete informal na CMJ e o Forasteiro acha que você seria a escolha para resenhar Abismo do Medo... pode ser, quem sabe? Eu prefiro escolhas mais desafiantes.

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Quem dera... mas você pode ir se preparando algum desses aí vai sobrar pra ti... eu fiz uma enquete informal na CMJ e o Forasteiro acha que você seria a escolha para resenhar Abismo do Medo... pode ser' date=' quem sabe? Eu prefiro escolhas mais desafiantes.

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Quem disse isso foi o Scofield.03
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Scofa:

 

The Spartan - Kill Bill

The Deadman - Abismo do Medo

Beatrixxx Kiddo - A Vila

Chiquinho - Lawrence da Arábia

 

Eu:

 

Pulp Fiction - Tensor

A Vila - Serge Hall

Magnolia - Jeffs

Lawrence da Arábia - Kakashi

Os Imperdoáveis - Rubysun

Touro Indomável - Enxak

Encontros e Desencontros - Fulgora

Seven - Amfíbio
Forasteiro2007-01-05 14:36:13
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Jail, parte do desafio é exatamente este. Alguns filmes do Cineclube quem fez a resenha nunca tinha visto o filme antes... mas não precisa tremer, isto é, até você receber uma mp minha com o seguinte título: Próxima Vítima... rsrsrs

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Quem dera... mas você pode ir se preparando algum desses aí vai sobrar pra ti... eu fiz uma enquete informal na CMJ e o Forasteiro acha que você seria a escolha para resenhar Abismo do Medo... pode ser' date=' quem sabe? Eu prefiro escolhas mais desafiantes.

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Quem disse isso foi o Scofield.03

 

 Tá explicado melhor ainda!! Essa "arapuca" é a cara do Scofa!! 06 11 
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Ranking dos filmes do primeiro ciclo do Cineclube:


 

Minha ordem:

 

1) Amnésia

2) A.I. Inteligência Artificial

3) No Rastro da Bala (sim...)

4) A Lista de Schindler

5) Peixe Grande

 

A Última Tentação de Cristo faz tempo que vi, mas me lembro de ter gostado muito.

 

O resto eu não assisti...12


Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)

 

Sorry, estou devendo...
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