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Forum Cinema em Cena

Direção ou Roteiro?


Dook
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Pra mim essa parada toda deveria ter acabado quando o Foras disse que isso simplesmente não é regra. Já falaram' date=' Kubrick, já falaram De Palma, já falaram Lynch, já falaram Woody Allen. Tipo, eu também escolheria o Filme 2 assim desse jeito, mas pega um roteiro do PTA e um diretor de merda e a direção do, sei lá, Milos Forman com um roteiro de merda pra vocês verem qual que eu escolho. [/quote']

 

Não é regra a opção por seguir um estilo mais visual em detrimento do literário. Aqui estamos discutindo qual é o mais importante no resultado criativo FINAL do filme.

 

Assistirei o filme cujo roteiro é do PTA com um pé atrás... Simples assim...

 

Agora se vc escolhe o PTA já achando que vai ser um filmaço, vc é fãzóide. É como escolher um filme utilizando o ator principal como critério.
Dook2007-08-13 18:52:14
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Genio.

É muito confortável da sua parte falar que esses diretores são exceções. Com a evolução do cinema surgiram os filmes falados' date=' o cinema era incompleto (ok,temos excelentes filmes mudos , que realmente não precisavam de dialogos) com os filmes falados o cinema mudou, surgiram filmes cujo o ponto forte era o roteiro e direçoes seguras , nada mais.
[/quote']

 

O Cinema, quando mudo, era imcompleto? Hahahahahahaha

 

A arte não evolui, ela se MODIFICA. A arte não é melhor agora do que era há 100 anos.

 

E insisto que leiam Truffaut/Hitchcock...

 

E continuo aguardando comentários sobre o exemplo do Picasso...
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Pra mim essa parada toda deveria ter acabado quando o Foras disse que isso simplesmente não é regra. Já falaram' date=' Kubrick, já falaram De Palma, já falaram Lynch, já falaram Woody Allen. Tipo, eu também escolheria o Filme 2 assim desse jeito, mas pega um roteiro do PTA e um diretor de merda e a direção do, sei lá, Milos Forman com um roteiro de merda pra vocês verem qual que eu escolho. [/quote']

 

Assistirei o filme cujo roteiro é do PTA com um pé atrás... Simples assim...

 

Agora se vc escolhe o PTA já achando que vai ser um filmaço, vc é fãzóide. É como escolher um filme utilizando o ator principal como critério.

 

 Não, na verdade é bem diferente na minha opinião. De um lado tá o cara que escreveu filmes que eu adoro, e do outro, um cara que simplesmente atuou nele. E tipo, eu nem sou muito fã de atores, a não ser um ou dois gatos pingados que na verdade é pura simpatia mesmo (Depp e tal).

 E não é questão de ser fanzóide ou não. Se um cara gabaritou bem um certo filme, é normal eu esperar mais do próximo trabalho dele, isso é expectativa. Acho que na maioria dos casos, a direção está acima do roteiro, mas ainda penso que isso não deve ser tratado como regra, só isso.

 

 EDIT: Nesse caso, a minha opinião é uma bela dum 'depende'. 02

Troy Atwood2007-08-13 18:54:51

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Há roteiro nos filmes do Mike Leigh' date=' portanto. E sendo o roteiro a estruturação de um espetáculo, da ordem e da maneira como ele será apresentado ao público, não vejo como haver filmes sem roteiro. Por mais sucinto que ele seja, mesmo que numa dimensão apenas mental (sem ser escrito, portanto), o roteiro existe.

 

 
[/quote']

 

Um roteiro não representa necessariamente a ordem e a maneira como ele será apresentado ao público. Não o de cinema, ao menos, posto que é na sala de edição que um filme toma a forma com que o conhecemos na tela grande, sem mencionar as alterações feitas durante as filmagens. O roteiro cinematográfico é uma referência utilizada pelo diretor do filme na decupagem do mesmo (esse sim é a estrutura do 'espetáculo'). Após utilizado, vai para o lixo.

 

Comparem os roteiros com as versões finais dos filmes. Eles são SEMPRE iguaizinhos?
Dook2007-08-13 18:55:18
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Quando dirigem Kaufman sempre o roteiro se destaca.

 

Ele não é exceção ' date=' vamos falar dos que vc falou la em cima.

Woody Allen, o próprio woody allen fala que é um diretor ruim, eu discordo dele 06, mas o meu ponto é , o ponto forte do filme  é o roteiro (indiscutivelmente), compare noivo neurótico , noiva nervosa com qualquer filme do werzog, são estilos completamente diferentes.

12 homens e uma sentença: A mesma coisa, em uma sala minima daquela Lumet consegue fazer uma direção absurda, OK, MAS, cara de pau sua falar que o filme ganha a atenção do telespectador com a direção, não tem como falar que a direção é mais forte que o roteiro.

 

Limitar o cinema é bosalidade ,existem filmes e filmes...

[/quote']

 

Não acredito! O discípulo do Katshushiro/Ernst, o doutorando/mestrando da contra campo que se cadastrou para fazer um 'estudo' voltou!! Agora sim isso aqui vai ficar interessante... 06

 

Voltando ao tópico, Kaufmann, Allen, Wylder são exceções... Kubrick, Hitchcock e Leone confirmam a regra...

 

Aliás, aqui cabe um exemplo interessantíssimo que usei de forma equivocada em outra situação. Um cara vem e diz para Picasso "cara, tive uma idéia! Vc poderia pintar um quadro com 3 músicos, cada um tocando o seu instrumento." Aí o Picasso vem e faz isso:

 

%5bimage%5d%20

 

A quem devo creditar a obra? Ao executor (diretor) ou quem esboçou a 'idéia' (roteirista)?

 

 

No mais, transcrevo aqui o que um amigo disse há um bom tempo atrás:

 

O filme é do diretor sim' date=' poxa, pq, sem ele, o filme nunca existiria. Sem a visão global dele, não existiriam motion pictures, só existiriam códigos num pedaço de papel, ou seja, o literário.[/quote']

 

"Não acredito! O discípulo do Katshushiro/Ernst, o doutorando/mestrando

da contra campo que se cadastrou para fazer um 'estudo' voltou!! Agora

sim isso aqui vai ficar interessante"

 

Genio.

 

É muito confortável da sua parte falar que esses diretores são exceções. Com a evolução do cinema surgiram os filmes falados, o cinema era incompleto (ok,temos excelentes filmes mudos , que realmente não precisavam de dialogos) com os filmes falados o cinema mudou, surgiram filmes cujo o ponto forte era o roteiro e direçoes seguras , nada mais.

 

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 Não' date=' na verdade é bem diferente na minha opinião. De um lado tá o cara que escreveu filmes que eu adoro, e do outro, um cara que simplesmente atuou nele. E tipo, eu nem sou muito fã de atores, a não ser um ou dois gatos pingados que na verdade é pura simpatia mesmo (Depp e tal).
 E não é questão de ser fanzóide ou não. Se um cara gabaritou bem um certo filme, é normal eu esperar mais do próximo trabalho dele, isso é expectativa. Acho que na maioria dos casos, a direção está acima do roteiro, mas ainda penso que isso não deve ser tratado como regra, só isso.

 EDIT: Nesse caso, a minha opinião é uma bela dum 'depende'. 02
[/quote']

 

Troy eu não estou tratando como regra, estou lidando com o que acredito ser o óbvio ululante: o que vc vê na tela é o resultado da direção e não do roteiro. Roteiro é uma coisa escrita que sofre mil modificações até chegar na tela grande. A única exceção que conheço é o Wylder que nunca saía dos seus roteiros, ZERO improvização, ZERO alteração.
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Só pra esclarecer umas coisas.

 

 

 

Até onde eu sei - inclusive por ser grande admirador do seu trabalho -' date=' o Mike Leigh trabalha com roteiros sim, todos de sua autoria, inclusive. O processo de criação não é muito comum: ele chama a equipe para trabalhar a idéia central do filme e constrói o roteiro após discutir e aperfeiçoar, a partir de improvisações, os personagens com os atores que futuramente os interpretarão. Foi assim com a maior parte de Vera Drake e com Topsy-Turvy inteiro. Um filme que eu adoro, aliás.

 

 

 

Há roteiro nos filmes do Mike Leigh, portanto. E sendo o roteiro a estruturação de um espetáculo, da ordem e da maneira como ele será apresentado ao público, não vejo como haver filmes sem roteiro. Por mais sucinto que ele seja, mesmo que numa dimensão apenas mental (sem ser escrito, portanto), o roteiro existe.

 

 

 

 
[/quote']

 

 

 

Concordo plenamente. 10.gif

 

 

 

O que tentei dizer em meus posts é que o roteiro, embora não seja a coisa mais importante de um filme, tem sua importância sim.

 

 

 

O que entendi dos posts do Dook (me perdoe, se estiver errado) foi que ele não crê em sua importância. Sim, existe a decupagem feita pelo diretor, no entanto, no que ele se baseia? No roteiro, claro. O roteiro é a peça que dá início a produção de um filme, que traz todas as partes essenciais de um longa. Concordo que o que vemos em um filme é a visão de um diretor sobre o roteiro, mas ainda assim o (in)sucesso de um filme também se deve ao roteiro.

 

 

 

Não desmereço o trabalho de um diretor, mas como o próprio Tensor disse: o que seria de Quero Ser John Malkovich sem Charlie Kaufman? Sim, se não houvesse Jonze o filme muito provavelmente cairia (e isso é comprovado após a entrada de Michel Gondry e George Clooney para dirigirem filmes de Kaufman), mas imaginem se Kaufman apenas desse o argumento e outra pessoa fosse escrever o roteiro? Certamente cairía mais ainda.

 

 

 

P.S.: Dook, eu como poucos acho a franquia O Senhor dos Anéis bastante superestimado. Mas confesso que não li e (depois dessa franquia) nem tenho interesse. 03.gif

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Concordo plenamente. 10.gif

O que tentei dizer em meus posts é que o roteiro' date=' embora não seja a coisa mais importante de um filme, tem sua importância sim.

O que entendi dos posts do Dook (me perdoe, se estiver errado) foi que ele não crê em sua importância.[/quote']

 

 

Então vc entendeu errado... Eu reconheço a importância do roteiro, mas sem direção, roteiro não vira filme. E como disse antes, quando vc vê o filme pronto vc vê o resultado da direção e não o roteiro.

 

Sim' date=' existe a decupagem feita pelo diretor, no entanto, no que ele se baseia? No roteiro, claro. O roteiro é a peça que dá início a produção de um filme (1), que traz todas as partes essenciais de um longa.(2) Concordo que o que vemos em um filme é a visão de um diretor sobre o roteiro, mas ainda assim o (in)sucesso de um filme também se deve ao roteiro.(3)[/quote']

 

1) O que dá início à produção de um filme é a decupagem do roteiro, somado a vários outros fatores como construção de sets, contratação do elenco e tudo o mais. O roteiro é o estágio inicial da concepção de algo que pode vir a se tornar um filme.

 

2) Errado, errado, errado. Trilha sonora é parte essencial do filme e não sai no roteiro; edição é parte essencial do filme e não sai no roteiro; atuação é parte essencial do filme e não sai no roteiro. O roteiro é um start para um processo criativo. Uma vez que esse processo criativo está em andamento, o roteiro é descartado.

 

3) Errado, errado, errado. Se o que vemos na tela é a visão do diretor, como o insucesso de um filme pode ser creditado ao roteiro? Se o roteiro era ruim, cabia ao diretor melhorá-lo para que se tornasse um filme bom. Se era um roteiro bom, o diretor não soube decupá-lo corretamente para gerar um resultado satisfatório. Sucesso e fracasso de um filme são e devem ser sempre creditados ao diretor. Não posso culpar o fracasso de Menina de Ouro ao Haggis; não posso creditar o sucesso de um Indiana Jones ao George Lucas...

 

Não desmereço o trabalho de um diretor' date=' mas como o próprio Tensor disse: o que seria de Quero Ser John Malkovich sem Charlie Kaufman? Sim, se não houvesse Jonze o filme muito provavelmente cairia (e isso é comprovado após a entrada de Michel Gondry e George Clooney para dirigirem filmes de Kaufman), mas imaginem se Kaufman apenas desse o argumento e outra pessoa fosse escrever o roteiro? Certamente cairía mais ainda. [/quote']

 

Concordo. Mas o resultado final dos filmes Malkovich, Brilho Eterno, etc devem ser creditados aos seus diretores. Como é o diretor que dá a palavra final sobre a obra, de nada adianta a primazia do roteiro. Caímos naquela: dê um roteiro do Kaufmann para um zé mané e veja o que acontece. Vc culparia o Kaufmann se isso acontecesse? Duvido muito.

P.S.: Dook' date=' eu como poucos acho a franquia O Senhor dos Anéis bastante superestimado. Mas confesso que não li e (depois dessa franquia) nem tenho interesse. 03.gif [/quote']

 

É um exemplo como tantos outros... E o que dizer de Harry Potter que tem um diretor diferente a cada novo filme? Será que o sucesso e/ou fracasso de algum dos filmes do bruxo deve ser creditado à J.K. Rowling?
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OK, vou comentar o exemplo, e APENAS o exemplo.

 

 

%5bimage%5d%20

 

A quem devo creditar a obra? Ao executor (diretor) ou quem esboçou a 'idéia' (roteirista)?

 

 

Aqui, ao executor.

 

Mas precisamos pesar estes termos, "diretor" e "roteirista", quando formos transpor a idéia deste exemplo para o campo cinematográfico. Não pode ser considerado o "roteirista" aquele que apenas teve a idéia, é preciso desenvolvê-la. E é onde entra a gasta questão do cada caso é um caso, porque todo o trabalho aí pode ser considerado como tarefa a cargo do diretor (escolha das cores, formas, traços, como iria dispô-los na tela...), porque a arte do exemplo é estritamente visual, mas o cinema não. Ele incorpora também outras linguagens. É por isso que o exemplo não é a maneira mais adequada de conduzir esta discussão, já que acaba generalizando e resumindo a 7ª arte ao cinema mudo (estritamente visual). Seguindo tal lógica, preciso imediatamente considerar todo o cinema sonoro como uma grande "exceção"...

 

Pronto, exemplo comentado, sejam felizes.
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2) Errado' date=' errado, errado. Trilha sonora é parte essencial do filme e não sai no roteiro; edição é parte essencial do filme e não sai no roteiro; atuação é parte essencial do filme e não sai no roteiro. O roteiro é um start para um processo criativo. Uma vez que esse processo criativo está em andamento, o roteiro é descartado.

 

 

 

3) Errado, errado, errado. Se o que vemos na tela é a visão do diretor, como o insucesso de um filme pode ser creditado ao roteiro? Se o roteiro era ruim, cabia ao diretor melhorá-lo para que se tornasse um filme bom. Se era um roteiro bom, o diretor não soube decupá-lo corretamente para gerar um resultado satisfatório. Sucesso e fracasso de um filme são e devem ser sempre creditados ao diretor. Não posso culpar o fracasso de Menina de Ouro ao Haggis; não posso creditar o sucesso de um Indiana Jones ao George Lucas...

 

[/quote']

 

 

 

2) Dook, estás certo. Poderia citar exceções de filmes sem trilha sonora (filmes de Haneke e Entre Quatro Paredes), sem cenários (Dogville), da importância do roteiro para a composição dos atores, etc. No entanto não passaríam de exceções (e isto não é sarcasmo). Só acho meio irrelevante falar sobre partes técnicas, pois por mais ruim que o filme seja nesse quesito, caso possua uma riqueza narrativa posso ignorar isto (vide Deu a Louca na Chapeuzinho, animação com parte técnica precária mais uma trama bastante engraçada e criativa).

 

 

 

3) Outra vez admito que estás certo, no entanto, com mais uma vez existem exceções. E se o próprio diretor for o roteirista? É claro que ele confiaria em seu trabalho não? Tanto pode ser brilhante como Cidade dos Sonhos como medíocre como Pecado Original

 

 

 

Concordo. Mas o resultado final dos filmes Malkovich' date=' Brilho Eterno, etc devem ser creditados aos seus diretores. Como é o diretor que dá a palavra final sobre a obra, de nada adianta a primazia do roteiro. Caímos naquela: dê um roteiro do Kaufmann para um zé mané e veja o que acontece. Vc culparia o Kaufmann se isso acontecesse? Duvido muito.

 

[/quote']

 

 

 

De certa forma até aconteceu, vide Confissões de uma

 

Mente Perigosa. Bem fraquinho (mas não ruim). Dizem por aí que Clooney cortou várias partes do roteiro de Kaufman, isso não sei, mas pelo que pude perceber seu roteiro era bem fraquinho mesmo.

 

 

 

É um exemplo como tantos outros... E o que dizer de Harry Potter que tem um diretor diferente a cada novo filme? Será que o sucesso e/ou fracasso de algum dos filmes do bruxo deve ser creditado à J.K. Rowling?

 

 

 

Outro assunto. É tarefa do roteirista condensar entre 300 a 1500 páginas de um livro em um filme, geralmente entre 2 a 3 horas de duração. Nesse caso, nenhum filme da franquia HP revelou-se melhor que o filme. Compreensível pelo motivo que apontei acima, no entanto.03.gif

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Não entendo muito dessa parte tecnica de um filme.

Acredito acho que o Dook disse tudo "Tem um outro detalhe que esqueci de mencionar: quando vemos um filme, vemos o ponto de vista do diretor sobre todo o conjunto: trilha, direção de arte, atuação, ROTEIRO e por aí vai... Portanto, pode-se dizer que um filme é direção e não roteiro. Roteiro é a história escrita, só. É a direção que dá forma ao roteiro. " Apesar de que quando se em um bom roteiro o diretor ja tem meio caminho andado. Agora me tirem uma duvida. Quando o o roteirista entrega o roteiro a um diretor ele limitam a ação do diretor, ou dão liberdade total ao mesmo. Sei que isso varia, mas levando em consideração a maioria dos casos.
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Roteiro é papel e pronto. Para tirá-lo do papel' date=' precisa-se de um diretor, portanto, qual é o mais importante? Óbvio...

[/quote']

 

Nada como o ponto de alguém que trabalha na área e, segundo me consta, faz os DOIS ofícios: escreve e dirige.

 

101010
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Bom, acho que já disseram tudo por aqui. Basicamente pra mim dá pra resumir que quando eu vejo um filme, é o filme que tá lá, os fotogramas e etc. O roteiro é o roteiro, se ele for mais importante que o filme, deviam distribuir por aí antes de serem feitos os filmes...

 

Só pra comentar os exemplos: Tensor, pra mim, Waking Life, Dazed and Confused, Before's, são MUITO parecidos, embora pra alguns pareça que não [e com Escola de Rock, também]. A coisa que me martelou na cabeça quando vi esses filmes foi o tempo - uma temática que ele põe nos roteiros e tal, mas que é consumada no filme de uma certa forma. Tanto o Linklater, quanto o Billy Wilder, Woody Allen, Bergman, whatever, todos eles têm um jeito particular de dirigir os seus atores, de posicionar eles. Pega por exemplo, os posicionamentos em Gritos e Sussurros, Se Meu Apartamento Falasse, Dazed and Confused, Crimes e Pecados - cada um é um caso completamente diferente. Crimes e Pecados chega até a mencionar as diferenças que existem entre tragédias e comédias [esse filme em particular é um caso de gênero indefinível, hehe], e acredito que qualquer um desses roteiros pode ser filmado como um gênero diferente. O Chaplin inclusive pegava uns temas espinhosos e fazia uma comédia [tem até uma frase dele famosa, sobre isso]. Tenta comparar o filme do Linklater com, por exemplo, Meninas Malvadas, que tem um tema parecido e um roteiro bão. Quer dizer, as direções seguram os dois filmes, que eu gosto e tal, mas o tanto de diferença entre eles é um abismo. Ou com Virgens Suicidas. Etc.

 

Mas agora, vc vai me desculpar, mas Assassinos por Natureza é 100% Oliver Stone. Tem umas cenas sim que são bem Tarantino e etc, mas tem umas coisas lá que não poderiam estar em um lugar que não fossem num filme do Stone [o último monólogo do Downey Jr., por exemplo, um primor da sutileza de elefante que eu vejo nos filmes dele]. O clima que predomina lá não é a salada que eu vejo nos filmes do Tarantino, é a denúncia xarope do Stone. 06

 

E o caso do Kaufman - Adaptação e Quero Ser John Malkovich são muito mais parecidos entre si do que Brilho Eterno - e não só por causa dos dois primeiros serem mais bem humorados, mas pq os primeiros tem um visual mais, hum, comportado, enquanto Brilho Eterno lembra mais um clipe [ouvi dizer que tem um clipe do Gondry no YouTube que parece ser de onde veio a cena da casa e do Carrey pequeno/grande].

 

Enfim, não é que o roteiro não seja importante. Mas é que pelo menos na maneira como eu vejo os filmes, a influência dele na minha impressão é ínfima. Se o cara tiver escrito uns diálogos geniais, eu vou pensar no personagem que me transmite isso. Os Before's, por exemplo, se fossem feitos por um outro diretor teriam um jeito de trabalhar diferente, seria uma pessoa diferente e daria um outro humor para Jesse & Celine da tela.

 

O roteiro é importante sim, ele é o que permite o filme existir, e algumas idéias importantes saem de lá, e blablablablablabla. Mas de novo, os roteiristas merecem os créditos, mas pelo roteiro, os filmes/filmagens são outro papo. Se o roteirista planejou, foi o diretor que fez.

 

No mais, não tem muito a ver, mas tem uma frase do Kubrick... "A film is - or should be - more like music than like fiction. It should be a progression of moods and feelings. The theme, what's behind the emotion, the meaning, all that comes later."

 

E o Cavalca citou o Carriere, um cara que era só roteirista. Vejam só o que ele tem a dizer:

 

"Um homem, num quarto fechado, se aproxima de uma janela e olha para fora. Outra imagem, outra tomada, sucede a primeira. Aparece a rua, onde vemos dois personagens - a mulher do homem e o amante dela, por exemplo.

Para nós, atualmente, a simples justaposição dessas duas imagens, naquela ordem, e até na ordem inversa (começando na rua), nos revela, claramente, sem que precisemos raciocinar, que o homem viu, pela janela, a mulher e o amante na rua. Nós sabemos; nós o vimos no ato de ver. Interpretamos, corretamente e sem esforço, essas imagens justapostas, essa linguagem. Nem percebemos mais essa conexão elementar, automática, reflexiva; como uma espécie de sentido extra, essa capacidade já faz parte do nosso sistema de percepção. Há oitenta anos, no entando, isso constituiu uma discreta mas verdadeira revolução; daí o papel essencial do explicador, apontando os personagens com o bastão e dizendo: "O homem olha pela janela...Vê a mulher dele com outro homem, na rua..." E talvez, se a imagem seguinte fosse, por exemplo, o rosto enraivecido na espreita, desta vez perto da câmera (uma nova ousadia, nova mudança, novo tamanho da figura, novo uso do espaço), o explicador continuaria: "O homem está furioso. Acabou de reconhecer o amante da mulher. Está com idéias assassinas..."
[...] Fiquemos por um momento com o homem que espreita pela janela a hora da vingança. Agora, a mulher se despede do amante e se dirige para casa. Olhando para cima, ela vê o marido na janela, e treme de medo. Quase podemos ouvir seu coração bater.
Se, nesse momento, o marido for filmado do ponto de vista da mulher, diretamente de baixo para cima, inevitavelmente vai parecer ameaçador, todo-poderoso. Apenas a posição da câmera produzirá esse efeito, independente de nossos próprios sentimentos. Por outro lado, se virmos a mulher do ponto de vista do marido, de cima para baixo, ela parecerá amedontrada, vulnerável, culpada.
Imaginemos que a cena se passa à noite. Se o diretor decidir dispor as luzes de modo que o rosto do marido fique iluminado por baixo, fazendo os dentes brilharem, exagerando os ossos das maçãs do rosto e as rugas da testa (elemento importante de filmes de horror), o homem parecerá cruel e aterrador. Por outro lado, uma iluminação suave, impressionista, pode fazê-lo parecer clemente."

"Por exemplo, os olhos de um homem vagueiam por sobre uma multidão e, de súbito, param. Se, nesse momento, outro personagem for imediatamente focalizado, sabemos que o primeiro homem está olhando para ele. Se a direção do olhar for bem estabelecida, essa relação fica demonstrada sem sombra de dúvida.
O segundo personagem é destacado, isolado; percebendo isso ou não, ele é colocado num relacionamento direto com o primeiro homem. Um relacionamento ilusório (pois eles não estão no mesmo quadro), mas forte e inequívoco."
rubysun2007-08-13 22:54:37
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Aqui' date=' ao executor.

 

Mas precisamos pesar estes termos, "diretor" e "roteirista", quando formos transpor a idéia deste exemplo para o campo cinematográfico. Não pode ser considerado o "roteirista" aquele que apenas teve a idéia, é preciso desenvolvê-la. E é onde entra a gasta questão do cada caso é um caso, porque todo o trabalho aí pode ser considerado como tarefa a cargo do diretor (escolha das cores, formas, traços, como iria dispô-los na tela...), porque a arte do exemplo é estritamente visual, mas o cinema não. Ele incorpora também outras linguagens. É por isso que o exemplo não é a maneira mais adequada de conduzir esta discussão, já que acaba generalizando e resumindo a 7ª arte ao cinema mudo (estritamente visual). Seguindo tal lógica, preciso imediatamente considerar todo o cinema sonoro como uma grande "exceção"...

 

Pronto, exemplo comentado, sejam felizes.
[/quote']

 

Foras, suas colocações são pertinentes e corretas e aplicáveis, para mim, em um ÚNICO caso: quando o roteirista e o diretor são a mesma pessoa. Será queo Kaufmann definiu em seu roteiro de Brilho Eterno qual seria o tom de cada cena?

 

E outra: o cinema, como expliquei no outro tópico, é a arte da imagem em movimento (e o cinema mudo prova isso). O que ocorreu é que o cinema se utilizou das outras formas de arte para enriquecer a sua própria forma de expressão. Ele incorpora outras formas de arte, mas ele não é outras formas de arte. Som não é cinema, diálogo não é cinema, esses fatores isolados não são cinema, mas podem ser utilizados numa narrativa visual em movimento (esse sim, o cinema).

 

O exemplo foi utilizado para mostrar a diferença entre a idéia (roteiro, whatever) e o produto final (fruto da direção). Peça para um outro pintor executar a idéia dos 3 músicos e veja o que sai...

 

 
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2) Dook' date=' estás certo. Poderia citar exceções de filmes sem trilha sonora (filmes de Haneke e Entre Quatro Paredes), sem cenários (Dogville), da importância do roteiro para a composição dos atores, etc. No entanto não passaríam de exceções (e isto não é sarcasmo). Só acho meio irrelevante falar sobre partes técnicas, pois por mais ruim que o filme seja nesse quesito, caso possua uma riqueza narrativa posso ignorar isto (vide Deu a Louca na Chapeuzinho, animação com parte técnica precária mais uma trama bastante engraçada e criativa).

3) Outra vez admito que estás certo, no entanto, com mais uma vez existem exceções. E se o próprio diretor for o roteirista? É claro que ele confiaria em seu trabalho não? Tanto pode ser brilhante como Cidade dos Sonhos como medíocre como Pecado Original
[/quote']

 

2) A riqueza narrativa pode vir da direção. Ela não está atrelada necessariamente ao roteiro.

 

3) Se o diretor for o roteirista aí a importância da direção se evidencia ainda mais, tornando quase impossível distinguir no filme pronto onde termina o roteiro e onde começa a direção.

 



De certa forma até aconteceu' date=' vide Confissões de uma
Mente Perigosa
. Bem fraquinho (mas não ruim). Dizem por aí que Clooney cortou várias partes do roteiro de Kaufman, isso não sei, mas pelo que pude perceber seu roteiro era bem fraquinho mesmo.[/quote']

 

Conveniente ber... bastou um roteiro do Kaufmann ser dirigido por um diretor sem muita bagagem no ofício e o roteiro é que é fraquinho? Estranho, para dizer o mínimo. Vc leu o roteiro? Como sabe que ele não foi completamente deturpado no processo criativo de Clooney que gerou o filme que conhecemos?  



Outro assunto. É tarefa do roteirista condensar entre 300 a 1500 páginas de um livro em um filme' date=' geralmente entre 2 a 3 horas de duração. Nesse caso, nenhum filme da franquia HP revelou-se melhor que o filme. Compreensível pelo motivo que apontei acima, no entanto.03.gif[/quote']

 

Não entendi o trecho em negrito e, por consequência, não entendi o post como um todo...
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E o Cavalca citou o Carriere' date=' um cara que era só roteirista. Vejam só o que ele tem a dizer:

 

"Um homem, num quarto fechado, se aproxima de uma janela e olha para fora. Outra imagem, outra tomada, sucede a primeira. Aparece a rua, onde vemos dois personagens - a mulher do homem e o amante dela, por exemplo.

Para nós, atualmente, a simples justaposição dessas duas imagens, naquela ordem, e até na ordem inversa (começando na rua), nos revela, claramente, sem que precisemos raciocinar, que o homem viu, pela janela, a mulher e o amante na rua. Nós sabemos; nós o vimos no ato de ver. Interpretamos, corretamente e sem esforço, essas imagens justapostas, essa linguagem. Nem percebemos mais essa conexão elementar, automática, reflexiva; como uma espécie de sentido extra, essa capacidade já faz parte do nosso sistema de percepção. Há oitenta anos, no entando, isso constituiu uma discreta mas verdadeira revolução; daí o papel essencial do explicador, apontando os personagens com o bastão e dizendo: "O homem olha pela janela...Vê a mulher dele com outro homem, na rua..." E talvez, se a imagem seguinte fosse, por exemplo, o rosto enraivecido na espreita, desta vez perto da câmera (uma nova ousadia, nova mudança, novo tamanho da figura, novo uso do espaço), o explicador continuaria: "O homem está furioso. Acabou de reconhecer o amante da mulher. Está com idéias assassinas..."
[...'] Fiquemos por um momento com o homem que espreita pela janela a hora da vingança. Agora, a mulher se despede do amante e se dirige para casa. Olhando para cima, ela vê o marido na janela, e treme de medo. Quase podemos ouvir seu coração bater.
Se, nesse momento, o marido for filmado do ponto de vista da mulher, diretamente de baixo para cima, inevitavelmente vai parecer ameaçador, todo-poderoso. Apenas a posição da câmera produzirá esse efeito, independente de nossos próprios sentimentos. Por outro lado, se virmos a mulher do ponto de vista do marido, de cima para baixo, ela parecerá amedontrada, vulnerável, culpada.
Imaginemos que a cena se passa à noite. Se o diretor decidir dispor as luzes de modo que o rosto do marido fique iluminado por baixo, fazendo os dentes brilharem, exagerando os ossos das maçãs do rosto e as rugas da testa (elemento importante de filmes de horror), o homem parecerá cruel e aterrador. Por outro lado, uma iluminação suave, impressionista, pode fazê-lo parecer clemente."

"Por exemplo, os olhos de um homem vagueiam por sobre uma multidão e, de súbito, param. Se, nesse momento, outro personagem for imediatamente focalizado, sabemos que o primeiro homem está olhando para ele. Se a direção do olhar for bem estabelecida, essa relação fica demonstrada sem sombra de dúvida.
O segundo personagem é destacado, isolado; percebendo isso ou não, ele é colocado num relacionamento direto com o primeiro homem. Um relacionamento ilusório (pois eles não estão no mesmo quadro), mas forte e inequívoco."

 

Detalhe: o Carriere é provavelmente o maior "só roteirista" vivo...
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